Abordar a complexa relação entre direitos humanos, Estado nacional e cidadania democrática a partir do instrumental da teoria política não é tarefa fácil nem sucinta. Assim, para delimitar o objeto deste texto, circunscreveremos a reflexão aos seguintes eixos: primeiro, abordaremos a relação entre direito e estrutura política estatal; em seguida, será mostrada a vinculação histórica desta estrutura estatal com as noções de cidadania e direitos humanos, às quais viria somar-se a idéia de nação. Por fim, serão expostas algumas conseqüências bem como os paradoxos gerados por esta configuração específica que tem marcado a história do pensamento e das instituições políticas ocidentais, que vincula direitos do homem, Estado e cidadania democrática de base nacional.
Título original
Raquel_Kritsch Capitulo DDHH e Cosmopolitismo (Cap Livro - 2011)
Abordar a complexa relação entre direitos humanos, Estado nacional e cidadania democrática a partir do instrumental da teoria política não é tarefa fácil nem sucinta. Assim, para delimitar o objeto deste texto, circunscreveremos a reflexão aos seguintes eixos: primeiro, abordaremos a relação entre direito e estrutura política estatal; em seguida, será mostrada a vinculação histórica desta estrutura estatal com as noções de cidadania e direitos humanos, às quais viria somar-se a idéia de nação. Por fim, serão expostas algumas conseqüências bem como os paradoxos gerados por esta configuração específica que tem marcado a história do pensamento e das instituições políticas ocidentais, que vincula direitos do homem, Estado e cidadania democrática de base nacional.
Abordar a complexa relação entre direitos humanos, Estado nacional e cidadania democrática a partir do instrumental da teoria política não é tarefa fácil nem sucinta. Assim, para delimitar o objeto deste texto, circunscreveremos a reflexão aos seguintes eixos: primeiro, abordaremos a relação entre direito e estrutura política estatal; em seguida, será mostrada a vinculação histórica desta estrutura estatal com as noções de cidadania e direitos humanos, às quais viria somar-se a idéia de nação. Por fim, serão expostas algumas conseqüências bem como os paradoxos gerados por esta configuração específica que tem marcado a história do pensamento e das instituições políticas ocidentais, que vincula direitos do homem, Estado e cidadania democrática de base nacional.
Eliane Hojaij Gouveia, Ronaldo Baltar e Teresinha Bernardo
Organizadores|
CIENCIAS SOCIAIS
NA ATUALIDADE
Tematicas contemporaneas
s |
. |
DADE CATOLICA DE SAO PAULO
Reitor: Dirceu de Mello
So Paulo, 2011DIREITOS HUMANOS, ESTADO
E CIDADANIA NA TEORIA POLITICA:
RUMO AO COSMOPOLITISMO?
UMA DIFICIL TRANSIGAO'
Raquel Kritsch
Ae a complexa relacdo entre direitos humanos, Estado nacional
cidadania democratica com base no instrumental da teoria politica
So é tarefa facil, nem sucinta. Assim, para delimitar 0 objeto deste texto,
circunscreveremos a reflexdo aos seguintes eixos: primeiro, abordare-
mos a relacdo entre direito e estrutura politica estatal; em seguida, seré
mostrada a vinculacZo histérica dessa estrutura estatal com as nog6es de
cidadania e direitos humanos, &s quais viria somar-se mais tarde a ideia
de nac3o. Por fim, sero expostas algumas consequéncias, bem como os
paradoxos gerados por essa configuracao especifica que tem marcado a
histéria do pensamento e das instituigGes politicas ocidentais, que vincula
direitos do homem, Estado e cidadania democratica de base nacional
Jus e potestas, cidadania e direitos do homem
A estreita relagdo entre direito e estrutura politica estatal no
mundo contemporaneo parece relativamente dbvia aos estudiosos daLo Raquel Kritsch,
teoria politica, e pode ser percebida com clareza quando nos referimos &
prépria ideia de direitos do homem: a nogo de “direitos humanos” traz
embutida uma quantidade de suposicdes muitas vezes pouco claras 20
leigo, como, por exemplo, a vinculagdo do conceito a estruturas politicas
@ juridicas que s8o especificas do mundo modero. Sem a idela um indivi
duo portador de direitos ou ainda sem as nocGes de Estado e de ordena-
‘mento juridico, no hd sequer a possibilidade de se enunclar a defesa de
direitos humanos tais como pensados e vividos por homens e mulheres
contemporaneamente.
Isso porque sem tais “instrumentos” ~ Estado, ordenamento jurk
dico, individuo portador de direitos ~ seria impossivel levar a julgamento
um chefe de Estado (como Pinochet, Milosevié) ou qualquer outro indi-
viduo que cometesse uma infrago daquelas normas garantidas, desde
pelo menos 1948, na “Declaracgo Universal dos Direitos do Homer’
Se o que torna um determinado valor (digamos, o direito a proprie-
dade) ou uma certa ideta (@ liberdade) um “direito humano” indiscutivel
€ algo muito incerto e requer uma investigac3o profunda em diversas
reas do conhecimento; é claro, contudo, que 0 que garante, hoje, 0
cumprimento ou no dos ditos direitos humanos é a maior ou a menor
adesdo das formagées politicas existentes a um conjunto de valores (em
sua maior parte, orlundos do ideério liberal
sustentados, garantidos e protegidos pelo chamado Estado democrético
de direito. € aqui estamos diante de uma questo complexa: 0 que signi
fica falar num Estado democrético de direito como base para os direitos
humanos?
Falar em Estado, de maneira geral, ¢ em Estado constitucional,
‘em particular, como jé detalhado em outro lugar (Kritsch, 2005, p. 215),
implica, hoje mais do que antes, levar em considerac3o @ nocdo de
direito. Ambos, direito e politica, como reconhecem os fildsofos moder-
‘nos, supéem, em algum grau, a ideia de coersao: tanto o direito quanto
a politica, para ganharem eficécia, precisam contemplar a possibilidade
do recurso a forga, mesmo que esse apelo a forca constitua apenas um
imo, um recurso ultimo. € nesse sentido especifico - mas sé
que se pode
izer que direito e Estado (jus e potestas)
Direttos humanos Estado e cidedania na teorla politica
constituem, no pensamento ocidental moderno, duas faces de uma
mesma moeda, na qual interagem estrutura juridica e poder politico,
ordenamento legal e violencia administrada.
Ou sefa, quando 0 campo de referéncia do poder poltico se tra-