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empreendendo e inovando
em rede para o
desenvolvimento sustentável
Catalogação na fonte feita por Dagmar Spring – CRB 09/1377
CDD 608.7
COPEL Telecomunicações S. A.
DIRETORIA
Rubens Ghilardi
Diretor Presidente
Antonio Rycheta Arten
Diretor de Administração
Paulo Roberto Trompczynski
Diretor de Finanças, Relações com Investidores e de Controle de Participações
Raul Munhoz Neto
Diretor de Telecomunicações
Zuudi Sakakihara
Diretor Jurídico
Moacir Mansur Boscardin
Diretor Adjunto
CONTEÚDO
APRESENTAÇÃO, 7
Carlos Eduardo Moscalewsky
INTRODUÇÃO, 9
Marcos de Lacerda Pessoa
É um projeto considerado inovador, nas suas tecnologias e nos modelos de negócio. Ele
está sendo viabilizado em conjunto com operadoras e provedoras de conteúdos,
aplicações e serviços digitais, em sistema de parceria e com compartilhamento de
receitas.
É com satisfação que esses textos estão sendo aqui apresentados, todos de qualidade
excepcional e que compõem capítulos do presente livro.
Agradecemos imensamente a todos aqueles que contribuíram para que essa publicação
pudesse ser viabilizada!
Por isso, para que se possa empreender de forma inovadora é preciso que se esteja
preparado para desaprender, reaprender e desbravar, muitas vezes sem que se tenha
qualquer modelo para seguir ou se guiar.
As boas questões são convites para explorar, aventurar, arriscar, ouvir e abandonar as
posições individuais. Boas questões ajudam as pessoas a se tornarem curiosas e ao
mesmo tempo incertas, e esse é sempre o caminho que conduz à surpresa de um novo
insight. Mas, na prática, como isso pode ser efetivamente realizado?
Inicialmente, é necessário que se tome consciência de que cada ser humano é único e
que, portanto, possui percepções diferentes a respeito de um mesmo objeto de análise.
Assim sendo, só se consegue uma melhor aproximação à visão do todo, quando se
reúne a maior quantidade e a mais ampla diversidade possível de visões.
Esse é o verdadeiro conceito da palavra “rede”, que está no título da presente
publicação: para se obter um delineamento claro a respeito de qualquer problema ou
sistema complexo, fazem-se necessários muitos olhos, ouvidos e corações, envolvidos
em perspectivas compartilhadas.
Todo indivíduo pode ser criativo e inovador quando tem a oportunidade de participar
ativamente em conversações com significado, em torno de questões que importam a ele
e à sociedade. Isso é algo que, de fato, lhe dá grande satisfação e, até mesmo, um
significado ainda maior à sua vida. Adicionalmente, à medida que as pessoas
conversam, passam a acessar uma maior sabedoria, que é unicamente encontrada no
coletivo.
Assim sendo, só é preciso que se crie um ambiente onde as pessoas se sintam bem-
vindas.
“O segredo é não correr atrás das borboletas...
É cuidar do jardim para que elas venham até você.”
- Mário Quintana
Mas a criação de um ambiente hospitaleiro vai muito além do local físico em si. O
fundamental é que cada pessoa sinta-se necessária e perceba que pode contribuir com
algo que, de repente, possa virar um insight coletivo.
O desafio está lançado e a primeira etapa já está sendo vencida com sucesso, à medida
que esta publicação é viabilizada, contendo diferentes visões por parte de pessoas
experientes e profissionais competentes com atuação em áreas diversas, sobre uma
causa comum que pode ser expressa pela pergunta:
Como o empreendedorismo inovador pode levar,
com a ajuda das redes,
ao desenvolvimento sustentável do Paraná?
Essa é a proposta prática, sendo que as análises iniciais são apresentadas em cada
capítulo deste livro.
Que essa primeira iniciativa sirva de estímulo para que o assunto possa, daqui para
frente, evoluir com sucesso. Boa leitura!
1 A COPEL
A COPEL é uma empresa de sociedade por ações, com capital aberto, constituída na forma de
sociedade de economia mista, controlada pelo governo do Estado do Paraná e que atua,
principalmente, nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
É a maior empresa do Estado, Top of Mind pela sexta vez consecutiva na categoria “Grandes
Empresas”, considerada pela avaliação dos clientes “A Melhor Distribuidora de Energia Elétrica da
Região Sul” (Prêmio ABRADEE) e sempre indicada como uma das melhores do Brasil.
Construiu, ao longo dos anos, uma reputação sólida de companhia séria, competente e
socialmente responsável. Sempre considerando a necessidade de se manter como uma empresa
lucrativa e economicamente saudável, ao mesmo tempo possui uma grande consciência quanto ao
1
Marcos de Lacerda Pessoa é Engenheiro Civil (UFPR), M.Eng. (Poli-USP), M.Phil. (Univ. Birmingham, Inglaterra), Ph.D.
(Univ. Birmingham, Inglaterra), Pós-Dout. (Univ. Salford, Inglaterra), Res. Fellow (MIT, EUA), Pós-Dout. (Parsons Lab. – MIT,
EUA). Já foi Engenheiro Consultor da Salford University Business and Services Limited – SUBS, Inglaterra, através da qual
prestou serviços de consultoria em diferentes países, como Grã Bretanha, Alemanha, França e Portugal; Pesquisador e
Membro do Staff do CMPO e do Ralph M. Parsons Lab, no Massachusetts Institute of Technology - MIT; Professor Visitante da
Escola Politécnica da USP; Pesquisador Sênior da Coordenadoria Científica do Laboratório Central de Eletrotécnica e
Eletrônica - LAC (hoje, LACTEC); Diretor do Sistema Meteorológico do Paraná – SIMEPAR e Membro Titular do Conselho
Deliberativo do SIMEPAR; Gerente da Coordenadoria de Geociências e Sensoriamento Remoto da COPEL; Diretor Geral da
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo do Paraná; Coordenador do Ensino Superior do Estado do
Paraná; Diretor de Operações da Paraná Tecnologia, gestora do Fundo Paraná e da Fundação Araucária; Membro Titular do
Conselho de Administração do TECPAR; Membro Titular do Conselho de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial - CDTI do
TECPAR; Membro Titular do Conselho Estadual de Informática e Informações – CEI; Membro do Conselho Deliberativo do
Centro Internacional de Tecnologia de Software – CITS; Membro Titular do Conselho Superior do Sistema de Informações
Geoquímicas do Paraná – SIGEP; Membro Associado e Membro do Conselho de Administração do Centro Cultural Brasil-
Estados Unidos (Interamericano). É autor de livros e capítulos em livros, e autor de mais de 110 artigos publicados em
periódicos nacionais e internacionais. No momento, busca titulação como Especialista em Educação (Univ. de LaSabana). É
Engenheiro Consultor da COPEL, onde atua há 27 anos, atualmente lotado no setor de Telecomunicações e responsável pela
área de Novos Negócios, coordenando os projetos BEL e BEL-i9.
Os projetos BEL e BEL-i9: seus propósitos, inovações e benefícios para o desenvolvimento sustentável do Paraná 13
seu papel como agente de desenvolvimento do Paraná, bem como em relação à sustentabilidade,
tendo inclusive criado a Diretoria de Meio Ambiente.
Há mais de três décadas, a COPEL opera e mantém seu próprio sistema corporativo de
telecomunicações, interligando escritórios, agências, usinas e subestações, em todo o Estado do
Paraná.
2 A COPEL Telecomunicações
Em maio de 1998, a COPEL se tornou a primeira empresa do setor elétrico brasileiro a obter a
autorização da Anatel para prestação de serviços especializados de telecomunicações e, em 2003,
obteve a autorização SCM - Sistema de Comunicação Multimídia, em nome de sua subsidiária
integral, COPEL Telecomunicações.
Em função desses excelentes resultados, é desejo da direção da COPEL que a atuação de sua
subsidiária de telecomunicações se amplie para novos mercados e novos serviços de
telecomunicações, vindo a se constituir em uma multi-utility company no Estado do Paraná.
Para isso, em 2008 a COPEL Telecomunicações contratou o CPqD, com o objetivo de, em
conjunto com aquele Centro, definir quais os novos mercados que seriam passíveis de exploração
sustentável pela COPEL, além de conceber um plano de negócios contemplando um portfólio de
serviços ampliado, novas tecnologias a serem utilizadas, e um modelo organizacional e de gestão
mais adequado para a realidade da COPEL e para os novos cenários regulatórios e de mercado.
Um dos resultados desse trabalho fez com que, em 2009, a COPEL reestruturasse totalmente a
sua subsidiária de telecomunicações e criasse um novo departamento, de Novos Negócios.
3 O projeto BEL
O departamento de Novos Negócios organizou e passou a coordenar o projeto BEL (BEL significa
Banda Extra Larga), cujos conceitos fundamentais já foram descritos em duas publicações
anteriores ([1] e [2]). Resumidamente, o objetivo do projeto é posicionar a COPEL
Telecomunicações dentro de um modelo inovador de rede aberta e neutra. Isso implica a formação
de parcerias para que conteúdos, serviços e aplicações possam ser oferecidos por terceiros em
cima da rede de fibras de alta confiabilidade e capacidade da COPEL, o que resulta em uma série
de benefícios, como os que serão apresentados a seguir.
• Custos acessíveis.
Os projetos BEL e BEL-i9: seus propósitos, inovações e benefícios para o desenvolvimento sustentável do Paraná 15
• Monitoramento das operações em tempo real.
• Direito a ingresso em um clube privé (Intranet), mediante senha, que permite acesso a
informações e a produtos exclusivos (como vídeos sob demanda e jogos com alta
definição, cursos de treinamento profissional, música Dolby, imagens de alta resolução).
• Dispensa linha telefônica (não é necessário ter linha telefônica ou adquirir modem).
• Privacidade e segurança nas transações on-line (garantia por firewall e antivírus remoto).
• Conexão 100% compatível com sistemas operacionais Windows (98, 2000, XP, Vista, 7,
etc), MacOS e Linux.
• Possibilidade (de forma fácil e segura) para realização de backup e arquivamento remoto
de informações, no datacenter de alta capacidade e confiabilidade da COPEL.
• Novo canal para oferta de conteúdos, propagandas, produtos e serviços, para público
cativo de perfil conhecido.
Os projetos BEL e BEL-i9: seus propósitos, inovações e benefícios para o desenvolvimento sustentável do Paraná 17
• Possibilidade de cofaturamento.
• Atração de conteúdo público, reduzindo a atual assimetria de tráfego (download > upload)
e melhorando o poder de negociação com as operadoras.
• Implantação de uma plataforma para a criação flexível de produtos novos [5] [6].
Todo o modelo tecnológico e de negócios do BEL poderá ser reproduzido em outros estados do
país, com os diversos benefícios estendidos aos mesmos, inclusive nos que se referem aos
projetos de integração de setores e regiões, bem como naqueles voltados à inclusão digital e à
universalização de serviços de telecomunicações.
4 O projeto BEL-i9
O projeto BEL, cujos benefícios incluem os que foram acima apresentados, abre uma considerável
gama de oportunidades para a geração de inúmeros projetos, produtos e serviços inovadores
voltados ao desenvolvimento sustentável do Paraná.
Como já foi dito na Introdução deste livro, o Paraná possui elevada competência para construção
de avançadas redes de telecomunicações. O desafio, agora, é reunir em rede as inúmeras
competências existentes no Estado para a discussão de temas que, segundo seu entendimento,
sejam relevantes, para si e para o progresso do Paraná.
Em paralelo, esse fórum permanente pode dispor de uma incubadora que, por sua vez, pode usar
a rede BEL para gerar empreendimentos inovadores e, assim, proporcionar novos e melhores
produtos e serviços para o povo do Paraná.
Os projetos BEL e BEL-i9: seus propósitos, inovações e benefícios para o desenvolvimento sustentável do Paraná 19
4.1 Macro objetivos do BEL-i9
• Desenvolvimento pessoal.
Os projetos BEL e BEL-i9: seus propósitos, inovações e benefícios para o desenvolvimento sustentável do Paraná 21
• Aumento da visibilidade da marca e dos negócios da COPEL Telecomunicações.
• Desenvolvimento tecnológico.
• Desenvolvimento pessoal.
Os projetos BEL e BEL-i9: seus propósitos, inovações e benefícios para o desenvolvimento sustentável do Paraná 23
• Desenvolvimento de teses, artigos e outros trabalhos acadêmicos.
O que aqui se propõe é a conjugação de esforços, por meio de um fórum, envolvendo lideranças
empresariais, industriais, universitárias, governamentais e da sociedade civil para, em conjunto,
discutirem permanentemente questões que entendam como relevantes para si e para o
desenvolvimento sustentável do Paraná, propondo novos caminhos e novas soluções.
6 Referências
[1] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.
[2] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: implantação de uma rede telemática aberta e neutra.
Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2010. 100pp.
[3] LANGNER, Cristiane. O clube virtual COPEL.net – Parte I: aspectos psicossociais. In: PESSOA,
Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada estrategicamente, em
equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.
[5] GUERRA JR, Aloivo. Desenvolvendo produtos inovadores através do BEL-i9. In: PESSOA, Marcos
de Lacerda et al. BEL-i9: empreendendo e inovando em rede para o desenvolvimento sustentável.
Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2010.
[6] BOGUSZ, Jomar. Plataforma de usuários BEL. In: PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL:
implantação de uma rede telemática aberta e neutra. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2010.
[7] KITAGAWA, Jun. Parâmetros que impactam no resultado de um modelo de análise de projeto (BEL)
ou na precificação de serviços em telecom. In: PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL:
implantação de uma rede telemática aberta e neutra. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2010.
[8] EISENBACH, Yára C. Reflexões sobre estratégias para a obtenção de financiamento para o BEL-i9.
In: PESSOA, Marcos de Lacerda et al. BEL-i9: empreendendo e inovando em rede para o
desenvolvimento sustentável. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2010.
1 Introdução
1
Roberto M. Spolidoro é Engenheiro Eletricista (PUCRJ), Doutor em Física (França), e realizou Pós-Doutoramento em
desenvolvimento regional, no Massachusetts Institute of Technology - MIT, Estados Unidos. Desde a década de 1980 atua em
processos inovadores de desenvolvimento regional, incluindo a estruturação de Incubadoras de Empresas, Parques e Pólos
Tecnológicos, Tecnópoles e Projetos Regionais para o Futuro. Desde 1997 é presidente da NEOLOG Consultores Ltda., em
Brasília. Entre parques tecnológicos assistidos destacam-se: Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul - TECNOPUC (Porto Alegre), VALETEC Park (Vale do Sinos, RS), Parque Tecnológico Capital
Digital (Brasília), Parque Tecnológico Uberaba, Parque Tecnológico de Pato Branco, Parque Científico e Tecnológico da Serra
(Caxias do Sul), Parque Tecnológico Misiones (Argentina) e Parque Tecnológico de Informática de Buenos Aires. Possui vários
livros e dezenas de artigos publicados, no Brasil e exterior, sobre parques tecnológicos, incubação de empresas e
desenvolvimento regional inovador.
Embora a principal riqueza da região, à época, fosse a agricultura, a nova universidade decidiu
transcender as vocações locais e apostar no futuro, concentrando-se nas Engenharias e Ciências
Exatas. Durante as primeiras décadas da novel instituição, os seus graduados tiveram dificuldade
em obter empregos na região e muitos buscaram paragens economicamente mais dinâmicas [1 a
9].
O crescimento das empresas assim geradas e o interesse dos seus fundadores em permanecer no
ambiente em que haviam florescido levaram a Universidade a criar, em 1951, em parte do seu
campus, um espaço para a instalação de empreendimentos intensivos em conhecimento, que veio
a ser denominado Stanford Research Park e que constituiu o primeiro parque tecnológico de que
se tem notícia [1 a 9].
Atualmente, o Stanford Research Park abriga mais de 150 empresas em áreas intensivas em
conhecimento, em especial eletrônica, informática e biotecnologia, bem como diversos centros de
pesquisa científica e empresas ancilares em temas como advocacia, finanças, consultoria e capital
de risco [1].
A incubação de empresas e o Stanford Research Park somaram-se a diversos outros fatores, tão
ou mais importantes, para transformar a região em um dos mais dinâmicos centros de inovação
tecnológica do mundo, tornando-a conhecida sob o epíteto de Vale do Silício, em homenagem ao
substrato dos circuitos integrados, ali desenvolvidos na década de 1960 [1 a 9].
O êxito do Vale do Silício estimulou, a partir da década de 1950, em âmbito internacional, a busca
da replicação dos seus modelos e ambientes, o que conduziu à estruturação de milhares de
incubadoras de empresas e de parques tecnológicos no mundo.
Apesar da multiplicação dos parques tecnológicos em âmbito mundial, não há consenso sobre o
conceito correspondente, como ilustrado pela diversidade das definições propostas pelas
associações que reúnem essas iniciativas [10].
Devido às suas origens, as definições de parque tecnológico costumam incluir, como um dos
componentes básicos do empreendimento, o espaço físico, com glebas e prédios destinados a
A supressão do espaço físico com um dos componentes essenciais do parque tecnológico, a partir
de 2002, é interpretada como um reconhecimento, pela comunidade internacional, de que as
características dos parques tecnológicos têm evoluído e podem continuar a fazê-lo. Essa
percepção vem sendo confirmada por duas tendências convergentes:
• O crescente número de parques tecnológicos cujo espaço físico não é uma gleba limitada
e com prédios específicos - na linha do modelo convencional introduzido pelo Stanford
Research Park, mas é formado por segmentos locais disseminados no tecido urbano e na
região, aproveitando infraestruturas e, inclusive, prédios existentes [1] [11].
A IBM informa que 40% de seus empregados já não trabalham nos escritórios
convencionais da companhia, mas em casa ou em outros locais [11].
• A possibilidade de conexão à Internet por fibra óptica de alta capacidade (Banda Extra
Larga - BEL) e de elevada confiabilidade.
• A assistência e estímulo, aos usuários da conexão, para que participem com êxito das
imensas possibilidades que se abrem, em âmbito mundial, quanto à geração de trabalho
e à criação de negócios no ciberespaço.
A assistência da COPEL Telecomunicações aos usuários da conexão de banda larga, para que
sejam competitivos na arena dos negócios via Internet, exigirá a estruturação de processos e de
práticas de incubação de negócios e de projetos no ciberespaço.
5 Conclusões
O novo formato de incubação, com base na Internet, será calcado em talentos que trabalharão em
casa ou em ambientes inovadores (como os centros de criatividade da Google) [9], que serão
presumivelmente estruturados em locais próximos às residências e inseridos na atmosfera da
cidade clássica [18]. Isso reforçará a tendência da propagação de parques tecnológicos com base
segmentos locais disseminados nas cidades e na região.
Esse formato de parque tecnológico, por sua vez, permitirá valorizar e aproveitar o notável
conjunto de cultura, patrimônio e infraestrutura que as cidades ainda dispõem, e propiciará a
elevação da qualidade de vida de todos os envolvidos na inovação tecnológica, por permitir a
aproximação física dos locais em que essas pessoas desenvolvem tanto o seu trabalho quanto a
sua vida familiar e a sua interação com a sociedade.
Finalmente, por representar um novo paradigma quanto a conceitos e modelos, os novos formatos
de incubação no ciberespaço, associados a parques tecnológicos estruturados por segmentos
disseminados no tecido urbano - e até no ciberespaço, poderão motivar significativa evolução das
políticas públicas de estímulo ao empreendedorismo e aos habitats de inovação, cuja formulação é
parte da atual agenda do governo federal e do governo de diversas unidades da federação.
[2] LÉCUYER, Christophe. Technology and Entrepreneurship in Silicon Valley, December 2001.
Disponível em: http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/articles/lecuyer/index.html - 6 julho 2007.
[3] PACKARD, D.: The HP Way, New York: Harper Collins Publishers, 1995.
[4] TAJNAI C. E.: Fred Terman, The Father Of Silicon Valley, Stanford Computer Forum, Stanford
University, California, May, 1985: www.netvalley.com/archives/mirrors/terman
[5] www.stanford.edu
[7] REICH, R. B.: The Quiet Path to Technological Preeminence, Scientific American, 261 (4), October,
1989.
[8] OHMAE, K. O novo palco da economia global. Porto Alegre: Bookman, 2006.
[9] GIRARD, B.; Une révolution du management: le modèle Google. Paris: MM2 Editions, 2006.
[11] Innovation Goes Downtown, Pete Engardio, ,Businessweek, Inside Innovation November 30, 2009:
www.businessweek.com/magazine/content/09_48/b4157050810294.htm
[12] SPOLIDORO, R.; PRODANOV, C.; BARROSO, F. O VALETEC Park e o desenvolvimento do Vale do Rio
do Sinos. Anais do XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de
Empresas, Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores -
ANPROTEC, Florianópolis, SC, 2009; e Revista Locus Científico. Brasília: Associação Nacional
de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - ANPROTEC, a ser publicado, 2010.
(www.anprotec.org.br)
[14] http://www.sciencecityyork.org.uk/
[17] ASPRAY, W.; MAYADAS, F.; VARDI, M. Y. Globalization and Offshoring of Software, A Report of the
ACM Job Migration Task Force. Editors: www.acm.org, http://www.acm.org/globalizationreport.
[18] Sobre o ambiente da cidade clássica, Ortega y Gasset declarava “em rigor, a urbe clássica não devia ter
casas, mas apenas as fachadas necessárias para delimitar uma praça...”. (apud GOITIA, F. C., Breve
História do Urbanismo, Lisboa: Editorial Presença, 1982).
[19] TAPSCOTT, D.; WILLIAMS, A.D. Wikinomics: How Mass Collaboration Changes Everything. New
York: Pinguin Group. 2006.
1 Introdução
Neste capítulo são colocadas algumas ideias e conceitos sobre a temática da inovação e do
empreendedorismo, culminando com colocação do cenário propício das universidades com as
atividades fundamentais de ensino, pesquisa e extensão favorecendo a prática de inovação e
empreendedorismo, como em um caso descrito de agência de inovação em universidade e seus
serviços.
1
Sergio Scheer é Eng. Civil (UFPR), com mestrado em Eng. Civil (UFRGS) e doutorado em Informática, área de Computação
Gráfica (PUC-RIO). Foi Membro, Secretario e Presidente da Comissão Central de Informática (UFPR) de 1989 a 2002. Diretor
do Centro de Computação (UFPR) de 1994 a 1998. Coordenador do Ponto de Presença da RNP-PR de 1994 a 1998.
Integrante e coordenador de tecnologia do Núcleo de Educação a Distância (NEAD/UFPR) de 1998 a 2002. Membro Suplente
do Conselho de Planejamento e Administração (UFPR) de 1999 a 2001. Membro Titular do Conselho de Planej. e Admin.
(UFPR) de 2001 a 2003. Diretor do Centro de Estudos de Eng. Civil. Vice-Coordenador do Programa de Pós-Grad. em
Métodos Numéricos em Engenharia de 2004 a 2006. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Métodos Numéricos
em Engenharia, de 2006 a 2008. Atualmente é Prof. Associado 2 do Depto. de Constr. Civil (UFPR), docente na UFPR desde
1981, ocupando hoje a função de Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Também é o atual Diretor Executivo da Agência
de Inovação da UFPR, posição que ocupa desde janeiro de 2009.
Sem consideração de mérito, uma pessoa dita empreendedora não necessariamente é inovadora.
No entanto, o empreendedor é uma espécie de herói, um ícone no mundo dos negócios: um
empreendedor é corajoso e determinado, sempre colocando muito esforço e comprometimento nas
suas atividades.
Por outro lado, enquanto o empreendedorismo não exige um protagonista inovador, a inovação
sempre exige do inovador o espírito empreendedor. Para utilizar bem a sua imaginação, um
inovador precisa ter mente aberta e espírito livre, pronto para romper dogmas, buscar novos
conceitos, novas tecnologias e novas formas de trabalhar.
No entanto, uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao
encontro de uma necessidade de mercado, isto é, quando existem potenciais clientes.
A identificação de uma oportunidade pelo empreendedor exige uma postura sempre atenta com
relação ao que está acontecendo no segmento no qual atua ou pretende atuar. A rotina de trabalho
deverá incluir a participação em eventos relacionados ao segmento de atuação, leitura constante
de material escrito em publicações periódicas voltadas ao segmento procurando conhecer e
compreender as tendências de mercado, as questões econômicas, políticas e sociais. Ainda deve
buscar a participação em encontros e reuniões de associações, bem como usar as formas
possíveis de comunicação para conhecer e conversar com os concorrentes, clientes,
colaboradores, empregados, fornecedores e empresários sempre no sentido de ampliar a sua rede
de conhecimento. Ao longo do tempo, tudo isto ajuda o empreendedor a ter ideias que podem
resultem oportunidades para novos produtos, processos ou serviços que venham a atender
necessidades de mercado.
Dessa forma, identificar uma oportunidade significa buscar resposta para uma série de questões,
como por exemplo [3]:
• Existe uma necessidade de mercado que não é suprida ou é suprida com deficiências?
• Qual a quantidade de potenciais clientes para este negócio? Qual o seu perfil? Onde se
localizam?
• Existem ameaças?
• E outras...
E, após ter algum sucesso, o perigo para um empreendedor sem perfil inovador é a acomodação,
com perda de interesse na, hoje, premente e necessária atualização de conhecimentos. Por outro
lado, um inovador pode entender que a inovação é um fim em si mesma, contrariando a ideia de
geração de valor (que sempre deve ser pensado como um valor sustentável) para a sociedade ou
empresa ou negócio específico.
Plonski [4] observa que os diversos mecanismos voltados ao desenvolvimento tecnológico, tais
como institutos de pesquisa, polos, parques e incubadoras tecnológicas, contam com a
participação de universidades em seus arranjos interinstitucionais.
Num crescente período de instabilidade econômica e social, as empresas estão pressionadas pela
necessidade de inovação para competir num mercado global cada vez mais ágil e competitivo,
clamando por cada vez mais rápida transferência de conhecimentos tecnológicos da academia.
Por outro lado, as universidades são pressionadas pela necessidade de buscar recursos
financeiros fora dos mecanismos tradicionais, ou seja, fora do financiamento governamental.
Contudo, Dagnino em [6] assinala a fragilidade dos arranjos definidos pelo argumento Hélice Tripla
de Etzkowitz, seja pela dificuldade da “descida da torre de marfim” por parte das universidades,
seja pelo interesse exclusivamente comercial da empresas, ou pelas posições efêmeras, e por
vezes conflitantes, assumidas pelo governo neste processo [2].
Como colocado em [7]: “As universidades e a sua integração com as empresas, faz-se necessária
para que haja empreendedorismo e inovação, apresenta-se como um modelo sustentável para o
desenvolvimento do país, e uma opção estratégica para as empresas e motivacional para as
universidades aperfeiçoarem seus conhecimentos na prática e as relações mantidas e sua ligação
com as incubadoras”.
Para tanto, conta com um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar,
temporariamente, as empresas e que, necessariamente, dispõe de uma série de serviços e
facilidades descritos a seguir:
• Espaço físico para uso compartilhado, tais como salas de reunião, auditório, área para
demonstração dos produtos, processos e serviços das empresas incubadas, secretaria,
serviços administrativos e instalações laboratoriais;
As incubadoras podem ser de três tipos, dependendo das características das empresas que
abriga:
Nas universidades é usual um ambiente de pré-incubação, criado como um espaço facilitador para
a geração de empresas. A pré-incubação deve prover ferramentas, serviços e apoio institucional a
Além das incubadoras, outro tipo de arranjo são os Parques Tecnológicos que se constituem em
complexos de desenvolvimento econômico e tecnológico que visam fomentar e promover sinergias
nas atividades de pesquisas científica, tecnológica e de inovação entre as empresas e instituições
científicas e tecnológicas, públicas e privadas, com forte apoio institucional e financeiro entre os
governos federal, estadual e municipal, comunidade local e setor privado.
5 O empreendedor
A Universidade e os pesquisadores vêm sendo chamados, cada vez mais, a assumir um papel
empreendedor e de gerador de iniciativas, em parte para suprir o vácuo outrora existente na
interface com a sociedade e também para formar estudantes com uma mentalidade
empreendedora, capazes de criar, desenvolver e manter as estruturas econômico-sócio-industrial
reclamadas pela sociedade [11].
Porém, até recentemente os modelos educacionais vigentes nas instituições brasileiras não tinham
ênfase na formação de profissionais empreendedores ou a criação de empresas, em especial as
pequenas e médias.
Instituições de Educação Superior ainda encontram caminhos difíceis para fazer com que o
desenvolvimento científico-tecnológico fique disponível para o setor produtivo. Para isso, Núcleos
de Inovação Tecnológica (NITs), que na UFPR se configura com o nome de Agência de Inovação,
visam contribuir para que a produção de conhecimento chegue à sociedade brasileira e resulte em
Precisa ser entendido neste contexto que inovar (em tudo que for possível) deve ser uma das
principais missões de uma universidade. Ao seu lado estão as histórica e conceitualmente
reconhecidas produção de novos conhecimentos e a consequente formação de pessoas como
cidadãos e profissionais para o desenvolvimento sustentado da sociedade.
A Agência na UFPR é o local ideal para o pesquisador que deseja que sua pesquisa aplicada
chegue ao setor produtivo e traga benefícios para a sociedade; para o empresário, que enxerga a
Universidade como uma fonte de soluções para os problemas enfrentados diariamente em seus
empreendimentos; para o cidadão comum que possui uma ideia inovadora, mas não tem
condições de contratar serviços especializados no setor privado; para pessoas com visão
empreendedora que desejam começar seu próprio negócio, mas não sabem por onde começar.
Enfim, a Agência de Inovação é mais um instrumento facilitador para o incentivo e o
desenvolvimento de inovações na sociedade brasileira.
7 Conclusão
Deve se ter em conta que análises econômicas têm demonstrado que a transferência de
tecnologia é a de fato a principal força motriz do crescimento econômico nos países
industrializados e, ao mesmo tempo, um importante fator de contribuição para a evolução social e
cultural de um país.
Com respeito ao projeto BEL-i9, preconizado pela COPEL Telecomunicações, torna-se importante
a busca de um modelo de incubação de empresas que resulte de fato em empreendimentos
inovadores, competitivos, autossustentáveis e com potencial de crescimento. Para tanto é
necessário que haja grande envolvimento da incubadora em cada negócio, buscando fornecer
serviços que de fato agreguem valor e trazer competências e contatos de uma rede de
Outra peça chave para que se garanta o sucesso do BEL-i9 está no próprio empreendedor, tão
importante quanto a ideia e o investimento para o desenvolvimento da oportunidade, é a sua
formação de modo a ter um bem preparado profissional para liderar o negócio em formação. É
fundamental que a incubadora invista no desenvolvimento complementar do empreendedor e de
sua equipe, tanto em aspectos gerenciais quanto em técnicos.
Por fim, é importante reiterar que os processos de empreendedorismo e incubação andam juntos
com ideias e inovações. Esses resultam muitas vezes em invenções e necessidades de proteção à
propriedade intelectual e processos de transferência de tecnologia. Estes serviços usualmente são
coordenados pelos chamados núcleos de inovação tecnológica das universidades e instituições de
pesquisa, como o exemplo colocado da Agência de Inovação da UFPR.
8 Referências
[1] DRUCKER, Peter. F. Inovação e espírito empreendedor: prática e princípios. São Paulo: Thomson,
2005.
[5] ETZKOWITZ, Henry. Reconstrução criativa: hélice tripla e inovação regional. Revista Inteligência
Empresarial. Nº 23, Abr/Mar/Jun, 2005. Centro de Referência em Inteligência Empresarial.
CRIE/COPPE/ UFRJ. Rio de Janeiro, 2005.
[7] LUZ, Andréia Antunes da; KOVALESKI, João Luiz; ESCORSIM, Sergio. Incubadora de empresas de
base tecnológica: um estudo de caso sobre empreendedorismo, inovação e relações Universidade-
Empresa. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 6., 2009, Resende. Anais..
[10] TERRA, Branca; DRUMOND, Ricardo. Empreendedorismo e a inovação tecnológica. Portal Venture
Capital – FINEP
http://www.venturecapital.gov.br/VCN/empreendedorismo_e_a_inova%E7%E3o_tecnol%F3gica_CR.
asp Acesso em 28 de novembro de 2009.
[11] FREITAS, Maria do Carmo; MENDES JR, Ricardo. Incubação de empresas. In: SILVA JR, Roberto
Gregório. Empreendedorismo Tecnológico. Instituto de Engenharia do Paraná, 2009. p.158.
[12] LEMOS, Paulo; GRIZENDI, Eduardo; LOTUFO, Roberto. Empreendedorismo, empresas juniores e
cadeia de inovação: a experiência de pré-incubação da Inova/Unicamp.
http://www.inova.unicamp.br/download/artigos/anprotec.pdf Acesso em 29 de novembro de 2009.
1
Universidade Federal do Paraná – UFPR
roberto.gregorio@ufpr.br
2
Instituto de Engenharia do Paraná – IEP
presidente@iep.org.br
1 Introdução
1
Roberto Gregorio da Silva Junior é doutorando em Administração pela PUC-PR; mestre em administração pela UFPR (1993),
especialista em Engenharia de Produção pela UFSC (1987) e graduado em Engenharia Mecânica pela UFPR (1980). Realizou
dezenas de cursos e visitas técnicas no Brasil e em vários países americanos e europeus. Possui mais de 25 anos de
experiência em engenharia, inovação tecnológica e administração no âmbito público e privado. Concebeu e implantou diversos
empreendimentos e programas de capacitação tecnológica. Foi diretor do Lactec (1997 a 2003), diretor superintendente do
Cetis (1998 a 2000), diretor superintendente da Escoelectric (2002 a 2003), diretor geral da Casa Civil do Paraná (2000 a
2001), além de diversas funções na COPEL, onde trabalhou por quase 20 anos, e em outras empresas e entidades do terceiro
setor. No Sistema Confea / Creas foi conselheiro regional e conselheiro federal (1991 a 1993). Também foi dirigente de várias
entidades entre as quais o Instituto de Engenharia do Paraná e a Agência de Inovação e Engenharia do Paraná (Engenova) da
qual foi presidente (2007 a 2009). Há mais de 20 anos é professor da UFPR, na qual atua nas disciplinas de administração e
economia de engenharia. Organizou o livro “Empreendedorismo Tecnológico” (2009), no qual é autor do capítulo
“Oportunidades de negócios” e do apêndice “Um caso de incubação de empresas via entidade de classe”. Entre seus artigos
mais recentes estão: “Pesquisa e desenvolvimento e a qualidade dos serviços de energia elétrica” (2008); “A pesquisa e
desenvolvimento na estratégia competitiva das concessionárias do setor elétrico brasileiro” (2009) e “Estratégias de legitimação
nos mercados brasileiro e paraguaio: o caso de Itaipu (2009).
2
Jaime Sunye Neto é formado em Eng. Civil pela UFPR (1979). Trabalhou na FUNDEPAR e Secretaria de Educação. Desde
2003 coordena o Projeto de Xadrez nas Escolas do MEC. Participa da Diretoria do IEP desde 2003 e é o atual Presidente do
Instituto (Gestão 2009-2011). Participa da Diretoria da ACP desde 2002 e é o atual Vice-Financeiro Administrativo. Foi
presidente da CBX - Confederação Brasileira de Xadrez (1988-1992) e Presidente das Américas da FIDE - Federação
Internacional de Xadrez (1994-1998). Foi GMI - Grande Mestre Internacional de Xadrez em 1986.
No Brasil, três estados da região Centro-Sul, com 15% do território nacional, respondem por mais
da metade da produção. Em alguns de estados mais pobres do país, a taxa de pobreza é o dobro
da encontrada nos mais prósperos [1]. Somente a grande São Paulo gera 15% da produção
brasileira avaliada pelo PIB (Produto Interno Bruto) [2]. No estado do Paraná, 20 dos seus 399
municípios, que compõem a microrregião de Curitiba, abrigam cerca de 30% da população do
estado e respondem por 43% de sua atividade econômica medida pelo Valor Adicionado Fiscal [2].
No Paraná, a concentração pode ser ilustrada pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal
(IFDM), que contempla as dimensões de saúde, educação, emprego e renda. Em 2006 o IFDM do
Brasil era de 0,7376 e do Paraná de 0,8074 (o segundo melhor do país). Entretanto, 87% dos seus
municípios estavam abaixo da média nacional e 97,5% abaixo da média estadual, indicando,
inclusive, um aumento da desigualdade em relação ao ano anterior. No referido ano, 52% dos
municípios paranaenses estava abaixo da média do estado em saúde e 44% abaixo em educação.
Porém, a grande maioria (98%) estava abaixo da média estadual no tocante ao emprego e renda
[4].
A concentração também está presente dentro de localidades e cidades desenvolvidas. Vários são
os casos em que a prosperidade convive com a emergência social e com os bolsões de pobreza,
como é o caso das grandes metrópoles. Essa situação demanda, em especial, a constante
ampliação dos serviços públicos e de infraestrutura básica para a manutenção ou recuperação da
qualidade de vida.
De outro lado, as aglomerações urbanas propiciam sinergias e benefícios que devem ser
explorados. Segundo Edward Glaeser, nas cidades globais como Londres, Nova York, São Paulo,
entre outras, é possível identificar duas características fundamentais que são o capital humano e a
densidade populacional. O poder econômico dessas cidades é sustentado pelas ideias e maior
convivência entre as pessoas, potencializando, assim, a criação e dispersão de ideias [2].
As concentrações também geram acumulação de serviços e diversas outras facilidades que criam
elementos de escala e atratividade social e econômica. Muitas pessoas identificam nas
concentrações melhores serviços, como saúde e educação, oportunidades de emprego ou renda e
novas perspectivas de vida. Já as empresas encontram, nessas aglomerações, a desejada
proximidade com os seus mercados, tanto consumidor quanto fornecedor, bem como a
infraestrutura e logística adequadas para suas operações.
Nesse sentido e sem pretensão de aprofundar a discussão de tal orientação, o presente capítulo
apresenta algumas considerações estratégicas sobre o Projeto BEL-i9 de iniciativa da Companhia
Paranaense de Energia (COPEL), voltado à promoção do empreendedorismo e inovações, através
da incubação de negócios na área de telecomunicações.
2 Orientações estratégias
As experiências bem sucedidas nos processos de desenvolvimento indicam que a produção tende
a se tornar mais concentrada. Porém, também mostram que é possível trabalhar por uma maior
convergência dos padrões de vida, tornando-os mais uniformes no espaço. Ou seja, apesar da
tendência da produção se manter concentrada, o desenvolvimento sob o viés social e econômico,
pode ser inclusivo. Para isso a formulação de políticas deve ser baseada no princípio da
integração econômica, com o adequado uso de instituições, infraestrutura e intervenções
específicas com foco na integração geográfica em lugar do direcionamento geográfico [1].
O papel principal das instituições é garantir a oferta de serviços básicos. Por sua vez, a
infraestrutura visa facilitar a mobilidade das pessoas, a movimentação de mercadorias, o acesso a
serviços e o intercâmbio de ideias e, ainda, outras facilidades, especialmente pela disponibilização
de sistemas de transporte e comunicação. Já as intervenções contemplam ações direcionadas
para questões específicas de cunho social, como melhoria de favelas, ou econômico, como
incentivos para a produção em determinadas localidades [1].
A inovação contribui para o adensamento das cadeias produtivas, envolvendo maior diferenciação
em produtos e serviços, ganhos de produtividade, melhoria da logística e aumento da capacidade
de exportação, entre outros benefícios. Ela também aumenta o acesso aos recursos de produção,
uso mais eficiente e até reaproveitamento dos mesmos. De outro lado, também potencializa os
riscos para a produção dependente de recursos básicos ou não especializados, pois cria
facilidades para concorrência, reprodução, substituição e até redução no uso dos mesmos [6].
As inovações que deram e dão suporte aos significativos avanços sociais e econômicos,
especialmente em telecomunicações, tem transformado radicalmente os sistemas produtivos, as
empresas, o comportamento das pessoas e a sociedade em geral. O reconhecimento da
importância da inovação tem estimulado a criação de indicadores do esforço e de resultado dos
investimentos na mesma.
O European Innovation Scoreboard (EIS), por exemplo, utiliza como indicadores de esforço os de
indução, criação do conhecimento, inovação e empreendedorismo. Como indicadores de
resultado, o EIS utiliza aqueles relacionados à aplicação e propriedade intelectual. Outro exemplo
é o Global Innovation Scoreboard (GIS) que classifica os indicadores de inovação em indutores,
criação do conhecimento, difusão, aplicação e propriedade intelectual [9].
Para avaliar a indução da inovação, o EIS tem utilizado como indicadores, as relações entre o
número de habitantes os diplomados em ciências e engenharia, formandos no nível superior, taxa
penetração da banda larga; participação em educação continuada e jovens que com o segundo
grau. Por sua vez, o GIS, nesse mesmo sentido, tem utilizado apenas os dois primeiros
indicadores e acrescenta o número de pesquisadores [9].
3 Incubadoras tecnológicas
A experiência brasileira mostra que o processo de inovação deve repercutir no setor produtivo e
que não faz muita diferença o empenho de governos e da academia [10]. Ou seja, é fundamental a
participação do segmento empresarial nesse processo. A transformação do conhecimento ou, mais
especificamente, da tecnologia em emprego, renda e novos negócios depende do efetivo
envolvimento das empresas. Assim, cresce a importância das iniciativas voltadas à promoção do
empreendedorismo baseado no conhecimento. Entre elas está a implantação das incubadoras de
empresas e negócios de base tecnológica.
Uma recente inovação institucional na incubação de empresas ocorreu no Paraná, onde foi
implantada a primeira incubadora brasileira vinculada a uma entidade classe profissional. Essa
iniciativa do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), ocorrida em 2003, tem contribuído com a
geração de empregos qualificados, promoção de inovações tecnológicas, valorização profissional e
outros benefícios para a classe que representa e sociedade em geral. Outro aspecto relevante
dessa iniciativa é que ela sinaliza um novo papel para as entidades profissionais, que é promover
negócios, empresas e empreendimentos tecnológicos [13].
4 Considerações finais
Isso é possível porque esse projeto mobilizará diferentes atores institucionais oriundos dos
segmentos privado, acadêmico e governamental. O esforço conjunto dessas instituições poderá
redundar em melhorias na oferta de serviços públicos, qualificação e atualização profissional,
desenvolvimento da capacidade empreendedora e outros benefícios de interesse da sociedade.
No âmbito institucional, o projeto poderá também inovar, indo além das parcerias tradicionais nas
iniciativas de incubação, que envolvem universidades e centros de pesquisa. Uma alternativa
nesse sentido é uma possível parceria com o IEP, em especial através de sua Incubadora de
2
Empreendimentos de Engenharia do Paraná (IE P) [13], bem como, com outras entidades de
classe, especialmente da engenharia, das diversas áreas tecnológicas e de negócios.
5 Referências
[1] BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial 2009: a Geografia econômica em transformação – visão geral. Washington: BIRD, 2009.
[2] PIMENTA, Ângela. Esqueça os países. O poder está com as cidades. (publicado em 29.11.2007)
Disponível em:
<http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0907/negocios/m0144514.html>. Acesso em
30.11.2009.
[3] IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social). Os vários Paranás: estudos
socioeconômicos-institucionais como subsídio ao plano de desenvolvimento regional. Curitiba:
IPARDES.
[4] FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Portal eletrônico. Índice FIRJAN de
Desenvolvimento Municipal. Disponível em:
<http://www.firjan.org.br/data/pages/2C908CE9231956A5012343B7C92D5445.htm>. Acesso em
30.11.2009.
[5] DINIZ FILHO, L. L.; VICENTINI, Y. Teorias espaciais contemporâneas: o conceito de competividade.
Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 9, p. 107-116, jan./jun. 2004. Editora UFPR.
[6] HADDAD, Paulo R. Reflexões sobre os modelos de crescimento da economia brasileira. Curitiba:
FIEP. 25 jul. 2006.
[8] CNI (Confederação Nacional da Indústria). Inovar para crescer: propostas para acelerar o
desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira. Brasília: CNI, 2007.
[9] VASCONCELOS, M. C. R. Lobo de. A inovação no Brasil em comparação com a comunidade européia:
uma análise sobre os desafios e oportunidades, com base em indicadores. In: XXV SIMPÓSIO DE
GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Anais ... Brasília: ANPAD, 2008.
[10] MAZZONETTO, Caroline; DIAS, Cora. Compromisso com a Mudança. Locus: Anprotec, no 57 • Ano XV,
p. 28 (até 35), Julho/Agosto/Setembro 2009.
[11] ANPROTEC (Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores). Agenda
das cidades empreendedoras e inovadoras. Brasília: ANPROTEC, 2004. Disponível em:
<http://www.anprotec.org.br/ArquivosDin/anprotec_agendadascidades_pdf_33.pdf.> Acesso em:
30.11.2009.
[12] REPARTE (Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos. Portal eletrônico. Associados.
Disponível em: <http://www.reparte.org.br>. Acesso em 30.11.2009.
1 Projeto BEL
A proposta contida no projeto BEL é da maior importância para o consumidor, que através dele
terá oportunidade de exercitar sua cidadania, escolhendo o pacote (bundle) mais adequado para
seu estilo de vida, não ficando refém de operadoras de telefonia e de TV a cabo, como é o caso
hoje em dia.
1
Maria Elisa Ferraz Paciornik é Bacharel em Direito (UFPR), Pós-graduada em Direito Público pela (PUC/SP). Atualmente,
cursa o terceiro ano de graduação em Filosofia (UFPR). Realizou estágios internacionais de estudos em diferentes países,
como Inglaterra, EUA e França. Foi presidente da Aliança Francesa de Curitiba; Conselheira da Federação das Indústrias do
Paraná – FIEP; Presidente do Conselho de Administração da Universidade Livre do Meio Ambiente; Procuradora da Prefeitura
Municipal de Curitiba desde 1971; Diretora Executiva da Fundação Cultural de Curitiba; Diretora de Ação Social da Secretaria
de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Curitiba; Secretária de Recursos Humanos da Prefeitura Municipal de Curitiba;
Presidente da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba – CIC (1992 a 1996). Representou o Brasil no Escritório da Onudi
em Paris (1997 e 1998). Foi Secretária de Estado da Administração do Paraná (1999 e 2000); e Diretora de Relações
Exteriores da Renault do Brasil (2000 a 2002). Atualmente presta consultoria através da empresa FerrazPaciornik Associados,
na montagem e implantação e administração de projetos, novas estruturas de gestão, empreendimentos de responsabilidade
social e geração de novos negócios para mercados emergentes. Além disso, é Presidente da Associação dos Amigos do
Hospital de Clínicas (UFPR).
Sobre os novos projetos que a COPEL Telecomunicações propõe para o desenvolvimento socioeconômico do Paraná 49
2 Projeto Copel.org
Provavelmente, boa parte do índice de aceitação e de respeito do paranaense para com a COPEL,
deve-se ao seu trabalho de inclusão social, através, sobretudo, do programa “Luz Fraterna”.
Parece claro que, para o desenvolvimento do país, há que se investir intensamente na educação
básica. A educação não poderia ser nem uma prioridade do estado, mas uma estratégia de estado.
Uma vez que a educação seja eficiente, não haverá mais necessidade de cotas, para ingresso no
ensino superior.
O projeto Copel.org, cujo objetivo é o atendimento às populações de mais baixa renda com acesso
à Internet por rede sem fio, irá, com certeza, se constituir em um instrumento concreto de inclusão
social, através da inclusão digital.
Não há, atualmente, qualquer possibilidade no mercado de trabalho, para quem não tenha
conhecimentos de informática e possibilidade de acesso à informação.
Grande parte das escolas hoje, no Paraná, dispõe de hardware; o projeto Copel.org, traria um
upgrade fundamental, para os alunos e também para os professores. E permitirá, a esses alunos,
uma competição em parâmetros de igualdade com os jovens egressos de escolas privadas.
Possibilitará ainda, com facilidade, a alfabetização de adultos, erradicando com esta vergonha
nacional.
3 Projeto BEL-i9
A pesquisadora Rebecca Henderson, do MIT, diz que “o pior dano que uma empresa pode causar
aos técnicos é permitir que esses percam a sua capacidade de inovar e a visão de mercado”. De
E quantos talentos nativos nunca tiveram oportunidade de se desenvolver? Quantos valores têm
sido perdidos no Brasil à medida que o tempo passa?
O projeto BEL-i9 será mais um instrumento efetivo de pesquisa e desenvolvimento; sem tirar o
mérito de incubadoras ligadas exclusivamente à academia, o fato de estar ligado à empresa dará a
esses jovens talentos, um cunho de praticidade e aplicabilidade de seus projetos no mercado.
4 Algumas Sugestões
Um projeto como este será mais rico e eficaz quanto mais conseguir estabelecer uma rede de
apoios na comunidade, além dos já citados no projeto.
Estabelecimento de uma rede de instituições ligadas ao ensino profissionalizante, tais como SESI,
SENAI, SENAC, SEBRAE, Ministério do Trabalho, Ministério de Ciência e Tecnologia, entidades
sindicais e de classe, ACP, FIEP, FAE, FACIAP, Secretarias de Desenvolvimento Econômico,
Agências de Fomento, grandes empresas, para desenvolvimento de programas de formação e de
especialização para profissionais e pesquisadores, para novos negócios.
Sobre os novos projetos que a COPEL Telecomunicações propõe para o desenvolvimento socioeconômico do Paraná 51
5 Conclusão
Através deste projeto o Paraná tem condições de assumir a vanguarda na educação e na inovação
tecnológica, particularmente em telecomunicações e áreas afins. Haverá nele, ainda, um grande
ganho social de “integração” de setores, o que fortalecerá a sociedade como um todo, dando ao
perfil eclético da população, mais identidade enquanto paranaenses.
Como paranaense, a autora do presente capítulo só pode desejar que o BEL-i9 se transforme
brevemente em realidade e que ela possa participar dele, se possível!
1 Reflexões...
Darwin mostrou que não são as espécies mais fortes e nem as mais inteligentes que sobrevivem,
mas aquelas que melhor se adaptam ao ambiente.
Em seu livro mais recente, How the mighty fall – and why some companies never give in, o
professor e escritor norte-americano Jim Collins investiga com detalhes o ciclo de vida de inúmeras
empresas e corporações. Toda instituição, independente da sua grandeza e sucesso, é vulnerável
ao declínio, diz o autor. Qualquer uma pode desaparecer e a maioria, mais cedo ou mais tarde, irá
entrar em declínio. Este declínio é, na maioria dos casos, autoinfringido e o caminho da
recuperação depende principalmente delas próprias e não de fatores externos. O autor sugere, e
explora minuciosamente, um modelo de 5 etapas para explicar as diferentes fases de empresas
que desapareceram e de outras que conseguiram se recuperar.
É muito interessante a analogia que Collins faz com doenças que afetam o ser humano. Alguém,
aparentemente saudável, pode ter dentro de si uma grave doença já instalada. Nesta fase inicial
sem maiores sintomas, o diagnóstico é muito difícil, mas um tratamento eficaz pode eliminar a
doença e suas consequências. À medida que a doença evolui, o diagnóstico torna-se mais
evidente, enquanto o tratamento fica mais difícil ou até impossível. O mesmo acontece com as
1
Ruy Fernando Sant’Ana é formado em Engenharia Civil (UFPR), Master of Science (Colorado State Univ.), MBA Marketing
(ISAE/ FGV), PhD (Colorado State Univ.). Foi professor em cursos de Graduação e de Mestrado na área de Recursos Hídricos
na UFPR (1971 a 2003), sendo homenageado como Patrono e Paraninfo de diversas turmas. Professor de Pós-Graduação na
área de Qualidade e de Inovação na UniFAE – Business School (a partir de 1995), recebendo prêmios “Melhores
Professores”(1999, 2000, 2001, 2002, 2006, 2007). Professor de Pós-Graduação na área de Gestão da Qualidade na ESIC –
Business & Marketing School (a partir de 2006). Professor Convidado em diversas Instituições de ensino. Palestrante em
inúmeros eventos no país (desde 1992). Na Companhia Paranaense de Energia – COPEL, atuou de 1972 a 2008 em
atividades de Engenharia Civil (Projeto de Usinas Hidrelétricas), como Assessor da Presidência (1986 a 1993), Consultor do
Escritório da Qualidade e Produtividade (1996 a 1997), Superintendente da Coordenação de Pesquisa do CPE/CEHPAR
(1998), Diretor de Marketing Adjunto (2000 a 2005), Consultor da Diretoria de Gestão Corporativa (2006 a 2007). Na Itaipu
Binacional, foi Assessor da Superintendência de Planejamento Empresarial (de 1993 a 1995). Atualmente presta consultoria no
Instituto Ermínia Sant’Ana, em Curitiba. Também é Piloto de Avião e de Planadores, com 1300 horas de voo.
De tudo que se lê na área de gestão de empresas e de organizações, parece que o traço comum
para o sucesso, ou mesmo para a sobrevivência, é o seu poder de renovação, de criação de novos
produtos e serviços de qualidade, de melhoria de processos, de encantamento de seus clientes, da
sua consciência ambiental e responsabilidade com as comunidades com as quais se relaciona. O
segredo que pode garantir uma receita de sucesso é a habilidade de INOVAR.
A edição de dezembro de 2009 da prestigiosa revista Harvard Business Review (HBR), apresenta
como título de capa Spotlight on Innovation e apresenta quatro artigos muito interessantes e atuais
sobre o tema, a saber:
Uma pesquisa rápida no Google com a palavra “innovation”, por exemplo, apresentará mais de 20
milhões de indicações.
(ii) O estudo da aplicação dessas qualidades tão valorizadas, no ambiente das organizações,
isto é, a Gestão da Inovação (e do Conhecimento) nas empresas modernas.
Na avaliação do autor deste capítulo, a obra mais interessante e completa sobre o primeiro item, é
a obra Criatividade e Grupos Criativos, do Professor da Universidade de Roma, Domenico de
Masi. Ao longo de quase 800 páginas, o Professor de Masi explora: (i) A história da criatividade; (ii)
Estudos sobre criatividade; e (iii) Exemplos de criatividade na Ciência, Religião e nas Artes. No
final do livro, é apresentada, usando as palavras do Professor de Masi, “uma bela biblioteca
composta de três amplas salas, cada uma das quais contendo muitas estantes cheias de teses
que reproduzem mais ou menos a ordem lógica do livro“.
Mas, afinal, o que é Criatividade? Entre tantas definições, explicações, exemplos, encontra-se:
Trazendo o debate para o ambiente das “Business Schools”, é interessante o que trata o artigo
“Innovation in Turbulent Times“ (Rigby, Gruver e Allen) publicado na edição de junho de 2009 da
Harvard Business Review (HBR). Escrevem os autores: “Quando os recursos se tornam escassos,
a chave do crescimento é a reunião de um pensador analítico (cérebro esquerdo), com um
parceiro cheio de imaginação (cérebro direito)”. Ao longo do artigo, os autores citam inúmeros
exemplos de parcerias deste tipo: David Packard e Bill Hewlett, Pierre Wertheimer e Coco Chanel,
John Walker e Brad Bird (Pixar), entre outros.
Por falar na empresa “Pixar”, também vale a pena citar um dos artigos mais festejados e citados da
HBR (está entre os 10 mais lidos): “How Pixar Fosters Collective Creativity” assinado pelo Co-
Fundador e Presidente da Pixar e da Disney Animation Studios, Ed Catmull (edição de setembro
de 2008). Neste longo artigo, o autor explica desde o início a importância de compor um time de
pessoas competentes e comprometidas, e das dificuldades em gerenciar um grupo tão eclético de
pessoas talentosas. Ele encerra o artigo declarando que seu maior feito não foi ter produzido o
A reunião e gestão de equipes ecléticas não é, obviamente, tarefa para principiantes. Citando
novamente o Professor de Masi:
Outra questão importante, nessa breve reflexão, diz respeito às contribuições recentes no estudo
da Gestão do Conhecimento e da Inovação nas organizações. Aqui também a quantidade de livros
e trabalhos técnicos é absurdamente extensa. Talvez o primeiro trabalho, do leitor interessado,
seja a separação cuidadosa das contribuições importantes - com fundamentação consistente – e
das demais, escritas com base em opiniões superficiais.
Um dos livros mais citados, devido a sua contribuição científica original, é o clássico “Criação do
Conhecimento na Empresa” dos Professores Nonaka e Takeuchi.
A inovação aberta, que também pode ser no sentido de dentro para fora, ou seja “inside-out”,
quebra as barreiras corporativas tradicionais e permite o livre fluxo de ideias, propriedade
intelectual, e pessoas.
Na edição de dezembro de 2009 (HBR), o Prof. Chesbrough explora, em detalhes, cinco tipos de
modelos de gestão para a prática da inovação aberta (de dentro para fora). São apresentados
diversos casos de sucesso envolvendo empresas como a British Telecom e suas spin-offs, Azure
Solutions, Vidus e Psytechnics; Eli Lilly e InnoCentive; De Beers e Element Six; Lucent e Lucent
Digital Video; CH2M Hill e ADA Technologies; Philips Electronics e suas “incubadas” Liquavista,
Silicon Hive e a priv-ID; Unilever e MiLife, etc. No mesmo artigo os autores citam, também,
empresas que foram criadas para financiar (Venture Capital) esses novos empreendimentos.
http://www.slideshare.net/Allagi/open-innovation-seminar-2009-brazil-henry-chesbrough
Neste evento, diversas empresas apresentaram suas experiências, entre elas a 3M, Fiat, e
Chemtech (Siemens).
Outro pesquisador que tem se destacado é Andrew McAfee, cientista do Center for Digital
Business - MIT Sloan School of Business e autor do livro ainda não lançado cujo título será
“Enterprise 2.0: New Collaborative Tools for Your Organization’s Toughest Challenges“.
O Prof. McAfee explicou, em recente entrevista, o papel das tecnologias sociais na mudança da
forma de trabalhar a inovação nas organizações. Ele diz, por exemplo, que muitas empresas estão
permitindo que os grandes usuários participem de processos de desenvolvimento de produtos.
Não só os grandes usuários, mas qualquer pessoa pode ajudar a desenvolver um novo produto, ou
melhorar um produto existente ou resolver um problema real. Essas empresas não mais
especificam quem pode participar do processo de inovação, todos são bem-vindos. As ferramentas
da Empresa 2.0 são projetadas para ajudar em processos de inovação aberta.
A empresa Procter & Gamble (P&G), segundo McAfee, abraçou a filosofia da inovação aberta
criando no seu site um link específico (Connect +) para receber ideias inovadoras de qualquer
pessoa. A P&G publica não só aquilo que sabe e que pode fazer; destaca também o que precisa.
É uma mudança radical; grandes empresas em geral não mostram a sua ignorância.
Naturalmente, esta nova abordagem não elimina a forma tradicional de fazer inovação nas grandes
empresas, ambas se complementam.
Na mesma entrevista, o Prof. McAfee informa que pesquisa recente da empresa de consultoria
McKinsey mostra que um número expressivo de empresas (20% das pesquisadas) já abriu seus
processos de inovação para seus funcionários e clientes e que em média, o número de inovações
tem aumentado 20%.
2 Concluindo...
Em 2009, foi comemorado o centenário do nascimento de Peter Drucker. Nada mais justo que se
pense sobre o que ele diria a respeito do Projeto BEL-i9, proposto pela COPEL Telecomunicações.
Poderia ser uma pergunta: O que é o melhor para a empresa? E completaria:
O fato de fazer esta reflexão não garante que a decisão correta seja tomada.
Mesmo o executivo mais brilhante é um ser humano e portanto sujeito a erros
e preconceitos. Mas a omissão em fazê-la, praticamente levará à decisão
errada.
1
INTEC/TECPAR – Incubadora Tecnológica de Curitiba, do Instituto de Tecnologia
do Paraná
jfelix@tecpar.br
2
IBQP – Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade
silvestre@ibqp.org.br
1 Introdução
O projeto BEL propôs uma série de desafios dentro da COPEL e em especial na COPEL
Telecomunicações, um destes desafios é a implantação de uma plataforma para a criação flexível
de novos produtos e serviços. Para isso a concepção das atividades como sendo conduzidas por
1
Júlio César Felix é formado Engenharia Civil (UEM), com Especialização em Administracion de laboratorios (OPS/OMS, B.
Aires); Embalage - Control de la Calidad (Inst. Italiano de Embalage, Milán). Production Engineering and Quality Control of
Steel Structure (Ind. Res. Inst. of Hyogo Prefecture, Japan). Foi Diretor de Metrologia Científica e Industrial do INMETRO
(1987). Diretor Administrativo do TECPAR (1987 a 1988). Diretor de Tecnologia Industrial do TECPAR (1991 a 1995).
Presidente da ABIPTI; Diretor Técnico do TECPAR (1995 a 1999). Membro do Comitê Brasileiro de Metrologia do CONMETRO
(1998 a 2009). Diretor de Certificação do TECPAR (2001 a 2004). Presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia – SBM
(2004 a 2006) e Diretor de Operações do IBQP (2006 a 2009). Atualmente é Gerente da Incubadora Tecnológica de Curitiba,
do Instituto de Tecnologia do Paraná (INTEC/Tecpar), Conselheiro Técnico IBQP, Coordenador da Comissão Especial de
Estudos da ABNT – Gestão da PD&I. Participou como autor nas seguintes publicações: Desafios do Empreendedorismo
Tecnológico Inovador, 2009 (livro); A Qualidade no Brasil - uma experiência profissional, 2008 (artigo); Empreendedorismo no
Brasil, 2007/2008/2009 (livros); Sistema de Avaliação da Conformidade de Material Biológico. MCT, 2002 (Livro); A Metrologia
no Brasil - Qualitymark Editora, RJ. 1995 (Livro); Guia para Implantação da Confiabilidade Metrológica. ABIPTI/INMETRO.
1986 (Livro).
2
Rodrigo Gomes Marques Silvestre é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL e é
Mestre em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua como economista do Instituto
Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP, é Membro do Comitê Técnico Tecnológico dos Programas da FINEP, PAPPE
Subvenção e Programa Juro Zero no Paraná, é Membro do Conselho Consultivo da PEIEX em Curitiba e Membro da Rede de
Apoio aos Arranjos Produtivos Locais do Paraná - Rede APL Paraná. Participou como autor nas seguintes publicações: The
tendency of development of the information technology industry from 2007 to 2011 in Brazil; The Brazilian System of Digital
Television the diffusion and capturing of financial benefits and its impact upon democratization of communication media;
Empreendedorismo inovador: perfil atual do empreendedorismo brasileiro segundo o global entrepreneurship monitor.
Plataforma para a criação flexível de novos produtos e negócios: o paradigma da inovação aberta 61
indivíduos pertencentes a um “clube” é central, pois, é a participação do consumidor final que
definirá que produtos, conteúdos e tipos de pacotes de serviços serão ofertados. Nesse contexto
os ofertantes precisam adaptar-se com grande velocidade.
Uma opção para essa plataforma pode ser pelo desenvolvimento de novos negócios que
fomentados pelo projeto BEL podem seguir possivelmente os seguintes caminhos: a geração de
um novo negócio que se utiliza da infraestrutura da COPEL Telecomunicações, a geração de uma
tecnologia que pode ser explorada economicamente por meio de licenciamento, o surgimento de
uma fornecedora de tecnologia para a COPEL Telecomunicações ou um empreendimento que não
seja interessante do ponto de vista econômico.
Um dos principais itens do WBS (Work Breakdown Structure) do Projeto BEL destaca a
importância de buscar e estabelecer parcerias. Por ser uma empresa com participação importante
de capital público a COPEL Telecomunicações tem um papel fundamental em conduzir sua
atividade econômica pautada no desenvolvimento da sociedade. Essa característica é relevante
para determinar os tipos de parceria que a empresa pretende estabelecer. Dada a sua grande
capacidade de transformação social as atividades resultantes do Projeto BEL precisam ser
potencializadas por uma estratégia de cooperação com instituições que fomentem a inovação, o
empreendedorismo e a responsabilidade social.
Nesse aspecto a intenção de estabelecer uma plataforma para o surgimento de novos produtos e
novos negócios, se assemelha fortemente à vocação das incubadoras de base tecnológica
brasileiras. Essas instituições têm como competência central a atuação em rede que permite que o
conhecimento circule de maneira mais eficiente que o estabelecimento de cooperações pontuais
entre duas instituições. Complementarmente, essas instituições têm a capacidade de compartilhar
o risco associado aos estágios iniciais de empreendimentos inovadores de base tecnológica. Por
fim essas instituições têm um papel central no desenvolvimento regional e fomento à
sustentabilidade. Entre as incubadoras em operação no Brasil atualmente, uma se destaca pela
extensa contribuição ao empreendedorismo de base tecnológica, a Incubadora Tecnológica de
Curitiba – INTEC.
A inovação usualmente é tratada como uma atividade conduzida por uma empresa buscando
internalizar as ações e conhecimentos necessários para o seu sucesso de mercado. Essa
abordagem é relevante para entender o processo de criação da inovação realizado pelas grandes
empresas inovadoras até o início do Século XXI. Para os mercados onde a velocidade de
surgimento de inovações é relativamente baixa, essa forma de lidar com os conhecimentos novos
pode ser eficiente, porém, se as inovações são frequentes em um mercado, conduzir os projetos
de maneira isolada eleva demasiadamente o risco de inverter recursos em projetos que não terão
um longo período de exploração comercial.
Para os mercados onde a tecnologia varia rapidamente e novos produtos, processos e modelos de
gestão são introduzidos frequentemente, a abordagem da inovação aberta é mais interessante
para sugerir formas de organizar a produção pautada em atividades de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação – PD&I. Dentro dessa forma de entender a inovação, três processos
se destacam: o processo de dentro para fora realizado pelo enriquecimento do conhecimento
próprio da companhia por meio da integração com fornecedores, consumidores e fontes externas
de conhecimento; o processo de fora para dentro que se refere aos ganhos de lucro por levar
ideias ao mercado, vendendo Propriedade Intelectual, multiplicando tecnologias pela transferência
de ideias para o ambiente externo da empresa; e o processo composto que se refere à co-criação,
em geral, com parceiros com atividades complementares por meio de aliança, cooperação, e joint
ventures durante as quais as trocas são cruciais para o sucesso (ENKEL, GASSMANN &
CHESBROUGH, 2009). É importante destacar que essa abordagem da inovação não é excludente
em relação à abordagem da inovação fechada e sim uma expansão da noção sobre como a
inovação pode ser conduzida do ponto de vista da tomada de decisão empresarial.
Do ponto de vista social, principalmente para países com grande necessidade de desenvolver seu
tecido produtivo, a inovação conduzida de maneira aberta apresenta-se como uma alternativa para
pautar as estratégias de apoio à atividade empreendedora. A inovação fechada tende a criar
vantagens competitivas para a empresa que a gerou, mas a contrapartida dessa inovação é o
surgimento de poder de monopólio temporário para a mesma empresa. Quando se observam o
resultado desse relativo poder de monopólio sobre o mercado, e particularmente para aqueles
mercados ocupados majoritariamente por Micro e Pequenas Empresas, o resultado coletivo pode
ser menor que o resultado individual. Se a inovação foi concebida de maneira aberta, a tendência
a maior disponibilidade dos conhecimentos gerados por meio do mercado de tecnologia,
licenciamentos etc. permite que o resultado coletivo seja majorado.
Plataforma para a criação flexível de novos produtos e negócios: o paradigma da inovação aberta 63
Os três processos de inovação aberta têm em comum a necessidade de estabelecimento de
alguma organização em rede, seja pela integração entre elos da cadeia produtiva, seja pela
relação com instituições de PD&I, ou ainda, pela coexecução de projetos inovadores. Em todos os
casos, uma rede nesses moldes necessita ser estruturada e gerenciada. Essa demanda pela
constituição de redes sinaliza a necessidade de uma evolução na forma de atuação das
instituições que fomentam a atividade empreendedora e a inovação. É preciso que essa mudança
seja pautada à luz dessa visão complementar da inovação.
A proposta que aqui se apresenta é iniciar o arranjo institucional pela proposição da incorporação
da COPEL Telecomunicações no Conselho da INTEC, de maneira a estabelecer a governança de
um projeto com gestão compartilhada. Com isso seria possibilitado o início imediato das
atividades. Essa proposição visa atender ao desenvolvimento da plataforma de novos produtos
preconizada no Projeto BEL e iniciar a FASE II da INTEC, prevista em seu planejamento
INTEC+20.
O objetivo seria desenvolver uma organização que seja capaz de se apropriar das principais
competências, conhecimentos e ativos dos participantes do projeto para obter resultados positivos
no mercado e para a sociedade. O diagrama 1 ilustra como as instituições e empreendedores ao
tornar seus limites menos rígidos para a circulação da informação podem gerar os conhecimentos
necessários para a constituição de uma plataforma de geração flexível de novos produtos e novos
negócios. E os principais resultados esperados na dimensão social e de mercado.
Plataforma para a criação flexível de novos produtos e negócios: o paradigma da inovação aberta 65
Diagrama 1: Estrutura conceitual da organização para condução do projeto
CONHECIMENTOS,
COMPETÊNCIAS E
ATIVOS
INTEC/
TECPAR COPEL
Telecomunicações
EMPREENDEDORES
informação
PLATAFORMA DE
GERAÇÃO FLEXÍVEL DE
informação NOVOS PRODUTOS E
SOCIEDADE informação
NOVOS NEGÓCIOS MERCADO
Resultado
Resultado
Desenvolvimento Regional
- Geradores de Conhecimento e Tecnologia para
Expansão da fronteira tecnológica nacional Licenciamento
Os resultados no mercado são semelhantes em sua natureza com os obtidos por empresas agindo
individualmente, porém diferem significativamente em relação ao impacto e eficácia. Ao comparar
os resultados de uma das empresas a serem incubadas na plataforma com outra que tenha
surgido exclusivamente pela ação isolada de um empreendedor, o principal diferencial está na
rapidez com que a informação sobre soluções e oportunidades circula para efetivar o sucesso da
inovação no mercado. Do ponto de vista coletivo, a principal diferença está na destinação do
conhecimento gerado dentro das empresas incubadas. Quando uma empresa isolada inicia um
projeto de inovação, a avaliação da viabilidade econômica desse projeto será determinante para
decidir se esse resultado é ou não útil para a estratégia da organização e sobre sua continuidade.
Em uma das empresas incubadas a viabilidade econômica também é relevante, mas ela é
expandida pela possibilidade de difundir o novo conhecimento entre os membros da rede e fora
dela. Essa difusão pode ocorrer por meio do licenciamento da tecnologia, troca de conhecimentos
ou outras formas de reaproveitar os esforços realizados durante a realização do projeto.
5 Considerações finais
Plataforma para a criação flexível de novos produtos e negócios: o paradigma da inovação aberta 67
possível com a INTEC/Tecpar poderia permitir a obtenção do objetivo definido de construir e
fomentar uma plataforma de criação flexível de novos produtos.
A proposta do presente capítulo é iniciar uma discussão sobre a efetiva criação de uma parceria
entre a COPEL Telecomunicações no âmbito do Projeto BEL e a INTEC/Tecpar para realizar um
projeto piloto de criação de uma plataforma de criação flexível de novos produtos e negócios. Esse
projeto almeja conduzir um projeto de incubação de empreendimentos à luz do paradigma da
inovação aberta, para potencializar os resultados desses empreendimentos inovadores no
mercado e na sociedade.
6 Referências
[1] BOLAÑO, C. R. S.; SHIMA, W. T.; SILVESTRE, R. G. M. . The tendency of development of the
information technology industry from 2007 to 2011 in Brazil. In: 12th International Joseph A.
Schumpeter Conference Society, 2008, Rio de Janeiro. Technological Innovation and Development 2-
5, July 2008, 2008.
[2] CHESBROUGH, H. W. Open Innovation: the new imperative for creating and profiting from
technology. ISBN: 978-1-422102-83-1 2005
[3] ENKEL, Ellen, GASSMANN, Oliver and CHESBROUGH, H. Open R&D and Open Innovation: Exploring
the Phenomenon. R&D Management, Vol. 39, Issue 4, pp. 311-316, September 2009. Available at
SSRN: http://ssrn.com/abstract=1487834 or doi:10.1111/j.1467-9310.2009.00570.x
[5] FELIX, JÚLIO C., et al. Desafios do empreendedorismo tecnológico inovador- Intec 20+20. Curitiba:
Tecpar, 2009.
1
Klaus de Geus é Engenheiro eletricista pela Universidade Federal do Paraná, Master of Science (MSc) em Ciência da
Computação pela University of Manchester, Inglaterra, Doctor of Philosophy (PhD) em Ciência da Computação pela University
of Sheffield, Inglaterra. Atuou em instituições, tanto na indústria como na academia, tais como Siemens, Simepar, UFPR, PUC-
PR, Uniexp e FAE. Atualmente é gerente de programa de P&D da COPEL Geração e Transmissão S.A., onde também
gerencia e coordena projetos de pesquisa. É professor colaborador no programa de mestrado e doutorado do Centro de
Estudos de Engenharia Civil - CESEC da Universidade Federal do Paraná – UFPR e diretor da Faculdade de Ciências Exatas
e de Tecnologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). É membro dos Comitês Científicos do “IASTED - Conference on
Computer Graphics and Imaging” e do “International Conference in Central Europe on Computer Graphics, Visualization and
Computer Vision” e editor responsável do periódico técnico-científico Espaço Energia (ISSN: 1807857-5). É autor de diversos
artigos científicos e do livro “Mentes criativas, projetos inovadores - A arte de empreender P&D e inovação” (no prelo), pela
Musa Editora.
A produção científica brasileira tem proporcionado ao país despontar como uma força emergente e
de grande potencial no cenário acadêmico mundial. Porém, o país ainda fraqueja na tarefa de
transformar seu conhecimento e suas criações científicas em produtos palpáveis, ou seja, o país
ainda fraqueja na concretização da inovação. Não obstante sua significativa produção científica, o
Brasil continua pagando royalties para fazer uso das invenções realizadas em outros países e que
foram exploradas em todo o seu potencial, gerando produtos inovadores. A necessidade de
construir uma ponte que una o mundo acadêmico e o mundo empresarial com vistas a produzir
inovação a partir das criações e do conhecimento científico gerado no Brasil se torna, portanto,
premente.
O paradigma industrial preconiza a ideia de que pesquisa científica se faz na universidade, e que
as empresas têm que lidar apenas com coisas práticas. Da mesma maneira, é comum perceber-se
nos bastidores das universidades a resistência quanto ao envolvimento de cientistas em
empreendimentos industriais, por ser isso considerado uma forma de contaminação. Enquanto
esses dois pensamentos perdurarem, o país não conseguirá construir uma ponte que possa unir a
academia e a indústria e, portanto, transpor as barreiras que impedem o estabelecimento da
cultura do empreendedorismo inovador.
Uma das principais questões a se abordar na busca de se construir a ponte que una os dois
mundos, acadêmico e industrial, é a que se refere à natureza de empreendimentos inovadores
com base científica. É necessário que se compreenda o mecanismo pelo qual os principais
ingredientes da inovação interagem. Para tanto, serão abordadas questões que se mostram
essenciais na diferenciação entre o caráter de atividades industriais e o de empreendimentos
inovadores, tais como a relação entre controle e criatividade, o apetite ao risco e as principais
características do trabalho criativo.
A literatura científica relacionada ao tema “liderança” relata algumas conclusões acerca da relação
entre a organização e a criatividade. Em seu livro intitulado “Uma bagunça perfeita” (“A perfect
mess”), Eric Abrahamson e David Freedman [1] defendem a ideia de que a bagunça (ou falta de
ordem) não é nociva ao ambiente empresarial ou mesmo à vida pessoal. Ao contrário, eles vão
A criatividade lida com ideias inusitadas e, portanto, não deve ser confinada a um ambiente que
tenha um caráter fortemente processual. Um ambiente totalmente organizado sufoca os impulsos
criativos, pois limita a liberdade de pensamento e de ação. A organização, por sua vez, é um dos
aspectos mais fortemente explorados pela gestão baseada no controle. Nesse modelo de gestão,
baseado no controle, pode-se até falar em inovação ou no fomento a empreendimentos
inovadores, porém o paradigma no qual se baseia mostra-se completamente inadequado a tais
atividades.
A criatividade e o controle lutam entre si e, por esse motivo, não conseguem conviver
harmoniosamente em um ambiente único. Dessa maneira, é necessário escolher um caminho,
adotar uma estratégia, que possa fundamentar a natureza do empreendimento.
A maioria das tarefas criativas são empreendimentos arriscados. Sua natureza já pressupõe essa
característica, uma vez que não se sabe ao certo qual será o caminho para conquistar a solução
para o problema. Aliás, muitas vezes nem se pode dimensionar ao certo a extensão do problema,
ou talvez nem se compreenda na integralidade o seu escopo.
Portanto, o risco é inerente ao empreendimento criativo. Muitas vezes, ele pode até ser identificado
na própria mente das pessoas, ou em seu estado de espírito, em seu ânimo, em sua motivação.
Se uma pessoa não está disposta a criar em um determinado instante, resultados não serão
concretizados [2].
Segundo o extenso estudo sobre a criatividade escrito por Mumford et al [3], três fontes de risco
parecem ter significativo impacto em empreendimentos criativos:
• A geração de uma ideia viável não está assegurada: obter ideias inovadoras é algo
completamente dependente da criatividade das pessoas. Muitas vezes, mesmo que o
ambiente de trabalho seja completamente favorável à criação, a geração de ideias que
levem a uma solução tão inovadora quanto o desejado também não está garantida. Em
suma, dependendo das circunstâncias, é possível que os resultados obtidos não sejam os
esperados.
• Mesmo que a ideia seja gerada, não há garantia de que ela possa ser implementada: uma
característica do processo de pensamento de uma pessoa criativa é a de não se atrelar
muito ao mundo real, à maneira como as coisas devem ser feitas, se algo é realmente
factível ou não. No mundo das ideias, tudo é possível. Muitas vezes, as ideias geradas
podem não levar a um produto realizável, ou então o produto final pode não ser viável sob
o ponto de vista econômico ou técnico.
• Mesmo que o seu desenvolvimento seja bem-sucedido, não há garantia de que o produto
final seja um sucesso: o produto final pode não ser bem aceito por seus potenciais
usuários, levando o projeto a ser malsucedido em termos de resultados e aplicabilidade.
Essa breve exposição demonstra que a execução de um projeto dessa natureza exige um longo
tempo, dada a complexidade envolvida em suas atividades.
As implicações das características mencionadas se traduzem em:
Em um estudo que fez uso de preferências de atividades com vistas a avaliar a motivação de
pessoas com perfil científico e com perfil voltado à gestão industrial em termos de conquista, de
afiliação e de poder, Harrel e Stahl [6] apud [2] chegaram a algumas conclusões relevantes e que
merecem ser explicitadas ao se considerar a relação entre modelos de gestão e perfis pessoais.
As pessoas com perfil científico obtêm maiores notas em motivação pela conquista, ou seja, pouco
lhes importa sua posição empresarial ou política, contanto que eles estejam enfrentando desafios e
conquistando resultados que tragam valor. Pessoas criativas evidenciam, portanto, forte orientação
à autonomia.
Por outro lado, as pessoas com perfil voltado à gestão industrial obtêm maiores notas em
motivação pelo poder e pelas necessidades de afiliação, ou seja, seu objetivo principal é progredir
em suas carreiras nas empresas em que trabalham.
Stacey [9] trata da questão da criatividade em seu livro intitulado Complexity and creativity in
organizations, confrontando a teoria organizacional tradicional com um novo paradigma baseado
na criação de ambientes em que haja liberdade para a criação. A teoria organizacional tradicional
diz que as empresas devem predizer e controlar para que o caos seja evitado. Em contrapartida, o
novo paradigma, proposto pelo autor, argumenta que a repressão da ansiedade causada pela
natureza instável e dinâmica do mundo dos negócios atual implica a igual repressão de impulsos
criativos, os espaços para a inovação, que permitem que os membros da força de trabalho
produzam seu melhor.
Amabile [10] também argumenta que a criatividade é uma das virtudes mais importantes na
economia do conhecimento atualmente, mas muitas empresas adotam estratégias gerenciais que
acabam por matá-la. A maneira com que isso é feito consiste de um tema polêmico para muitos: a
motivação intrínseca das pessoas, isto é, o forte desejo interno de fazer algo baseado em
interesses e paixões. Dirigentes matam sem querer a criatividade por não saberem que esta é, em
grande parte, consequência da motivação intrínseca, a qual eles se esforçam ao máximo para
neutralizar, ou até mesmo destruir. Eles encaram os interesses intrínsecos das pessoas como algo
A motivação intrínseca, por exemplo, é alta quando os empregados se sentem desafiados, mas
não pressionados pelo seu trabalho. A tarefa dos dirigentes se torna então atribuir os papéis
adequados aos seus empregados. A liberdade, a motivação intrínseca e, portanto, a criatividade,
evidenciam-se quando os dirigentes deixam os empregados decidirem como alcançar seus
objetivos, e não quais objetivos alcançar. Em resumo, dirigentes podem fazer a diferença quando
se trata de criatividade, gerando empresas verdadeiramente inovadoras que não apenas
sobrevivem, mas também se sobressaem.
5 Liderança criativa
A liderança em empreendimentos de natureza criativa requer uma postura muito distinta daquela
utilizada atualmente na maioria dos ambientes profissionais das corporações.
O primeiro motivo para se adotar uma postura distinta é a natureza do trabalho a ser desenvolvido.
Uma vez que o trabalho criativo ocorre quando as tarefas envolvem problemas complexos, cuja
definição não pode ser especificada de maneira precisa, e cuja solução requer a geração de novas
ideias, o líder de tais empreendimentos não pode confiar em estruturas predefinidas. Ao invés
disso, ele deve ser capaz de induzir estrutura e prover direção de trabalho onde não há uma
direção inerente.
Líderes de empreendimentos criativos também devem saber como exercer influência. Aliás, essa é
uma característica marcante do líder criativo. Ele consegue, com seu poder baseado no
conhecimento, na imaginação e na habilidade de inovar, atrair a atenção e a confiança dos demais
integrantes do empreendimento.
Uma das características marcantes de uma atividade de P&D é que ela trabalha com o
desconhecido. Se se constatar que um projeto não lida em algum ponto ou sob algum aspecto com
o desconhecido, esse projeto não pode ser categorizado como de P&D. O fato de que o contexto
de P&D é o desconhecido implica o fato de que P&D, por definição, gera conhecimento.
A figura 1 ilustra algumas atividades que podem ser caracterizadas como de P&D e outras que não
podem. Dentre as que podem ser consideradas P&D, algumas tratam essencialmente com o
desconhecido, estando nele inseridos de forma integral. Outras lidam com o desconhecido apenas
sob alguns aspectos, mas nem por isso devem deixar de ser consideradas como P&D.
Outra característica marcante de projetos de P&D é que, dado que trabalham com o desconhecido,
os resultados obtidos são normalmente diferentes daqueles vislumbrados quando de seu início,
como ilustrado na figura 2. À medida que o projeto progredir e o conhecimento for adquirido, o
projeto deve ser redirecionado. Isso quer dizer que um projeto de P&D nunca pode ter seus
resultados rigorosamente previstos.
desconhecido
3 10
11
2
12
1
ponto de partida
Figura 1: Caracterização de P&D: atividades que passam em
algum momento pelo desconhecido podem ser consideradas, pelo
menos parcialmente, P&D. Este não é o caso das atividades 1, 2,
11 e 12, as quais não podem ser consideradas P&D. As demais
atividades passam, em maior ou menor grau pelo desconhecido,
implicando a geração de conhecimento. Dentre estas, as atividades
3, 9 e 10 apresentam menor grau de P&D [2].
desconhecido
ponto de partida
Figura 2: Resultados de P&D: os resultados obtidos em uma
atividade de P&D normalmente são diferentes daqueles
vislumbrados no ponto de partida [2].
Tanto as empresas quanto as instituições lutam para conseguir unir os dois mundos, por meio de
um modelo de empreendimentos que suprima as dificuldades relacionadas às diferenças culturais
e que permita cumprir com as expectativas de resultados. O grande desafio é transpor o abismo
existente entre a academia e a indústria, o que a COPEL pretende agora fazer, com base em
experiências do passado, no aprendizado dos erros e acertos de outros empreendimentos que
promoveram ações cooperadas entre universidades e empresas.
Dois modelos de gestão estratégica de P&D são apresentados aqui. O primeiro diz respeito ao
mecanismo normalmente utilizado nas parcerias, e o segundo trata de uma postura voltada à
No primeiro modelo, normalmente usado pelas empresas em seus programas de P&D, a interação
com a instituição de pesquisa se dá de duas maneiras: A primeira é pelas gestões do programa de
P&D de ambas as partes, mas apenas sob os aspectos administrativos. A segunda, de caráter
mais técnico, se dá entre o líder científico da instituição e o gerente de projeto da empresa.
Os empecilhos para uma correta internalização do conhecimento por parte da empresa e para um
adequado mecanismo de geração de conhecimento com efetiva participação da empresa são os
seguintes:
Um modelo mais adequado de gestão de P&D, com vistas à geração efetiva de inovação,
pressupõe uma interação mais forte entre a empresa e a instituição de pesquisa, preconizando o
mesmo nível intelectual (conhecimento) em ambos os lados, estabelecendo dessa maneira os
alicerces para a construção da ponte que une os dois mundos. Para tanto, é necessária a
composição de um grupo de cientistas especializados nas áreas estratégicas que possa liderar as
iniciativas de inovação na empresa.
Entretanto, o nível de interação dentro da empresa se torna significativamente complexo, uma vez
que envolve também grupos de interesse e de gestão, corresponsáveis pelo planejamento
tecnológico da empresa (technology roadmapping). A interação se estende aos fornecedores, que
passam a participar mais ativamente do processo com vistas a uma melhor concretização do
resultado traduzido por um produto específico, e ao marketing, corresponsável pelo sucesso do
lançamento dos produtos finais do projeto. A interação intrinsecamente considera a evolução do
mercado, ou seja, as demandas cada vez mais especializadas dos clientes e consumidores. Todo
O papel do corpo de profissionais com alta capacitação e experiência científica, que possa avaliar
constantemente os projetos e sugerir e planejar ações que tenham como objetivo maximizar seus
resultados, é preponderante. O foco é, portanto, no bom andamento da carteira de projetos de
P&D.
Uma vez que as duas principais entidades da parceria, a instituição de pesquisa e a empresa,
interagem de forma harmônica, tendo a empresa um corpo de especialistas que interage com o
corpo de líderes científicos da instituição, os resultados se tornam mais evidentes e têm maiores
chances de gerar benefícios práticos.
• O nível de interação entre as duas entidades é muito mais forte, uma vez que elas falam a
mesma linguagem em termos de especialização.
• Os resultados dos projetos são mais facilmente internalizados, uma vez que os gerentes
de projetos estão em sintonia com os profissionais da área de aplicação e com os grupos
de interesse.
Os benefícios advindos de um modelo como o proposto aqui, e que poderia ser aplicado no projeto
BEL-i9, são significativos, pois tornam possível a verdadeira absorção do conhecimento por parte
da empresa, permitem uma melhor internalização de resultados nas áreas de aplicação,
fundamentam novas oportunidades de negócio e de aplicações especializadas e concretizam uma
estratégia corporativa de inovação tecnológica.
Para chegar a esse resultado, torna-se necessário adquirir uma postura adequada em relação à
criatividade e à inovação, assim como às atividades científicas, que dão sustentação e robustez ao
processo criativo. Em outras palavras, a primeira tarefa é criar um ambiente propício à inovação,
Para que o ambiente seja favorável a essa integração e também à criatividade, é imprescindível
que as atividades estejam imunes a problemas de caráter operacional ou que dizem respeito ao
dia-a-dia empresarial. Torna-se, portanto, aconselhável que tal ambiente esteja fisicamente
instalado junto a uma universidade ou a um centro científico.
Em resumo, a criação de uma nova cultura voltada à inovação deve contemplar, porém não se
limitar, as seguintes ações:
• Prover estrutura para as atividades científicas, com base nas premissas subjacentes ao
processo de criação de conhecimento;
De acordo com o modelo estratégico de gestão discutido anteriormente, torna-se propícia a criação
de um núcleo de P&D que possa fundamentar as tecnologias com grande potencial de aplicação e
prover subsídios para a criação de novos negócios, concretizando assim os benefícios para a
sociedade. Esse núcleo deve ser constituído de pessoas que liderem linhas de pesquisa
estrategicamente estabelecidas.
Uma vez definidas as linhas de atuação e as linhas de pesquisa nelas envolvidas por meio de um
plano estratégico, seus líderes farão o papel integrador entre o mundo da ciência e o mundo dos
negócios, consolidando a base científica das atividades, alinhada à sua natureza criativa, a qual
leva à inovação e gerando subsídios para que os novos negócios em telemática, como se propõe
no BEL-i9, possam ser adequadamente incubados.
O projeto BEL-i9 é, portanto, uma iniciativa inédita na empresa, dado seu caráter voltado à
convergência de iniciativas científicas e de negócio, que lhe proporciona uma grande oportunidade
de despontar como um importante agente da inovação no Paraná, trazendo importantes frutos no
tocante ao desenvolvimento tecnológico. Mais do que isso, o projeto proporciona um ambiente
permeado pela motivação e pelo espírito inovador, fazendo uso da união entre a criatividade e o
empreendedorismo, transpondo, enfim, o abismo que hoje existe entre a academia e a indústria.
9 Referências
[1] ABRAHAMSON, E.; FREEDMAN, D. A perfect mess. Little, Brown and Company, 2007.
[2] DE GEUS, K. Mentes criativas, projetos inovadores – a arte de empreender P&D e inovação, Musa
Editora, no prelo.
[3] MUMFORD, M. D.; SCOTT, G. M.; GLADDIS, B.; STRANGE, J. M. Leading creative people:
orchestrating expertise and relationships. The Leadership Quarterly, no 13, pp. 705-750, 2002.
[4] ANDRIOPOULOS, C.; LOWE, A. Enhancing organizational creativity: the process of perpetual
challenging. Management Decision, 38, pp.474-734, 2000.
[6] COLLINS, M. A.; AMABILE, T. Motivation and creativity. In R. J. Sternberg (Ed.), Handbook of creativity,
pp. 297-312. England: Cambridge Univ. Press, 1999.
[7] PELZ, D. C.; ANDREWS, F. M. Autonomy, coordination, and simulation in relation to scientific
achievement. Behavioral Science, no 12, 89-97, 1966.
[8] KASOF, T. Creativity and breadth of attention. Creativity Research Journal, no 10, pp. 303–317, 1997.
[9] STACEY, R. Complexity and creativity in organizations. Berrett-Koehle Publishers, Inc., 1996.
[10] AMABILE, T. How to kill creativity. Harvard Business Review, 76 (5): pp. 76-87, 1998.
1 Introdução
Não resta dúvida que a disponibilidade de banda larga de alta performance, a Banda Extra Larga
(BEL), é fator fundamental para o desenvolvimento econômico e social, neste século que se inicia.
Relatório publicado recentemente pelo Deutch Bank sinaliza que a disponibilidade de redes de
banda larga de alta performance será fator determinante na decisão dos investidores quando da
localização e investimentos nos negócios.
A OCDE destaca que cerca de um terço dos ganhos de produtividade dos negócios em geral
deverão ser obtidos em decorrência das comunicações em banda larga.
Também há fortes sinalizações que a geração de empregos será alavancada pela expansão da
2
cobertura das redes de banda larga .
Mais do que isso, a banda larga vem se consolidando como o principal canal para acesso à
informação, essencial para todas as formas de atividade econômica e de boa governança.
Também a banda larga é o canal para o desenvolvimento de soluções de e-gov, e-learning, e-
health, dentre outros avanços fundamentais para a construção de um governo mais eficiente e
presente, disponibilizando a população soluções de menor custo.
1
Wagner Eric Heibel é formado em Engenharia, com pós-graduação na área de Economia e MBA em Gestão Empresarial,
tendo sido Diretor da Telefônica São Paulo, Gerente na ANATEL e na Telebrás. Atualmente é consultor de empresas.
2
“Por exemplo, a Federação Alemã de Autoridades Municipais (Deutsche Städte - und Gemeindebund) estima que 250,000
postos de trabalho seriam criados pela rápida expansão da cobertura de banda larga na Alemanha” Fonte: Deutsche Bank
Research (aug/09)
Com isso, há forte sinalização que nos próximos anos a demanda por banda, ou seja, por
capacidade de transmissão entre o usuário e a Internet superará o crescimento observado até
agora.
Nesta mesma direção, deve ser registrado o decréscimo observado nos sensores (presença,
temperatura, movimento, etc) e equipamentos de monitoramento por vídeo, com câmeras
sofisticadas atingindo valores impensáveis há alguns anos.
Espera-se também uma popularização dos meios em alta definição, com o uso de câmeras e TVs
High Definition (HD) por parcela crescente da população.
Essa popularização de dispositivos, com alta qualidade, e com preços acessíveis a uma parcela
crescente da população terá como consequência o aumento das exigências dos usuários, na
direção de que imagens e vídeos hoje apresentados na Internet com qualidade abaixo daquela de
nossas televisões analógicas, passe por uma revolução, atingindo níveis de qualidade das TVs
digitais a cabo.
A figura 1 evidencia esse fato, mostrando uma expectativa de que, ao redor de 2015 se tenha uma
demanda por usuário ao redor dos 30 Megabits/seg de banda.
1000
Necessidade domiciliar de dados Mbps
Além de todos os avanços elencados acima, estamos na véspera de uma revolução sem
precedentes no setor de energia: a introdução do SMARTGRID ou Rede Inteligente na rede de
transmissão e distribuição de energia elétrica.
Tal movimento vem sendo comparado com a revolução causada pela digitalização das redes de
telefonia ocorrida há alguns anos, e que implicou em toda a revolução vivida no setor.
3 O desafio
Toda essa demanda, no entanto, é desafiadora para os formuladores de políticas públicas capazes
de posicionar um determinado Estado em condições de se valer dessa demanda como fator
diferenciador para o progresso e bem estar social de sua população.
Um ponto significativo a ser registrado é que as tecnologias hoje implantadas, como os pares de
cobre e o acesso sem fio, não sinalizam a viabilidade de crescimento para atendimento a essa
demanda ao redor dos 30 Mbps. Percebe-se que tanto as redes móveis quanto as fixas já
apresentam sinais de esgotamento de suas capacidades, com problemas para a oferta de um
serviço adequado a essa demanda por banda de alta performance (projeto BEL).
A conclusão quase unânime é de que será necessário investir em redes óticas, de forma a que os
limites impostos pelas tecnologias por cobre e sem fio possam ser ultrapassados, permitindo a
oferta praticamente ilimitada de banda aos usuários finais, em seus negócios e residências.
Nesta direção, investimentos significativos necessitam ser realizados pelas empresas prestadoras
de serviços de telecomunicações para disponibilizar uma rede ótica. E isso precisa ser feito com
urgência sob pena de se perder uma janela de oportunidade para o desenvolvimento do país.
O Paraná possui diferenciais competitivos para buscar a liderança brasileira nesta era dos
conteúdos.
Formado por uma forte e crescente classe média, com nível de educação acima da média
nacional, o Paraná possui condições de se posicionar neste novo contexto forma diferenciada e
desruptiva. Pode-se dizer, sem ser exaustivo, que o Paraná possui:
• Capital Humano para sustentação de um projeto inovador, com mão de obra nos mais
variados níveis, capaz de dar sustentação a implementação de uma inovação tecnológica.
Além disso, o Paraná possui uma forte infraestrutura já implantada, em fibra ótica, disponibilizada
pela COPEL Telecomunicações, que já tem capilaridade significativa para acesso aos clientes
finais, diminuindo o esforço e capital necessário para o atendimento às demandas desse novo
momento. Diferentemente de outros estados essa infraestrutura é detida por uma empresa sob
controle do estado, podendo ser utilizada com maior facilidade para alavancar o desenvolvimento
social e econômico da estado. Em síntese, o Paraná possui:
Desta forma, há potencial para que o Paraná desenvolva uma política pública direcionada para a
atração de investimentos para o Estado, de forma a que venha a tornar-se um polo de
desenvolvimento de conteúdos e de aplicações, nesta nova era que se descortina.
Para tanto ações de governo podem e devem ser desenvolvidas na direção de:
• Atrair os principais players de conteúdos de banda larga interativa e com alta definição.
A figura 2 procura sintetizar essa visão de futuro, integrando algumas frentes a serem
desenvolvidas.
• Know-how em aplicações
Polo de • Mercado de testes
Conhecimento • Atração de empresas de
conteúdo
Essa visão inovadora é um projeto desafiador, que envolve a ação coordenada de diferentes
unidades do Governo, na administração direta e indireta, de forma a acelerar a implantação do
projeto, em prazos compatíveis com as expectativas da sociedade.
É fundamental que se perceba que esse tipo de iniciativa, em vários países do mundo, teve forte
envolvimento e liderança dos governos, de forma a gerar a massa critica necessária a romper o
ciclo de viabilização econômica da implementação das fibras óticas necessárias ao crescimento da
demanda e barateamento dos custos para o usuário final.
Neste cenário o governo passa a ser o líder da mudança, promovendo a cultura digital,
estabelecendo um ambiente criativo, sustentado em apoio institucional, que estimule a produção
de conteúdo local capaz de girar essa engrenagem, especialmente apoiado nas aplicações de e-
government, utilizando para tanto as sinergias de suas diferentes unidades governamentais da
administração direta e indireta.
VISÃO
A implementação de uma Banda Extra Larga, de alta performance, como a proposta pelo projeto
BEL é inédita no Brasil e necessita de ferramentas que permitam uma parceria entre vários atores,
necessários para o desenvolvimento e implementação de um modelo desafiador, visando criar um
ambiente inovador e criativo para o debate de soluções que permitam ao Paraná alcançar o
objetivo de tornar-se, na próxima década, o principal polo de conteúdos para redes de alta
performance no Brasil.
Neste sentido, o uso de recursos oriundos das mais diversas fontes como a academia e o
mercado, mesclados com a proximidade aos especialistas da COPEL e da COPEL
Telecomunicações tende a criar esse ambiente propício ao desenvolvimento de novas ideias e
conceitos, de forma a alavancar os negócios e o desenvolvimento do Estado do Paraná como
celeiro dessa inovação.
Para que um projeto inovador como o proposto no projeto BEL possa ser alavancado mais
rapidamente, é importante que características de empreendedorismo sejam associadas às
iniciativas do corpo de empregados, de forma a trazer ideias inovadoras e desruptivas para o
projeto, descompromissadas com o status quo e capazes de motivar e trazer visões novas para os
demais envolvidos.
O Projeto BEL-i9 vem, então, tem potencial para suprir essa lacuna com um grupo de profissionais
oriundos da comunidade acadêmica e do mercado, capazes de, em conjunto com a equipe da
COPEL Telecomunicações, compor uma equipe com visões complementares, capaz de dar ao
projeto BEL a velocidade e capacidade de inovar que tal desafio necessita.
Novamente, como uma colaboração inicial para a discussão da estrutura do projeto BEL-i9 sugere-
se uma estrutura de coordenação dos trabalhos em forma de Conselho, que serviria de balizador
para o encaminhamento dos trabalhos dos diferentes grupos do projeto BEL-i9.
Este Conselho, cuja composição deve ser melhor detalhada, poderia ser composto de um grupo
multidisciplinar, composto de representantes dos diversos órgão envolvidos na condução do
projeto de transformação do Paraná em polo de conteúdos, com representantes da COPEL,
COPEL Telecomunicações, Governo do Estado, Sercomtel, Celepar e outros órgãos com potencial
para alavancar e acelerar a implementação do projeto.
Professor orientador
n
Aluno M N
6 Conclusão
O projeto BEL-i9 tem grande potencial para ser o alavancador do Paraná como polo de excelência
em conteúdos digitais, levando o Estado a liderar um momento de ruptura tecnológica,
posicionando-se à frente de um patamar de desenvolvimento, com total inserção na economia da
era do conhecimento.
Atrair capitais para o Estado, estimulando o aparecimento de demandas de e-gov que possam
modernizar a administração pública e, especialmente, servir de catalisadores para implementação
deste projeto é também um importante ponto a ser endereçado, de forma a colocar o governo,
tanto na administração direta como indireta, engajado em um processo maior de desenvolvimento
econômico e posicionamento estratégico do Estado.
7 Referências
[1] FCC BROADBAND FORUM, http://www.broadband.org; Acesso em 24/11/2009
[3] BANCO MUNDIAL . Information and Communications for Development, Relatório, 2009.
[4] INFODEV, What role should governments play in broadband development?, Setembro, 2009
Paulo Sertek
1 Introdução
Os sistemas atuais de informação e comunicação têm promovido a interação maior e mais rápida
para a satisfação das necessidades das pessoas. A Internet tem possibilitado as interações diretas
dos clientes com as empresas e entre pessoas que participam de grupos de interesse. As
interações, provenientes destes novos ambientes emergentes, são eficazes, para o estímulo da
participação dos stakeholders, no processo de criação de valor ou de utilidade, para todas as
partes interessadas.
A criação de valor transcende o âmbito interno das organizações, porquanto os interessados têm
uma maior capacidade de participação no processo de criação de valor, quer por estarem mais
bem conectados com outros serviços concorrentes ou substitutos, ou ainda, porque as suas
2
experiências são valiosas para impulsionar a inovação de valor .
O conceito de co-criação foi desenvolvido por Prahalad e Ramanswamy [1], em sintonia com as
experiências emergentes em ambientes virtuais de inovação empreendedora. Nesta abordagem
1
Paulo Sertek é formado em Engenharia Mecânica (Mauá, S. Caetano Sul, SP), com Mestrado em Tecnologia e
Desenvolvimento (CEFET-PR) e Doutorado em Educação (UFPR). Possui 4 livros publicados (IBPEX) sobre Gestão de
Empreendimentos (2003); Responsabilidade Social e Competência Interpessoal (2006); Empreendedorismo (2007); e
Administração e Planejamento Estratégico (2009). Autor de cerca de 15 artigos e apresentações em paineis. É professor de
cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de administração e pedagogia da FAESP, CAPPEX - Faculdade Anchieta de
Ensino Superior do Paraná. Faculdades Modelo –Pedagogia e Administração e no Centro de Pesquisa e Extensão do Instituto
Modelo e Cursos à distância da Facinter e Fatecinternacional nos cursos de Logística, Gestão de Produção Industrial e na
especialização Uninter: MBS Executive Secretaries em Gestão de Projetos e Protagonismo Secretarial. Professor dos Cursos
de Gestão de Empresas e Desenvolvimento Pessoal e Familiar do Instituto de Ensino e Fomento-IEF e. Prof. de Ética nas
Organizações em Cursos de Especialização na CEMPPEX, CAPPEX, e FACINTER. Também é Consultor da Bellatrix Gestão
em Planejamento e Marketing.
2
Emprega-se o conceito de Inovação de Valor de Kim e Mauborgne (2005).
É oportuno considerar, de acordo com Ramaswamy [5], que a lógica tradicional incorporada aos
negócios é induzida pela própria palavra marketing que está associada às trocas de mercadorias.
Esta maneira de ver a atividade empresarial leva a que a empresa desenvolva a sua atividade de
forma autônoma, ouvindo o cliente; no entanto, a co-criação não faz parte da estratégia. As
empresas desenvolvem produtos, serviços, processos, logística e outras ações com pouca ou
quase nenhuma participação do consumidor. “Os consumidores somente são envolvidos na
comercialização. As empresas agregam os consumidores dentro de “segmentos significativos”
para o caso de troca. Este conceito está sendo desafiado pela emergência de consumidores
conectados, informados, ativos e empoderados” [5].
Todos os conhecimentos adquiridos pelos clientes, além dos conhecimentos expressos, que
assimilaram e como estes interagem com as suas experiências vitais, são capazes de
transformarem-se em experiências e interações para soluções surpreendentes de problemas [6].
Para este processo de interação dos conhecimentos tácitos e explícitos pode-se aplicar os
conceitos de socialização, explicitação, combinação e internalização, desenvolvidos por Nonaka e
Takeushi [2]. O mesmo ocorre nas interações produzidas nas comunidades de prática, no seu
processo de construção e de maturação durante a sua vida [7]. A criação do conhecimento e a
inovação é potencializada pelos comportamentos solidários que se desenvolvem pelas motivações
de caráter colaborativo [8].
As interações, por meio de trocas de experiências, no ambiente projetado para dar suporte aos
eventos interativos, propiciam o ciclo de conversão e interação de conhecimentos [2]. Como
exemplo Ramaswamy [4] indica a experiência da Sumerset, empresa de barcos-casa que opera
com o conceito de co-criação:
Os indivíduos devem ser capazes de co-construir um valor único para eles mesmos,
por meio da comunidade-rede de interação, que facilita o resultado da experiência
contextualizada através do diálogo, o acesso, a gestão de risco e da transparência (ou
DART para abreviar) [4].
O processo DART também é exposto por Ramasnawamy [10], na descrição do estudo de caso
sobre a Nike, e pode-se verificar a sua replicabilidade para outras situações similares visando a
potencialização da co-criação. O Diálogo possibilita o compartilhamento das informações e uma
compreensão adequada das questões colocadas. Permite aos que participem do ambiente gerar
contribuições únicas e visões ampliadas ou inovadoras sobre uma determinada prática, situação,
trabalho ou produto. Não importa qual seja o conteúdo propositivo, pode ser tangível ou intangível.
Quanto ao Acesso, permite que os indivíduos tenham as ferramentas e os instrumentos
adequados para construir a sua própria experiência e comunicá-la adequadamente. A gestão do
Risco refere-se ao conhecimento do potencial de risco do produto, isto é: “A gestão de riscos
assume que se os consumidores tornarem co-criadores de valor, eles demandarão mais
informação sobre o potencial de risco de produtos e serviços; mas eles também devem arcar com
maior responsabilidade para lidar com estes riscos” [5]. A Transparência é necessária para que o
processo de interação ocorra efetivamente como uma busca intencional de co-criação.
A co-criação permite a inovação de valor, tal como preconizam Kim e Mauborgne [3] e a nova
curva de valor emerge da intersecção entre dois âmbitos: o da co-criação e o da experiência tal
como se visualiza na figura 3.
Co-criação
Inovação de
valor
Experiência
A figura 4 ilustra os dois movimentos, o da diminuição dos custos e do valor para o consumidor.
De acordo com Gutiérrez (2009) há uma evolução do conceito de co-criação quanto o tipo de
aprendizagem que propicia o ambiente de troca de experiências, a saber:
• Segunda geração: aplicação da metodologia DART de modo que o valor não seja criado
dentro da empresa, mas na relação com o indivíduo.
Com relação às práticas de terceira geração de aprendizagem estão as comunidades virtuais que
surgem espontaneamente por interesse comuns. Emergem das trocas de experiências nestes
grupos informações valiosas sobre produtos, serviços, lugares turísticos e modos sobre como
assimilar ou dar andamento a determinados tratamentos médicos, entre tantos exemplos que se
poderiam citar.
5 Aplicações
5.1 Nike
A Nike durante a copa do mundo de 2006 desenvolveu um site interativo, o joga.com, e convidou
os que se interessassem a assistir os melhores lances dos jogos, a fazer upload de vídeos e
outras iniciativas. Mais de um milhão de fãs, do mundo inteiro, participaram desta iniciativa,
reforçando assim a marca da Nike. De qualquer forma a iniciativa não se restringiu ao enfoque
puramente de marketing:
A Nike comprometeu-se com competições futebolísticas, criou um web site que
conectou os jogadores de futebol profissional com seus fãs, e também se comprometeu
com programas convencionais marketing pela Internet. Um vídeo de Ronaldinho foi
“baixado” mais de 32 milhões de vezes. Além do mais, no website “Nike ID” a empresa
convidou vinte fornecedores de tênis para competir no projeto de um novo tênis pra a
Nike. A empresa estruturou a competição como se fosse um reality show
e então perguntou à Comunidade da Nike via Internet sobre o melhor design. Além
desses designs e do novo projeto da Nike para a temporada, os fãs podiam ir ao site
Nike ID personalizar seus próprios tênis em vários estilos e cores, e pondo as
bandeiras dos países que queriam em seus tênis. A Nike forneceu as ferramentas de
software para os times locais e para as ligas profissionais, para codesenhar e
personalizar o tênis de futebol [10],
5.2 Medtronic
A Medtronic foi a empresa que desenvolveu o marca-passo e tem como missão institucional
promover a qualidade de vida e a longevidade dos que usam os seus produtos. Para contextualizar
a questão imagine um paciente, com problemas cardíacos, que implantou um marca-passo, e
tivesse a possibilidade de monitorar à distancia o seu ritmo cárdico, e pudesse interagir on-line
com seus médicos para saber como deveria proceder nas possíveis intercorrências de saúde. O
seu conforto psicológico aumentaria pelo fato de se permitir o monitoramento on-line e a interação
com seu médico e, se fosse o caso, com algum outro médico que tivesse que intervir em caso de
urgência. Pode-se pensar também noutro cenário, como o caso de viagem do paciente, tornando a
questão mais complexa. O paciente, para ser bem orientado, teria que saber dos hospitais mais
próximos e os médicos teriam que ter acesso a seu histórico clínico. Como instrumento de co-
criação Ramaswamy [4] exemplifica que:
(A Medtronic) desenvolveu um sistema de visitas em “consultório virtual” que permitiu
aos médicos a verificação pela Internet do estado dos pacientes que têm implantados
aparelhos. Os dados são obtidos por antena são “baixados” pelo monitor e transmitidos
por linha de telefone padrão para a Medtronic CareLink Network. Num website
dedicado e seguro, os médicos podem rever os dados do paciente e estes podem
verificar sobre as suas condições – e ninguém mais- e dispõem de acesso os familiares
e responsáveis pelos pacientes [4].
Este sistema de monitoração e conexão dos vários atores permitiu a co-criação de valor centrada
na experiência vital do paciente. A “interação com o médico, com a família, e com a empresa, em
uma situação de atendimento fora da cidade, afeta totalmente a qualidade da experiência do
paciente” [4]. A criação do ambiente de interação de experiências, neste caso sobre como lidar
com a doença, propiciaram avanços em satisfação das necessidades e melhores resultados para
todas as partes.
6 Conclusão
O processo de co-criação permite uma inesgotável fonte de interações para a criação de valor de
1ª, 2ª ou 3ª geração. Além das comunidades externas à empresa, todos os setores internos podem
participar do plano de interação, como os departamentos de pesquisa e desenvolvimento, de
desenvolvimento de produtos e serviços, de marketing e comunicação, de suporte ao consumidor,
de manufatura, de tecnologia de informação e de recursos humanos. Também se pode estender o
ambiente de experiência para os integrantes da empresa em questões tais como: avaliação de
desempenho, recrutamento e seleção, benefícios, treinamento e desenvolvimento, gestão de
desempenho e gestão de talentos. As aplicações são inúmeras e a literatura sobre o tema começa
a apresentar os resultados das aplicações em diversos campos de negócio e atividades formativas
A co-criação permite compreender que, além da forma tradicional de geração de valor para os
clientes, somente centrada na cadeia de valor interna da organização, há outra forma, que conta
com a colaboração criativa e empreendedora dos clientes e outros grupos de interesse. A co-
criação é um fenômeno exigido pelo comportamento dos indivíduos que atualmente têm maior
acesso às informações e é potenciado pelas tecnologias e redes de informação, sendo, portanto,
adequada ao ambiente da incubadora BEL-i9.
7 Referências
[1] PRAHALAD, C. K.; RAMASWAMY, Venkat. O Futuro da Competição: como desenvolver diferenciais
inovadores em parceria com os clientes. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 253.
[2] NONAKA, Ikuhiro , TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
[3] KIM, W. CHAN, MAUBORGNE, RENEE, A Estratégia do Oceano Azul. Ed. Rio de Janeiro Campus.
2005.
[4] RAMASWAMY, Venkat. Co-creating Experiences of Value with Customers. SETLabs Briefigs, Vol 5 N.
4 oct-dec. 2007, p. 54 e 58.
[5] RAMASWAMY, Venkat. Co-creating Experiences with Customers: New Paradigm of Value
Creation.The TMC Journal of Management. Julho 2005 obtido no sítio
<http://www.eccvenkat.com/1._Experience_Co-Creation__-_VR.pdf> em 1.12.2009, p. 7 e 10.
[6] MARINA, Jose .Antonio. Teoria de la inteligencia creadora. 2. ed. Barcelona: Ed. Anagrama, 2001.
[7] SERTEK, Paulo e ASINELI-LUZ, Araci, Comunidade de prática de pesquisa em educação: abordagem
para a formação de professores. In: Anped Sul Curitiba. 2006.
[8] SERTEK, Paulo e REIS, Dalcio. Gestão de Mudanças e Comportamento Ético. Revista Inteligência
Empresarial, Rio de janeiro, v. 07/02, n. 12, p. 39-47, 2002.
[9] PRAHALAD, C. K.; RAMASWAMY, Venkat. The New Frontier of Experience Innovation. MITSloam
Management Review. Summer 2003, VOL, 44 No 4, p.14.
[10] RAMASWAMY, Venkat. Co-creating value through customers’ experiences: the Nike case.
STRATEGY & LEADERSHIP, Vol 38, pp 9-14, 2008, p.10.
[11] GUTIERREZ,Carlos. Gerencia del Servicio, Universidad de La Sabana, Apresentación del Curso de
Gerencia de Servicio. 2009. Obtido no sítio
<http://sabanet.unisabana.edu.co/postgrados/gerencia_comercial/merc_comexterior/Ciclo_III/gs_nia
mpira/UNISABANA%20EGC%20GERENCIA%20DEL%20SERVICIO%2015102008%2003.pdf>Cons
ulta em 1.12.2009.
1 Introdução
Para tanto será apresentado um breve resumo sobre a instituição e a sugestão das atividades a
serem desempenhadas.
No começo da década de 90, um grupo de empresários e instituições percebeu que junto com a
sociedade da informação surgiam no mercado de TI novas potencialidades. Ao se organizarem,
encontraram apoio em empresas privadas, instituições acadêmicas e órgãos governamentais. Hoje
são mais de 30 associados. Este modelo de atuação está alinhado com a Política de Inovação do
Governo Federal que objetiva uma maior cooperação entre os segmentos.
1
Marilda Medeiros Packer é formada em Administração de Empresas pela FAFI e Especialização em Finanças pela FAE.
Mestranda em Engenharia de Produção pela UFSC com ênfase em Controladoria. Atualmente é Coordenadora Executiva de
Operações do Centro Internacional de Tecnologia de Software. Tem mais de 10 anos de experiência em direção de empresas,
atuando nas áreas de Gestão, Finanças, Processos Organizacionais e Gestão de Projetos Complexos.
2
Felipe Grando Sória possui Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas e Graduação em Engenharia de Computação
pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Atualmente é Assessor de Processos Organizacionais e Estratégia da
Coordenadoria Executiva do Centro Internacional de Tecnologia de Software. Tem experiência na área de Ciência da
Computação, com ênfase em Engenharia de Software, atuando principalmente nos seguintes temas: Implantação do CMMI e
MPS.BR, Modelos de qualidade, Tecnologia da informação, Gestão de Projetos Estratégicos, Processos e Estratégia
Organizacional.
3 Serviços
O CITS desenvolveu um processo de trabalho próprio com base em sua sólida experiência de
projetos. Esse diferencial permite total controle das fases, sendo que dessa forma as necessidades
do cliente são atendidas com exatidão pelos nossos projetos.
São mais de 400 projetos, a grande maioria fomentada pela Lei de Informática, nas áreas de:
Saúde, Firmware, Aeronáutica, Previdência, Gestão de Projetos e Gestão Pública. No seu portfólio
de clientes encontram-se nomes como Bematech, Furukawa, HP – Hewlett-Packard, Positivo
Informática, Siemens Enterprise, Nokia, Intelbras, Landis+Gyr, Nokia Siemens, entre outros.
No setor de Gestão Pública pode-se destacar projetos de grande complexidade e tamanho, como
é o caso dos seguintes:
• GPrev: projeto que durou quase três anos e envolveu o desenvolvimento do sistema de
controle e gestão previdenciário do Estado do Paraná, com participação de mais de 100
profissionais do CITS dedicados a desenvolver tal solução para a Paraná Previdência e
100% gerenciado pela equipe do CITS.
4 Prêmios
CMMI Nível 3 – Fornecida pelo SEI (Software Engineering Institute – EUA) em 2009;
A expertise em gestão de projeto que o CITS possui é atestada por manter, na equipe, Gerente de
Projetos com certificação PMI, CMMI e MPS.BR.
Mais de 80% dos colaboradores CITS têm curso superior, sendo que 30% são pós-graduados;
6 Descrição do escopo
Para descrever o escopo das atividades que pretende-se desenvolver, foram extraídas duas frases
do livro do projeto BEL [1] que sintetizam, na visão do CITS, a essência do projeto BEL-i9:
“BEL – propiciar uma nova experiência para os seus clientes, onde eles passem a perceber valor
nas aplicações que venham a consumir...” (Aloivo Guerra Jr. e Márcio Miguel).
Para tanto, sugerem-se algumas atividades/produtos que deverão ser gerados durante o
planejamento e monitoramento do projeto:
Além das atividades de preparação e planejamento, o CITS se propõe ser responsável ainda pelas
atividades de:
Tais atividades são propostas para a participação ativa do CITS no gerenciamento do projeto BEL-
i9. Lembrando sempre que estas deverão ser refinadas e discutidas com a comissão do projeto,
liderada pela COPEL Telecomunicações.
7 Referência
[1] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.
1 Introdução
Tem por objetivo selecionar projetos que visem contribuir significativamente para o
desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do Estado do Paraná, dotando jovens
empreendedores de condições de transformar ideias inovadoras em produtos para a rápida
absorção pela indústria, pelo comércio e pela própria COPEL. Tais propostas seriam consideradas
aptas a receber apoios financeiros, técnicos, jurídicos e administrativos, por um período
determinado, de forma a estabelecer uma consciência empresarial e simplificar as cargas
administrativas associadas à criação de novos negócios.
1
Yára Christina Eisenbach é graduada pela Faculdade de Direito da PUCPR, tendo realizado estágio em Direito Penal na
Université de Paris – Sorbonne, pós-graduada em Administração de Empresas pela FAE-PR com ênfase em Planejamento
Empresarial, especialização em Licitações e Contratos Administrativos pela CELC-SP e especialização em Procurement pelo
Banco Mundial. Foi consultora de licitações na Coordenadoria de Análise de Licitações da Secretaria Especial de Ouvidoria
Geral do Estado do Paraná. Consultora do Banco Mundial para projetos na América Latina e Caribe. Consultora do Banco
Mundial para o Projeto de Saneamento da Bolívia. Consultora Jurídica para projetos em desenvolvimento e execução no
Estado do Paraná, com financiamentos externos - Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e Japan Bank for International Cooperation –JBIC. Consultora do Banco Mundial -
BIRD para o Programa de Treinamento e Disseminação de Procedimentos Licitatórios. Consultora do Projeto PRODESAM –
Governo do Espírito Santo, nas áreas de planejamento, gestão e procurement. Consultora na área de Captação de Recursos
Externos de Ministérios e de Estados Brasileiros, para projetos governamentais, junto a organismos de crédito internacionais.
Consultora de Agências Internacionais da ONU, tais como: UNESCO, PNUD e IICA. Coordenadora Geral do Centro de
Coordenação de Programas do Governo do Estado do Paraná – 1995/2002. Secretária de Estado do Planejamento e
Coordenação Geral – Governo do Estado do Paraná. Presidente da URBS – Urbanização de Curitiba S.A. – Prefeitura
Municipal de Curitiba. Diretora Regional da Associação Nacional de Transporte Público e Trânsito – ANTP. Na COPEL, já
exerceu diferentes cargos gerenciais, onde atualmente ocupa a posição de Analista Consultor, com lotação na Ouvidoria da
empresa.
Nesta mesma direção, programas instituídos pelo Governo Federal do Brasil canalizam seus
apoios, inclusive financeiros, através de bancos oficiais, para universitários recém formados. Neste
caso, o fraco desempenho desses programas pode ser creditado a três motivos principais: (i) o
inexpressivo limite máximo de recursos estipulado pelos programas para apoio financeiro ao recém
formado; (ii) a falta de acompanhamento técnico na aplicação dos recursos; e, (iii) a ausência de
parcerias com a academia, com a indústria e com a iniciativa privada.
Outras iniciativas ainda surgiram de forma esparsa em estados brasileiros, em cooperação com
entidades de ensino superior, e mesmo assim nenhuma delas pôde ser considerada como modelar
para que fosse replicada de forma exitosa. Tratam-se de programas de geração do auto-emprego
e de outros que consistiam em introduzir na grade curricular de determinada universidade a
disciplina de gestão de novos empreendimentos. Desta vez, pode-se creditar a baixa performance
a dois aspectos fundamentais: (i) a ausência de recursos financeiros para o apoio às iniciativas; e,
(ii) a dissociação do projeto das necessidades da indústria.
O Projeto BEL-i9 já nasce vencedor, quando vinculado a “grife” COPEL, marca consolidada e
conceituada mesmo fora dos limites político-administrativos do Estado do Paraná. Ademais disso
está concebido atrelando parcerias com as mais renomadas instituições de ensino superior por um
lado e, por outro, com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP.
Bem por isso, as futuras incubadas do Projeto BEL-i9 abrigarão propostas viáveis, com
possibilidades de rápida absorção pelas indústrias parceiras e em especial pela COPEL. Outro
aspecto que importa destacar é que a recuperação dos investimentos iniciais se dará pela
participação da COPEL Telecomunicações nos novos negócios apoiados. Sob o ponto de vista dos
organismos internacionais de crédito e das demais entidades financiadoras de projetos é um dos
principais aspectos no que diz respeito ao cálculo da taxa interna de retorno dos investimentos.
Pode-se afirmar que no mercado internacional recursos financeiros existem em abundância, com
prazos de carência adequados, prazos de amortização alongados e custos financeiros atrativos, o
que se registra é a falta de bons projetos a serem apoiados, a exemplo do BEL-i9.
2 Referências
[1] FRISCHTAK, Claudio R. - Emprego e pequena empresa. In: VELLOSO, João P. dos Reis. O Real e o
futuro da economia. São Paulo: José Olympio, 1995. 234-46p.
[3] EVANS, David S., LEIGHTON, Linda. Some empirical aspects of entrepreneurship. The American
Economic Review, v. 79, n. 3, p. 519-35, 1989.
Consultoria FOCUS
paulo.luccas@consultoriafocus.com.br
1 Introdução
Desde que o homem decidiu deixar o fundo de uma caverna onde habitava de costas para o
mundo e para a verdade, tomou consciência de que havia algo além das sombras projetadas por
um raio de luz. Percebeu que também ele tinha luz própria e podia empreender, criar e inovar. Sua
curiosidade – base de toda ciência – o levou a vencer o medo, a superar a limitação do ambiente,
a transformar com disposição racional o mundo em que habitava.
O racionalismo socrático, que foi um marco na história da humanidade, inspirou o homem a livrar-
se do condicionamento dos mitos e limitações que ele próprio se impunha. A história evoluiu, a
ciência progrediu, a natureza foi submetida, mas os condicionamentos ainda continuam
aprisionando o homem em seu ambiente de trabalho.
A inovação tecnológica é uma fronteira que não pode ser desprezada por qualquer empresa que
pretenda manter-se viva no mercado. Mas seria um equívoco imaginar que bastam os
investimentos em capitais físicos e tecnológicos para alcançar tal avanço. “Empresas de base
tecnológica podem perder rapidamente a sua competitividade se priorizarem os seus aspectos
1
Paulo Roberto Luccas é Economista (UFPR), com Pós-graduação em Estratégia Econômica de Empresas (FAE/CDE); Pós-
graduação em Desenvolvimento Humano e Familiar (Universidad de La Sabana, Colômbia). Foi Gerente da Caixa Econômica
Federal por 15 anos; Consultor e Superintendente do Instituto de Ensino e Fomento-IEF por 5 anos. Atualmente é Consultor e
Diretor da Focus Consulting, atividade que exerce há 5 anos.
A gestão da incubadora BEL-i9 com base na visão antropológica da formação do ser 111
técnicos e operacionais, em detrimento da geração de novos negócios que as inovações
tecnológicas permitem” [1].
A geração de novos negócios a que se refere Henderson, obviamente não pode limitar-se a um
departamento ou grupo de pessoas de uma empresa, devendo ser uma característica fundamental
que domina a mentalidade empreendedora de toda a organização. Não é possível criar e inovar
sem a disposição e a competência de empreender. O grande desafio que se apresenta com o
projeto BEL-i9, portanto, não é a produção de novas tecnologias, mas a geração de uma cultura
empreendedora da inovação.
A capacidade de empreender e inovar deve estar presente em cada elo da incubadora proposta,
permeando cada processo, cada atividade, cada decisão. Isto só será possível mediante a adesão
e disposição de cada profissional que dela participar, em abrir-se ao novo sem perder os princípios
que regem a conduta da pessoa e da própria organização. A inovação tecnológica se conquista na
margem, mas se sustenta no fundamento. Se um princípio for negociado por razão de
conveniência, todo o processo será comprometido pela quebra da confiança, e o resultado pode
ser desastroso. Se estes fatores de equilíbrio forem conjugados em harmonia, criar-se-á uma
cultura de identidade que influenciará tanto os processos produtivos e seus resultados como as
relações inter-pessoais dentro e fora da nova empresa, assegurando a ela um contexto de sintonia
com o entorno onde atuará.
3 O investimento na pessoa
O fator humano é o único que cria valor e sustenta princípios. No entanto, o próprio homem parece
desconhecer esta sua importância no processo produtivo. Condicionado por séculos de um
mecanicismo opressor, acostumou-se a executar tarefas, a transferir responsabilidades, a esperar
que lhe digam o que fazer. O profissional moderno precisa ser resgatado naquilo que é a essência
do trabalho, uma atividade que por excelência atualiza as potências que realizam o ser. Esta
primeira década do século XXI reúne condições raras de emancipação da atividade laboral e da
própria condição humana; no entanto, este esforço será infrutífero se solitário, sendo preciso um
esforço coletivo para que o bem seja comum.
O desafio empreendedor inovador é caracterizado pela possibilidade de escolha e não pode ser
imposto como norma pela incubadora. E como afirma Drucker, as pessoas estão totalmente
despreparadas para esta possibilidade de escolha. A busca pela liberdade é uma aspiração antiga
do homem, está na sua gênese, mas princípios utilitaristas atrofiaram essa disposição de
A visão imediatista de curto prazo é, na verdade, o grande equívoco que se comete com a
educação de uma forma geral. Por se tratar de um bem de investimento intangível e de longo
prazo, a educação costuma ser preterida aos objetivos tangíveis de curto prazo. Se a pretensão
para a nova empresa é empreender e inovar de forma sustentável, cabe a ela pensar em novas
formas de investimento que lhe permitam construir uma cultura de identidade, mantendo-se firme
na rota das diretrizes traçadas.
Estes aspectos devem estar orientados mais pela oportunidade de desenvolvimento pessoal do
que pela ameaça ou exigência do mercado. Esta orientação positiva é de responsabilidade do
gestor, que além das funções gerenciais de praxe deve cada vez mais assumir sua missão de
A gestão da incubadora BEL-i9 com base na visão antropológica da formação do ser 113
liderança servidora, tendo como maior competência sua atitude educadora. Cabe ao gestor dar o
sentido ao trabalho vinculando o esforço produtivo ao conceito da obra bem feita: A obra bem feita
resume em si mesma as possibilidades de encontrar efetivamente a alegria no trabalho [3]. Só
pode oferecer alegria o trabalho que enseja algo de si, que transforma o sujeito além do objeto.
Sem este componente de transformação pessoal, o trabalho é executor e escravizante.
Como a pessoa é uma realidade aberta para o que a rodeia e, conseqüentemente, qualquer
elemento pessoal tem uma relação com o ambiente, o próprio trabalho é uma atividade que
poderíamos chamar de exteriorizante, isto é, que exige a projeção do sujeito em direção ao mundo
exterior [4]. Esta atitude de abertura ao outro encontra no trabalho a atividade por excelência de
atualização das competências já presentes na pessoa e que precisam ser desenvolvidas. Mais que
um castigo, portanto, o trabalho é uma atividade libertadora que faz crescer o homem
aproximando-o do seu fim último, desempenhando assim um caráter de missão.
Não pode ser utopia pensar em alegria no trabalho, porque não cria nem inova quem executa uma
tarefa com a ânsia de livrar-se do que faz. Se a empresa incubada deve ir além dos processos e
dos produtos, também o seu profissional deve ir além de cumprir metas e executar tarefas. Esta é
a verdadeira inovação que pede o mercado: o trabalho bem feito, a obra bem acabada, o serviço
prestativo que vai além das expectativas, o relacionamento integrador. Todos estes aspectos
correspondem a um mesmo indicador de qualidade: a alegria do que se faz e de como se faz
tendo em conta para quem se faz. O trabalho é algo que se faz dirigido a alguém, e é este alguém
que dá sentido ao que se faz.
É também papel do gestor em seu esforço educativo provocar os que dele dependem, gerar crises
controladas para que o profissional possa administrá-la antes de ter que sofrê-la por acomodação.
Segundo Perez Lopez, “Toda crise é sempre dolorosa, mas necessária para se evitar a
acomodação que pode ser fatal” [5]. Deixar as coisas como estão, ou pior ainda, beneficiar-se de
posições conquistadas é uma atitude mesquinha de curto prazo que prejudica tanto a empresa
como aqueles que dela dependem. O pior da crise não está no sacrifício que ela impõe, mas em
não tirar proveito destes sacrifícios para o crescimento daqueles que a suportam.
5 Determinação de união
Dois grandes fatos contribuíram para que este quadro não desembocasse no caos: a
determinação do povo japonês em reconstruir a nação, e a “mão estendida” pelos americanos
através do Plano Marshall. Uma força cultural que somada a outra conjuntural, proporcionaram as
condições para um verdadeiro fenômeno de reconstrução. A cultura milenar de auto-disciplina e
determinação foi fundamental para que o povo japonês pudesse usufruir dos benefícios da
transferência de crédito e de tecnologia proporcionados pelo Plano Marshall. Aos valores culturais
se somaram a disposição de vencer e de aproveitar a oportunidade que se oferecia. O resultado foi
além da recuperação econômica e da ocupação de espaço no mercado, sendo que uma nova
base tecnológica surgiu como fruto de uma produção enxuta em que o fator humano se mostrou
essencial.
A competição gerada nesta primeira década do século XXI em função da globalização, da abertura
de mercados, da socialização tecnológica, do desenvolvimento da logística e das
telecomunicações, expõem todas as empresas e profissionais a um desafio de rompimento com a
acomodação vivida no século XX. A previsibilidade do ambiente estável cedeu lugar ao dinamismo
da era das mudanças, onde a única regra é a própria mudança.
Já não cabem mais os modelos voltados “para dentro”, que baseados apenas na boa vontade e
tino comercial, mostram-se insuficientes diante da concorrência global. A regra é a do
profissionalismo, das parcerias e da corresponsabilidade, não só nas relações externas da
empresa como também nas relações internas. O cliente definitivamente entrou na empresa
exigindo novas soluções e criatividade no produto, nos processos e nas relações produtivas. O
cliente é exigente e se faz presente tanto numa nota fiscal como numa ordem de serviço.
Mas não basta a evolução e o esclarecimento dos conceitos para que eles surtam os efeitos
desejados da produtividade. É indispensável a coerência entre o discurso e a conduta na relação
entre dirigentes e empregados. É da observância desta conduta coerente que depende o
engajamento e a participação de todos os envolvidos no processo produtivo.
A gestão da incubadora BEL-i9 com base na visão antropológica da formação do ser 115
Estimulados pela necessidade de mudança e aplicação de melhores técnicas de gestão, os
dirigentes são chamados a propor a participação de todos os profissionais num processo onde
fique claro o compromisso com a missão, com os objetivos e com os valores da empresa. A
clareza desta comunicação e a fidelidade ao seu cumprimento são vitais para o comprometimento
dos envolvidos.
Outro fator importante num ambiente de oportunidades é o surgimento tanto de ideias como de
talentos naqueles que se dispõem ao aperfeiçoamento e engajamento a nova causa. É o reino da
motivação intrínseca, onde o profissional percebe o solo rico que se apresenta e se sente
estimulado a produzir mais e melhor pelo benefício de crescimento pessoal e da empresa.
Neste ambiente, a diversidade passa a ser considerada como bem inestimável a ser utilizado pela
equipe numa atitude de cooperação e complementaridade, própria de quem se importa com o bem
alheio. É o reino da motivação transcendente, onde o bem comum redunda em bem pessoal.
Falar como um igual, fazer-se presente, estabelecer o diálogo, discutir com a equipe o
planejamento e as ações, permitir e estimular o contraditório, não inibir a participação. São
algumas atitudes que provocam o empenho e a fidelidade gerando a disposição necessária para
as grandes mudanças. São todas necessárias aos incubados.
Na medida em que esta unidade é proposta e há um esforço por torná-la real e operativa, ou seja,
na medida em que o líder se posiciona, gera nos comandados o compromisso de posicionamento.
O jogo é aberto, as regras são claras, o compromisso é de todos e não há espaço para meias
entregas. Todos são chamados a dar o melhor de si porque sabem pelo que lutam e por quem
lutam.
A criação da motivação intrínseca e ainda mais a transcendente são essenciais para que os
profissionais se engajem no processo produtivo e desenvolvam suas competências e alcancem o
resultado. A criação deste ambiente propício e fecundo passa pela formação e esclarecimento dos
profissionais.
8 A formação humana
Este é o ambiente fértil de que precisa a boa semente da formação humana. Um ambiente honesto
e legítimo onde as partes são parceiras de um mesmo objetivo, a melhoria, o crescimento, a
realização. Mais que adestrar e treinar, estas iniciativas devem visar a educação e a formação.
Cabe aqui esclarecer a diferença que vai além de meros conceitos. Para Lorda [7], o homem é um
ser especial, é um ser livre, que muito menos condicionado pelos seus instintos precisa aprender
muitas coisas que os animais conhecem por instinto. É um ser que precisa ser educado para viver
como homem. Se há no homem conhecimentos que podem ser adestrados como o empunhar de
um martelo, há outros que devem ser instruídos como a forma de bater o martelo, e outros ainda
que devem ser educados, como o objeto em que se bate o martelo. Na formação há uma
conotação ética indispensável que dá a razão do agir e compromete a pessoa.
Dentro deste conceito, Corominas [8] distingue três partes na formação da pessoa: a matéria, a
inteligência e a vontade. Cada uma delas se desenvolve por processos diferentes, ainda que todos
interligados, pois formam um único ser indivisível que é a pessoa. A tendência natural da parte
material da pessoa é a satisfação dos sentidos, da inteligência é procurar a verdade, e da vontade
é fazer o bem. Educar uma pessoa é ensiná-la a fazer bom uso da liberdade e a ser responsável
pelos seus atos. Estes conceitos são explicitados no quadro abaixo:
O grande papel de quem tem a responsabilidade de formar, seja ele um pai ou um gestor, consiste
em ajudar as pessoas a formar a vontade, em educar.
A incubadora BEL-i9 deve investir em treinamento, e num conceito mais elevado em educação,
deve proporcionar múltiplos bens que vão além da produtividade e da qualificação, proporcionando
a busca da verdade e a oportunidade de se fazer o bem. Embora este bem possa não ser
percebido de forma imediata, já que a educação é um bem de investimento e não de consumo, é
com certeza um bem duradouro que tanto faz longevas as novas empresas incubadas como
contribui para o engrandecimento pessoal de seus gestores e funcionários.
A gestão da incubadora BEL-i9 com base na visão antropológica da formação do ser 117
Um grande risco em que incorre o homem é presumir-se formado, fazendo-se incapaz de
aprender. Como destaca Garcia Hoz [10], para aprender o homem deve fazer-se como criança: um
ser a caminho. Deve fazer-se também grato pela condição e oportunidade de trabalhar e de se
desenvolver.
Cabe aqui também mencionar a importância dos quatro pilares da educação destacados pela
UNESCO [11] como forma de um desenvolvimento integral: (i) Aprender a aprender; (ii) Aprender a
fazer; (iii) Aprender a conviver; (iv) A prender a ser.
Na empresa como na família e em toda a sociedade, o primeiro que se tem a fazer é reconhecer a
necessidade e o direito de aprender, algo que depende tanto da virtude da humildade como da
justiça. Num degrau acima tem-se que aprender a conviver, pois se o conhecimento já é
importante, quanto mais as pessoas.
Por fim deve-se ter em conta a importância do ser, a dignidade com que se reveste o homem em
sua diversidade e riqueza de talentos, que mediante as condições apropriadas pode bem cumprir a
sua missão.
9 Conclusão
Mais que a dialética, o momento propõe a ética, o justo contribuir para o bem próprio e do próximo.
Como salienta Covey [12] deve-se começar a perceber que se mudar a situação é algo desejado,
precisa-se primeiro cada um mudar a si mesmo. E, para mudar efetivamente o modo de ser,
precisa-se primeiro mudar a própria percepção.
A incubadora BEL-i9 deve ser uma aventura do ser. E só os corações generosos e magnânimos
são capazes desta aventura. Mais que a sustentabilidade das empresas incubadas, se faz urgente
a redescoberta do ser através de líderes que inspirem, que sejam modelos, homens comuns como
Guillaumet [13] que nada fizeram de espetacular senão assumir a responsabilidade pela própria
vida:
Se alguém falar a Guillaumet de sua coragem ele dará de ombros. Mas seria
traí-lo também celebrar sua modéstia. Ele está muito além dessa qualidade
medíocre. Se dá de ombros é por sabedoria. Sabe que uma vez no centro do
perigo os homens não se horrorizam mais. Só o desconhecido espanta os
homens. Sua verdadeira qualidade não é essa. Sua grandeza é a de sentir-se
responsável. Responsável por si, pelo seu avião, pelos companheiros que o
esperam. Ele tem nas mãos a tristeza ou a alegria desses companheiros.
Responsável pelo que se constrói de novo, lá, entre os vivos, construção de que
ele deve participar. Responsável um pouco pelo destino dos homens, na medida
10 Referências
[1] HENDERSON R. Material didático, MIT Sloan School of Management, 2005.
[3] GARCIA HOZ, V. Pedagogia visível: educação invisível -Ed. Nerman, São Paulo, p. 74-80
[4] GARCIA HOZ, V. Pedagogia visível: educação invisível -Ed. Nerman, São Paulo, p. 74-80
[6] ABRANTES, J. Programa 8S – A base da filosofia seis sigma. Rio de Janeiro, Ed. Interciência. 2001, p.
23.
[7] LORDA, J.L. Moral: a arte de viver. Ed. Quadrante, São Paulo, 2001. p. 13.
[8] COROMINAS, F. Educar hoje. Ed. Quadrante. São Paulo, 2005. p. 13.
[9] COROMINAS, F. Educar hoje. Ed. Quadrante. São Paulo, 2005. p. 16.
[10] GARCIA HOZ, V. Educar: uma difícil tarefa. Ed. Nerman. São Paulo, 1981. p. 9.
[11] UNESCO. Pronunciamento: "Os Quatro Pilares da Educação: O seu Papel no Desenvolvimento
Humano " - São Paulo, 2003.
http://www.brasilia.unesco.org/noticias/opiniao/index/index_2003/pilares_educacao
[12] COVEY, S. R. Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. Ed. Best Seller. São Paulo, 2001. p. 19.
[13] SAINT-EXUPERY, A. Terra dos Homens. 27. Ed. Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 1986. p. 38-44.
A gestão da incubadora BEL-i9 com base na visão antropológica da formação do ser 119
14
Conceitos para planejamento e gestão
dos novos empreendimentos incubados
no BEL-i9 e o papel dos stakeholders
1
Henrique Ricardo dos Santos
1 Introdução
Em todo novo empreendimento há uma série de atores que são necessários para que o risco seja
minimizado e para que as chances de sucesso do negócio sejam animadoras. O empreendedor
precisa de recursos financeiros para viabilizar seus protótipos, pilotos, estudos, pesquisas, ações
promocionais, contratação de gestores, etc. Estes recursos podem vir de várias fontes: FINEP
(subvenção econômica, juros subsidiados), BNDES, investidores particulares, fundos de
investimento, bancos, amigos e familiares, etc. Associações de classe como Federações de Indústria
e outras, podem desempenhar um papel importante ao disponibilizar ao empreendedor as
informações sobre todas as fontes de recursos disponíveis para os novos empreendimentos e
também serviços que agreguem valor ao novo negócio.
Além dos recursos financeiros, o empreendedor necessita de uma boa rede de parceiros na
academia. Universidades e centros de pesquisa têm um papel importante na geração de novas
tecnologias em potencial e na avaliação através de seus laboratórios e pesquisadores com alta
1
Henrique Ricardo dos Santos é Engenheiro Químico formado pela UFPR em 1989, com M.Sc. em Engenharia Quimica pela
Case Western Reserve University (Cleveland, OH, EUA), MBA em Estratégia e Finanças pela Weatherhead School of
Management (Cleveland, OH, EUA). Foi Engenheiro de Projetos na Keithley Instruments, Inc. de junho de 1994 a abril de 1999,
Engenheiro Senior na Microchemical Systems Inc. de maio de 1999 a janeiro de 2000 (Cleveland, OH, EUA), Gerente de
Projetos na CoreComm Ltd de janeiro de 2000 a junho de 2001 (Cleveland, OH, EUA), Diretor de Parcerias Industriais na
Cornell University de junho de 2001 a julho de 2003 (Ithaca, NY, EUA), Coordenador do Centro Internacional de Negócios do
Sistema FIEP de março de 2004 a fevereiro de 2006, Coordenador de Marketing Corporativo Sistema FIEP de fevereiro de
2006 a outubro de 2007, Diretor da Unindus - Universidade da Indústria (Sistema FIEP) desde outubro de 2007, sendo
atualmente Diretor de Contas Especiais do Sistema FIEP, desde outubro de 2009.
Conceitos para planejamento e gestão dos novos empreendimentos incubados no BEL-i9 e o papel dos stakeholders 121
capacidade de descobrir e inovar. Eles propiciam o suporte acadêmico laboratorial e conhecimento
para que o empreendedor tenha segurança na qualidade de seu produto.
Com recursos financeiros e parceiros acadêmicos, o empreendedor ainda corre riscos significativos,
pois, necessita de gestores profissionais. Na grande maioria dos casos, o empreendedor não detém
todas as competências necessárias para gerir ou fazer crescer um negócio. É por isso que gestores
experientes são necessários. Eles trazem a segurança de que o novo negócio será conduzido de
forma profissional e irão evitar erros estratégicos e táticos que possam comprometer a sobrevivência
do próprio negócio.
Neste ponto chega-se ao último ator desta rede: as incubadoras, como a BEL-i9, proposta pela
COPEL. Sejam elas de base tecnológica, de empresas tradicionais ou mistas, todas desempenham
um papel importantíssimo na sistematização dos processos de criação de novas empresas e na
redução de custos operacionais do negócio.
Além destes atores, o empreendedor precisa de um bom planejamento e uma boa ferramenta para
gestão do seu projeto até que ele se torne viável como negócio. O bom planejamento ainda sim não
dá garantias de sucesso, porém minimiza os riscos e dá garantias de uma chance de sucesso. Há
várias ferramentas disponíveis no mercado para planejamento e gestão de projetos.
2.1 Utilidade
Qual é a utilidade do negócio? Para que ele serve ou servirá? Qual a proposta de valor agregado
que o negócio traz? A clareza de propósito e de papéis será fundamental para o sucesso do novo
empreendimento, pois eliminará logo no início do novo negócio dúvidas que podem atrasar o seu
desenvolvimento.
O empreendedor no BEL-i9 deverá, ainda, entender com clareza a utilidade dos parceiros para o
seu novo empreendimento: centros de pesquisa e/ou universidades, agentes financiadores,
incubadora e gestores profissionais. Entendendo a utilidade de cada stakeholder permitirá ao
empreendedor definir os papéis com mais clareza e alavancar o potencial e as competências
específicas de cada um deles para colaborar no sucesso do seu empreendimento.
O que é inerente ao novo empreendimento? O que absolutamente não pode faltar para que o novo
negócio prospere? Quais fatores são inerentes à atuação da incubadora e dos parceiros:
academia, financiadores e gestores?
Deve haver clareza nas inerências relativas ao novo negócio, a fim de que os fatores críticos para
o sucesso dos negócios a serem gerados no BEL-i9 não sejam negligenciados.
2.3 Expectativas
Quais são as expectativas do empreendedor em relação ao seu novo negócio? O que ele espera?
O que pretende realizar? A expectativa em relação ao novo negócio se traduz também em
objetivos, que devem ser bastante claros para que o empreendedor direcione o seu negócio e suas
ações numa direção única e focada.
Clientes e fornecedores também têm expectativas que devem ser contempladas e não podem ser
negligenciadas. Principalmente os clientes, pois são eles, em última análise, diretamente
responsáveis pelo sucesso do empreendimento. Clientes invariavelmente têm as seguintes
expectativas em relação ao produto ou serviço final: custo, entrega, segurança (pessoal, do
patrimônio e do planeta), atendimento e qualidade. Estes cinco itens devem ser muito bem
avaliados pelo empreendedor para que seu produto ou serviço atenda às necessidades dos seus
clientes e prospere. O BEL-i9 neste caso desempenhará um papel essencial, porque afeta
diretamente todos estes aspectos do novo negócio.
2.4 Inovação
Que tipo de inovação traz este novo empreendimento? Não apenas tecnológica, mas na gestão,
nos processos, na relação com clientes, fornecedores, parceiros, pesquisadores, financiadores e
gestores. De que maneira a empresa vai inovar na sua atuação dentro da incubadora BEL-i9 e na
sua relação com a mantenedora da mesma? Como o empreendedor pretende implementar estas
Conceitos para planejamento e gestão dos novos empreendimentos incubados no BEL-i9 e o papel dos stakeholders 123
inovações? Haverá alguma inovação que mereça um registro de patente ou algum acordo especial
de licenciamento?
2.5 Logística
Os aspectos logísticos do novo empreendimento devem ser avaliados pelo empreendedor nesta
etapa inicial. Se o produto for físico, como será a sua embalagem? E a armazenagem, o
transporte? Há alguma necessidade especial para conservação do produto? Caso seja um serviço,
há necessidade de transporte? Como será a entrega deste serviço? Pessoal? Via Internet? Como
será a cobrança do serviço? Como será a logística dentro do BEL-i9? Que fatores desta logística
são essenciais para o sucesso do empreendimento?
Todos estes itens relacionados e outros mais são relevantes para o negócio, pois representam
custos e têm ligação direta com a imagem, credibilidade da empresa e, consequentemente,
impactam o resultado final.
2.6 Relevância
Uma vez pensados e definidos os itens anteriores, o empreendedor deve levar em conta a
relevância dos mesmos, ou seja, o significado que um evento tem para as pessoas ligadas a ele.
Esta relevância pode ser classificada em alta, média e baixa. Fatores com alta relevância
inviabilizam o projeto quando estão ausentes. Os de relevância média não inviabilizam, mas
trazem grandes desconfortos: e os de baixa relevância, são aqueles que não prejudicam o todo,
caso não sejam executados.
É importante que o empreendedor tenha clara a relevância dos fundamentos anteriores para o
projeto, pois, desta forma, pode otimizar o uso dos recursos na implementação do negócio.
2.7 Complexidade
Os recursos necessários para a execução de um projeto podem ser resumidos em seis itens.
i. Material
São os materiais necessários para o desenvolvimento do novo negócio. Dentre estes materiais
pode-se citar material didático (manuais, etc.), material de escritório, material de limpeza, material
promocional, material de acompanhamento e outros. O BEL-i9 terá um papel importante no
ii. Máquina
iii. Mão-de-obra
iv. Medida
v. Método
No método o empreendedor precisa definir as formas de atendimento, os acordos que fará com a
incubadora BEL-i9, com os financiadores, com os gestores e com os parceiros de pesquisa, a
forma de comunicação com todos os seus públicos (parceiros, fornecedores, clientes,
financiadores), o modelo de controle de processos e produção, tipos de treinamento, modelos de
contratação, avaliação, vendas e outros. Os métodos são muito importantes para garantir que haja
rastreabilidade nas informações e capacidade de observar o progresso das mesmas.
Este item refere-se ao ambiente da empresa, ou seja, a incubadora BEL-i9. Há que se considerar
aspectos como: acesso, adequação, iluminação, climatização, estacionamento, espaço,
decoração, limpeza, infraestrutura, segurança, sinalização, temperatura, transporte, etc. A
preocupação com a sustentabilidade em seus três eixos principais: financeiro, ambiental e social
também precisa estar presente no plano de negócios do novo empreendimento. A cada dia o fator
ambiental assume mais importância no mundo dos negócios e na vida das pessoas e as empresas
novas já devem ter incorporado ao seu negócio conceitos e práticas sustentáveis.
Conceitos para planejamento e gestão dos novos empreendimentos incubados no BEL-i9 e o papel dos stakeholders 125
4 Conclusão
5 Referências
[1] ESCOLA DE PLANEJAMENTO HOMO SAPIENS. TEvEP, apostila . http://www.tevep.com.br. Acesso em
26/11/2009
[2] MOREIRA, Daniel e QUEIROZ, Ana Carolina. Inovação organizacional e tecnológica, 1ª edição São
Paulo, Thomson.
COPEL Telecomunicações
cristiane.langner@copel.com
1 Introdução
Pesquisas recentes [1] apontam que as pequenas e médias empresas (PMEs) constituem um
importante reforço na economia brasileira e desempenham um papel fundamental no contexto
econômico do país, pois, quando fortemente estabelecidas, estas empresas precisam investir para
continuarem competitivas.
Mesmo sendo consideradas fundamentais para ajudar a revitalizar a economia no atual cenário de
crise mundial, as PMEs não têm encontrado apoio suficiente para garantir que sobrevivam sequer
ao primeiro ano de funcionamento. Como esperar que estas empresas se estabeleçam e invistam
no seu crescimento?
Para sobreviver no mundo globalizado, é comum encontrar PMEs que tenham de suprir
necessidades muito semelhantes às das grandes corporações, principalmente no que diz respeito
à tecnologia [2].
Para ajudar na sobrevivência destas empresas, colaborando no start-up dos seus negócios, este
capítulo trata da incubadora de telemática BEL-i9 no contexto das PMEs. Na incubadora, o
empresário, ou futuro empresário, encontrará um ambiente favorável com disponibilidade de
produtos e serviços que o ajudará, tanto nos “primeiros-passos”, como no crescimento de suas
expectativas de rentabilidade.
1
Cristiane Garbin Langner é Engenheira de Computação pela Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Mestre em
Engenharia de Produção e Sistemas (PUCPR) e está concluindo MBA Executivo em Comunicação, Marketing e Publicidade
pela Universidade Positivo.
Atualmente atua na área de Novos Negócios da Copel Telecomunicações, já tendo sido pesquisadora do Instituto de
Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC).
Participou da publicação do livro Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada estrategicamente, em equipe.
BEL-i9: ambiente de cooperação e inovação para pequenas e médias empresas do setor de telemática 127
A incubadora BEL-i9 apresenta-se como um espaço para que as PMEs de telemática ganhem
visibilidade na Internet e, através dela, tenham todo o apoio necessário para o início das
atividades, ganhando vantagem competitiva através de ações de cooperação e inovação.
2 O empreendedorismo no Brasil
Num momento em que o país busca contornos para a crise econômica, optando pelo combate ao
desemprego e pela busca do crescimento sustentável, o estímulo aos empreendedores e às micro
e pequenas empresas representa uma alternativa eficaz.
O Brasil está em 7° lugar entre os 35 países mais em preendedores do mundo, segundo pesquisa
da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) [1].
Existem atualmente no país 5,9 milhões de micro e pequenas empresas formais, o equivalente a
97,5% do total de empresas (figura 1) [3]. Os pequenos negócios respondem por 51% da força de
trabalho urbana empregada no setor privado (são 13,2 milhões de empregos com carteira
assinada), 38% da massa salarial; e 20% em média do Produto Interno bruto (PIB).
97,5%
Outras
2,5%
Com uma taxa de crescimento de aproximadamente 5% ao ano, em cinco anos (de 2004 a 2009),
os serviços ligados a softwares triplicaram e o segmento de desenvolvimento de softwares dobrou
de tamanho (figura 2). Poucos países no mundo possuem taxas dessa magnitude no setor. “O
País representa apenas 1% do mercado mundial de TIC, mas é 60 vezes maior em potencialidade
de negócios, se comparado a outros países” [5].
Para atender aos desejos de ampliar seus negócios visando novos mercados e novos serviços de
telecomunicações, a COPEL Telecomunicações está empreendendo o projeto BEL [7], que inclui
em seus principais objetivos:
BEL-i9: ambiente de cooperação e inovação para pequenas e médias empresas do setor de telemática 129
Como parte integrante do projeto BEL, destaca-se a incubadora BEL-i9, que contará com área
física e virtual para que os integrantes cooperem, compartilhem recursos e desfrutem de diversos
benefícios como:
Vale destacar que, nos quesitos assessoria e qualificação, é muito importante auxiliar os
empresários e futuros empresários a elaborar e manter um Plano de Negócios (ou Plano
Empresarial), o qual ajuda na melhor visualização do potencial do negócio e é necessário quando
se precisa buscar financiamento, para o qual, a credibilidade da incubadora também conta pontos.
4 Conclusão
A incubadora BEL-i9 propiciará o ambiente flexível e encorajador para PMEs, oferecendo uma
série de facilidades para o surgimento e crescimento de novos empreendimentos a um custo bem
menor do que pode-se encontrar no mercado, na medida em que esses custos são rateados e
muitas vezes financiados [8] (ver capítulo de Yára Christina Eisenbach, neste livro), visando
amenizar as principais dificuldades encontradas por empreendedores iniciantes, auxiliando desta
maneira a consolidação de novas empresas competitivas.
A missão da incubadora BEL-i9, no cenário das PMEs, deve ser auxiliar o empresário a criar valor
para o cliente e gerar vantagem competitiva para a empresa, dando todo apoio em tecnologia e
A incubadora BEL-i9 também propõe-se a ser o ambiente favorável para as empresas terem um
acompanhamento na implantação de seu plano de negócio, aprofundarem o relacionamento com
os clientes e parceiros, desde a criação de produtos e serviços e suas customizações, passando
pela pesquisa sobre comportamento e avaliação das expectativas e desejos destes consumidores,
até a negociação de prazos e condições de pagamento, entre outras atividades empresariais. A
incubadora deverá desempenhar tanto o papel de canal de marketing quanto o papel de ambiente
de negócios, facilitando e auxiliando a transformação de ideias inovadoras em empreendimentos
que possam ser competitivos no setor de telemática, gerando benefícios econômicos e sociais.
Com o BEL-i9, certamente novas PMEs serão criadas com probabilidades de sobrevivência e de
competitividade muito maiores e oferecendo mais e melhores produtos e serviços à população.
5 Referências
[1] MINNITI, Maria, Bygrave, WILLIAM D. e AUTIO, Erkko. Global Entrepreneurship Monitor. Executive
Report 2005. s.l. : Babson College and London Business School, 2006.
[2] TI INSIDE. PMEs cumprem o seu papel. Abril de 2009, nº 45, ano 5.
[3] SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Anuário do trabalho na micro e pequena
empresa: 2008. Site do SEBRAE. [Online] Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos, 2008. [Citado em: 05 de Fevereiro de 2009.]
http://www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-pesquisas/anuario_trabalho2008.pdf.
[4] SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Futuro empreendedor terá
noções de como gerir o seu próprio negócio. Site do SEBRAE/SP. [Online] 31 de Outubro de
2008. [Citado em: 15 de Janeiro de 2009.] http://www.sebraesp.com.br/node/6447.
[5] MEIRA, Silvio. Armadilha para setor de TIC é virar commodity. [entrev.] Vanessa Brito. s.l. : Agência
SEBRAE de Notícias, 24 de Novembro de 2009. Silvio Meira é cientista-chefe do Centro de Estudos
de Sistemas Avançados de Recife.
[6] —. Tendências transformam rapidamente o setor de TIC. [entrev.] Vanessa Brito. s.l. : Agência
SEBRAE de Notícias, 24 de Novembro de 2009.
[7] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.
[8] QUADROS, Felipe Zurita. Plano de Negócios e a Pequena Empresa de Base Tecnológica: um estudo
de caso na Incubadora de Empresas do Midi Florianópolis. [Dissertação de Mestrado].
Florianópolis : Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal
de Santa Catarina, 2004.
BEL-i9: ambiente de cooperação e inovação para pequenas e médias empresas do setor de telemática 131
16
Aplicações do BEL no ambiente
universitário e potencial do BEL-i9 para
gerar empreendimentos inovadores
1
Julio Cesar Nitsch
2
Edson Pedro Ferlin
3
Paulo Arns da Cunha
Universidade Positivo - UP
1
nitsch@up.edu.br
2
ferlin@up.edu.br
3
pcunha@positivo.com.br
1 Introdução
A inovação em serviço está largamente caracterizada tanto pela academia e empresas, quanto
pelo mercado. Apesar das diferenças de grau de inovação referentes às estruturas
organizacionais, fatores institucionais, inserção tecnológica entre outros, o mercado apresenta
demandas que realimentam o processo de inovação [1].
1
Julio César Nitsch é Especialista em Educação (UTFPR) e Mestre em Educação (PUC). Foi Diretor Adjunto de Relações
Empresariais no CEFET (1996 a 1999); Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica (2000 a 2006). Atualmente é Professor
de Engenharia Elétrica na UTFPR e Universidade Positivo, o que exerce desde 1992. Ocupa, no presente momento, a posição
de Coordenador de todo o Parque Tecnológico da Universidade Positivo.
2
Edson Pedro Ferlin é Engenheiro da Computação, Doutor em Engenharia Elétrica e Informática Industrial (UTFPR) e Mestre
em Física Computacional (IFSC/USP). Foi Professor da PUCPR e Faculdades SPEI. Atualmente é Professor e Coordenador do
Curso de Engenharia da Computação da Universidade Positivo, o que exerce desde 1999.
3
Paulo Arns da Cunha é Engenheiro Elétrico. Atualmente é Superintendente da área de Educação do Grupo Positivo.
Aplicações do BEL no ambiente universitário e potencial do BEL-i9 para gerar empreendimentos inovadores 133
Dentro de vários projetos (e o projeto BEL aqui se inclui) um elemento é comum e fundamental: há
que se determinar claramente entre os serviços e o processo aquele que deve se apresentar ao
mercado. Howells e Tether [3] alertam que a inovação em serviço tem como “backstage” um
conjunto tecnológico que, na maioria das vezes atingem o consumidor final e que podem trazer
dúvidas ao cliente.
Podemos exemplificar com a TV digital que se apresenta agora aos consumidores. Toda a
tecnologia desenvolvida não é o consumo em si. As possibilidades de utilização entre elas,
vendas, comunicação interatividade é que são, sim, as inovações de serviço oferecido ao
consumidor final.
Há um período de três ou cinco anos, a eternidade da Internet era de um a dois minutos de espera
de conexão, hoje a eternidade já se resume a dez ou quinze segundos para aqueles que estão
conectados em uma rede de razoável velocidade. Porém, como eternidade é um conceito mais
platônico que físico, ela continua a ser eternidade. Nessa linha, a ânsia da realidade de informação
instantânea, veem-se as taxas de transmissão de base tecnológica se superarem diariamente.
Porém, como ressaltou-se na introdução, taxas de Mbps, Gbps ou Tbps (não acaba aqui) são base
tecnológica de um conjunto intangível que é o real foco de um negócio: a interatividade. Assim, de
mensagens passou-se a sites, blogs, comunicação, visão. Aguarda-se com ansiedade para que se
tenha o médico em casa, projeção holográfica dos filhos na sala de casa, montar o próprio carro
on-line quando este estiver já na linha de montagem...
A palavra de ordem é velocidade. A comutação de dados em redes de computadores
está sendo empregada em ambientes computacionais de todos os tipos. Vários
fabricantes possuem comutadores (switches) compatíveis com todos os padrões de
hardware mais utilizados em especial Ethernet, ATM e Frame Relay. Trata-se de uma
solução para redes que utilizam roteadores na interligação dos pontos chaves (o
roteador é um equipamento que encaminha os pacotes de dados aos endereços
certos). Como se baseiam em protocolos de comunicação complexos, esses
equipamentos têm de processar uma enorme quantidade de dados de endereçamento
e de controle para transmitir um documento qualquer. [4]
As redes de alta velocidade abriram as portas para um novo padrão de comunicação, se assim
pode ou poderá ser chamada. Referenciadas à Internet, suas tecnologias de base já estão
amplamente suportadas (Ethernet, Fast Ethernet, Gigabit Ethernet, VGAnylan). E, como para o
consumidor final, o que importa é a satisfação de suas necessidades, cabe a outro grupo de
profissionais desenvolverem a inovação do serviço a ser consumido. Mesmo que o consumidor
não saiba se ele ainda o quer ou quererá. Se é a inovação que puxa a demanda ou a demanda
que puxa a inovação não cabe agora a discussão. Mas, a velocidade de acesso ofertada e o
aumento da capacidade das estações de trabalho permitiram que grandes áreas de negócios
aguçassem seus olhares e apetites. Entre diversas áreas pode-se destacar a editoração eletrônica,
as operações financeiras pelo mundo, as ações on-line de multimídias, a medicina.
Cabe-se destacar do conjunto de setores anteriormente citados a utilização por parte da academia
das vantagens da Internet no estado último da arte. Em um panorama geral, as redes de alta
velocidade chegam ao meio acadêmico para revolucionar o processo de desenvolvimento
científico e tecnológico. A pesquisa científica de alto nível demanda um conjunto de dados de alta
quantidade numérica em tratamento matemático avançado. Esse conjunto pode ser encontrado na
meteorologia, nas ciências espaciais, na simulação de voo de novos jatos, ou no
geoposicionamento de embarcações, só para citar quatro casos particulares.
São infinitas as facilidades quando existe a possibilidade de transportar, via Internet,
um grande volume de informações entre institutos de pesquisa. Uma delas é diminuir a
distância entre os centros de pesquisa através da troca rápida e imediata de dados. A
mais importante talvez seja a socialização do conhecimento acadêmico com a
disseminação das pesquisas, seus resultados e aplicações práticas. Podem-se criar
novas maneiras de pensar a educação, com informações disponibilizadas em áudio e
vídeo de alta resolução. Também podem ser estruturadas bibliotecas digitais de alta
fidelidade documental, avançados recursos multimídia e, até mesmo, controles remotos
de microscópios eletrônicos em centros tecnológicos distantes. [5]
Com uma profundidade de tratamento de dados não tão grande, porém com a mesma importância,
pode-se exemplificar a aula em vídeo conferência com o repasse e upload de filmes para centenas
de alunos em educação à distância.
A medicina tem um destaque especial nesse tópico. O que era notícia com a ficção científica há
três anos, já se implementa em hospitais e universidades espalhadas pelo Brasil. Sessões de
telemedicina começam a se tornar comuns. Análises de ressonância magnética 3D são feitas on-
line por equipes especializadas em centros avançados, estando o paciente a centenas ou milhares
de quilômetros. Como na apresentação abaixo exposta por um profissional.
Visualização tridimensional da atividade cerebral: superposição de imagens
tridimensionais para visualização das atividades cerebrais (de percepção, motoras ou
cognitivas), permitindo a visualização espaço-temporal das atividades do órgão.
Permite a participação em tempo real de diversos especialistas, através da
comunicação digital, com voz e vídeo. [6]
Acima dos casos específicos e pontuais as ferramentas de alta velocidade tendem a democratizar
o acesso à informação de qualidade. Isso incrementa o número de iniciativas empreendedoras.
Dentro das dependências da Universidade Positivo (UP) circulam diariamente dez mil pessoas que
“manipulam” o conhecimento nas suas mais diversas formas, estados e quantidades. O tráfego e a
multiplicação do conhecimento estão diretamente ligados à velocidade e à quantidade de
informação, intra e extra-institucional.
Aplicações do BEL no ambiente universitário e potencial do BEL-i9 para gerar empreendimentos inovadores 135
Sem muito esforço, unindo-se ao projeto BEL, o donwload simultâneo e interativo de um software
3D de montagem e simulação de um motor automotivo pode ser facilmente alcançada. Ou, o curso
de Design de Produto, trocando informações com os alunos do Curso de Marketing e Propaganda
disponibilizando on-line seus trabalhos para s outras instituições que compartilham a rede de alta
velocidade. Ainda, pode-se ter disponibilização de vídeo de em alta definição para todos os
participantes da rede mostrando detalhes de um experimento de física nuclear. Jogos de empresas
para aqueles que compartilham a rede... Por que não uma videolaparoscopia interativa em um
boneco didático em parceria com outra universidade do laço de alta velocidade? Pode-se ainda
pensar em uma na pesquisa acadêmica dos alunos de Engenharia da Computação na base de
tecnologia da informação (TI) que suporta o projeto BEL.
Como se pode abstrair dos exemplos anteriores a integração da Universidade Positivo com
COPEL Telecomunicações e o projeto BEL são ilimitados. Adicionalmente, todos esses exemplos
podem ser efetivamente empreendidos no contexto da incubadora BEL-i9, em uma ação conjunta
e cooperada entre a Universidade Positivo, com a sua experiência acadêmica, e a COPEL, com a
sua eficiência de atuação empresarial.
5 Conclusão
A COPEL implementou e agora expande uma rede de alta velocidade e elevada confabilidade, que
hoje atende às operadoras de telecomunicações, ao Governo e à grandes corporações. Agora, as
bases tecnológicas já estão maduras para também integrar os mais diversos usuários, inclusive os
residenciais. Serão as necessidades e iniciativas que irão definir, destacar os parceiros (comerciais
ou não) na utilização de enlaces de redes de alta definição. O projeto BEL pode ser um canal
confiável e econômico para uma plataforma de serviços que também sejam de interesse
acadêmico, enquanto que o BEL-i9 proporcionará o ambiente adequado para que novos produtos
e serviços digitais possam ser desenvolvidos, em conjunto com as instituições de pesquisa e
ensino superior, dentre as quais a Universidade Positivo.
6 Referências
[1] FOSTER, R. Inovação: a vantagem do atacante. São Paulo: Best Seller, 1986.
[2] SVEIBY, K. A nova riqueza das organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
[3] HOWELLS, J. TETHER, B. S. Information technology research in the UK: perspectives on services
research and development and systems of innovation. London: Prentice Hall,1998 .
Aplicações do BEL no ambiente universitário e potencial do BEL-i9 para gerar empreendimentos inovadores 137
17
Quebrando os paradigmas
computacionais: a Computação em
Nuvem
1
Cezar Taurion
1 Introdução
Esta reviravolta no modelo tradicional de computação é comparada pelo jornalista Nicholas Carr
em seu livro “A Grande Mudança: Reconectando o Mundo, de Thomas Edison ao Google” com o
advento das redes públicas de eletricidade. Durante um breve período da Revolução Industrial, as
grandes companhias tinham de gerar sua própria energia, mesmo que esta não fosse sua
atividade-fim. Graças a um conjunto de inovações no final do século 19, tudo mudou e de forma
radical. Linhas de transmissão permitiram separar a geração e o uso da eletricidade. Segundo
1
Cezar Taurion é Gerente de Novas Tecnologias Aplicadas/Technical Evangelist da IBM Brasil, é um profissional e estudioso
de Tecnologia da Informação desde fins da década de 70. Com educação formal diversificada, em Economia, mestrado em
Ciência da Computação e MBA em Marketing de Serviços, e experiência profissional moldada pela passagem em empresas de
porte mundial, Taurion tem participado ativamente de casos reais das mais diversas características e complexidades tanto no
Brasil como no exterior, sempre buscando compreender e avaliar os impactos das inovações tecnológicas nas organizações e
em seus processos de negócio. Escreve constantemente sobre tecnologia da informação em publicações especializadas como
Computerwold Brasil, Mundo Java e Linux Magazine, além de apresentar palestras em eventos e conferências de renome. É
autor de cinco livros que abordam assuntos como Open Source/Software Livre, Grid Computing, Software Embarcado e Cloud
Computing, editados pela Brasport (www.brasport.com.br). Cezar Taurion também mantém um dos blogs mais acessados da
comunidade developerWorks (www.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion). Este blog, foi, inclusive o primeiro blog da
developerWorks na América Latina. Foi também professor do MBA em Gestão Estratégica da TI pela FGV e do MBI da UFRJ.
Computação em Nuvem ainda não está no topo das prioridades dos CIOs, mas já está aparecendo
na tela do radar. É simples questão de tempo sair do cantinho da tela e se deslocar para o centro,
atraindo a atenção dos executivos. É bastante provável que em poucos anos Computação em
Nuvem já esteja no cerne dos discursos e ações dos CIOs. Portanto, é o momento de conhecer
um pouco mais seu conceito, suas tecnologias e aplicabilidades.
Informação e conhecimento já são hoje o principal motor de uma economia. Os bens tangíveis
incorporam valor muito mais pelo que representam, de tecnologia e inovação, do que pela matéria
prima e trabalho não-qualificado que contém. Um quilo de satélite custa alguns milhões de vezes
mais que um quilo de soja. Cresce continuamente a participação da indústria e dos serviços
intensivos em conhecimento. É uma revolução baseada na informação e conhecimento, liderada
pela evolução das Tecnologias da Informação e das Telecomunicações. As TICs afetam
profundamente o desempenho de todos os setores econômicos, públicos e privados, e também
consolidam por si, um setor altamente dinâmico e de grande peso econômico.
Software é o segmento mais dinâmico desta indústria. A produção de software que começou como
apêndice da indústria de computadores, é hoje um setor dinâmico que apresenta crescente
especialização. A produtividade da indústria de software (indústria aqui entendida como o conjunto
de empresas que produzem produtos e/ou serviços substitutos entre si) tem aumentado
significativamente pela adoção de técnicas elaboradas de desenvolvimento (engenharia de
software) e pelo uso de estações de trabalho que permitem utilização de linguagens interativas de
mais alto nível.
O efeito econômico da indústria de software não pode ser medido simplesmente pelos empregos e
impostos gerados. O software provoca um profundo impacto em praticamente todos os segmentos
da economia. No nível mais básico, automatiza tarefas repetitivas que antes requeriam grande
investimento de tempo e dinheiro. Automatizando estas tarefas as empresas conseguem se
concentrar no trabalho mais substantivo, ao invés do administrativo. A evolução tecnológica
permite variar e sofisticar o trabalho, permitindo, por exemplo, que engenheiros utilizem recursos
de “realidade virtual” para produzirem visões de automóveis, aeronaves e edifícios. As tecnologias
da informação e telecomunicações e o software são ferramentas essenciais para melhorias de
eficiência das empresas e economias, aumentando sua produtividade e competitividade como um
todo.
Entretanto, alguns desafios surgem na frente dos empreendedores desta indústria. Embora as
barreiras de entrada sejam muito mais baixas que no setor industrial tradicional, o custo de
equipamentos e softwares ainda é um sério inibidor para empreendedores sejam eles oriundos de
universidades, sejam microempresários.
A criação de incubadoras para start-ups de softwares, como se propõe no projeto BEL-i9, vem
sendo considerada uma alternativa por excelência para ajudar a vencer algumas barreiras, como
apoio em planos de negócio e auxílio no desenolvimento dos negócios. Nesse contexto, a
possibilidade do uso de novos modelos computacionais que permitam mitigar ou mesmo eliminar
os custos de aquisição de servidores e softwares será um excelente impulsionador para as
incubadoras de software. Nesse novo modelo, a Computação em Nuvem ou Cloud Computing já
demonstrou, na prática, seus benefícios para incubadoras.
Então o que é Cloud Computing ou Computação em Nuvem? É uma ideia extremamente sedutora:
utilizar os recursos ociosos de computadores independentes, sem preocupação com localização
física e sem investimentos em hardware. O interesse pela ideia é refletida nos inúmeros artigos
técnicos, publicações e eventos sobre o tema.
Estas empresas, de forma independente umas das outras, criaram imensos parques
computacionais, baseados no conceito de nuvem, para operarem seus próprios negócios. Uma vez
tendo desenvolvido estas imensas infraestruturas, descobriram que poderiam gerar novos
negócios, criando então as ofertas de serviços de Computação em Nuvem, disponibilizando-os
para o mercado.
Uma parte é oferecida na forma de serviços. Assim, em vez de armazenar documentos e rodar um
processador de textos no próprio PC, pode-se acessar o Google Docs, que disponibiliza as
principais e mais usadas funções do onipresente Office da Microsoft. Esta abordagem é conhecida
como “software como serviço” ou Software-as-a-Service. O SaaS já envolve hoje inúmeros
aplicativos empresariais como gerenciamento de relações com o cliente, recursos humanos,
contabilidade e outros, providos por empresas como Salesforce e NetSuite. As pequenas
empresas, em particular, estão recorrendo a esses serviços para fugir da dor de cabeça que é
manter seus próprios data centers.
A Amazon surgiu como líder inicial deste negócio e pode vir, um dia, a ser mais conhecida pela
sua plataforma de nuvem do que por seu website de varejo. A Amazon, de forma pioneira,
descobriu que poderia vender sua infraestrutura em nuvem, como uma plataforma (conhecida
como Platform-as-a-Service), explorando novos modelos de uso e pagamento. Mais da metade
dos recursos de computação da Amazon estão sendo consumidos por outras companhias, que
rodam seus aplicativos nos centros de dados da varejista.
Nos próximos anos, o uso da Computação em Nuvem deve aumentar significativamente. Além da
tecnologia estar disponível (proliferação de conexões banda larga, processadores mais baratos e
cada vez mais poderosos, como o custo de armazenamento caindo significativamente) permitindo
a criação de data centers massivos, algumas pesquisas têm mostrado que os usuários de 18-29
anos usam com muito mais intensidade estes serviços que os mais veteranos, de mais de 45-50
anos. A geração Y que está começando a despontar no cenário do mercado de consumo e de
trabalho vai acelerar mais ainda sua utilização. Daqui a dez anos este pessoal será dominante nas
empresas.
Além disso, a pressão por um maior eficiência da infraestrutura de computação é cada vez maior.
A cada dia são gerados no mundo inteiro novos 15 petabytes de informação. Os custos de energia
elétrica aumentaram pelo menos oito vezes de 1996 até hoje. E se somarmos a isso a previsão
que em 2011 um terço da população mundial estará na Internet, fica claro que os modelos atuais
de gestão de infraestrutura não são mais adequados.
O que se ganha com esta arquitetura? Os usuários domésticos, como os que usufruirão dos
serviços do BEL, passarão a dispor destas nuvens, obtendo, na prática, acesso praticamente
ilimitado a recursos, como espaço em disco e softwares. O que se verá é um deslocamento do
conteúdo de dentro dos PCs para as nuvens computacionais. Provavelmente não serão mais
necessários computadores pessoais com grande capacidade de processamento, como hoje. Para
que dispor de 120 GB de disco rígido se é possível, via comunicações de alta velocidade, ter
acesso a terabytes de dados?
Mas, e as empresas? Alguns estudos têm mostrado que empresas de pequeno a médio porte
gastam 70% do seu tempo gerenciando os recursos de TIC (algo que não gera valor agregado ao
negócio) e apenas 30% em atividades focadas no seu próprio negócio. Claro que é uma situação
problemática. Com o modelo de Computação em Nuvem, o primeiro benefício é uma melhor
utilização dos recursos computacionais, potencializando os conceitos de consolidação e
virtualização. Além disso, reduz sensivelmente o time-to-market para aplicações de e-business e
Web 2.0 (com a inclusão de aplicações de mundos virtuais e games MMPOG), que demandam
conceitos do modelo computacional on-demand (alocar recursos à medida que for necessário, de
forma dinâmica).
O resultado? Imagine-se uma empresa de comércio eletrônico, que vende seus produtos pela
Internet. Ela precisa dispor de um parque computacional configurado para atender seus períodos
de pico de venda, como Natal e Dia das Mães. No restante do ano grande parte desta capacidade
computacional fica subutilizada. Com a Computação em Nuvem esta empresa não precisa ter este
parque de computadores instalado em seus escritórios. Ela adquire a quantidade de capacidade
necessária e apenas paga por este uso. Não paga pela capacidade instalada e ociosa, como fazia
no modelo anterior. Paralelamente, o BEL também oferecerá Internet “por consumo”, onde o
usuário pagará somente pela Internet que usar, o que é outra vantagem adicional para os
consumidores.
Isto significa que ela pode comprar capacidade de processamento por uso. Assim, em períodos de
maior demanda, como nos períodos de pico de vendas ou no fechamento da folha de pagamento
aumenta a capacidade. Nos períodos de menor uso, dispensa esta capacidade e não paga pelo
que não usa. Por sua vez, o provedor da nuvem, pode obter bons resultados comerciais, pois
realoca dinamicamente a capacidade disponível para quem está precisando naquele momento.
Como a empresa não paga por recursos desnecessários e nem tem gastos com os espaços físicos
e de infraestrutura do data center, como energia e refrigeração, ela tem gastos menores com sua
operação de TIC e pode repassar esta eficiência operacional aos seus clientes, tornando-se mais
competitiva no mercado.
Portanto, com o BEL não se está diante de mais uma onda de marketing, mas sim de uma
revolução tecnológica e de conceitos, que pode mudar significativamente a maneira como são
utilizados os recursos computacionais e de telecomunicações. A possibilidade de criar um
verdadeiro data center virtual com recursos já existentes permite desenvolver novas e inovadoras
aplicações. Abre-se uma nova perspectiva e certamente estamos diante de grandes mudanças nos
paradigmas computacionais.
Apesar da tecnologia estar na sua infância, já existem casos concretos e bem sucedidos de
implementação em ambiente empresarial. Um bom exemplo é o portal de inovação usado
internamente na IBM, denominado TAP (Technology Adoption Program). É uma das iniciativas de
fomento à inovação e que permite que softwares experimentais sejam usados e testados pelos
funcionários, uma comunidade de profissionais experimentados e críticos que podem avaliar o
software quanto à qualidade, funcionalidade, desempenho, etc. Sem uso de uma nuvem
computacional, seria necessário construir uma infraestrutura específica e disponibilizá-la para esta
comunidade de experimentadores. Com o portal de inovação e Computação em Nuvem como
infraestrutura, a equipe responsável pelo software simplesmente preenche uma requisição on-line
explicitando os recursos (CPU, memória, sistema operacional, etc) e em cinco minutos a
requisição pode ser aprovada e os recursos virtuais alocados. O resultado tem sido bastante
positivo. Em 2007 estavam registrados mais de 92.000 funcionários como experimentadores
A adoção de novos conceitos e tecnologias levam anos para se consolidarem e disseminarem pelo
mercado. As empresas não abandonam seus primeiros investimentos em tecnologia, mas criam
camadas de tecnologias mais recentes em cima das antigas. A mudança para o paradigma da
Computação em Nuvem não vai ocorrer da noite para o dia. As empresas geralmente são
cautelosas quanto à maneira como lidam com seus ativos de informação e não experimentam
facilmente novos sistemas de TI. As preocupações com segurança e confiabilidade ainda vão agir
como barreiras de entrada durante alguns anos.
A Computação em Nuvem aparece como uma alternativa, pois aloca recursos computacionais à
medida que eles sejam demandados. Se houver maior demanda de transações, mais recursos são
alocados. Se a demanda diminuir, esses recursos são liberados para outras aplicações.
Uma nova tecnologia se desenvolve e é impulsionada quando determinados problemas não podem
mais serem resolvidos pelas tecnologias existentes. Em termos da Computação em Nuvem pode-
se pensar em impulsionadores extremamente poderosos, que não podem ser ignorados.
Além disso, à medida que a computação vai se tornando cada vez mais onipresente, com
etiquetas de produtos contendo chips com Identificação por Rádio Frequência (RFID - Radio
Frequency Identification) colados em latas de cerveja e pacotes de sucrilhos, o volume de dados
que irão trafegar pelas empresas e que precisarão ser manuseados em tempo real será
absurdamente maior que o atual. E é quando se dará imenso valor às empresas que investiram e
investem em redes de fibras ópticas, como é o caso da COPEL Telecomunicações. A
Como se aprendeu na era industrial, para criar indústrias com altos níveis de produtividade e
qualidade de padrão mundial, é necessário adotar disciplinas de engenharia, trabalhar com
informações em tempo real e simplificar consideravelmente os processos industriais. Similarmente,
não se conseguirá aumentar a capacidade de um data center para suportar de dez a cem vezes
mais serviços e aplicações, mantendo os processos atuais de gestão e operação. Simplesmente
os custos de gerenciamento e de energia serão proibitivos. Portanto, um novo modelo torna-se
necessário.
Este novo modelo ou conceito, de computação como utility, é uma ideia simples, mas ao mesmo
tempo fantástica. Utilizando uma metáfora, seria similar às redes de energia elétrica da COPEL,
onde toda a complexidade da geração, transmissão e distribuição de energia é escondida do
usuário que simplesmente aperta o interruptor para iluminar sua sala ou liga um aparelho
eletrodoméstico na tomada e aperta o botão de ligar, sem ter ideia de onde a energia foi gerada e
que caminhos ela percorreu para chegar até ele. Um dos principais pilares da computação como
utility é exatamente o conceito da Computação em Nuvem.
Nuvem em TIC significa que toda uma rede de computadores estaria disponível ao usuário para
executar seus programas, sem que ele precise saber exatamente qual ou quais computadores
estão fazendo o trabalho. Embora a complexidade para isto acontecer seja imensa, a nuvem de
computadores, como um todo, permanece oculta para o usuário. O que está se falando aqui é
fazer com que computadores diferentes, com ambientes operacionais diversos, trabalhem
colaborativamente como se fossem um único e poderoso computador virtual. Integrar ambientes
heterogêneos não é uma tarefa fácil e simples. O usuário deve fazer o login, autenticar-se na rede
e se adequar às políticas de segurança dos componentes da nuvem. Ele precisa confiar que seu
trabalho e seus dados estarão tão seguros na nuvem quanto em seu próprio computador.
A Computação em Nuvem ainda não está perfeitamente compreendida. A atual fase é ainda de
aprendizado e muitas dúvidas e questionamentos ainda ocorrem. Se for perguntado até a um
profissional de TIC o que é Computação em Nuvem, com certeza diferentes respostas. Serão
obtidas. Indefinições e reações adversas quanto à sua aplicabilidade e utilidade ainda são comuns.
3 Conclusões
Será difícil prever quais serão os efeitos da disseminação da Computação em Nuvem sobre as
empresas e a sociedade. De maneira geral, as mudanças nas arquiteturas e paradigmas
computacionais são acompanhadas por previsões que derivam simplesmente das experiências
passadas. E os efeitos da maior alcance de uma nova tecnologia normalmente são aqueles que
não são previstos. No entanto, com o maior acesso da população às redes ópticas de alto
desempenho, como as do projeto BEL, da COPEL Telecomunicações, a tendência é que a
Computação em Nuvem venha a se consolidar, e mais rapidamente do que se possa imaginar.
4 Referências
[1] Taurion, Cezar. Cloud Computing: Transformando o mundo da Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro,
Editora Brasport, 2009
[2] www.computingonclouds.wordpress.com
[3] www.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion
[4] “Above the clouds: a Berkeley view of Cloud Computing”, que pode ser acessado em
http://www.eecs.berkeley.edu/Pubs/TechRpts/2009/EECS-2009-28.pdf.
[5] “Cloud Architectures”, de Jinesh Varia, Technology Evangelist da Amazon, que pode ser acessado em
http://jineshvaria.s3.amazonaws.com/public/cloudarchitectures-varia.pdf.
[6] www.ibm.com/cloud
[7] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. COPEL Telecomunicações, Curitiba, 2009, 207pp.
1 Introdução
Entende-se que o BEL-i9 usará o modelo de incubadora que nascerá com a missão de inovar e,
como consequência, desenvolver o Paraná, reunindo a academia e a COPEL em torno de uma
mesma missão e usando como meio as tecnologias de telecomunicações, o que parece ser de fato
um modelo bastante inovador de desenvolvimento e empreendedorismo dentro do nosso estado.
Uma incubadora com foco na produção de produtos deverá ter muita preocupação com a
avaliação inicial dos projetos e com a qualidade dos produtos que serão gerados para o mercado.
O rigor na seleção e acompanhamento dos projetos potencializará uma maior probabilidade de
sucesso dos empreendedores incubados, pois serão os melhores projetos na visão dos gestores
dos processos da incubadora.
Dentro deste contexto, deve-se entender que apesar do estímulo ao empreendedorismo, que é
uma das funções de uma incubadora, a inovação tecnológica no aspecto de geração de novos
produtos passa a compor uma estratégia empresarial de renovação de competências e de visão
empresarial, onde o estreitamento das relações entre os profissionais da COPEL e a academia
passa a ter, nos projetos incubados, um novo estímulo a novas formas de conduzir projetos e
também de produzir produtos.
1
Aloivo Bringel Guerra Junior é Engenheiro de Computação pela Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Pós-Graduado
em Telecomunicações (UFPR) e com MBA em Gestão Empresarial/Planejamento Estratégico (FGV). Mestrando em Gestão
Empresarial (FGV/EBAPE). Atualmente é gerente da área de Engenharia de Produtos da COPEL Telecomunicações.
Mais do que a geração de empresas de base tecnológica, o BEL-i9 poderá criar um ambiente
inovador e prático, no aspecto de agregar toda uma infraestrutura de telecomunicações de última
geração aos participantes dos projetos incubados, tratando cada um dos inovadores como um
potencial participante das suas estratégias de diferenciação de mercado.
Um grande desafio que deverá ser muito bem planejado é o de como o resultado do produto
incubado será comercializado e operado, uma vez que ele sairá da incubadora e deverá chegar
até os clientes da COPEL.
Ainda, segundo [3], no Sul, especificamente no Paraná, há 8 incubadoras, sendo a maioria delas
idealizadas com a missão de reduzir a taxa de mortalidade das pequenas empresas, fornecendo
algumas facilidades para os empreendedores a um custo bem menor do que no mercado. Este
modelo tradicional parece não garantir de forma satisfatória a longevidade das novas organizações
incubadas, posto que ele carece de uma melhor visão de mercado para os produtos incubados.
Conforme apresentado por [3], as incubadoras podem ser assim classificadas: Incubadora
Tecnológica Fechada, Incubadora Tecnológica Mista, Incubadora Tradicional Fechada, Incubadora
Tradicional Aberta.
O mais correto seria classificá-la num novo modelo, que poderia ser chamado de incubadora
tecnológica de negócios ou de produtos e serviços de valor adicionado de telecomunicações.
O modelo da incubadora BEL-i9 é voltado à oferta de novos produtos e serviços, sendo que o
sucesso de cada projeto acompanha o de alguns recursos mínimos.
Segundo [3], recursos como infraestrutura, serviços básicos, assessoria, qualificação e networking
são comuns a todas as incubadoras.
A visão apresentada acima está mais voltada para as atuais incubadoras, mas como a COPEL
busca um novo modelo que garanta a inovação, para isto ela também deverá ofertar alguns
diferenciais em relação aos modelos tradicionais.
Alguns recursos que a COPEL poderá disponibilizar para os nove incubados, são:
• Sistemas de Telecomunicações.
• Servidores e sistemas.
Além dos recursos acima apresentados, que são recursos de uma operadora de telecomunicações
que atua no mercado competitivo de banda larga, outros itens também poderão ter importância,
para que o resultado seja o melhor possível, como:
• Estúdio IP: disponibilizar um ambiente que permita uma reunião em tempo real e tamanho
real, um pronunciamento, apresentação ou palestra que possa ser armazenada
compondo o portfólio de documentação e biblioteca virtual com os projetos da incubadora
servindo como apoio a novos projetos.
Além da gestão dos projetos, o resultado que o incubado irá produzir que será um produto ou
serviço inovador para o mercado ou uma inovação para os processo internos da organização,
merecem a aplicação de um modelo gestão especial por parte da COPEL.
O processo poderá passar pela idealização de um novo produto com acompanhamento de todas
as suas fases, desde a elaboração até a implantação e análise do ciclo de vida de um novo
produto ou serviço. Um produto ou serviço originado na incubadora poderá retornar para sofrer
pequenas correções ou melhorias ou para ser reformulado.
Por atuar diretamente no mercado, tanto a fase de testes como de implantação final de um produto
ou serviço devem ter um tratamento diferenciado na incubadora.
Todo incubado deverá ter bem claro que não basta possuir um bom projeto, ele deve conseguir
extrair um ou mais resultados deste projeto, que no caso do BEL-i9, são produtos, serviços ou
melhorias de processos organizacionais.
5 Modelo de acompanhamento
A gestão com planejamento da incubadora e dos seus participantes é crítica para a COPEL e foi
citada em [3] como fator de deficiência do empreendedorismo de base tecnológica. Já o foco
tecnológico e mercadológico que os incubados dão para os produtos, onde a gestão e
desenvolvimento de produtos possui um papel estratégico no desenvolvimento do negócio é
fundamental para sobrevivência dos incubados. Portanto, neste aspecto, a preocupação com o
acompanhamento com foco no resultado atrelado à produção de produtos e serviços inovadores
voltados ao market pull deverá ser um dos principais papéis da COPEL enquanto gestora do BEL-
i9.
Assim como o modelo da composição de um comitê para seleção dos projetos para o BEL-i9 vem
sendo discutido, um modelo de acompanhamento do resultado dos projetos, mais especificamente
dos produtos e serviços, poderia ser criado e conduzido pela atual área de Engenharia de
Produtos da COPEL Telecomunicações ou, futuramente, por outra área.
Com este modelo de acompanhamento, será possível alcançar alguns objetivos, como:
• Inclusão dos novos produtos no portfólio de produtos, facilitando a área comercial para
ofertar os novos produtos.
No trabalho apresentado por [1] no VII REINC (Encontro da Rede de Incubadoras), fica bastante
clara a importância de parcerias para o desenvolvimento tecnológico,. Deixa-se um alerta para que
além dos recursos disponibilizados pela COPEL, o novo modelo de inovação crie mecanismos
para que os incubados possam ter acesso aos possíveis parceiros que a COPEL está buscando.
Sempre com objetivo de inovação tecnológica, com foco em geração de produtos e serviços
inovadores, com aceitação do mercado.
Das melhores práticas para gestão de uma incubadora, conforme o texto apresentado por Amaral
[1], foram aqui selecionadas apenas algumas, que merecem reflexão e muita atenção no contexto
do BEL-i9. São elas:
• Uma estrutura com áreas de referência dedicas para inovação de negócios, inovação de
produtos, inovação de processos e tecnologias avançadas.
6 Conclusão
Vários são os desafios do BEL-i9, sendo que os projetos devem ter um planejamento detalhado,
com planos de negócios muito bem definidos, onde o sucesso na gestão dos incubados terá êxito
em função do nível de integração entre tecnologia, produto e mercado.
O resultado do BEL-i9 poderá ser mensurado pelos produtos e serviços de base tecnológica dos
incubados, que terão que ser inovadores e de grande aceitação no mercado.
7 Referências
[1] AMARAL, Marcelo. Estudo Benchmarking de Modelos de Gestão de Parques Tecnlógicos.
http://www.redetec.org.br/publique/media/MarceloAmaral.pdf. Acesso em 01/12/2009.
[2] CHENG, L.C.; DRUMMOND, P.H.F.; MATTOS, P. A Integração do trinômio tecnologia, produto e
mercado na pré-incubação de uma empresa de base tecnológica. Anais da 3ª Conferência
Internacional de Pesquisa em Empreendedorismo na América Latina (CIPEAL), Rio de Janeiro,
nov/04.
1 Introdução
Vive-se num ambiente de mudança acelerada provocada pela globalização e pelo crescimento do
uso da Internet nas relações de negócios entre países, empresas e pessoas. A ciência, tecnologia
e a inovação são vistas como diferenciais competitivos para quem delas dispõe e usufrui os
resultados proporcionados. No ambiente universitário, a meta é estimular os jovens a
desenvolverem seu potencial criativo e apoiar os que desejam enveredar no mercado profissional
1
Ricardo Mendes Junior é formado em Eng. Civil (UFPR), com Mestrado em Eng. Civil (UFRGS) e Doutorado em Engenharia
de Produção e Sistemas (UFSC). Prof. Adjunto do Curso de Eng. de Produção (UFPR), onde leciona desde 1981. Já foi Diretor
e Vice-diretor do Centro de Estudos de Engenharia Civil (UFPR). Foi também Coordenador do Curso de Pós-graduação em
Construção de Obras Públicas e Chefe do Dep. de Constr. Civil (UFPR). Atualmente é Coordenador do Programa de Pós-
graduação em Eng. de Produção (UFPR). Coordenador do Projeto Gestão Estratégica de Empreendimentos Tecnológicos
Sustentáveis, Programa Pró-Engenharias da CAPES, desde 2008. Coordenador do grupo de pesquisas em Tecnologia da
Informação e Comunicação - GRUPOTIC, desde 2000.
2
Maria do Carmo Duarte Freitas é Eng. Civil (UNIFOR, Fortaleza), com Mestrado em Eng. de Produção (UFSC), Doutorado
em Eng. de Produção (UFSC). Professora e Pesquisadora do setor de Educação à Distância (UNESC). Atualmente é Prof. Adj.
(UFPR), desde 2004. Professora e Pesquisadora do Grupo TIC e Coordena o Lab. de Mídias na Educação – LABMIDI e o
Centro de Estudos em Realidade Virtual Aumentada - CERVA.
3
Sergio Scheer é Eng. Civil (UFPR), com mestrado em Eng. Civil (UFRGS) e doutorado em Informática, área de Computação
Gráfica (PUC-RIO). Foi Membro, Secretario e Presidente da Comissão Central de Informática (UFPR) de 1989 a 2002. Diretor
do Centro de Computação (UFPR) de 1994 a 1998. Coordenador do Ponto de Presença da RNP-PR de 1994 a 1998.
Integrante e coordenador de tecnologia do Núcleo de Educação a Distância (NEAD/UFPR) de 1998 a 2002. Membro Suplente
do Conselho de Planejamento e Administração (UFPR) de 1999 a 2001. Membro Titular do Conselho de Planej. e Admin.
(UFPR) de 2001 a 2003. Diretor do Centro de Estudos de Eng. Civil. Vice-Coordenador do Programa de Pós-Grad. em
Métodos Numéricos em Engenharia de 2004 a 2006. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Métodos Numéricos
em Engenharia, de 2006 a 2008. Atualmente é Prof. Associado 2 do Depto. de Constr. Civil (UFPR), docente na UFPR desde
1981, ocupando hoje a função de Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Também é o atual Diretor Executivo da Agência
de Inovação da UFPR, posição que ocupa desde janeiro de 2009.
Incubadoras: necessidade e modelos que podem ser usados no projeto BEL-i9 157
como empresário. Para tanto, deve-se estimular nos jovens a capacidade de aprender e de
desenvolver novas habilidades, aspecto fundamental no novo cenário de difusão e uso intenso das
tecnologias de informação e comunicação. De outro lado, ações governamentais de incentivo à
criação de incubadoras e de fomento para viabilização das novas ideias, aproveitando os
mecanismos de apoio oferecidos pelo governo, tais como: subvenção econômica, projetos em
parceria academia/empresa e o aporte financeiro das empresas na formação de joint-ventures.
Uns dos vetores destas ações são as incubadoras, objeto deste texto.
2 Conceitos
As incubadoras surgem para assegurar funções vitais às empresas com problemas de qualquer
origem. Na sua gênese dão vitalidade à organização com consultorias especializadas,
capacitações gerenciais, espaço físico e infraestrutura operacional, administrativa e técnica [1].
Para tanto, oferecem um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar
temporariamente micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços e que,
necessariamente, dispõem de uma série de serviços e facilidades (tabela 1).
Stainsack [4] destaca que o sucesso de uma empresa assenta-se em dez fatores-chave e
relevantes no processo de incubação:
iii. empreendedorismo;
iv. marketing;
v. processo de seleção;
vi. capitalização;
Incubadoras: necessidade e modelos que podem ser usados no projeto BEL-i9 159
ix. redes de relacionamento e
O modelo das incubadoras vigentes no séc. XXI configurou-se na década de 70, nos Estados
Unidos da América. Em meados da década de 80, as instituições financeiras, o governo e as
universidades se reuniram para alavancar o processo de industrialização de regiões pouco
desenvolvidas ou em fase de declínio, decorrente da recessão dos anos 70 e 80 [1].
Em 1980, os EUA possuíam 12 incubadoras e, 19 anos depois, contam com mais de 800
empreendimentos. De 80 para cá, as empresas graduadas criaram aproximadamente meio milhão
de empregos, sendo essa uma estimativa da National Business Incubation Association – NBIA. O
foco residia nas empresas de alta tecnologia que se associavam e surgiam acompanhadas por
instituições de ensino e pesquisa. Dados estatísticos de incubadoras americanas e europeias
indicam que a taxa de mortalidade entre empresas nascidas fora do ambiente de incubação é de
70% e 20% para aquelas que passam pelo processo de incubação.
Este dado é um dos principais motivadores para as empresas iniciarem nas incubadoras. As
empresas novas enfrentam inúmeros problemas que ocasionam elevada taxa de mortalidade. A
mais recorrente é a incapacidade gerencial dos empreendedores. As patologias passam pelas
dificuldades e custos da burocracia, a necessidade de captação de recursos financeiros, elevadas
taxas de juros, as exigências dos agentes de financiamento, a falta de habilidade para lidar com a
concorrência, baixo acesso a tecnologia para inovação e tecnologia da informação e comunicação.
Fato que, no Brasil, promoveu mudanças na proposta da Lei de Inovação, ao permitir maior
flexibilidade e mobilidade de cientistas e engenheiros entre universidades e empresas. Isso
contribuirá para o aumento do fluxo de experiências e competências geradas nesses segmentos.
Acrescentem-se ainda os benefícios diretos pela mobilidade, que certamente contribuirão para a
formação dos pesquisadores nas empresas e universidades. A dimensão do país e a necessária
dispersão geográfica dos recursos, o uso das redes de articulação e cooperação é importante meio
de congregação de esforços e difusão de informação tecnológica, necessários à inovação.
Para cada tipo de empresa que precisa de abrigo e ajuda há diferentes tipos de incubadoras. Os
cuidados oferecidos passam pela orientação do novo negócio, desde o projeto, montagem,
instalação do empreendimento e preparação gerencial para as dificuldades oriundas da inserção
no mercado (tabela 2) [1].
Na pré-incubação a empresa passa por todos os processos internos com ênfase no plano de
negócios, na pesquisa de mercado e na formação do gestor de negócios. Visa preparar os
empreendimentos para ingresso na incubadora e assim serem consideradas “empresas
Incubadoras: necessidade e modelos que podem ser usados no projeto BEL-i9 161
residentes”. Normalmente recebem o nome de Hotel de Projetos, Hotel de Ideias, Hotel
Tecnológico, entre outros.
As incubadoras possuem regras estabelecidas para admissão e saída das empresas. Estas são
divulgadas publicamente, normalmente na forma de editais de seleção. Estes editais explicitam os
objetivos e condições do programa de incubação, o número máximo de vagas, critérios para
candidaturas, documentos exigidos, compromissos de ambas as partes, processo de seleção,
taxas e prazos.
Para participar do processo de seleção o empreendedor deve apresentar uma proposta, nos
moldes pedidos pela incubadora. No Brasil, a maioria das incubadoras não exige um Plano de
Negócios, como é comum em outros países. A seleção é realizada em uma série de entrevistas, a
partir de uma proposta preliminar com o objetivo da incubação. Nesta primeira fase são pré-
selecionados empreendimentos, que em seguida recebem orientação para elaboração do Plano de
Negócios. Depois de concluído este plano, é então analisado, e, caso aprovado, a incubação
inicia-se de fato. As incubadoras denominam esta fase de pré-incubação, que dura de seis meses
até dois anos.
As incubadoras também têm regras de como a empresa incubada estará sujeita à revisão regular
de seu desempenho. Algumas incubadoras estipulam que as empresas que não conseguem atingir
as metas acordadas e registradas em seus planos de negócios estarão sujeitas à intervenção da
incubadora em seus procedimentos gerencias, ou então devem deixar a incubadora.
5 Conclusão
Constata-se, assim, que o estímulo de governos e empresas, quanto a demanda por incubação de
empresas, e o número de incubadoras no Brasil, é crescente. Isso é importante para o processo de
O maior número de incubadoras no país e no mundo é uma clara demonstração dos benefícios
que ela gera.
Conclui-se, portanto, que a COPEL Telecomunicações optou por caminho adequado ao propor
uma incubadora (BEL-i9) de produtos e serviços voltados para o seu nicho específico de atuação.
Além dos benefícios à própria empresa, a incubadora deverá beneficiar sobremaneira a população
do Paraná, com as inúmeras inovações que certamente deverá produzir.
6 Referências
[1] MENDES JUNIOR, R., FREITAS, M. C. D. Incubação de empresas. In: Empreendedorismo tecnológico.
R. Gregório da Silva Junior organizador, Curitiba: IEP, 2009. 206 p. Disponível em
http://www.iep.org.br/media/6/20090722-e%20t.pdf
[2] MCT. Manual para implantação de incubadoras de empresas. Brasília: 2000. disponível em
http://www.mct.gov.br/setec/setec.htm. Acessado em 13 de junho de 2009.
Incubadoras: necessidade e modelos que podem ser usados no projeto BEL-i9 163
20
Habitats de inovação: o modelo do
Tecnoparque da PUCPR e a atração
de iniciativas inovadoras
1
Luiz Márcio Spinosa
2
Mauro Fonseca
3
Mauro Nagashima
1 Introdução
1
Luiz Márcio Spinosa é Bacharel em Ciências Estatísticas e da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina
(1986), Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1991), D.E.A (equivalente a Mestrado)
em Informática, Automação e Produtrônica pela Université d'Aix-Marseille III (1992), Doutor em Informática, Automação e
Produtrônica pela Université d'Aix-Marseille III (1996) e Especialista em Gestão da Inovação pela Simon Fraiser University e
Texas University (2001). Foi Coordenador Geral do Programa Paraná Classe Mundial em Software (W Class) junto à Secretaria
de Estado da C&T e Tecpar (1999-2002). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Diretor
Executivo da Agência PUC de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUCPR. Diretor do Instituto de Ciências Exatas e de
Tecnologias da PUCPR. Membro do Conselho Universitário da PUCPR.
2
Mauro S. P. Fonseca possui graduação em Engenharia da Computação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(1994), mestrado em Engenharia Elétrica e Informática Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (1997) e
doutorado em Redes de informática - Universite de Paris VI (Pierre et Marie Curie) (2003). Atualmente é professor /
pesquisador / coordenador do Programa de Pós-graduação em Informática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e
pesquisador associado - Laboratoire d'Informatique de Paris 6.
3
Mauro Nagashima é formado em Engenharia Mecânica (UFPR, 1982), pós-graduado em Engenharia da Qualidade (PUCPR,
1991) e Computer Integrated Manufacturing System (NEC Japan, 1986). Foi Diretor Técnico do Instituto Brasileiro da
Qualidade e Produtividade no Paraná - IBQP, Diretor Técnico e Diretor Presidente do Tecpar e Assessor de Projetos Especiais
da Reitoria da PUCPR. Atualmente é colaborador da Agência PUC de Ciência, Tecnologia e Inovação da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná.
Dentro desse contexto e objetivando mobilizar a Cidade de Curitiba como Metrópole Tecnológica,
iniciou-se em 2000 as primeiras iniciativas para a criação de um importante “ativo de inovação” no
contexto de um habitat de inovação urbana, que veio a consolidar-se mais recentemente com a
implantação do Tecnoparque Curitiba. Em 2009, a PUCPR, implantou o seu Tecnoparque, um
espaço destinado à inovação e ao desenvolvimento de parcerias universidade-empresa, inserido no
coração desse novo arranjo da Cidade de Curitiba, e apto a receber empresas e empreendimentos
de base tecnológica.
A Agência PUC tem como Missão “Ser instrumento de promoção da qualidade e da excelência no
Ensino, na Pesquisa e na Extensão (E&P&E), por meio da integração de “ativos” de inovação e do
conhecimento que adicionem valor a essas atividades, ao mesmo tempo em que contribui para o
desenvolvimento socioeconômico da região de atuação da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná”, e atua desde a produção de conhecimento científico e tecnológico até a sua transferência
para o setor produtivo, mediante alianças e parcerias estratégicas entre a Universidade e as
Empresas. Beneficiam-se as Empresas pela obtenção de inovações tecnológicas, organizacionais
e sociais a menor custo, decorrentes de investimentos conjuntos. Beneficiam-se a PUCPR e a
APC pela intensificação da Sintonia Social com os diversos atores da sociedade, ou seja, pela
formação de profissionais mais capacitados e atualizados e pela produção de pesquisas alinhadas
às necessidades de desenvolvimento paranaense e nacional.
Com tais pressupostos, a Agência atua prioritariamente nos seguintes setores portadores de
futuro:
3 PUCPR Tecnoparque
No campo das novas tecnologias da informação e comunicação – TIC, o Tecnoparque conta com a
parceria do Programa de Pós-Graduação em Informática – PPGIa, com os seus programas de
mestrado e doutorado, que disponibilizam suporte integral nas parcerias com empresas ou
empreendimentos nas áreas de sua competência, compostas pelas diversas linhas de pesquisa e
desenvolvimento, dentre elas a de Redes de Computadores e de Telecomunicações,
especialmente de interesse para o desenvolvimento da parceria com os Projetos BEL e BEL-i9 da
COPEL Telecomunicações, contribuindo com o desenvolvimento de novos produtos e serviços
para Redes na Plataforma Tecnológica GPON e outras de componente estratégica aos citados
projetos.
Conforme descrito anteriormente, o PUCPR Tecnoparque foi criado para atender a novas
demandas por atração de empreendimentos inovadores e de base tecnológica, na nova Sociedade
do Conhecimento. Com esse pressuposto, o modelo de desenvolvimento de parcerias e alianças
estratégicas do Tecnoparque com a iniciativa privada, não incentiva somente a atração de novas
empresas de base tecnológica, mas sobretudo de iniciativas de empreendedorismo inovador
nascentes na Universidade que atendam às demandas crescentes do mercado por novos produtos
e serviços.
Esse modelo vai de encontro ao Projeto BEL-i9 da COPEL Telecomunicações, que objetiva apoiar
iniciativas de incubação de empreendimentos inovadores de base tecnológica em temas de
interesse e convergência com o componente tecnológico em que a corporação estrategicamente
induz com o propósito de desenvolver um leque de opções de novos produtos e serviços
agregados.
Podem-se considerar como iniciativas complementares, visto que, por um lado o Projeto BEL-i9
procura apoiar o empreendedorismo inovador em plataformas tecnológicas estratégicas para a
empresa, e por outro, o Tecnoparque tem por objetivo oferecer e acolher iniciativas inovadoras em
ambiente adequado para o desenvolvimento e sucesso das mesmas.
Dentro desse contexto, podem-se visualizar duas principais propostas da PUCPR, que podem
contribuir com o BEL-i9:
5 Conclusão
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná com seus 50 anos de história, com mais de 30 mil
alunos e 1.300 docentes, 75% dos quais com titulação de mestres e doutores, é a maior Instituição
de Ensino Privado do Paraná. Oferece mais de 60 cursos de graduação, 21 programas de pós-
graduação stricto sensu, dentre eles o seu Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGIa),
com Mestrado e Doutorado que completou 13 anos de existência em 2009, e mais de duas décadas
de experiência em parcerias e alianças estratégicas, que vão das universidades e centros de P&D
ao setor empresarial, terceiro setor e aos governos municipal, estadual e federal.
6 Referências
[1] Agência PUC - http://www.agenciapuc.pucpr.br
1,3
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
1
Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos - REPARTE
1
rcandido@superig.com.br
3
sedambroski@gmail.com
2
Universidade de São Paulo
reinaldosilva@gmail.com
1 Revisão Bibliográfica
1.1 Inovação
O entendimento do que é inovação pode ser muito difuso e particular, portanto estabelecer um
entendimento comum é fundamental para qualquer discussão neste campo, uma das definições
aceitas mundialmente é encontrada na página 32 do Manual de Oslo [10], que diz:
1
Roberto Candido possui graduação em Engenharia Elétrica pela UFPR (1985), graduação em Curso de Formação de
Professores pela UTFPR (1987), Cursos de Especialização em Automação Industrial (UTFPR), Gestão de
Manutenção(UTFPR) e Ensino à Distância(UNB) e Mestrado em Engenharia Naval e Oceânica (USP) - Pesquisa em
Modelagem de Negócios com Gestão de Projetos. Atualmente faz Doutorado na USP. É professor da UTFPR, tendo sido
diretor dos Campi de Campo Mourão e Pato Branco; atualmente, no Campus de Curitiba, é responsável pela Incubadora
Tecnológica local. Realiza avaliação de cursos de capacitação no projeto FORMARE. Desenvolve consultorias na área de
Inovação Tecnológica, Modelagem de Negócios e Desenvolvimento Regional, principais projetos em que atua são: Curitiba
Tecnoparque e Sistema Regional de Inovação, no sudoeste do Paraná. Vice-Presidente da REPARTE - Rede Paranaense de
Incubadoras e Parques Tecnológicos no biênio de 2010/2011.
2
José Reinaldo Silva é Bacharel em Física pela Universidade Federal da Bahia (1980), Mestre em Física pela Universidade
Federal de Pernambuco (1985), Mestrado Profissional em Interdisciplinary Computer Science, Mills College, USA, Doutorado
em Engenharia de Computação pela USP (1992). Pós-doutorado em Ciência da Computação e em Engenharia de Sistemas,
ambos pela University of Waterloo, Canadá. Atualmente é professor associado da Poli/USP.
3
Sebastião Dambroski é Especialista em Gestão Estratégica da Produção pela UTFPR (2004), Licenciatura Plena em
Matemática pela UTFPR (2003), graduado em Administração pela FAE (2001), Técnico em Edificações pela UTFPR (1996).
Modelo de incubação estruturada em rede e orientada por demandas de um agente de inovação regional 171
“A inovação está no cerne da mudança econômica. Nas palavras de
Schumpeter, inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo,
enquanto inovações ‘incrementais’ preenchem continuamente o processo de
mudança. Schumpeter propôs uma relação de vários tipos de inovações:
introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente;
inovação de processo que seja novidade para uma indústria; abertura de um
novo mercado; desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria-
prima ou outros insumos e mudanças na organização industrial”.
Segundo afirmam McAdan e McClelland [11], a inovação acontece de forma sequencial e continua,
sendo um processo distinto dentro do desenvolvimento de produto ou projeto, com diversas etapas
entre a ideia e a execução, sendo a criatividade a célula “tronco” do processo, conforme ilustra a
figura 1.
Geração de
Desenvolvimento
Idéias de idéias
Avaliar compatibilidade
Busca de objetivos
Avaliar viabilidade
Viabilidade técnica e comercial
Comercialização
Implementação
Hamel [7] lembra da importância da Gestão da Inovação, pois ela orientará a abordagem a ser
empregada pela organização para inovar em seus produtos ou serviços, ou seja, Inovações de
ruptura ou incrementais. Desta maneira apresenta como funções da Gestão da Inovação:
• Alocar de recursos.
Contribui Rizova [12], indicando que em média, a cada 10 projetos de inovação, 5 são descartados
antecipadamente, 3 durante o desenvolvimento e apenas 2 são conduzidos ao mercado com
chance de sucesso. A participação do cliente é de extrema importância para que o produto tenha
sucesso, seja no desenvolvimento ou no feedback para adequações e customização.
Sendo assim, é de esperar-se que inovação não seja, na maioria das vezes um processo fácil e
natural, necessitando, portanto, de mecanismos que auxiliem na sua ocorrência nas empresas e
nos produtos. Os processos de incubação são mecanismos que visam aumentar o número de
empreendimentos de sucesso.
1.2 Empreendedorismo
Não existe com desvincular a Inovação tecnológica de atitudes empreendedoras, existe uma
estreita ligação ambos, segundo Dolabella [5], à página 44:
Modelo de incubação estruturada em rede e orientada por demandas de um agente de inovação regional 173
“O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só.
Deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores,
convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável
no futuro. Além de energia e perseverança, uma grande dose de paixão é
necessária pra construir algo a partir do nada e continuar em frente, apesar
de obstáculos, armadilhas e da solidão. O empreendedor é alguém que
acredita que pode colocar a sorte a seu favor, por entender que ela é produto
do trabalho duro.
1.3 Incubação
Incubadoras de negócios são estruturas que se destinam a dar suporte a projetos que apresentam
Inovação Tecnológica com intuito de gerar riqueza através de novas empresas.
Com a globalização mundial, no ano de 2000 foi criada a REPARTE – Rede Paranaense de
Incubadoras e Parques Tecnológicos, uma associação civil sem fins lucrativos, que tem por
finalidade: Integrar, coordenar, promover e consolidar as incubadoras e parques
tecnológicos do Paraná, buscando promover a geração de riquezas e bem-estar social no
Estado.
O detalhamento desta Rede pode ser observado no site www.reparte.org.br, enquanto a figura 2
mostra a capilaridade encontrada nesta forma de relacionamento no Estado do Paraná.
Esta estrutura permite ao Estado do Paraná uma posição de vanguarda no cenário nacional em
processos de Inovação, Incubação e Empreendedorismo, oferecendo oportunidades de
desenvolvimento a Empresas Nascentes e Incubadoras que de forma isolada não teria condições
de serem alcançadas.
Modelo de incubação estruturada em rede e orientada por demandas de um agente de inovação regional 175
1.5 Um novo tempo
As empresas quando ingressam em uma incubadora podem ser qualificadas na maioria absoluta
dos casos como micro empresas, necessitando de toda a espécie de apoio para ultrapassarem o
prazo crítico de mortalidade, corrobora com esta observação Dolabella [5] à página 30, dizendo:
Nesta conjuntura, pode-se prever que não existe um modelo ideal e único para cada todos os
ambientes de Inovação, e cabe aos agentes envolvidos criar e customizar um modelo customizado
de incubação que proporcione resultados econômicos e de crescimento à sua região de
abrangência.
Nesta óptica, a estrutura pensada para este novo ambiente dever reforçar as ações já vivenciadas
no Estado, colocando a COPEL Telecomunicações como um agente que orienta o
desenvolvimento tecnológico em todo o Estado, permitindo crescimento indistinto às regiões, que
serão apenas limitadas pela competência tecnológica de seus atores.
O modelo de interação proposto neste capítulo está embasado em seis pontos fundamentais para
o sucesso de um processo inovador de incubação. São eles:
O modelo proposto é bastante simples, e está representada na figura 3, de maneira que a COPEL
Telecomunicações poderá atuar como agente indutor, levantando demandas e possibilidades de
novos negócios, estruturados na base BEL. Destas orientações estratégicas parte-se para a
análise de viabilidade econômica e se cria uma Demanda Orientada, que será direcionada á
REPARTE.
Modelo de incubação estruturada em rede e orientada por demandas de um agente de inovação regional 177
Em conjunto, REPARTE e COPEL Telecomunicações poderão elaborar um Edital de Seleção, que
será consolidado com abertura em todas as Incubadoras do Estado do Paraná. Desta maneira,
empresas nascentes de todo o Estado poderão submeter-se ao Edital, apresentando projetos em
suas regiões. Esta forma de atuação multiplicará o número de empresas envolvidas na base BEL,
garantindo projetos compartilhados e distribuídos por regiões, inclusive customizando situações
regionais futuramente.
Empresa
incubada
Incubadora Estadual
i9
Demanda
Incubadora 1 Orientada Incubadora N
Editais
Incubadora 3 Incubadora 5
Incubadora 4
3 Resultado Esperados
Este capítulo buscou apresentar uma alternativa única e inovadora para implantação de um
Ambiente de Inovação, e dele se espera como resultados:
4 Referências
[1] ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades promotoras de Empreendimentos Inovadores –
www.anprotec.org.br.
[2] TIGRE, PAULO BASTOS - Comércio Eletrônico e Globalização:Desafios para o Brasil1999, Editora
Campus Ltda. A Qualidade da Informação - Rua Sete de Setembro, 111 - 16º andar - 20050-002 Rio
de Janeiro RJ Brasil – consulta ao site http://www.liinc.ufrj.br/fr/atta-
chments/055_saritalivro.pdf#page=84
[3] AMABILE, TERESA - How to Kill Creativity - (1998) Harvard Business Review, September, 77–87.
[4] CLARK E WHEELWRIGHT - Revolutionizing product development - New York. - Free Press – 1992
[7] HAMEL, GARI - Bringing Silicon Valley Inside. (Statistical Data Included). Harvard Business Review 77.5
(Sept-Oct 1999): p71.
[8] HAMEL, GARI - The Why, What, and How of Management Innovation - Harvard Business Review
http://harvardbusinessonline.hbsp.harvard.edu/hbsp/hbr/articles/article.jsp?articleID= R0602
[9] LOPES, MARCOS AURÉLIO; SANTOS, GLAUBER DSO; AMADO GUILHERME BIEL – Depto. de Eng.
de Produção - Universidade Federal de São Carlos – Retirada no endereço
http://www.geneticasysid.com.br/artigo12.pdf, em 28.12.2008
[10] MANUAL DE OSLO – Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação
Tecnológica – OECD – FINEP – 2004 – Brasília.
[11] MCADAM, RODNEY e MCCLELLAND,JOHN - Sources of new product ideas and creativity practices
in the UK textile industry - University of Ulster, School of Management, Jordanstown Campus,
Modelo de incubação estruturada em rede e orientada por demandas de um agente de inovação regional 179
Shore Road, Newtownabey, Co. Antrim BT37 0QB, UK - 0166-4972/01/$ - see front matter. Crown
Copyright 2001 Published by Elsevier Science Ltd. All rights reserved. PII: S0166-4972(01)00002
[12] RIZOVA, POLLY - Are You Networked for Successful Innovation? – Mit Sloan Management Review
Spring 2006 Vol.47 No.3 Reprint Number 47310
[14] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. COPEL Telecomunicações, Curitiba, 2009, 207pp.
1 Introdução
Num tempo em que coisas velhas morrem sem que novas existam e paradigmas – sociais,
culturais e econômicos são destruídos, faz-se necessário o repensar.
No mercado, o cenário aponta para uma reorganização emocional, social e econômica e para o
aumento na complexidade e na interdependência entre empresas, indivíduo, família, escola e
sociedade.
O Brasil é importante neste novo contexto mundial. São 50 milhões de brasileiros on-line, 23 horas
por mês. Vive-se a democratização dos meios de produção de conteúdo. Uma pessoa com apenas
um celular com câmera na mão é uma produtora de conteúdo em potencial. Os brasileiros estão
entre os recordistas mundiais no uso das redes sociais.
Os Projetos BEL (Banda Extra Larga no modelo inovador de rede aberta e neutra), COPEL.org
(acesso sem fio às populações de mais baixa renda) e BEL-i9 (incubadora fomentadora do
empreendedorismo em telemática) oferecerão, a todos os 3,5 milhões de consumidores de
energia, conteúdos, produtos e serviços através de uma rede Internet inovadora.
1
Rita de Cássia Laporte possui Graduação em Administração de Empresas pela FADEPS (1996), MBA em Marketing
Executivo pela ISAE/FGV (2001). Experiência no mercado comercial, em negociações, em treinamento de equipes de
pesquisas científicas e de mercado, qualitativas e quantitativas. Trabalha na COPEL desde 1997 onde, atualmente, exerce
atividades como Analista de Gestão/Marketing.
Walter Longo, evangelista da maior agência de publicidade brasileira e empreeendedor digital, diz
que o novo marketing se baseará no tripé informação, interatividade e entretenimento [3].
Antes o marketing utilizava dados passivos, implícitos, hoje as pessoas on-line contribuem
ativamente, oferecem, compartilham dados pessoais, situações que vivem, interesses,
relacionamentos, e isto vale ouro porque expressa o que realmente querem.
Estes dados podem ser captados, medidos pelas empresas e conectados para o desenvolvimento
de novos produtos e serviços.
No campo do marketing o cliente geralmente não sabe o que quer, porque não sabe tudo o que
pode querer.
Criatividade para se manter no mercado e criar algo novo, para ser revolucionário, e para
despertar a atenção do cliente, estudando o comportamento dos consumidores on-line.
Para criar o novo, as empresas precisam basicamente de quatro perfis profissionais: o sujeito
especialista em entretenimento, o da informação, o da interatividade e o nexialista. Este último não
é de fato especialista em nada, mas faz o papel de integrador, promovendo a sinergia para que as
três primeiras partes tenham nexo.
A COPEL, através do Projeto BEL-i9 vai ao encontro do futuro com empreendedorismo e busca
parceiros para este desenvolvimento, que combinem ideias acadêmicas com as demandas do
mercado.
O projeto compreende uma parceria entre a COPEL e outras empresas e instituições (de ensino
superior, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, fomento, etc) promovendo interação entre
academia, tecnologia e novos negócios, criando oportunidades para os egressos dessas
academias. Estes indivíduos estão atentos ao que acontece em vários cantos do mundo, abertos
às novidades e funcionam como antenas capazes de capturar algumas das transformações em
curso na sociedade.
3 Conclusão
[2] WEIGEND, Andreas. O marketing das redes sociais. Negócios/HSM Management, TAM nas Nuvens,
Anova Alemanha, Ano 02, Nº 23, Novembro de 2009. www.tam.com.br
[3] LONGO, Walter. Inovação e renovação quebrando paradigmas do marketing. Fórum de Marketing.
Curitiba 2008.
1 Introdução
O projeto BEL tem como objetivo disponibilizar uma rede IP de altíssima velocidade, inovadora em
conteúdo, produtos e serviços para ser disponibilizada, até 2020, aos 3,5 milhões de consumidores
da COPEL (energia), em todas as regiões do Paraná, com variados perfis sócio demográficos,
gerando amplas possibilidades de negócios e novas experiências de consumo.
Este capítulo tem por objetivo fazer uma análise do potencial de consumo e de oportunidades que
esta rede deve gerar para as empresas interessadas em ofertar produtos e serviços para os
usuários finais conectados à rede BEL.
Além das implicações já descritas no próprio conceito do projeto BEL [1], será avaliado o impacto
adicional e os benefícios que isto pode trazer para o projeto, seus usuários e parceiros de
negócios.
O capítulo inicia pela análise de duas situações que alteraram profundamente a estrutura
socioeconômica até então estabelecida: a expansão da classe C no Brasil e o crescimento
exponencial da Internet e mais especificamente da área de comércio eletrônico.
1
Gilberto Krieger é formado em Engenharia Civil pela UFPR, com cursos em Marketing pela Business School Ohio University
e LDP pela Columbia University. Foi Supervisor, Diretor, Gerente Regional, Vice Presidente e membro do board da McCann
Brasil e General Manager da Universal Publicidade entre 1986 e 1999. Diretor de Marketing do Grupo Lorenzetti entre 1990 e
1992. Atualmente é Sócio Diretor da AG1/Great Comunicação, o que exerce desde 2000, e Sócio Diretor Digiquest Pesquisa
de Mercado, função exercida desde 2005.
BEL-i9: a possibilidade de inovar e comercializar sobre uma rede telemática com significativo potencial de consumo 185
2 Nada será como antes
A partir de 2008, a classe média passou a ser maioria no Brasil. São hoje 52% da população (eram
44% em 2002) – ou 100 milhões de brasileiros, segundo a FGV. Hoje, define-se como classe
média, ou classe C, as famílias com renda mensal entre R$ 1.860 e R$ 4.650.
O que significa pertencer à classe média? “É ter filhos estudando em boas escolas particulares, um
carro e dinheiro para uma pequena viagem de fim de semana uma vez por mês”, afirma um dos
emergentes.
Impulsionado pelo consumo da classe média, o Brasil tornou-se um dos maiores fabricantes de
computadores do mundo São 60 milhões de computadores em uso no Brasil, segundo estudos da
FGV, devendo chegar a 100 milhões em 2012.
Este maior acesso aos computadores e consequentemente à Internet, são fatores diretamente
ligados ao aumento do comércio on-line.
Já são 64,8 milhões de internautas no Brasil. Segundo o Ibope Nielsen Online, em julho de 2009
houve um aumento de 2,5 milhões de pessoas em relação ao mês anterior.
97% das empresas e 23,8% dos domicílios brasileiros estão conectados à Internet.
27,5 milhões acessam regularmente a Internet de casa, número que sobe para 36,4 milhões se
considerados também os acesso do trabalho (jul/2009).
De acordo com dados da E-bit (empresa que é referência em informações sobre o segmento), no
primeiro semestre deste ano as vendas on-line cresceram 27% em comparação com o mesmo
período do ano passado e esse mercado de e-commerce movimentou R$ 4,8 bilhões. O valor
médio das compras é de R$ 323 reais. A previsão é que o ano feche em R$ 10,6 bilhões.
Só neste ano foram 2 milhões de novos consumidores que passaram a comprar pela Internet e
esse número tende a crescer cada vez mais dentro de um universo de 60 milhões de internautas
do Brasil, segundo a E-bit.
Com o crescimento vertiginoso do setor, torna-se cada vez mais importante que as empresas
busquem seu espaço na rede mundial de computadores para vender seus produtos.
Há cerca de dez anos, bastava que a empresa tivesse seu espaço na web, mas hoje isso mudou e
a Internet tornou-se uma ferramenta indispensável para realização de negócios.
Uma pesquisa realizada com 109 empresas do país pela Consultoria Deloitte revela que, para 69%
dos entrevistados, as relações via Internet foram o meio de comunicação mais eficiente para a
promoção de vendas nos últimos 12 meses.
A Internet se tornou o terceiro veículo de maior alcance no Brasil, atrás apenas de rádio e TV. 87%
dos internautas utilizam a rede para pesquisar produtos e serviços. Antes de comprar, 90% dos
consumidores ouvem sugestões de pessoas conhecidas, enquanto 70% confiam em opiniões
expressas on-line.
O BEL vai gerar uma rede com potencial para atingir a 3,5 milhões de usuários, que terão
disponibilidade de rede com alta velocidade, usuários estes com perfil, padrões e comportamento
de consumo de internautas. Terão acesso aos bundles, pacotes de serviços que agregam
telefonia, Internet, TV por assinatura, video on demand, etc.
Mas muito mais que isso, formarão um clube de usuários com características bastante definidas e
conhecidas. Para este clube de usuários poderá se ofertar:
• A criação de um “Shopping BEL” com todos os tipos de lojas virtuais ofertando serviços e
produtos, desde os mais comercializados atualmente on–line, como livros, revistas e
assinaturas, saúde, beleza e medicamentos, informática, eletrodomésticos e eletrônicos.
BEL-i9: a possibilidade de inovar e comercializar sobre uma rede telemática com significativo potencial de consumo 187
• Atração dos grandes anunciantes de mídia on-line (setor financeiro, seguros, veículos,
telecomunicações) que podem oferecer produtos para perfis específicos dos usuários
BEL.
• Portais com conteúdos dirigidos com informações, notícias, trânsito, clima, segurança,
cursos de educação à distância, games,etc.
Baseando-se no atual perfil de consumo e tíquete médio no Brasil, pode-se afirmar que os
usuários da Rede BEL gerarão um potencial de consumo acima de R$ 1 bilhão de reais/ano.
Com todas essas frentes, a COPEL ainda estará oferecendo, a jovens empreendedores, a
possibilidade de incubarem novos negócios na plataforma BEL. Com o projeto BEL-i9, será aberta
uma gama enorme de perspectivas parao desenvolvimento de produtos e serviços digitais
inovadores, que poderão vir ao mercado por meio da própria plataforma BEL, o que é uma enorme
vantagem nos contextos de facilidade de inovação e de comercialização.
6 Conclusão
O desenvolvimento tecnológico deu início a uma nova era de novas experiências de consumo e
infinitas possibilidades de negócios. Estamos apenas no início desta revolução que começa alterar
a ordem econômica e as empresas que não estiverem acompanhando esta tendência correm
sérios riscos de ficar no meio do caminho. A rede BEL é um ótimo exemplo das possibilidades e
oportunidades que irão surgir nos próximos anos com criação de mercados e de potenciais de
consumo e vendas acima de R$ 1 bilhão.
7 Referências
[1] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. COPEL Telecomunicações, Curitiba, 2009, 207pp.
[4] www.idgnow.com.br.
[6] Noticias Publicadas Estudo Consumidor Classe C-Fundação Getulio Vargas (FGV) 2009
1 Introdução
Missão
Visão
1
Marcos Ferigotti é formado em Engenharia Mecânica (UFPR), com MBA em Gestão Estratégica em Marketing e Vendas
(IMEC) e Gestão de Empresas (CEC), com experiência profissional e de gestão em empresas de pequeno, médio e grande
porte. É autor do livro Inteligência Consultiva – Qualidade a Serviço do Cliente pela editora Protexto e atualmente trabalha no
Departamento de Novos Negócios da COPEL Telecomunicações.
2 Um diálogo difícil
A Era do Conhecimento, que se vive hoje, é caracterizada por uma nova ordem econômica e
social, pelos grandes avanços científicos e tecnológicos e por um crescente processo de
globalização que demanda a criação de uma cultura de inovação nas organizações.
Neste novo ambiente, altamente competitivo, o lançamento de novos produtos e serviços, sejam
estes completamente novos ou evoluções de produtos já existentes, passou a ser fundamental
para um bom desempenho e sobrevivência de muitas empresas no mercado. Para Brisolla [1], “o
processo de inovação, talvez mais do que qualquer outra atividade econômica, depende do
conhecimento. Assim sendo, é imperativo buscar a inter-relação entre universidade e empresa,
uma vez que a importância da informação e do conhecimento nas economias e nos processos
produtivos está reposicionando o papel desempenhado pelas universidades, não somente pela
transmissão dos conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos por esta relação, mas,
essencialmente, pela maior utilização socioeconômica destes, traduzidos em aplicações
mercadológicas que contribuam efetivamente para a geração e o desenvolvimento sustentado de
empreendimentos.
Por acreditar na alta relevância de se proporcionar aos incubados egressos das academias uma
formação complementar, para apoiar não somente o início de um empreendimento, mas também,
a consolidação de empresas tecnologicamente inovadoras e competitivas, é preciso que a
incubadora oportunize, de forma continuada, consultoria e assessoria agregada para proporcionar
uma visão abrangente e integrada de gestão empresarial para capacitar estas empresas a entrar
de forma competitiva no mercado e transformá-las em potencias geradoras de emprego e renda.
Além disto, é possível elencar demais vantagens e benefícios resultantes desta dinâmica em
outros aspectos, tais como:
4 Conclusão
5 Referências
[1] BRISOLLA, Sandra Negraes. O projeto universidade e empresa, ciência e tecnologia. Extraído do site
http://www.cedes.unicamp.br/revista/ver/pesq56/pesq562.html em 26/11/2009.
[2] CARVALHO, J.L.M., TOLEDO, J.C. As motivações para projetos de interação universidade-
empresa:o caso da UFSCar. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Departamento
de Engenharia de Produção, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
[5] PESSOA, Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada
estrategicamente, em equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.
1 Introdução
Encontrar caminhos para o desenvolvimento sustentável com qualidade de vida para a nossa e as
próximas gerações é um dos maiores desafios do nosso tempo. E a pergunta que nos vem à
mente é como conseguir que o avanço das tecnologias de informação e comunicação possa estar
a serviço deste grande desafio? Como dar acesso às comunidades aos conhecimentos e práticas
produzidos globalmente, às ferramentas e soluções computacionais, aos mercados, às plataformas
de cooperação e aos recursos para realização de projetos?
Para iniciar esta abordagem queremos nos valer da Carta da Terra [12], este instrumento de
reflexão e inspiração para a ação, resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de
objetivos comuns e valores compartilhados. Ela é uma declaração de princípios éticos
fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e
pacífica, endossado por mais de 4500 organizações governamentais e não governamentais. Em
seu preâmbulo a Carta da Terra declara: “Estamos diante de um momento crítico na história da
Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo
torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo
e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica
diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre
com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global
fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa
cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos
1
Eduardo Manoel Araujo é Engenheiro Civil pela UFPR, Mestre em Ciência da Computação pela UNICAMP, Especialista em
Gestão e Qualidade pela JUSE - Japanese Union Of Scientists and Engineers, em Estratégia pela University of Michigan, em
Valores Humanos pela Fundação Peirópolis, em Investigação Apreciativa pela Weatherhead School of Management da Case
Western Reserve University. Autor do livro “Um Sonho Possível – do materialismo não sustentável a uma vida holística
sustentável” publicado em 2003 pela Willis Harman House, Presidente do Instituto Arayara de Educação para a
Sustentabilidade, Consultor de Desenvolvimento Regional Sustentável na Diretoria de Meio Ambiente e Cidadania Empresarial
da Companhia Paranaense de Energia – COPEL, Articulista da revista Atitude Sustentável, Articulador da Rede da
Sustentabilidade e da Universidade Aberta para a Sustentabilidade.
Estamos falando basicamente de vida e de uma conversa entre gerações. Para tanto precisamos
compreender algumas regras básicas da vida que assim como a lei da gravidade e do
eletromagnetismo nos foram dadas e fazem parte intrínseca do viver.
Com relação a vida e sua compreensão vou me basear na Ética do Cuidado de Leonardo Boff e na
Alfabetização Ecológica de Fritjof Capra. No que diz respeito ao ser humano e o processo de
aprendizagem me inspirarei na Pedagogia Waldorf [11], na Pedagogia da Integração, e em Rubem
Alves [1]. Na dimensão da gestão me servirei da evolução das abordagens de planejamento, de
estratégia e dos programas de qualidade nas organizações.
Fritjof Capra através da Alfabetização Ecológica [5] nos mostra que existem alguns princípios
2
básicos da vida expressos na ecologia profunda que incluem: a diversidade, as redes, o equilíbrio
dinâmico, os ciclos, o aprendizado e o desenvolvimento.
2
Ecologia Profunda é um conceito filosófico que vê a humanidade como mais um fio na teia da vida. Cada elemento da
natureza, inclusive a humanidade, deve ser preservado e respeitado para garantir o equilíbrio do sistema da biosfera. Vê o
mundo como uma teia de fenômenos essencialmente inter-relacionados e interdependentes. Ela reconhece que estamos todos
inseridos nos processos cíclicos da natureza e somos dependentes deles.
A diversidade é uma destas primeiras compreensões necessárias e uma das mais poderosas
fontes de aprendizado que a humanidade possui. A diversidade biológica, social, cultural, artística,
de tradições, emocional e espiritual são perspectivas amplas e diferentes na abordagem da
evolução. Ele nos mostra a diversidade como sendo uma das bases da vida, e um importante fator
de contribuição com a propriedade da resiliência. Que nada mais é do que a capacidade de
adaptação e sobrevivência no longo prazo.
Dentro desta perspectiva, quando uma organização ou um grupo de pessoas está trabalhando em
um projeto ou construindo alguma coisa, o melhor é termos a maior diversidade possível neste
processo. Não por pena de algum grupo minoritário, mas porque necessitamos estas perspectivas
completamente diferentes para termos um projeto ou construção mais rica, com mais vida, e
também para evitar os percalços que não seriam percebidos mais cedo se o grupo não tivesse
grande diversidade. Para termos a melhor criação possível devemos ter a maior diversidade
possível participando. Para ter o melhor precisamos de todos!
A vida se desenvolve segundo uma rede colaborativa de espécies. A resiliência é uma propriedade
que esta teia da vida apresenta a partir da diversidade de espécies e de indivíduos dentro destas
espécies. Esta propriedade nada mais é que a capacidade de adaptação e sobrevivência à longo
prazo. Quando uma nova situação surge alguns indivíduos cooperando nesta complexa rede de
espécies tem a capacidade de se adaptar e manter a teia da vida.
Ela nos mostra que quanto maior for a diversidade tanto de espécies quanto de indivíduos uma
mesma espécie e quanto maior for a quantidade e a qualidade dos relacionamentos entre os
indivíduos e espécies, maior será esta capacidade adaptação e sobrevivência às diferentes
mudanças do ambiente. O que é fácil de constatar, porque diante de uma nova situação, de um
evento ou de uma mudança qualquer, que represente ameaça a vida, quanto maior for a
diversidade de indivíduos e de espécies, maior será a possibilidade de, apesar de muitos
morrerem, algumas espécies e alguns indivíduos não serem afetados e seguirem em frente. Por
outro lado quando maiores e mais complexos forem os relacionamentos entre os indivíduos e as
espécies maiores as possibilidades de cooperação para manutenção da vida. O que resumindo
nos diz que a vida é mais forte quanto maior a qualidade e a quantidade das relações entre
indivíduos da mesma espécie e entre indivíduos de diferentes espécies. De repente descobrimos o
quão dependente somos uns dos outros enquanto indivíduos e enquanto espécies.
Einstein nos provou cientificamente que a matéria nada mais é que energia condensada. No nível
quântico da realidade somos um grande mar de energia.
Fritjof Capra mostra como este processo acontece. Sempre que temos alguma situação onde
existe um desequilíbrio de energia, o processo tende a trazer o conjunto para o equilíbrio. Assim,
se em uma organização de pessoas temos a supremacia de um tipo de energia, o seu processo
tende a ser mais controlador, centralizador e baseado em poder. Quanto mais isto se reforça, mais
as ações da organização precisam de mais energia para serem implementadas. Chega-se a um
ponto onde uma energia absurdamente grande é necessária até para fazer pequenas ações. De
outro lado, à medida que este processo avança, outro conjunto de forças começa a mostrar para a
organização outro jeito de fazer as coisas, mais baseado na energia oposta. Incentivando a
descentralização e a cooperação.
Temos duas formas de nos relacionarmos com estas energias aparentemente opostas e
frequentemente polarizadas. Ou entramos no mundo das aparências e passamos a lutar contra
posições aparentemente antagônicas. Criamos argumentos e os defendemos. Ou percebemos as
coisas desde um ponto de vista energético e vamos observando o quanto de energia de uma
polaridade e de outra tem dentro de cada pequena ação ou decisão. E buscamos sempre olhar
para cada situação e nos perguntamos qual o balanço ideal entre estes polos de energia para esta
situação? O conflito na realidade é apenas uma ilusão, pois não existem dois lados. Temos um
conjunto que ora está com a energia de um polo ou de outro em excesso.
Como tudo tende ao equilíbrio, não existe certo e errado, esta dualidade é apenas uma ilusão. O
que temos é apenas energias que devemos constantemente analisar para sentir quando estamos
aplicando exageradamente uma ou outra. Assim, podemos até por curiosidade fazer exercícios de
como uma determinada ação seria feita com um pouco mais de uma energia ou da outra.
Considerando esta propriedade da vida fica mais fácil compreender situações de desequilíbrio,
porque elas acontecem e o que fazer para trazê-las mais para o equilíbrio. Fica também mais fácil
de prever consequências de determinadas ações que tendem a trazer um desequilíbrio para os
sistemas.
Assim, modelos hierárquicos podem funcionar em harmonia com modelos de rede. A hierarquia
organizacional estruturando e definindo um conjunto básico de processos, projetos e controles. E a
Outra forma de abordar estas questões, porém sem falar em energia, é para cada situação trazer
uma diversidade e olhares para, a partir deles, definir ações e decisões. O efeito de múltiplos
olhares, com a maior diversidade possível, tende a fazer com que nos orientemos para definições
com um equilíbrio maior entre estas energias. Como nossas percepções individuais são muito
limitadas, quando trabalhamos com várias percepções e com maior diversidade passamos a
construir, no encontro das percepções individuais, uma percepção coletiva bem mais ampliada.
A energia de uma organização de pessoas pode também ser percebida pela qualidade da
conversa que ali ocorre. O conjunto destas conversas pode apontar mais para o passado, para o
presente ou para o futuro. Ele pode apresentar mais elementos de medo ou de esperança, de
potencial e de possibilidades. Este conjunto pode ser mais positivo e afirmativo ou negativo,
inibidor e paralisante. Ele pode mostrar uma grande quantidade e conversas ou uma pequena
quantidade delas. Quanto mais apreciativas, vibrantes e inspiradoras as conversas tanto mais
positiva a energia da organização e consequentemente o seu potencial.
Ciclos
Cada indivíduo, cada espécie, cada elemento da natureza é um sistema aberto em constante
interação com o meio. Assim dependemos de alguns insumos para viver e devolvemos estes
insumos transformados que serão por sua vez insumo para outras espécies. E neste circular de
matéria e energia as coisas voltam a ser o que eram. A água limpa que é poluída, utilizada,
descartada volta a ser água limpa num ciclo de evaporação-transpiração, condensação, transporte
e precipitação. Os elementos que compõe a estrutura de uma maçã em algum momento se
dispersam, participam de outros ciclos até se tornarem disponíveis para fazer parte de outra maçã.
Como na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, precisamos estar atentos para
entender de que ciclos vêm os insumos para nosso viver e para que ciclos devolvemos estes
insumos por nós transformados.
Como devolvemos todos os nossos rejeitos e descartes para os ciclos naturais da vida. Quanto
mais curtos forem estes ciclos para aquilo que não queremos, mais rapidamente eles podem se
tornar insumos para nossa vida novamente. Quanto mais longos forem estes ciclos mais
estaremos aprisionando matéria e energia em ciclos longos que estarão indisponíveis para o ser
humano por um longo período de tempo. Como os recursos do planeta são finitos esta matéria e
esta energia podem fazer falta para as gerações futuras.
Aprendizado e desenvolvimento
Assim, o aprendizado parece ser algo ligado a nossa forma de abordar as experiências da vida e
nossa abertura e desejo de aprender uns com os outros, com a natureza e com o movimento de
criação do universo.
Na rede da vida a autonomia e a criatividade permitem que cada indivíduo aprenda, se desenvolva
e contribua com o todo o seu potencial. Observando a vida também é possível se notar um fluxo
de transformação que tem um movimento próprio ao longo do tempo. Também na espécie humana
cada indivíduo tem o seu tempo interno para realizar novas aprendizagens. Na teia da vida os
indivíduos aprendem por diferentes meios segundo suas capacidades. Exploraremos este tema um
pouco mais adiante no quando explorarmos a ser humano integral.
Com Leonardo Boff aprendemos uma forma muito simples de entender a Ética do Cuidado [4]:
ninguém cuida daquilo que não ama e ninguém ama aquilo que não conhece. Assim é preciso que
ampliemos o nosso conhecimento da vida em todas as suas nuances e dimensões. Para que
pouco a pouco, por conhecer nos maravilhemos com a complexidade, com a sabedoria, com a
beleza do que encontramos e com isto passemos a respeitar, reconhecer e amar. E por amar cada
pequeno pedacinho da criação passemos a expressar este amor através do cuidado com todas as
formas com que ela nos presenteia. Todo esforço de aprender, de conhecer ou de ensinar, de
tornar conhecido qualquer aspecto da vida é uma grande contribuição em direção a valorização da
vida e consequentemente da sustentabilidade das espécies e do planeta.
Somos um ser integral complexo composto de nosso corpo, nossa mente e nossa essência. No
aspecto físico nos conhecermos enquanto um ser biológico, capaz de raciocinar e de se emocionar
e de expressar sentimentos. Através de nossos sentidos captamos alguns aspectos da realidade
que nos envolve e através de nossa mente formamos uma percepção do que apreendemos. O
conjunto destas percepções acaba formando nossos modelos mentais, nossas formas de
interpretar a realidade e nossos paradigmas. E em nossa essência estão nossos valores, nossos
princípios, nossa cosmovisão, nossa ética diante da vida. Através do filtro de nossa percepção e
interpretação conhecemos uma parte da realidade e, considerando nossos valores e princípios,
escolhemos nossas ações e reações.
Na vida estamos em um relacionamento constante com as demais pessoas – que são seres
integrais como nós, com as demais espécies e elementos da natureza. Existe então uma dimensão
do desenvolvimento sustentável que é a sustentabilidade das nossas relações. O quanto estamos
sendo capazes de criar e manter diálogos, trabalhos em grupo e relacionamentos inspiradores.
Que envolvam nossa dimensão humana integral, que permitam o desenvolvimento de nossos
valores, de nossa percepção do mundo e da vida, da qualidade de nossas escolhas, de nosso
conhecimento e de nossa sabedoria de vida.
A motivação pode ser trabalhada de diversas maneiras. Segundo Rubem Alves, se observarmos
uma criança vemos uma curiosidade natural e um gostar de brincar e criar brinquedos que se
alimentada se transforma num processo natural e empolgante de aprendizagem e de criação.
Despertar e alimentar esta curiosidade e esta vontade de brincar adormecidas nos adultos, latente
nos jovens e existentes nas crianças é um mecanismo muito eficaz e natural de motivação. Trazer
um pouco do novo, do inesperado, do desconhecido, da novidade e do desafiador desperta e
alimenta nossa curiosidade. O lúdico, a arte, o teatro, o contar de estórias e a música entre outras
coisas reavivam nossa vontade de brincar, de imaginar e de criar brinquedos. Quando penso no
potencial das tecnologias de informação e comunicação neste segmento chego a me arrepiar.
Imaginem se colocarmos toda nossa capacidade para criar novas formas de despertar nas
pessoas esta curiosidade e esta vontade de brincar? Despertar esta motivação que está latente e
é natural em todas as pessoas! Resgatar o brilho nos olhos, o se permitir sonhar, o contar das
estórias, a vontade de mudar o mundo!
O aprendizado nos desafia a criar espaços e ambientes que possam aguçar nossos aprendizados,
desde os formais como escolas, faculdades e universidades até os informais. Espaços e
Por fim o reconhecimento virtual ou presencial, local, nacional ou mundial, simples ou cerimonioso
é outro combustível para alimentar a auto-estima das pessoas e consequentemente a sua
motivação. Para tanto colocar nossa criatividade a serviço de formas de dar visibilidade ao que
existe e de realizar eventos e mobilizações, presenciais ou virtuais, de reconhecimento público é
um serviço importante em prol da motivação das pessoas e portanto da qualidade da energia do
processo de desenvolvimento sustentável.
PESSOAS PROCESSOS
Pensando em comunidades, desde as pequenas até um município inteiro, vemos que este
processo, numa visão de pensamento complexo, deve reunir de forma participativa grande parte
dos atores com sua diversidade de saberes para em primeiro lugar reconhecer o contexto local.
Reconhecer a história, os valores e a identidade da comunidade. Para em seguida realizar um
processo amplo de mobilização, de articulação, de educação e de capacitação que permita que os
atores locais encontrem um sentido que lhes motive e desperte a vontade de ser um agente
transformador da história e também tenham acesso ao conhecimento necessário para melhor
atuar. Com esta vontade e o conhecimento apreendido são criados e melhorados os processos, os
projetos e as políticas públicas.
O que procuraremos explorar neste capítulo são formas através das quais a tecnologia da
informação e da comunicação pode ajudar nos processos de mobilização, de sensibilização, de
motivação, de articulação, de aprendizagem, de promoção da diversidade, de resgate da história e
dos valores, de construção da visão de futuro compartilhada, de elaboração de projetos
colaborativos, de viabilização de recursos e de gestão participativa. Para tanto estamos
organizando esta abordagem nos três grupos mostrados no processo de planejamento e gestão
participativa:
Para o desenvolvimento da visão de futuro podemos contar com um processo de criação coletiva
que passa por momentos presenciais e por registros em uma ferramenta georeferenciada e
interativa num crescente de compreensão da realidade, de suas variáveis críticas, de seus
relacionamentos e de escolhas de prioridades, de estratégias e de projetos. O registro de eventos,
de apresentações e de representações artísticas novamente pode garantir não só uma mobilização
entusiasmante como também um conjunto rico de vídeos e matérias a serem trabalhados num
espaço virtual para mostrar de forma viva e profunda o sonho de futuro e as escolhas da
comunidade para sua realização.
3
Educomunicação é um conceito associado a construção de ecossistemas comunicativos abertos, dialógicos e criativos, nos
espaços educativos, quebrando a hierarquia na distribuição do saber, justamente pelo reconhecimento de que todos as
pessoas envolvidas no fluxo da informação são produtoras de cultura, independentemente de sua função operacional no
ambiente escolar.
Uma das bases de todo processo de transformação é a educação. A educação que reconhece a
história, que está aberta ao aprendizado, que rompe paradigmas, que cria novas possibilidades,
que coopera globalmente na construção do conhecimento da humanidade, que compartilha seus
aprendizados de forma ampla e irrestrita, que é inclusiva, que tem na diversidade das pessoas a
sua sabedoria, que acolhe todos os saberes sem dar-lhes distinção especial, que está atenta as
mudanças do mundo, que busca novas perguntas, que estimula a criatividade e a criação, que
brinca de aprender e aprende brincando, que permite que o potencial latente em cada ser humano
se desenvolva e dê frutos. Neste processo educacional amplo e aberto a tecnologia da informação
e comunicação pode emprestar o seu melhor para despertar a curiosidade dos aprendizes, para
ajudar a conhecer o mundo, para facilitar a relação e a cooperação entre as pessoas do lugar e
com as pessoas de outros lugares, para criar jogos educativos cooperativos e interativos, para
promover a educação à distância, para criar ambientes de aprendizagem interativos, para facilitar o
autoaprendizado de línguas e culturas.
O espaço aberto – open space, é uma tecnologia social que também pode ser potencializada pelo
uso da tecnologia de informação e comunicação. A ideia é simplesmente dar publicidade para as
agendas de temas de diálogo que as pessoas gostariam de propor e com isto facilitar os encontros
de pessoas que tem o mesmo interesse e disposição para levar adiante uma conversa, um projeto
ou mesmo uma realização.
Aqui a tecnologia de informação e comunicação também tem uma importância fundamental para
que os projetos, as políticas e os processos possam ser transformados eles precisam em primeiro
lugar existir, estar documentados, de forma compreensível, acessível e de preferência em
processo contínuo de atualização. Tudo isto envolvendo os atores e saberes fundamentais para a
qualidade do processo e em um ambiente de co-criação permanente que permite uma capacidade
de adaptação mais ágil e eficaz diante das transformações dos atores, do local e do mundo.
Assim, as ferramentas de documentação, de criação cooperativa e de utilização aberta que
possam ser compartilhadas por múltiplos atores, a publicidade, a visibilidade e o acesso que se dá
aos processos, aos projetos e às políticas são elementos de alavancagem do sucesso desta
criação. Outro ponto importante aqui é o acesso ao estado da arte naquele assunto no mundo.
Plataformas que permitam uma ampla troca de experiências na criação, na implementação e na
coordenação destes processos, projetos e políticas no mundo são um elemento importante.
Outra possibilidade é a alvancagem dos negócios com a base da pirâmide como enunciado por
C.K. Prahalad [10]. Ele nos mostra que para se dar acesso a este imenso contingente de pessoas
que tem um pequeno poder de compra aos produtos e serviços que elas necessitam é preciso
inverter o raciocínio usual que é o de se utilizar tecnologias e projetos que já tem seus custos
amortizados e aplicá-las nestes projetos como forma de baratear os custos. Prahalad nos desafia a
pensar radicalmente diferente. Ele nos mostra através de inúmeros exemplos que para as pessoas
que estão nesta camada eu tenho que ter o produto de menor custo possível e com uma
possibilidade de tê-lo disponível em grande escala. Assim, se deve investir muito em pesquisa e
desenvolvimento para que com a melhor tecnologia possível se consiga este alcance e esta
redução de preços. Em muitos dos exemplos citados por ele a tecnologia da informação e
comunicação nas mãos destas pessoas e com aplicativos que as conectam com o mundo é o que
lhes dá poder de entrar na rede mundial com seus produtos e serviços. Ao vender um produto local
estar sabendo a cotação nas bolsas do mundo daquela mercadoria. Ao tomar um crédito poder
negociar a sua amortização e juros sabendo os valores que o mundo está praticando. Diante de
um novo estímulo existente no mundo estar em condições de colocar a sua possibilidade como
parte do rol de possíveis alternativas.
4 Conclusão
O que procuramos neste capítulo foi ressaltar o papel da tecnologia de informação e comunicação
como instrumento do desenvolvimento sustentável das comunidades. Para tanto qualificamos o
termo desenvolvimento sustentável e percebemos a sua ligação com a vida e o ser humano
integral como agente. Com o auxilio da Alfabetização Ecológica e da Ética do Cuidado revisamos
Para tanto é fundamental que se tenha na comunidade uma infraestrutura que seja adequada ao
volume deste potencial, que as pessoas tenham facilidade de acesso a estas tecnologias e que se
trabalhe muito bem a dinâmica dos grupos no desenvolvimento destas tecnologias sociais.
Encerramos nossa participação com uma citação do Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis [9] que diz: “Somos todos aprendizes e educadores”. É a partir desta
posição que nos coloca no mesmo ponto e nas mesmas condições que esta uma das maiores
forças deste processo de resgate da simplicidade e da beleza da vida.
5 Referências
[1] ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas: Papirus,
2002.
[2] ARAUJO, Eduardo M. Um sonho possível – do materialismo não sustentável a uma vida holística
sustentável. São Paulo: Willis Harman House, 2003.
[3] ARAUJO, Eduardo M. Vida e sustentabilidade. Artigo publicado na revista Atitude Sustentável, ano I
número 1, Curitiba: MundoGeo, 2009.
[4] BOFF, Leonardo. Saber cuidar: Ética do Humano-Compaixão pela Terrra. São Paulo: Editora Vozes,
1999.
[5] CAPRA, Fritjof e outros. Alfabetização Ecológica – a educação das crianças para um mundo
sustentável. São Paulo: Editora Cultrix, 2007.
[6] CAPRA, Fritjof . Conexões Ocultas – ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Editora Cultrix,
2001.
[9] ECO92. Tratado de educação ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global.
Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho das Organizações Não-Governamentais, reunido para
este fim, no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992.
http://www.vitaecivilis.org.br/anexos/EDUCACAO_AMBIENTAL_35.PDF, acesso em 21/12/2009.
[11] STEINER, Rudolf. A Arte da Educação – volume I. São Paulo: Antroposófica, 2003.
[13] Brundtland, Gro H. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991.
http://www.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-Em-Portugues e
em inglês em http://www.un-documents.net/wced Comportamento do Consumidor. São Paulo:
Editora Atlas, 2004.
1 Introdução
Uma das mudanças mais marcantes ocorridas no passado recente, sem dúvida, é o surgimento da
Internet. E ainda que no Brasil o índice de penetração domiciliar de microcomputadores seja
relativamente baixo, há mais de 60 milhões de usuários da rede mundial, sendo que estes estão
entre os que a utilizam mais intensivamente no mundo.
Dentre os diversos meios utilizados para se conectar a Internet destaca-se o acesso em alta
velocidade, comumente denominado banda larga. O que torna o acesso banda larga tão atraente
não é um fator único. De fato, por ser mais veloz, a banda larga permite a fruição de conteúdo
mais rico, que certamente está relacionada ao crescimento pungente da adesão de novos usuários
no último biênio. Além disso, as empresas se beneficiam desse ambiente, propício à expansão de
seus negócios. Finalmente, o Estado, em suas diversas esferas, aprimora processos, melhorando
as formas de interação com a sociedade ao mesmo tempo em que torna mais eficientes
mecanismos de arrecadação. Tudo somado, todos os atores ganham.
Contudo, a despeito de sua inegável importância, a própria definição de banda larga não é
consensual. Ao contrário, as definições existentes usualmente se baseiam na velocidade do
acesso em si, porém não se estabelece qual velocidade é adequada. Isso advém em grande parte
da própria característica inovadora da Internet: novos serviços e aplicações demandam maior
velocidade, ao mesmo tempo em que criam novos hábitos no universo de usuários, que por sua
1
Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) com pós-graduação em Marketing
pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Em 1999, assumiu a função de gerente de desenvolvimento na área
de terminais da Fundação CPqD e, desde 2006, coordena a área de serviços e aplicações multimídia da instituição.
2
Formado em Engenharia Elétrica pela USP, mestre em engenharia pela UNICAMP, onde também se especializou em Gestão
e Estratégia de Empresas. Possui dez anos de experiência na indústria de Telecomunicações, notadamente em inteligência
regulatória, modelagem de negócios, planejamento estratégico e planejamento de redes. Antes de se juntar ao CPqD, atuou na
Telefonica. Atua como Consultor na Fundação CPqD.
Essa (in)definição se faz tão presente que o Ministério das Comunicações, em documento
divulgado recentemente [1], oferece uma definição aberta para a banda larga, com o objetivo de
ser robusta frente às constantes mudanças enfrentadas no setor de telecomunicações, transcrita a
seguir:
“Acesso banda larga: um acesso com escoamento de tráfego tal que permita
aos consumidores finais, individuais ou corporativos, fixos ou móveis,
usufruírem, com qualidade, de uma cesta de serviços e aplicações baseada
em voz, dados e vídeo.”
Nesse sentido, a iniciativa da COPEL, pioneira no Estado do Paraná na oferta de serviço de Banda
Extra Larga – BEL, é oportuna e alinhada às disposições do Governo Federal no que diz respeito à
evolução da infraestrutura de telecomunicações do Brasil.
Todavia, tornar disponível infraestrutura essencial é condição necessária, mas não suficiente no
provimento de serviços e aplicações, as quais devem ser desenvolvidas em tempos cada vez mais
curtos a fim de se atender às demandas de usuários cada vez mais exigentes.
Assim, uma plataforma para o desenvolvimento de serviços e aplicações que seja flexível,
permitindo um time-to-market curto, aderente às necessidades dos provedores de serviços, é
extremamente bem vinda.
O objetivo desse capítulo é apresentar um modelo para tal plataforma, agregando conceitos de
web semântica. Essa se apresenta como uma tecnologia que vai permitir enriquecer a experiência
de navegação dos usuários pelos serviços e aplicações disponíveis na rede, agregando significado
aos dados existentes, anteriormente não valorados.
A relação entre provedores de conteúdo e aplicações e consumidores finais, surgida nos últimos
anos, é fundamentalmente simbiótica, advinda da evolução da Internet e o surgimento da Web 2.0.
Fortemente baseada nas sinergias proporcionadas pela inteligência coletiva, essa nova forma de
desenvolvimento de conteúdo tem permitido a criação de novas formas de interação entre
provedores e consumidores, os quais passam a assumir parte importante do papel de criação de
conteúdo.
Essas mudanças permitem inferir como será a cesta de serviços e aplicações utilizada pelos
usuários em um futuro próximo. Tal cesta incluirá, mas não se limitará em:
Vale destacar que o aumento constante na demanda por serviços de vídeo, bem como aplicações
em tempo real, impactam a infraestrutura de telecomunicações, que deve garantir não somente a
largura de banda necessária à fruição de conteúdos, mas também outros requisitos como latência,
jitter e taxa de perda de pacotes.
Some-se ao que foi exposto que o entendimento do que vem a ser a qualidade dos serviços e
aplicações oferecidos também tem sofrido alterações de foco, deixando esta de ser associada à
qualidade mensurável por meio de parâmetros de rede – Quality of Service (QoS) – passando para
a mensuração da experiência do usuário – Quality of Experience (QoE).
A demanda por plataformas que permitam que serviços e aplicações sejam desenvolvidos e
ofertados de forma rápida levou ao desenvolvimento do conceito de Service Delivery Platform
Tendo esse cenário como pano de fundo, pretende-se aqui chamar a atenção para o potencial da
introdução dos conceitos de web semântica em uma plataforma de entrega de serviços,
materializando assim a figura de um “broker semântico” de serviços e aplicações.
4 Web semântica
Segundo as ideias de Berners-Lee [4], a web semântica é uma extensão da web atual, mas
apresentando estruturas que possibilitarão a compreensão e o gerenciamento dos conteúdos
armazenados na web, independente de contexto (seja texto, som, imagem e gráficos), a partir da
valoração semântica desses conteúdos e através de agentes coletores de conteúdo advindo de
diferentes fontes capazes de processar as informações e permutar resultados com outros
programas.
Destarte, essas ideias apregoadas por Berners-Lee e outros induzem à apresentação da web
semântica como a panaceia para ordenar o caos informacional existente na web, trazendo à rede
global uma estrutura e significado, permitindo sua evolução de uma rede de documentos para uma
rede de dados na qual toda a informação tem um significado bem definido, podendo ser
interpretada e processada por humanos e máquinas [4].
Mas para isso, faz-se necessária a adoção de novas tecnologias, como por exemplo, XML
(Extensible Markup Language) [5] e RDF (Resource Description Language) [6]. Através do uso de
XML é possível criar campos de texto (tags) que podem ser utilizados de diversas formas pelos
programas e scripts que são executados na web. No entanto, os programadores não sabem o
significado de cada tag, ou, dito de outra forma, XML permite que o usuário adicione estruturas
arbitrárias a seus documentos, mas não permite representar o significado de cada estrutura. É aí
que surge o papel do RDF: expressar significado às estruturas. O RDF provê um modelo de dados
para se referir a objetos (“resources”) e como eles são relacionados.
Esta nova estruturação de dados (metadados) descrevendo o significado dos recursos permite o
desenvolvimento de agentes inteligentes que podem usar essas descrições para auxiliar usuários
na localização e manipulação desses recursos, aumentando a usabilidade e a funcionalidade da
web e proporcionando uma experiência mais rica ao usuário.
B2C B2B
Redes
Jogos Sociais Vídeo
Broker Semântico
de Serviços
SDP
Elementos de Rede
Agentes inteligentes são, então, desenvolvidos para, a partir do acesso ao broker de serviços,
criarem interfaces de usuário a partir das descrições semânticas de cada serviço. Dessa relação
entre broker e agentes um mashup dinâmico de serviços poderá ser criado abrindo uma série de
possibilidades de correlações e ampliando a experiência de navegação entre os serviços pelos
usuários. Serviços desenvolvidos de forma estanque poderão ter suas interfaces compartilhadas
com outros serviços, sem que essa interação tenha sido pensada à época do seu
desenvolvimento. Como exemplo, ordens de serviços geradas por um sistema de gestão de força
de trabalho (serviço 1) são correlacionadas com mapas (serviço 2) gerando para um técnico de
campo informações adicionais de localização que, em seguida, pode ser convidado a tirar uma foto
do trabalho realizado (serviço 3) imediatamente enviada para um servidor corporativo.
A Internet representa uma das mudanças mais marcantes ocorridas no passado recente. Em
constante evolução, o surgimento da Web 2.0, fundamentalmente simbiótica, baseada nas
sinergias provenientes da inteligência coletiva, tem permitido a criação de novas formas de
interação entre provedores e usuários, que agora têm parte importante no processo de criação de
conteúdo. Acompanhando essa mudança de paradigma vêm inúmeros serviços inovadores.
A web está se tornando, além de uma “web de dados”, uma “web de serviços”. Isto quer dizer que
esforços estão sendo realizados para que se tenha acesso a serviços a partir de qualquer
dispositivo independente da rede de acesso ou dos tipos de dados que forem transportados por
estes serviços. Com isso, cresce também a preocupação em tornar a navegação web inteligente,
capaz de relacionar conceitos e serviços, tarefa que os conceitos trazidos pela web semântica vão
ajudar a concretizar. Através da estruturação de dados aqui vislumbrada, será possível uma
navegação mais rica para os usuários, tanto na web de dados como na web de serviços.
6 Referências
[1] SOUTO, Átila A., CAVALCANTI, Daniel B. e MARTINS, Roberto P. O Brasil em Alta Velocidade.
Ministério das Comunicações. Brasília, 2009, disponível em http://www.mc.gov.br/wp-
content/uploads/2009/11/o-brasil-em-alta-velocidade1.pdf, acesso em 18/12/2009.
[2] GUERRA JR., Aloivo B. e MARTINS, Júlio. BEL e a plataforma de entrega de serviços. In: PESSOA,
Marcos de Lacerda et al. Projeto BEL: a COPEL Telecomunicações pensada estrategicamente, em
equipe. Curitiba: COPEL Telecomunicações, 2009. 207pp.
[3] ANDERSSON, Christoffer; FREEMAN, Daniel; JAMES, Ian; JOHNSTON, Andy e LJUNG, Staffan. Mobile
Media and Applications – from Concept to Cash: Succesfull Service Creation and Launch,
John Wiley & Sons Ltd., England, 2006.
[4] BERNERS-LEE, Tim; HENDLER, James; LASSILA, Ora. The Semantic Web – A new form of Web
content that is meaningful to computers will unleash a revolution of new possibilities,
http://www.sciam.com/article.cfm?articleID=00048144-10D2-1C70-84A9809EC588EF21&catID=2,
Maio, 2001.
[6] Resource Description Framework (RDF) Model and Sintax Specification. W3C Recommendation.
http://www.w3.org/TR/2000/CR-rdf-schema-20000327.
[7] D´MELLO, Demian A.; KAUR, Ivneet e RAM, Namratha. Semantic Web Service Based Selection on
Business Offering. Second UKSIM European Symposium on Computer Modeling and Simulation.
Liverpool, UK. 2008.
CAPA
Breno Afonso Soares Magalhães
Fernanda Lianna Will