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Departamento Regional de São Paulo

Máquinas Elétricas

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ”

ELETRICISTA DE MANUTENÇÃO
Eletricista de Manutenção

Máquinas Elétricas

 SENAI-SP, 2003

Trabalho organizado pela Escola SENAI “Almirante Tamandaré”, a partir dos conteúdos extraídos da
Intranet do Departamento Regional do SENAI-SP.

1ª edição, 2003

Coordenação Geral Luiz Gonzaga de Sá Pinto

Equipe Responsável

Coordenação Celso Guimarães Pereira


Estruturação Ilo da Silva Moreira
Revisão Igor Petrovich Maloid
Antonio Carlos Lago Machado

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Departamento Regional de São Paulo
Escola SENAI “Almirante Tamandaré”
Av. Pereira Barreto, 456
CEP 09751-000 São Bernardo do Campo - SP
Telefone: (011) 4122-5877
FAX: (011) 4122-5877 (ramal 230)
E-mail: senaitamandare@sp.senai.br

cód. 120.2.005
Sumário

Página 4 Apresentação

PARTE I: TEORIA

5 - Transformadores / Transformador monofásico


36 - Transformador trifásico
53 - Motores de CA monofásicos
63 - Motores trifásicos de CA
76 - Motor trifásico de ligação Dahlander
82 - Motor trifásico de rotor bobinado
87 - Motores de aplicações especiais
97 - Parâmetros mecânicos de máquinas elétricas
104 - Máquinas de corrente contínua
123 - Componentes mecânicos de sistemas elétricos
140 - Medidores de rotação
143 - Freio de Prony

PARTE II: PRÁTICA

A) Informações tecnológicas:

153 - Identificação dos terminais de transformadores


156 - Núcleo e fios magnéticos
166 - Impregnação
169 - Enrolamento de motores
185 - Isolantes para enrolamentos
190 - Defeitos internos de motores de CC
195 - Ajustes das escovas dos coletores

B) Ensaios:

206 - Comprovar o funcionamento de transformador


210 - Enrolar e montar transformador monofásico
215 - Identificar os tapes do transformador
221 - Polarizar bobinas de transformador trifásico
226 - Ligar transformador trifásico
232 - Montar banco de transformadores
237 - Desmontar e montar máquina elétrica giratória
243 - Verificar o funcionamento de motor monofásico
248 - Levantar parâmetros de motor trifásico
257 - Verificar o funcionamento de motor com rotor bobinado
261 - Identificar elementos de máquina CC
263 - Comprovar o funcionamento de gerador CC
268 - Verificar o funcionamento de motor CC

271 Referências bibliográficas


Máquinas Elétricas

APRESENTAÇÃO

O material didático Máquinas Elétricas é apresentado em 2 volumes: Teoria e Prática.

Ele foi elaborado especialmente para o CAI - Eletricista de manutenção e compreende


conteúdos da área de Eletricidade e Eletrônica para a formação do profissional de manutenção
eletroeletrônica.

O presente volume, Máquinas elétricas: Teoria, apresenta conhecimentos teóricos de


máquinas elétricas que devem ser estudados para o desenvolvimento dos ensaios de laboratório.

O objetivo deste volume é servir de apoio ao trabalho docente e fornecer material de referência
aos alunos. Nele, procurou-se apresentar o conteúdo básico sobre os assuntos abordados que são
muito amplos e ricos. Por isso, a utilização de material de apoio como manuais e catálogos dos
fabricantes, vídeos e bibliografia extra é aconselhável a fim de enriquecer sua aplicação.

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PARTE I: TEORIA

TRANSFORMADORES / TRANSFORMADOR MONOFÁSICO

Os aparelhos eletroeletrônicos são construídos para funcionar alimentados pela rede elétrica.
Todavia, a grande maioria deles usam tensões muito baixas para alimentar seus circuitos: 6V, 12V,
15V. Um dos dispositivos utilizados para fornecer baixas tensões a partir das redes de 110V ou 220V
é o transformador.

Por isso, é extremamente importante que os técnicos de eletroeletrônica conheçam e


compreendam as características desse componente.

Este capítulo apresenta as especificações técnicas e modo de funcionamento dos


transformadores, de modo a capacitá-lo a conectar, testar e especificar corretamente esses
dispositivos.

Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades deste capítulo, você deverá
ter bons conhecimentos prévios sobre corrente alternada, indutores em CA, relação de fase entre
tensões e eletromagnetismo.

Transformador

O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão em um


circuito de CA. A grande maioria dos equipamentos eletrônicos emprega transformadores para elevar
ou rebaixar tensões.

A figura a seguir mostra alguns tipos de transformadores.

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Funcionamento

Quando uma bobina é conectada a uma fonte de CA, um campo magnético variável surge ao
seu redor. Se outra bobina se aproximar da primeira, o campo magnético variável gerado na primeira
bobina corta as espiras da segunda bobina.

Em conseqüência da variação do campo magnético sobre as espiras, surge uma tensão


induzida na segunda bobina.

A bobina na qual se aplica a tensão CA é denominada primário do transformador. A bobina


onde surge a tensão induzida é denominada secundário do transformador.

Observação

As bobinas primária e secundária são eletricamente isoladas entre si. Isso se chama isolação
galvânica. A transferência de energia de uma para a outra se dá exclusivamente através das linhas
de forças magnéticas.

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A tensão induzida no secundário é proporcional ao número de linhas magnéticas que cortam a


bobina secundária e ao número de suas espiras. Por isso, o primário e o secundário são montados
sobre um núcleo de material ferromagnético.

Esse núcleo tem a função de diminuir a dispersão do campo magnético fazendo com que o
secundário seja cortado pelo maior número possível de linhas magnéticas. Como conseqüência,
obtém-se uma transferência melhor de energia entre primário e secundário.

O núcleo constitui o circuito magnético do transformador.

É uma peça metálica, constituída de chapas de ferro-silício, isoladas entre si e sobre a qual
são montadas a qual são montadas as bobinas.

Há diferentes formas de núcleos: Os mais comuns são o núcleo de colunas e o núcleo


encouraçado.

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Núcleo de colunas Núcleo encouraçado

Veja a seguir o efeito causado pela colocação do núcleo no transformador.

Com a inclusão do núcleo, embora o aproveitamento do fluxo magnético gerado seja melhor, o
ferro maciço sofre perdas por aquecimento causadas por dois fatores: a histerese magnética e as
correntes parasitas.

As perdas por histerese magnética são causadas pela energia perdida a cada inversão de
polaridade, para anular o magnetismo residual do semiciclo anterior. Essas perdas são diminuídas
com o emprego de ferro doce na fabricação do núcleo.

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As perdas por corrente parasita (ou correntes de Foulcault) aquecem o ferro porque a massa
metálica sob variação de fluxo gera dentro de si mesma uma força eletromotriz (f.e.m.) que provoca a
circulação de corrente parasita.

Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas ou lâminas de ferro
isoladas entre si. O uso de lâminas não elimina o aquecimento, mas torna-o bastante reduzido em
relação ao núcleo de ferro maciço.

Em alguns casos, as bobinas se enrolam sobre carretéis separados, ou em um só carretel,


como mostra as figuras a seguir.

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Nos transformadores pequenos, costuma-se construir uma bobina sobre outra no mesmo
carretel.

A figura a seguir mostra os símbolos usados para representar o transformador, segundo a


norma NBR 12522/92.

Transformador com Transformador com Transformador com


dois enrolamentos três enrolamentos derivação central em
Autotransformador
um enrolamento

Transformadores com mais de um secundário

Para se obter várias tensões diferentes, os transformadores podem ser construídos com mais
de um secundário, como mostram as ilustrações a seguir.

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Relação de transformação

Como já vimos, a aplicação de uma tensão CA ao primário de um transformador causa o


aparecimento de uma tensão induzida em seu secundário. Aumentando-se a tensão aplicada ao
primário, a tensão induzida no secundário aumenta na mesma proporção. Essa relação entre as
tensões depende fundamentalmente da relação entre o número de espiras no primário e secundário.

Por exemplo, num transformador com primário de 100 espiras e secundário de 200 espiras, a
tensão do secundário será o dobro da tensão do primário.

Se chamarmos o número de espiras do primário de NP e do secundário de NS podemos


escrever: VS/VP = 2 NS/NP = 2.

Lê-se: saem 2 para cada 1 que entra.

O resultado da relação VS/ VP e NS/NP é chamado de relação de transformação e expressa a


relação entre a tensão aplicada ao primário e a tensão induzida no secundário.

Um transformador pode ser construído de forma a ter qualquer relação de transformação que seja
necessária. Veja exemplo na tabela a seguir.

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Relação de Transformação Transformação


3 VS = 3 . VP
5,2 VS = 5,2 . VP
0,3 VS = 0,3 . VP

Observação

A tensão no secundário do transformador aumenta na mesma proporção da tensão do primário


até que o ferro atinja seu ponto de saturação. Quando esse ponto é atingido, mesmo que haja grande
variação na tensão de entrada, haverá pequena variação na tensão de saída.

Tipos de transformadores

Os transformadores podem ser classificados quanto à relação de transformação. Nesse caso,


eles são de três tipos:

• transformador elevador;

• transformador rebaixador;

• transformador isolador.

O transformador elevador é aquele cuja relação de transformação é maior que 1, ou seja, NS >
NP. Por causa disso, a tensão do secundário é maior que a tensão do primário, isto é, VS> VP.

O transformador rebaixador é aquele cuja relação de transformação é menor que 1, ou seja, NS


< NP. Portanto, VS < VP.

Os transformadores rebaixadores são os mais utilizados em eletrônica. Sua função é rebaixar


a tensão das redes elétricas domiciliares (110 V/220 V) para tensões de 6 V, 12 V e 15 V ou outra,
necessárias ao funcionamento dos equipamentos.

O transformador isolador é aquele cuja relação de transformação é de 1 para 1, ou seja, NS =


NP. Como conseqüência, VS = VP.

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Os transformadores isoladores são usados em laboratórios de eletrônica para isolar


eletricamente da rede a tensão presente nas bancadas. Esse tipo de isolação é chamado de isolação
galvânica.

Veja a seguir a representação esquemática desses três tipos de transformadores.

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Relação de potência

Como já foi visto, o transformador recebe uma quantidade de energia elétrica no primário,
transforma-a em campo magnético e converte-a novamente em energia elétrica disponível no
secundário.

A quantidade de energia absorvida da rede elétrica pelo primário é denominada de potência do


primário, representada pela notação PP. Admitindo-se que não existam perdas por aquecimento do
núcleo, pode-se concluir que toda a energia absorvida no primário está disponível no secundário.

A energia disponível no secundário chama-se potência do secundário (PS). Se não existirem


perdas, é possível afirmar que PS = PP.

A potência do primário depende da tensão aplicada e da corrente absorvida da rede, ou seja:


PP = VP . IP

A potência do secundário, por sua vez, é o produto da tensão e corrente no secundário, ou


seja: PP = VS . IS.

A relação de potência do transformador ideal é, portanto:

VS . IS = VP . IP

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Esta expressão permite que se determine um dos valores do transformador se os outros três
forem conhecidos. Veja exemplo a seguir.

Exemplo

Um transformador rebaixador de 110 V para 6 V deverá alimentar no seu secundário uma


carga que absorve uma corrente de 4,5 A. Qual será a corrente no primário?

VP = 110 V
VS = 6 V
IS = 4,5 A
IP = ?

Como VP . IP = VS . IS, então:

VS .IS 6.4,5 27
IP = = = = 0,245 A ou 245 mA
VP 110 110

Potência em transformadores com mais de um secundário

Quando um transformador tem mais de um secundário, a potência absorvida da rede pelo primário é
a soma das potências fornecidas em todos os secundários.

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Matematicamente, isso pode ser representado pela seguinte equação:

PP = PS1 + PS2 + ... + PSn

Onde:

PP é a potência absorvida pelo primário;

PS1 é a potência fornecida pelo secundário 1;

PS2 é a potência fornecida pelo secundário 2;

PSn é a potência fornecida pelo secundário n.

Essa expressão pode ser reescrita usando os valores de tensão e corrente do transformador:

VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . IS2) + ... + (VSn . ISn)

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Onde:

VP e IP são respectivamente tensão e corrente do primário;

VS1 e IS1 são respectivamente tensão e corrente do secundário 1;

VS2 e IS2 são respectivamente tensão e corrente do secundário 2;

VSn e ISn são respectivamente tensão e corrente do secundário n.

Exemplo

Determinar a corrente do primário do transformador mostrado a seguir:

PP = VP . IP

VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . S2) = (6 . 1) + (40 . 1,5) = 6 + 60 = 66 VA

PP = 66 VA

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PP 66
IP = = = 0,6 A
VP 110

IP = 0,6 A ou 600 mA

Ligação de transformadores em 110 V e 220 V

Alguns aparelhos eletrônicos são fabricados de tal forma que podem ser usados tanto em
redes de 110 V quanto de 220 V. Isso é possível através da seleção feita por meio de uma chave
situada na parte posterior do aparelho.

Na maioria dos casos, essa chave está ligada ao primário do transformador. De acordo com a
posição da chave, o primário é preparado para receber 110 V ou 220 V da rede elétrica e fornece o
mesmo valor de tensão ao secundário.

Existem dois tipos de transformadores cujo primário pode ser ligado para 110 V e 220V:

• transformador 110 V/220 V com primário a três fios;

• transformador 110 V/220 V com primário a quatro fios.

Transformador com primário a três fios

O primário do transformador a três fios é constituído por uma bobina para 220 V com uma
derivação central.

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Essa derivação permite que se utilize apenas uma das metades do primário de modo que 110V
sejam aplicados entre uma das extremidades da bobina e a derivação central.
Veja a seguir a representação esquemática dessa ligação.

A chave usada para a seleção 110 V/220 V é normalmente deslizante, de duas posições e dois
pólos. É também conhecida como HH.

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Transformador com primário a quatro fios

O primário desse tipo de transformador constitui-se de duas bobinas para 110 V, eletricamente
isoladas entre si.

Ligação para 220V

Em um transformador para entrada 110 V/220 V com o primário a quatro fios, a ligação para
220 V é feita colocando as bobinas do primário em série. Deve-se observar a identificação dos fios,
ou seja, I1 para a rede, I2 e F1 interligados e F2 para a rede.

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Ligação para 110 V

Em um transformador para entrada 110V / 220V com primário a quatro fios, a ligação para
110V é feita colocando as duas bobinas primárias em paralelo respeitando a identificação dos fios, ou
seja, I1 em ponte com I2 na rede, F1 em ponte com F2 na rede.

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Quando a chave HH está na posição 110 V, os terminais I1, I2, F1 e F2 são conectados em
paralelo à rede.

Quando a chave HH está na posição 220 V, os terminais I1 e F2 ficam ligados à rede por meio
da chave.

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Instalação de dispositivos de controle e proteção

Em todo o equipamento elétrico ou eletrônico, é necessário dispor de dispositivos de comando


do tipo liga/desliga e de dispositivos de proteção que evitam danos maiores em caso de situações
anormais. Normalmente, tanto os dispositivos de controle quanto os de proteção são instalados na
entrada de energia do circuito, antes do transformador.

Para a proteção do equipamento, geralmente um fusível é usado. Sua função é romper-se


caso a corrente absorvida da rede se eleve. Isso corta a entrada de energia do transformador.

O fusível é dimensionado para um valor de corrente um pouco superior à corrente necessária


para o primário do transformador. Alguns equipamentos têm mais de um fusível: um "geral", colocado
antes do transformador e outros colocados dentro do circuito de acordo com as necessidades do
projeto.

Veja a seguir a representação esquemática da ligação do fusível e chave liga/desliga no


circuito.

Observação

Tanto na ligação para 110 V quanto para 220 V, a ordem de início e fim das bobinas é
importante. Normalmente, os quatro fios do primário são coloridos e o esquema indica os fios.

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I1 - início da bobina 1;

F1 - fim da bobina 1;

I2 - início da bobina 2;

F2 - fim da bobina 2.

Identificação dos terminais

Quando não se dispõe, no esquema do transformador, da identificação do início ou fim dos terminais
da bobina, é necessário realizar um procedimento para identificá-los. Isso é necessário porque se a
ligação for realizada incorretamente, o primário pode ser danificado irreversivelmente.

O procedimento é o seguinte:

• identificar, com o ohmímetro, o par de fios que corresponde a cada bobina. Sempre que o
instrumento indicar continuidade, os dois fios medidos são da mesma bobina. Além de
determinar os fios de cada bobina, esse procedimento permite testar se as bobinas estão
em boas condições;

• separar os pares de fios de cada bobina;

• identificar os fios de cada uma das bobinas com início e fim I1, F1 e I2, F2.

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A identificação de início e fim pode ser feita aleatoriamente em cada bobina da seguinte forma:

1. Interligar as bobinas do primário em série.

2. Aplicar, no secundário, uma tensão CA de valor igual à tensão nominal do secundário. Por
exemplo: em um transformador 110 V/220 V x 6 V, deve-se aplicar uma tensão de 6 V no
secundário.

No transformador usado como exemplo, se 220 V forem aplicados ao primário, serão


obtidos 6 V no secundário. Da mesma forma, se forem aplicados 6 V no secundário, deve-
se obter 220 V no primário (em série). Assim, é possível verificar se a identificação está
correta, medindo a tensão nas extremidades do primário.

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3. Medir a tensão das extremidades do primário. Se o resultado da medição for 220 V, a


identificação está correta. Se o resultado for 0 V, a identificação está errada. Nesse caso,
para corrigir a identificação, deve-se trocar apenas a identificação de uma das bobinas (I1
por F1 ou I2 por F2).

Observação

É conveniente repetir o teste para verificar se os 220 V são obtidos no primário.

Especificação de transformadores

A especificação técnica de um transformador deve fornecer:

• a potência em VA (pequenos transformadores);

• as tensões do primário;

• as tensões do secundário.

A especificação 110 V/220 V 6 V - 1 A 30 V-0,5 A indica um transformador com as


seguintes características:

• primário - entrada para 110 V ou 220 V;

• 2 secundários - um para 6 V-1 A e um para 30 V-0,5 A.

A especificação técnica de um transformador em que o secundário tenha derivação central é


feita da seguinte maneira: 12 VA, de potência; 110 V/220 V, características do primário; 6 + 6 V,
secundário com 6 + 6 V, ou seja, 6 V entre as extremidades e a derivação central; 1 A, corrente no
secundário.

Relação de fase entre as tensões do primário e do secundário

A tensão no secundário é gerada quando o fluxo magnético variável corta as espiras do


secundário. Como a tensão induzida é sempre oposta à tensão indutora, a tensão no secundário tem
sentido contrário à do primário.

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Isso significa que a tensão no secundário está defasada 180o da tensão no primário, ou seja,
quando a tensão no primário aumenta num sentido, a tensão do secundário aumenta no sentido
oposto.

Ponto de referência

Considerando-se a bobina do secundário de um transformador ligado em CA, observa-se que


a cada momento um terminal é positivo e o outro é negativo. Após algum tempo, existe uma troca de
polaridade. O terminal que era positivo torna-se negativo e vice-versa.

Nos equipamentos eletrônicos é comum um dos terminais do transformador ser usado como
referência, ligado ao terra do circuito. Nesse caso, o potencial do terminal aterrado é considerado
como sendo 0 V, não apresentando polaridade.

Isto, porém, não significa que não ocorra a troca de polaridade no secundário. Em um
semiciclo da rede, o terminal livre é positivo em relação ao terminal aterrado (referência).

No outro semiciclo, o terminal livre é negativo em relação ao potencial de referência.

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Rendimento (η)

Entre todas as máquinas elétricas, o transformador é uma das que apresentam maior
rendimento. Mesmo assim, ocorrem perdas na transformação de tensão.

O rendimento expressa a potência que realmente está sendo utilizada, pois, parte da potência
é dissipada em perdas no ferro e no cobre.

A relação entre a potência medida no primário e a potência consumida no secundário é que


define o rendimento de um transformador:

PS
η= .100%
PP

Nessa igualdade η é o rendimento do transformador em porcentagem; PS é a potência


dissipada no primário em volt.ampère; PP é a potência dissipada no primário em volt.ampère, e 100%
é o fator que transforma a relação em porcentagem.

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Por exemplo, ao medir as potência do primário e secundário de um transformador chegou-se


ao seguinte resultado:

O redimento desse transformador pode ser determinado utilizando a equação:

PS 150
η= = .100% = 92,6%
PP 162

O rendimento desse transformador é de 92,6 %.

Transformador com derivação central no secundário

O transformador com derivação central no secundário ("center tap") tem ampla aplicação em
eletrônica. Na maioria dos casos, o terminal central é utilizado como referência e é ligado ao terra do
circuito eletrônico.

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Durante seu funcionamento, ocorre uma formação de polaridade bastante singular. Num dos
semiciclos da rede, um dos terminais livres do secundário tem potencial positivo em relação à
referência. O outro terminal tem potencial negativo e a inversão de fase (180o) entre primário e
secundário ocorre normalmente.

No outro semiciclo há uma troca entre as polaridades das extremidades livres do


transformador, enquanto o terminal central permanece em 0 V e acontece novamente a defasagem
de 180o entre primário e secundário.

Assim, verificamos que, com esse tipo de transformador, é possível conseguir tensões
negativas e positivas instantaneamente, usando o terminal central como referência. Isso pode ser
observado com o auxílio de um osciloscópio. Veja ilustração a seguir.

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Exercícios

1. Responda às seguintes perguntas:

a) Qual é a principal função de um transformador?

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b) O que a relação de transformação define em um transformador?

c) Qual fator define se o enrolamento de um transformador é primário ou secundário?

2. Relacione a segunda coluna com a primeira.

a. Enrolamento primário ( ) Conduz o campo magnético.


b. Transformador isolador ( ) Recebe tensão da rede.
c. Núcleo ( ) Tensão primária é maior que a tensão secundária.
d. Transformador rebaixador ( ) Fornece tensão a carga.
e. Enrolamento secundário ( ) Fornece tensão contínua isolada.
( ) As tensões primária e secundária são iguais.

3. Preencha as lacunas com V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações


falsas.

a) ( ) A tensão induzida está em fase com a tensão indutora


b) ( ) O enrolamento primário é o responsável pelo campo magnético indutor.
c) ( ) Existe ligação elétrica entre os enrolamentos primário e secundário para
facilitar a indução.
d) ( ) O valor da tensão é proporcional ao número de espiras do transformador.
e) ( ) A seção transversal do condutor da bobina do transformador é proporcional à
corrente do enrolamento.

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4. Resolva os seguintes exercícios

a) No transformador que segue, calcule a corrente do enrolamento primário.

b) Faça o esquema e calcule a corrente do primário de um transformador com os seguintes


dados:

• VP = 220 V
• VS1 = 10 V
• VS2 = 15 V
• IS1 = 1 A
• IS2 = 0,5 A

c) Faça o esquema e calcule a tensão e corrente do primário de um transformador “ideal”


com 20 volts e 1000 espiras no secundário. Sabe-se ainda que a relação de
transformação desse transformador é de 2 e a potência de 200 VA.

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d) Calcule o rendimento de um transformador com os seguintes dados:

• tensão primária = 100 V

• tensão secundária = 20 V

• corrente primaria = 1,4 A

• corrente secundária = 6,8 A

O núcleo do transformador é montado com chapas de ferro-silício.

As chapas de ferro-silício comumente usadas em pequenos transformadores monofásicos


estão enquadradas nas seguintes características:

• Espessura - de n° 24 a n° 26BS;

• Teor de silício - 1,5% a 4,6%;

• Máxima permeabilidade admissível - de 5.600 a 10.000 graus.

Para pequenos transformadores, no comércio são encontrados chapas já cortadas, cujos


formatos mais comuns são os seguintes:

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Tipo I Tipo E Ι

Tipo L Tipo F

Observe na figura a seguir o formato de uma chapa E Ι .

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A tabela abaixo mostra as dimensões que essa chapas podem ter.

Tabela - Dimensões de chapas E Ι

Dimensões (cm) Potência


Nº a b c d e VA

2 2,3 1,3 1,3 3,8 7,5 50


3 3,0 1,5 1,5 4,5 9,0 100
4 3,5 1,8 1,8 5,3 10,7 150

5 4,0 2,0 2,0 6,0 12,0 250


6 4,8 2,5 2,5 7,5 14,8 500
7 6,0 3,0 3,0 9,0 18,0 1000

TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

Já aprendemos que a energia elétrica em corrente alternada é a mais comumente usada,


porque seus valores de tensão podem ser alterados com facilidade. Esse fato facilita bastante a
geração, a transmissão e a distribuição da energia elétrica desde a usina geradora até os
consumidores.

A transmissão de energia elétrica só é economicamente viável se realizada em altas tensões e


para obter níveis adequados de tensão são utilizados os transformadores trifásicos.

Nesta unidade, aprenderemos o que é um transformador trifásico e os tipos possíveis de suas


ligações.

Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, você deve ter conhecimentos anteriores
sobre: corrente alternada, ligação em estrela, ligação em triângulo e transformadores monofásicos.

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Máquinas Elétricas

Distribuição de energia elétrica

A transmissão de energia elétrica só é economicamente viável se feita em tensões elevadas.

Primeiramente, através de transformadores, a tensão é elevada a 88kV. Então, ela é


transportada por meio de linhas de transmissão até uma subestação central.

Nessa subestação, com o auxílio de transformadores, a tensão é de novo reduzida para


13,2kV ou 23kV ou outro valor adequado.

O consumo de energia se faz, pois, em baixa tensão. Assim, antes de ser distribuída, a tensão
é reduzida outra vez nas subestações.

A distribuição em baixa tensão se processa nas tensões de 110/220 V e 220 V e varia de


cidade para cidade, dependendo da concessionária fornecedora de energia. Cada um desses valores
requer um tipo de transformador apropriado a essa distribuição.

Isso significa que a distribuição das tensões de 110/220 V é realizada por transformadores
monofásicos. Já a distribuição das tensões de 127/220 V se faz por transformadores trifásicos com o
secundário ligado em estrela.

A distribuição da tensão de 220 V se faz por transformadores trifásicos com o secundário


ligado em triângulo.

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Transformadores trifásicos

Como já sabemos, o transformador é o equipamento que permite rebaixar ou elevar os valores


de tensão ou corrente de CA de um circuito. Seu princípio de funcionamento baseia-se no fato de que
uma tensão é induzida no secundário quando este é cortado pelo fluxo magnético variável gerado no
primário.

O transformador é formado basicamente pelo núcleo e pelas bobinas (primária e secundária).

O núcleo constitui o circuito magnético do transformador. É uma peça metálica construída com
chapas de ferro-silício isoladas entre si e sobre a qual são montadas as bobinas.

Os transformadores trifásicos, usados na distribuição de eletricidade, têm as mesmas funções


que o transformador monofásico: abaixar ou elevar a tensão.

Trabalham com três fases e são de porte grande e mais potentes que os monofásicos.

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O núcleo dos transformadores trifásicos também é constituído de chapas de ferro-silício. Essas


chapas possuem três colunas que são unidas por meio de duas armaduras. Cada coluna serve de
núcleo para uma fase onde estão localizadas duas bobinas, uma primária e outra secundária. Por
essa razão, esses transformadores têm no mínimo seis bobinas, três primárias e três secundárias,
isoladas entre si.

As bobinas das três fases devem ser exatamente iguais.

Num transformador trifásico, cada fase funciona independentemente das outras duas como se
fossem três transformadores monofásicos em um só. Isso significa que três transformadores
monofásicos exatamente iguais podem substituir um transformador trifásico.

Esse sistema é mais econômico, pois facilita os serviços de manutenção, reparação e aumento
de capacidade do banco de transformadores.

Tipos de ligação de transformadores trifásicos

As ligações internas entre as três fases do transformador trifásico podem ser feitas de duas
maneiras:

• ligação em estrela (Y);

• ligação em triângulo ( ∆ ).

Tudo o que já foi estudado sobre as ligações em estrela e em triângulo vale também para os
transformadores trifásicos.

As ilustrações a seguir mostram as representações esquemáticas possíveis para esses tipos


de ligação.

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As ligações em estrela e em triângulo são executadas tanto no primário quanto no secundário


do transformador. Nos diagramas, as letras H e X representam respectivamente o primário e o
secundário, enquanto as extremidades dos enrolamentos são identificados por números.

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As ligações do primário e do secundário podem ser combinadas de várias formas:

• em estrela no primário e em estrela no secundário;

• em triângulo no primário e em triângulo no secundário;

• em estrela no primário e em triângulo no secundário e vice-versa.

A figura abaixo mostra de modo esquemático esse tipos de combinações.

Quando é necessário equilibrar as cargas entre as fases do secundário, emprega-se a ligação


em ziguezague.

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Se, por exemplo, a fase 1 do secundário estiver recebendo mais carga, esse desequilíbrio será
compensado pela indução das duas colunas onde a fase 1 está distribuída.

Para que as combinações de ligações sejam realizadas, os transformadores são divididos em


dois grupos:

• Grupo A: quando a tensão do secundário está em fase com a tensão do primário;

• Grupo B: quando a tensão do secundário está defasada em 30.

Dois transformadores de um pequeno grupo podem ser ligados em paralelo, desde que exista
entre eles correspondência de tensão e impedância.

Transformadores de grupos diferentes não podem ser ligados em paralelo.

Na tabela abaixo são apresentadas as interligações dos enrolamentos, a relação de


transformação e os tipos de ligação que podem ser feitos com os transformadores do grupo A.

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Tipos de ligação de transformadores do grupo A

Diagrama Relação de
Símbolo e transformação
denominação Enrolamento de mais Enrolamento de mais
(tensão entre fases)
alta tensão baixa tensão

∆/∆ Nx
Ex = . EH
triângulo-triângulo NH

Y/Y Nx
Ex = . EH
estrela-estrela NH

∆/
NX. E H . 3
triângulo-ziguezague Ex =
2 . NH

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Para verificar se as ligações estão corretas, alimenta-se o transformador pelos lides ou


terminais de tensão mais elevada com uma fonte de corrente trifásica apropriada. Em seguida, ligam-
se os terminais H1 e X1 entre si (curto-circuito).

Finalmente, mede-se a tensão entre os vários pares de terminais. O resultado deve ser o
seguinte:

• Tensão entre H2 e X3 igual à tensão entre H3 e X2;

• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H1 e X2;

• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H2 e X3.

Na tabela a seguir, são apresentadas as interligações dos enrolamentos, a relação de


transformação e os tipos de ligação que podem ser feitos com os transformadores do grupo B.

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Tipos de ligação de transformadores trifásicos do grupo B

Símbolo e Diagrama Relação de


denominação transformação
Enrolamento de mais alta Enrolamento de mais
(tensão entre fases)
tensão baixa tensão

∆/Y Nx
Ex = . 3 .EH
triângulo-estrela NH

Y/∆ Nx . EH
Ex =
estrela-triângulo NH . 3

Y/ Nx EH . 3
Ex =
estrela-ziguezague 2 . NH

Observação

NH = número de espiras do primário


NX = número de espiras do secundário

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Para verificar se as ligações estão corretas, alimenta-se o transformador pelos terminais de


tensão mais elevada com uma corrente trifásica apropriada. Em seguida, ligam-se os terminais H1 e
X1 entre si.

Finalmente, mede-se a tensão entre os vários pares de terminais. O resultado deve ser o
seguinte:

• Tensão entre H3 e X2 igual à tensão entre H3 e X3;

• Tensão entre H3 e X2 menor que a tensão entre H1 e X3;

• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H2 e X3;

• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H1 e X3.

Resfriamento de transformadores trifásicos

Os transformadores, quando em funcionamento, apresentam uma pequena perda que também


se manifesta sob a forma de calor. Assim, quanto maior a potência consumida, maior é a geração de
calor dentro do transformador.

Como a temperatura elevada traz danos irreparáveis ao funcionamento do transformador,


deve-se mantê-la dentro de limites seguros.

Segundo a norma da ABNT, existem dois tipos de resfriamento:

• a seco;

• com líquido isolante.

Transformador com resfriamento a seco

Segundo a norma, “transformador a seco é o transformador cujos núcleo e enrolamento estão


envoltos e refrigerados pelo ar do ambiente”.

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Dentro desse grupo estão todos os pequenos transformadores e os de baixa potência nos
quais a troca de calor é feita com o ar.

Para os transformadores desse grupo que necessitarem de maior refrigeração, usam-se


ventiladores que forçam a circulação do ar. Isso acontece em aparelhos eletrônicos como os
microcomputadores, por exemplo.

Transformador em líquido isolante

De acordo com a norma, transformador em líquido isolante “é o transformador cujo núcleo e


enrolamento são imersos em líquido isolante”.

Esse líquido isolante exerce duas funções: isolação e resfriamento, pois transfere para as
paredes do tanque o calor produzido.

Para cumprir essas funções, o óleo refrigerante deve possuir:

• elevada rigidez dielétrica;

• boa fluidez;

• capacidade de funcionamento com temperaturas elevadas.

O líquido isolante que possui essa característica é o óleo mineral.

Observação

Existe também um óleo chamado de ascarel, mas seu uso é proibido porque é altamente tóxico
e, portanto, prejudicial à saúde.

Os transformadores que necessitam desse tipo de resfriamento são os trifásicos de grande


potência usados na rede de distribuição de energia elétrica.

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Perdas por efeito Joule

As perdas por efeito Joule ocorrem em forma de calor, devido à resistência ôhmica dos
enrolamentos.

Essas perdas são conhecidas como perdas no cobre e ocorrem devido a passagem da
corrente elétrica pela resistência dos enrolamentos.

As perdas nos transformadores monofásicos são calculados através da fórmula:

PCU = R1 . I12 + R2 . I22

Onde:

• PCU corresponde às perdas no cobre em watts;

• R1 é a resistência ôhmica do enrolamento primário, medida na temperatura de trabalho


(75°C);

• I1 é a corrente primária em plena carga;

• R2 é a resistência ôhmica do enrolamento secundário, medida na temperatura de trabalho


(75°C);

• I2 é a corrente secundária em plena carga.

Pode-se observar, através da fórmula, que as perdas no cobre sofrem dois tipos de variação,
ou seja:

• Através da variação da carga do transformador, pois, variando a carga, variam também as


correntes primárias I1 e correntes secundárias I2;

• Através da variação de temperatura de trabalho do transformador, variam também as


resistências ôhmicas dos enrolamentos primários R1 e R2.

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Para o cálculo de perda nos transformadores trifásicos, a fórmula é:

PCU = 3 (R1 . IF12 + R22 . IF2)

Rendimento

Você já estudou que o enrolamento primário absorve potência elétrica, enquanto o


enrolamento secundário fornece potência elétrica.

O rendimento de um transformador é definido pela relação entre a potência elétrica fornecida


pelo secundário e a potência elétrica absorvida pelo primário.

A potência absorvida pelo primário corresponde à potência fornecida pelo secundário mais as
perdas no cobre e no ferro.

Como as perdas no cobre variam em função da temperatura, o rendimento do transformador


deve ser calculado com a temperatura em regime de trabalho, ou seja, 75ºC.

Para esse cálculo, usa-se a seguinte fórmula:

V2 . I 2
η= ou
V2 . I 2 + PCU + PFE

V2 . I 2
η75°C =
V2 . I 2 + PCU75ºC + PFE

Onde:

• η rendimento na temperatura ambiente;

• η75ºC é o rendimento na temperatura de trabalho;

• V2 tensão secundária em volts;

• I2 corrente secundária em ampères;

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• PCU Indica as perdas no cobre à temperatura ambiente;

• PCU75°C Indica as perdas à temperatura de trabalho;

• PFE Indica as perdas no ferro.

Para transformadores trifásicos, a expressão é a seguinte:

3 . V .I
F2 F2
η= ou
( 3 . VF2 . IF2 ) + PCU + PFE

3 . VF2 . IF2
η 75ºC =
( 3.VF2 .IF2 ) + PCU75 º C + PFE

Onde:

• VF2 é a tensão secundária de fase;

• IF2 é a corrente secundária de fase.

Impedância percentual

A impedância percentual ou tensão de curto-circuito percentual corresponde a uma parte da


tensão nominal do enrolamento primário suficiente para fazer circular a corrente nominal do
enrolamento secundário, desde que este esteja fechado em curto-circuito.

O valor da impedância percentual varia entre 3 e 9% e vem marcado na placa dos


transformadores com os símbolos Z%, Uk% ou VCC%.

Esse valor é calculado com a seguinte fórmula:

VCC
Z% = . 100
UNP

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Exemplo

Qual a impedância percentual de um transformador com as seguintes características:

• Tensão nominal do primário (UNP) = 500V

• Corrente nominal do secundário (INS) = 20A

• Tensão suficiente para fazer circular 20A no secundário quando fechado em curto-circuito
(VCC) = 30V.

30
Z% = . 100 = 6%
500

O valor da impedância percentual (Z%) é 6%.

A impedância percentual é um dado importante para o cálculo da corrente de curto-circuito,


cuja fórmula é:

IN2
ICC = . 100
Z%

Exemplo

Calcular a corrente de curto-circuito do transformador do exemplo anterior.

20
ICC = . 100 = 333A
6

A corrente de curto-circuito deste transformador é 333A.

O valor da impedância percentual também é usado no dimensionamento de dispositivos de


comando e proteção do equipamento e para auxiliar a ligação em paralelo entre transformadores.

Nesse tipo de ligação, a diferença entre as impedâncias dos transformadores não deve
exceder a 10%.

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Para valores diferentes da tensão de curto-circuito (VCC) o transformador com tensão menor
fica com a maior carga, portanto, deve-se evitar o uso de associação em paralelo de transformadores
com impedância percentual muito diferente.

MOTORES DE CA MONOFÁSICOS

Os motores de CA podem ser monofásicos ou polifásicos. Nesta unidade, estudaremos os


motores monofásicos alimentados por uma única fase de CA.

Para melhor entender o funcionamento desse tipo de motor, você deverá ter bons
conhecimentos sobre os princípios de magnetismo e eletromagnetismo, indução eletromagnética e
corrente alternada.

Motores monofásicos

Os motores monofásicos possuem apenas um conjunto de bobinas e sua alimentação é feita


por uma única fase de CA. Dessa forma, eles absorvem energia elétrica de uma rede monofásica e
transformam-na em energia mecânica.

Os motores monofásicos são empregados para cargas que necessitam de motores de


pequena potência como, por exemplo, motores para ventiladores, geladeiras, furadeiras portáteis.

Tipos de motores monofásicos

De acordo com o funcionamento, os motores monofásicos podem ser classificados em dois


tipos: universal e de indução.

Motor universal

Os motores do tipo universal podem funcionar tanto em CC como em CA; daí a origem de seu
nome.

A ilustração a seguir mostra o rotor (parte que gira) e o estator (parte fixa) de um motor
universal.

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O motor universal é o único motor monofásico cujas bobinas do estator são ligadas
eletricamente ao rotor por meio de dois contatos deslizantes (escovas). Esses dois contatos, por sua
vez, ligam em série o estator e o rotor.

Observação

É possível inverter o sentido do movimento de rotação desse tipo de motor, invertendo apenas
as ligações das escovas, ou seja, a bobina ligada à escova A deverá ser ligada à escova B e vice-
versa.

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Os motores universais apresentam conjugado de partida elevado e tendência a disparar, mas


permitem variar a velocidade quando o valor da tensão de alimentação varia. Sua potência não
ultrapassa a 500W ou 0,75cv e permite velocidades de 1.500 a 15.000rpm.

Esse tipo de motor é o motor de CA mais empregado e está presente em máquinas de costura,
liqüidificadores, enceradeiras e outros eletrodomésticos, e também em máquinas portáteis, como
furadeiras, lixadeiras e serras.

Funcionamento

A construção e o princípio de funcionamento do motor universal são iguais ao do motor em


série de CC.

Quando o motor universal é alimentado por corrente alternada, a variação do sentido da


corrente provoca variação no campo, tanto do rotor quanto do estator. Dessa forma, o conjugado
continua a girar no mesmo sentido inicial, não havendo inversão do sentido da rotação.

Motor de indução

Os motores monofásicos de indução possuem um único enrolamento no estator. Esse


enrolamento, gera um campo magnético que se alterna juntamente com as alternâncias da corrente.
Neste caso, o movimento provocado não é rotativo.

Funcionamento

Quando o rotor estiver parado, o campo magnético do estator, ao se expandir e se contrair,


induz correntes no rotor.

O campo gerado no rotor é de polaridade oposta à do estator. Assim, a oposição dos campos
exerce um conjugado nas partes superior e inferior do rotor, o que tenderia a girá-lo 180° de sua
posição original. Como o conjugado é igual em ambas as direções, pois as forças são exercida pelo
centro do rotor e em sentidos contrários, o rotor continua parado.

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Se o rotor estiver girando, ele continuará o giro na direção inicial, já que o conjugado será
ajudado pela inércia do rotor e pela indução de seu campo magnético. Como o rotor está girando, a
defasagem entre os campos magnéticos do rotor e do estator não será mais de 180º.

Tipos de motores de indução

Para dar o giro inicial do rotor, são usados comumente dois tipos de partida: a de campo
destorcido e a de fase auxiliar com capacitor.

Assim, conforme o tipo de partida, o motor monofásico de indução pode ser de dois tipos: de
campo destorcido (ou motor de anéis em curto) e de fase auxiliar.

O motor de campo destorcido constitui-se por um rotor do tipo gaiola de esquilo e por um
estator semelhante ao do motor universal. Contudo, no motor de campo destorcido, existe na sapata
polar uma ranhura onde fica alojado um anel de cobre ou espira em curto-circuito. Por isso, este
motor é conhecido também como motor de anel ou de espira em curto-circuito.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 56


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Uma vez que no motor de campo destorcido, o rotor é do tipo gaiola de esquilo, todas as
ligações encontram-se no estator.

Esse tipo de motor não é reversível. Sua potência máxima é de 300W ou 0,5cv; a velocidade é
constante numa faixa de 900 a 3.400rpm, de acordo com a freqüência da rede e o número de pólos
do motor.

Esses motores são usados, por exemplo, em ventiladores, toca-discos, secadores de cabelo
etc.

Funcionamento

Quando o campo magnético do estator começa a aumentar (a partir de zero) as linhas de força
cortam o anel em curto. A corrente induzida no anel gera um campo magnético que tende a se opor
ao campo principal.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 57


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Com o aumento gradativo do campo até 90º, a maior parte das linhas de força fica concentrada
fora da região do anel. Quando o campo atinge o máximo, ou seja, os 90º, não há campo criado pela
bobina auxiliar, formada pelo anel e ele se distribui na superfície da peça polar.

De 90º a 180º o campo vai se contraindo e o campo da bobina auxiliar tende a se opor a essa
contração, concentrando as linhas de força na região da bobina auxiliar.

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De 0 a 180º, o campo se movimenta ao longo da superfície polar, definindo assim o sentido de


rotação.

De 180 a 360º, o campo varia do mesmo modo que de 0 a 180º, porém em direção oposta.

O movimento do campo produz um conjugado fraco, mas suficiente para dar partida ao motor.
Como o conjugado é pequeno, esse tipo de motor é usado para alimentar cargas leves.

O motor monofásico de fase auxiliar é o de mais larga aplicação. Sua construção mecânica
é igual à dos motores trifásicos de indução.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 59


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Assim, no estator há dois enrolamentos: um de fio mais grosso e com grande número de
espiras (enrolamento principal ou de trabalho) e outro de fio mais fino e com poucas espiras
(enrolamento auxiliar ou de partida).

O enrolamento principal fica ligado durante todo o tempo de funcionamento do motor, mas o
enrolamento auxiliar só atua durante a partida. Esse enrolamento é desligado ao ser acionado um
dispositivo automático localizado parte na tampa do motor e parte no rotor.

Geralmente, um capacitor é ligado em série com o enrolamento auxiliar, melhorando desse


modo o conjugado de partida do motor.

Funcionamento

O motor monofásico de fase auxiliar funciona em função da diferença entre as indutâncias dos
dois enrolamentos, uma vez que o número de espiras e a bitola dos condutores do enrolamento
principal são diferentes em relação ao enrolamento.

As correntes que circulam nesses enrolamentos são defasadas entre si. Devido à maior
indutância no enrolamento de trabalho (principal), a corrente que circula por ele se atrasa em relação
à que circula no enrolamento de partida (auxiliar), cuja indutância é menor.

O capacitor colocado em série com o enrolamento tem a função de acentuar ainda mais esse
efeito e aumentar o conjugado de partida. Isso aumenta a defasagem, aproximando-a de 90º e facilita
a partida do motor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 60


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Depois da partida, ou seja, quando o motor atinge aproximadamente 80% de sua rpm, o
interruptor automático se abre e desliga o enrolamento de partida. O motor, porém continua
funcionando normalmente.

Observação

Além dos interruptores centrífugos, existem os interruptores de partida magnéticos e térmicos


usados, principalmente, em unidades seladas de refrigeração (conjunto motor / compressor utilizados
em geladeiras, freezers, bebedouros, etc.). Existem, também, os interruptores de partida eletrônicos.

Ligação dos motores monofásicos

Os motores monofásicos de fase auxiliar podem ser construídos com dois, quatro ou seis
terminais de saída.

Os motores de dois terminais funcionam em uma tensão (110 ou 220V) e em um sentido de


rotação.

Os de quatro terminais são construídos para uma tensão (110 ou 220V) e dois sentido de
rotação, os quais são determinados conforme a ligação efetuada entre o enrolamento principal e o
auxiliar.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 61


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De modo geral, os terminais do enrolamento principal são designados pelos números 1 e 2 e


os do auxiliar por 3 e 4.

Para inverter o sentido de rotação, é necessário inverter o sentido da corrente no enrolamento


auxiliar, isto é, trocar o 3 pelo 4.

Os motores de seis terminais são construídos para duas tensões (110 e 220V) e para dois
sentido de rotação.

Para inversão do sentido de rotação, inverte-se o sentido da corrente no enrolamento auxiliar.

O enrolamento principal é designado pelos números 1, 2, 3 e 4 e o auxiliar por 5 e 6. Para a


inversão do sentido de rotação, troca-se o terminal 5 pelo 6.

As bobinas do enrolamento principal são ligadas em paralelo, quando a tensão é de 110V e em


série, quando a tensão é de 220V.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 62


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O motor de fase auxiliar admite reversibilidade quando se retiram os terminais do enrolamento


auxiliar para fora com cabos de ligação. Admite também chave de reversão, mas neste caso, a
reversão só é possível com o motor parado.

A potência deste motor varia de 1/6cv até 1cv, mas para trabalhos especiais existem motores
de maior potência.

A velocidade desse tipo de motor é constante e, de acordo com a freqüência e o número de


pólos, pode variar de 1.425 a 3.512 rpm.

MOTORES TRIFÁSICOS DE CA

A maior parte da energia elétrica produzida é distribuída em corrente alternada (CA), o que
justifica o largo emprego dos motores de CA.

A construção mecânica dos motores de CA é mais simples do que a dos motores de CC. Por
isso, eles são mais comumente usados na indústria.

Nesta unidade, estudaremos a estrutura, os tipos e as características do funcionamento dos


motores trifásicos de corrente alternada.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 63


Máquinas Elétricas

Para isso, é necessário que você tenha conhecimentos anteriores sobre magnetismo e
eletromagnetismo, indução eletromagnética e corrente alternada.

Motores trifásicos de CA

Os motores de CA são menos complexos que os motores de CC. Além disso, a inexistência de
contatos móveis em sua estrutura garante seu funcionamento por um grande período sem
necessidade de manutenção.

A velocidade nos motores de CA é determinada pela freqüência da fonte de alimentação, o que


propicia excelentes condições para seu funcionamento a velocidades constantes.

Os motores trifásicos de CA funcionam sob o mesmo princípio dos motores monofásicos, ou


seja, sob a ação de um campo magnético rotativo gerado no estator, provocando com isto uma força
magnética no rotor. Esses dois campos magnéticos agem de modo conjugado, obrigando o rotor a
girar.

Tipos de motores trifásicos de CA

Os motores trifásicos de CA são de dois tipos: motores assíncronos (ou de indução) e motores
síncronos.

Motores assíncrono de CA

O motor assíncrono de CA é o mais empregado por ser de construção simples, forte e de baixo
custo. O rotor desse tipo de motor possui uma parte auto-suficiente que não necessita de conexões
externas.

Esse motor também é conhecido como motor de indução, porque as correntes de CA são
induzidas no circuito do rotor pelo campo magnético rotativo do estator.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 64


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No estator do motor assíncrono de CA estão alojados três enrolamentos referentes às três


fases. Estes três enrolamentos estão montados com uma defasagem de 120°.

O rotor é constituído por um cilindro de chapas em cuja periferia existem ranhuras onde o
enrolamento rotórico é alojado.

Funcionamento

Quando a corrente trifásica é aplicada aos enrolamentos do estator do motor assíncrono de


CA, produz-se um campo magnético rotativo (campo girante).

A ilustração a seguir mostra a ligação interna de um estator trifásico em que as bobinas (fases)
estão defasadas em 120º e ligadas em triângulo.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 65


Máquinas Elétricas

O campo magnético gerado por uma bobina depende da corrente que no momento circula por
ela. Se a corrente for nula, não haverá formação de campo magnético; se ela for máxima, o campo
magnético também será máximo.

Como as correntes nos três enrolamentos estão com uma defasagem de 120º, os três campos
magnéticos apresentam também a mesma defasagem.

Os três campos magnéticos individuais combinam-se e disso resulta um campo único cuja
posição varia com o tempo. Esse campo único, giratório é que vai agir sobre o rotor e provocar seu
movimento.

O esquema a seguir mostra como agem as três correntes para produzir o campo magnético
rotativo num motor trifásico.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 66


Máquinas Elétricas

No esquema vemos que no instante 1, o valor da corrente A é nulo e, portanto, não há


formação de campo magnético. Isto é representado pelo 0 (zero) colocado no pólo do estator.

As correntes B e C possuem valores iguais, porém sentidos opostos.

Como resultante, forma-se no estator, no instante 1, um campo único direcionado no sentido N


- S.

No instante 2, os valores das correntes se alteram. O valor de C é nulo. A e B têm valores


iguais, mas A é positivo e B é negativo.

O campo resultante se desloca em 60º em relação à sua posição anterior.

Quando um momento intermediário (d) é analisado, vemos que nesse instante as correntes C e
A têm valores iguais e o mesmo sentido positivo. A corrente B, por sua vez, tem valor máximo e
sentido negativo. Como resultado, a direção do campo fica numa posição intermediária entre as
posições dos momentos 1 e 2.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 67


Máquinas Elétricas

Se analisarmos, em todos os instantes, a situação da corrente durante um ciclo completo,


verificamos que o campo magnético gira em torno de si. A velocidade de campo relaciona-se com a
freqüência das correntes conforme já foi demonstrado.

Tipos de motores assíncronos

Os motores assíncronos diferenciam-se pelo tipo de enrolamento do rotor. Assim, temos:

• motor com rotor em gaiola de esquilo;

• motor de rotor bobinado.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 68


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Motor com rotor em gaiola de esquilo

O motor com rotor em gaiola de esquilo tem um rotor constituído por barras de cobre ou de
alumínio colocadas nas ranhuras do rotor. As extremidades são unidas por um anel também de cobre
ou de alumínio.

Entre o núcleo de ferro e o enrolamento de barras não há necessidade de isolação, pois as


tensões induzidas nas barras do rotor são muito baixas.

Esse tipo de motor apresenta as seguintes características:

• velocidade que varia de 3 a 5% de vazio até a plena carga,

• ausência de controle de velocidade,

• possibilidade de ter duas ou mais velocidades fixas,

• baixa ou média capacidade de arranque, dependendo do tipo de gaiola de esquilo do rotor


(simples ou dupla).

Esses motores são usados para situações que não exijam velocidade variável e que possam
partir com carga. Por isso, são usados em moinhos, ventiladores, prensas e bombas centrífugas, por
exemplo.

No funcionamento do motor com rotor em gaiola de esquilo, o rotor, formado por condutores de
cobre é submetido ao campo magnético giratório, já explicado anteriormente. Como conseqüência,
nesses condutores (barras da gaiola de esquilo) circulam correntes induzidas, devido ao movimento
do campo magnético.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 69


Máquinas Elétricas

Segundo a lei de Lenz, as correntes induzidas tendem a se opor às variações do campo


original. Por esses motivo, as correntes induzidas que circulam nos condutores formam um campo
magnético de oposição ao campo girante.

Como o rotor é suspenso por mancais no centro do estator, ele girará juntamente com o campo
girante e tenderá a acompanhá-lo com a mesma velocidade. Contudo, isso não acontece, pois o rotor
permanece em velocidade menor que a do campo girante.

Se o rotor alcançasse a velocidade do campo magnético do estator, não haveria sobre ele
tensão induzida, o que o levaria a parar.

Na verdade, é a diferença entre as velocidades do campo magnético do rotor e a do campo do


estator que movimenta o rotor. Essa diferença recebe o nome de escorregamento e é dada
percentualmente por:

nf - n
S= . 100
nf

Onde:

• nf é a velocidade de sincronismo,

• n é a velocidade real do rotor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 70


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Exemplo

Calcular o deslizamento percentual de um motor assíncrono trifásico de 4 pólos que recebe


uma freqüência de excitação de 60Hz, cujo rotor gira a uma velocidade de 1440 rpm.

f . 60 60 . 60 3600
nf = = = = 1800rpm
p 2 2

ns = nf – n = 1800 – 1440 = 360

nf - n 1800 - 1440 360


s= = = = 0,2
nf 1800 1800

nf - n
s% = . 100 = 20%
nf

Observação

Quando o rotor está em repouso, podemos considerar o motor assíncrono trifásico como um
transformador trifásico.

O valor da tensão no enrolamento do rotor em repouso, ou seja, a tensão com rotor travado só
depende do quociente entre os números de espiras do rotor e do estator. Quando o rotor gira, sua
tensão vai reduzindo proporcionalmente ao deslizamento.

Para a velocidade sincronismo, ou seja, quando as duas velocidades são iguais, até a tensão
induzida será nula.

Com o rotor travado, a freqüência da tensão no rotor é igual à freqüência da tensão do estator.
Quando o rotor gira, a freqüência de sua tensão também decresce proporcionalmente ao
deslizamento até fazer-se nula para a velocidade de sincronismo.

Quando a carga do motor é aumentada, ele tende a diminuir a rotação e a aumentar o


escorregamento. Conseqüentemente, aumenta a corrente induzida nas barras da gaiola de esquilo e
o conjugado do motor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 71


Máquinas Elétricas

Desse modo, o conjugado do motor é determinado pela diferença entre a velocidade do campo
girante e a do rotor.

Motor síncrono de CA

O motor síncrono de CA apresenta a mesma construção de um alternador e ambos têm o rotor


alimentado por CC. A diferença é que o alternador recebe energia mecânica no eixo e produz CA no
estator; o motor síncrono, por outro lado, recebe energia elétrica trifásica CA no estator e fornece
energia mecânica ao eixo.

Esse tipo de motor apresenta as seguintes características:

• velocidade constante (síncrona);

• velocidade dependente da freqüência da rede;

• baixa capacidade de arranque.

Por essas características, o motor síncrono é usado quando é necessária uma velocidade
constante.

Funcionamento

A energia elétrica de CA no estator cria o campo magnético rotativo, enquanto o rotor,


alimentado com CC, age como um ímã.

Um ímã suspenso num campo magnético gira até ficar paralelo ao campo. Quando o campo
magnético gira, o ímã gira com ele. Se o campo rotativo for intenso, a força sobre o rotor também o
será. Ao se manter alinhado ao campo magnético rotativo, o rotor pode girar uma carga acoplada ao
seu eixo.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 72


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Quando parado, o motor síncrono não pode partir com aplicação direta de corrente CA trifásica
no estator, o que é uma desvantagem. De modo geral, a partida é feita como a do motor de indução
(ou assíncrono). Isso porque o rotor do motor síncrono é constituído, além do enrolamento normal,
por um enrolamento em gaiola de esquilo.

Ligação dos motores trifásicos

Como já foi estudado, o motor trifásico tem as bobinas distribuídas no estator e ligadas de
modo a formar três circuitos simétricos distintos, chamados de fases de enrolamento.

Essas fases são interligadas formando ligações em estrela ou em triângulo, para o


acoplamento a uma rede trifásica. Para isso, deve-se levar em conta a tensão em que irão operar.

Na ligação em estrela, o final das fases se fecha em si, e o início se liga à rede.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 73


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Na ligação em triângulo, o início de uma fase é fechado com o final da outra, e essa junção é
ligada à rede.

Os motores trifásicos podem dispor de 3, 6, 9 ou 12 terminais para a ligação do estator à rede


elétrica. Assim, eles podem operar em uma, duas, três ou quatro tensões respectivamente. Todavia,
é mais comum encontrar motores com 6 e 12 terminais.

Os motores trifásicos com 6 terminais só podem ser ligados em duas tensões uma a 3 maior
do que a outra. Por exemplo: 220/380V ou 440/760V.

Esses motores são ligados em triângulo na menor tensão e, em estrela, na maior tensão.

A figura a seguir mostra uma placa de ligação desse tipo de motor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 74


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Os motores com 12 terminais, por sua vez, têm possibilidade de ligação em quatro tensões:
220V, 380V, 440V e 760V.

A ligação à rede elétrica é feita da seguinte maneira:

• ∆∆ para 220V

• YY para 380

• ∆ para 440V

• Y para 760

Veja a seguir a representação da placa de ligação desse tipo de motor.

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Padronização da tensão e da dimensão dos motores trifásicos assíncronos e síncronos

Os motores trifásicos são fabricados, com diferentes potências e velocidades, para as tensões
padronizadas da rede, ou seja, 220V, 380V, 440V e 760V, nas freqüências de 50 e 60Hz.

No que se refere às dimensões, os fabricantes seguem as normas NEMA, IEC e da ABNT.

MOTOR TRIFÁSICO COM LIGAÇÃO DAHLANDER

O motor trifásico de indução tipo Dahlander é um motor cujas bobinas são conectadas de
forma diferente da convencional, pois em certos momentos funciona por polarização ativa e, em
outros, por pólos conseqüentes.

Este é o assunto desta unidade e, para estudá-lo com mais facilidade é necessário ter
conhecimentos anteriores sobre motores trifásicos, ligações estrela e triângulo e tipos de
enrolamentos.

Ligação Dahlander

A ligação Dahlander é um tipo de conexão que aproveita as propriedades da ligação de pólos


conseqüentes e pólos ativos para se obter, alternadamente, duas velocidades com um só
enrolamento. Nesse caso, a velocidade maior é sempre o dobro da menor.

Esse tipo de ligação permite que, com dois grupos de bobinas, se obtenham dois ou quatro
pólos; com quatro grupos de bobinas, se obtenham quatro ou oito pólos e, com seis bobinas, seis ou
doze pólos, conforme figuras a seguir.

4 bobinas - 8 pólos 4 bobinas - 4 pólos

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6 bobinas - 12 pólos

6 bobinas - 6 pólos

Esse tipo de ligação é de grande utilidade para aplicação em máquinas industriais, pois a
ligação Dahlander permite que se consigam velocidades diferentes com um número de engrenagens
bem reduzido.

Enrolamento

O enrolamento desses motores com dupla polaridade é semelhante aos outros enrolamentos
de motores de corrente alternada assíncrona, exceto quanto à forma das ligações.

O enrolamento mais usual para ligação tipo Dahlander é o tipo cadeia concêntrico ou
progressivo, sendo também comum o tipo meio imbricado.

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Observação

Nas ligações Dahlander recomenda-se Yf = 120°E + 120°E para uma distribuição mais
harmônica de saída dos condutores e para uma partida mais vigorosa do motor, pois:

120°E + 120°E 240°E


Yf = = = 16 ou 1 a 17
GE/R 15°E

Conexões internas do motor Dahlander para dois e quatro pólos

Para funcionamento do motor Dahlander em quatro pólos, ligar os terminais U, V e W e deixar


isolados os terminais X, Y e Z.

Assim, os dois grupos de cada fase ficam em série, formando dois pólos ativos e dois
conseqüentes.

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Para formar dois pólos, ligar os terminais U, V e W em estrela e aplicar corrente nos terminais
X, Y e Z, formando dois pólos ativos.

Esta ligação também se chama dupla estrela, porque os grupos de bobinas são ligados em
paralelo, pela união dos bornes U, V e W.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 79


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Em resumo, para maior polaridade (menor velocidade), alimenta-se o motor em U, V e W,


deixando os terminais X, Y e Z abertos. Para menor polaridade (maior velocidade), unem-se os
terminais U, V e W e alimenta-se o motor em X, Y e Z.

Observações

A identificação dos bornes pode variar, de acordo com o fabricante do motor. Assim sendo,
consulte sempre a plaqueta do motor.

A potência do motor, quando funciona com dois pólos, é, aproximadamente, o dobro da que
tem quando funciona com quatro pólos.

Segundo a norma VDE, os terminais podem ser ligados pelas letras Ua, Va e Wa, equivalente
a U, V e W, e Ub, Vb e Wb, equivalendo a X, Y e Z.

Tipos de conexões Dahlander

As conexões Dahlander podem ser:

• Triângulo - dupla-estrela

• Estrela - dupla-estrela

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O esquema a seguir mostra um exemplo de um motor trifásico, 36R, 8/4 pólos e ligações YY /
Y-YY onde é possível obter tensões diferentes com esses tipos de conexões em um mesmo
bobinado.

Conexão Dahlander Conexão Dahlander


∆/YY Y/YY
8 pólos Fa + Pa R 8 pólos Fa + Fb + Fc
∆ Fa + Pb S Y
Fb = Pc T abertos Pa R Ma abertos
Ma, Mb, Mc Pb S Mb
Pc T Mc
4 pólos Fa + Pa 4 pólos Fa + Fb + Fc
YY Fa + Pb YY
Fb + Pc Pa + Pb + Pc
Mc R
Mb S
Ma T Ma T
Mb S
Mc R

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MOTOR TRIFÁSICO DE ROTOR BOBINADO

É um motor destinado a trabalhar em rede de corrente alternada trifásica.

Esse motor permite um arranque vigoroso com uma pequena corrente de partida. Por essa
razão, é o motor preferido para potências elevadas, geralmente superiores a 5cv.

O motor de rotor bobinado é constituído de um estator e um rotor.

O estado é semelhante aos dos motores trifásicos já estudados. Apresenta os mesmos tipos
de enrolamentos, ligações e distribuição que os estatores de induzido em curto.

No rotor, encontra-se um enrolamento com várias bobinas isoladas, ligadas de modo a formar
dois ou três circuitos. Esses circuitos são unidos, de um lado, a um ponto comum; e de outro, a três
anéis coletores.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 82


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Sobre estes anéis se apoiam escovas coletoras e, através dos anéis, é estabelecido o contato
elétrico entre o enrolamento do rotor e o reostato externo, chamado reostato de partida.

O reostato de partida é composto de três resistores variáveis, conjugados por meio de uma
ponte. Essa ponte liga os reostatos em estrela, em qualquer posição de seu curso.

Veja, na figura, uma ligação típica de um motor trifásico de rotor bobinado e reostato de partida
conjugado em estrela.

O motor trifásico de rotor bobinado é recomendado nos casos em que necessita de partidas a
plena carga, pois não ocasiona intensidade excessiva de corrente na rede.

É também utilizado para realizar trabalhos que exigem variações de velocidade, pois o
enrolamento existente no rotor desses motores, ao fazer variar a intensidade da corrente que
percorre o induzido, faz variar a velocidade do motor.

Não é possível conseguir essa variação nos motores de rotor em gaiola de esquilo porque sua
construção não permite ligação de resistores adicionais externos nos seus circuitos.

O motor de rotor bobinado, além de proporcionar arranque satisfatório, tem uma corrente de
partida de baixa intensidade: é cerca de uma vez e meia o valor da corrente nominal.

É bom lembrar que, nos motores de rotor em curto, essa corrente atinge até oito vezes a
corrente em plena carga.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 83


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Porém, os motores de rotor em curto são menos econômicos que os outros, devido ao elevado
custo de seus enrolamentos e ao sistema de conexão das bobinas do rotor, tais como: Anéis,
escovas, porta-escovas, reostato, etc.

Em pleno regime de marcha, o motor de rotor bobinado apresenta um deslizamento maior que
os motores comuns.

É empregado com eficiência como motor de guindastes, elevadores, calandras e em todas as


condições em que for necessário dar partida sob grandes cargas.

Quando se necessita de motores para funcionar com variações permanentes de velocidade


com regulagem mais delicada, usa-se outro tipo de motor trifásico de rotor bobinado. Este motor é
reconhecido pelo coletor laminado, semelhante ao das máquinas de corrente contínua.

A regulagem da velocidade e a inversão de marcha são feitas pelo deslocamento de um


conjunto de escovas que faz variar a tensão induzida nos enrolamentos do rotor.

A descrição feita aqui é de um tipo desses motores. Outros processos, porém, também são
usados para se conseguir os mesmos resultados.

Esses tipos de motores encontram grande aplicação nas fábricas de papel e de tecidos.

Nos rotores bobinados de coletor de anéis são usados os mesmos tipos de enrolamentos dos
estatores trifásicos. Neste caso, predomina o enrolamento do tipo imbricado nas máquinas maiores.

Nos motores menores, ainda são usados os enrolamentos do tipo meio imbricado e
principalmente o tipo cadeia com bobinas concêntricas. Observe nas figuras abaixo cada um desses
tipos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 84


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Esses enrolamentos não são obrigatoriamente trifásicos, porém, têm necessariamente o


mesmo número de pólos que o estator. Um motor trifásico, cujo estator tem um enrolamento para 4
pólos, pode ter rotor trifásico ou bifásico, mas, em qualquer dos casos, seu enrolamento estará
distribuído para quatro pólos.

Veja, a seguir, os cálculos básicos para fazer o levantamento de esquema de rotor trifásico de
motor de anéis, 4 pólos, enrolamento imbricado: Nb = Nr = 24 bobinas

Nr 24
Yp = = = 6 dentes ou 1 a 7
24 4

Ybi = Yp = 6 dentes ou 1 a 7

Nb 24 24
Grupo = = = = 2 bobinas por pólo e fase
p.f 4 .3 12

GET = 180°E.P = 180°E.4 = 720°E

GET 720°E
GE/r = = = 30°E
Nr 24

120°E 120°E
Yf = = = 4 dentes ou 1 a 5
GE / r 30°E

Bobinas levantadas = Yb-1 = 6-1 = 5

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 85


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Esquema planificado:

Na figura a seguir, é mostrado o esquema de um rotor de motor trifásico de quatro pólos, cujo
enrolamento é bifásico de dois circuitos.

Note que uma extremidade de cada circuito ou fase de rotor está ligada a um anel coletor e a
união das duas outras extremidades, ao anel central. O reostato também é de dois circuitos.

Na figura, a seguir, é mostrado o esquema do mesmo motor, porém, com rotor e reostato
trifásicos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 86


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É importante saber que há uma relação entre o enrolamento do estator e o do rotor. Essa
relação é de 3:1. Isto quer dizer que, se a tensão do estator for 220V, a do rotor em vazio será 220 ÷
3, ou 73V aproximadamente.

A mesma relação pode ser aplicada às intensidades da corrente.

Se a intensidade no estator for 10 A, o rotor será percorrido por uma corrente de 10 . 3 = 30 A.


Conseqüentemente, a seção do fio deve ser calculada par essa corrente. Por essa razão, os
enrolamentos dos induzidos tem fios de maior seção que os do indutor.

Observação

As orientações sobre os estatores de motores trifásicos também são válidas para o fechamento
das bobinas dos rotores.

MOTORES DE APLICAÇÕES ESPECIAIS

Nesta unidade, estudaremos dois motores que apresentam características especiais: o motor
sem escovas e o motor de passo.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 87


Máquinas Elétricas

O desenvolvimento da tecnologia moderna no campo dos semicondutores e das ligas


magnéticas especiais levou ao aparecimento de motores não-convencionais, ou seja, com
acionamento elétrico sem escovas (em inglês “brushless”).

Esse motor, com controle de corrente e velocidade é usado principalmente em servo-


acionamentos e atende a uma ampla faixa de potências.

O motor de passo, por sua vez, é um motor usado em equipamentos onde é necessário um
posicionamento de parte da máquina. Esse é o caso de impressoras, registradores gráficos em geral,
sistemas de controle em servomecanismos.

Nesta unidade, serão estudadas as características e o funcionamento desses dois tipos de


motor.

Motor sem escovas

O motor de corrente contínua sem escovas, além da ausência de escovas, apresenta como
características diferenciadoras do motor com escovas, a localização do enrolamento no estator e os
ímãs permanentes engastados no rotor. Apresenta também um transdutor de posição angular
acoplado ao rotor.

A ilustração a seguir mostra um corte transversal de um motor sem escovas e a comparação


dos princípios de construção de motores com e sem escovas.

Além dessas características, um motor sem escovas será sempre composto por:

• Distribuidor de energização dos enrolamentos (comutador);

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 88


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• Conversor de pulsos eletrônicos.

O diagrama a seguir representa a construção mecânica do acionamento sem escovas. Nele,


foram omitidas as malhas de realimentação em corrente e velocidade.

Funcionamento

No motor com escovas, a comutação e distribuição das correntes aos enrolamentos são
realizadas pelo comutador.

No motor sem escovas, essa tarefa é realizada pelo estágio de controle e pelo comutador de
potência (conversor) eletrônico.

Os motores sem escovas, quando acionados com controle de malha de corrente e de


velocidade, combinados com as caixas de transmissão de folga reduzida, permitem a obtenção de
servoacionamentos de alta precisão.

Vantagens

O motor sem escovas apresenta uma série de vantagens, a saber:

• Peso e volume reduzidos;

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 89


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• Inexistência de coletor mecânico;

• Maior vida útil;

• Melhores propriedades dinâmicas;

• Menor inércia do motor;

• Torques elevados.

Peso e volume reduzidos

A construção do motor sem escovas permite uma redução em seu peso e volume entre 35 e
65% se comparado com motor com escovas de mesma potência.

Isso traz melhor dissipação de calor, pois o motor sem escovas, com seu rotor “frio”, gera calor
na região em que este é melhor dissipado, ou seja, no estator. Esse fato permite que o motor opere
em regime muito elevado.

Inexistência de coletor mecânico

O motor com escovas apresenta curva de limitação de potência que é produto da rotação pela
corrente de coletor. Acima dessa curva-limite ocorre a queima das escovas e isso destrói o coletor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 90


Máquinas Elétricas

Como o motor sem escovas não possui coletor mecânico, altos conjugados ao longo de todo o
espectro de rotações podem ser alcançados com ele.

Maior vida útil

Esse tipo de motor não possui escovas que se desgastam e necessitam ser trocadas.

Melhores propriedades dinâmicas

Nos motores sem escovas, onde a comutação de corrente é realizada eletronicamente, existe
ainda a possibilidade de se optar pelo emprego de uma tensão eletromotriz de formato quase
senoidal.

A forma de onda senoidal tem a vantagem de permitir que sejam satisfeitas as mais altas
exigências com relação à baixa rotação, homogeneidade de movimento e exatidão de
posicionamento.

Menor inércia do motor

O motor sem escovas possui ímãs permanentes ao invés de enrolamento de rotor. Por isso,
existe um reduzido momento de inércia e disso depende a escolha da melhor velocidade de rotação
de um motor a ser usado em um determinado acionamento.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 91


Máquinas Elétricas

Um momento de inércia pequeno significa menor tempo de resposta do sistema e, portanto,


melhor dinâmica.

Torques elevados

Com a finalidade de atingir um torque tão alto quanto possível nos motores com ou sem
escovas, efetua-se a comutação dos enrolamentos de tal forma que o campo magnético do estator
mantenha com o campo magnético do rotor um ângulo tão próximo de 90º quanto possível.

Essa característica limita a rotação máxima através da fcem nos enrolamentos.

Nos motores com excitação separada, pode-se reduzir essa limitação da rotação através do
enfraquecimento do campo de excitação.

O motor sem escovas com ímã permanente permite que se efetue uma variação das
constantes de motor mediante uma defasagem no tempo da energização das correntes nos
enrolamentos em relação à posição do rotor.

Motor de passo

O motor de passo permite que seu eixo sofra deslocamentos precisos sem que seja necessária
uma realimentação externa feita por algum dispositivo a ele acoplado. Isso caracteriza um sistema
aberto.

Essa característica de funcionamento em malha aberta é uma das mais importantes pois
permite a rotação e a parada em pontos pré-determinados.

Se, por exemplo, é necessário que o eixo gire meia volta (180°), basta fornecer adequados e
ele fornece deslocamento com precisão.

Na figura a seguir, é ilustrado um motor de passo de pequenas dimensões que apresenta


como característica um passo de 7,5°. Isso significa que, para que seu eixo dê uma volta completa,
são necessários 48 passos (ou deslocamentos).

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 92


Máquinas Elétricas

Funcionamento

Normalmente, os motores de passo possuem enrolamentos que, na sua forma mais simples,
constituem-se de quatro bobinas dispostas no estator em ângulos de 90°, uma em relação a outra.

O rotor é uma pequena peça de material ferromagnético que se constitui num ímã.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 93


Máquinas Elétricas

Ao se energizar a bobina 1 do estator, o rotor é submetido à força do campo magnético e se


posiciona na condição de menor relutância, ou seja, alinhada com o eixo da bobina.

Se, na seqüência, a bobina 1 é desligada e a bobina 2 energizada, o rotor gira 90º e se


posiciona em linha com a segunda bobina. O mesmo acontece com as bobinas 3 e 4 até se
completar uma volta de 360º.

Observação

A descrição acima refere-se a um motor de passo de 4 passos por revolução e 90º por passo.
Verifica-se assim que um dos fatores determinantes do número de passos por volta corresponde ao
número de bobinas no estator.

Se existirem n bobinas, o rotor completará uma volta em n passos. Se, ao invés de um


elemento ferromagnético, o rotor for constituído de n’ elementos (rotor dentado), o número de passos
será n . n’.

Outro fator que determina o número de passos é a seqüência de comutação das bobinas. No
exemplo mostrado, foi excitada uma bobina de cada vez. Se, ao invés disso, forem excitadas duas
bobinas contíguas de cada vez, o rotor tomará posições intermediárias. Isso dá origem a um conjunto
de novas posições ou passos.

Veja na ilustração a seguir, como é possível obter o dobro dos passos, excitando-se as
bobinas da seguinte maneira:

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 94


Máquinas Elétricas

Essa seqüência faria o motor girar no sentido horário, completando uma volta em 8 passos.

As bobinas do estator são também denominadas fases. Muitas vezes, cada fase é subdividida
num conjunto de bobinas ao longo do estator. Dessa forma, mesmo que existam muitas bobinas no
estator, eles normalmente constituem 8 fases.

Tipos de rotor

Os rotores do motor de passo são divididos em dois tipos:

• Ímã permanente;

• Relutância variável.

O rotor de ímã permanente permite obter maior força de atração entre o estator e o rotor.
Todavia, é tecnologicamente mais difícil obter um grande número de elementos do rotor previamente
magnetizados e cuja magnetização seja estável. Por causa disso, o número de passos é geralmente
menor nesse tipo de motor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 95


Máquinas Elétricas

O rotor do tipo relutância variável, embora normalmente apresente menor torque, possui, em
contrapartida, características mais estáveis. O rotor de relutância variável é apenas uma peça de
material ferromagnético não imantado.

Circuitos de acionamento

Os circuitos de comando para motor de passo são circuitos de chaveamento seqüencial


geralmente seguidos de amplificadores cuja potência é determinada pelas dimensões do motor.

Experimentalmente, pode-se realizar a rotação do motor por meio de chaves comutando as


bobinas.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 96


Máquinas Elétricas

PARÂMETROS MECÂNICOS DE MÁQUINAS ELÉTRICAS

Para usar uma máquina elétrica, é necessário conhecer, além de suas propriedades elétricas,
seus parâmetros mecânicos, tais como a rotação, o torque e a potência mecânica.

Este será o assunto da presente unidade.

Rotação

A rotação “n” de uma máquina é igual ao número de revoluções do rotor em um determinado


tempo e que se mede em revoluções por minuto ou rotações por minuto (rpm)

Instrumentos de medição de rotação

Em aplicações técnicas, empregam-se diversos dispositivos para medir a rotação. O mais


simples é o tacômetro manual, que pode ser mecânico ou eletrônico.

Com ele, é possível medir diretamente a rotação aplicando o instrumento ao eixo da máquina.
A rotação é transmitida mediante uma embreagem de borracha.

Outro instrumento para a medição da rotação é o gerador taquimétrico (ou tacométrico) que se
aplica diretamente à máquina cuja rotação se quer medir.

Dependendo do tipo de gerador usado, este pode:

• gerar uma tensão contínua cujo valor depende da rotação, ou

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 97


Máquinas Elétricas

• gerar uma tensão alternada cuja freqüência depende da rotação e, embora nesse caso
meça-se a freqüência, o resultado que aparece no mostrador é em rpm.

Para obter tensão alternada dependente da rotação, podem ser usadas barreiras óticas
(células fotoelétricas) em lugar do gerador taquimétrico. Essas células são usadas em combinação
com discos perfurador ou geradores Hall juntamente com ímãs.

Cálculo da rotação

Para realizar o cálculo da rotação, é necessário conhecer a freqüência da rede e a quantidade


de pólos do motor. A fórmula para esse cálculo é:

f . 60
n=
p

Onde:

• n é a rotação em rpm,

• f é a freqüência ,

• p são os pares de pólos.

Exemplo

Calcular a rotação de um motor de 2 pólos, ligado a uma rede de 60Hz.

60 . 60
n= = 3600rpm
1

Cálculo de rotação do campo girante

Se, em um estator, forem colocadas 4 bobinas defasadas de 90º uma da outra, ao ligá-las à
rede, obtem-se um campo de 4 pólos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 98


Máquinas Elétricas

Se montarmos no mesmo estator 3 conjuntos de bobinas iguais a este, defasadas de 120°, e


as ligarmos a uma rede trifásica, obteremos um campo de 4 polos.

Quando se trata de um motor de 2 pólos, o campo giratório precisa do tempo de um período


para dar um volta completa, ou seja 360º.

O motor de 4 pólos precisa de um tempo que eqüivale ao dobro do de 2 pólos, ou seja, dois
períodos de 360º.

Isto significa que a rotação do campo girante depende da freqüência da corrente e do número
de pares de pólos do campo.

A fórmula para esse cálculo é a mesma, ou seja:

f . 60
n=
p

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 99


Máquinas Elétricas

Exemplo

Calcular a rotação do campo girante de um motor de quatro pólos ligado a uma rede de 60Hz.

60 . 60 3600
n= = = 1800
2 2

Torque ou momento

Torque (M) (ou momento) é a força (F) atuando sobre um corpo e causando seu movimento
através de uma distância (s).

Mesmo que esse corpo não gire, o torque existe como produto daquela força pela distância
radial em relação ao centro do eixo da rotação, ou seja, torque é o produto da força pelo comprimento
do braço da alavanca. Matematicamente, isso significa:

M=F.s

Onde:

• M é o torque ou momento em Newtons . metro (Nm);

• F é a força em Newtons;

• s é o comprimento em metros.

Quando os torques de giro à direita e à esquerda são iguais, a alavanca se encontra em


equilíbrio ou repouso. Se os torques são diferentes, a alavanca gira no sentido do torque maior.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 100


Máquinas Elétricas

Torques de giro à esquerda = torques de giro à direita

(torques) M=F.s

Já sabemos que um campo magnético de fluxo Φ origina-se no estator das máquinas elétricas
rotativas.

Sabemos também que o rotor se compõe de um tambor de ferro doce magnético com ranhuras
nas quais são colocados os condutores. Esses condutores dentro de um campo magnético e
percorridos por uma corrente elétrica estão submetidos a uma força. O valor dessa força é:

F=Φ.I.L

Onde:

• F é a força em Newtons;

• Φ é a indução magnética em teslas;

• I é a corrente em ampères;

• L é o comprimento do condutor em metros.

Essa força é aplicada ao condutor a uma distância (s) do eixo do rotor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 101


Máquinas Elétricas

Quando esse torque for igual ou suficiente para que o rotor (que possui um movimento
resistente) gire, obtem-se uma rotação constante.

Obtenção do torque

Nas máquinas elétricas, o torque se mede com a ajuda de freios, como por exemplo, o freio de
corrente de Foucault.

No motor elétrico o torque (M) e as rotações (n) estão relacionados, pois a rotação diminui
quando se aumenta o torque.

Na partida, a rotação é zero e o torque, que atua sobre o eixo nesse instante, é chamado de
torque de arranque.

Para se obter o torque, faz-se o seguinte:

1. Dá-se partida no motor sem carga;

2. Coloca-se carga partindo do zero. À medida que a carga aumenta, anota-se o torque e a
rotação:

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 102


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Exemplo

Torque: 0 0,25 0,5 0,75 1 1,1... 0,85 0,9


Rotação: 1500 1470 1430 1375 1200 1000... 100 0

3. Monta-se o gráfico;

Observação

Para qualquer motor CA de indução tipo gaiola, o torque de partida é apenas função da tensão
aplicada ao enrolamento do estator. Quando se reduz à metade a tensão nominal aplicada por fase
durante a partida, o torque de partida produzido é 1/4 do que seria produzido a plena tensão.

Potência

A potência está relacionada com a rotação e o torque desenvolvidos pela máquina.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 103


Máquinas Elétricas

O eixo de uma máquina que gira com uma rotação n transmite um torque.

Com estes dois parâmetros, calcula-se a potência mecânica da máquina a partir da seguinte
fórmula:

2
P= .n.M
60 . 100

Onde:

• P é a potência;

• 2 é a constante;

• n são as rotações em rpm;

• M é o torque em Nm.

n . M . 10 - 3
Ou: P =
3

MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

As máquinas de corrente contínua resultaram do desenvolvimento tecnológico e das


exigências cada vez maiores dos processos automáticos de produção. Essas máquinas, por sua
grande versatilidade são largamente usadas na indústria moderna.

Nesta unidade, vamos estudas os tipos e princípios de funcionamento das máquinas de CC


empregadas na indústria.

Para melhor assimilar esse conteúdo, é necessário ter conhecimentos anteriores sobre
magnetismo, eletromagnetismo e indutores.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 104


Máquinas Elétricas

Geradores e motores

A máquina é um motor quando transforma energia elétrica em energia mecânica. Quando


transforma energia mecânica em energia elétrica, ela é um gerador.

Do ponto de vista da construção, motores e geradores de CC são iguais. Assim, um motor de


CC pode funcionar como gerador de CC e vice-versa.

Construção

As máquinas de CC são compostas basicamente por duas partes: o estator e o rotor.

O estator (ou carcaça) é a parte fixa da máquina. Nele se alojam as bobinas de campo cuja
finalidade é conduzir o fluxo magnético.

O estator é formado por:

• Pólos de excitação (ou sapatas polares) constituídas por condutores enrolados sobre o
núcleo de chapas de aço laminadas;

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 105


Máquinas Elétricas

• Pólos de comutação têm a função de evitar o deslocamento da linha neutra em carga e


reduzir a possibilidade de centelhamento. Localizam-se na região
interpolar e por eles passa a corrente da armadura (rotor);

• Conjunto porta-escova aloja as escovas feitas de material condutor e que têm a função
de realizar a ligação elétrica entre a armadura e o exterior.

O rotor é a parte móvel que abriga as bobinas ligadas ao comutador.

É formado pelas seguintes partes:

• Induzido (ou armadura) fica dentro do estator. O mais usado é o do tipo tambor. É
constituída por chapas de aço laminadas em cujas ranhuras se acomoda o
enrolamento;

• Comutador constituído por lâminas de cobre isoladas uma das outras por lâminas de
mica; sua função é transferir a energia do enrolamento da armadura para o
exterior;

• Eixo é o elemento que transmite a potência mecânica desenvolvida pela máquina.

Gerador de CC

O funcionamento do gerador de CC baseia-se no princípio da indução eletromagnética, ou


seja, quando um condutor elétrico é submetido a um campo magnético, surge no condutor uma
tensão reduzida.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 106


Máquinas Elétricas

Além disso, a magnitude dessa tensão induzida é diretamente proporcional à intensidade do


fluxo magnético e à razão de sua variação.

O gerador de CC funciona segundo esses dois princípios. Assim, ao ser girado com velocidade
(n), o induzido (rotor) faz os condutores cortarem as linhas de força magnética que formam o campo
de excitação do gerador CC.

Nos condutores da armadura aparece, então, uma força eletromotriz induzida. Essa força
depende da velocidade de rotação (n) e do número de linhas magnéticas que tais condutores irão
cortar, ou do fluxo magnético (Φ) por pólo do gerador.

Representando a tensão induzida por Eo (quando o gerador está em vazio), conclui-se:

Eo = k . n . Φ

Onde:

• k é uma constante que depende das características construtivas da máquina,

• n é a velocidade de rotação,

• Φ é o fluxo magnético.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 107


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Classificação dos geradores de CC

Os geradores de CC são classificados de acordo com o tipo de ligação (excitação) para a


alimentação de suas bobinas de campo. Assim, temos:

• Geradores de CC com excitação independente - quando a corrente de alimentação vem de


uma fonte externa;

• Geradores com auto-excitação - quando a corrente de excitação vem do próprio gerador.

No gerador de CC com excitação independente, as bobinas de campo são construídas com


várias espiras de fio relativamente fino. Essas espiras são alimentadas (excitadas) por uma fonte
externa, como mostra a representação esquemática a seguir.

Quando esse gerador começa a funcionar, mesmo sem excitação, aparece uma força
eletromotriz (fem) de pequeno valor devido ao magnetismo remanente.

Durante a excitação gradativa do gerador, ocorre também um aumento gradativo do fluxo


magnético. Consequentemente, a tensão gerada eleva-se de modo gradual. Isso ocorre até que haja
a saturação magnética. Quando isso acontece, o acréscimo da corrente excitadora não aumenta
mais o fluxo magnético.

Quando o gerador é posto em carga, a tensão por ele fornecida diminui. Isto se deve a três
fatores:

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 108


Máquinas Elétricas

• Resistência do enrolamento do induzido;

• Resistência de contato nas escovas;

• Diminuição do fluxo indutor pela reação do induzido.

Nesses tipos de geradores, para que a tensão se mantenha constante, para cada aumento de
carga deve haver, manual ou automaticamente, um aumento da excitação.

Um exemplo desse tipo de gerador de CC é o dínamo do automóvel.

No gerador de CC auto-excitado, as bobinas de campo são ligadas ao induzido. Assim, o


próprio gerador se auto-alimenta.

Tipos de geradores

Conforme o tipo de ligação entre as bobinas de campo e o induzido, os geradores são


classificados como:

• Gerador de CC em série;

• Gerador de CC em paralelo;

• Gerador de CC misto.

No gerador de CC em série, as bobinas de campo são constituídas por poucas espiras de fio
relativamente grosso, ou seja, com bitola suficiente para suportar a corrente de armadura. As espiras
são ligadas e, série com o induzido como mostra a figura a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 109


Máquinas Elétricas

É preciso notar que neste gerador a corrente de carga é a própria corrente de excitação. No
trabalho em vazio a fem é gerada apenas pelo magnetismo residual das sapatas polares.

Ao acrescentar carga ao gerador, uma corrente circula pela carga e pela bobina de excitação,
fazendo com que aumente o fluxo indutor e, por conseguinte, a tensão gerada.

Ao elevar-se a tensão, a corrente aumenta e, conseqüentemente, aumenta também o fluxo


indutor. Isso se repete até que se verifique a saturação magnética, quando a tensão se estabiliza.

Observações:

• Antes da saturação magnética, a tensão pode alcançar valores perigosos.

• Para evitar que a tensão se eleve, quando se acrescenta uma carga ao circuito, coloca-se
um reostato em paralelo com a excitação.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 110


Máquinas Elétricas

No gerador de CC em paralelo, as bobinas de campo são ligadas em paralelo com o


induzido. Elas são formadas por várias espiras de fio relativamente fino, cuja bitola varia de acordo
com a potência do motor. Essa bitola deve ser suficiente para suportar a corrente do campo paralelo.

A corrente de excitação provem de uma pequena parcela da corrente do gerador e pode ser
controlada por um reostato ligado em série com o campo magnético.

Assim que o gerador entra em funcionamento, a tensão geradora em vazio é devida ao


magnetismo remanente. Essa tensão faz circular uma corrente pela bobina de excitação, o que, por

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 111


Máquinas Elétricas
sua vez, reforça o fluxo magnético e eleva a tensão gerada até o ponto de saturação do fluxo. É
neste momento que a tensão se estabiliza.

A corrente do gerador deve alimentar tanto a carga como a bobina de campo, pois ambas
estão em paralelo. Assim, a tensão gerada diminui com o aumento de carga.

A cada aumento de carga há uma diminuição na excitação e, consequentemente, uma queda


na tensão. Se ocorrer um curto, ocorre também uma elevação instantânea da corrente. Em seguida,
o gerador deixa de gerar energia, pois a tensão nos terminais será nula, não havendo, portanto,
excitação.

No gerador de CC misto, a excitação é efetuada por dois enrolamentos. Um deles é


constituído por poucas espiras de fio grosso ligadas em série com o induzido. O outro é formado por
várias espiras de fio fino ligadas em paralelo como o induzido.

Neste gerador, a tensão mantém-se constante, tanto em carga como em vazio, já que ele
reúne as características dos geradores em série e em paralelo.

A tensão gerada é controlada através de reostato em série com a bobina de campo em


paralelo e de reostato em paralelo com a bobina de campo em série.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 112


Máquinas Elétricas

Observação

A relação entre as tensões em vazio e em carga de qualquer tipo de gerador é denominada de


regulação de tensão e é dada em porcentagem pela seguinte fórmula:

Eo - Et
Regulação de tensão =
Et

Onde:

• Eo = tensão em vazio

• Et = tensão com carga total

Motor de corrente contínua - funcionamento

O funcionamento do motor de corrente continua baseia-se no principio da reação de um


condutor, colocado num campo magnético fixo, ao ser percorrido por uma corrente elétrica.

A interação entre o campo magnético fixo e o campo magnético produzido pela corrente que
circula no condutor provoca o aparecimento de uma força. É essa força que impele o condutor para
fora do campo magnético fixo. As figuras a seguir ilustram esse princípio.

De acordo com a figura, de um lado do condutor há uma diminuição das linhas magnéticas. Do
lado oposto há um acúmulo dessas linhas. Estas provocam o aparecimento da força magnética, que
é a responsável pelo movimento do condutor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 113


Máquinas Elétricas

O motor de corrente contínua funciona sob o mesmo princípio. Nele existe um campo
magnético fixo formado pela bobinas de campo. Há também condutores instalados nesse campo (no
rotor), os quais são percorridos por correntes elétricas.

A figura a seguir mostra como aparece o movimento girante em motores de CC.

Podemos observar que a corrente que circula pela espira, faz isso nos dois sentidos: por um
lado, a corrente está entrando e, por outro, saindo. Isso provoca a formação de duas forças
contrárias de igual valor (binário), das quais resulta um movimento de rotação (conjugado), uma
vez que a espira está presa à armadura e suspensa por mancal.

Essas forças não são constantes em todo giro. À medida que o condutor vai se afastando do
centro do pólo magnético, a intensidade das forças vai diminuindo.

Nos motores, para que haja força constante, as espiras colocadas nas ranhuras da armadura
devem estar defasadas entre si e interligadas ao circuito externo através do coletor e escova.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 114


Máquinas Elétricas

Quando o rotor do motor de CC começa a girar, condutores de cobre cortam as linhas


magnéticas do campo. Em conseqüência, uma força eletromotriz induzida força a circulação de
corrente no circuito da armadura, no sentido contrário à corrente de alimentação do motor.

A força eletromotriz induzida, por ser de sentido contrário à tensão aplicada, recebe o nome de
força contra-eletromotriz (fcem).

O valor da força contra-eletromotriz induzida (Eo) é dado por:

Eo = n . Φ . k

Onde:

• n é a rotação;

• Φ é o fluxo magnético;

• k é a constante da máquina.

A corrente total que circulará pela armadura (Ia) será dada por:

E - Eo
Ia =
Ra

Onde:

• E é a tensão aplicada,

• Eo é a força contra-eletromotriz,

• Ra é a resistência.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 115


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Tipos de motores

Como acontece com os geradores, os motores também são classificados segundo o tipo de
ligação de seus campos, ou seja: motor de CC em série, motor de CC em paralelo, motor de CC
misto.

No motor de CC em série, as bobinas são constituídas por espiras de fio relativamente grosso
ligadas em série com o rotor (induzido).

Por causa da ação magnética, neste motor, o conjugado é diretamente proporcional ao fluxo
indutor e à corrente que circula pelo induzido.

Estes motores possuem arranque vigoroso. A partida e a regulagem de velocidade podem ser
feitas por meio do reostato intercalado no circuito.

No arranque, o valor da corrente e, por conseqüência, o fluxo magnético são elevados. Isso
fornece um alto conjugado ao motor.

Esse tipo de motor é indicado para casos em que é necessário partir com toda a carga. Por
isso, eles são usados em guindastes, elevadores e locomotivas, por exemplo.

Como tendem a disparar (aumentar a rotação), não é recomendável que esses motores
funcionem a vazio, ou seja, sem carga.

No motor de CC em paralelo, as bobinas de campo são constituídas por muitas espiras de fio
relativamente fino e ligadas em paralelo com o induzido.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 116


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O reostato da armadura (Ra), ligado em série com o induzido, limita a corrente no momento da
partida. E o reostato de campo (Rc), ligado em série com as bobinas do campo magnético, regula a
velocidade dentro de determinado limite. Na partida, o cursor do reostato Rc deve estar no ponto
médio para possibilitar o ajuste de velocidade. A resistência do reostato Ra, por sua vez, deve estar
intercalada no circuito.

Pela ação eletromagnética, o conjugado é proporcional ao fluxo e à corrente. No momento da


partida, a corrente no induzido deve ser limitada pelo reostato, o que diminui o conjugado. Por isso,
recomenda-se que esse tipo de motor inicie seu funcionamento em vazio, ou seja, sem carga.

O motor de CC em paralelo é empregado, por exemplo, em máquinas-ferramentas.

No motor de CC misto, as bobinas de campo são constituídas por dois enrolamentos


montados na mesma sapata polar. Um desses enrolamentos é de fio relativamente grosso e se liga
em série com o induzido. O outro, de fio relativamente fino, se liga em paralelo com o induzido.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 117


Máquinas Elétricas

Este tipo de motor apresenta características comuns ao motor em série e ao motor em


paralelo.

Assim, seu arranque é vigoroso e sua velocidade estável em qualquer variação de carga. Pode
também partir com carga.

Na partida, a resistência do reostato do campo paralelo (RC) deve estar totalmente intercalada
no circuito. Isso permite que o motor se comporte como motor em série sem o perigo de disparar,
mesmo quando a carga é pequena ou nula.

Por sua vez, o reostato da armadura (Ra), ligado em série com o induzido, limita a corrente no
momento da partida. Após a partida, o cursor RC é deslocado para ajuste da velocidade.

Esses motores são empregados em prensas, estamparia, etc.

Comutação

Nos motores e geradores de corrente contínua, a ligação da armadura com o circuito externo é
feita por meio de escovas que se apoiam sobre as lâminas do coletor.

Quando se alimenta o motor ou se retira a corrente gerada pelo gerador, as escovas fecham
durante a rotação, no mínimo, duas lâminas do coletor em curto. Isso provoca um faiscamento.

Esse faiscamento acontece porque, no momento em que a escova está comutando de uma
lâmina para outra, a corrente que circula na bobina tem seu sentido invertido.

As figuras a seguir ilustram esta situação.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 118


Máquinas Elétricas

Para que o motor ou o gerador não sejam danificados, devido ao faiscamento, o curto deverá
ocorrer quando a bobina estiver passando pela zona neutra do campo magnético, já que aí não há
tensão induzida.

Por causa da reação do induzido, o ponto de comutação no motor e no gerador é móvel e varia
de acordo com a carga.

Reação do induzido

Nas máquinas de CC, quando não circula corrente no induzido, o campo magnético produzido
pelas bobinas do estator é constituído por linhas retas, e a densidade do fluxo é praticamente
uniforme.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 119


Máquinas Elétricas

Quando uma corrente é aplicada ao induzido com uma fonte externa qualquer e se interrompe
a corrente das bobinas do estator, o campo magnético produzido no induzido será constituído por
linhas concêntricas.

Quando a máquina estiver em funcionamento e com carga, ou seja, quando a máquina estiver
com corrente circulando nas bobinas do estator e nos condutores do induzido, seus campos
magnéticos interagem formando um novo campo magnético com as linhas destorcidas e sem
uniformidade.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 120


Máquinas Elétricas

Nas extremidades polares A e D, as linhas do campo magnético, criado pela corrente que
circula no induzido, têm sentido oposto ao campo produzido pela corrente que flui do estator.

O inverso acontece nas extremidades B e C, onde as linhas do campo magnético, criado pelo
induzido, têm o mesmo sentido das linhas produzidas pelo estator.

Em conseqüência, ocorre uma redução das linhas nos campos magnéticos das extremidades
A e D e uma intensificação nas extremidades B e C. Todavia, a intensificação em B e C não
compensa a redução que se verifica em A e D. Isto se deve à saturação magnética que provoca a
redução do fluxo magnético total.

Assim, para evitar o faiscamento, a reação da armadura ou induzido provoca a redução do


fluxo total, o deslocamento da linha neutra e a necessidade de deslocamento das escovas.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 121


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Identificação dos terminais das máquinas de CC

Os bornes da placa de ligação das máquinas de CC obedecem a uma nomenclatura


normalizada.

A tabela a seguir mostra as designações dos elementos da máquina com seus


correspondentes para a norma DIN (alemã) e para a norma ASA (americana).

Norma

Elemento DIN ASA

Armadura ou induzido A.B. A1 A2


Campo de derivação C.D. F1 F2
Campo em série E.F S1 S2

Veja agora um exemplo da placa de máquina de CC conectada para funcionar como motor
misto de acordo com a norma ASA.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 122


Máquinas Elétricas

COMPONENTES MECÂNICOS DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Introdução

Os sofisticados comandos eletroeletrônicos, usados nos processos industriais funcionam


combinados com sistemas mecânicos complexos.

Muitas vezes, um defeito eletroeletrônico pode ser causado por uma falha mecânica ou vice-
versa. Assim, veremos nesta unidade, alguns componentes mecânicos básicos, tais como:
transmissões mecânicas, hidráulicas e pneumáticas, e rolamentos.

Mecanismo de acoplamento e transmissão

O mecanismo de acoplamento e transmissão serve para acoplar e desacoplar eixos cujos


prolongamentos estão no mesmo plano.

O principal objetivo do mecanismo de acoplamento é a transmissão de movimento. Por isso,


ele pode também ser chamado de mecanismo de transmissão.

Os mecanismos de transmissão podem funcionar das seguintes maneiras:

1. Por atrito entre:

a) Uma correia plana e uma polia

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 123


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b) Uma correia trapezoidal e uma polia de canal de “V”

c) Rodas de fricção planas e cônicas

d) rodas de fricção cônicas equiaxiais

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 124


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Observação

Num sistema de transmissão por atrito existe um deslizamento que, nas correias trapezoidais é
menor que nas correias planas.

2. Por atrito entre:

a) Os dentes de uma roda dentada

b) Uma roda dentada e uma cremalheira

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 125


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Acoplamentos com relação de transmissão 1:1

Os acoplamentos com relação de transmissão 1:1 são os seguintes:

• Acoplamento fixo,

• Acoplamento extensível,

• Acoplamento de desengate,

• Acoplamento de desengate e engate,

• Acoplamento elástico.

Acoplamento fixo

O acoplamento fixo serve para unir duas extremidades de eixos. As superfícies de aperto
podem ser paralelas ou perpendiculares ao eixo como mostram as figuras a seguir.

Acoplamento extensível

O acoplamento extensível serve para unir eixos separados por grandes distâncias.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 126


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Acoplamento de desengate

Esse tipo de acoplamento é usado para desengatar rapidamente um eixo em movimento.

Observação

Esse acoplamento só engata em repouso.

Acoplamento de desengate e engate

Esse tipo de acoplamento é usado para engatar e desengatar um eixo em movimento.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 127


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Acoplamento elástico

O acoplamento elástico é usado em eixos equiaxiais e é capaz de absorver choques e


vibrações.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 128


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Transmissão hidráulica

A transmissão hidráulica tem seu funcionamento baseado na propagação da pressão de um


líquido. Essa pressão se transmite em todas as direções com a mesma intensidade.

A utilização da pressão exercida por líquidos permite principalmente:

• Produzir força considerável,

• Obter um movimento alternativo muito flexível.

O sistema hidráulico transmite força instantaneamente devido ao baixo fator de compressão


dos líquidos.

Transmissão pneumática

O funcionamento dos mecanismos pneumáticos se baseia na propagação da pressão de um


gás (o ar). Essa pressão se transmite em todas as direções com a mesma intensidade.

O ar pressionado através de pistões produz força e movimento alternativos da mesma forma


como nos circuitos hidráulicos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 129


Máquinas Elétricas

A desvantagem do mecanismo pneumático é sua incapacidade de manter uniformes e


constantes as velocidades dos pistões, devido à compressibilidade a que os gases estão sujeitos.
Por isso, existe um pequeno retardo na transmissão do movimento.

A grande vantagem dos sistemas hidráulicos e pneumáticos é o fácil controle da força


exercida.

Rolamentos

Rolamentos são componentes mecânicos criados para diminuir o atrito nos eixos rotativos que
transmitem movimento.

Os rolamentos se dividem em duas categorias conforme a finalidade a que se destinam:


radiais e axiais ou de encosto.

Os rolamentos radiais que podem ser de esferas ou de roletes servem para suportar eixos
rotativos, solicitados exclusivamente para forças radiais, como por exemplo, a força exercida por uma
polia em uma máquina girante.

Os rolamentos axiais ou de encosto servem para suportar solicitações axiais a que os eixos
rotativos estão sujeitos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 130


Máquinas Elétricas

Observação

Se um eixo for solicitado axialmente e radialmente, ele deverá ser provido dos dois tipos de
rolamentos.

Manutenção dos rolamentos

Como os rolamentos são usados em máquinas girantes, é importante conhecê-los para realizar
montagens, desmontagens, verificações e lubrificações de maneira correta para aumentar sua vida
útil.

Rotinas de verificações em operação

Os rolamentos montados em máquinas, cuja paralisação ocasionará sérios prejuízos à


produção, devem ser verificados regularmente.

Os rolamentos em aplicações menos críticas ou que operam sob condições de menor


solicitação, podem ficar sem atenção especial, a não ser a de verificar se estão bem lubrificados.

As rotinas de verificação incluem as seguintes etapas: ouvir, sentir, observar e lubrificar.

Ouvir

Como mostra a figura abaixo, coloque uma chave de fenda ou um objeto similar contra o
alojamento, o mais próximo possível do rolamento.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 131


Máquinas Elétricas

Ponha o ouvido na outra extremidade e ouça. Se tudo estiver bem, um ruído suave deverá ser
ouvido. Um ruído uniforme, porém metálico, indica falta de lubrificação. O som de um rolamento
danificado é irregular.

Sentir

Verifique a temperatura usando um termômetro, giz sensível ao calor, ou simplesmente,


colocando a mão no alojamento do rolamento.

Se a temperatura parecer mais alta que o normal, ou com variações bruscas, isto é indicação
de que existe algo errado.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 132


Máquinas Elétricas

O aquecimento pode ser causado por sujeira, falta de lubrificação, excesso de lubrificação,
sobrecarga, folga interna muito pequena, ou porque o rolamento está “preso” axialmente por causa
da excessiva pressão dos retentores.

Deve ser lembrado que, imediatamente após a lubrificação, existirá um aumento natural de
temperatura que pode durar um ou dois dias.

Observar

Assegure-se de que o lubrificante não escape através de vedadores defeituosos ou bujões


insuficientemente apertados. Verifique as condições dos vedadores, assegurando-se de que não
permitam que líquidos quentes ou corrosivos penetrem no conjunto.

Quando existe um sistema de lubrificação automática, este deverá ter seu funcionamento
verificado periodicamente.

Lubrificar

A relubrificação deve obedecer às instruções do fabricante do equipamento.

Para a lubrificação com graxa, limpe a engraxadeira para injetar graxa nova.

Quando a caixa do rolamento não possuir engraxadeira, a relubrificação deve ser feita na
parada programada da máquina. As tampas deverão ser removidas para retirar toda a graxa usada
antes de colocar a graxa nova.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 133


Máquinas Elétricas

Mesmo que as caixas possuam engraxadeiras, a graxa usada deve ser removida e substituído
por nova, sempre que as caixas forem abertas e seus componentes lavados.

Quando a lubrificação é feita com óleo, verifique o nível e complete-o, se necessário.

Certifique-se de que o respiro do indicador de nível está desobstruído.

Quando se efetua a troca, o óleo usado deve ser drenado completamente e o conjunto lavado
com óleo limpo, de preferência o mesmo que será usada na reposição.

Na lubrificação em banho de óleo, geralmente é suficiente efetuar a troca uma vez ao ano,
desde que a temperatura de trabalho não ultrapasse 50ºC e não haja contaminação. Quando a
temperatura for maior que 50ºC, o óleo deverá ser trocado com maior freqüência, segundo as
seguintes indicações:

• Acima de 100° C - quatro vezes por ano;

• Acima de 120° C - uma vez por mês;

• Acima de 130° C - uma vez por semana.

Rotinas de verificação de máquinas paradas

Os rolamentos das máquinas girantes devem ser inspecionados e limpos a intervalos regulares
de tempo.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 134


Máquinas Elétricas

Esse tipo de inspeção deve ser feito preferivelmente durante as paradas programadas da
máquina ou quando ela for desmontada por alguma razão, tanto para inspeção quanto para reparos.

A inspeção deve ser feita numa área de trabalho limpa. Para iniciar a desmontagem da
máquina, limpe sua superfície externa.

Durante a desmontagem, anote a seqüência de remoção dos componentes e suas posições


relativas.

Verifique o lubrificante. As impurezas são identificadas esfregando o lubrificante entre os dedos


ou espalhando uma fina camada nas costas da mão para a inspeção visual.

Lave o rolamento exposto onde é possível fazer inspeção sem desmontagem. Use um pincel
molhado em aguarrás ou querosene.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 135


Máquinas Elétricas

Seque o rolamento com um pano limpo e sem fiapos ou com ar comprimido e verifique se
algum componente do rolamento entrou em rotação.

Nunca lave rolamentos blindados (com duas placas de proteção ou vedação).

Um pequeno espelho com haste, semelhante aos usados por dentistas, pode ser útil na
inspeção das pistas, gaiola e corpos rolantes do rolamento.

Desmontagem dos rolamentos

Um rolamento em boas condições nunca deve ser desmontado a não ser que seja
absolutamente necessário.

Caso o rolamento deva ser desmontado, é aconselhável marcar a posição relativa de


montagem, ou seja, qual a seção do rolamento que está por cima, qual o lado que está para frente,
etc. O rolamento deverá ser montado na mesma posição.

Inicie a desmontagem pela seleção correta das ferramentas a serem usadas.

Se o rolamento é desmontado com interferência no eixo, deve-se usar um extrator cujas garras
devem ser apoiadas diretamente na face do anel interno.

Quando não é possível alcançar a face do anel interno, o extrator poderá ser aplicada na face
do anel externo. Entretanto, é muito importante que o anel externo seja girado durante a
desmontagem, de modo a distribuir os esforços pelas pistas e evitando que elas sejam marcadas
pelos corpos rolantes.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 136


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Nesse caso, o parafuso deve ser travado ou preso com uma chave e as garras deverão ser
giradas com as mãos ou com uma alavanca .

Inspeção de rolamentos desmontados

Quando o rolamento é desmontado, deve ser inspecionado após a limpeza e secagem.

Gire o anel externo e verifique se o ruído do rolamento é normal.

As pistas e corpos rolantes devem ser inspecionados para verificar se existem sinais de danos.
Um rolamento está em boas condições quando não possui marcas ou outros defeitos nas pistas,
anéis, corpos rolantes ou gaiolas e gira uniformemente sem ter folga interna radial anormalmente
grande.

Um rolamento nessas condições pode ser montado novamente sem risco algum.

Montagem dos rolamentos

Os rolamentos pequenos podem ser montados com ajuda de uma “caneca” ou um pedaço de
tubo.

O tubo deve estar bem limpo e ter extremidades planas, paralelas e sem rebarbas.

Coloque a ferramenta contra o anel interno. Com um martelo comum, aplique golpes sempre
bem distribuídos ao redor da extremidade do tubo. Tome cuidado para que o rolamento não entre
enviesado no eixo.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 137


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Observação

Os martelos de chumbo ou outro metal macio não são indicados porque podem soltar
fragmentos que penetram no rolamento.

Nunca aplique golpes diretos nos rolamentos, pois isso poderá trincar os anéis e danificar as
gaiolas além do perigo de partículas metálicas se destacarem e causarem avarias quando o
rolamento for colocado em operação.

Não aplique força contra o anel quando o rolamento for montado no eixo. Isso danifica as
pistas e os corpos rolantes e reduz consideravelmente a vida útil do rolamento.

Quando se dispõe de uma prensa mecânica ou hidráulica, esta poderá ser usada na
montagem de rolamentos pequenos e médios.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 138


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Observação

Use uma “caneca” ou um pedaço de tubo entre a prensa e o anel interno.

Os rolamentos grandes são montados com maior facilidade se forem primeiramente aquecidos
a uma temperatura de 80 a 90ºC acima da temperatura ambiente. Contudo, esses mesmos
rolamentos nunca deverão atingir uma temperatura acima de 120ºC.

Um método adequado para aquecê-los é por meio de banho de óleo.

O óleo deve ser limpo e ter um ponto de fulgor superior a 250ºC. O recipiente deve estar limpo
e conter óleo suficiente para cobrir completamente o rolamento. Este não deve estar em contato
direto com a base do recipiente, devendo ser colocado sobre uma plataforma ou calço adequado
para evitar aquecimento direto.

O banho deve ser aquecido numa chapa elétrica, bico de gás ou equipamento semelhante.

Observação

Um rolamento nunca deverá ser aquecido sobre chama direta.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 139


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MEDIDORES DE ROTAÇÃO

Na unidade anterior, vimos que existem dois equipamentos para medir a rotação (rpm) das
máquinas elétricas: o gerador taquimétrico e o gerador Hall.

Nesta unidade, estudaremos esses dois equipamentos, suas características e utilização.

Gerador taquimétrico

O gerador taquimétrico (ou dínamo taquimétrico) é aplicado ao servocontrole de máquinas


operatrizes.

Ele é acoplado ao eixo da máquina e gera uma tensão quando o eixo gira. Essa tensão
realimenta o circuito dando, em forma de tensão, uma informação da velocidade da máquina.

Geralmente, essa tensão é da ordem de 60V para cada 1000rpm. Porem, pode haver outros
valores de relação, como por exemplo, 20V/1000rpm; 100V/1000rpm.

O gerador taquimétrico é um gerador de CC. Quando invertemos seu sentido de rotação, a


polaridade da tensão se inverte. Veja representação esquemática a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 140


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Gerador Hall

Para que haja continuidade no movimento de rotação de um motor com comutação eletrônica,
há necessidade de um sensor para indicar a posição do rotor.

Esse sensor é o gerador Hall que consiste de uma placa de material semicondutor, geralmente
uma liga de índio e antimônio, percorrida longitudinalmente por uma corrente (I1) sob um campo
magnético B.

Funcionamento

Uma diferença de potencial surge entre os pontos x e y e que é chamada de efeito Hall. Essa
tensão é dada por:

RH
VH = . B. I1
d

Onde:

• VH é a tensão Hall;
• d é a espessura do condutor;
• B é a intensidade do campo magnético;
• I1 é a corrente no condutor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 141


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A sensibilidade do gerador Hall é constante em toda a faixa de 0 até 1t.

O gerador Hall fornece uma tensão polarizada em função do campo e da corrente, por isso,
formatos diferentes fornecem rendimentos diferentes, ou seja:

• Forma retangular: alta tensão Hall de saída;

• Forma borboleta: alta sensibilidade de fluxo

• Forma de cruz: alta sensibilidade de indução

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 142


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Aplicações

O gerador Hall tem várias aplicações a saber:

• Em sistemas de ignição de automóveis nos quais evita contatos mecânicos que implicam no
desgaste das peças e permite ajuste contínuo do sistema;

• Na medição de fluxo disperso de transformadores em circuitos onde existem mecanismos


sensíveis a campos magnéticos estranhos;

• Na verificação de transmissão de sinais, captando um sinal emitido em outro ponto do


circuito, evitando os contatos elétricos.

FREIO DE PRONY

O freio de Prony é um dispositivo que deve ser adaptado ao eixo de um motor com a finalidade
de carregar o motor mecanicamente. Observe o freio de Prony na figura abaixo.

Vamos analisar a figura. O valor da força F é lido diretamente no dinamômetro, em N. A


distância r chama-se braço da alavanca e é medida em m.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 143


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Com os valores de F, r e da rotação do motor, podemos calcular o conjugado do binário do


eixo e a potência do motor.

Observe, também, que há um voltímetro e um amperímetro no circuito de ligação do motor. A


leitura desses instrumentos é importante porque a experiência deve ser feita com tensões e correntes
normais.

O motor é ligado à rede elétrica, gira a plena rotação e em sentido horário.

A embreagem é de madeira e tem o formato de sapata. Ela freia o motor através de um polia
montada na ponta do eixo.

O esforço do eixo do motor é transmitido através do braço de alavanca e provoca a indicação


de uma força F no dinamômetro.

Observe, na extremidade esquerda da alavanca, dois parafusos. Eles servem para controlar a
pressão da sapata sobre o eixo. Isto permite carregar mecanicamente o motor.

Observação

Há vários tipos de freios Prony. As maneiras de se aplicar a frenagem também variam.


Portanto, você pode encontrar diferentes tipos de freios de Prony, mas o princípio de funcionamento
de todos eles é o mesmo.

Desenvolvimento teórico

Para efetuarmos os cálculos necessários, precisamos conhecer vários conceitos teóricos e


fórmulas, que serão vistas a seguir.

Conjugado de um binário

Este conceito você já estudou, mas vamos repeti-lo.

Observe a figura e a fórmula correspondente:

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 144


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Conjugado = força . distância

ou, abreviadamente,

C=F.d

A distância d chama-se braço.

A unidade de medida do conjugado é N . m ou Kgf . m.

Momento de uma força em relação a um ponto

É o produto do valor da força pela distância entre um ponto e a direção da força. Observe a
figura.

A fórmula do momento de uma força é:

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 145


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momento = força . distância

ou, abreviadamente,

M=F.d

A distância d chama-se braço.

A unidade de medida do momento de força é N.m ou Kgf.m.

Trabalho de uma força

A fórmula de trabalho é:

trabalho = força . deslocamento

ou, abreviadamente,

T=F.d

A unidade de medida de trabalho é também N . m ou Kgf . m. Entretanto, no segundo caso,


recebe o nome especial de quilogrâmetro. O símbolo do quilogrâmetro é o kgm (1 Kgf = 9,8 N).

Potência

A fórmula de potência é:

trabalho
potência =
tempo

A forma abreviada da fórmula de potência é:

T
P =
t

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 146


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A unidade de medida de potência é:

qui log râmetro


segundo

kgm
O símbolo utilizado é
s

Transformação de unidades

A potência dos motores elétricos é dada nas unidades de medida cavalo-vapor ou cavalo-
força. O símbolo de cavalo-vapor é CV e o de cavalo-força é HP.

Um CV é a potência necessária para elevar um peso de 75kg à altura de 1m num intervalo de


kgm
tempo de 1s. De acordo com esta definição, 1cv = 75 .
s

Um HP é a potência necessária para elevar um peso de 75,6kg à altura de 1m num intervalo


kgm
de tempo de 1s. De acordo com esta definição, 1HP = 75,6 .
s

Para transformar unidades de tempo, usaremos a relação 1min = 60s

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 147


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Cálculo da potência no eixo do motor

Observe na figura abaixo um exemplo de um motor levantando um peso.

O valor da força lida no dinamômetro é indicado pela letra F. O valor do raio da polia é indicado
pela letra r. Observe, a seguir, a dedução de uma fórmula para o cálculo da potência.

Fórmula da potência Fórmula do trabalho


T
P = T=F.d
t

Substituindo a fórmula do trabalho na fórmula da potência obtemos:

F.d
P =
t

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 148


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O movimento é circular e o deslocamento é igual ao comprimento da circunferência. Portanto,


temos:

• Deslocamento em uma volta: 2 . π . r;

• Deslocamento em um número n de voltas: 2 . π . r . n.

Vamos agora substituir o deslocamento d pela expressão 2 . π . r . n.

Veja:

F.d
p =
t

d=2.π.r.n

F.2.π.r.n
Portanto, p = .
t

Vamos agora examinar as unidades de medida na fórmula. No numerador temos n, que é o


número de rotações. No denominador, o tempo t está em segundos. Mas o tacômetro adaptado ao
motor fornece a velocidade angular em rpm.

n
Isto significa que, na fórmula anterior, a razão deve ser transformada para podermos fazer a
t
substituição. Acompanhe as passagens abaixo.

número de rotações n n n
rpm = = = =
tempo em min t 1min 60 s

Portanto, a fórmula ficará dividida por 60s.

F.2.π.r.n
p =
60 s

Observe agora os outros elementos da fórmula.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 149


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A força F, no numerador, é medida em N. O raio r, no numerador, é medida em m. O tempo, no


denominador, está em s. Portanto, temos:

N.m kgm
=
s s

kgm
Mas como já vimos, 1CV = 75 .
s

1kgm 1CV
Logo, =
s 75

Concluímos que a fórmula deve ser dividida por 75. A potência vai ser calculada em cavalos-
vapor.

Para a potência calculada um cv vamos utilizar o símbolo Pcv.

F.2.π.r .n
Pcv =
75 . 60

No numerador temos uma multiplicação de vários fatores. A ordem dos fatores não altera o
produto. Por isso, vamos reescrever a fórmula acima na forma mais usual:

2.π.r.n.F
Pcv =
75 . 60

Se quisermos calcular a potência em HP, aplicamos o mesmo raciocínio, lembrando apenas


kgm
que 1HP = 75,6 .
s

Observe como ficará a fórmula:

2.π.r .n.F
PHP =
75,6 . 60

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 150


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Cálculo do conjugado do binário do eixo

O princípio fundamental do freio de Prony é que o momento da força indicada no dinamômetro


em relação ao eixo é igual ao conjugado do binário do eixo. Portanto, o conjugado do binário do eixo
é calculado pela fórmula abaixo.

C=F.r

Na fórmula acima, a unidade de medida de F é N e a de r é m. Portanto, a unidade de medida


do conjugado do binário do eixo é N . m.

Vamos agora resolver um exemplo de aplicação das fórmulas da potência e do conjugado.

Exemplo:

Observe na figura a seguir um modelo de freio de Prony. A força F indicada no dinamômetro


vale 2N. A medida do raio r é 0,2m. A velocidade angular do motor é de 1.770rpm.

Vamos calcular a potência em cv.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 151


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A fórmula é:

2.π.r .n.F
Pcv =
75 . 60

Substituindo os valores temos:

2 . 3,14 . 0,2 . 1770 . 2


Pcv =
75 . 60

Efetuando as multiplicações no numerador e no denominador temos:

4 446,2
Pcv =
4 500

Efetuando a divisão obtemos:

Pcv = 0,998 ou Pcv ≅ 1cv

Agora vamos calcular o conjugado do binário do eixo. A fórmula é:

C=F.r

Substituindo os valores, temos:

C = 0,2 . 2

Portanto C = 0,4 N . m

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 152


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PARTE II: PRÁTICA

A) Informações Tecnológicas

Identificação dos Terminais de Transformadores

Muitas vezes ao ter que realizar testes ou trabalhos de manutenção em transformadores, o


profissional se encontra diante de máquinas que não apresentam numeração nos bornes ou
identificação nas bobinas.

Esta unidade apresenta os procedimentos para a identificação tanto dos bornes quanto das
bobinas do transformador. Para tornar mais fácil essa tarefa, é necessário possuir conhecimentos
anteriores sobre ligação estrelas e triângulo e continuidade de enrolamento.

Numeração de bornes e identificação de bobinas

Você já aprendeu que o transformador é a máquina que permite rebaixar ou elevar os valores
de tensão ou corrente CA de um circuito. Seu princípio de funcionamento baseia-se no fato de que
uma tensão é induzida no secundário quando este é cortado pelo fluxo magnético variável gerado no
primário.

As bobinas do primário e do secundário são montadas sobre um núcleo de ferro silicioso


laminado. O núcleo permite um melhor acoplamento magnético com pequenas perdas por
aquecimento.

Os bornes de um transformador geralmente localizam-se sobre a tampa da máquina. Os


bornes de maior tensão estão colocados de um lado e os de menor tensão de outro.

Os terminais dos diversos enrolamentos devem ser marcados com as letras H, X, Y e Z.

A letra H é reservada ao enrolamento de maior tensão. A seqüência das demais letras é


baseada na ordem decrescente das tensões nominais dos enrolamentos.

As letras devem ser acompanhadas pelos números 0, 1, 2, 3... etc. para indicar o primeiro
terminal neutro e os terminais restantes do circuito. Veja exemplo a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 153


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Y/Y
estrela-estrela

A norma relativa à seqüência das letras que identificam os bornes exige que os de maior
tensão sejam marcados da esquerda para a direita de quem olha o transformador do lado dos bornes
de menor tensão. Veja diagrama a seguir.

A marcação dos bornes de menor tensão é feita obedecendo à relação de fase existente entre
as altas e as baixas tensões.

A defasagem depende das conexões internas do transformador. Nos transformadores


monofásicos, esta defasagem é nula ou de 180º. Nos transformadores trifásicos, essa defasagem é
nula ou múltipla de 30º.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 154


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Polaridade

As bobinas em um transformador podem ser enroladas com o primário e o secundário no


mesmo sentido ou em sentido contrário. Com isso, a tensão de saída no secundário pode apresentar
a mesma polaridade da tensão de entrada ou polaridade inversa.

Esse detalhe é muito importante quando se deve identificar os fios (ou “taps”) do transformador
trifásico.

Na prática, a polaridade de um transformador é definida pelas palavras subtrativa e aditiva.

Para identificar o tipo de polaridade, conecta-se o terminal de maior tensão ao terminal de


menor tensão adjacente como mostra o diagrama a seguir.

U + > U → aditiva

U + < U → subtrativa

Então, aplica-se tensão em um dos circuitos. Por exemplo, a tensão U no circuito de maior
tensão. Se a tensão total (Ut) existente entre os outros terminais (H2 e X2) dos circuitos for maior que
U, diz-se que a polaridade é aditiva. Se UT for menor que U, a polaridade é subtrativa.

Nos transformadores com polaridade aditiva, a placa deve estar com os terminais dispostos
conforme mostra a figura a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 155


Máquinas Elétricas

Nos transformadores com polaridade subtrativa, a placa deve apresentar os terminais


dispostos conforme o seguinte diagrama.

Núcleo e Fios Magnéticos

Nesta unidade serão estudadas as características de algumas partes que constituem o


transformador: o núcleo e os fios magnéticos utilizados nas bobinas.

Essas informações baseiam-se principalmente em normas técnicas e são importantes para a


reparação e dimensionamento de transformadores.

Núcleo

Como já sabemos, o transformador é constituído basicamente pelo núcleo e pelas bobinas


(primária e secundária).

O núcleo constitui o circuito do transformador. É uma peça metálica construída com chapas de
ferro-silício isoladas entre si e sobre a qual são montadas as bobinas.

As especificações dos núcleos dependem do tipo de transformador utilizado. As chapas de


ferro-silício usadas nos núcleos de pequenos transformadores monofásicos apresentam as seguintes
características:

• Espessura de no 24 a no 26 BS;

• Teor de silício entre 1,5% e 4,6%;

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 156


Máquinas Elétricas

• Máxima permeabilidade admissível de 5600 a 10000G.

Os formatos mais comuns das chapas de núcleo de pequenos transformadores encontrados


no comércio são mostrados ao lado.

Dos formatos apresentados, somente o tipo EI tem medidas padronizadas.

Veja na ilustração a seguir, as medidas da chapa EI e a tabela com suas dimensões


padronizadas.

Dimensões de chapas EI

Dimensões (cm) Potência


o
N a b c d e VA
2 2,3 1,3 1,3 3,8 7,5 50
3 3,0 1,5 1,5 4,5 9,0 100
4 3,5 1,8 1,8 5,3 10,7 150
5 4,0 2,0 2,0 6,0 12,0 250
6 4,8 2,5 2,5 7,5 14,8 500
7 6,0 3,0 3,0 9,0 18,0 1000

O núcleo dos transformadores trifásicos se assemelha ao dos monofásicos quanto ao material


usado em sua fabricação.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 157


Máquinas Elétricas

Quanto ao formato, este pode ser de dois tipos:

• Convencional plano;

• Spirakore.

O núcleo convencional plano pode ser formado por chapas no formato EI e no formato I.

Esses núcleos dispõem de três colunas unidas por duas armaduras. Na junção das armaduras
com as colunas, as chapas são entrelaçadas e fixadas por meio de cantoneiras, parafusos e porcas.

O núcleo spirakore possui armaduras em forma de coroa obtida pelo enrolamento de uma fita
de chapa de ferro.

Nesse tipo de núcleo, as chapas das armaduras também se entrelaçam com as das colunas
para serem fixadas por meio de ferragem especial.

Essa disposição cria dificuldades na desmontagem para a preparação do enrolamento porque


cada pedaço de chapa das armaduras só admite uma posição na mesma seqüência de montagem
original.

Os transformadores trifásicos têm as colunas com seção escalonada a fim de permitir o


emprego de bobinas circulares.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 158


Máquinas Elétricas

Essas bobinas resistem melhor a esforços mecânicos durante o funcionamento. Os formatos


mais usados são de dois ou três degraus.

Num transformador trifásico, cada coluna é responsável por 1/3 da potência do transformador.
Assim, para um transformador trifásico de 1500VA, a área de cada coluna deve ter a capacidade de
500VA.

Fios magnéticos

Fios magnéticos são condutores elétricos usados em bobinados. Geralmente são fabricados
com cobre ou alumínio e revestidos com materiais isolantes como esmalte, seda ou algodão.

Os materiais empregados no revestimento dos fios magnéticos dependem da classe de


isolamento exigida pelo trabalho a que se destinam.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 159


Máquinas Elétricas

Há três tipos de isolamento empregados em máquinas e aparelhos elétricos:

• Isolamentos do tipo A (papel, tela oleada, algodão, seda, fibras isolantes e vernizes
comuns) que suportam, quando em serviço, temperaturas de até 105ºC;

• Isolamentos do tipo B (mica, vidro e compostos desses materiais e o ambiente) que


suportam temperaturas de até 130ºC;

• Isolamentos do tipo HT-S que permitem temperaturas de até 175ºC e são usados em
máquinas que devem funcionar em ambientes e situações especiais, como por exemplo,
motores que trabalham dentro de estufas.

Os fios magnéticos podem ser especificados pelo seu diâmetro, por sua seção transversal ou
pelo número da bitola AWG.

A tabela a seguir relaciona o diâmetro e a seção com a bitola AWG e fornece as características
de resistência e correntes admissíveis para várias densidades de corrente.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 160


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Tabela de bitola AWG

Bitola Resistência Correntes admissíveis para as densidades


Diâmetro Seção
do fio em Ω/Km
o em mm em mm2 1A/mm2 2A/mm2 3Amm2 4A/mm2 5A/mm2
AWG n a 20ºC
8 3,21 8,37 2,07 8,37 16,74 25,11 33,48 41,85
9 2,91 6,63 2,59 6,63 13,26 19,89 26,52 33,15
10 2,59 5,26 3,27 5,26 10,52 16,78 21,04 26,30

11 2,30 4,17 4,15 4,17 8,34 12,51 16,08 20,85


12 2,05 3,31 5,22 3,31 6,62 9,93 13,24 16,55
13 1,83 2,62 6,56 2,62 5,24 7,86 10,48 13,10

14 1,63 2,08 8,26 2,08 4,16 6,24 8,32 10,40


15 1,45 1,65 10,40 1,65 3,30 4,95 6,60 8,25
16 1,29 1,31 13,20 1,31 2,62 3,93 5,24 6,55

17 1,15 1,04 16,60 1,04 2,08 3,12 4,16 5,20


18 1,02 0,82 21,10 0,82 1,64 2,46 3,28 4,10
19 0,91 0,653 26,50 0,653 1,306 1,959 2,612 3,265

20 0,81 0,518 33,50 0,518 1,036 1,554 2,072 2,590


21 0,72 0,410 42,30 0,410 0,820 1,230 1,640 2,050
22 0,64 0,326 53,60 0,326 0,652 0,978 1,250 1,630

23 0,57 0,2552 57,60 0,2552 0,5104 0,7656 1,0208 1,2760


24 0,51 0,2043 84,40 0,2043 0,4086 0,6129 0,8172 1,0215
25 0,45 0,1590 108,40 0,1509 0,3180 0,4770 0,6360 0,7950

26 0,40 0,1256 137,0 0,1256 0,2512 0,3768 0,5024 0,6280


27 0,36 0,1018 169,0 0,1018 0,2036 0,3054 0,4072 0,5090
28 0,32 0,0804 214,0 0,0804 0,1608 0,2412 0,3216 0,4020

29 0,29 0,0660 261,0 0,0660 0,1320 0,1980 0,2640 0,3300


30 0,25 0,0491 351,0 0,0491 0,0982 0,1473 0,1964 0,2455
31 0,23 0,0415 415,0 0,0415 0,0830 0,1245 0,1660 0,2075

32 0,20 0,0314 549,0 0,0314 0,0628 0,0942 0,1256 0,1570


33 0,18 0,0254 679,0 0,0254 0,0508 0,0762 0,1016 0,1270
34 0,16 0,0201 858,0 0,0201 0,0402 0,0603 0,0804 0,1005

35 0,14 0,0154 1119,0 0,0154 0,0308 0,0462 0,0616 0,0770


36 0,13 0,0132 1306,0 0,0132 0,0261 0,0396 0,0528 0,0660
37 0,11 0,0095 1815,0 0,0095 0,0190 0,0285 0,0380 0,0475

38 0,10 0,0078 2210,0 0,0078 0,0156 0,0234 0,0312 0,0390


39 0,09 0,0063 2737,0 0,0063 0,0126 0,0189 0,0252 0,0315
40 0,08 0,0050 3448,0 0,0050 0,0150 0,0150 0,0200 0,0250

As tabelas seguintes indicam o número de espiras por centímetro quadrado e o número de


espiras por centímetro para uma camada.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 161


Máquinas Elétricas

Número de espiras por centímetro quadrado (várias camadas) para fios magnéticos isolados
com diferentes materiais.

Bitola Espiras por cm3


do fio
FME FMS-2 FMES-1 FME-1 FM-2
AWG no
8 - - - - 7,84
9 - - - - 9,00
10 13,7 - - - 11,6

11 17,6 - - - 14,4
12 22,0 - - - 18,5
13 28,0 - - - 21,2

14 34,8 - 31,4 29,2 26,0


15 43,6 - 39,7 36,0 34,8
16 56,3 - 50,4 43,6 43,6

17 68,9 - 59,3 54,8 51,8


18 86,5 81,0 75,7 64,0 64,0
19 108,0 100,0 90,3 81,0 74,0

20 134,0 121,0 121,0 100,0 92,2


21 169,0 156,0 156,0 121,0 100,0
22 225,0 196,0 169,0 144,0 121,0

23 256,0 225,0 225,0 169,0 144,0


24 324,0 289,0 256,0 225,0 169,0
25 400,0 361,0 324,0 256,0 225,0

26 484,0 441,0 400,0 324,0 256,0


27 625,0 529,0 484,0 361,0 324,0
28 784,0 625,0 625,0 441,0 361,0

29 961,0 784,0 729,0 529,0 400,0


30 1370,0 900,0 900,0 625,0 484,0
31 1600,0 1090,0 1020,0 729,0 529,0

32 2030,0 1370,0 1230,0 841,0 625,0


33 2500,0 1600,0 1440,0 961,0 676,0
34 3030,0 1850,0 1680,0 1090,0 729,0

35 3970,0 2210,0 2210,0 1230,0 841,0


36 4360,0 2500,0 2500,0 1370,0 900,0
37 - 3030,0 - - 1020,0

38 - 3480,0 - - 1090,0
39 - 3840,0 - - 1160,0
40 - 4360,0 - - 1230,0

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Máquinas Elétricas

Legenda:

• FME: fio magnético esmaltado

• FMS-2: fio magnético com duas capas de seda

• FMES-1: fio magnético esmaltado com uma capa de seda

• FME-1: fio magnético esmaltado com uma capa de algodão

• FM-2: fio magnético com duas capas de algodão

Observação

Convém conferir sempre os diâmetros dos condutores com o micrômetro.

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Máquinas Elétricas

Número de espiras por centímetro quadrado (uma camada) para fios magnéticos isolados com
diferentes materiais.

Bitola Espiras por cm2


do fio
FME FMS-2 FMES-1 FME-1 FM-2
AWG no
8 - - - - 2,8
9 - - - - 3,0
10 3,7 - - - 3,4

11 4,2 - - - 3,8
12 4,7 - - - 4,3
13 5,3 - - - 4,6

14 5,9 - 5,6 5,4 5,1


15 6,6 - 6,3 6,0 5,9
16 7,5 - 7,1 6,6 6,6

17 8,3 - 7,7 7,4 7,2


18 9,3 9,0 8,7 8,0 8,0
19 10,4 10,0 9,5 9,0 8,6

20 11,6 11,0 11,0 10,0 9,6


21 13,0 12,5 12,5 11,0 10,0
22 15,0 14,0 13,0 12,0 11,0

23 16,0 15,0 15,0 13,0 12,0


24 18,0 17,0 16,0 15,0 13,0
25 20,0 19,0 18,0 16,0 15,0

26 22,0 21,0 20,0 18,0 16,0


27 25,0 23,0 22,0 19,0 18,0
28 28,0 25,0 25,0 21,0 19,0

29 31,0 28,0 27,0 23,0 20,0


30 37,0 30,0 30,0 25,0 22,0
31 40,0 33,0 32,0 27,0 23,0

32 45,0 37,0 35,0 29,0 25,0


33 50,0 40,0 38,0 31,0 26,0
34 55,0 43,0 41,0 33,0 27,0

35 63,0 47,0 47,0 35,0 29,0


36 66,0 50,0 50,0 37,0 30,0
37 - 55,0 - - 32,0

38 - 59,0 - - 33,0
39 - 62,0 - - 34,0
40 - 66,0 - - 35,0

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Máquinas Elétricas

Observação

Convém conferir sempre os diâmetros dos condutores com o micrômetro.

Observações

• Na reparação de bobinados, deve-se usar fios de diâmetros e isolamentos iguais aos


originais.

• Os fios magnéticos esmaltados são sempre fornecidos em carretéis de madeira ou plástico.


Os fios com encapamento de algodão às vezes são fornecidos em rolos.

• Os fios em rolos devem ser desenrolados com o auxílio de um sarilho dimensionado de


modo que o rolo fique apertado pela parte cônica do sarilho.

• Uma diminuição de três números na bitola do condutor AWG (por exemplo, de 10 para 7)
dobra a seção e o peso e, por conseguinte, reduz a resistência pela metade.

• Uma diminuição de seis números (por exemplo, de 16 para 10), dobra o diâmetro.

• Uma diminuição de dez números multiplica a seção e o peso por dez e divide a resistência
por dez.

Isolantes

A tabela a seguir mostra os vários tipos de resinas sintéticas utilizadas na isolação dos fios
magnéticos.

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Máquinas Elétricas

Comparação entre os diversos tipos de esmalte.

Designação Classe
Tipo de esmalte Propriedades Especiais
PIRELLI-ISOFIL Térmica ºC
Poliviniformal Pireform 105 Grande resistência à
abrasão, a agentes químicos
e a óleos minerais.
Resistente ao fluido
refligerante 22, baixa
porcentagem de extração,
resistente a agentes
químicos.
Polivinilformal ou Pirofix 105 Auto-colante, com grande
poliuretana com resistência à abrasão.
camada termoplástica
de cimentação
Epoxi Pirenor 130 Resistente à umidade, ao
óleo de transformador e
espessura de isolamento
especial (compreendida entre
a simples e a reforçada da
NEMA-MW-1000).
Epoxi Pirequent 130 Resistente à umidade, a
óleos de transformador e à
temperatura.
Tereftálico Imídico Pireterm 155 Resistente a agentes
químicos e à temperatura.
Poliester imídico Reterm 180 Resistente a temperatura e
agentes químicos. Excelente
termoplasticidade.

Impregnação

Quase todos os materiais isolantes usados nos enrolamentos são produzidos com fibras de
natureza higroscópica, ou seja, fibras que têm a capacidade de absorver a umidade do ar.

Por isso, em condições normais, cerca de 10% do volume de isolantes como algodão e seda
são constituídos por água. Essa umidade faz baixar a resistência de isolamento desses materiais e
permite fugas de corrente o que acarreta a rápida danificação do enrolamento.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 166


Máquinas Elétricas

Assim, após a bobinagem de uma máquina elétrica, deve-se eliminar toda a umidade contida
em seus enrolamentos e, em seguida, protegê-lo para impedir a penetração de elementos que
possam danificá-lo.

Nesta unidade, estudaremos a maneira de fazer essa proteção.

Impregnação

Impregnação é o processo pelo qual se retira a umidade dos enrolamentos, banhando-os em


vernizes isolantes especiais e provocando sua secagem.

O processo de impregnação também é usado para dar aos enrolamentos rigidez mecânica que
impeça as vibrações provocadas pelos efeitos magnéticos que também danificam os enrolamentos.

Fases do processo de impregnação

O processo de impregnação é realizado em quatro fases:

• Prévio aquecimento;

• Envernizamento;

• Escorrimento;

• Secagem final.

O prévio aquecimento serve para retirar dos enrolamentos a umidade existente nos poros dos
materiais isolantes. Serve também para elevar a temperatura dos enrolamentos o que permite a
maior penetração do verniz isolante.

O método mais aconselhável de se realizar a secagem é em estufa com temperatura regulada


em cerca de 95 C, durante três ou quatro horas, dependendo do tamanho da máquina.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 167


Máquinas Elétricas

Em casos de emergência, o aquecimento pode ser feito por meio de lâmpadas colocadas nas
proximidades do enrolamento. Pode-se, também alimentar o enrolamento com tensões bastante
reduzidas. Em ambos os casos é necessário observar o limite de temperatura de 95°C, pois não é
aconselhável que a água ferva no interior do enrolamento.

Após três horas de aquecimento prévio, a máquina deve ser retirada da estufa para que se
possa passar à fase do envernizamento.

O método mais usado de envernizamento consiste em verter o verniz isolante sobre o


enrolamento previamente aquecido. É um método simples, que não requer equipamento especial.

Outro método, também simples, é o método de imersão. Este consiste em mergulhar a


máquina previamente aquecida em um tanque contendo verniz isolante.

O método mais técnico, porém, é o da impregnação a vácuo. Por esse método, todo o
processo de impregnação se realiza na câmara de impregnação, desde o prévio aquecimento até a
secagem final.

Veja a seguir o esquema do equipamento de impregnação a vácuo.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 168


Máquinas Elétricas

Enrolamento de Motores

Uma tarefa comum para o eletricista de manutenção industrial é avaliar o estado dos
enrolamentos dos motores e determinar se há condições de uso do enrolamento ou se há
necessidade de rebobinar o motor.

Nesta unidade, você aprenderá toda a teoria necessária à interpretação do esquema elétrico
do enrolamento e os passos práticos necessários à execução do enrolamento.

Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, você deverá ter conhecimentos
anteriores sobre eletromagnetismo, corrente alternada trifásica, indutância e potência em CA.

Esquemas de bobinados

Esquemas de bobinados são desenhos nos quais se representam bobinados de estatores de


modo a demonstrar os detalhes essenciais de cada circuito.

Os esquemas mais comuns são os planificados. Eles representam um estator como se


estivesse cortado e estendido sobre um plano, com todos os grupos de bobinas de conexões.

Existem também os esquemas frontais ou circulares e os simplificados. Os esquemas frontais


são construídos a partir da frente do bobinado e apresentam todas as ranhuras e bobinas.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 169


Máquinas Elétricas

Os esquemas indicam, através de traços, a posição relativa das bobinas e suas interligações
no conjunto que forma a estrutura elétrica do motor.

Os traços devem ser diferentes, ou seja, grossos, finos, pontilhados, tracejados etc. ou de
cores diversas quando se quer representar:

• Bobinados pertencentes a diferentes fases;

• Bobinados com diferentes funções.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 170


Máquinas Elétricas

Formação de um pólo

Um pólo é formado por uma ou mais bobinas ligadas em série de modo que a corrente circule
sempre no mesmo sentido. Dessa maneira, os campos magnéticos originados em cada bobina se
somam.

Observação

Na figura acima, as ranhuras 5 e 6 formam um pólo e as ranhuras 7 e 8 formam outro.

Polarização

Um motor elétrico tem, no mínimo, um par de pólos: norte e sul. Esse par de pólos é formado
pela ligação de dois grupos de bobinas.

Num dos grupos, o sentido da corrente é igual ao do movimento dos ponteiros do relógio; este
é o pólo norte.

No outro, o sentido da corrente é contrário ou anti-horário; este é o pólo sul.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 171


Máquinas Elétricas

Pólos ativos

Pólos ativos são pólos criados a partir de ligação de grupos de bobinas. Essas ligações são
feitas uma ao contrário da outra. Se houver dois grupos de bobinas, haverá dois pólos ativos.

Pólos conseqüentes

Pólos conseqüentes são pólos criados por conseqüência, ou seja, metade do número de pólos
é formado por pólos ativos e a outra metade aparece em conseqüência da primeira. A corrente circula
nos grupos em um único sentido.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 172


Máquinas Elétricas

Na figura a seguir, são representados dois grupos de bobinas cuja ligação apresenta dois
pólos ativos e dois pólos que aparecem por conseqüência. Isso dá uma polarização de quatro pólos.

O bobinado de pólos conseqüentes é usado para motores de quatro pólos ou mais.

Nesse tipo de bobinado, o número de grupos por pólo e fase é igual à metade do número de
pólos magnéticos do motor. Esses grupos estão ligados de tal forma que a corrente circula no mesmo
sentido em todos os grupos pertencentes à mesma fase.

A figura a seguir representa um motor trifásico de 12 ranhuras, 4 pólos, com bobinado meio
imbricado de um lado de bobina por ranhura, uma bobina por pólo e duas bobinas por fase.

Nos centros de cada bobina de uma mesma fase formam-se dois pólos chamados norte e nos
espaços existentes entre as bobinas criam-se os pólos opostos chamados sul.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 173


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Representação do esquema frontal de um motor trifásico de quatro pólos

As bobinas de todo o motor trifásico são ligadas de modo a formar três enrolamentos
separados, chamados fases.

As três fases têm o mesmo número de bobinas. Isto significa que o número de bobinas por
fase será igual a um terço de número total de bobinas existentes no motor.

O esquema a seguir corresponde ao de um motor de 24 ranhuras, 4 pólos, com bobinado meio


imbricado; uma bobina por pólo e 4 bobinas por fase.

Interpretação do esquema

Cada fase é representada por linhas de traços diferentes. Neste caso, o passo da bobina é 1 a
6. As bobinas são em número de quatro formando 4 pólos ativos em cada fase.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 174


Máquinas Elétricas

A polarização é feita em cada enrolamento ou fase. Cada fase forma quatro pólos; a corrente
circula em sentido contrário ao do grupo anterior.

As conexões de polarização para a fase A são feitas entre os círculos 6 e 12, 7 e 13, 18 e 24;
para a fase B, entre os círculos 10 e 16, 11 e 17, 22 e 4; para a fase C, entre os círculos 14 e 20, 15 e
21, 2 e 8.

As entradas e saídas dos bobinados correspondentes a cada fase são dadas pelos círculos 1 e
19, 5 e 23, 9 e 3.

As letras U, V, W (entradas), X, Y e Z (saídas) são usadas como norma internacional para os


motores trifásicos.

Essas letras são correspondentes a números, ou seja:

• Fase A - U e X ou 1 e 4;

• Fase B - V e Y ou 2 e 5;

• Fase C - W e Z ou 3 e 6.

Enrolamento meio imbricado de motor trifásico

O enrolamento meio imbricado é um dos mais usados pelos fabricantes de motores pequenos
e médios. Sua montagem é muito simples e economiza tempo de execução do enrolamento, além de
permitir fácil ventilação.

O enrolamento meio imbricado leva esses nome porque não segue a sucessão exata das
bobinas do enrolamento imbricado.

As bobinas do enrolamento meio imbricado são todas do mesmo tamanho.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 175


Máquinas Elétricas

Veja a seguir o canal em corte transversal.

Esse tipo de enrolamento não é recomendado para motores grandes porque suas bobinas
ficam muito grossas, e oferecem perigo de curto-circuito nos cruzamentos.

O enrolamento meio imbricado é aquele que tem um lado da bobina por ranhura e seu número
de bobinas é a metade do número de ranhuras existentes, porque cada um dos lados da bobina
ocupa uma ranhura inteira. Em conseqüência, cada bobina ocupa duas ranhuras.

O número de bobinas e, então, dado por:

Nr
Nb =
2

12
Assim, um motor com 12 ranhuras, terá 6 bobinas, porque Nb =
2

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 176


Máquinas Elétricas

Nesse motor, a primeira bobina ocupa as ranhuras 1 e 6, a segunda, 3 e 8 e assim por diante
até a 12a bobina, que ocupa as ranhuras 11 e 4.

As bobinas desse rolamento têm a mesma forma e tamanho. Elas são usadas em estatores ou
rotores de ranhuras abertas ou semi-abertas. Veja figura a seguir.

Para executar o esquema do enrolamento trifásico de um estator ou de um rotor, é necessário


conhecer os dados descritos a seguir.

Passo polar (Yp)

Passo polar é a distância entre dois pólos consecutivos, ou a quantidade de ranhuras ocupada
por um pólo. É também a região da influência magnética do grupo de bobinas.

O passo vale sempre 180° elétricos. Equivale, em número de ranhuras, a:

Nr
Yp =
p

Onde:

• Yp é o passo polar;

• Nr é o número de ranhuras do estator;

• P é o número de pólos do motor.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 177


Máquinas Elétricas

As figuras a seguir mostram o esquema do passo polar para motor de 2 pólos e motor de 4
pólos.

Passo de bobina (Yb)

Passo de bobina é a distância, em ranhuras ou dentes, do início ao fim da bobina.

O passo da bobina depende do número de ranhuras em relação ao número de pólos.

O passo da bobina pode ser inteiro (Ybi), fracionário (Ybf) ou superior (Ybs).

O passo fracionário ou curto é igual a aproximadamente 4/5 do passo polar, ou seja:

4
Ybf = Yp .
5

O passo superior é igual a aproximadamente 6/5 do passo polar, ou seja:

6
Ybs = Yp .
5

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 178


Máquinas Elétricas

Observações

• Para determinar o passo das bobinas é preciso observar as possibilidades de bobinagem


determinadas pelo tipo de enrolamento. Esse enrolamento pode ser meio imbricado,
imbricado, em cadeia e progressivo. Cada um tem características próprias que
determinarão o passo das bobinas.

• O enrolamento meio imbricado não aceita passo de bobina ímpar.

Grupo de bobinas (q)

É o resultado da divisão da quantidade de bobinas (Nb) pelo número de pólos (p) vezes o
número de fases (f).

Nb
Q=
p.f

Grau elétrico total (GET)

É o resultado da multiplicação de 1800 E pelo número de pólos do motor, ou seja, GET = 1800
.P

Observação

Se o motor tiver dois pólos, os graus elétricos coincidirão com graus geométricos, ou seja: 3600
E = 3600 geométricos

Graus elétricos por ranhura (GE/r)

É a quantidade de graus elétricos que existe entre uma ranhura e outra:

GET
GE/r =
Nr

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 179


Máquinas Elétricas

Passo da fase (Yf)

É a distância entre as fases que deve ser observada para iniciar cada enrolamento.

Para as entradas de força U, V, W, devemos considerar uma distância em graus elétricos que
coincida com a fonte de alimentação.

No sistema trifásico existem 1200E de defasagem temos:

Yf =
120°
GE / r

Exemplo de distribuição de bobinas

Estabelecer a distribuição das bobinas de um motor trifásico de 24 ranhuras para dois pólos.

24
NBV = = 12 bobinas
2

24
Yp = = 12 ranhuras
2

12 12
Bobinas por pólo e por fase = = =2
2.3 6

4 48
Ybf = . 12 = = 9,6
5 5

Nesse caso, adotaremos 9 ranhuras ou Yb de 1 a 10 ranhuras.

De acordo com esses dados, o esquema da distribuição das bobinas é o seguinte:

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 180


Máquinas Elétricas

Na representação planificada, forma desenhadas somente as bobinas de uma fase do


enrolamento trifásico nos seus dois pólos. Note que o passo do grupo de duas bobinas de cada pólo
se aproxima do passo polar.

O passo das bobinas não poderia ser maior porque as ranhuras seguintes são ocupadas pelas
bobinas do outro pólo.

Para completar a esquema com as bobinas de três fases, temos o diagrama simplificado a
seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 181


Máquinas Elétricas

As bobinas das três fases estão assim distribuídas:

1o grupo 2o grupo Fases


ranhuras: 1-3-10 e 12 13-15-22 e 24 Fase A
5-7-14 e 16 14-19-2-4 Fase B
9-11-18-20 21-23-6-8 Fase C

Enrolamento em cadeia do motor trifásico

O enrolamento em cadeia é formado por grupos de bobinas entrelaçadas de modo semelhante


aos elos de uma corrente.

Este tipo de enrolamento é muito usado para ligações de pólos conseqüentes em motores de
duas velocidades.

O enrolamento em cadeia pode ser concêntrico e progressivo.

Enrolamento em cadeia concêntrico

Neste tipo de enrolamento, os lados de cada bobina ocupam uma ranhura cheia; o número de
bobina é, portanto, igual à metade do número de ranhuras.

O enrolamento é constituído por grupos de bobinas de formato geralmente oval. Cada grupo é
formado por duas, três e até mais bobinas de tamanhos diferentes e o passo de cada bobina é
diferente do outro.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 182


Máquinas Elétricas

O grupo de bobinas ocupa 12 ranhuras. A bobina menor tem o passo 7, a média 9 e a maior,
11. Este último é maior que o passo polar porque, tratando-se de enrolamento de ranhura cheia, o
passo total do grupo ou da bobina maior é sempre maior.

Veja agora, dois esquemas de distribuição de pólos conseqüentes

Nos motores grandes, em lugar de fios, são usadas barras grossas cortadas e enfiadas nas
ranhuras, conformadas de acordo com a posição que devem ocupar. São posteriormente soldadas,
completando as espiras das bobinas.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 183


Máquinas Elétricas

Enrolamento em cadeia progressivo

Neste tipo de enrolamento, as bobinas são de igual tamanho e, portanto, os passos são iguais.

As bobinas são encadarçadas separadamente e agrupadas nas cabeceiras, apresentando uma


semelhança com o enrolamento em cadeia concêntrico como mostram as figuras a seguir.

A figura a seguir mostra o esquema de distribuição das bobinas do enrolamento progressivo,


com 96 ranhuras e 4 pólos.

O passo da bobina é 20, isto é, ranhuras 1 a 21; o passo do grupo é 23 e o passo polar é 24,
encontrado pela seguinte fórmula:

Nr 96
Yp = = = 24
2p 4

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 184


Máquinas Elétricas

Para motores de muitas ranhuras, esse tipo de enrolamento é feito em várias camadas, como
está representando nos esquemas abaixo.

Isolantes para Enrolamentos

Como já foi estudado, isolante elétrico é todo o material cuja condutibilidade elétrica é tão
pequena que a corrente que o atravessa pode ser desprezada.

Ele é usado no isolamento de condutores e na construção de aparelhos e acessórios elétricos.

Nesta unidade, estudaremos os isolantes para os enrolamentos das máquinas elétricas.

Propriedade dos isolantes

Um isolante deve reunir uma série de propriedades que dependem do uso que se fizer dele.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 185


Máquinas Elétricas

Assim, um isolante deve apresentar:

• Rigidez dielétrica,

• Resistência mecânica,

• Resistência à ação de produtos químicos,

• Resistência a mudanças de temperatura.

A capacidade de isolamento é denominada de rigidez dielétrica. Os isolantes devem ter uma


resistência de isolamento proporcional à tensão de trabalho.

O isolamento deve apresentar resistência mecânica, ou seja, deve ser capaz de suportar os
esforços centrífugos e vibrações a que são submetidas as bobinas de máquinas giratórias.

O isolante deve resistir à ação de ácidos, óleos, sais e quaisquer produtos químicos que
possam afetar sua ação isolante.

O isolamento deve resistir a mudanças de temperatura, ou seja, deve manter sua capacidade
de isolação em distintas temperaturas de trabalho. Esta propriedade determina a vida útil do
isolamento.

Tipos de isolantes

A classificação mais usada em bobinados compreende três grandes grupos de materiais


isolantes:

• Papéis, cartolinas e fibras;

• Telas e fitas isolantes;

• Mica e tela de fibras de vidro.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 186


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Papéis e cartolinas

Os papéis e cartolinas são encontrados no comércio em forma de rolos de distintas


espessuras, com e sem impregnação. São flexíveis, não têm muita resistência mecânica nem
resistência à abrasão e ao calor. O papel de cânhamo é o de maior resistência mecânica.

Os papéis são higroscópicos e porosos, por isso devem ser impregnados com verniz, resina ou
óleo secante.

O papel condensador, também conhecido como papel cristal, é fabricado em espessuras de


0,038 a 0,076mm.

O presspan é impregnado com óleo de linhaça. Isso o protege da umidade e dá consistência


ao bobinado. Molda-se facilmente porque tem pouca resistência mecânica. É encontrado em
espessuras que variam entre 0,10 e 0,80mm.

Fibras

As fibras podem ser naturais ou sintéticas.

A fibra natural é uma chapa isolante obtida pelo tratamento do papel de algodão com cloreto de
zinco e posterior laminação à espessura desejada. É um material sólido e rígido, de excelente
resistência mecânica e alto coeficiente isolante.

Seu principal inconveniente é absorver umidade. Isso altera suas dimensões e suas
propriedades.

Para eliminar a umidade da fibra, aumentar suas propriedades isolantes e sua resistência ao
calor, ela deve ser impregnada com verniz ou goma-laca.

Essa fibra é fabricada em espessuras que variam entre 0,1 e 3,2mm.

As fibras sintéticas são os isolantes mais modernos. Eles podem ser fabricados a partir de
laminados de poliéster, acetato, micanite e outros. Possuem excelentes propriedades mecânicas e
dielétricas e resistem a altas temperaturas.

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Telas e fitas isolantes

Esses tipos de isolantes usam materiais como algodão e seda natural ou artificial em sua
fabricação.

A característica mais importante desses isolantes é a sua flexibilidade. Às vezes, a fita tem
uma face coberta com substância adesiva, para permanecer firme no lugar onde é colocada.

A tela Cambric é composta de um tecido forte de textura apertada, tratado com vernizes
isolantes de ótima qualidade. Essa tela dá um acabamento polido e brilhante à superfície em que é
usada. A tela Cambric pode ser adquirida por metro ou em rolos de diversas medidas e espessuras.

Os cadarços de algodão também fazem parte desse grupo e são compostos de tecido de fibras
de algodão com boa resistência à tração. Para minimizar os efeitos da umidade. Os cadarços devem
passar por processo de impregnação.

Mica e telas de fibras de vidro

A mica é um mineral constituído por silicato de alumínio e outros componentes. É um isolante


de alta qualidade e apresenta as seguintes características:

• Grande rigidez dielétrica;

• Grande resistência a altas temperaturas;

• Resistência à ação de água, ácidos, sais, óleos e solventes;

• Não-inflamável.

As telas de fibra de vidro são constituídas de um tecido formado por fibras de vidro muito finas.
Estas fibras são originadas ao se fazer passar vidro líquido sob pressão de vapor, através de um
recipiente especial com orifícios muito pequenos.

As fibras são de diâmetro menor que um fio de cabelo e com ela formam-se telas, fitas e tubos.

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As fibras de vidro não absorvem umidade, resistem aos ataques químicos e podem ser usadas
em altas temperaturas.

A tabela a seguir apresenta o emprego dos tipos de isolantes descritos acima.

Isolante Emprego
Papel impermeável milar e Entre capas de bobinas de transformadores;
milarflex eletroímãs
Papel fibróide Ranhuras de motores e estatores; carretéis
Fibras vulvanizadas Carretéis, separadores, cunhas ranhuras
Ranhura e núcleos; geralmente acompanhando de
Tela Cambric
papel fibróide
Cadarço de algodão Encadarçamento e amarração de bobinas
Cadarços tubulares em fitas Emendas e condutores
Folhas de mica e micante Entre lâminas de corretores; ranhuras
Cadarço de fibra de vidro Encadarçamento de bobinas
Cadarços tubulares de vidro Emendas e condutores

A próxima tabela apresenta a relação entre os tipos de isolantes e suas temperaturas máximas
de trabalho.

Isolante Temperatura
Algodão, seda, papel e matérias orgânicas não impregnadas nem 90°C
submersas em dielétricos líquidos
Algodão, seda, papel e matérias orgânicas impregnadas ou 100°C
submersas em dielétricos líquidos
Mica, amianto, fibra de vidro e matérias inorgânicas construídas com 130°C
ligação de substâncias orgânicas
Mica, amianto, fibra de vidro e outras matérias inorgânicas 180°C
combinadas com silício ou materiais de características similares
Mica, materiais cerâmicos, quartzo e matérias inorgânicas similares 180°C ou mais

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Defeitos Internos de Motores de CC

Além dos defeitos externos, provocados por falhas nas ligações, podem ocorrer também
defeitos internos nos motores de CC, sobre os quais falaremos neste capítulo.

Faiscamento nas escovas

As escovas são responsáveis, na maioria das vezes, pelo faiscamento que se origina entre
elas e o coletor.

Esses defeitos são causados por:

• escovas fora da linha neutra;

• isolação defeituosa entre as escovas;

• pressão irregular das escovas;

• mau contato das escovas com o coletor;

• coletor sujo ou com a superfície irregular;

• mica saliente.

Quando as escovas estão fora da linha neutra, elas devem ser ajustadas no plano de
comutação.

No caso de isolação defeituosa entre as escovas, deve-se desmontar o porta-escovas, verificar


a isolação e dar polimento cuidadoso nos isolantes que separam as escovas das máquinas.

Quando há pressão irregular das escovas, deve-se verificar o porta-escova e regular a pressão
das escovas.

Quando há mau contato entre as escovas e o coletor, deve-se verificar a superfície de contato
das escovas.

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Coloca-se uma lixa fina sobre o coletor e sobre ela apoiam-se as escovas sob pressão. Gira-se
o eixo com a mão, ajustando-se as escovas de modo que toda a sua superfície se apoie sobre o
coletor.

Se o coletor está sujo ou com a superfície irregular, o faiscamento é intermitente.

Para remover a sujeira, o coletor deve ser desengraxado com benzina ou polido com lixa fina.

Se a superfície estiver irregular, a máquina é desmontada e levada a um torno para ser


levemente desbastada. Deve-se tomar cuidado para que as lâminas do coletor não se tornem muito
finas. A retificação ideal é feita com rebolo de carborundun de grãos finos.

A mica saliente provoca falta de corrente contínua entre coletor e escova. Isso causa, além de
faiscamento, funcionamento barulhento.

Para reparar esse defeito, deve-se rebaixar a mica.

Defeitos relacionados ao induzido

Os defeitos relacionados ao induzido são:

• solda defeituosa,

• curto-circuito no induzido,

• enrolamento ligado à massa.

A solda defeituosa provoca o faiscamento que, por sua vez, escurece as lâminas
correspondentes. Se as pontas do enrolamento estão dessoldadas do coletor, o faiscamento aparece
em outras duas lâminas consecutivas.

Para localizar esse defeito, desmonta-se o induzido e faz-se a prova de continuidade.

Essa prova consiste em enviar corrente contínua de baixa tensão às lâminas onde deveriam
estar as escovas. Em seguida, mede-se, com o voltímetro, a tensão entre duas lâminas adjacentes e
assim por diante. As leituras devem ser iguais, salvo nas pontas defeituosas em que a tensão venha
a ser diferente de zero.

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Uma vez localizado o defeito, a solda deve ser refeita.

O curto-circuito no induzido pode ser provocado por aquecimento excessivo ou isolação fraca
ou defeituosa. Além do faiscamento, ele provoca um consumo de corrente maior do que o normal e
isso pode provocar a queima do enrolamento.

A localização desse defeito é realizada com a prova eletromagnética (com o eletroímã). As


bobinas defeituosas devem ser substituídas e, portanto, o enrolamento deve ser refeito.

Para saber se o enrolamento do induzido está ligado à massa, verifica-se com uma lâmpada
de prova se há contato entre condutores e massa.

Após a localização da bobina defeituosa ou isolada, ela deve ser substituída por outra, nova,
conforme a necessidade.

Aquecimento anormal

O aquecimento anormal pode ter várias causas a saber:

• mancais ou rolamentos gastos;

• defeitos de lubrificação;

• defeito de ventilação;

• umidade ou óleo nos enrolamentos;

• curto-circuito do induzido;

• curto-circuito nos enrolamentos dos campos.

No caso de mancais ou rolamentos gastos, deve-se verificar a folga dos mancais e dos
rolamentos.

O mancal deve ser reparado e os rolamentos substituídos.

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Quando há defeitos de lubrificação, os órgãos de lubrificação devem ser verificados e


reparados.

No caso de defeito na ventilação, deve-se verificar o funcionamento dos dispositivos de


ventilação e repará-los.

A umidade e/ou óleo nos enrolamentos baixam a resistência de isolação e provocam


aquecimento anormal da máquina.

Isso acontece quando a máquina está instalada em lugar úmido e pouco arejado. Antes de
colocar a máquina em funcionamento, esta deve ser submetida a um teste de isolação.

O óleo lubrificante dos mancais também pode escorrer e penetrar nos enrolamentos. Nesse
caso, também é necessário efetuar um teste de isolação, pois tanto a umidade quanto o óleo
lubrificante estragam o verniz dos enrolamentos.

Para que a umidade e o óleo desapareçam, é necessário colocar a máquina em uma estufa
com uma temperatura de até aproximadamente 100ºC, não sem antes tomar o cuidado de retirar as
partes que podem ser danificadas com essa temperatura.

Em alguns casos, é necessário fazer um novo envernizamento nos enrolamentos.

O curto-circuito no induzido pode ocorrer por contato entre lâminas ou entre as lâminas e a
massa e que é provocado por má ou falta de isolação, ou ainda por interposição de material condutor.
Isso provoca elevado aquecimento em todo o enrolamento.

O aquecimento também pode ser causado por espiras em curto-circuito. Esse defeito pode ser
verificado com o auxílio de lâmpada de prova e eletroímã.

Um curto-circuito nos enrolamentos de campo, ainda que pequeno, pode causar aquecimento.
Esse defeito, depois de localizado com eletroímã, deve ser reparado.

Ausência de arranque no motor

A ausência de arranque no motor pode ter duas causas:

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• mancais ou rolamentos gastos;

• interrupção ou curto-circuito no induzido ou no indutor.

Quando os mancais e rolamentos estão gastos, a folga existente nas partes que suportam o
eixo do motor provoca atração do induzido contra as expansões e isso impede que o motor arranque.

No caso da interrupção ou curto-circuito no induzido ou no indutor, esse tipo de defeito é


localizado com o auxílio de uma lâmpada de prova e um eletroímã.

Observação

Caso o motor misto tenha a sua velocidade reduzida e acentuado faiscamento, poderá estar
ocorrendo que os campos em série e em paralelo estejam ligados em oposição. Isso é corrigido,
trocando-se as ligações dos terminais F1 e F2 do campo em paralelo.

Outros defeitos internos

Outros defeitos internos dos motores de CC são:

• curto-circuito no indutor ou dissimetria do fluxo;

• excesso de velocidade.

O curto-circuito no indutor pode ser provocado por umidade ou excesso de aquecimento.


Todavia, a extracorrente de abertura, devido ao fenômeno da auto-indução, é a maior responsável
pelo curto-circuito provocado pelo indutor.

A dissimetria do fluxo pode ter como origem um curto-circuito entre algumas espiras ou
desigualdade de espiras nos pólos. Este efeito é mais acentuado nos motores com enrolamento do
induzido em paralelo.

Esse defeito é verificado por meio de lâmpada de prova e eletroímã.

O excesso de velocidade é provocado pela interrupção da bobina de campo. Esse defeito após
localizado deve ser reparado.

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Ajustes das Escovas dos Coletores

As escovas são responsáveis pelo contato elétrico entre a parte fixa (carcaça) e a parte móvel
(induzido ou armadura) da máquina.

O bom funcionamento da máquina depende da qualidade desse contato e esse, por sua vez,
depende do perfeito ajuste das escovas sobre o coletor.

Quando há necessidade de substituição das escovas, por exemplo, são necessários alguns
ajustes.

Assim, nesta unidade, estudaremos a escova, o porta-escovas, o coletor e os ajustes que se


fazem nesse conjunto.

A escova

A escova é uma peça que estabelece o contato elétrico deslizante entre uma parte fixa e uma
parte móvel de máquinas elétricas giratórias.

Essa peça é fabricada com uma mistura de pó de carvão e grafite. Em alguns casos, junta-se
também pó de cobre.

Para assegurar um bom funcionamento da máquina com um mínimo de desgaste, deve-se


levar em consideração a resistência elétrica, a dureza e a abrasividade das escovas.

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Tipos de escovas

As escovas são classificadas de acordo com a mistura empregada em sua fabricação. Assim,
temos:

• escovas à base de carvão;

• escovas com agregado de pó de cobre;

• escovas à base de grafite.

As escovas à base de carvão são compostas de uma mistura de carvão (em maior proporção)
e de grafite. São usadas em máquinas de corrente contínua para tensões entre 110 e 440V.

As escovas com agregado de pó de cobre são compostas de uma mistura de carvão e grafite,
à qual se agrega o pó de cobre. Isso é feito para diminuir a resistência elétrica das escovas e
aumentar sua capacidade de condução da corrente.

Esse tipo de escova é empregado geralmente em máquinas de baixa tensão, como por
exemplo, os motores de arranque para automóveis.

As escovas à base de grafite são fabricadas a partir de uma mistura de carvão e grafite, com
uma proporção maior de grafite.

Essas escovas tem pouca resistência elétrica e melhores características lubrificantes. Dessa
forma, diminuem o desgaste do coletor.

Para selecionar o tipo mais adequado de escova a ser empregado, deve-se levar em conta os
seguintes aspectos:

• a corrente que ela pode conduzir,

• a velocidade do coletor,

• a pressão do contato,

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• a resistência elétrica.

Manutenção

O cuidado com as escovas deve constar da verificação periódica das seguintes condições:

• superfície de contato,

• pressão da mola,

• conexão elétrica,

• desgaste natural.

Além disso, deve-se também eliminar graxa, pó e óleo aderidos às escovas.

O porta-escovas

O porta-escovas é o elemento que mantém as escovas firmemente seguras na sua posição


correta em relação ao coletor. Ele é usado em todos os tipos máquinas giratórias cujo induzido tenha
coletor.

O porta-escovas é constituído por uma caixa onde estão alojadas uma ou mais escovas e uma
mola ou lâmina curvada que pressiona as escovas, mantendo-as em contato com o coletor. São
fabricados de latão, cobre, baquelite ou plástico.

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Existem várias formas de porta-escovas, segundo o tipo de máquina e de corrente que circula
por essa máquina.

Tipos de porta-escovas

Os porta-escovas podem ser:

• Fixo

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• Regulável

Nas máquinas grandes, os porta-escovas são montados e isolados sobre um anel ou coroa. A
coroa, por sua vez, é montada na parte inferior de uma das tampas. Desse modo, os porta-escovas
podem se ajustar sobre os passadores no sentido lateral e no sentido vertical.

Manutenção

Ao se fazer a manutenção, além da limpeza de poeira ou de graxa, é necessário verificar o


estado da caixa, do suporte, dos parafusos e rebites e do isolamento elétrico com relação à massa da
máquina.

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O coletor

O coletor é uma peça metálica, de formato circular, utilizada em todos os rotores bobinados.
Serve para ligar eletricamente, através das escovas, o bobinado móvel do rotor com os bobinados
e/ou circuitos externos.

Tipos de coletores

Os coletores podem ser classificados de duas maneiras: quanto à construção e quanto ao


formato.

Quanto à construção, o coletor pode ser de anéis ou laminado.

Os coletores de anéis são formados por dois ou três anéis, isolados entre si e montados sobre
o eixo da máquina, da qual estão eletricamente isolados.

Os coletores laminados são formados por diversas lâminas de cobre, isolados entre si e do
eixo do induzido. São construídos montando-se certo número de lâminas e igual número de
segmentos de mica sobre uma bucha de ferro formada por um conjunto com dois anéis frontais.

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A lâmina é de seção transversal, em forma de cunha, com dois entalhes em V nas


extremidades (formato de cauda de andorinha). Os anéis frontais encaixam-se nesses dois entalhes.

Nas máquinas de pequena potência, as conexões entre as lâminas e as pontas das bobinas
são feitas através da soldagem do condutor diretamente no entalhe existente na cabeça da lâmina.

Nas máquinas de maior potência, as lâminas têm suportes de metal rígido, nos quais são
soldados as pontas dos bobinados.

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Os segmentos isolantes são feitos de mica, intercalados entre as lâminas.

Os anéis frontais são de ferro e são isolados com arruelas cônicas de mica ou micanite. A
bucha ou casquilho é de ferro.

As características de um coletor são dadas pelo diâmetro exterior, pelo diâmetro do ferro
interno, pelo tamanho e quantidade das lâminas, pelo formato de suas cabeças e também pelo tipo
de isolamento que comumente é feito com mica, baquelite ou outro isolante.

Quanto ao formato, os coletores podem ser de dois tipos: tambor axial e frontal radial.

Os coletores de tipo tambor axial formam a maioria dos coletores laminados.

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Os coletores do tipo frontal radial são usados nos motores de repulsão indução e também nos
motores de ferramentas portáteis, em motores de limpadores de parabrisas e em qualquer máquina
na qual o espaço ocupado pelo coletor é importante.

Manutenção

A superfície do coletor, onde estão assentadas as escovas, deve estar lisa e centrada em
relação ao eixo do rotor.

Os isolamentos de mica estão geralmente abaixo das lâminas e as ranhuras devem estar livres
de pó de carvão, para que cada lâmina fique eletricamente isolada das demais.

Os coletores devem ser mantido limpos, livres de óleo, graxa e umidade para evitar arcos
elétricos prejudiciais.

Periodicamente, é necessário polir as superfícies do coletor com lixa bem fina.

Quando essa superfícies apresentarem riscos, afundamentos ou ovalados, deve-se retificar o


coletor no torno mecânico.

Teste do conjunto e circuito entre lâminas

Esse tipo de teste deve ser realizado de acordo com a tensão da máquina onde está colocado
o coletor.

Nas máquinas de 6, 12 ou 24 volts, o teste é realizado através de uma lâmpada em série com
uma tensão de duas ou três vezes o valor dessa tensão. Essa recomendação vale tanto para o teste
entre as lâminas quanto para a prova entre as lâminas e a massa.

Para máquinas de maior tensão, como 220 volts, o teste entre coletor, conjunto e lâminas é
realizado com uma lâmpada em série de pouca potência, como a de 25 watts. Esta lâmpada é usada
para evitar a passagem de correntes altas e a formação de arcos elétricos prejudiciais.

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Ajustes das escovas

Para fazer o ajuste das escovas, deve-se:

1. Colocar a escova no porta-escova;

2. Colocar uma lixa entre o coletor e a escova, com a face áspera voltada para a escova;

3. Fixar a mola, dando a necessária pressão à escova;

4. Lixar a escova, puxando a lixa no sentido da rotação do induzido, forçando a escova com a
mão:

Observação

O trabalho deve ser iniciado com lixa grossa e terminado com lixa fina, para que a superfície
de contato da escova fique o mais lisa possível.

5. Limpar a escova, o porta-escova e o coletor;

6. Ajustar a pressão da mola, verificando se a escova desliza levemente no porta escova;

7. Montar a mola e prender um dinamômetro no carvão;

8. Colocar um papel entre a escova e o coletor;

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9. Para verificar a força da pressão da mola, puxar o papel e fazer a leitura do dinamômetro no
momento em que o papel começar a se movimentar:

Observação

A pressão da mola deve ser de 150 gramas por centímetro quadrado de escova;

10. Colocar o rotor com os lados da bobina marcados no ponto central dos pólos auxiliares;

11. Afrouxar o colar de fixação do porta-escova e deslocar o conjunto até que uma das
escovas toque as duas barras do coletor onde são ligadas as pontas da bobina
condensada.

Observações

• Nas máquinas sem pólos auxiliares, o posicionamento das escovas em relação ao coletor
(calagem) é feita um pouco avançada no sentido da rotação para os geradores e atrasada
para os motores. Nessas máquinas, geralmente há uma marca no colar do porta-escovas,
indicando a posição exata da calagem.

• Nem sempre a lâmina do coletor fica no centro geométrico da bobina. Quando a escova é
mal calada, produz-se um intenso faiscamento no coletor.

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B) Ensaios

Comprovar o Funcionamento de Transformador

Você já estudou o princípio de funcionamento dos transformadores e agora já está preparado


para comprovar os conhecimentos teóricos adquiridos até aqui.

Portanto, neste ensaio, você deverá comprovar a indução numa bobina com um ímã e
eletroímã e, movimento. Verificará a indução produzida por um campo magnético variável e,
finalmente, observar a relação entre a variação do número de espiras e a variação de tensão.

Equipamento

• Fonte de CC de 12VCC

• Fonte de CA de 10 VCA

• Multímetro

Material necessário

• 2 bobinas de 800 espiras

• 1 bobina de 400 espiras

• Núcleos

• Ímã

Procedimento

1. Para comprovar a tensão induzida por ímã, conecte o voltímetro do multímetro à bobina de
maior número de espiras.

2. Movimente o ímã de tal forma que um dos pólos passe o mais próximo possível do orifício
da bobina.

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3. Observe a geração da tensão e anote seu valor máximo.

Bobina 1 ____________ V
Bobina 2 ____________ V

4. Coloque o núcleo da bobina e repita os passos 2 e 3.

Bobina 1 ____________ V
Bobina 2 ____________ V

5. Houve aumento de tensão? Por quê?

6. Substitua a bobina e repita os passos 1 a 4.

7. Qual das bobinas gerou maior tensão? Por quê?

8. Aproxime o ímã da bobina sem movimentá-lo. Houve geração de tensão? Por quê?

9. Para comprovar a indução de tensão por eletroímã, monte o núcleo na bobina de 800
espiras e aplique 12VCC e obtenha um eletroímã.

10. Movimente o eletroímã de tal forma que seu núcleo passe pelo orifício da bobina
conectada ao voltímetro (sem núcleo). O que aconteceu com o eletroímã?

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11. Anote o valor da tensão induzida.

Vind ____________

12. Coloque o núcleo da bobina e repita o passo 10. Anote o valor da tensão induzida.

Vind.____________

13. Por que nos passos 2 e 10 existe geração de tensão?

14. Aproxime o eletroímã da bobina sem movimentá-lo. Houve geração de tensão? Por quê?

15. Analise os passos realizados até o momento. Para que haja geração de tensão em uma
bobina, como deve ser o campo magnético a que ela deve ser submetida?

16. Monte o circuito a seguir, colocando as bobinas uma sobre a outra.

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17. Energize a bobina 1. Meça a tensão na bobina 2. Anote o resultado.

VBob2 ____________

18. Por que existe tensão na bobina 2 se ela está eletricamente isolada da bobina 1?

19. Coloque um núcleo que feche as duas bobinas em um circuito magnético.

20. Energize a bobina 1. Meça a tensão na bobina 2. Anote o resultado.

VBob2 ____________

21. Por que aconteceu uma variação de tensão tão grande?

22. Substitua a bobina 2 por uma bobina de 800 espiras e repita os passos 19 e 20. Por que
houve um aumento da tensão induzida?

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Enrolar e Montar Transformador Monofásico

Um bom profissional de manutenção não pode ter apenas conhecimentos teóricos sobre o
funcionamento dos equipamentos sob sua responsabilidade. Portanto, neste ensaio, você
desmontará o núcleo, enrolará e montará um transformador monofásico a fim de desenvolver as
habilidades que essa tarefa requer.

Equipamento

• Bobinadeira

• Alicate universal

• Alicate de corte

• Macete de borracha

• Ferro de solda

Material necessário

• Fio magnético no 22 AWG

• Fio magnético no 16 AWG

• Carretel

• Chapas do tipo E e I

• Espagueti

• Cabinho flexível

• Fita isolante de poliéster

• Núcleo de madeira apropriado para o carretel

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Procedimento

1. O transformador a ser enrolado deverá ter as seguintes características:

• Primário a 4 fios - 110V+110V;

• Secundário com center tap - 12V+12V;

• Número total de espiras no primário: 652 (326 + 326);

• Número total de espiras no secundário: 70 (35 + 35);

• Fio usado no primário: 22 AWG;

• Fio usado no secundário: 16 AWG;

• Área do núcleo: 4cm x 4cm.

2. Para desmontar o núcleo laminado, solte os parafusos de fixação das cantoneiras que
envolvem o núcleo, usando a chave apropriada.

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3. Remova as cantoneiras e os calços.

Observação

Em transformadores pequenos, os parafusos transpassam o núcleo.

4. Remova os calços que ficam entre a bobina e o núcleo.

5. Retire as lâminas, alternadamente, usando alicate.

6. Limpe todas as lâminas e guarde-as.

7. Em uma folha de papel, faça em esboço da posição das bobinas no núcleo, suas
dimensões e as posições das pontas de saída.

8. Desmonte o núcleo.

9. Desencadarce a bobina.

10. Introduza um núcleo de madeira na bobina.

11. Monte o conjunto no eixo da bobinadeira.

12. Desenrole a bobina e complete as seguintes anotações da folha:

• Número de espiras;

• Número de camadas e número de espiras por camada (se for o caso);

• Material empregado na isolação (se houver);

• Tipo de material empregado;

• Bitola do fio e seu peso.

13. Comece o enrolamento pelo primário, não sem antes isolar o fundo do carretel com fita de
poliéster.

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14. Solde um cabinho flexível à ponta do fio magnético do enrolamento primário.

15. Isole a emenda com espaguete tubular de comprimento igual ao comprimento do carretel.

16. Passe a outra ponta do cabinho no furo interno da lateral do carretel.

17. Para prender o fio ao carretel passe uma camada de fita poliéster.

18. Ajuste o cantagiros e enrole a primeira camada, sobrepondo o espaguete tubular. Utilize
uma espátula não-metálica.

Observação

Quando ou o primário ou o secundário tem uma tensão elevada, recomenda-se isolar as


camadas com fita de poliéster.

19. Enrole até o final e solde o cabo flexível.

20. Isole a primeira metade do primário.

21. Repita os procedimentos 14 a 19 para enrolar a segunda metade do primário.

22. Faça uma isolação entre o enrolamento primário e o secundário com a fita de poliéster.

23. Repita os passos 14 a 19 para executar o enrolamento secundário.

24. Quando o enrolamento estiver terminado, cubra o bobinado com uma camada de fita de
poliéster.

25. Retire a bobina, soltando o núcleo de madeira da máquina.

26. Bata suavemente no núcleo de madeira com o macete de borracha até removê-lo de
dentro da bobina.

27. Caso seu instrutor julgue necessário, proceda à impregnação da bobina.

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28. Monte o núcleo laminado colocando os conjuntos de chapa E e I e, a cada conjunto,


inverta o lado de colocação para permitir o perfeito entrelaçamento entre as chapas.

29. Fixe as lâminas com parafusos e com cantoneiras, se for necessário.

30. Calcule a potência que este transformador pode fornecer. Use a fórmula:
P (VA) = 0,9 . A²

Onde:

• P é a potência em VA fornecida pelo transformador;

• A é a área do ferro em cm²;

• 0,9 é o fator que diminui a potência em aproximadamente 10% devido ao entreferro


existente.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 214


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Identificar os Tapes do Transformador

Agora que você enrolou e montou seu próprio transformador, está na hora de testá-lo para ver
se funciona. Neste ensaio, você vai identificar os terminais de um transformador monofásico e testá-
lo para verificar seu comportamento com carga.

Equipamento

• Varivolt

• Amperímetro CA (0 a 10 A)

• Multímetro

• Transformador enrolado e montado no ensaio anterior

• Wattímetro

Material necessário

• Reostato de 40Ω/225W

Procedimento

1. Para identificar o primário e o secundário do transformador, meça as resistências das


bobinas e anote seus valores.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 215


Máquinas Elétricas

2. Como o transformador em teste é abaixador, pode-se concluir que a maior medida de


resistência ôhmica deve ser o primário. Portanto responda:

a. O primário possui:

( ) fio mais grosso


( ) fio mais fino

b. O primário possui:

( ) maior número de espiras


( ) menor número de espiras

3. Para identificar os terminais do transformador, use fita adesiva nos locais mostrados no
diagrama a seguir.

4. Ligue as duas bobinas em série.

5. Aplique 30% da tensão nominal do primário aos terminais A1 e A2.

6. Meça a tensão nas extremidades do enrolamento. Observe que essa tensão deve ser o
dobro da tensão aplicada.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 216


Máquinas Elétricas

Observação

Caso a tensão seja próxima de zero volts, inverta os terminais do enrolamento B e


certifique-se de que a tensão está correta.

7. Desenergize o circuito e faça as marcações como mostra o diagrama a seguir.

8. Complete o desenho das ligações deste transformador para 110 e 220V.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 217


Máquinas Elétricas

9. Para ligar o transformador com carga, complete o esquema a seguir e monte o circuito.

10. Mantenha o reostato com máxima resistência. Alimente o circuito e anote no quadro a
seguir o valor da tensão com a chave aberta.

Passo Tensão de Corrente de Potência fornecida


secundário (V) secundário (A) (VA)
10 (sem carga)
11
12
13
13
13

11. Feche a chave e anote no quadro do passo anterior o valor da corrente com máximo valor
de resistência do reostato.

12. Varie o valor do reostato para obter 2 A. Anote esse valor de corrente e o valor da tensão
do secundário.

13. Repita o passo 12 com valores de corrente de 4, 6 e 8 A.

14. Calcule a potência fornecida para cada valor de corrente.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 218


Máquinas Elétricas

15. Calcule a porcentagem da variação da tensão do transformador com carga e sem carga.
Use a seguinte fórmula:

V com carga máxima


V% = 1- . 100
V sem carga

Observação

Esse valor representa o percentual de queda de tensão do transformador a plena carga


comparado ao mesmo transformador funcionando a vazio.

16. Repita os passos 10 a 13 e calcule a potência que o transformador consome na rede.


Anote os valores na tabela a seguir.

Passo Tensão de primário (V) Corrente de primário Potência de entrada


(A) ou fornecida (VA)
10 (sem carga)
11
12
13
13
13

17. Calcule o rendimento para cada carga do transformador. Use os dados das tabelas e a
seguinte fórmula:

Passo Rendimento
Potência de saída 10
η = x 100%
Potência de entrada 11
12
13
η = -------------------------- 13
13

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 219


Máquinas Elétricas

18. Em qual valor de resistência o transformador apresentou melhor rendimento? Por quê?

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 220


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Polarizar Bobinas de Transformador Trifásico

Um transformador trifásico eqüivale a três transformadores monofásicos montados em um


mesmo núcleo.

Neste ensaio, você vai polarizar corretamente as bobinas do primário e secundário das três
fases de um transformador trifásico.

Equipamento

• Multímetro digital ou analógico

• Amperímetro portátil CA 0-5A

Material necessário

• Transformador trifásico 220V / 12V+12V

• Fita crepe para identificação dos terminais

• Fios de ligação

• Prancha didática

Procedimento

1. Com o multímetro, identifique os enrolamentos do primário e do secundário do


transformador.

2. Mantendo os terminais dos secundários abertos, ligue o primário em estrela e alimente-o


com 220V conforme diagrama a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 221


Máquinas Elétricas

3. Meça as correntes de linha

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 222


Máquinas Elétricas

4. Os resultados das medições poderão ser de dois tipos. Assim, assinale a alternativa que
você encontrou e proceda conforme o que nela está orientado.

( ) As três correntes são aproximadamente iguais. Neste caso, o enrolamento está


polarizado corretamente. Passe para o passo 7.

( ) As três correntes são diferentes. Um enrolamento está invertido e precisa ser


corrigido. Passe para o passo 5.

5. Desligue a alimentação do primário e inverta os terminais da bobina A.

Observação

Pode ocorrer uma pequena diferença a menor da corrente na bobina central em virtude da
dispersão magnética dessa bobina ser menor.

6. Ligue o primário novamente e meça as correntes de linha e verifique se elas são iguais.
Agora pode acontecer que as três correntes sejam iguais. Nesse caso, a bobina da fase A é
que estava invertida. Porém, se forem diferentes, a bobina A deverá voltar a posição original
e a bobina B será invertida. Esse procedimento deve ser repetido até se conseguir que as
três correntes fiquem iguais.

7. Conforme o esquema abaixo, numere os terminais do primário.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 223


Máquinas Elétricas

8. Alimente apenas uma das fases do primário (face A, B ou C) com uma tensão de 110V.

9. Meça a tensão nos secundários.

10. Identifique os secundários referentes à fase alimentada e ligue-os em série aditiva.

Observação

Os secundários da fase alimentada são os que apresentam maior tensão. A série será
aditiva quando a tensão nas extremidades da associação for o dobro da tensão do
secundário, e deve permanecer em série até o final da experiência.

11. Para identificar as outras duas fases (B e C), repita os passos 9 e 10.

12. Siga o esquema abaixo e faça a ligação das séries aditivas em estrela.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 224


Máquinas Elétricas

13. Alimente o primário, ligado em estrela, com 220VCA e meça as tensões de linha no
secundário.

Observação

As tensões encontradas deverão ter o mesmo valor. Caso os valores sejam diferentes,
uma das fases do secundário está invertida. Para acertá-la, deve-se fazer tentativas no
sentido de inverter uma fase por vez e medir a tensão a cada inversão até encontrar
valores iguais, o que indica que as fases estão ligadas corretamente.

14. Numere os terminais do secundário conforme o esquema.

Observação

Essas marcações serão usadas no próximo ensaio.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 225


Máquinas Elétricas

Ligar Transformador Trifásico

As ligações internas entre as três fases do transformador trifásico podem ser feitas em estrela
e em triângulo.

Neste ensaio, você vai fazer diversas combinações de ligações no transformador e aprenderá
a relação de transformação nas combinações dessa ligações.

Equipamento

• Multiteste digital ou analógico

• Amperímetro portátil CA 0-5A

Material necessário

• Transformador trifásico 220V / 12V+12V

• Cabos de ligação

Procedimento

1. Observe o esquema abaixo e faça a ligação Y/Y indicada.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 226


Máquinas Elétricas

2. Calcule a tensão de saída. Use a fórmula:

NX
EX = x EH = ----------------------
NH

3. Aplique tensão de 220V no enrolamento primário.

Observações

• Aplique tensão reduzida, por exemplo, 220V ou menos, se o transformador for de tensão
elevada (acima de 600V).

• Aplique tensão nominal se o transformador for de baixa tensão (até 600V).

Precaução

Se, ao aplicar tensão no transformador, o amperímetro registrar corrente acima de 1A,


desligue imediatamente o circuito, pois há ligação errada.

4. Faça as leituras de X1 X2 – X1 X3 – X2 X3. Anote os valores na coluna Y da tabela abaixo.


Os valores medidos deverão ser iguais.

Primário
Y ∆
EX1 X2
EX1 X3
EX2 X3

5. Compare o valor calculado (passo 2) com os valores das medições e escreva sua
conclusão.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 227


Máquinas Elétricas

6. Faça a ligação estrela-triângulo, conforme o esquema a seguir.

7. Calcule a tensão de saída usando a seguinte fórmula.

NX EH
EX = . = ----------------
NH 3

8. Repita os passos 3, 4 e 5 e anote os valores na coluna Y da tabela abaixo.

Primário
Y ∆
EX1 X2
EX1 X3
EX2 X3

Conclusão

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 228


Máquinas Elétricas

9. Faça a ligação Y/YY conforme o esquema a seguir.

10. Calcule a tensão de saída. Use a seguinte fórmula.

NX
EX = 2 . EH = _____
NH

11. Repita os passos 3, 4 e 5, anotando os dados na coluna Y da tabela a seguir.

Primário
Y ∆
EX1 X2
EX1 X3
EX2 X3

Conclusão

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 229


Máquinas Elétricas

12. Faça a ligação Y / ∆∆ conforme o esquema.

13. Calcule a tensão de saída pela seguinte fórmula

NX
.E H
EX =
2 = ____
NH . 3

14. Repita os passos 3, 4 e 5, anotando os valores na coluna Y da tabela a seguir.

Primário
Y ∆
EX1 X2
EX1 X3
EX2 X3

Conclusão

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 230


Máquinas Elétricas

15. Refaça os ensaios desde o passo 4 com o primário conectado em triângulo. Anote os
resultados na coluna ∆.

Observação

A tensão a ser aplicada na ligação em triângulo deve ser igual à aplicada na ligação em
estrela, dividida pela raiz de 3.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 231


Máquinas Elétricas

Montar Banco de Transformadores

A função dos transformadores trifásicos é abaixar ou elevar a tensão a níveis desejados para
os sistemas trifásicos.

Através deste ensaio você aprenderá como montar um banco de transformadores e como
verificar sua potência.

Equipamento

• Multímetro digital ou analógico

• Amperímetro portátil CA 0-5A

Material necessário

• 3 transformadores monofásicos 220V/110, 100VA

• 3 lâmpadas de 110V/60W com soquete

• Fios para ligação

Procedimento

1. Com o ohmímetro, identifique os enrolamentos de 127V e 220V dos transformadores,


marcando com H1 e H2 os terminais de 220V (resistência mais alta) e X1 e X2 os terminais
de 127V (resistência mais alta).

2. Monte o circuito a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 232


Máquinas Elétricas

3. Aplique no primário (H1 e H2) uma tensão de 110V.

4. Meça a tensão entre os pontos H2 – X1.

Observação

Se a tensão medida for maior que 110V (polaridade aditiva), a identificação dos terminais
H1, H2 e X1 , X2 está correta. Contudo, se a tensão for menor do que 110V (polaridade
subtrativa), inverta a identificação nos terminais X1 e X2.

5. Repita as operações dos itens 1 a 4 com os outros dois transformadores.

6. Com os três transformadores identificados, monte o banco de transformadores ligados em


triângulo/triângulo, conforme a figura a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 233


Máquinas Elétricas

7. Ligue ao secundário do banco as lâmpadas E1, E2, E3 de 130V/60W, conforme o circuito a


seguir.

8. Conecte o primário do banco à rede de 220V. Meça no secundário as correntes que


circulam nas linhas e lâmpadas, anotando seus valores.

IL1 ____________ IE1 ____________


IL2 ____________ IE2 ____________
IL3 ____________ IE3 ____________

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 234


Máquinas Elétricas

9. Comprove a relação entre a corrente de linha e a corrente de fase. Para isso, aplique a
fórmula: IL = IF . 3

10. Meça e anote a tensão no secundário do banco.

EL1 – L2 ____________
EL1 – L3 ____________
EL2 – L3 ____________

11. Com os valores obtidos, calcule a potência dissipada pelas lâmpadas e a potência
fornecida pelo banco de transformadores. Para isso utilize as seguintes fórmulas:

P = E . IE (potência dissipada por uma lâmpada)


PT = E . IL . 3 (potência fornecida pelo banco)
P = ____________
PT = ____________

12. Desligue o banco de transformadores da rede e retire um dos transformadores.

13. Ligue novamente à rede trifásica o banco de transformadores conforme o circuito a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 235


Máquinas Elétricas

14.Meça novamente as correntes de linha e as correntes das lâmpadas.

IL1 ____________ IE1 ____________


IL2 ____________ IE2 ____________
IL3 ____________ IE3 ____________

15. Com os valores obtidos, calcule a potência dissipada pelas lâmpadas e a potência
fornecida pelo banco de transformadores. Para isso, utilize as seguintes fórmulas:

P = E . IE (potência dissipada por uma lâmpada)


Pt = E . IL (potência fornecida pelo banco).
P = ____________ Pt = ____________

16. Por que os resultados dos passos 11 e 15 diferem entre si?

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 236


Máquinas Elétricas

Desmontar e Montar Máquina Elétrica Giratória

Neste ensaio, você vai aprender todos os passos necessários à desmontagem e à montagem
de máquinas giratórias.

Material necessário

• Extrator para polia

• Martelo de bola

• Punção de bico

• Jogo de chaves apropriadas à máquina a ser desmontada

• Saca-rolamento

• Tarugo de cobre

• Pincel

• Solvente para graxa

• Graxa para rolamento

Procedimento

1. Antes de desmontar a máquina giratória, anote os seguintes dados retirados da placa do


fabricante.

Marca ___________________ Tipo ____________________


Tensão __________________ Corrente _________________
RPM ____________________ Potência _________________
o
N de fabricação ________________________________________________
Outros ________________________________________________________

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 237


Máquinas Elétricas

2. Solte e retire o parafuso da polia.

3. Retire a polia com o auxílio de um extrator apropriado.

4. Retire a chaveta.

Observação

Guarde todas as peças em recipiente destinado a esse fim.

5. Com um punção de bico, de um golpe leve de modo a marcar a tampa do lado da ponta de
eixo. Marque a carcaça do motor na mesma direção e usando o mesmo procedimento.

Observações

a) É importante marcar o lado da saída do eixo para que, após a montagem, o motor fique
com as características originais.

b) Verificar se não existem marcas feitas anteriormente que possam confundir durante a
montagem.

6. Marque a outra tampa da mesma forma em outros dois pontos distintos.

7. Com o auxílio de uma chave adequada, remova os parafusos de fixação das tampas e
solte-as.

Observação

Se a máquina tiver mancais de rolamentos, remova os parafusos e solte a tampa do


mancal.

8. Remova todas as peças que unem as tampas ao rotor.

9. Retire as escovas.

10. Para soltar o porta-escovas, bata na ponta do eixo através de um tarugo de alumínio,
bronze ou madeira a fim de soltar a tampa traseira.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 238


Máquinas Elétricas

Observação

Ao retirar o conjunto da tampa traseira e rotor, tome cuidado para não danificar o
enrolamento.

11. Golpeie os ressaltos da tampa com um calço de madeira ou tarugo de bronze e martelo e
afrouxe-a.

Precaução

Cuidado para não danificar o encaixe.

Observações

• Alguns motores dispõem de orifícios rosqueados nas tampas para facilitar a remoção.
Nesse caso, não bata na tampa para afrouxá-la, solte os parafusos.

• Se houver interruptor centrífugo com acoplamento mecânico, solte-o ou desfaça a


ligação. Faça um diagrama das ligações para facilitar a religação na montagem

12. Retire a tampa cuidadosamente.

13. Segure o motor com as duas mãos e retire-o com cuidado, para não roçar o enrolamento.

14. Remova os mancais.

Observações

• Se os mancais forem de buchas, verifique o lado do encosto, e saque-o pelo lado


oposto ao encosto. Use um tarugo de bronze e martelo.

• Se os mancais forem de rolamento, ajuste o saca-rolamento do anel interno do


rolamento. Gire o parafuso até que o rolamento se solte como mostra a figura a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 239


Máquinas Elétricas

15. Faça uma limpeza e verificação do enrolamento como é mostrado no capítulo


Componentes mecânicos de máquinas elétricas.

16. Avalie o estado do enrolamento do motor.

17. Para montar a máquina giratória, inicialmente limpe e lubrifique o eixo que irá receber o
rolamento.

Observação

Verifique se o eixo está retificado em toda a sua extensão, pois ele pode ter sido
danificado durante a desmontagem. Providencie a retificação, caso isso seja necessário.

18. Introduza o rolamento com o auxílio de um balancim e um tubo entre o balancim e o anel
interno do rolamento.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 240


Máquinas Elétricas

19. Introduza o outro rolamento, repetindo os passos anteriores.

20. Coloque o rotor defronte à carcaça.

Observação

Certifique-se de que a ponta do eixo esteja do lado correto, de acordo com a marcação
efetuada durante a desmontagem.

21. Levante o rotor com ambas as mãos e introduza-o na carcaça sem roçar nas bobinas.

Precaução

Quando os rotores são muito pesados, deve-se pedir auxílio a outra pessoa, ou então,
usar uma talha apropriada.

22. Encoste uma das pontas do eixo do rotor em um apoio firme.

23. Coloque umas das tampas levemente com macete de borracha sobre diversos pontos da
borda onde o enrolamento está alojado.

Observação

Verifique se essa tampa está colocada no lado e na posição corretos, conferindo com a
marcação feita com o punção durante a desmontagem.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 241


Máquinas Elétricas

24. Coloque os parafusos e aperte-os alternadamente até que a tampa se encaixe no rebaixo
da carcaça.

Observação

Não aperte os parafusos totalmente.

25. Coloque a outra tampa, repetindo os passos anteriores.

26. Posicione uma das tampas externas do rolamento.

27. Gire o rotor manualmente para que os orifícios da tampa e contratampa do rolamento e da
tampa da carcaça se alinhem.

28. Introduza um parafuso e gire-o suavemente até conseguir roscá-lo na contratampa.

29. Coloque os outros parafusos da mesma maneira.

30. Aperte os parafusos suave e alternadamente até que a tampa do enrolamento seja
introduzida em seu encaixe.

31. Coloque a outra tampa do enrolamento, repetindo os passos anteriores.

32. Aperte os parafusos.

33. Aperte os parafusos das tampas da carcaça alternadamente.

34. Verifique manualmente se o eixo gira livremente.

35. Aperte alternadamente os parafusos das tampas dos enrolamentos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 242


Máquinas Elétricas

Verificar o Funcionamento de Motor Monofásico

Como exemplo de motores monofásicos de CA, podemos citar o motor universal e o motor de
indução. Dentre os motores de indução, conforme o tipo de partida, está o motor de fase auxiliar.

Neste ensaio, você vai verificar como funciona esse tipo de motor e identificar os seguintes
parâmetros: resistência de isolação, resistência dos bobinados, rpm, velocidade angular, potência,
fato de potência, corrente, tensão, rendimento.

Equipamento

• Motor monofásico de fase auxiliar de 0,5cv, 110/220V, 60Hz, 1750rpm

• Megômetro

• Ponte de Wheatstone

• Tacômetro

• Wattímetro

• Voltímetro

• Amperímetro

• Fasímetro

• Freio de prony

Material necessário

• Cabinhos com pinos-banana nas pontas

• Circuito com proteção de curto-circuito

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 243


Máquinas Elétricas

Procedimento

1. Meça a resistência de isolação. Anote os valores medidos em MΩ.

a) entre cada metade do enrolamento principal = ________

b) entre a primeira metade do enrolamento principal e o enrolamento auxiliar = ________

c) entre a segunda metade do enrolamento principal e o enrolamento auxiliar = ________

d) entre a primeira metade do enrolamento principal e a massa = ________

e) entre a segunda metade do enrolamento principal e a massa = ________

f) entre o enrolamento auxiliar e a massa = ________

2. A capacidade de isolação é adequada?

( ) Sim ( ) Não

3. Meça as resistências dos bobinados. Anote os valores medidos.

1 3 _____________
2 4 _____________
5 6 _____________

4. Faça a ligação para que o motor funcione em 110V. Deixe a ponta no 5 isolada em
separado.

5. Energize rapidamente o motor. O que aconteceu? Por quê

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 244


Máquinas Elétricas

6. Ligue a ponta 5 corretamente e ligue o motor novamente. Qual o sentido do giro?

( ) Para a esquerda ( ) Para a direita

7. Qual enrolamento ficou desenergizado?

8. Qual a função da ponta 5 no motor?

9. Introduza um amperímetro e um voltímetro no circuito. Faça as medições e preencha a


tabela a seguir.

Observação

Introduza um shunt no amperímetro para conter a corrente de partida do motor.

Sentido de E IO IpO n
rotação

Esquerda
Direita

10. Faça a ligação para 220V e energize o motor. Qual é o sentido de rotação?

( ) Para a esquerda ( ) Para a direita

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 245


Máquinas Elétricas

11. Refaça as medições e preencha a tabela a seguir.

Sentido de E IO IpO n
rotação

Esquerda
Direita

12. Inverta a rotação do motor.

13. Monte o circuito a seguir com o motor, o wattímetro, o fasímetro, o amperímetro e o


voltímetro.

14. Confira o circuito montado.

15. Instale shunts nas partes amperimétricas do wattímetro, do fasímetro e do amperímetro.

16. Ligue o circuito à rede elétrica.

17. Retire os shunts.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 246


Máquinas Elétricas

18. Anote os valores da potência, do fator de potência, da corrente, da tensão e da freqüência


de rotação em vazio (N).

P
IO
N
FP
V

19. Complete a tabela a seguir com os valores da corrente, da potência e da rotação. Calcule
os valores da potência aparente, do fator de potência, do rendimento e da potência ativa e
complete a tabela abaixo com os valores calculados.

Valores medidos sem carga Valores calculados


E IO WO cos n Pa cos P
220v

20. Desligue o circuito.

21. Explique com suas palavras, por que há diferenças entre os valores medidos e os valores
calculados.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 247


Máquinas Elétricas

Levantar Parâmetros de Motor Trifásico

Através deste ensaio, será possível verificar o funcionamento de um motor trifásico de CA e


determinar seus principais parâmetros. Para isso, você vai testar o conjugado nominal e o motor com
carga. Vai testar também o rotor travado.

Equipamento

• Megôhmetro

• Tacômetro

• Alicate amperimétrico

• Wattímetro trifásico de 0 a 1kW

• Amperímetro de 0 a 1A

• Amperímetro de 0 a 5A

• Voltímetro de 0 a 250V

• Circuito trifásico com proteção de curto-circuito

• Dispositivo para travar mecanicamente o eixo do rotor

• Varivolt trifásico

Material necessário

• Cabinhos com pinos-banana nas pontas

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 248


Máquinas Elétricas

Procedimento

1. Faça o teste de isolação e anote os valores a seguir.

1- = ____________
2- = ____________
3- = ____________
1e2 = ____________
2e3 = ____________
1, 2, 3 e = ____________

2. Meça a resistência dos condutores do bobinado e complete a tabela a seguir.

1 4 = ____________
2 5 = ____________
3 6 = ____________

3. Calcule a potência aparente deste motor a plena carga. Use a fórmula Pa = EL . IL . 3.

Pa = ____________VA

4. Calcule a potência real deste motor a plena carga. Use a fórmula P = Pa . cosφ. Considere
cosφ = 0,85.

P = ____________W

5. Faça o teste de funcionamento.

6. Para testar o motor com carga, acople-o ao freio.

7. Monte o circuito conforme o diagrama a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 249


Máquinas Elétricas

8. Energize e desenergize o motor para verificar o sentido de rotação. Inverta o sentido, se


necessário.

9. Energize o motor e coloque carga até atingir a corrente nominal do motor. Faça a leitura dos
instrumentos e anote o resultado na tabela a seguir na linha que indica 100% de carga.

Fração Carga Força (N) EL L P N


% (V) (A) (W) (rpm)
1/4 25
2/4 50
3/4 75
4/4 100
5/4 125

10. Varie a carga nas frações indicadas na tabela do passo anterior e anote os valores
indicados pelos instrumentos.

11. Calcule o fator de potência a plena carga.

P = _____________ W

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 250


Máquinas Elétricas

12. Calcule a potência mecânica ( em CV) fornecida no eixo do motor a plena carga.

Pmec = ______________ CV

13. Calcule o conjugado do binário do eixo a plena carga.

Conj ____________

14. Calcule o deslizamento a plena carga.

Desl. _____________

15. Calcule o rendimento do motor a plena carga.

Rend _____________

16. Na tabela a seguir, anote os valores calculados anteriormente e calcule os valores


referentes às frações de carga.

Fração Carga Força (N) EL L P N


% (V) (A) (W) (rpm)
1/4 25
2/4 50
3/4 75
4/4 100
5/4 125

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 251


Máquinas Elétricas

17. Construa o gráfico do conjugado que o motor fornece em função da potência mecânica.

18. Construa o gráfico da rotação assíncrona em função da potência mecânica pela rotação
síncrona.

19. À medida que a carga é aumentada, o que acontece com a rotação do motor?

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 252


Máquinas Elétricas

20. Construa o gráfico do rendimento em função da potência mecânica e o gráfico do fator de


potência em função da potência mecânica.

21. Responda:

a. Em qual instante de rotação o motor apresenta melhor rendimento?

b. Com qual porcentagem de carga o motor apresenta melhor cosφ?

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 253


Máquinas Elétricas

c. Em qual situação o motor apresentou maior economia de energia elétrica?

22. Para testar o conjugado nominal, monte o circuito a seguir.

23. Instale o shunt nos terminais do amperímetro.

24. Energize o motor na sua tensão nominal e verifique o sentido de rotação de acordo com o
dinamômetro, Inverta-o, se necessário.

25. Energize o motor e retire o shunt do amperímetro.

26. Ligue o circuito do freio.

27. Aumente a carga lentamente até que a corrente do motor atinja o valor nominal.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 254


Máquinas Elétricas

28. Com o auxílio do tacômetro, meça a rotação do motor.

N = ____________rpm

29. Retire lentamente a carga do motor.

30. Desligue o freio.

31. Anote o valor da força (em N) indicado pelo ponteiro de arrasto do dinamômetro.

F = ____________ [N]

32. Calcule o conjugado nominal no eixo do motor. Use a seguinte fórmula: Cn = F . R.

Cn ____________

33. Para realizar o teste de rotor travado, acople o disco de alumínio ao disco de eletroímãs
com o auxílio do trava-disco rotativo.

34. Coloque o ponteiro de arrasto do dinamômetro no valor zero.

35. Ligue o motor a um varivolt trifásico conforme a figura a seguir.

36. Aplique alguns volts ao circuito e verifique se o sentido de rotação está correto, Corrija-o
se necessário.

37. Aumente a tensão do varivolt trifásico lentamente até a corrente do motor atingir o valor
nominal.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 255


Máquinas Elétricas

38. Abaixe o valor do varivolt até zero e desligue-o.

39. Anote o valor da força (em N) indicado pelo ponteiro de arrasto do dinamômetro.

F = ____________ [N]

40. Retire o trava-disco rotativo.

41. Calcule o valor do conjugado de partida. Use a fórmula: CP = F . r

CP = ____________

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Verificar o Funcionamento de Motor com Rotor Bobinado

Neste ensaio, você vai verificar as resistências de isolação e as resistências dos enrolamentos.
Vai também determinar a tensão de rotor e medir os valores do motor e da corrente do estator.

Equipamento

• Megôhmetro

• Ponte de Wheatstone

• Freio de Prony

• Tacômetro

• Amperímetro de 0 a 5A

• Amperímetro de 0 a 10A

• Voltímetro de 0 a 150V

• Wattímetro monofásico

• Termômetro

Material necessário

• Cabos para conexões

• Chaves fixas

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 257


Máquinas Elétricas

Procedimento

1. Meça a resistência de isolação do estator.

R ( medida a _____________ºC )

2. Meça a resistência de isolação do rotor.

R ( medida a _____________ºC )

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 258


Máquinas Elétricas

3. Meça e calcule a resistência dos condutores por fase de rotor.

Resistência Resistência
calculada Medida
RA = R1 + R2 = RA =
RB = R2 + RR = RB =
RC = R3 + R1 = RC =

4. Se RA = RB = RC, isso significa que o rotor:

( ) Está em curto-circuito

( ) está em boas condições

( ) tem um dos enrolamentos interrompidos

( ) tem todos os enrolamentos interrompidos

5. Monte o circuito conforme o diagrama abaixo. Adote, no motor, a correção de ligação


conforme a tensão disponível.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 259


Máquinas Elétricas

6. Ajuste o reostato para a resistência máxima (100%). Energize o motor sem carga e meça o
valor de tensão ER. Anote o resultado no quadro do passo 7.

7. Diminua o valor da resistência em 50% e meça o valor e ER, da corrente do estator e a


rotação. Anote o resultado no quadro do passo 7.

8. Diminua totalmente o valor da resistência, colocando o reostato em curto-circuito (fechado)


e meça o valor de ER, da corrente do estator e a rpm. Anote o resultado no quadro a seguir.

Resistência Corrente Tensão RPM


do reostato no estator no rotor
100%
50%
Fechado

9. Compare os valores anotados na tabela e descreva o funcionamento do motor e rotor


bobinado

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 260


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Identificar Elementos de Máquina CC

Neste ensaio, você vai aprender a identificar os elementos das máquinas de CC. Vai também
medir a resistência desses elementos.

Equipamento

• Máquina de CC

• Multímetro

Material necessário

• Pontas de prova

• Fita crepe

Procedimento

1. Meça a resistência da bobina de campo em paralelo, da bobina de campo em série e da


armadura da máquina de CC.

Bobina de campo em paralelo _____________


Bobina de campo em série _______________
Armadura _____________________________

2. Anote a seguir o maior valor de resistência encontrado e o elemento que apresentou esse
valor.

O maior valor de resistência ____________________________________________


O elemento é________________________________________________________

3. Com a fita crepe, identifique as duas extremidades do elemento que apresentou maior
resistência.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 261


Máquinas Elétricas

4. Meça novamente o campo série e a armadura. Qual é o elemento de mais baixa


resistência? Qual seu valor ôhmico?

O elemento é________________________________________________________
Seu valor ôhmico é___________________________________________________

5. Anote o valor ôhmico do último elemento.

Valor ôhmico_______________________________________________________

6. Gire lentamente o eixo da máquina. O que acontece com o valor ôhmico da armadura? Por
quê?

7. Mostre os resultados obtidos ao seu instrutor. Explique oralmente como você chegou aos
resultados e como pode afirmar com segurança que os elementos identificados estão
corretos.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 262


Máquinas Elétricas

Comprovar o Funcionamento de Gerador CC

Neste ensaio, você vai comprovar as características de carga do gerador de excitação


independente e do gerador auto-excitado. Vai também levantar a curva de tensão da armadura, em
função da corrente de carga, e calcular o fator de regulação.

Equipamento

• Conjunto motor/máquina de CC

• Amperímetro CC, 10A

• Amperímetro CC, 5A

• Voltímetro CC, 250V

Material necessário

• Reostato de 250

• Diodos ou ponte retificadora

• Fios para conexão

• Fusíveis

• Chave de partida direta trifásica

• 5 lâmpadas de 127V/100W

• Receptáculos

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 263


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Procedimento

1. Para a comprovação das características de carga do gerador de excitação independente,


monte o circuito a seguir.

127 V

2. Faça a ligação do motor trifásico em triângulo. Não ligue o motor antes de conferir a ligação
com o seu instrutor.

3. Verifique o sentido de rotação e inverta-o se for necessário.

4. Conserve o reostato de campo na máxima resistência e mantenha as lâmpadas desligadas.


Aplique tensão no campo através da ponte retificadora. Ajuste o reostato para que a tensão
de saída do gerador seja 125V (tensão nominal).

5. Ligue o interruptor da primeira lâmpada e anote o valor das correntes e da tensão da carga
na tabela a seguir.

Lâmpada Corrente de Corrente de Tensão gerada


campo carga
desligadas 125V
1
2
3
4
5

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 264


Máquinas Elétricas

6. Ligue mais uma lâmpada e anote os valores na tabela do passo 5. Repita esse
procedimento até que todas as lâmpadas estejam acesas (isso deve corresponder à
potência máxima do gerador).

7. Qual é o comportamento da corrente de campo à medida a carga é imposta ao gerador?


Por quê?

8. Calcule o valor da regulação empregando a seguinte fórmula:

Regulação da tensão = tensão sem carga - tensão com carga máxima . 100
tensão com carga máxima

Regulação da tensão = ____________

9. Com os dados da tabela do passo 5, desenhe a curva de tensão gerada (eixo Y) em função
da corrente de carga (eixo X).

10. Pode-se afirmar que esse gerador apresenta uma boa regulação? Por quê?

11. Para a comprovação das características de um gerador auto-excitado, monte o circuito a


seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 265


Máquinas Elétricas

12. Faça a ligação do motor trifásico em triângulo. Não ligue o motor antes de conferir a
ligação com o seu instrutor.

13. Verifique o sentido de rotação e inverta-o se for necessário.

14. Ajuste o valor do reostato de campo para obter o valor nominal de saída e anote esse
valor na tabela a seguir.

Lâmpada Corrente de Corrente de Tensão gerada


campo carga
desligadas 125V
1
2
3
4
5

15. Ligue a primeira lâmpada. Anote o valor da corrente e da tensão na tabela do passo
anterior, sem alterar o valor do reostato de campo.

16. Ligue mais uma lâmpada e anote os valores na tabela. Repita esse procedimento até que
todas as lâmpadas estejam acesas, o que deve corresponder à potência máxima do
gerador.

17. Calcule o fator de regulação.

Fator de regulação = ____________

18. Com os dados da tabela, desenhe a curva gerada (eixo Y) em função da corrente de
carga (eixo X).

19. Com uma caneta de outra cor, desenhe no gráfico do passo anterior a curva obtida no
passo 9.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 266


Máquinas Elétricas

20. Analise o gráfico obtido após o passo 19. O que você pode concluir sobre os dois tipos de
ligação? Qual é a melhor? Por quê?

21. Com base em suas observações, cite duas vantagens do gerador auto-excitado em
relação ao gerador de excitação independente.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 267


Máquinas Elétricas

Verificar o Funcionamento de Motor CC

Neste ensaio, você vai verificar o funcionamento do motor de CC com carga e o


comportamento das correntes pelos enrolamentos do motor. Vai também utilizar um motor trifásico
como unidade de carga.

Equipamento

• Máquina de CC (conjunto motor/gerador)

• Amperímetro

Material necessário

• Cabos de ligação

• 3 pontes retificadoras

• Reostatos

Procedimento

1. Monte o circuito da figura a seguir.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 268


Máquinas Elétricas

2. Monte o circuito abaixo para que seja simulada uma carga para o motor de CC.

Observação

Este tipo de ligação é atípico e deve ser usado apenas em ensaios de curta duração. Neste
circuito, nunca se deve deixar que a corrente exceda a corrente nominal do motor trifásico
para ligação Y.

3. Ajuste o reostato R1 na posição intermediária e R2 para a máxima resistência e energize o


circuito.

4. Ajuste a corrente no motor trifásico de tal forma que ela seja 80% da corrente nominal.

5. Dê a partida, alimentando o motor de CC, e gire o cursor do reostato de armadura (R2)


lentamente até que a resistência seja igual a zero ohms.

6. Meça a corrente do motor e anote o resultado.

IM ____________ A

7. Posicione o reostato de campo para a máxima resistência.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 269


Máquinas Elétricas

8. Meça e anote o valor da corrente.

I ____________ A

9. Responda:

a. O que aconteceu com o valor da corrente? Por quê?

b. O que aconteceu com a RPM do motor? Por quê?

10. Posicione o reostato de campo para a mínima resistência.

11. Meça e anote o valor da corrente.

I _____________ A

12. Responda:

a. Houve variação muito acentuada da corrente? Por quê?

b. O que aconteceu com a RPM da máquina?

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 270


Máquinas Elétricas

c. Qual a finalidade do reostato de campo?

d. Qual a função do reostato da armadura?

13. Meça a rotação mínima e máxima do motor. Anote os resultados.

Rotação máxima _____________RPM


Rotação mínima _____________ RPM

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SENAI-SP. Eletricista de manutenção Ill - Comandos eletroeletrônicos. Por Regina Célia


Roland Novaes. São Paulo, 1994.

SENAI-SP. Eletropneumática. Por Ilo da Silva Moreira. São Paulo, 1999.

SENAI-SP. Manutenção mecânica: Circuitos hidráulicos e pneumáticos. Por Carlos


Aparecido Cavichioli. São Paulo, 1993.

ESCOLA SENAI “ALMIRANTE TAMANDARÉ” 271

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