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Cláudia Salles, hoje com 24 anos, era aluna e participou daquela primeira montagem. Ela se formou há oito anos, mas
nunca deixou de freqüentar a escola. [....] Já foi também cantora e percussionista do grupo de música e dança afro da
escola, o Guadalaxé. "Meu trabalho é cuidar de crianças, mas não abandono o sonho de ser artista", diz Cláudia.
O Guadalaxé faz parte da memória que Cláudia diz ser a mais feliz de sua vida. No ano passado, a banda foi indicada
para representar a Secretaria de Educação do Estado nas comemorações do ano do Brasil na França. Cláudia e mais
oito alunos passaram uma semana em Paris e fizeram duas apresentações em uma escola da cidade. Ela conta que,
quando o grupo chegou ao colégio parisiense, os franceses acharam que estavam recebendo a visita de um time de
futebol. "Eles não conheciam nada sobre nosso país. Quando começamos a tocar, foram ao delírio", diz ela. "O mais
longe que eu tinha ido era Copacabana. De repente, eu estava conhecendo a Torre Eiffel... Parecia um sonho."
Atualmente, o grupo se apresenta quatro vezes por mês em centros comunitários, universidades e outras escolas da
região.
Claro que nem tudo vai bem no Colégio Guadalajara. A escola não é referência quando o assunto é preparar os alunos
para o vestibular ou para concursos públicos. Para isso, é preciso mais que boas idéias. É preciso ter dinheiro, e o
Guadalajara padece da mesma falta de investimento de toda a rede pública de ensino. Mas a solução criativa de
professores e alunos para compensar as falhas do poder público é uma lição bem-acabada sobre como driblar a
burocracia e respeitar a cidadania - mesmo diante das condições mais adversas.