Você está na página 1de 2

Comunicado de Imprensa n.

º 024/10

Os trabalhadores têm de se indignarem


Os ricos para serem cada vez mais ricos obrigam os
trabalhadores a ficar mais pobres

O Governo ameaça os trabalhadores e a população mais desfavorecida com


aumentos de impostos, o que é de todo intolerável perante as gritantes
desigualdades que grassam pelo país, a todos os níveis.
O Governo semeia injustiça em cada medida. É uma marca da sua política
classista a favor dos mais poderosos.
Para obter mais receitas o Governo admite aumentar o IVA, o que se
traduziria numa diminuição do poder de compra da generalidade dos
trabalhadores, pensionistas e outras camadas da população vulneráveis. Os
impostos indirectos, pela sua regressividade, penaliza fortemente os que
menos rendimentos têm.
O Governo admite tributar os salários e o subsídio de Natal, mas sobre a
riqueza mobiliária e imobiliária, os lucros escandalosos dos accionistas das
empresas e do sector financeiro e o fim dos benefícios fiscais sem fins
sociais, não avança com medidas.
Não venha o Governo a sustentar estas pretensões com a demagogia de que
também tomaram medidas para tributar os rendimentos dos mais ricos,
como por exemplo as mais-valias.
Apesar de toda a mediatização, os efeitos do regime fiscal proposto para as
mais-valias a nível de obtenção de receitas, serão reduzidos.
A proposta do Governo em relação ao Código IRS apenas revoga a isenção
do saldo das mais-valias e as menos-valias de acções detidas por pessoas
singulares mais de 12 meses, e considera o saldo de mais e menos valias de
obrigações e outros títulos de dívida.

Filiada na
O Governo aumenta a taxa de IRS de 10% para 20%, relativamente ao saldo
das mais-valias e das menos-valias resultantes de alienação de partes
sociais de empresas; a operação relativa a instrumentos financeiros
derivados; a operação relativa a certificados que atribuem ao titular o direito
CES de receber um valor de determinado activo subjacente.
Confederação
Europeia Portanto, a proposta do Governo abrange apenas um pequeno conjunto de
de Sindicatos
activos, os de maior dimensão poderão continuar a fugir à tributação agora
criada através de vários expedientes admitidos pela própria lei.
A nível do Estatuto de Benefícios Fiscais, a Proposta de Lei do Governo
introduz apenas uma alteração no que trata os Fundos de Investimento, em
que o saldo positivo entre as mais e menos-valias, resultantes de acções
detidas por fundos de investimento durante mais de 12 meses, as
obrigações e outros títulos de dívida pública, ficam excluídas da tributação.
Exceptuam-se os casos dos saldos obtidos por fundos de investimento
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses

Rua Vítor Cordon, 1-2.º - 1249-102 Lisboa – Portugal – Tel.:+351 21 3236500 – Fax: +351 21 3236695 – email: cgtp@cgtp.pt
De acordo com a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e
Património (APFIPP), em 31.12.2009, o valor dos activos dos Fundos de Investimento
Mobiliários Abertos era de: 4,487,6 milhões de euros; dos Fundos de Investimento
Imobiliário Fechados: 5.023,2 milhões de euros; dos Fundos de Gestão de
Patrimónios: 59.059,9 milhões de euros; das SGFP: 21.431 milhões de euros.
Dados divulgados recentemente indicam que apenas uma pequena parcela do saldo
de mais-valias e de menos-valias poderão ser atingidas pela proposta de lei do
governo sobre tributação de mais-valias. Basta apenas ter presente o seguinte:
Segundo a CMVM, de Janeiro a Abril de 2010, as transacções na bolsa de Lisboa
atingiram 44.813,3 milhões de euros, quando em idêntico período de 2008 tinha
alcançado apenas 20.745,2 milhões de euros, ou seja, menos de metade. E que os
investidores estrangeiros, portanto não residentes, que continuam isentos do
pagamento de mais-valias já controlam actualmente cerca de 60% das transacções
na bolsa portuguesa. E estas não são as únicas entidades que, com a proposta de lei
do governo, continuarão isentas da tributação de mais valias.
Também ficam isentas as mais-valias resultantes de transacções realizadas pelas
SGPS, que são muito significativas, bem como as feitas por Fundos de Investimento
que continuam sujeitas a taxas de IRC reduzidas (10% e 12,5%).
Daqui se conclui que os estrangeiros e SGPS dominam a bolsa, e estes não são
pelas novas regras de tributação abrangidos.
O Governo apresentou uma previsão de 200 milhões de euros. Mas é evidente que
com todas estas isenções das mais-valias que continuarão a existir, o crescimento
efectivo da receita será certamente inferior àquele valor.
As medidas que o Governo se propõe tomar para diminuir o défice têm como efeito
diminuição dos rendimentos do trabalho, o empobrecimento de quem vive
exclusivamente desses rendimentos e, ainda, pensionistas que maioritariamente
vivem das pensões mínimas, além dos desempregados.
Como a CGTP-IN tem referido, os ricos para serem cada vez mais ricos, obrigam os
trabalhadores a ficarem mais pobres.
A CGTP-IN apela aos trabalhadores, aos reformados e aos desempregados que se
indignem contra estas políticas e exijam outras políticas.
Estas são importantes causas que nos devem mobilizar a todos. Vamos realizar uma
grande Manifestação, em Lisboa, no dia 29 de Maio.
Lisboa, 11.05.2010
DIF/CGTP-IN

Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses

Rua Vítor Cordon, 1-2.º - 1249-102 Lisboa – Portugal – Tel.:+351 21 3236500 – Fax: +351 21 3236695 – email: cgtp@cgtp.pt

Você também pode gostar