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TERÇA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2010

O ESTADO DE S. PAULO
NOTAS E INFORMAÇÕES
NOTAS E A3
INFORMAÇÕES A3

Fundado em 1875 Conselho de Administração Opinião Informação Administração e Negócios


Julio Mesquita (1891-1927) Presidente Diretor de Opinião: Ruy Mesquita Diretor de Conteúdo: Ricardo Gandour Diretor Presidente: Silvio Genesini
Julio de Mesquita Filho (1927-1969) Aurélio de Almeida Prado Cidade Editor Responsável: Antonio Carlos Pereira Editor-Chefe Responsável: Roberto Gazzi Diretor de Mercado Leitor: João Carlos Rosas
Francisco Mesquita (1927-1969)
Luiz Carlos Mesquita (1952-1970)
Diretor de Operações: Rubens Prata Jr.
Membros Diretor Financeiro: Ricardo do Valle Dellape
José Vieira de Carvalho Mesquita (1959-1988) Fernão Lara Mesquita
Julio de Mesquita Neto (1969-1996) Diretora Jurídica: Mariana Uemura Sampaio
Luiz Vieira de Carvalho Mesquita (1959-1997) Francisco Mesquita Neto
Américo de Campos (1875-1884) Júlio César Mesquita
Nestor Rangel Pestana (1927-1933) Patricia Maria Mesquita
Plínio Barreto (1927-1958) Roberto C. Mesquita

NOTAS & INFORMAÇÕES

O partido da bandidagem
tivas prestações. Segundo a revista Veja, que

O
recém-escolhido tesoureiro do em 2004, juntamente com dois outros dirigen- siê, os petistas pagariam R$ 1,7 milhão. Nunca
PT, João Vaccari Neto, está tes da instituição. Dizendo-se ameaçado de teve acesso aos autos do inquérito, a Bancoop se descobriu de onde veio a dinheirama. À luz
tecnicamente certo quando morte, Hélio foi acolhido no Programa de Pro- sacou em dinheiro vivo de suas contas pelo me- do que já se sabe das falcatruas da Bancoop,
diz que nunca tinha sido acusa- teção a Testemunhas do governo paulista. O nos R$ 31 milhões. Outros cheques, somando ela pode ter sido a fonte pagadora da baixaria.
do de nada nem responde a pro- seu depoimento foi crucial para o MP caracte- R$ 10 milhões, favoreceram uma empreiteira Tão logo entregou parte da bolada aos encar-
cesso algum, civil ou criminal, rizar a Bancoop como uma “organização cri- formada por diretores da entidade, que, por regados de comprar o dossiê, foi para Vaccari
por sua atuação na Cooperativa Habitacional minosa” e solicitar a quebra do seu sigilo ban- sinal, era sua única cliente conhecida. O res- que ligou um dos cabeças da operação, Hamil-
do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Ban- cário, como foi noticiado em junho de 2008. ponsável pelas obras da cooperativa disse que ton Lacerda, então assessor do senador Aloi-
coop), de que foi diretor financeiro (entre Só na semana passada, porém, o os pagamentos eram superfatura- zio Mercadante.
2003 e 2004) e presidente (de 2005 até feverei- promotor responsável pelas investi- dos em 20%. “Os dirigentes da Ban- Mas Vaccari não é o primeiro elo da cadeia.
ro passado). Mas os seus protestos de inocên- gações, José Carlos Blat, recebeu o coop”, apurou Blat, “sangraram os Ele deve a sua carreira ao companheiraço Ri-
cia só se sustêm graças à letárgica andadura papelório – mais de 8 mil páginas cofres da cooperativa em benefício cardo Berzoini, que presidia o PT até poucas
da Justiça brasileira. Datam de setembro de de registros de transações entre próprio e também para fomentar semanas – e, como tal, foi acusado de autorizar
2006, há 3 anos e meio portanto, as primeiras 2001 e 2008. E foi com base nessa campanhas políticas do PT.” a compra do dossiê. Berzoini alçou o bancário
denúncias de irregularidades na cooperativa, documentação que ele pediu, na úl- A prova mais gritante foi o R$ 1,5 Vaccari à presidência do sindicato da catego-
levantadas pelo Ministério Público (MP) do Es- tima sexta-feira, o bloqueio das con- milhão pago entre 2005 e 2006 – ria, em 1998. Em 2004, Berzoini salvou a Ban-
tado. Em 2007, foi aberto inquérito criminal tas da Bancoop e a abertura dos da- quando a instituição estava pratica- coop da falência, ajudando-a a levantar no mer-
para apurar delitos da entidade, como superfa- dos bancários e fiscais de João Vac- mente quebrada – a uma firma es- cado R$ 43 milhões – via fundos de pensão de
turamento de obras, apropriação indébita, cari Neto, acusando-o de “gestão pectral de serviços de segurança, en- estatais comandados por petistas do grupo de-
desvio de verba e formação de quadrilha. No fraudulenta”. tão de propriedade de Freud Godoy, na época le e de Vaccari. A Polícia Federal chegou a
ano seguinte, uma testemunha disse ao MP A apropriação para fins pessoais e políticos segurança de Lula. Cada qual a seu modo, Go- abrir inquérito sobre o prejuízo imposto aos
que recursos desviados da Bancoop ajudaram dos recursos dos cooperados, fundos de pen- doy e Vaccari se envolveram no escândalo do fundos para favorecer a Bancoop. A rigor, ne-
a financiar clandestinamente a vitoriosa cam- são e empréstimos captados pelo sindicato dossiê, a compra abortada pela Polícia Fede- nhuma surpresa, considerando a folha corrida
panha presidencial de Lula em 2002. dos bancários transformou 400 famílias em ví- ral de material supostamente incriminador do PT. Mas, a cada escândalo, mais se aprende
A testemunha, Hélio Malheiro, era irmão timas do conto da casa própria: os imóveis que para candidatos tucanos na campanha de sobre a destreza com que a bandidagem petis-
de um ex-presidente da cooperativa, Luiz compraram na planta não foram construídos, 2006. Quando a operação fez água, Lula cha- ta se apossa do dinheiro alheio para chegar lá –
Eduardo, falecido em um acidente de carro mas os lesados continuaram a pagar as respec- mou os seus autores de “aloprados”. Pelo dos- e ali se manter.

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