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8ºD

A Bandeira de
Portugal
O Significado da Bandeira e a evolução da bandeira ao longo de
todos os acontecimentos históricos importantes.

Igor Rafael Sobral Nicolau


Escola Básica 2,3 José Afonso
8ºD
[A BANDEIRA DE PORTUGAL] 8ºD

Introdução

O trabalho foi proposto pela professora de História e Estudo


Acompanhado, foi realizado na aula de Área de Projecto. O trabalho
é sobre a Comemoração Centenária da república, e o meu trabalho
caracteriza a bandeira nacional (de Portugal) em todos os aspectos.
Cabe-me a mim apresentar todos os aspectos da bandeira nacional,
tudo o que a bandeira nacional ‘guarda’ e significa.
[A BANDEIRA DE PORTUGAL] 8ºD

A Bandeira Nacional

- O significado da Bandeira.

A bandeira tem um significado republicano e nacionalista. A comissão


encarregada da sua criação explica a inclusão do verde por ser a cor da
esperança e por estar ligada à revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891.
Segundo a mesma comissão, o vermelho é a cor combativa, quente, viril,
por excelência. É a cor da conquista e do riso. Uma cor cantante, ardente,
alegre (...). Lembra o sangue e incita à vitória. Durante o Estado Novo, foi
difundida a ideia de que o verde representava as florestas de Portugal e de
que o vermelho representava o sangue dos que tinham morrido pela
independência da Nação. As cores da bandeira podem, contudo, ser
interpretadas de maneiras diferentes, ao gosto de cada um.

No seu centro, acha-se o escudo de armas portuguesas (que se manteve tal


como era na monarquia), sobreposto a uma esfera armilar, que veio
substituir a coroa da velha bandeira monárquica e que representa o Império
Colonial Português e as descobertas feitas por Portugal.

Os cinco pontos brancos representados nos cinco escudos no centro da


bandeira fazem referência a uma lenda relacionada com o primeiro
rei de Portugal. A história diz que antes da Batalha de Ourique (26 de
Julho de 1139) D. Afonso Henriques rezava pela protecç ão dos portugueses
quando teve uma visão de Jesus na cruz. D.Afonso Henriques ganhou a
batalha e, em sinal de gratidão, incorporou o estigma na bandeira de seu
pai, que era uma cruz azul em campo branco.
Outra explicação aponta ainda para o uso da bandeira em escudos; a cruz
azul teria pintado (ou incorporados) pregos brancos para a segurar ou
pinturas brancas, podendo já aludir às chagas de Cristo. Esta decoração nos
escudos sofreria danos com as batalhas e com o tempo, deixando apenas o
azul envolto com os pregos ou pinturas de branco, dando a ilusão dos
actuais escudos azuis com as (actualmente) 5 quinas em cada um.
Há ainda a referência que, segundo a lenda, o número das quinas (5) e dos
besantes (25) está relacionada com os 30 dinheiros que Judas terá recebido
pela traição a Jesus Cristo.

Tradicionalmente, os sete castelos representam as vitórias dos portugueses


sobre os seus inimigos e simbolizam também o Reino do Algarve. No
entanto, a verdade é que os castelos foram introduzidos nas armas de
Portugal pela subida ao trono de Afonso III de Portugal. Este rei português
não podia usar as armas do irmão, D.Sancho II sem diferença por não ser
filho primogénito de D.Afonso II. Adoptou assim as armas de sua mãe que
era castelhana, sendo que a bandeira de Castela, à data, era composta por
um fundo vermelho e três filas e três colunas de castelos dourados. Há
quem considere que, com a subida ao trono de D.Afonso III e já na qualidade
de rei, este deveria ter abandonado as suas armas pessoais e usado as do
pai e do irmão.
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A evolução da Bandeira ao longo dos tempos.

A bandeira sempre evoluiu ao longo dos tempos, passou por mudanças enormes devido a
acontecimentos importantíssimos passados, e foi evoluindo e se construindo devido a essas
mudanças nos significados históricos.

1095 a 1139–1143

O escudo do Condado Portucalense era o do conde


D. Henrique, o qual consistia numa simples cruz azul
sobre fundo de prata (idêntico, curiosamente, ao brasão
da cidade portuária de Marselha).

1139-1143 a 1185
No seguimento da independência de Portugal, Afonso
Henriques teria sobreposto à cruz azul do seu escudo os
besantes (ou dinheiros), indicando assim que o dono desse
escudo de armas poderia cunhar dinheiro — sinal de clara
reivindicação de autonomia face a Afonso VII. Não obstante,
não era esse o único motivo: os besantes, como pregos de
aço que eram, podiam oferecer mais solidez ao escudo.

1185 a 1245-1248
O sucessor de D. Afonso Henriques, D. Sancho I, substituiria
a cruz azul por cinco quinas da mesma cor. Diz a tradição
que, do escudo que D. Afonso Henriques recebera do pai,
com uma cruz azul, à qual sobrepusera os besantes, nada
mais restava que os pregos que representavam os
dinheiros e pequenos pedaços de tecido azul a eles
pegados, dando assim a impressão dos cinco escudetes de
quinas que ainda hoje a bandeira possui. A cruz azul desaparecia, assim,
definitivamente e estava encontrado o elemento central das armas da
nação nascente .

1245 -1248 a 1383-1385


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De acordo com as práticas heráldicas da época, por não ser filho primogénito
de D. Afonso II, ao herdar o trono de seu irmão D. Sancho II por imposição do
papa Inocêncio IV, Afonso III não poderia usar armas limpas, isto é, usar o
brasão de seu pai sem introduzir alterações. Pensa-se que a introdução da
bordadura vermelha castelada a ouro tivesse a ver com o facto de sua mãe
(Urraca de Castela), ser castelhana ou, em menor probabilidade,
influenciado pelo seu casamento com Beatriz de Castela.

No entanto, a tradição fixou outra história, corroborada por inúmeros


cronistas ao longo da nossa história (Duarte Nunes do Leão, Frei António
Brandão, etc.) — a de que os castelos representavam as fortalezas tomadas
por Afonso III aos mouros no Algarve. Estes representam, assim, a
integração do Reino mouro do Algarve na coroa de Portugal, doravante
chamada de Reino de Portugal e do Algarve.

Crise de 1383-1385

Em 1383, com a morte de D. Fernando, é aclamada rainha de


Portugal em algumas localidades a sua única filha, D. Beatriz, então
casada com o monarca de Castela, João I. Este desde logo mandou
adicionar as armas de Portugal às suas, colocando-as por baixo do
brasão de Castela (como se vê na imagem da esquerda), tal como se
depreende na Crónica de D.João I de Fernão Lopes: Vinha o arcebispo
de Toledo com capa bem rica, e mitra na cabeça, e todos os conegos,
e clerezia da cidade rezando, e traziam a bandeira das armas de
Castella, e os signaes de Portugal, e concertos em baixo (capítulo LV).
Sucedeu, porém, que ao sair da Sé de Toledo, onde foi aclamado às
vozes de Real, real, por el-Rei D. João de Castela e de Portugal pelos
dignitários castelhanos e os membros do séquito de D. Beatriz aí
presentes, quando a bandeira era transportada pelo alferes-mor Juan
Hurtado de Mendoza, que seguia a cavalo, “descoseu o vento os
signaes de Portugal, que iam debaixo, e ficaram pendurados, e o
cavallo em que ia o alferes foi topar em um canto da Sé, e quebrou
lhe uma espádua, e cahiu com elle. Alguns que esto viram, tiveram-
no a mau signal, dizendo entre si, que nunca el-Rei de Castella havia
de ser Rei de Portugal, e disseram a el-Rei de Castella que não era
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bem de os signaes de Portugal andarem assim em fundo. E elle logo


mandou poer os signaes ambos em escudo eguaes.” (Fernão Lopes,
Crónica de D. João I, capítulo LVI). A bandeira armorial de Portugal e
Castela tomou então o aspecto com que surge representada à direita
(idêntica às armas constantes nos selos que sobreviveram dos
documentos assinados por D. Beatriz como rainha de Portugal).

Esta bandeira não é uma das bandeiras históricas do país nem é


legítimo que figure na galeria das bandeiras nacionais, sendo aqui
apresentada a mero título de interesse histórico. Pelo tratado ou
contrato antenupcial de Salvaterra de Magos, de Março de 1383, D.
Beatriz e D. João I de Castela seriam soberanos nominais ou de jure de
Portugal, sem qualquer poder efectivo ou de facto de governação
(Crónica de el-rei D. Fernando, capítulo CLVIII). Este acto de criar uma
bandeira conjunta para ambos os reinos, assim como o de nomear um
Alferes-mor de Castela e de Portugal, configuram actos efectivos ou
de facto de governação e constituem as duas primeiras violações
substanciais do tratado de Salvaterra cometidas por João I de Castela.
Assim logo o entendeu o fidalgo português Vasco Martins de Melo, a
quem João I de Castela ofereceu esse cargo de Alferes-mor e pediu
que tomasse logo aquela bandeira e levantasse-a por ele segundo
costume quando fazem algum rei novamente. Vasco Martins disse
que lho tinha em grande mercê, mas que tal carrego não filharia por
ele ser vassalo delRei dom Fernando e seu Guarda-mor, e que
poderia ser de se recrescer depois guerra contra o reino de que ele
era natural, e cair em caso de menos valer (Crónica de el-rei D. João I,
capítulo LV). Jamais tendo sido hasteada em Lisboa, enquanto capital
do reino sempre fiel ao Mestre de Avis, esta bandeira esvoaçou nas
alcáçovas dos vários castelos que reconheceram o governo ilegítimo
de João I de Castela e D. Beatriz, designadamente o de Santarém,
onde D. Beatriz e o seu marido se instalaram na tentativa do
reconhecimento do seu poder de facto. Mas a cada seu novo acto de
governo constituía-se mais uma violação do tratado antenupcial de
Salvaterra, pelo que não é de estranhar a afirmação do Doutor João
das Regras, nas Cortes de Coimbra de 1385: Pois se nós
houvéssemos de reptar por traidores quantos em tal caso caíram,
britando seu juramento, e de demandar tantos cem mil marcos d'ouro
quantos elRei encorreu de penas, depois que ele jurou estes tratos e
os começou de quebrar, não abundaria o reino de Castela, ainda que
todo o metessem em pregão para paga de tão grande soma (capitulo
CLXXXV).

1385 a 1475 e 1479 a 1485


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Com a subida ao trono do Mestre de Avis, D. João, produziu-se nova


quebra na continuidade dinástica, já que não era filho legítimo de D.
Pedro I; assim sendo, para se distinguir do predecessor (o seu meio
irmão D. Fernando I), adicionou às armas nacionais a flor-de-lis verde
que constituía o símbolo da Ordem de Avis, ficando cada uma das
quatro pontas visível sobre a bordadura dos castelos. É a primeira
bandeira cuja historicidade está comprovada — todas as anteriores
são reconstruções. É também nesta época que surgem as primeiras
referências ao uso do termo quina para designar os escudetes das
armas nacionais.

Esta bandeira esteve na origem da bandeira da organização de


juventude salazarista: a Mocidade Portuguesa.

Paralelamente à bandeira armorial de Portugal, generalizou-se o uso


da chamada Bandeira de São Jorge, santo protector de Portugal na
luta contra os Castelhanos. Esta bandeira consistia numa cruz
vermelha firmada sobre campo branco, semelhante às bandeiras de
Inglaterra, de Génova ou de Barcelona, que também tinham São Jorge
por patrono. Esta bandeira continuará em utilização durante os
reinados seguintes, sendo uma das que se destacam nas
tapeçarias de Pastrana, que retratam a tomada de Arzila por D.
Afonso V.

1475 a 1479

Em 1474, falece o rei de Castela, Henrique IV. O rei deixava como


herdeira a sua filha Joana, chamada a Beltraneja pelos seus
detractores, que apoiavam a meia-irmã de Henrique, Isabel, como
candidata ao trono. Na esperança de fazer valer os direitos da sua
filha, o defunto rei pedira ao cunhado, D. Afonso V que casasse com a
sobrinha, no sentido de legitimar a sua débil posição como herdeira.
Em 1475 D. Afonso dá sequência ao projecto de Henrique e casa com
Joana, junta ao seu título régio o da Coroa de Castela (Rei de Castela,
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de Leão, de Portugal, de Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de


Jáen, de Múrcia, dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, de
Gibraltar, de Algeciras, e Senhor da Biscaia e de Molina) e procede
também a uma alteração nas suas armas, exibindo um escudo
esquartelado, com as armas de Portugal no I e IV quartéis, e as de
Castela no II e III. No ano seguinte, quando invade Castela e é
derrotado em Toro, é esta a bandeira que as suas hostes transportam
- e é esta a bandeira que o quase-mítico alferes-mor Duarte de
Almeida, o Decepado, defende com a maior valentia, tendo perdido
ambas as mãos na defesa do estandarte nacional e acabando a
segurá-lo com os dentes. É esta também a bandeira que acompanha o
rei D. Afonso V na sua deslocação até França, onde tenta
desesperadamente obter auxílio junto do rei Luís XI para prosseguir a
guerra contra Isabel e Fernando de Aragão, seu marido.

1479 a 1485

Após a assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo, em 1479, e a


renúncia de D. Afonso V, em seu nome próprio, e no de sua mulher, D.
Joana, à Coroa de Castela, voltou-se à anterior fórmula da bandeira
nacional.

1485 a 1495

Um século volvido, D. João II foi o responsável pela elaboração do


escudo de armas português tal como hoje o conhecemos, nos seus
traços gerais. Foi também o último rei português a usar uma bandeira
armorial. Assim, em 1485 (segundo o relato de Rui de Pina na sua
crónica de D. João II) ordenou a supressão da flor-de-lis da Ordem de
Avis da bandeira (por sentir que a mesma estava à margem da
identidade nacional que o escudo dos castelos e quinas começavam a
transmitir). Estabeleceu igualmente a colocação vertical das
quinas laterais do escudo, uma vez que os escudetes
derribados poderiam ser heraldicamente considerados como
sinal de bastardia ou derrota, o que não era o caso. Finalmente,
ordenou a fixação definitiva do número de castelos da
bordadura em sete e dos besantes em cada quina em cinco,
dispostos em aspa (esta última deveu-se, em parte, à grande
devoção que o soberano tinha pelas cinco chagas de Cristo).
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Contudo, o seu sucessor D. Manuel voltaria a fórmulas antigas,


nomeadamente usando, mais frequentemente bandeiras com
8 castelos.

Versão 7 Castelos Versão 8


Castelos

1495 a 1521

Dez anos depois, D. João II é sucedido pelo primo, o Duque de Beja, D.


Manuel I. com o novo Rei a bordadura do escudo voltou a ser
carregada com um número superior a sete castelos (embora também
haja representações com apenas sete), terminando em forma de
cunha. Igual forma assumiam os pequenos escudetes no seu interior.
Por fim, D. Manuel I ordenou que sobre o escudo fosse colocada uma
coroa real aberta, símbolo de autoridade régia e da centralização do
Estado que tanto ele como o seu antecessor procuraram levar a cabo.

Vários autores indicam que, neste reinado - ou mesmo já no reinado


anterior - teria sido feita uma alteração à bandeira. As armas reais
teriam passado a estar assentes sobre um campo branco de formato
quadrangular ou rectangular (até aqui, a bandeira mais não era que a
quadratura do escudo de armas — uma bandeira armorial). Apesar
desta bandeira vir incluída em quase todas as histórias da Bandeira
de Portugal, o seu uso é discutível, já que, na iconografia da época,
aparece sempre a bandeira armorial de 1485, pelo menos, até ao
reinado de D. Sebastião.

Refira-se, ainda, que, durante o reinado de D. Manuel, devido à


intensa actividade marítima, é frequentemente usado como pavilhão
naval português a bandeira da Ordem de Cristo, já que é esta a
grande ordem ligada às viagens de expansão.

Também é bastante usado o estandarte pessoal do Rei. É usada uma


versão em que a esfera armilar aparece sobre um campo franchado
de branco e vermelho e outra em que está sobre um campo talhado.
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Bandeira da
(1495)
(1495) (1495) Ordem deEstandarte (1495)
Cristo Estandarte
pessoal de D.
alternativo
Manuel I
pessoal de D.
Manuel I

1521 a 1578

Com a subida ao trono do filho de D. Manuel I, D. João III, procedeu-se


a alterações menores no formato e composição do escudo. Seguindo o
gosto humanista, típico da época, estabeleceu-se o formato redondo
na parte inferior do escudo (formato dito português), acompanhando
as quinas a mesma alteração. Foi neste reinado que o número
dos castelos parece ter voltado definitivamente aos sete.

1578 a 1580

Pouco antes de embarcar para África e de perder a vida em Alcácer-


Quibir, D. Sebastião ordenou uma mudança aparentemente
insignificante, mas de grande significado político — procedeu
à substituição da coroa aberta por uma coroa real fechada.
Este pormenor simbolizava o reforço da autoridade régia através
da conquista de Marrocos e da obtenção de um título imperial, que a
coroa fechada simbolizava. De igual forma, ao gosto da época
maneirista, regressou-se ao escudo em formato ogival. Parece ter
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sido a primeira bandeira portuguesa com formato rectangular;


anteriormente todas eram quadrangulares.

O decreto de D. Sebastião relativo à bandeira determinou também


que, doravante, e à semelhança do que já antes fizera D. João II, se
estabelecesse para sempre em número de sete os castelos na
bordadura.

De observar que, na altura em que D. Sebastião partiu para o Norte


de África, usava um estandarte pessoal carmesim, com as Armas
Reais bordadas numa face e a imagem de Cristo na outra.

1580 a 1640

Bandeira militar dos Habsburgos, utilizada pelas embarcações de guerra


portuguesas em esquadras conjuntas.

Bandeira armorial dos Habsburgos: as armas de Portugal em ponto de


honra, no abismo do chefe.
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Durante o governo dos Filipes, uma vez que o reino de Portugal permanecia,
de jure, separado dos demais domínios dos Habsburgos de Espanha,
Portugal manteve as suas armas e bandeira. Este facto decorre do princípio
de união dinástica, segundo o qual existiam na Península Ibérica dois reinos
diferentes com um só rei.

Foi nas armas familiares dos Habsburgos de Espanha que se verificou


uma mudança, com a sobreposição do escudo português ao conjunto
Leão-de-castela/ Aragão -Catalunha-Nápoles-Sisília). Esta honrosa
posição do escudo português no conjunto armorial dos domínios da
Coroa Espanhola fora um dos pontos mais debatidos entre o Cardeal
D. Henrique e Filipe II de Espanha (através dos seus plenipotenciários
em Lisboa, Cristóvão de Moura e o Duque de Ossuna). A partir do
momento em que o rei português compreendeu que seria impossível
resistir à pressão castelhana para a absorção de Portugal, o velho
cardeal pediu ao monarca espanhol que o escudo de armas português
ocupasse um dos lugares mais distintos nas suas novas armas
(eventualmente, todo o primeiro quartel do escudo, onde se achavam
as armas de Leão e Castela, reformulando a localização dos demais
brasões dentro do escudo). Os embaixadores de D. Filipe recusaram
esta proposta, por considerarem que Sua Majestade Católica não
poderia fazer tão notável agravo aos mais antigos domínios da sua
monarquia (Castela e Aragão), mas que, não obstante, daria às armas
de Portugal o lugar de peça mais honrosa do escudo. Assim sendo,
acabou por colocá-las no abismo do chefe, o ponto importante e digno
do escudo.

Note-se que esta bandeira, no entanto, não é relativa a um país ou


um estado. Representa isso sim, o poder de uma família real sobre
os seus vários domínios europeus. Curiosamente ou não, a sua
utilização em Portugal foi pouco expressiva, tendo apenas sido usada
a bandeira armorial dos Habsburgos por ocasião das deslocações de
Filipe II a Tomar e de Filipe III a Lisboa (1619). Subsistem ainda alguns
exemplares das armas em espécimes numismáticos e em algumas
peças de artilharia preservadas no Museu Militar e no Museu da
Marinha.

Por outro lado, a bandeira dos Habsburgos da Espanha (a cruz


vermelha aspada da Borgonha) torna-se co-oficial, juntamente com o
pavilhão português, para efeitos de utilização marítima.

Contudo, em certas representações (de origem desconhecida) surge a


bandeira adoptada por D. Sebastião rodeada por 16 ramos de oliveira
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(com dez pés visíveis e os seis restantes ocultos), dando particular


realce ao escudo português. Assim, se a conservação das armas e
bandeira nacional parece demonstrar o respeito dos monarcas
filipinos pelos costumes e independência de Portugal, tal como
acordado nas Cortes de Tomar, a presença dos elementos vegetais
podem representar, consoante as teorias:

• alusão ao apelido Silva do Marquês de Alenquer, Vice-Rei de Portugal,


com o objectivo de melhor distinguir, ao longe, a bandeira portuguesa
da castelhana (também branca com as armas ao centro);
• a alegria demonstrada pelo novo rei em obter o domínio de Portugal
(ou ao invés, a alegria das classes dirigentes portuguesas,
encantadas com uma união que previam benéfica, sobretudo a nível
económico);
• a relativa paz com que se fizera a junção da coroa de Portugal aos
domínios dos Habsburgos (mau grado a batalha de Alcântara), ou o
desejo do novo rei de que a paz voltasse a reinar célere em Portugal;
• ser um símbolo da vitória de Castela, demonstrando assim a
conquista e submissão de Portugal. Esta interpretação parece pouco
consistente, tendo em conta o esforço que D. Filipe II fez para
pacificar o país e não ferir o seu orgulho;
• por fim, como Filipe II entrou em Elvas, a fim de se deslocar às Cortes
de Tomar e aí ser jurado rei, em Dezembro de 1580, precisamente
quando os camponeses festejavam a colheita das oliveiras, há
também quem sugira que o novo monarca decidiu acrescentar à
bandeira portuguesa aquele elemento vegetal em lembrança dessa
viagem, ou então serem os ramos de oliveira um convite para o povo
português se dedicar mais ao trabalho agrícola, tão descurado ao
longo do século XVI.

Ao que parece, a dita bandeira terá sido adoptada em 1616.

1640 a 1667

Com a restauração da independência, isto é, com o fim do domínio da


Dinastia Filipina, a bandeira permaneceu inalterada, excepto num
pequeno detalhe estético — o regresso ao escudo português redondo.
No essencial, esta foi a base da bandeira usada por Portugal até ao
liberalismo. Durante o período considerado, foi também amplamente
usada a bandeira da restauração, que era a bandeira da Ordem de
Cristo com fundo verde.

Entretanto, o rei D. João IV, por decreto de 25 de Março de 1646,


declara Padroeira do Reino Nossa Senhora da Conceição. Nessa altura
teria agregado à bandeira nacional uma orla azul. Também teria
usado uma bandeira com o campo totalmente azul.

No reinado de D. João IV as tropas empenhadas na Guerra da


Restauração usam como estandarte de guerra, uma bandeira verde
com a cruz de Cristo.
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(1640)
(1640) (1646) (1646) Bandeira de
guerra

1667 a 1707

Neste ano dá-se o golpe de estado que afasta do poder D. Afonso VI e


coloca na regência do reino o seu irmão D. Pedro II, que procede a
nova mudança na bandeira (pelos mesmos motivos que Afonso III,
João I e Manuel I). A coroa real fechada com três arcos passa a ter
cinco arcos visíveis, simbolizando assim um novo reforço da
autoridade régia.

D. Pedro usou como bandeira pessoal as armas nacionais sobre fundo


verde.

Como se entendia que só os navios de guerra do Rei deveriam usar


uma bandeira com as Armas Reais, as embarcações mercantes usam
bandeiras alternativas. As embaracações costeiras usam uma
bandeira com faixas verdes e brancas. As embarcações que navegam
para o Brasil usam uma bandeira branca com a esfera armilar -
símbolo do Principado do Brasil.

Também é provável que tenha sido a partir do reinado de D. Pedro II


que os navios de guerra portugueses tivessem passado a hastear
uma flâmula verde e branca.

Flâmula naval

(1667) (1667) (1667)


Estandarte Bandeira da (1667)
pessoal de D.navegação Bandeira da
Pedro II costeira navegação
para o
Principado do
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Brasil

1707 a 1816

Com a subida ao trono de D. João V, as mudanças na bandeira são


meramente cosméticas, atendendo apenas ao gosto da época
barroca. A borda inferior passa a terminar em arco contracurvado
(escudo dito francês) e é acrescentado um barrete púrpura à coroa
real. Note-se, no entanto, a importância simbólica da cor púrpura, que
é a cor imperial por excelência. A essa alteração não é alheia a
descoberta de ouro no Brasil, que possibilitou o financiamento de
tantas das obras e de todo o fausto deste reinado, incluindo a
atribuição, por parte do Papa, da dignidade de Patriarcado à cidade de
Lisboa (1716) e a concessão do título de Sua Majestade Fidelíssima a
el-rei D. João V e seus sucessores (1744).

O próprio D. João V usou as armas nacionais assentes num pavilhão


vermelho/púrpura como seu estandarte pessoal. Este pavilhão tornar-
se-ia no estandarte pessoal dos Reis de Portugal até 1910.

À medida que nos aproximamos do final do século XVIII, o formato


exterior do escudo torna-se mais intrincado e complexo, de acordo
com os padrões artísticos da época, influenciados pelo rococó.

Terá sido também em meados do século XVIII que a flâmula naval


portuguesa terá passado a ser totalmente branca.

(1706) BandeiraEstandarte (segunda


(1706) rodeada pelo colarpessoal de D.metade do
da Ordem de Cristo João V século XVIII)
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1816 a 1826

Por decreto do príncipe regente D. João, assinado em 16 de Dezembro


de 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino dentro do Estado
Português, que passou a ter a designação oficial de Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves. Assim, procedeu-se a uma nova
alteração nas armas nacionais, sancionada por carta de lei de João VI
de Portugal em 13 de Março de 1816.

Para representar o Brasil no quadro do novo reino, foi posta por detrás
do escudo uma esfera armilar de ouro em campo de azul, sobrepondo
a todo o conjunto a coroa real fechada (do mesmo modo que,
lendariamente, as quinas representavam o reino de Portugal e a
bordadura dos castelos representava o reino do Algarve.

Recuperou-se, assim, um velho símbolo associado à imagética


imperial manuelina para representar o novo reino.

Segundo algumas teorias, o próprio Reino do Brasil teria direito a uma


bandeira própria, que era semelhante à do Reino Unido, excepto pela
ausência do escudo de armas português. Sendo válida essa teoria, o
Reino de Portugal e dos Algarves, seria representado por uma
bandeira só com o escudo português e sem a esfera armilar. Na
verdade, é pouco provável que estas bandeiras tenham existido,
sendo o mais provável apenas o uso da bandeira comum ao Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

As armas nacionais, que consistiam no escudo português envolvido


pelo colar da Ordem de Cristo e por dois grifos passaram
inclusivamente a ter três grifos, simbolizando o novo reino do Brasil
integrado na Coroa Portuguesa.

Bandeira do Reino Unido deHipotética bandeira do Reino de Portugal


Portugal, Brasil e Algarves (1816) e dos Algarves, dentro do Reino Unido

1826 a 1830–1834

Tendo a independência do Brasil sido oficialmente reconhecida em


1825 por Portugal (Tratado do Rio de Janeiro), após a morte do rei D.
João VI, em Março de 1826 voltou-se à antiga expressão da bandeira,
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adoptada por D. João V em 1707. Com efeito, não fazia sentido manter
nas armas nacionais um símbolo que representava um país agora
independente.

Esta bandeira foi abandonada em 1830 pela Rainha D. Maria II e pelos


liberais. No entanto, manteve-se em uso pelos partidários de D.
Miguel I e do absolutismo até à sua derrota e capitulação em Évora
Monte, em 1834.

De observar que, no reinado de D. Miguel I, os navios de guerra


portugueses teriam passado a hastear, à proa, um jaque branco com
uma orla vermelha e as Armas Reais ao centro. Até então, a bandeira
de popa dos navios de guerra era idêntica à bandeira de popa.

(1826) Jaque naval

1830 a 1910
A última bandeira da Monarquia entrou em vigência pelo decreto de
18 de Outubro de 1830, emitido pelo Conselho de Regência em nome
da rainha Maria II de Portugal, Conselho esse que se achava exilado
na Ilha Terceira, no quadro da guerra civil de 1832–1834.

Este, determinava que a bandeira nacional passasse a ser


verticalmente bipartida de branco e azul, ficando o azul à tralha;
sobre o conjunto, ao centro, deveria assentar as armas nacionais,
metade sobre cada cor.

O branco e o azul tinham sido adoptados como cores nacionais por


decreto das Cortes Gerais da Nação de 22 de Agosto de 1821, na
sequência da revolução liberal do ano anterior. A bandeira nacional
tinha, no entanto, mantido a mesma ordenação, com o campo
totalmente em branco.

Reza a tradição que a primeira bandeira constitucionalista teria sido


bordada pela própria rainha Maria II de Portugal e trazida para o
continente pelos Bravos do Mindelo, quando desembarcaram nas
[A BANDEIRA DE PORTUGAL] 8ºD

proximidades em Vila do Conde para conquistarem o Porto, onde


viriam a ficar sitiados ao longo de mais de um ano.

Tem-se gerado alguma controvérsia acerca das proporções do branco


e do azul nesta bandeira; a bandeira para uso terrestre era
igualmente bipartida de branco e azul; a para uso naval, essa sim,
apresentava o azul e o branco na proporção de 1:2, um pouco à
semelhança do que sucede com o actual pendão nacional português.

Ao mesmo tempo foi introduzido um novo Jaque Nacional para os


navios de guerra. Era branco, com uma orla azul e as Armas
Nacionais ao centro. Foi também introduzida uma nova Flâmula
Nacional, azul e branca.

Flâmula Nacional

(1830) (1830)
Jaque Nacional

D. Pedro IV usou um estandarte pessoal, rectangular armorial, cujo


campo era totalmente ocupado pelas Armas de Portugal. A partir de
D. Maria II, os Reis continuaram a usar estandartes pessoais
vermelhos, com as Armas Nacionais ao centro.

Estandarte ImperialEstandarte Real aVariante do Estandarte


de D. Pedro IV partir de D. Maria II Real, usada por D. Pedro
V

Desde 1910
[A BANDEIRA DE PORTUGAL] 8ºD

Actual bandeira portuguesa

Logo após a Revolução Republicana, em 5 de Outubro de 1910, a


Bandeira da Monarquia Constitucional foi abolida, e o Estado
promoveu um concurso de bandeiras para representar o novo
governo.

Houve então um grande debate para decidir sobre a manutenção do


azul e branco da monarquia ou pela adopção do verde e vermelho do
Partido Republicano Português. Embora muitas das propostas para
bandeiras se centrassem no azul e branco (como, entre outras, a do
poeta Guerra Junqueiro), o vencedor final foi uma bandeira vermelha
e verde, cores associadas ao PRP desde a fracassada revolta de 31 de
Janeiro de 1891. Os autores do actual desenho do símbolo pátrio por
excelência são Columbano Bordalo Pinheiro, João Chagas e Abel
Botelho. Para a escolha da nova bandeira o Governo não esperou pela
opinião da assembleia constituinte nem procedeu à realização de um
plebiscito, como foi reclamado pelos opositores das novas cores da
bandeira. Anunciada oficialmente em 30 de Junho de 1911, era
baseada na bandeira que Machado Santos, o "herói" da Rotunda usou,
bem como a hasteada pelo navio rebelde Adamastor, durante a
Revolução Republicana. O governo ordenou desde logo à Cordoaria
Nacional que fossem confeccionadas em larga escala, para que
fossem hasteadas por todo o país nas repartições oficiais no 1.º de
Dezembro seguinte, feriado que se tornou na altura o Dia da
Bandeira.

Mesmo com duas revoluções que conduziram a outras tantas


mudanças de regime, os sucessivos governos republicanos nunca
alteraram o desenho da bandeira.

No entanto, a actual Bandeira de Portugal só foi consagrada,


constitucionalmente, como símbolo nacional, em 1976, ao entrar em
vigor a nova Constituição da República.
[A BANDEIRA DE PORTUGAL] 8ºD

Realizado por:
Igor Rafael Sobral Nicolau. Nº17 8ºD

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