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Invocações da estepe.

A geração das palavras produz-se num balbuciar, força-se em extracção. É como uma
violência no rápido mover dos olhos.

A intuição desta possibilidade, das palavras sem sentido, repito, a possibilidade das
palavras sem sentido, é sentido que é presença, antes, nem sequer é presença.

Surgem, estas palavras, no rápido movimento da busca, da invocação ; como fora busca
de um agente que gera, no livre combate uma sistemática figura que toma e marca em
potência, em veículo.

O combate faz-se agente e liberta as suas artes, a sua imaginação, os seus


esclarecimentos, os seus esclarecimentos de si.

É forma de um prazer que soluciona em marcar da marcação e é potência distinta num


rápido movimento que faz por não chegar a uma superfície, a um contacto, a uma
libertação, pois pese o paradoxo.

Este acto do agente impensado intui num movimento contido que faz-se ao correr
sonâmbulo, ultrapassa-se em desconhecimento. É, no fundo, uma própria extracção,
pois conquanto se queira da forma, que sempre escapa, adivinha-se informado de
ausência, antes, que na razão que apela e constrange sabe-se não forma.

Este fazer forçar é trabalho premeditado sobre nada, uma marcação de processos de
repetição que busca em movediços territórios de nada, como os entraves da tormenta da
coisa em preâmbulo da revelação de uma qualquer outra coisa, um não recipiente, um
não veículo, tema da forma.

Fazê-lo é passo a passo, numa incongruente incongruência, ou então, é não passo a


passo mas sim totalidade. Trata-se, enfim, de tirar algo a nada o que, por si, é algo de
(puramente) ilógico.

As formas vão sucedendo-se no absurdo que é o seu contexto e vão renovando este
contexto, surgem no verdadeiro acto que é transformação do contexto e, assim sendo, as
palavras, ou as formas que estas suscitam, são “indeterminantes” no tomar do tema de
forma.

A palavra certa que toma certo é acção de tema, de o algo que se busca. As
representações continuam manifestos condicionados em presença do poder, a luta é
tomar, como num salto de subversão.

Faz, faz, faz, três vezes faz.

E porquanto se não pretenda, volto a dizê-lo, quer-se e está, antes, sempre presente ; é
como sentido de tema, como sentido de busca de sentido, de tema.

(Como antigo dos tempos, poder-se-ia dizer, ou nem isso, pois no fundo antes é um
mero exercício processual de geração num rápido movimento dos olhos.)
Existe um abreviar da vertigem no fluir da náusea que é como um jogo que atinge o
momento da definição, um momento em câmara lenta.

Pois é onde diz-se que escolhe-se – aí - o momento que é fora, o momento fora de si.

O momento da náusea fora de si, (ou de náusea em vez da náusea), é que demarca a
indiferença da náusea - não é como um paciente pescador mas como jogador apressado
que força, inveterado a cada mão, mundos de nada num irromper de nada, num irromper
que é de nada.

Palavras, palavras (agora duas vezes).

E na agastada noção de um semelhante que é antes luz, o febril faz por seguir,
indiferente deste prévio toque, numa pura ânsia de mais.

São cifras, marcações. Surgem dos rituais, autenticamente de nada, diria.

Diria ? Não será decerto para (algo) marcar que diria antes para discorrer da claridade
pois estes rituais que se coloram noção são fórmulas e feitos e palavras que atiram acto
por meio do que é algo (entre parênteses e portanto já definido) que surge na busca de
nada.

(O constranger torna consciente (no diafragma) o constranger do diafragma. Algo que faz por não ser que
faz por ser não, veículo. O fazer pretender o ser que joga a palavra lapidada traz o rasto que faz o grito, a
lucidez de o fazer tomar é sonolência da razão, antes, da atenção. Este é um grande segredo. Faz por fazer
que o fazer por fazer muitas vezes traz feito o que está por fazer.)

Faz então, extrai, possibilita. São estas as partes de um tema que surge invocado de
dissolução.

E o que quer isto dizer ? Que uma marcação, repetida, toma-se de processo, induz,
inicia. Traz ao trabalho o gritante apelo informado que busca, sempre além.

Pois tira e faz o ostensivo que é palavra que toma e demonstra à luz e traz no representar
o movimento, a possessão da palavra, que sempre tarda, mas é no entanto óbvia na sua
conotação marcada ; um desdizer que voga em raiva de surgir, elementar.

Dizia e fazia na minha mente que o que via não era uma qualquer via diacrónica antes
via a cronia velada que sulca, não é ? Diz que as formas jorram-te. Que são elas a
cronia e que sempre há a possibilidade de fulgir, de entorpecer, de denegrir do rasto.

II

Tinha-me então no tema que era ausência de sentido formal matizado o que era a
própria constituição e matiz do tema.

E então faço. Faço entrar nesse espaço caótico pois onde se vê Outro apenas se vê efeito
de forma e, no entanto, sem dúvida que presente nas palavras assim tomadas, algo se dá
e, é algo que se desvela... que assim fazemos por desvelar.
Que dizer no sítio destas palavras ? Que sinal se dar a estes corpos que se põem ? Faço
fazer e quero e o que se propõe não é um ensurgir antes um insurgir, sempre renovado...
que surge.

Até que onda


se faça onda,
renovada,
cor coroada,
como se tivera
nome, dobrado
por sobre si.

Existe um vento que busca sem deter sitio algum. Vê um sentido dado. O sentido que
lhe pode dar. Esta é a movediça regra que não têm (verdadeiramente) espécie.

Faço então por tirar e faço por tirar algo (a) esta indefinição das regras que pairam em
sentido que fundamenta e sem que se lhe possa, efectivamente, tocar. Sem que,
efectivamente, (o) possa sustentar.

Esta – própria - regra ritual (...) aposto (no corpo) que toma-se (a) classe elementar e
ganha, neste processo de oposição, como que um espírito de classe. Ganha um outro que
lhe confere existência. Como classe.

Tiro, faço, tiro, um rápido movimento dos olhos ... do fundo donde isso se agita estão as
regras a fazer, os elementos específicos.

E a distinção em mim ao outro, este distinto, este, é o verdadeiro objecto.

Dir-se-ia um discurso da Ética mas é antes a constatação da ética.

Por vezes deixaria ser (o outro) e aí algo se solta e faz efectivamente. Será isto como
que uma constatação do engano ? Quem é (...) ? Quem engana ? Quem ataca, quem
defende ? É este, no fundo, digo, o jogo da ética que é como um jogo da paz e da
guerra.

O fazer por algo é antes o fazer algo e o fazer... como poderia o fazer enganar ?!

Faz, enfim ! Pois que se surge esse fazer da dança, da loucura - e não será a loucura uma
dança - o desejo então bate (repetidamente) as portas do desejo e bate, bate enfim,
ensaia as saídas que marcam as soberanas contradições, a regra, a locução, ; quer-se
assim a firmeza e a fantasia numa obediência da voz que ecoa as rostos do desgaste e
faz, ira, extrai, as ressonâncias dessa voz que nunca o foi e, antes, sempre o foi, e que é
marcada, assim, distinguida de diferença.

Não será algo que se furta ou revela é algo que é revelado e se não limita, antes, é
limitado.

Esta produção é a produção de (...) que é de tema de dança, de limitação.


Como então ? O que há antes ao que será ? As falências lógicas da forma ecoam da
loucura que diz a forma, antes, que diz do som, que é como que eco da forma,
moribunda.

O atingir de algo é o atingir dos sons e cheiros, do cheiro da forma. É o discorrer do rito
que, antes, é o discorrer entre o rito. É como elogio fúnebre da forma do rito.

III

As imagens e os ritos produzem-se quando se suspeitam e são tidos aí, nas imagens que
surgem, quando o vazio é - das palavras cépticas - como que uma suspeita que
contemporiza.

Volta portanto ao rito e alude e faz o que assim vêm de um rápido movimento que vêm
dos olhos. O que diz ver dos olhos ? O que quer dizer ver dos olhos ? Não bastará,
então, dizer dos olhos, ou mesmo, até, os olhos ?

Assim se faz por surgir e assim se conclui uma inobservância, uma história ; era como
se fitara uma futilidade que corrói e dilacera, desvirtua.

Que se poderá dizer desta história onde não se diz de nada e onde, no entanto, se faz
sempre por tornar a ver (a) história ? Dir-se-ia de fundos fundamentos, esta história da
forma ; como fora uma extracção pictórica. Uma contrafacção que retoma,
infinitamente.

Imagina.

Diz-se o alhear
da forma
o que soa real
como fora racional
forma da busca
da forma.

Faz, busca, faz, toda uma geração elementar da palavra vai tomando forma como que
cimentada na sua série indistinta.

Vagamente
e não
verdadeiramente
vago o dizer
que busca
faz aos olhos,
adentro aos olhos.

Como que numa tomada de inversão que transita.

Faz. Toma o estar que adianta-se numa tomada de transbordar de si que persegue-se,
que se recolhe e alinha, que se formaliza.
Dir-se-ia simples tomar de custo ou o través de um vento ? Toma-se um fazer vago em
fazer pretenso ? Produz então, pois esta é uma intensão que fundamenta, uma película
que se cobre e ordena, que toma e alinha em produção de forma. De intensão da forma.

É como que se fora um atavismo genético. Um rito de observância.

Este que trava as palavras do surgir é a própria película do conter do transbordar o que
significa como que um contar o distinto do grito na película, no diafragma. E este
distinto conter do grito é intensão e deixa-se à forma que é vago percurso da forma, das
palavras.

Este caminho cerceia do transbordar e chamar-se-á como o tomar vago que é, talvez, um
infinito ou um semelhante e diz-se como a tomar-se algo vago no coração que
transborda, como se fora câmara de combustão de infinito, uma longa maturação.

E estas são as imagens da caça, da perseguição, de um algo que corre (nas palavras) e
alcança... a espaços.

E Outro(s) eram as noções do alcance e faziam-se voláteis nos sons e nas partes que
passavam. Cegos. Titãs. Desdobram-se as memórias memorizadas das lutas
(recorrentes) e isto é como dizer sair e dizer jorrar e, contrafeito, como a vontade que
justifica, algo rebate de si que justamente flui, que diz fluir.

Por vezes neste processo que se exprime dilatam-se as vezes e tudo o que se alcança é
depois das vezes e é o segredo. Segredo este que segundo dizem os cínicos vagueia
(oculto) entre as vertigens e rebate sempre depois.

O fazer alcança, rebate e articula.

IV

Faz, alcança. O fazer faz pôr fé (o) que é próprio fundamento. Próprio movimento
prévio ao fazer de sentido, sentido n(d) uso de sentido elementar. Isto é, obra elementar
do próprio principio que move na série alinhada das formas e das palavras sentidas.
Como se fora índice elementar da série das formas e das palavras sentidas.

Se têm sentido
busca-lhe a cor,
navega-lhe o sentido.

Isto quer dizer que o que se têm interroga-se assim como investe-se no movimento,
sempre retomado, que rediz as perguntas da consistência, da justificação.

E esta é a própria inversão do sentido em si que se torna como que num movimento de
perversão do sentido, próprio sentido do sentido. Sempre parece referir a uma ausência
que principia em movimento, de fé e avança, sempre excedente, mas sem que chegue a
tomar-se, antes, refazendo-se sempre em figuração vaga (de nada).

Esta figuração da vaga retoma da figura traz em si própria figura que esta é ; acto da
figuração elementar. Sempre se renova num fazer que é figurar esta figuração do
próprio principio. Sentido. Como um ruminar o eterno trabalho que vai, repetidamente,
tomando (o) acto de figuração na figura que sempre replica, o sentido. E move-se neste
trabalho. E o sentido é tido, repetidamente.

Uma urgência põe-se nesta estação que figura o acto de figurar pois é como (n)um
sentido que carece de justificar. Isto é ; como um alto que põe-se no culminar da
reflexão de si, antes, do outro em si.

Poder-se-á dizer que é uma reflexão da laia da regra que renega ? Que quer tomar na
figuração vagada ? O certo é que um alento sempre anima e traz sentido nestas
operações do acto. Que (se) figura.

Este movimento
é por si
e é em si,
e é em si,
noutro.

Como olhara a algo em si adivinhou no olhar uma justiça, uma linha alinhada. Uma
série já seriada (n/do outro) e porque é já seriada é que se intenta, que reflecte em si.

Tudo isto parecerá obscuro apenas porque é um balbuciamento e porque este balbuciar
é, certeza de(a) (uma) figuração que (lhe) revela, antes, que (lhe) descortina.

Faz então pelo que se avança e quer a forma no processo em produção da série que se
lhe adianta, que se lhe transborda.

Como mecanismo de retotalização, a produção atira neste seu próprio sentido que se
transborda de infinidade ; é o próprio limite vago que transborda, que o transborda.

O sentido não é então um limite antes a própria produção de limite.

Este processo de refiguração da figura do acto de figurar é como se fora movimento a


caos da forma que adianta, pelo próprio acto, a retoma noutra produção que lhe excede
o ser, que transborda noutro limite. O sentido - se (se) fala de sentido - é externo, pois
que se não consente nos limites que influem. Um sentido na figura para sentida ao outro
que não é ; informatto.

Esta é a reflexão do acto do sentido que sempre anima e refere.

Faz, fica, como num sentir esgotar ou antes esgotado. Quer. Diz as formas avançadas
num compasso que tende feito a fulgir, sempre vago. Um antes nada anterior. Daí chega
(o) retomar do sentido, o sentido do sentido, acto.

Faz, aprende e disciplina, quero dizer, é no retomar já marcado que se gera o acto. E o
retomar que toma figurado é o próprio retomar que se adianta na marcação, na
figuração, em acto objectivado de um rápido movimento, e o fazer adiantar assim,
figurado e vagamente informe, é um fazer de “violência”.
É como um truncar do estar confortado do querer insistente desconforto. Isto é o apelo
da labareda. E o pudor é a forma do que faz do ter no outro, do ter-se o outro no outro,
em si.

Estes exercícios são como diarreia das formas, das palavras que irrompem em intento
que atira um alinhar.

O tédio das formas figuradas é como uma outra estação do processo que adianta as
formas, que atenta este marcar dos processos. Este rebate, antes, este rescaldo de
rebate, é como que uma analítica do ânimo que gera o esgotar das formas e que, como
que numa expulsão, põe-se combustível do (ânimo) de ser. Põe-se espírito.

Anima-te ! Do vazio que adiantas figurações, dos processos, vêm o adiantar : O Sê !


E isto é como que uma reflexão do mito pois algo adianta e fixa (o) pôr da infiguração ;
é uma expulsão ; um isco. Este pôr do mito é : Sê!

Tivesse da máquina do mito como se forsse em motor do próprio mito não matissa não
reflecte apenas sê !

Nuno Rocha04

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