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Faculdade de Letras
Programa de Ps-Graduao em Estudos Literrios
Representaes da Memria
Professoras: Ana Beatriz Rodrigues Gonalves e Mrcia de Almeida
Aluna: Monique Ivelise Pires de Carvalho
Texto: Caderno Proibido Alba de Cspedes
Encontramo-nos uma diante da outra, como sentamos mesa; vi-a crescer, alcanar-me, est mais
alta do que eu, agora: uma mulher. (p. 152)
Voc tem pleno direito e obedec-las-ei. Estas so as relaes entre mim e voc. O resto diz respeito
somente a mim. Aniquilada por tamanha frieza, repliquei: Ento, a moral no tem importncia para
voc. Ela ficou um momento em silncio; depois disse, baixo: Oh, reflito muito, acredite; perguntome continuamente o que bem e o que mal. Voc me acusa sempre de ser cnica, fria; mas no
assim. No verdade. Sou de diferente de voc, eis tudo. (p.153)
Para ajudar a senhora a compreender Mirela e tambm a mim. No gosto do retrato com a qual a
senhora me pintou em sua imaginao: o homem casado, rico, que arma ciladas para a mocinha de
vinte anos. muito diferente, creia. Ns acabaremos casando, talvez um dia; mas isso no muito
importante. Importante o empenho total com que amo Mirela e Mirela me ama, aquilo que juntos
nos propomos ser e fazer. O casamento no a finalidade para ns, no queremos ser obrigados a
nos amar; cada dia escolhemos livremente nos amarmos, Compreende, no verdade? Respondi
resolutamente: No. (p. 161)
Toda vez que abro este caderno relembro a aflio que experimentava, quando comecei a escrever
nele. Estava atormentada pelos remorsos que envenenam todo o meu dia. Tinha medo que este
caderno fosse descoberto, ainda que, naquela poca, nada contivesse que pudesse ser julgado
culpvel. Mas, agora, j diferente: nele registrei a crnica dos ltimos tempos, a maneira pela qual
pouco a pouco, deixei-me arrastar para aes que condeno e que, todavia, como a este caderno, no
posso dispensar. (p. 162)
muito ciumento de Marina; quando ele fica em casa estudando, telefona sempre para controlar
onde ela se encontra, se verdade que foi casa de uma amiga. Mas sempre a encontra; deve ser
uma boa moa, dcil, no muito inteligente. Quando vem em casa, fala muito pouco. Ricardo a trata
mal, s vezes responde-lhe bruscamente, e no compreendo por que, amando-a, finja-se to
autoritrio com ela, prepotente mesmo. Marina nunca reage; e bom porque no casamento deve