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foto: Thiago Gustavo

Ano 1 | nº 3 | São Luiz do Paraitinga | 1ª quinzena / Abril de 2010

Arquitetura da fé
O Instituto do Patrimônio Histórico imagens e de outros objetos que

foto: Nana Vieira


e Artístico Nacional (Iphan), que des- ainda estejam sob os escombros.
de janeiro instalou um escritório em Falta encontrar, por exemplo, uma
São Luiz do Paraitinga, está executan- segunda imagem do padroeiro,
do obras de salvamento emergencial que ficava no altar-mor.
das igrejas de São Luiz de Tolosa e de Um importante achado deu-
Nossa Senhora das Mercês. Também se na segunda-feira, 29 de março,
providenciou o escoramento de pelo quando foi encontrada a imagem
menos 20 imóveis públicos e particu- de Nossa Senhora das Dores
lares tombados, que corriam perigo – muito venerada pelos católicos
de desmoronamento após a enchente luizenses e cujo desaparecimento,
do início do ano. por ocasião do desabamento da
A informação é do coordenador Matriz, causou comoção entre os
das ações locais do Iphan, o arquiteto fiéis. De acordo com trabalhado-
e urbanista Paulo Sérgio Galeão. Ele é res da Biapó, apesar do desastre, a
chefe do escritório técnico do Iphan imagem, feita em madeira, não so-
em Pirenópolis (GO), mas está em São freu danos significativos, pois uma
Luiz a serviço da superintendência do grossa viga travou a parede lateral
órgão federal no Estado de São Paulo. do templo no momento em que
desabava sobre a santa. Apenas
Ação nas igrejas seu manto ficou danificado.
De acordo com Galeão, o trabalho Para realizar as obras emergen-
que o Iphan está realizando nas duas ciais nas igrejas, o Iphan conta com Procissão do Domingo de Ramos diante da Matriz:
igrejas que ruíram é o da limpeza cuida- a Biapó, empresa goiana experien- a Semana Santa mobilizou a comunidade
dosa dos escombros, de modo a que o te nesse tipo de trabalho, uma vez
material encontrado possa ser aprovei- que prestou serviços semelhantes O arquiteto informou também que riados apenas os cabeçalhos, que são as
tado nas novas edificações, cujos proje- em Goiás Velho, após a enchente que no está prevista uma exposição com partes de madeira que sustentavam os
tos e obras serão bancados pelo gover- final de 2001 quase destruiu a cidade; e as peças (imagens e objetos de cul- sinos, e que poderão ser restaurados.
no paulista. Outra ação desenvolvida no em Pirenópolis, quando a antiga igreja to) encontradas nas duas igrejas. Ele Com o campanário, será devolvido
local das ruínas é o manuseio e a limpe- matriz da cidade foi destruída por um considera que essa iniciativa, além de o som dos sinos para a comunidade
za das peças de devoção – como ima- incêndio, em 2002. prestar contas do trabalho realizado que durante 170 anos se habituou
gens, sinos e outros objetos que pouco pelo Iphan e pela Biapó, será um gesto aos toques característicos, principal-
a pouco vão sendo encontrados. Exposições e campanário de respeito a uma comunidade atingi- mente os de Matinas (às 6 horas), do
Antes de o Iphan começar o seu Galeão afirma que nos escombros da por uma tragédia de grandes pro- Ângelus (ao meio-dia) e o de Véspe-
trabalho, a diocese de Taubaté, que é das duas igrejas de São Luiz está sen- porções [leia, na pág. 3, matéria sobre o ras (às 18 horas).
a proprietária legal dos dois templos, do adotado um procedimento padrão Projeto Canteiro Aberto].
já havia transferido para aquela cidade para o aproveitamento de todo mate- O Iphan pretende produzir e expor As novas igrejas
duas das imagens encontradas – de São rial manuseado, e os trabalhos emer- um painel mostrando as igrejas que Para Paulo Sérgio Galeão, quando for
Luiz de Tolosa e do Senhor dos Passos. genciais ali executados deverão termi- desabaram e as maquetes das que se- o momento de elaboração do projeto
Galeão informou que embora já exis- nar até o final de junho, quando então rão construídas. O objetivo é diminuir de reconstrução das igrejas Matriz e
tam projetos de restauração das peças, poderão ser definidos os projetos de o impacto da visão das ruínas na paisa- de Nossa Senhora das Mercês, deverá
prosseguem as buscas de partes dessas reconstrução dos novos templos. gem da cidade e dar aos moradores e ser levada em conta a possível ocor-
visitantes uma mostra de como eram rência de novas enchentes. A princípio,
fotos: Chinica Medeiros
e de como ficarão os dois templos disse, trabalha-se com a hipótese de
após a reconstrução. Uma cobertura introduzir uma nova estrutura de ali-
está sendo erguida para proteger a cerces que proteja essas construções
área de trabalho. da umidade – tanto do solo como a
Outra iniciativa será a construção provocada pelas chuvas. Outra solu-
de um campanário provisório no local ção pretendida é a reintrodução de
da Igreja Matriz, onde serão instalados pedaços das paredes que sobraram.
os sinos. Galeão disse que “todos os Na opinião do arquiteto, as novas
sinos já foram encontrados e só um paredes deveriam ser construídas em
está com uma pequena avaria, que não taipa turbinada com cal, pois esse re-
compromete o seu toque”. Foram ava- curso aumentaria a sua propriedade de
resistência à ação das águas. Ademais,
argumenta, esta seria uma demonstra-
ção de respeito às técnicas de constru-
Colapso da torre: o instantâneo do ção que tiveram origem no território
desabamento e sua representação paulista, com os bandeirantes, e foram
no desenho de uma criança luizense empregadas nas antigas construções
de São Luiz do Paraitinga.
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São Luiz tombada pelo Iphan


No dia 26 de março, o Diário Oficial da União (seção 3, pág. 14) publicou um edital de notificação do Iphan a respeito do
tombamento do Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga, “em razão do seu elevado valor histórico e paisagístico”.
A cidade vive O Centro Histórico da cidade, que já tem vários imóveis tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimô-
nio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), passou a ser, a partir desse ato, também tutelado
A um visitante que nunca pelo órgão federal responsável pelo patrimônio. O processo será agora encaminhado ao Conselho Consultivo do Iphan.
tenha ouvido falar de São Luiz O edital delimita o perímetro de proteção, o qual compreende todos os imóveis situados a partir do Beco da Mucha-
do Paraitinga, e viesse aqui pela cha (prolongamento da Rua Benfica), atravessa o Rio Paraitinga, abrange as casas situadas a até 30 metros da margem
primeira vez, a cidade vai reve- direita do rio, até chegar ao Beco do Frade (Rua Capitão Antonio Carlos), onde atravessa novamente o rio e segue pela
lar algo mais do que a ausência Rua Nova (Rua Coronel Manoel Bento); depois passa pela Rua Deputado Antonio Silvio da Cunha Bueno, sobe o Morro
de duas igrejas, algumas casas do Cruzeiro até o cotovelo da Rua Manoel Paulino César, desce até a Rua Dr. Oswaldo Cruz e, deste ponto, segue até o
arruinadas e casarões machuca- cruzamento com a Rua do Cruzeiro; daí, desce até encontrar a Rua Monsenhor Ignácio Gioia e continua, então, pela Rua
dos. Se esse hipotético turista da Liberdade até chegar à Rua Benfica, fechando assim a poligonal.
caminhar pelas ruas do Centro
Histórico, encontrará marcas
contundentes do desastre que
se abateu sobre São Luiz, mas,
ao mesmo tempo, haverá de fi-
car surpreso diante do ânimo e
da coragem dos seus moradores
– dois dos fatores que têm dado
combustível para o motor da re-
construção.
E não será uma impressão falsa.
Se fosse mais além e explo-
rasse as quebradas da zona ru-
ral do município, nosso turista
encontraria gente plantando,
colhendo, tirando leite, fazendo
queijos, cuidando dos animais e
esperando os filhos voltarem da
escola. Vida normal? Não, ainda
não. Mas diante dos relatos da
enchente que esse visitante cer-
tamente ouvirá, não será difícil
que logo se convença da garra e
da perseverança da comunidade
luizense. Verá a praça iluminada, Esquina dos Quatro Cantos: desenho em bico de pena de Tom Maia, 1976
boa parte dos estabelecimentos
comerciais abertos e renovados, O Iphan, que vem agindo em São do Iphan como órgão regulador “não nejamento da Prefeitura, Cristiane Bit-
poderá flagrar o ensaio de um Luiz desde o início de janeiro no pro- altera em nada os procedimentos do tencourt, a antiga sede do Executivo
grupo de músicos e comer uma cesso de restauração da Igreja Matriz Condephaat”, e aposta na coexistên- municipal ficou com a estrutura com-
boa comida, comprar algum ar- e da Capela das Mercês, seriamente cia harmônica das duas instituições. prometida. As águas que invadiram o
tesanato e encontrar verduras avariadas pela enchente, agora tam- Ambas deverão trabalhar de forma prédio levaram de roldão os arquivos
frescas no Mercado Municipal. bém vai poder participar da recons- autônoma, com foco na conservação de documentos e os computadores.
Nosso turista principiante fi- trução dos outros imóveis históricos do patrimônio histórico de São Luiz. Apesar de o imóvel ter sido reformado
cará encantado, saberá entender na cidade. De acordo com o arquiteto O arquiteto do Condephaat Vinicius recentemente – e não sofrer nenhum
um pouco da alma luizense. E Paulo Sérgio Galeão, coordenador do Penha de Oliveira também espera abalo aparente –, o antigo prédio per-
em breve vai querer voltar. escritório da instituição em São Luiz, o uma relação pautada na contribuição manece interditado até a conclusão de
órgão pretende auxiliar os proprietá- e na troca de experiências. “Haverá uma vistoria detalhada de seu estado,
rios para que todos os procedimentos reuniões para afinar o discurso entre sob a responsabilidade do Instituto de
Expediente de recuperação dos imóveis ocorram o Iphan e o Condephaat”, comenta. Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Editor: Luiz Egypto de Cerqueira observando-se as melhores práticas, Uma das expectativas de proprie- Com a enchente, desabaram a Bi-
Secretária de redação: Ângela Loures isto é, imprimindo agilidade à recons- tários de imóveis históricos que ti- blioteca Municipal e a Escola Municipal
Chefe de reportagem: Judas Tadeu de Campos
Arte e diagramação: Renata Maria Monteiro trução sem que o patrimônio históri- veram seu patrimônio danificado é a Prof.Waldemar Rodrigues. Da bibliote-
Alunos voluntários: Maria Clara de Carvalho, co seja descaracterizado. E muito em- de que essas instituições reguladoras ca, localizada na Praça da Matriz, quase
Felipe Guerra, Pedro Funchal (reportagem); Vanessa bora os donos de imóveis tombados abram planos de financiamento para nada restou. As paredes cederam e to-
Cunha (reportagem e diagramação)
Colaboradores: Chinica Medeiros, Nana Vieira, tenham de se reportar ao Condepha- a reconstrução ou reforma dos imó- dos os livros e móveis se perderam nas
Tom Maia at e também ao Iphan, a partir de ago- veis. Segundo técnicos das duas insti- águas. Segundo Cristiane, esses imóveis
Apoio: Câmara Municipal de Taubaté; Prolim ra poderão ter a certeza de que seus tuições, tanto o Condephaat como o serão reconstruídos com verbas da
O Jornal da Reconstrução é um projeto de extensão imóveis estarão mais protegidos. Iphan estão discutindo essa possibili- Secretaria de Estado da Cultura, sob a
do Deptº de Comunicação Social da UNITAU e dade e procurando identificar formas supervisão técnica do Condephaat.
órgão informativo da Câmara de Desenvolvimento
Socioeconômico de São Luiz do Paraitinga. Órgãos reguladores legais para que isso ocorra. Ainda não Ainda no caso da biblioteca e da es-
Fale conosco: jornaldareconstrucao@gmail.com Além da presença da instituição fe- há previsão de que algum plano seja cola, os trabalhos de reconstrução só
Coordenadores: deral como órgão regulador, o tom- efetivamente posto em prática. O mo- poderão começar depois da expedição
Edson Wanderley Alves (UNITAU); José Xaides bamento do Centro Histórico pelo mento, agora, é o de identificar opor- de um laudo do IPT, informando a situ-
de Sampaio Neves (UNESP-Bauru); Maurício
Dellamarco (UNESP-Guaratinguetá)
Iphan tem como principal benefício a tunidades de captação de recursos. ação em que os imóveis se encontram.
abertura de canais de investimento na “O laudo da perícia é necessário para
Jornalista Responsável: Ângela Loures
MTB 173/01/87v DRT-MS infraestrutura da cidade, que já está Prédios públicos sabermos o que foi inutilizado e, então,
inscrita no PAC das Cidades Históri- Sete prédios públicos não suporta- projetar o restauro”, explica o arquite-
Tiragem: 2.000 exemplares
cas. Uma das primeiras ações deverá ram a enchente que devastou a cida- to Vinicius Penha de Oliveira. Depois
ser o aterramento da fiação elétrica de. Essas construções fazem parte dos do projeto elaborado e orçado, os do-
do Centro Histórico, o que vai con- 83 imóveis danificados pela inundação, cumentos seguem para a Secretaria da
tribuir para a valorização estética do dos quais 18 foram dados como arrui- Cultura, que definirá o valor da verba
conjunto arquitetônico da cidade. nados e 65 considerados afetados. e fará o repasse para a reconstrução
Paulo Galeão afirma que a presença De acordo com a assessora de Pla- dos prédios públicos.
Apoio gráfico
3

Conhecimento a céu aberto


Uma parceria entre a Universidade pecial de visitação pelo qual

foto: Nana Vieira


de Taubaté (Unitau), Universidade Es- os interessados terão acom-
tadual Paulista (Unesp), Iphan e Pre- panhamento de profissionais
feitura de São Luiz do Paraitinga pos- incumbidos de explicar todo
sibilitará que visitantes e interessados o trabalho realizado no can-
acompanhem o processo de recons- teiro de obras. Para evitar
trução por meio de eventos, pales- riscos durante a visitação, se-
tras e também nos diversos canteiros rão seguidas normas de se-
de obras espalhados pela cidade. É o gurança com limitadores de
Projeto Canteiro Aberto, dirigido ao acesso e equipamentos de
público em geral mas, em especial, à proteção. Durante a sema-
comunidade acadêmica, que poderá na, as visitas ocorrerão nos
ver na prática muitos conceitos abor- horários em que o trabalho
dados em salas de aula. estiver paralisado, entre 12h
Os coordenadores do projeto acre- e 13h, e depois das 17h; nos
ditam que o “turismo acadêmico” po- fins de semana, a visitação se
derá contribuir para o reerguimento dará em período integral.
da economia local. O assessor de Tu-
rismo da Prefeitura, Eduardo Oliveira, Excursões acadêmicas
está otimista e tem estudos que mos- O arquiteto José Xaides
tram que a cidade tem estrutura para de Sampaio, professor da
receber mil visitantes por dia, afora o Unesp-Bauru, esteve na cida-
turismo flutuante. Ele diz que já está de no dia 5 de março com
O acompanhamento dos trabalhos de recuperação será útil para as atividades acadêmicas
divulgando o material informativo com uma turma de 23 alunos do
opções de hospedagem, alimentação e curso de extensão em Ges-
pontos turísticos para atrair alunos de tão de Organizações Públicas, Naquele dia, os alunos mantiveram Daniel Patire, assessor de impren-
Arquitetura, Engenharia, História e So- para que eles tivessem contato dire- reuniões com técnicos do Iphan, da sa da Unesp, informou que essa tur-
ciologia, além de outros cursos. to com o plano de gerenciamento de Defesa Civil e assessores da Prefeitu- ma pretende voltar para uma esta-
crise aplicado pela Prefeitura e pelas ra. Ouviram relatos do trabalho rea- dia mais longa, e que um grupo de
Templos instituições envolvidas na recons- lizado na cidade, desde o salvamento alunos do curso de Arquitetura já
Os trabalhos de restauração de trução da cidade. O professor, que das vítimas nos piores momentos da tem programado uma estada em São
maior interesse dos estudantes são os conhece bem São Luiz, comentou a enchente. O estudante Cleverson Mo- Luiz, em abril.
das igrejas da cidade. A Biapó, empresa importância do projeto e salientou a reira definiu a visita como “uma expe- No dia seguinte à visita dos estudan-
contratada pelo Iphan para realizar o oportunidade do pensamento acadê- riência única”. Já a aluna Graciela Fran- tes da Unesp, dois ônibus trazendo alu-
trabalho de preservação e restaura- mico transpor os limites dos campi co da Silveira enfatizou a possibilidade nos do curso de Arquitetura e Urba-
ção do acervo da Igreja Matriz e da universitários e atuar em benefício de aplicação efetiva do pensamento nismo da USP estiveram na cidade para
Capela das Mercês, criou um plano es- da comunidade. acadêmico em prol da sociedade. conhecer o patrimônio danificado.

Hotéis e pousadas esperam turistas


O turismo em São Luiz do Parai- poucos dias antes da Semana Santa ve no setor de hotelaria. “Se um es- ressaltam que o turismo ecológico,
tinga é um dos assuntos centrais nas manteve fechada a sua pousada. “Até pecialista fizesse essa análise, levando como o rafting e o arborismo, é um
discussões sobre a recuperação da o início da Semana Santa eu havia re- em conta como a economia era antes serviço que já está disponível. Com
cidade. A atividade representa um cebido apenas uma reserva, e não va- da enchente e como é agora, pode- melhorias na cidade, a atividade po-
setor importante na vida econô- lia a pena abrir as portas”, diz Hen- ria traçar as possibilidades e necessi- derá contribuir muito para incre-
mica da comunidade, muito abala- rique. “Enquanto isso, fiz melhorias dades da cidade para futuro”, afirma. mentar a movimentação econômica.
da pelos episódios do início do ano. na pousada, apesar dos prejuízos. As Para o secretário da AHP-SLP, a vol- Propaganda
Nos demais estabelecimentos co- pousadas que têm algum movimen- ta do movimento em hotéis e pousa- “O primeiro passo é retomar o ca-
merciais da cidade é possível notar to atualmente estão atendendo gen- das depende do que a cidade puder lendário festivo da cidade. A progra-
a volta do movimento, mas as pou- te da cidade, com diárias reduzidas.” oferecer. “O comércio básico da cida- mação da Festa do Divino está quase
sadas e hotéis, que dependem ex- Henrique disse que mesmo com a de já voltou a funcionar. É importan- concluída e teremos 4,5 mil cartazes
clusivamente dos turistas, têm sido aparente retomada da economia na te que haja o embelezamento da ci- e folders para divulgar o evento”, diz
prejudicados pela falta de reservas. cidade, é importante haver estudos dade, como a pintura das residências, Eduardo. Com os devidos cuidados
O secretário da recém-criada As- que apontem as necessidades do mu- deixando tudo novamente alegre”, com a cidade, como a liberação dos
sociação de Hotéis e Pousadas de nicípio, criando condições para um diz Henrique. Ele reivindica também acessos e a redução dos tapumes, a
São Luiz do Paraitinga (AHP-SLP), planejamento que ajude São Luiz a a liberação dos acessos, sobretudo avaliação dos empresários é que nos
Henrique Guerra, explicou que até crescer com mais segurança, inclusi- nas ruas que estão parcialmente in- próximos meses a situação tenda a
terditadas pelos tapumes das obras. melhorar. Como informou a edição nº
O assessor de Turismo da Prefeitu- 2 do JR, o Ministério do Turismo desti-
foto: Pedro Funchal

ra, Eduardo Coelho, explicou que os nou R$ 1 milhão para o desenvolvimen-


tapumes, ocupando espaços além das to de projetos turísticos em São Luiz.
residências, visam trazer segurança O presidente da Associação Co-
aos pedestres que passam perto das mercial do município, José Rober-
obras. “Se o tapume ficar muito perto to Filho, acredita na retomada do
das casas, pode acontecer um aciden- movimento turístico até a Festa do
te -- por exemplo, com a queda de um Divino. “Meu restaurante tem aten-
tijolo ou de uma viga.Além do risco de dido muitas pessoas que vêm à cida-
uma pessoa se machucar, a Prefeitura de, passam o dia e vão embora”, diz.
seria responsabilizada pelo acidente.” “Por enquanto não há atrativos para
Tanto Henrique como Eduardo que elas passem a noite aqui, mas
acredito que até o Divino, com mais
Nem parece que houve um eventos disponíveis, o turismo vol-
desastre: canto da Praça da Matriz, te a crescer.” É o que todos desejam.
três meses depois na inundação
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Encostas sob controle


Localizada nos contrafortes da Ser- dessas interven-
ra do Mar, entre Ubatuba e Taubaté, ções. Moradores e

foto: Pedro Funchal


São Luiz do Paraitinga é uma cidade comerciantes da Via
cercada por morros onde as chuvas de Acesso João Ro-
de janeiro causaram muitos estragos. man, ouvidos pelo
Três grandes obras de estabilização de JR, afirmam que a
encostas estão atualmente em anda- poeira causada pela
mento na área urbana, localizadas em retirada da terra se-
pontos de intenso tráfego de pedes- ria diminuída se um
tres e veículos. Esses trabalhos fazem caminhão-pipa cir-
parte do plano de ação com vistas à culasse no local com
reconstrução de São Luiz. mais frequência.
O Departamento de Estradas e Roda- Nesse local, a
gens (DER), órgão do governo estadual, equipe do DER está
é responsável por duas intervenções: o agora na segunda
desmonte e recuperação da encosta que etapa do serviço.
margeia a Via de Acesso João Roman, na A encosta localiza-
ligação da Rodoviária com o Centro da junto à entrada
Histórico, e o escoramento dos morros principal da cidade
que cercam a Via de Acesso José Pinto está sendo “reta-
de Souza, na Várzea dos Passarinhos. ludada”, isto é, ta-
De acordo com técnicos do DER, ludes estão sendo
essas áreas são consideradas de risco construídos, dando
devido ao declive acentuado e ao vo- a impressão de que
lume de água que absorvem durante o morro está recor-
os períodos de chuvas, o que contribui tado em degraus. O Obras de contenção garantem a segurança dos moradores da Rua do Carvalho
para a ocorrência de deslizamentos de projeto também
terra – como de fato houve. prevê a drenagem horizontal e pro- definitivas e, pelo menos naquele tre- Depois da enchente, quando a água
funda do terreno, e as águas trazidas cho, trarão segurança aos luizenses. baixou, foi preciso cobrir todo o tre-
Intervenções estruturais pela chuva serão conduzidas por duas Os dois serviços devem ser con- cho com lona plástica para evitar o
Na primeira etapa, foi desenvolvido canaletas que desembocam no rio.Tão cluídos num prazo de seis meses, a encharcamento do terreno. Com al-
um estudo das características físicas logo terminem as intervenções estru- um custo de R$ 19 milhões, assumido tura de 15 metros e 170 metros de
do terreno a ser trabalhado – como turais, a área passará por um processo pelo governo estadual. comprimento, a encosta ganhou uma
o exame do tipo de solo, o nível de de revegetação, com a colocação de camada de concreto e tem pontos
alcance de água e quais os fragmentos telas de capim em toda a encosta. Obra da Sabesp demarcados para receber injeção de
soltos presentes nas encostas. Com Aos fundos da antiga Biblioteca Mu- cimento no terreno.
base neste estudo foi possível deter- Seis meses nicipal, destruída pela enchente assim De acordo com Expedito Ronaldo Fil-
minar o tipo de intervenção a ser re- NaVárzea dos Pássaros, os trabalhos como o casario à sua volta, a Compa- gueira, auxiliar administrativo na obra, a
alizado. De acordo com o diretor de de recuperação nas encostas da Via de nhia de Saneamento Básico do Estado finalização do trabalho de engenharia se
operações da Divisão Regional de Tau- Acesso José Pinto de Souza compreen- de São Paulo (Sabesp) executa uma dará em quatro meses. A etapa seguinte
baté do DER, engenheiro Fernando dem uma extensão de 530 metros. O outra obra, a de contenção de encos- será o projeto paisagístico do local.
José Pires de Oliveira, a avaliação do projeto de engenharia propõe a cons- tas na margem esquerda do Paraitinga. Morador da Rua do Carvalho há 35
terreno é indispensável para garantir a trução de um muro de concreto com A área abrange os fundos das casas da anos, o aposentado Odilon Francisco
eficácia do trabalho. tirantes de aço sob estacas-raiz para Rua do Carvalho. O objetivo é evitar Bonafé está satisfeito com as interven-
Entre os moradores, há quem se in- conter os pontos de escorregamento. que o morro ceda em caso de chuvas ções ali realizadas – o que, para ele,
quiete pelos transtornos causados pela Para o engenheiro Tadeu Magnani, co- intensas, levando de roldão imóveis deverá assegurar tranquilidade aos re-
obra, mesmo sabendo da necessidade ordenador da obra, as soluções serão tombados pelo patrimônio histórico. sidentes no local.

Audiências públicas Cores da Matriz

Nos dias 9 e 12 de abril serão promo- Nos dias 29 e 30 de março, alunos da Escola Municipal Prof.Waldemar
vidas importantes audiências públicas nas Rodrigues, sob a orientação da professora Maria Aparecida dos Santos
quais os moradores de São Luiz poderão (Parê), decoraram com pinturas os tapumes que cercam os escombros
se informar, tirar dúvidas e expor suas opi- da igreja Matriz e da escola que antes ocupavam. A idéia dessa inicia-
niões a respeito de assuntos de interesse tiva surgiu em uma das
da comunidade. reuniões do Conselho
foto: Nana Vieira

** Dia 9, sexta-feira: discussão sobre o Gestor do Patrimônio


patrimônio histórico da cidade, com a pre- Cultural.
sença do Ministério Público e técnicos do Os trabalhos come-
Condephaat e do Iphan, que tratarão da çaram um mês antes,
reconstrução das casas danificadas, igrejas, nas salas de aulas, utili-
o processo de tombamento em caráter na- zando material didático
cional e assuntos correlatos. e de apoio pedagógico.
foto: Nana Vieira

** Dia 12, segunda-feira: explicações so- As classes foram dividi-


bre as causas das enchentes e as medidas das em grupos e cada
que poderão ser tomadas para proteger a qual escolheu o que ia
população, com a participação de represen- fazer – ou seja, não hou-
tantes dos órgãos envolvidos nos estudos ve improviso nas pin- Alunos de Educação Artística recriam a
Cápsula do tempo, 1927: Ari e ações. turas. Foram utilizados cidade nos tapumes que cercam as obras de
Guimarães, de 83 anos, examina As duas audiências serão realizadas às 19 tintas látex e pincéis de recuperação dos prédios arruinados
documentos deixados por seu horas, na Praça da Matriz. Não deixe compa- quatro numerações. Os
pai em caixa recuperada sob os recer. E traga a sua família. materiais foram doados por particulares e entidades públicas e privadas.
escombros da Matriz

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