Texto de apoio à actividade “Combate à Exclusão Social na Escola”
Em 2010, a União Europeia celebra o Ano Europeu de Luta contra a
Pobreza e a Exclusão Social dando voz às preocupações das pessoas que têm de viver com a pobreza e a exclusão social. Pretende ainda motivar os europeus a participarem e a ajudarem a resolver esta questão. Quase 84 milhões de europeus vivem no limiar da pobreza, o que significa que vivem num clima de insegurança e sem aquilo que a maioria das pessoas tem como garantido. Viver na pobreza pode conduzir a outras situações problemáticas, desde não ter dinheiro para comprar comida ou roupas a viver em condições de habitação precárias ou até mesmo ao desalojamento. Viver na pobreza implica ainda ter um estilo de vida limitado que pode levar à exclusão social. Assim sendo, podemos considerar a exclusão social essencialmente como uma situação de falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade aos seus membros. “Uma pessoa é considerada socialmente excluída quando está impedida de participar plenamente na vida económica, social e civil e/ou quando o seu acesso ao rendimento e a outros recursos (pessoais, familiares e culturais) é de tal modo insuficiente que não lhe permite usufruir de um nível de vida considerado aceitável pela sociedade em que vive (Gallie e Paugam, 2002). Quando falamos na exclusão social, fala-se em situações como a pobreza, a fome, a desqualificação, ausência de cidadania, descriminação, entre outras. a) Económica; Trata-se da pobreza, situação em que o indivíduo está privado de recursos e é caracterizado por má condição de vida, com baixos níveis de instrução e qualificação profissional, emprego precário, etc. b) Social; Privação de relacionamento, caracterizada pelo isolamento. Pode-se dar como exemplo, os idosos, deficientes, etc. Este tipo de exclusão, nada tem a ver com a pobreza, a menos que esteja também vinculada ao aspecto económico, mas consequência de modos de vida familiar. c) Cultural; A exclusão está relacionada com factores culturais, como por exemplo, o racismo, dificuldade de integração social, etc. d) Patológico; Situações de origem patológica do individuo, de ordem psicológica ou mental, podendo ser neste caso, causa de ruptura familiar. e) Comportamentos Auto-destrutivos; Comportamentos relacionados com o alcoolismo, a prostituição, a droga, entre outros, o que gera a exclusão desses indivíduos, que geralmente tem origem na pobreza. Desse modo, a exclusão social pode implicar privação, falta de recursos ou, de uma forma mais abrangente, ausência de cidadania, se, por esta, se entender a participação plena na sociedade, aos diferentes níveis em que esta se organiza e se exprime: ambiental, cultural, económico, político, de outra forma, pode-se dizer que a exclusão social se exprime em 6 dimensões principais do quotidiano real dos indivíduos, ao nível (2): • do SER, ou seja da personalidade, da dignidade e da auto-estima e do auto-reconhecimento individual; • do ESTAR, ou seja das redes de pertença social, desde a família, às redes de vizinhança, aos grupos de convívio e de interacção social e à sociedade mais geral; • do FAZER, ou seja das tarefas realizadas e socialmente reconhecidas, quer sob a forma de emprego remunerado (uma vez que a forma dominante de reconhecimento social assenta na possibilidade de se auferir um rendimento traduzível em poder de compra e em estatuto de consumidor), quer sob a forma de trabalho voluntário não remunerado; • do CRIAR, ou seja da capacidade de empreender, de assumir iniciativas, de definir e concretizar projectos, de inventar e criar acções, quaisquer que elas sejam; • do SABER, ou seja do acesso à informação (escolar ou não; formal ou informal), necessária à tomada fundamentada de decisões, e da capacidade crítica face à sociedade e ao ambiente envolvente; • do TER, ou seja do rendimento, do poder de compra, do acesso a níveis de consumo médios da sociedade, da capacidade aquisitiva (incluindo a capacidade de estabelecer prioridades de aquisição e consumo). A exclusão social é, portanto, segundo esta leitura, uma situação de não realização de algumas ou de todas estas dimensões. É o “não ser”, o “não estar”, o “não fazer”, o “não criar”, o “não saber” e/ou o “não ter”. Esta formulação permite ainda estabelecer a relação entre a exclusão social, entendida desta forma abrangente, e a pobreza, que é basicamente a privação de recursos (exprimindo-se nomeadamente ao nível da exclusão social do fazer, do criar, do saber e/ou do ter), ou seja uma das dimensões daquela. Adaptado de: http://www.2010againstpoverty.eu/about/?langid=pt http://ar2003.emcdda.europa.eu/pt/page073-pt.html Texto de apoio organizado pela Profª Beatriz Madureira (Coordenadora da EB 1 Paredes) Março de 2010