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FACULDADE CENTRO LESTE

DANIEL BORGES MAGALHÃES

VASOS DE PRESSÃO EMPREGADOS NA INDÚSTRIA


PETROQUÍMICA
CÁLCULO DAS TENSÕES E ENSAIOS DE TRAÇÃO

SERRA
2015
DANIEL BORGES MAGALHÃES

VASOS DE PRESSÃO EMPREGADOS NA INDÚSTRIA


PETROQUÍMICA
CÁLCULO DAS TENSÕES E ENSAIOS DE TRAÇÃO

Trabalho semipresencialda disciplina


de Mecânica dos Sólidos I, abordando
a mecânica dos sólidos aplicada à
Engenharia Química.
Professor:Bruno Corveto Bragança

SERRA
2015
RESUMO

No presente trabalho são abordados os tipos de matérias que podem ser usados
para fabricação de vasos de pressão, levando em conta suas propriedades físicas,
químicas e mecânicas.
Também são realizados cálculos de tensões para determinar as tensões que vasos
de pressão cilíndricos e esféricos sofrem.
Será abordado tambémprocedimentos do ensaio de tração, onde um corpo de prova
é submetido a um esforço que o alonga (estica ) até a sua ruptura, ou seja até que o
material rompa.

Palavras-chave:Material. Vaso de pressão. Tensão. Ensaio de tração.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 04
2MATERIAIS PARA VASOS DE PRESSÃO....................................................... 05
2.1AÇO-CARBONO.............................................................................................06
2.2AÇOS-LIGA.....................................................................................................08
2.3AÇOSINOXIDÁVEIS.......................................................................................10
3CÁLCULOS DAS TENSÕES.............................................................................. 11
3.1VASOS DE PRESSÃO CILÍNDRICOS............................................................ 11
3.1.1TENSÕES NA SUPERFÍCIE EXTERNA...................................................... 12
3.1.2TENSÕES NA SUPERFÍCIE INTERNA....................................................... 13
3.2VASOS DE PRESSÃO ESFÉRICOS.............................................................. 13
3.2.1TENSÕES NA SUPERFÍCIE EXTERNA...................................................... 15
3.2.2TENSÕES NA SUPERFÍCIE INTERNA....................................................... 16
4 ENSAIO DE TRAÇÃO........................................................................................17
4.1 PROCEDIMENTOS DO ENSAIO....................................................................19
4.2 RESULTADOS................................................................................................19
CONCLUSÃO........................................................................................................ 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................23
4

INTRODUÇÃO

Vasos de pressão são todos os reservatórios, de qualquer tipo, dimensões ou


finalidades, não sujeitos à chama, fundamentais nos processos industriais que
contenham fluidos e sejam projetados para resistir com segurança a pressões
internas diferentes da pressão atmosférica, ou submetidos à pressão externa,
cumprindo assim a função básica de armazenamento.
Em refinarias de petróleo, Usinas de Açúcar e Etanol, Indústrias Químicas e
Petroquímicas os vasos de pressão constituem um conjunto importante de
equipamentos que abrangem os mais variados usos. O projeto e a construção de
vasos de pressão envolve uma série de cuidados especiais e exige o conhecimento
de normas e materiais adequados para cada tipo de aplicação, pois as falhas em
vasos de pressão podem acarretar consequências catastróficas até mesmo com
perda de vidas, sendo considerados os Vasos de Pressão equipamentos de grande
periculosidade.
No Brasil, após a publicação da NR-13 (Norma Regulamentadora do Ministério do
Trabalho e Emprego), estabeleceram-se critérios mais rigorosos para o projeto,
inspeção, manutenção e operação de vasos de pressão, tendo como objetivo
principal a diminuição de acidentes envolvendo estes equipamentos.
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2 MATERIAIS PARA VASOS DE PRESSÃO

Muitos materiais podem ser empregados na construção de vasos de pressão e de


seus componentes, sendo as seguintes as principais classes desses materiais:

De todos esses materiais o aço-carbono é o de maior uso e empregado na


construção da grande maioria dos vasos de pressão. O aço carbono é denominado
“material de uso geral”, porque, ao contrário dos outros materiais, não tem casos
específicos de emprego, sendo usado em todos os casos, exceto quando alguma
circunstância não permitir o seu emprego. Todos os demais materiais
são empregados justamente nesses casos em que, por qualquer motivo, não é
possível o uso do aço carbono. A razão disso é que o aço carbono, além de ser um
material de boa conformabilidade, boa soldabilidade, de fácil obtenção e encontrável
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sob todas as formas de apresentação, é o material de menor preço em relação à sua


resistência mecânica. Para exemplificar a enorme predominância do aço carbono,
pode-se dizer que em uma refinaria de petróleo convencional o aço carbono
corresponde a cerca de 95% do peso total dos equipamentos de processo.

2.1 AÇO-CARBONO

O aço-carbono é o “material de uso geral” para vasos de pressão, que por este
motivo é empregado para a construção da maioria dos vasos de pressão e de seus
componentes.
As propriedades do aço-carbono são grandemente influenciadas por sua
composição química e pela temperatura. As propriedades médias do aço-carbono
giram em torno de:

 Massa volumétrica': 7860 kg/m³ (ou 7,86 g/cm³)


 Coeficiente de expansão térmica: 11,7 10−6 (C°)−1
 Condutividade térmica: 52,9 W/m-K
 Calor específico: 486 J/kg-K
 Resistividade elétrica: 1,6 10−7Ωm
 Módulo de elasticidade (Módulo de Young) Longitudinal: 210GPa
 Módulo de elasticidade (Módulo de Young) transversal:80 GPa
 Os aços de baixo carbono (até 0,25%) têm limite de resistência da ordem de 310
a 370 Mpa (~31 a 37 kg/mm²), e limite de escoamento de 150 a 220 Mpa (~15 a
22 kg/mm²). Para os aços de médio carbono (até 0,35%c), esses valores são
respectivamente 370 a 540 Mpa (~37 a 54 kg/mm²), e 220 a 280 Mpa (~22 a 28
kg/mm²)
 Coeficiente de Poisson: 0,3
 Alongamento: 25%

O aumento na quantidade de carbono no aço produz basicamente um aumento nos


limites de resistência e de escoamento e na dureza e temperabilidade do aço, em
compensação, esse aumento prejudica bastante a ductilidade e a soldabilidade do
aço.
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A resistência mecânica do aço-carbono começa a sofrer uma forte redução em


temperaturas superiores a 400°C, em função do tempo, devido principalmente ao
fenômeno de deformações permanentes por fluência (creep). As deformações por
fluência serão tanto maiores e mais rápidas, quanto mais elevada for a temperatura,
maior for a tensão no material e mais longo for o tempo durante o qual o material
esteve submetido à temperatura e à tensão.
Em temperaturas superiores a 530°C o aço-carbono sofre uma intensa oxidação
superficial (formação de carepas - scaling), quando exposto ao ar, com formação de
grossas crostas de óxidos, o que o torna inaceitável para qualquer serviço contínuo.
Deve ser observado que em contato com outros meios essa oxidação pode-se iniciar
em temperatura mais baixa. A exposição prolongada do aço-carbono a temperaturas
superiores a 420°C pode causar ainda uma precipitação de carbono (grafitização),
que faz o material ficar quebradiço.
O aço-carbono apresenta uma transição de comportamento de dúctil para frágil em
baixas temperaturas, ficando sujeito a fraturas frágeis repentinas, que podem ser
catastróficas, com a perda total do vaso. A temperatura de transição não é um valor
definido para um determinado tipo de aço, sendo muito influenciada pela
composição química, tamanho dos grãos, espessura da peça, nível de tensões, e
principalmente pela existência de irregularidades geométricas na peça (entalhes-
notches), inclusive causadas por defeitos internos no material ou por defeitos de
solda. De um modo geral, não se empregam aços-carbono para serviços em que
possam ocorrer temperaturas inferiores a - 45°C, ainda que sejam eventuais ou de
curta duração.
O aço-carbono é um material de baixa resistência à corrosão, sendo muito raros os
serviços para os quais não haja nenhuma corrosão. Por essa razão, é quase sempre
necessário o acréscimo de alguma margem para corrosão em todas as partes de
aço-carbono em contato com os fluidos de processo ou com a atmosfera, exceto se
houver uma pintura ou outro revestimento protetor adequado. Mesmo assim, o aço-
carbono pode ser usado, com uma vida útil aceitável, para a maioria dos processos
industriais.
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2.2 AÇOS-LIGA

Existem três classes principais de aços-liga empregados para vasos de pressão:

 AÇOS-LIGA MOLIBDÊNIO E CROMO E CROMO-MOLIBDÊNIO;


 AÇOS-LIGA NÍQUEL;
 AÇOS-LIGA MANGANÊS.

Os aços-liga molibdênio e cromo-molibdênio contêm até 1% de Mo e até 9% de Cr,


em diversas proporções, sendo materiais ferríticos (magnéticos), específicos para
emprego em temperaturas elevadas. O cromo causa principalmente uma sensível
melhoria na resistência à oxidação - inclusive à formação de carepas em
temperaturas elevadas-. e na resistência à corrosão em geral, sobretudo aos meios
oxidantes, sendo esses efeitos tanto mais acentuados quanto maior for a quantidade
de cromo. Por essa razão, esses aços podem ser empregados em temperaturas
mais elevadas do que o permitido para o aço-carbono.
Até a quantidade de 2,5% de Cr, há um ligeiro aumento na resistência à fluência,
sendo que percentagens maiores de Cr reduzem de forma acentuada essa
resistência (exceto nos aços inoxidáveis austeníticos, contendo níquel).
Por esse motivo, os aços-liga com até 2,5% de Cr são específicos para serviços de
alta temperatura, com grandes esforços mecânicos e baixa corrosão, para os quais
a principal preocupação é a resistência à fluência, enquanto que os aços com maior
quantidade de cromo são específicos para serviços em alta temperatura, com
esforços mecânicos reduzidos e alta corrosão, onde se deseja principalmente
resistência à oxidação ou à corrosão por pites.
O molibdênio é o elemento mais importante na melhoria da resistência à fluência do
aço, contribuindo também para aumentar a resistência à corrosão. Um caso típico de
emprego dos aços-liga Cr-Mo de cromo mais alto são os equipamentos para serviço
com hidrocarbonetos em temperaturas elevadas, para os quais o material mais
empregado é o aço-liga 5% Cr- 1/2% Mo, cuja vida é aproximadamente dez vezes a
do aço-carbono no mesmo serviço.
Da mesma forma que os aços-carbono, esses aços-liga estão também sujeitos a
fraturas frágeis repentinas quando submetidos a temperaturas muito baixas.
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nãodevendo por isso ser empregados em nenhum serviço com temperatura inferior
a 0°C.
Os aços-liga Mo e Cr-Mo também enferrujam, embora mais lentamente do que os
aços-carbono. O comportamento desses aços em relação aos ácidos e álcalis é
semelhante ao do aço-carbono.
Os aços-liga contendo níquel são materiais especiais para uso em temperaturas
muito baixas. Tanto os aços-liga Mo e Cr-Mo, como os aços-liga Ni. São materiais
difíceis de soldar, sendo quase sempre necessários tratamentos térmicos.
Os aços-liga manganês são aços com até 1,6% Mn. O maior teor de manganês
destina-se a aumentar a resistência mecânica, principalmente em chapas de grande
espessura (acima de 50 mm, por exemplo), o que de outra forma só seria possível
com alta quantidade de carbono, que prejudicaria a soldabilidade e a tenacidade.
Essas chapas são empregadas para alguns vasos de pressão importantes, de
grandes dimensões ou para pressões elevadas, necessitando, em qualquer caso, de
paredes de grande espessura.

Figura 1 - Influência dos Elementos de Liga nas Propriedades Mecânicas do Aço


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2.3 AÇOS INOXIDÁVEIS

Existem três classes principais de aços inoxidáveis, de acordo com a estrutura


metalúrgica predominante na liga:

 Aços austeníticos, basicamente ligas fe-cr-ni, não temperáveis;


 Aços ferríticos, basicamente ligas fe-cr, não temperáveis;
 Aços martensíticos, basicamente ligas fe-cr, temperáveis.

Alguns aços ferríticos de baixo cromo (até 17%) são de soldagem pouco mais fácil e
podem ser empregados para revestimentos anticorrosivos, aplicados sobre chapas
de aço carbono-carbono ou de baixa liga, sendo mesmo preferidos para essa
aplicação pelo fato de terem coeficiente de dilatação muito próximo do aço-carbono,
enquanto que para os inoxidáveis austeníticos o coeficiente de dilatação é cerca de
45% maior do que do aço-carbono.
Os aços inoxidáveis austeníticos apresentam uma extraordinária resistência à
fluência e à oxidação, razão pela qual são bem elevados os valores das
temperaturas-limite de utilização, exceto para os tipos de muito baixo carbono (tipos
l e elc), em que o limite é de 400ºc devido à menor resistência mecânica desses
aços. Todos os aços austeníticos mantêm o comportamento dúctil mesmo em
temperaturas extremamente baixas, podendo alguns ser empregado até próximo de
zero absoluto. Esses aços são todos materiais de soldagem fácil, não exigindo
nenhum tratamento térmico.
Aços inoxidáveis austeníticos em geral, exceto os estabilizados, tipos 321, 347, etc,
e os de baixo carbono, tipos l e elc, estão sujeitos a um fenômeno de precipitação de
carbonetos de cromo, denominado “sensitização”, quando submetidos a
temperaturas entre 450ºc e 850ºc. Os aços quando sensitizados, podem apresentar
uma forma grave de corrosão (corrosão intergranular), principalmente em meios
ácidos. A sensitização pode controlada pela adição de ti ou nb (aços estabilizados),
ou pela redução no teor de carbono (aços de baixo ou de extrabaixo carbono). A
sensitização pode ser causada pelo trabalho em temperaturas elevadas, e também
pela soldagem e por tratamentos térmicos; a sensitização pela soldagem ocorre em
duas faixas paralelas, próximas ao cordão de solda, onde a temperatura do material
atingiu o intervalo de 450ºc a 850ºc. Os aços de baixo e de extrabaixo carbono
11

podem ser sensitizados por longa exposição em temperatura elevada, isto é, pelo
serviço nessas temperaturas, mas são imunes a sensitização pela soldagem ou por
tratamentos térmicos.
Os aços inoxidáveis ferríticos e martensíticos apresentam, em relação aos
austeníticos, bem menor resistência à fluência e à corrosão em geral, assim como
menor temperatura de início de oxidação, sendo por isso mais baixas as
temperaturas-limite de uso. Em compensação, são materiais mais baratos do que os
austeníticos e menos sujeitos aos fenômenos de corrosão por pites e sob tensão.
Todos esses aços não são adequados para serviços em baixa temperaturas,
estando sujeitos a fraturas frágeis, assim como o aço-carbono.

3 CÁLCULOS DAS TENSÕES

3.1 VASOS DE PRESSÃO CILÍNDRICOS

As tensões normais𝜎1 e 𝜎2 mostradas nas figuras abaixo são as tensões principais


aplicadas na superfície de um vaso de pressão. A tensão 𝜎1 é conhecida por tensão
circunferencial, e a tensão 𝜎2 é denominada tensão longitudinal.

A resultante das forças internas𝜎1 . 𝑑𝐴 é igual ao produto de𝜎1 pela área da seção
transversal2. 𝑡. ∆𝑥 da parede, enquanto que a resultante das forças de pressão𝑝. 𝑑𝐴
é igual ao produto de 𝑝 pela área 2. 𝑟. ∆𝑥.
𝑝.𝑟
Resolvendo para a equação de equilíbrio 𝐹𝑧 = 0, 𝜎1 = 𝑡
12

As forças que atuam sobre o corpo livre consistem nas forças internas 𝜎2 . 𝑑𝐴, na
parede, onde 𝑑𝐴 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝑡, e nas forças de pressão elementares 𝑝. 𝑑𝐴 exercidas na
porção de fluido incluída no corpo livre, onde este 𝑑𝐴 = 𝜋. 𝑟 2 .
𝑝.𝑟
Resolvendo para a equação de equilíbrio 𝐹𝑥 = 0, 𝜎2 = 2𝑡

Conclui-se que a tensão circunferencial é o dobro da tensão longitudinal.


No estudo de vasos de pressão este conceito é fundamental, por se deve evitar ao
máximo soldas e outros trabalhos no sentido longitudinal.

3.1.1 TENSÕES NA SUPERFÍCIE EXTERNA

As tensões principais σ1 e σ2 na superfície externa de um vaso cilíndrico estão

ilustradas no elemento de tensão da Figura abaixo:

Figura 2 - Tensões em um vaso de pressão cilíndrico (a) na superfície externa e


(b) na superfície interna.
As tensões de cisalhamento máximas no plano são obtidas através de uma rotação
de 45º sobre os eixos z: essas tensões são:

As tensões de cisalhamento máximas fora do plano são obtidas através de uma


rotação de 45º sobre os eixos x e y: essas tensões são:
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Comparando as expressões, vemos que a tensão de cisalhamento máxima absoluta


é:

Essa tensão ocorre em um plano que foi rotacionado a 45º sobre o eixo x.

3.1.2 TENSÕES NA SUPERFÍCIE INTERNA

As condições de tensão na superfície interna da parede do vaso estão ilustradas na


Figura 2. As tensões principais são:

As três tensões de cisalhamento máximas, obtidas através de rotações de 45º sobre


os eixos x, y e z, são:

3.2 VASOS DE PRESSÃO ESFÉRICOS

A pressão internapé maior que a pressão externa.


Vamos cortar a esfera, como na Figura 3 e isolar metade da casca e seu conteúdo
fluído como um único corpo livre.

Figura 3- Tensões de tração σ na parede de um vaso de pressão esférico


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A força de pressão resultante é:

Em que r é o raio interno da esfera.


P é a pressão interna resultante que é a pressão interna acima da pressão agindo
noexterior do vaso. Se as pressões internas e externas forem as mesmas, nenhuma
tensão é desenvolvida na parede do vaso.
Devido a simetria, a tensão de tração σ é uniforme ao redor da circunferência.
A tensão está uniformemente distribuída através da espessura t. A precisão dessa
aproximação aumenta conforme a casca fica mais fina e diminui conforme a casca
fica mais espessa.
Resultante das tensões de tração σ na parede é:


Em que t é a espessura da parede e rm é seu raio médio:

Fazendo o equilíbrio de forças na horizontal tem-se:

Da equação acima, obtemos as tensões de tração na parede do vaso:

A análise aqui realizada é válida para cascas finas, assim pode-se desconsiderar a
pequena diferença entre os dois raios e substituir r por rm ou rm por r.
As tensões são mais próximas às tensões exatas teóricas se usarmos o raio interno
r em vez do raio médio rm. Adotamos a fórmula a seguir para calcular as tensões de
tração na parede de uma casca esférica:

É evidente da simetria da casca que obtemos a mesma equação para as tensões de


tração quando cortamos através do centro da esfera em qualquer direção .
A parede de um vaso esférico pressurizado está submetida a tensões detração
uniformes σ em todas as direções.
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3.2.1TENSÕES NA SUPERFÍCIE EXTERNA


Na maioria das vezes a superfície externa do vaso de pressão esférico está livre de
quaisquer carregamentos. Dessa forma, o elemento 3.c está em tensão biaxial. O
elemento 3.c está mostrado na Figura 4.a.

Figura 4 – Tensões em vaso de pressão esférico na (a) superfície externa e (b)


superfície interna.
Na Figura 4 os eixos x e y são tangenciais a superfície da esfera e o eixo zé
perpendicular a superfície.

Nenhuma tensão de cisalhamento age nos lados desse elemento.

Usando as equações de transformação para a tensão temos:

Quando consideramos elementos obtidos rotacionando-se os eixos sobre o eixo z,


as tensões normais permanecem constantes e não há tensões de cisalhamento.

Todo plano é um plano principal e toda a direção é uma direção principal. Dessa
forma, as tensões principais no elemento são:

σ1e σ2agem no planoxye σ3 age na direção z. Sabemos que podemos obter as


tensões de cisalhamento máximas através de rotações de 45º sobre outros dois
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eixos principais quaisquer. Como resultado obtemos três conjuntos de tensões de


cisalhamento máximas positiva e negativa

Em que os subscritos indicam os eixos principais sobre os quais as rotações


de 45º ocorreram. Essas tensões são chamadas de tensões de cisalhamento fora
do plano.
Para obter as tensões de cisalhamento máximas, devemos considerar as
rotações fora do plano, isto é, as rotações sobre os eixos x e y. Dessa forma, tem-
se:

Essas são as maiores tensões de cisalhamento no elemento.

3.2.2TENSÕES NA SUPERFÍCIE INTERNA

Repetindo a Figura 4 aqui, sabemos que :

A tensão de compressão na direção z diminui de p na superfície interna até zero na


superfície externa . O elemento da Figura 4.b está em tensão triaxial com tensões
principais dadas por:

Figura 4 – Tensões em vaso de pressão esférico na (a) superfície externa e (b)


superfície interna.
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A tensão de cisalhamento máxima fora do plano é:

Quando o vaso tem parede fina, ou seja, a relação r/t é muito grande, então
podemos desprezar o termono parênteses perante a relação r/2t, ou seja, a tensão
principal na direção z é pequena quando comparada com as tensões principais σ1 e
σ2 .
Consequentemente consideramos o estado de tensão na superfície interna, o
mesmo na superfície externa.

4ENSAIO DE TRAÇÃO

Em um ensaio de tração, um corpo de prova é submetido a um esforço que o


alonga (estica ) até a sua ruptura, ou seja até que o material rompa.

Tensão (σ sigma): É a intensidade da força interna que atua sobre a área analizada.

Corpo de prova: É uma amostra do material, geralmente com forma cilíndrica e com
dimensões específicas, definidas de acordo com a norma utilizada para o ensaio
(ISO, ABNT, DIN...) para que os resultados obtidos possam ser comparados ou, se
necessário, reproduzidos.

Figura 01 – representação esquemática de um corpo de prova astes de ser


submetido ao ensaio de tração.

Deformação (ξ épson): É a variação do comprimento do material devido a força nele


aplicada. Esta variação é proporcional ao módulo de elasticidade de cada material,
normalmente expressa em mm/mm (ou seja é um adimensional).
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Módulo de elasticidade (E ):É a máxima tensão que o material pode suportar sem
sofrer deformações plásticas, é constante e próprio de cada material, normalmente
expresso em GPa ou Kgf/mm2

Metal Módulo de Elasticidade Módulo de Elasticidade E


E (Gpa)
(a 20 °C) (Kgf/mm2)

Alumínio 70,3 7140

Cádmio 49,9 5040

Cromo 279,1 28350

Cobre 129,8 13160

Ouro 78 7910

Ferro 211,4 21420

Magnésio 44,7 4550

Niquel 199,5 20230

Prata 82,7 8400

Titaneo 115,7 11760

Tungstênio 411,0 41720

Vanadio 127,6 12950

A relação entre a tensão e a deformação e dada pela equação: σ = E. ξ

Figura 02 – Esquema de uma máquina de ensaio de tração:


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4.1PROCEDIMENTOS DO ENSAIO

O corpo de prova é fixado na máquina por suas extremidades através de garras de


fixação.

A máquina é projetada para alongar o corpo de prova a uma taxa constante através
da aplicação de esforços crescentes na sua direção axial, sendo medidas as
deformações correspondentes.

O corpo de prova sujeito a essa força sofre deformações, variação de suas


dimensões.

Os esforços ou cargas (Forças), são mensurados (medidos) na própria máquina


assim como a deformação do material. O ensaio ocorre até a ruptura do material.

4.2 RESULTADOS

Em um ensaio de tração, obtém-se o gráfico tensão-deformação, na qual é possível


analisar o comportamento do material ao longo do ensaio.

Figura 03 – Diagrama tensão deformação característico de um material frágil

Curva característica de um material frágil: É quando o material resiste a tensão até o


limite de proporcionalidade elástica, após este valor (de tensão) o material é incapaz
de suportar e rompe.

Observamos que esta curva apresenta duas regiões, uma correspondente ao regime
elástico,que indica o limite de resistência elástica e o ponto de ruptura (limite de
resistência de ruptura).
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Figura 03: Corpo de prova instantes antes da ruptura

Curva característica de um material dúctil, pois apresenta além da deformação


elástica, a capacidade de deformar-se plasticamente, até o limite de tensão de
ruptura, onde o material rompe.

Regiões:

 Regime elástico: Região onde acontece uma deformação elástica, proporcional a


intensidade da força aplicada, ali, cessando a força o material volta a sua forma
original sem deformações permanentes.
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 Escoamento: O escoamento é o fenômeno caracterizado pela deformação


permanente do material sem que haja aumento de carga, fenômeno que antecede
o regime plástico.
 Regime plástico: Região onde o material sofre deformação plástica, com o
aumento da força aplicada as transformações no material são permanentes.
 Encruamento (estricção): Ponto do ensaio onde ocorre significativa redução na
área do corpo de prova, quanto mais dúctil foi o material maior será a região de
estricção.
 Limite de resistência: É o maior valor de tensão que o material eé capaz de
suportar.
 Ruptura: Ponto limite do material, momento onde ocorre o rompimento do corpo
de prova.

A lei de hooke supõe que os materias tenham um comportamento perfeitamento


elástico e enuncia que a deformação apresentada por um material é diretamente
proporcional à tensão nele aplicada.

Desta forma, sempre que considerarmos a região elástica expressa no diagrama


tensão X deformação, e esta região apresentar uma linha retilinia (comportamento
linear) dis-se que o material analizado obedece a lei de Hooke.
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CONCLUSÃO

Vimos como são feitos os cálculos de tensão nos vasos de pressão esféricos e
cilíndricos, além de conhecer a metodologia do ensaio de tração, onde podemos
obter um gráfico tensão-deformação, na qual é possível analisar o comportamento
do material ao longo do ensaio.
E também temos consciência do quão importante é conhecer o meio e os metais
que podem ser utilizados na fabricação dos vasos de pressão, visto que a
temperatura, resistência à corrosão, resistência mecânica, soldabilidade, resistência
à abrasão, entre outras variáveis, são de suma importância na hora de escolher o
material a ser utilizado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• TELLES, PEDRO C. SILVA. Vasos de pressão. 2. Ed.

• Prof. DURÁN, Jorge A. R. Resistência dos Materiais II: Vasos de Pressão


de Paredes Finas. Enga. Mecânica UFF – Volta Redonda.Disponível em:
<http://www.professores.uff.br/duran/disciplinas/vasos_paredes_finas.pdf>.

• SANTIAGO, Eduardo Ferrer. Vasos de pressão. Trabalho escrito.

• Material da FUNDAÇÃO TÉCNICO EDUCACIONAL SOUZA MARQUES,


utilizado na disciplina Dimensionamento de Equipamentos I – volume I (vasos
de pressão). Prof. Alexandre MarchonReddo. Junho de 2008.

• CALLISTER, Jr., W.D. Materials Science andEngineering. 7 º ed. New York:


John Wiley& Sons, Inc, 2007.

• Wikipédia, Ensaios de Tração. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_de_tra%C3%A7%C3%A3o>.

• Arquivo PDF. Ensaio de tração: procedimentos normalizados. Disponível em:


<http://www.essel.com.br/cursos/material/01/EnsaioMateriais/ensa04.pdf>.

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