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20 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Aliar um visual moderno à funcionalidade exigida pelo mercado é o principal


desafio das fabricantes de eletrônicos no momento de criar um produto de sucesso

» FERNANDO BRAGA o produto é mais importante que o produto em si”, o vice-presidente de desenho industrial para con- dormir com post-its na cabeceira da cama para
defende Ribeiro, responsável pela criação de celula- sumidor final da Dell, Ed Boyd. O próximo passo, anotar os insights que tenho durante a noite. Acho
deias incessantes, trabalho árduo e conversa- res que correram o mundo como o Razr V3x, VN5 e então, são os protótipos e testes, até chegar ao re- que, quando estamos relaxados, algumas boas

I ções intensas entre diversas áreas de uma fabri-


cante de equipamentos para chegar a uma sim-
ples palavra que sintetiza o sucesso de um pro-
jeto. “Quando o consumidor pega o produto, aperta
um botão e diz ‘uau!’, temos a certeza de que ele foi
i9. “Obviamente temos que criar um produto que
desperte desejo no consumidor, mas sempre busca-
mos, com o design, simplificar o que é complicado
para o usuário”, diz.
O processo de criação de um eletrônico pode
sultado final.

Fuga do padrão
Nesse contexto, a inovação é algo buscado a todo
ideias surgem com facilidade”, relata o executivo da
Motorola, revelando que importantes detalhes que
constituíram alguns dos produtos de maiores su-
cesso da fabricante de celular nasceram de lampe-
jos tidos, por exemplo, quando Ribeiro estava de-
bem feito”, conta Cláudio Ribeiro, um brasileiro que acontecer por vários caminhos. O mais comum momento. Um ângulo distinto, uma função que fo- baixo do chuveiro ou dentro de uma piscina.
se mudou nos anos 1990 para os Estados Unidos e deles é partir da própria necessidade de mercado, ge do padrão, um toque moderno que dê um ar di- A inspiração também pode vir das coisas mais
atualmente comanda a equipe internacional de de- em que a equipe de marketing de uma marca de- ferenciado ao modelo no meio de tantos concorren- banais que fazem parte do cotidiano das pessoas.
sign da Motorola. Pensada de forma minuciosa para tecta uma oportunidade e solicita o desenvolvi- tes. Porém, mais do que inventar um desenho pró- “Passamos muito tempo buscando ideias fora da in-
seduzir o usuário, a estética de um equipamento mento de um novo produto focado em um deter- prio, o design tem que estar alinhado com as neces- dústria. O Adamo (notebook de luxo da Dell), por
tem se tornado cada vez mais importante no setor minado nicho. Depois disso são feitos diversos es- sidades do público. “A cada 10 produtos lançados exemplo, teve muita influência dos relógios Swiss.
de consumo eletrônico. No entanto, desenvolver boços que levam em consideração aspectos apon- no mercado, oito fracassam”, conta Fábio Righetto, Procuramos reunir a pureza e a incrível atenção da-
um projeto para produção em série, considerando tados em pesquisas de mercados que pretendem fundador da Domus Design. “Não se justifica criar da aos detalhes que ela (a fabricante suíça) transmi-
aspectos estéticos subjetivos, viabilidade comercial entender os desejos dos consumidores. “Nesse um item só para ele ser diferente. O design tem que te”, revela Boyd.
e técnica, sem perder de vista a usabilidade dos apa- momento, os times de criação e engenharia se justificar, respondendo a um determinado pro- Apesar de estar muitas vezes diretamente relacio-
relhos, é o principal desafio enfrentado pelos times das companhias trabalham bem próxi- blema de uma maneira criativa”, aponta Righetto, nada com a questão do status, os profissionais do se-
de design das maiores companhias do mundo. mas, desenvolvendo produtos lembrando que aspectos como responsabilidade tor defendem que o design não deve ser mais um fa-
Uma tendência visual que vem crescendo que atendam as diferentes social e ambiental também devem compor a lista de tor que diferencie as classes sociais. “O designer deve
nos últimos anos é a do design mais contido, necessidades dos prioridades de uma equipe de criação. trabalhar pensando no consumidor, seja ele qual for.
que esconde toda uma complexidade que consumido- Na incessante busca, por meio do design, da saí- Quando há uma valorização do produto — e ele se
existe por trás do seu projeto. “Muitas ve- res”, ex- da para um problema, a solução pode nascer longe torna mais caro por causa do seu visual —, há uma
zes a experiência que o cliente tem com plica da mesa de reunião de uma empresa. “Eu costumo elitização, e isso não é bom”, opina Righetto.

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Cláudio Ribeiro, chefe de design da


Motorola, fala sobre a importância do
design num produto

possível para o usuário.“Ten-


Perfil tar simplificar e refinar é algo
muito desafiador. Fazemos

A mente montes de protótipos: o número


de modelos que criamos para che-
gar a uma solução chega a ser emba-
criativa raçoso, mas é uma parte positiva do
que fazemos”, disse o designer em uma
entrevista reproduzida por Leander Kah-
da Apple Internet/Reprodução - 10/8/09
ney, no livro A cabeça de Steve Jobs, em
que conta a trajetória do fundador da em-
Poucas empresas no mundo se rela- criação de uma série de pro- presa de São Francisco.
cionam tão profundamente com a ques- dutos de sucesso que iniciou a reto- Em 2003, Ive foi eleito o designer do ano pelo
tão do design quanto a Apple. Dona de mada de crescimento da companhia. Museu de Design de Londres e pela Sociedade Re-
inúmeros produtos que mudaram dife- O primeiro deles foi o iMac G3 trans- iPod, al de Artes. Também recebeu, das mãos da rainha
rentes segmentos da indústria eletrôni- lúcido, que revolucionou o mercado com o seu Elizabeth II, da Grã-Bretanha, o título de Coman-
ca, a marca se reinventa a cada lança- de computadores pessoais, dando um inovador siste- dante da Mais Excelente Ordem do Império Britâni-
mento. E o principal responsável pelas fim à ditadura bege dos micros, ofere- ma de scroll wheel, e o co. Já a conceituada revista norte-americana Fast
linhas harmoniosas e ao mesmo tempo cendo equipamentos com o CPU inte- iPhone, com uma interface Company foi ainda mais longe e o elegeu como a
revolucionárias da Maçã é Jonathan Ive. grado ao monitor em diversas cores que mudou a forma de interação mente mais criativa do mundo dos negócios. Nada
Líder do departamento de design in- como vermelha, azul e verde. Na se- com o celular. Tido como um cara tími- mau para quem, na época da faculdade, chegou a
dustrial da empresa desde 1996, Ive atu- quência vieram outros lançamentos do, Ive se esforça, com sua equipe, para des- declarar que não tinha a menor afinidade para li-
ou, ao lado do fundador Steve Jobs, na que mexeram com o mercado, como o complicar a tecnologia e torná-la o mais simples dar com computadores.
Motorola Internacional/Divulgação
Internet/Reprodução

Divulgação/Apple

Sony/Divulgação
Sony/Divulgação
Asus/Divulgação

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