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ACESSADO EM 11/04/2010
VETO-201CINTOLERAVEL-E-INSUPORTAVEL201D/;
ACESSADO EM 11/04/2010
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello declarou que é contra a
censura prévia e que deve se ter uma consciência democráticas com a liberdade.
“Liberdade com responsabilidade, é evidente, mas não faz sentido essa proibição
apriorística que é um veto inaceitável, intolerável e insuportável. Isso não pode ser
admitido, especialmente num regime fundado em bases democráticas”, afirmou o
ministro.
Mello ainda destaca que a Constituição “instituiu veto permanente a qualquer ensaio
de intervenção estatal na esfera das liberdades” e ainda completa dizendo que “a
censura representa a própria antítese dos grandes princípios que dão sustentação ao
regime democrático”.
O Estado de S.Paulo está sob censura prévia desde o dia 31 de julho, quando uma
decisão do desembargador Dácio Vieira, do Distrito Federal, não permitiu que o jornal
falasse sobre o envolvimento de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José
Sarney, na operação da Polícia Federal “Boi barrica”.
Entidades manifestam repúdio contra caso do Estado
As principais entidades brasileiras e internacionais de defesa da liberdade de
expressão também já se manifestaram contra a censura ao Estado. A Associação
Mundial de Jornais (WAN) e o Fórum Mundial de Editores (WEF) enviaram inclusive
uma carta conjunta ao presidente Luís Inácio Lula da Silva e ao presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pedindo uma ação contra esse abuso. Não
houve resposta.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a alertar o Brasil pra uma
“responsabilização internacional”, já o Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ)
também se manifestou, pelo seu coordenador da América Latina, Carlos Lauria,
dizendo que aposta na resposta da sociedade para o “absurdo” da situação. Da mesma
forma, o presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Enrique
Calderón, disse lamentar que a Justiça brasileira se caracterize por proteger
excessivamente os direitos das pessoas quando estão imiscuídas em temas de
interesse público”.
No Brasil,o diretor executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo
Pedreira, também destacou a inconstitucionalidade da medida. "Numa democracia
consolidada, não pode haver censura ou limitação à liberdade de informação",
comentou. O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)., Maurício Azedo,
desmonstrou inconformismo com a situação. “O artigo 220 da Constituição declara de
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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forma expressa que é vedada qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística", afirmou.
*Com informações de O Estado de S.Paulo
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"A decisão é escandalosa", declarou ontem o professor Fredie Didier, de processo civil,
sobre o julgamento do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) que reconheceu a
suspeição do desembargador Dácio Vieira, mas manteve de pé o decreto de censura
por ele imposto ao Estado. "Um absurdo total porque se o tribunal reconhece o estado
de suspeição do magistrado no período em que proferiu sua decisão como é que não
determina a anulação de seus atos?"
O silêncio foi imposto ao Estado em 31 de julho, a pedido do empresário Fernando
Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Na última terça-feira,
em reunião reservada, o Conselho Especial do TJ-DF afastou Vieira da ação, acolhendo
exceção de suspeição proposta pelo jornal. O julgamento, porém, não interferiu na
decisão anteriormente tomada pelo desembargador, "uma vez que são dois temas
distintos".
"Como é que o tribunal reconhece suspeição e não anula o ato praticado por quem a
própria corte considera suspeito?", insiste Didier, daUniversidade Federal da Bahia.
"Imagine-se que se tivesse dado uma decisão final contra o Estadão, ela iria ser
mantida?"
"O nosso Código de Processo Civil não fala nada sobre a consequência do julgamento
da suspeição", observa Didier. "Mas temos como regra expressa dispositivos sobre isso
nos regimentos internos do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça
e também no artigo 101 do Código de Processo Penal. As redações são semelhantes no
sentido de que julgada procedente a suspeição ficarão nulos os atos praticados. Me
parece muito claro: os atos decisórios praticados sob o estado de suspeição são nulos."
Para o professor Oscar Vilhena, da Direito GV, e diretor jurídico da Conectas Direitos
Humanos, a decisão do TJ-DF foi "extremamente conservadora". "O tribunal poderia
ter declarado a suspeição e também determinado a invalidação dos atos pretéritos. A
meu ver seria a decisão mais adequada, mas como não há previsão obrigatória no
Código de Processo Civil para que isso ocorra o tribunal simplesmente declarou a
suspeição e transferiu a responsabilidade ao novo juiz do feito. E quanto aos atos
pretéritos? Bom, esses serão reapreciados pelo novo desembargador relator."
Vilhena considera que "também deve ser invalidado o ato de alguém que não teria
legitimidade para praticá-lo porque suspeito". Ele assinala que "a suspeição não gera
presunção de invalidade, mas o tribunal poderia mesmo ter dado uma decisão melhor".
Cronologia do caso
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Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, informa o
Estado da proibição de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica (PF),
envolvendo o empresário Fernando Sarney, filho de José Sarney
1/8
Jornal revela que Vieira, ex-consultor do Senado, é do convívio dos Sarney e do ex-
diretor do Senado Agaciel Maia. A Associação Nacional de Jornais (ANJ), outras
entidades, senadores e o ex-ministro do STF Carlos Velloso criticam decisão
12/8
Estado entra com mandado de segurança. O recurso tem o objetivo de garantir o
reconhecimento de direito líquido e certo, incontestável, que está sendo violado ou
ameaçado por ato ilegal ou inconstitucional de uma autoridade
13/8
O desembargador Waldir Leôncio Cordeiro, da 2.ª Câmara Cível do TJ, mantém
censura ao jornal, ao não acolher pedido de liminar no mandado de segurança.
Cordeiro deixa para deliberar após receber dados de Vieira e da Procuradoria
21/8
Estado ingressa com nova exceção de suspeição do desembargador Dácio Vieira. A
base do recurso é extraída da própria decisão de Vieira, quando ele ignorou um
primeiro pedido para que se declarasse suspeito no caso
15/9
TJ-DF declara Vieira suspeito para decidir sobre o pedido de censura. A decisão afasta
o desembargador do caso. O agravo de instrumento de Fernando Sarney será
redistribuído para outro desembargador do mesmo tribunal