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Bom Dia,

O motivo que me leva hoje a escrever não é nada de pessoal.


É uma história que a meu ver mais podia ser um conto, um "conto de Amor". Mas este
não foi criado, nem alterado pela ficção escrita nem cinematográfica, é um conto
verdadeiro.
Para mim (não que eu seja relevante nesta história) tudo começou quando uma amiga
me aconselhou um cabeleireiro onde eu poderia ir cuidar do meu cabelo.
Desde que lá entrei, desde o primeiro momento, fui sempre muito bem acolhida e
tratada. Contudo tenho de confessar que os sentimentos que mais me seduziram no
ambiente daquele estabelecimento foram a bondade, a generosidade e o positivismo
que lá sempre senti.
Este dito cabeleireiro pertence a duas cunhadas: a Fátima e a Teresa. Duas
mulheres, duas parceiras, duas companheiras, duas profissionais, duas Mães!
Numa das ocasiões que lá fui tive oportunidade de saber que a Fátima era mãe de um
menino. "Um menino de ouro, carinhoso, afável." – dizia ela.
Eu também sou Mãe e confesso-lhes que fiquei sempre arrepiada ao ouvir a Fátima
falar do João.
Expressões muito semelhantes aos de muitas mães quando falam dos seus filhos eu
ouvi da Fátima. Enquanto profissionalmente cuidava do meu cabelo, via os olhos
dela encherem-se de brilho ao contar-me das peripécias e das fases de crescimento
do Joãozinho. "É tão amoroso e carinhoso o meu filho..." , " É um menino de ouro".
Vim a saber mais tarde que o João tinha uma paralisia cerebral, mas vos garanto
que no amor daquela mãe, essa paralisia foi transformada em amor genuíno,
incondicional e altruísta.
O trabalho de cabeleireira/o, sempre me disseram, é muito exigente, pois necessita
de muita disponibilidade horária e física.
Mas para esta mãe, nunca prescindiu do seu trabalho para ficar em casa. Entendeu
que o João deveria ter uma vida IGUAL à dos outros meninos, havia de ter
escolinha, casa e uns pais que estivessem sempre presentes para cuidarem dele e
lhe darem carinho.
Soube que o acompanhamento médico deste tipo de casos é muita grande, consultas,
tratamentos, fisioterapia, cuidados de bem estar, etc.
E o João teve isso tudo, mas os pais apesar de considerarem o João uma "benção"
nas suas vidas, nunca desistiram que o João tivesse ainda uma vida melhor, mais
autónoma, com mais mobilidade física, etc
A luta deles ao longo de 15 anos (idade do João) foi incansável, e poucas palavras
poderá descrever na perfeição um amor assim tão grande. Um amor abençoado pelo
João.
Tal como aconteceu com outros casos que já são públicos e conhecidos, também no
caso do João a esperança de uma vida melhor - entenda-se com mais autonomia - veio
de Cuba.
O coração de Fátima encheu-se de esperança e tudo fez para conseguir um
diagnóstico e uma previsão para o problema do João.
Visita após visita que eu fazia, ia sempre verificando o amor "fora de série"
daquela mãe. Apesar da sua luta diária, convivia com esse problema como algo de
"menor", face à importância que o João realmente tinha na vida deste casal.
Nem a falta de mobilidade e portanto terem de o erguer e movimentar ao colo, nem
as fraldas (nunca largadas ao longo de 15 anos) e nem a dificuldade de comunicação
lhes incomodou.
Conhecem-lhe o olhar, as expressões, os movimentos. Tornaram-se especialistas em
viver com as limitações dele e são muito felizes.
O amor, a generosidade, o bom viver que a Fátima e o seu marido proporcionam ao
seu filho João, foi algo que me tocou profundamente, não só porque sou Mãe, mas
principalmente por o ser, saber o quanto nem sempre é fácil criar uma criança
"dita" normal, quanto mais um menino 'especial' com limitações físicas e
intelectuais.
Como mencionei atrás, a esperança para uma melhor qualidade de vida para o João
veio de Cuba, e com isso veio necessidades (principalmente financeiras) que os
pais de João nunca antes tinham experienciado.
Fizeram pedidos junto de familiares e amigos, pediram empréstimos nos bancos e
trabalharam afincadamente para conseguir proporcionar ao grande amor da vida
deles, uma vida melhor.
Mas tudo o que conseguiram foi " uma gota no oceano".
Não consegui ficar indiferente. Fui abraçada pelo sentimento generoso e grandioso
que esta família possui. E agradeço o facto.
Escrevo-vos porque como profissional da comunicação que sou, sei da importância da
comunicação quando se pretende angariar ajuda e apoio.
A televisão tem uma possibilidade única: entreter, informar, divertir, mas também
ajudar, apoiar, comover e mudar vidas.
Acho que temos nas nossas mãos a possibilidade de mudar a vida do João .
Eu estou-vos a escrever, e se vocês se disponibilizarem a ler e ajudar de alguma
forma (dando a conhecer esta história por exemplo), a nossa vida (minha e sua que
está a ler esta minha mensagem) já foi útil para alguém e isso é recompensador.
Vamos ajudar a mudar (para muito melhor) a vida do João.
Estou ao dispor para o que precisarem sobre este assunto.
Cumprimentos,
Sandra Ribeiro

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