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PLANEJAMENTO PARA A GESTÃO
INTEGRADA DE RECURSOS
HÍDRICOS

Início.
Compromisso do
Governo.
Equipe formada

Visão/política
Compromisso
com a GIRH

Análise de situações
Avaliação
Problemas,
Avaliação do Situação da GIRH.
progresso. Identificação
Revisão do plano Plano de trabalho de metas.
Conscientização
Participação dos
atores
Compromisso
político.
Implementação Escolha
Ação legal, Estratégica.
institucional e Metas priorizadas
de gestão. Estratégia
Capacitação selecionada
Minuta de Plano
de GIRH
Aprovação política e
dos atores

Manual de Capacitação e Guia


Operacional

Março 2005

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 1


Índice do Conteúdo
PREFÁCIO......……………………………….………………………………………………………….......................…………………………………….......4

PARTE 1. Material de Capacitação.

1. INTRODUÇÃO A GIRH ................................................................................................................................................................7


1.1. O QUE É A GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS?.............................................................................7
1.2. POR QUE A GIRH? ..............................................................................................................................................................7
1.3. TEMAS CHAVES PARA GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS .......................................................8
1.4. PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................................10
1.5. USOS DA ÁGUA, IMPACTOS E BENEFÍCIOS ............................................................................................................12
1.6. IMPLANTANDO A GIRH .................................................................................................................................................14
2. PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARA A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: UMA INTRODUÇÃO ...................18
2.1. POR QUE PLANEJAR A GIRH? .....................................................................................................................................18
2.2. O QUE ESPERAMOS ALCANÇAR?...............................................................................................................................18
2.3. ASSUMA UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA..........................................................................................................18
2.4. O CICLO DE PLANEJAMENTO .....................................................................................................................................19
3. INICIANDO O PROCESSO DE PLANEJAMENTO .................................................................................................................23
3.1. QUAIS SÃO OS PRODUTOS ESPERADOS...................................................................................................................23
3.2. INÍCIO ..................................................................................................................................................................................23
4. DESENVOLVENDO O PLANO DE TRABALHO......................................................................................................................29
4.1. QUAIS SÃO OS PRODUTOS ESPERADOS?.................................................................................................................29
4.2. MOBILIZAÇÃO ..................................................................................................................................................................30
4.3. COMPROMISSO POLÍITICO..........................................................................................................................................31
4.4. PARTICIPAÇÃO DE ATORES ........................................................................................................................................33
4.5 CAPACITAÇÃO...................................................................................................................................................................37
5. ESTABELECENDO UMA VISÃO ESTRATÉGICA ..................................................................................................................39
5.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?............................................................................................................39
5.2. POR QUE É IMPORTANTE UMA VISÃO DE ÁGUA? ..............................................................................................39
5.3. ETAPAS NA ELABORAÇÃO DE UMA VISÃO DE RECURSOS HÍDRICOS .........................................................41
6. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ............................................................................................................................................................44
6.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?............................................................................................................44
6.2. O QUE É NECESSÁRIO SER ALCANÇADO ................................................................................................................44
6.3. ETAPAS NA REALIZAÇÃO DE UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO ...........................................................................45
6.4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ...........................................................................................47
6.5. QUESTÕES DE INTERESSE PARA OS ATORES........................................................................................................49
7. OPÇÕES IDENTIFICADAS DE ESTRATÉGIAS EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS............................................53
7.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?............................................................................................................53
7.2. ONDE COMEÇAR. .............................................................................................................................................................53
7.3. ESCOPO DAS DECISÕES SOBRE ESTRATÉGIA.......................................................................................................54
7.4. ESTRUTURA PARA TOMADA DE DECISÕES SOBRE ESTRATÉGIA. ...............................................................56
7.5. ÁREAS DE MUDANÇA DE GIRH ..................................................................................................................................58
8. O PLANO DE GIRH PRONTO E APROVADO..........................................................................................................................64
8.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?............................................................................................................64
8.2. QUATRO QUESTÕES .......................................................................................................................................................64

2 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


8.3. APROVAÇÃO DE PLANOS..............................................................................................................................................67
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................................69
ANEXO 1 ............................................................................................................................................................................................71
ANEXO 2 EXEMPLO DE ESTRATÉGIA DE RECURSOS HÍDRICOS ....................................................................................73

PARTE 2. Guia Operacional

1. ANOTAÇÕES DOS FACILITADORES ......................................................................................................................................76


INTRODUZINDO O CURSO. ..................................................................................................................................................76
SEÇÃO 1. INTRODUÇÃO A GIRH ......................................................................................................................................77
SEÇÃO 2. PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARA A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS, UMA
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................................78
SEÇÃO 3. INICIANDO O PROCESSO DE PLANEJAMENTO .........................................................................................80
SEÇÃO 4. ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO. .................................................................................................82
SEÇÃO 5. ESTABELEÇA A VISÃO ESTRATÉGICA........................................................................................................84
SEÇÃO 6. ANÁLISE DE SITUAÇÃO. ....................................................................................................................................86
SEÇÃO 8. O PLANO DE GIRH PRONTO E APROVADO .................................................................................................90
ESTIMULANTES .......................................................................................................................................................................93
2. AMOSTRA DE UM PROGRAMA DE CURSO...........................................................................................................................98

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 3


Nota

Este material de capacitação destina-se a um curso de 3 a 4 dias sobre como elaborar


um plano de gestão de recursos hídricos que atenda aos princípios de GIRH. O curso
tem limitações de tempo que afetam o aprofundamento sobre o conteúdo, e a
focalização está voltada para o processo. O que se deseja é que esta introdução
limitada possa trazer também uma visão de outras ferramentas e técnicas que serão
necessárias. Estão identificadas as ferramentas úteis para apoiar o processo de
planejamento, em cada uma das etapas.

Embora este material esteja orientado para planos nacionais de GIRH, pode ser
adaptado facilmente para o planejamento em nível de bacia. Os capacitadores são
encorajados a serem criativos para adaptar o material deste Manual para atender às
condições específicas.

Agradecimentos

O material de referência listado tem sido usado intensamente e algumas vezes é usado
integralmente. Os autores são da rede CAP-NET e GWP e incluem Paul Taylor,
Lewis Jonker, Emmanuel Donkor, Diana Guio, Ibrahima Mbodji, Charles Mlingi da
CAP-NET e Jan Hassing e Daniel Lopez da GWP. Material adicional vem sendo
incorporado a partir das atividades de capacitação subseqüentes e o documento
continuará sendo atualizado sempre que oportuno.

Este material de capacitação pode ser obtido na:


http://www.cap-net.org/captrainingmaterialsearchdetail.php?TM_ID=67 e
www.gwpforum.org
ou solicitado em CD com todas as referências de apoio pelo info@cap-net.org

4 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Prefácio

Respondendo a solicitações internacionais por ações ou reconhecendo simplesmente a


necessidade urgente de resolver os problemas da água em escala nacional e local,
muitos de nós confrontamos com a necessidade de nos envolver em planejamento
para a ação. A meta principal de trazer a gestão de recursos hídricos é a
sustentatibilidade, mas deve vir acompanhada também da eqüidade social e eficiência
econômica. A abordagem adotada para melhorar a gestão de recursos hídricos é
baseada no envolvimento dos atores no planejamento e no processo de tomada de
decisão. Conseqüentemente, a preparação dos planos de gestão de recursos hídricos
pode exigir mais envolvimento do que o planejamento governamental convencional.

A formulação de uma estratégia de recursos hídricos é uma etapa inicial na maneira


de elaborar um plano onde as metas básicas e os objetivos precisam ser estabelecidos
e a definição das principais mudanças acordada antes de entrar no detalhamento do
plano.

Este módulo de capacitação e guia operacional é destinado a auxiliar às pessoas


daqueles países que estão desenvolvendo uma estratégia de gestão de recursos
hídricos ou um plano de gestão de recursos hídricos. Os materiais estão associados,
particularmente às iniciativas que sendo tomadas pela Associação Mundial pela Água
(“Global Water Partnership (GWP)”) em vários países e podem ser usadas
conjuntamente com a publicação “Catalyzing Change (GWP, 2004)” (Catalizando
Mudanças) para informações adicionais e discussões .

Nós apoiamos fortemente a idéia de que planejar não é um exercício linear, mas, um
exercício circular e precisa ser acompanhado por uma avaliação periódica, avaliação
do progresso e re-planejamento. O material é apresentado com essa visão; embora ele
não se estenda até implementação do plano. A implantação é abordada em vários
outros materiais de capacitação da Cap-Net.

Esperamos que a utilização deste manual de capacitação possa ajudar a fazer a


diferença e catalisar mudanças positivas para o desenvolvimento sustentável Estes
materiais constituem uma base para a capacitação, mas precisa ser adaptado às
circunstâncias, ao idioma, à cultura e à experiência locais Por isso, nós apoiamos
fortemente o conceito de promoção de capacitação por instituições locais. Embora
dirigida ao planejamento nacional para a gestão integrada de recursos hídricos, o
material é facilmente adaptável para o planejamento em nível mais baixo como da
bacia ou planejamento de captação, no âmbito de uma estrutura político legal nacional
que adote os princípios da gestão integrada de recursos hídricos.

PAUL TAYLOR EMILIO GABRIELLI


DIRETOR EXECUTIVO SECRETÁRIO EXECUTIVO
CAP-NET ASSOCIAÇÃO MUNDIAL PELA ÁGUA
www.cap-net.org www.gwpforum.org

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 5


PARTE 1

Manual de Capacitação

6 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


1

1. INTRODUÇÃO A GIRH

1.1. O QUE É A GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS?

De maneira simples, a gestão integrada de recursos hídricos é um conceito lógico e


atrativo. A sua base considera que os múltiplos usos dos recursos hídricos são
interdependentes. O que é evidente para todos nós. Demandas elevadas de irrigação e
efluentes agrícolas poluídos significam que haverá menos água potável e para uso
industrial: efluentes municipais e industriais contaminados poluem rios e ameaçam
aos ecossistemas; se água tem que ser deixada em um rio para proteger a pesca e o
ecossistema, uma menor quantidade poderá ser desviada para cultivo agrícola. Existe
uma grande variedade de exemplos de que a utilização não regulada dos escassos
recursos hídricos causa desperdícios e é inerentemente insustentável.

Gestão integrada significa que todos os diversos usos de recursos hídricos são
considerados em conjunto. As alocações de água e decisões de gestão consideram
que os efeitos de cada uso sobre os demais. Essas decisões são capazes de levar em
conta todas as metas sociais e econômicas, inclusive alcançar o desenvolvimento
sustentável. Isto significa também assegurar a implantação de uma política coerente
em relação a todos os setores. Como veremos, o conceito básico da GIRH foi
estendido para incorporar à tomada de decisão participativa. Diferentes grupos de
usuários (fazendeiros, comunidades, ambientalistas…) podem influenciar nas
estratégias para o desenvolvimento e a gestão de recursos hídricos. Isto traz benefícios
adicionais, como os usuários informados aplicam auto-regulamentação em relação a
questões tais como conservação da água e proteção de áreas de captação mais efetiva
do que podem realizar uma regulamentação e supervisão centralizada..

Gestão é usada em seu sentido mais amplo. Ela enfatiza que não devemos focalizar
somente na exploração de recursos hídricos, mas que devemos gerir conscientemente
a exploração de recursos hídricos de uma forma que assegure uma utilização
sustentável para atender as futuras gerações.

A gestão integrada de recurso hídricos é, portanto, um processo


sistemático para a desenvolvimento sustentável, alocação e Você poderia dar
monitoramento dos usos de recursos hídricos, tendo em conta os mais exemplos
objetivos sociais, econômicos e ambientais. Contrasta com o onde a integração
enfoque setorial aplicado em muitos países. Quando a pode ser
benéfica?
responsabilidade pela água potavel é de uma agência, a água para
irrigação está sob a responsabilidade de outro órgão e para o
meio ambiente ainda por uma outra, falta a ligação intersetorial que conduz a um
desenvolvimento e gestão descoordenada, dando origem a conflitos, desperdícios e
sistemas insustentáveis.

1.2. POR QUE A GIRH?

A água é vital para a sobrevivência, saúde e dignidade do ser humano e uma fonte
fundamental para o seu desenvolvimento. As reservas de água potável no mundo estão
sob pressão constante embora muitos seres humanos ainda não tenham acesso a um
suprimento adequado de água para atender às necessidades básicas. O crescimento

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 7


1
populacional, o aumento da atividade econômica e as demandas de qualidade de vida
conduzem a um aumento da competição pelos recursos hídricos, e conflitos pela
pouca disponibilidade de água potável. Estas são algumas razões porque muitas
pessoas afirmam que o mundo enfrenta uma iminente crise da água:

Os recursos hídricos estão sob pressão


1. A –
QUADRO CRISE DA ÁGUA
constante pelo aumento da população, atividade
FATOS
econômica e a competição crescente entre os
Somente 0.4% da água total usuários de água;
existente no mundo estão O consumo de água cresceu duas vezes mais
disponíveis para os seres
humanos.
rápido do que o crescimento da população e
Atualmente mais de 2 bilhões de atualmente um terço da população mundial vive
pessoas são afetadas pela falta de em países que sofrem restrição de água
água, em mais de 40 países.
variando de um nível médio a elevado;
263 bacias de rios são
compartilhadas por duas ou mais A poluição está aumentando ainda mais a
nações. escassez de água pela redução de utilização de
2 milhões de toneladas de rejeitos
humanos são depositados nos
água à jusante;
cursos d’água. Queda na qualidade da gestão da água, um foco
Metade da população do mundo na exploração de novas fontes ao invés de
em desenvolvimento está exposta
a fontes de água poluída que
melhor gestão das existentes e modelo de
aumentam a incidência de gestão fragmentada e controlada de cima para
doenças. baixo, resultará em desenvolvimento e gestão
A partir da década de 90, 90% dos
desastres naturais são não coordenados do recurso;
relacionados à água. Cada vez mais, exploração significa maiores
O aumento do número de impactos no meio ambiente;
habitantes de 6 bilhões para 9
bilhões será o principal fator que Preocupações atuais sobre as variabilidades
orientará a gestão de recursos mudanças climáticas demandam uma gestão
hídricos nos próximos 50 anos.
melhorada dos recursos hídricos para lidar com
enchentes e secas mais intensas.

1.3. TEMAS CHAVES PARA GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS


HÍDRICOS

1.3.1. Crise na governança da água

No passado, nas abordagens setoriais para a gestão de recursos hídricos dominaram e


ainda prevalecem. Esse procedimento conduz à utilização e a gestão fragmentada e
não controlada sobre os recursos hídricos. Além disso, a gestão da água está
usualmente nas mãos de instituições, cuja legitimidade e eficiência vêm sendo
continuamente questionada. Assim, uma administração fraca, agrava a crescente
competição pelo recurso finito. A GIRH traz coordenação e colaboração entre cada
um dos setores, mais o fortalecimento da participação dos atores, transparência e
gestão local rentável.

1.3.2. Garantindo água para as pessoas

Embora a maioria dos países dê prioridade ao atendimento das necessidades básicas


dos seres humanos, um quinto da população mundial permanece sem acesso à água
potável segura e a metade da população permanece sem acesso a saneamento
adequado. Essas deficiências de serviço afetam prioritariamente os segmentos mais
pobres da população nos países em desenvolvimento. Nesses países, atender às

8 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


1
necessidades de suprimento de água e saneamento para as áreas urbanas e rurais
representa um dos mais sérios desafios para os próximos anos. Reduzir pela metade a
proporção da população sem acesso aos serviços de água e saneamento até 2015 é
uma das Metas de Desenvolvimento do Milênio1. Para atingir essa meta, será
necessária uma re-orientação substancial quanto à prioridade nos investimentos, o que
será alcançado mais facilmente pelos países que estão também implementando a
gestão integrada de recursos hídricos.

1.3.3. Garantindo água para produção de alimentos

As projeções sobre a população indicam que nos próximos 25 anos serão necessários
alimentos para mais 2 ou 3 bilhões de seres humanos. A escassez de água está sendo
vista como uma limitação chave para a produção de alimentos, e mesmo mais crucial,
do que a escassez de terras. A agricultura irrigada já é responsável por mais de 70%
de toda a água captada (mais do que 90% do todos demais usuários de água). Mesmo
com uma necessidade estimada de um adicional de 15-20% de água para irrigação
para os próximos 25 anos – o que é provavelmente uma estimativa baixa –
provavelmente conflitos sérios acontecerão entre o uso da água para a agricultura
irrigada e os usos para consumo humano e para o meio ambiente. A GIRH oferece
uma perspectiva de maior eficiência, gestão da conservação e demanda de água
compartilhada eqüitativamente entre os usuários, e da crescente reciclagem e re-uso
de águas servidas para suplementar o suprimento de água como um novo recurso.

1.3.4. Proteção de ecossistemas vitais

As áreas dos ecossistemas terrestres à montante de uma bacia são importantes para a
infiltração de água da chuva, recarga de águas subterrâneas, e regime de vazão de rios.
Os ecossistemas produzem uma variedade de benefícios econômicos, incluindo
produtos como madeira, lenha e plantas medicinais; fornecem o habitat para a vida
selvagem e berçário – local de procriação das espécies vivas. Os ecossistemas
dependem de cursos de água, sazonabilidade, variações de nível de água e estão
ameaçados pela falta de qualidade da água. A gestão do solo e dos recursos hídricos
deve assegurar que os ecossistemas vitais sejam mantidos, que efeitos adversos sobre
outros recursos naturais sejam considerados, e onde possível, reduzidos quando as
decisões de gestão forem tomadas. A GIRH pode ajudar a proteger uma “reserva para
a natureza” de água compatível com o valor dos ecossistemas para o desenvolvimento
humano.

1.3.5. Desigualdades de gênero

A gestão formal dos recursos hídricos é dominada pelos homens. Embora o número
de mulheres esteja começando a crescer, a sua representação nas instituições do setor
de recursos hídricos é ainda muito pequena. Isto é importante, porque as formas com
que os recursos hídricos são geridos, afetam diferentemente às mulheres e aos
homens. Como guardiãs da saúde e higiene das famílias e provedoras de água para as
necessidades domésticas e supridoras de alimento, as mulheres são as primeiras
responsáveis pela água e pelo saneamento. Ainda assim, as decisões sobre tecnologias
1
As Metas de Desenvolvimento do Milênio são uma ambiciosa agenda para redução da pobreza e melhoria da
qualidade de vida, que os líderes mundiais acordarão na Cúpula do Milênio em setembro de 2000. Cada meta e
uma ou mais ações tem sido indicadas, principalmente para 2015, usando 1990 como um ponto de partida. Mais
informações poderá ser encontradas no sítio virtual da UNDP(PNUD) – http://www.undp.org/mdg/.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 9


1
de suprimento de água e saneamento, localização dos pontos de distribuição de água e
sistemas de manutenção são em sua maioria feitas pelo homem. A Aliança para o
Gênero e a Água (Gender and Water Alliance) cita o exemplo de uma ONG bem
intencionada que ajudou aos habitantes de uma vila a instalar latrinas com descargas
para melhorar o saneamento e a higiene, sem antes perguntar às mulheres sobre os
dois litros extras de água que elas teriam que carregar de fontes distantes para cada
atender à descarga. Um elemento crucial da filosofia da GIRH é que os usuários da
água, homem ou mulher, são capazes de influenciar as decisões que possam afetar o
cotidiano de suas vidas.

1.4. PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

A conferência em Dublin em 19922 deu origem a quatro princípios que têm sido a
base para a maioria das reformas em curso no setor de recursos hídricos.

Princípio 1. A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para manter a


vida, o desenvolvimento e o meio ambiente.

A noção de que a água doce é um recurso finito surge do fato que o ciclo hidrológico
circula em média em uma quantidade fixa de água por um mesmo período de tempo.
Essa quantidade total não pode ainda ser alterada significativamente por ações
humanas, embora possa ser, e freqüentemente é, diminuída pela poluição provocada
pelos seres humanos. Os recursos de água doce são um bem natural que deve ser
mantido para garantir que os serviços demandados sejam fornecidos de modo
sustentável. Este princípio reconhece que a água é necessária para vários propósitos
diferentes, funções e serviços; conseqüentemente a gestão tem que ser integrada e
envolve considerações das demandas colocadas sobre os recursos e as ameaças sobre
esses recursos.

A abordagem integrada para a gestão dos recursos hídricos requer coordenação do


alcance das atividades humanas que criam as demandas de água, determinam o uso do
solo e geração de efluentes. Este princípio também reconhece a área de captação ou
bacia hidrográfica como uma unidade lógica para a gestão de recursos hídricos.

Princípio 2. O desenvolvimento e a gestão integrada de recursos hídricos devem ser


participativos, envolvendo usuários, planejadores e formuladores de
políticas em todos os níveis.

Água é um objeto do qual cada um é tomador de decisão. A real participação somente


acontece quando os atores são parte do processo de tomada de decisão. O tipo de
participação dependerá da escala espacial relevante para a gestão de recursos hídricos
e investimentos específicos. Será afetado também pela natureza do ambiente político
no qual as decisões acontecem. Uma abordagem participativa é o melhor meio para
alcançar um consenso profundo e firme, com um acordo comum. Participar é assumir
responsabilidades, reconhecer o efeito de ações setoriais sobre outros usuários e
ecossistemas aquáticos e aceitar a necessidade de mudanças para melhorar a eficiência
dos usos da água e permitir um desenvolvimento sustentável do recurso. A
participação nem sempre alcança o consenso, assim processo de arbitragem ou outros
mecanismos de resolução de conflitos também devem ser considerado.
2
Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente, Dublin, Irlanda, janeiro de 1992.

10 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


1

Os governos têm que ajudar a criar a oportunidade e a capacidade de participação,


particularmente entre as mulheres e outros grupos sociais marginalizados. É
necessário ser reconhecido que criando simplesmente oportunidades de participação
não se fará nada para os atuais grupos desfavorecidos, a não ser que a capacidade de
participação desses grupos possa ser ampliada. Descentralizando a tomada de decisão
para o nível mais baixo conveniente, é uma estratégia para aumentar a participação.

Princípio 3. As mulheres desempenham papel principal no abastecimento doméstico,


da gestão e da proteção da água.

O papel principal das mulheres como provedores e usuárias da água e como guardiãs
do ambiente em que vivem, têm sido freqüentemente refletido nos arranjos
institucionais para desenvolvimento e gestão de recursos hídricos. É amplamente
reconhecido que as mulheres têm um papel chave na coleta e proteção de água para
usos domésticos – em muitos casos – também na agricultura. Todavia, as mulheres
desempenham um papel muito menos influente do que os homens na gestão, análise
do problema e no processo de tomada de decisão relacionados aos recursos hídricos.

A GIRH requer a conscientização sobre a incorporação da perspectiva de gênero. No


desenvolvimento de uma participação plena e efetiva das mulheres em todos os níveis
de tomada de decisão, considerações devem ser feitas pelas formas como diferentes
sociedades estabelecem os respectivos papéis social, econômico e cultural específicos
para os homens e as mulheres. Há uma sinergia importante entre eqüidade de gênero e
de gestão sustentável da água. Envolver homens e mulheres em papéis influentes em
todos os níveis da gestão de recursos hídricos pode acelerar o processo para alcançar a
sustentabilidade. Gerir os recursos hídricos de maneira integrada e sustentável
contribui significativamente para eqüidade de gênero pela melhoria do acesso de
mulheres e homens à água e aos serviços relacionados, para atender às suas
necessidades essenciais.

Princípio 4. A água tem um valor econômico em todos os seus usos competitivos e


deve ser reconhecida como um bem econômico assim como um bem
social.

De acordo com esse princípio, é vital reconhecer primeiramente o direito básico de


todos os seres humanos de acesso à água em qualidade e quantidade adequadas e
serviços de saneamento a um preço acessível. Valorar economicamente recursos
hídricos é uma maneira importante de alcançar os objetivos sociais, tais como a
utilização eficiente e eqüitativa, e de encorajar a conservação e a proteção de recursos
hídricos. A água tem valor como um bem econômico assim como um bem social.
Muitos dos fracassos do passado, na gestão de recursos hídricos são atribuídos ao fato
de que o valor integral da água não tem sido reconhecido.

Valor e cobrança são duas coisas diferentes e nós temos que fazer essa diferenciação
claramente. O valor da água em usos alternativos é importante para a alocação
racional de água como um recurso escasso, seja por meios regulatórios ou
econômicos. Cobrar (ou não cobrar) pela água é aplicar um instrumento econômico
para apoiar os grupos menos favorecidos, afetar o comportamento em relação à
conservação e uso eficiente da água, dar incentivos para a gestão da demanda, garantir

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 11


1
retorno de custos e despertar o interesse dos usuários para pagar por investimentos
adicionais em serviços relacionados ao uso da água.

Tratar a água como um bem de valor econômico é um meio importante para a tomada
de decisão sobre sua alocação entre os diferentes setores de usuários e entre diferentes
usos dentro de um mesmo setor. Isto é particularmente importante quando a oferta de
água não é uma opção possível.

1.5. USOS DA ÁGUA, IMPACTOS E BENEFÍCIOS

1.5.1. Impactos

A maioria dos usos da água traz benefícios para a sociedade, mas a maioria tem
também impactos negativos que podem se tornar piores pelas práticas deficientes de
gestão, falta de regulamentação ou falta de motivação devida aos regimes adotados
para a governança em aplicação.

Cada país tem as suas prioridades de desenvolvimento e metas econômicas


estabelecidas, de acordo com as respectivas realidades ambiental, social e política.
Problemas e restrições aparecem em todos os usos de água, mas a disposição e
habilidade para abordar essas questões em todos os setores usuários da água de
maneira coordenada são diretamente afetadas pela estrutura de governança da água.
Reconhecer a natureza inter-relacionada de diferentes fontes de água e
conseqüentemente reconhecer também a natureza inter-relacionada e os impactos dos
diferentes usos da água é uma etapa essencial para a introdução da GIRH.

1.5.2. Benefícios da GIRH

Benefícios ambientais

Os ecossistemas podem ser beneficiados pela aplicação de uma abordagem


integrada para a gestão da água, dando especial espaço para as necessidades

TABELA 1. IMPACTOS SOBRE A ÁGUA PELOS SETORES DE USO

Impactos positivos Impactos negativos

Purificação
Meio ambiente Estocagem
Ciclo hidrológico
Correntes de retorno
Infiltração aumentada Esvaziamento
Erosão diminuída Poluição
Agricultura
Recarga de águas Salinização
subterrâneas Transferência de água
Reciclagem de Erosão
nutrientes

Necessidade de garantia
Abastecimento
Reciclagem de de alta qualidade da água
de água e nutrientes Poluição de águas
saneamento superficiais e subterrâneas

12 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


1
ambientais no debate de alocação de água. No presente, tais necessidades não
estão representadas com freqüência nas negociações.

A GIRH pode auxiliar ao setor contribuindo para a tomada de consciência dos


outros usuários das necessidades dos ecossistemas e dos benefícios que isto pode
gerar para todos. Com freqüência, estes benefícios são subvalorizados e não são
incorporados ao planejamento e na tomada de decisão.

A abordagem de ecossistema proporciona uma nova estrutura para a GIRH que


focaliza mais atenção numa abordagem de sistema para a gestão de recursos
hídricos: proteção de captações à montante (p.e. reflorestamento, conservação
terras rurais , controle de erosão do solo), controle da poluição (p.e. redução de
pontos de captação, não incentivo à captação, proteção das águas subterrâneas) e
fluxo de água para o meio ambiente. A GIRH proporciona uma alternativa para
uma perspectiva de competição de um sub-setor que pode unir os atores na
elaboração de uma visão compartilhada e uma ação conjunta.

Benefícios para a agricultura

A agricultura tem uma imagem ruim como o maior usuário de água e principal
fonte de poluição difusa das águas de superfície e subterrâneas . Levar em conta
o baixo valor agregado à produção agrícola, freqüentemente significa que,
especialmente em situações de escassez de água, esta será desviada da
agricultura para outros fins. No entanto, redução indiscriminada na alocação de
água para a agricultura pode ter conseqüências econômicas e sociais graves. Com
a GIRH, os planejadores são encorajados a olhar além do setor econômico e
considerar as implicações das decisões de gestão da água sobre o emprego, o
meio ambiente e a eqüidade social.

Trazendo todos os setores e todos os usuários para dentro do processo de tomada


de decisão, a GIRH é capaz de considerar o “valor” ajustado para a água como
um todo nas decisões difíceis sobre a alocação de água. Isto pode significar que a
contribuição da produção de alimentos para a saúde, redução da pobreza e
eqüidade de gênero, por exemplo, pode superar comparações de ordem
estritamente econômicas quanto às taxas de retorno de cada metro cúbico de
água. Da mesma forma, a GIRH pode incluir na equação, o potencial de reuso de
fluxos de retorno agrícolas para outros setores e a aplicação de reuso de efluentes
industriais na agricultura.

A GIRH clama para o planejamento integrado, de modo que a água, o solo e os


outros recursos sejam utilizados de maneira sustentável. Para o setor da
agricultura, a GIRH procura aumentar a produtividade da água (p.e. mais
colheita por gota de água) de acordo com as restrições impostas pelos contextos
econômico, social e ecológico de uma particular região ou país.

Benefícios para o abastecimento de água e saneamento

Acima de tudo, a GIRH aplicada apropriadamente fará com que seja assegurado
aos pobres e aos vulneráveis, em todo o mundo, o acesso à água com qualidade.
A implementação de políticas baseadas na GIRH deve significar aumento de
qualidade dos abastecimentos de água domésticos, com custos reduzidos de

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 13


1
tratamento além do combate à poluição mais efetivamente.

Reconhecer o direito das pessoas, particularmente mulheres e pobres, a uma


parcela justa dos recursos hídricos para atender aos usos domésticos e à produção
agrícola familiar, conduz, inevitavelmente, a necessidade de assegurar a
representação apropriada desses grupos em órgãos coletivos que tomam as
decisões sobre a alocação de água.

O foco em gestão integrada e uso eficiente deve ser um estímulo para o setor
exigir a reciclagem, o reuso e a redução do desperdício. Multas elevadas pela
poluição, apoiadas em fiscalização rígida, têm levado a avanços impressionantes
na eficiência do uso industrial de água nos países industrializados, com
benefícios para o abastecimento primário e o meio ambiente.

No passado, os sistemas de saneamento eram concentrados freqüentemente na


remoção dos rejeitos das áreas de ocupação humana, mantendo desta forma, os
territórios habitados limpos e saudáveis, com freqüência em detrimento de
efeitos ambientais, em outro lugar. A introdução da GIRH aumentará a
oportunidade para a introdução de soluções de saneamento sustentáveis que
almejam minimizar os insumos geradores e da redução da descarga de rejeitos, a
resolver problemas de saneamento em local tão próximo quanto possível de onde
são gerados.

Na prática e em nível local, a integração sustentável da gestão de recursos


hídricos poderia levar à redução dos custos de suprimentos do abastecimento
doméstico de água. Por exemplo, se tecnologias de irrigação fossem concebidas
tendo um componente de uso doméstico da água, explicitamente incluído no
projeto.

1.6. IMPLANTANDO A GIRH

As vantagens para implantar a gestão integrada de recursos hídricos são fortes –


muitos diriam incontestáveis. O problema para a maioria dos países é a longa história
de desenvolvimentos setorializados. A Associação Mundial pela Água (Global Water
Partnership) coloca:

“A GIRH é um desafio às práticas convencionais, atitudes e certezas


profissionais. Confronta interesses setoriais arraigados e requer que os
recursos hídricos sejam geridos holisticamente para o benefício de todos.
Ninguém tem a pretensão de considerar que o desafio da GIRH será fácil.
Mas é vital que seja dada a partida agora para prevenir a crise que está
despontando.”

A GIRH é antes de tudo uma filosofia. Como tal, oferece uma abordagem conceitual
orientadora com o objetivo da gestão e uso sustentável dos recursos hídricos. Exige
que as pessoas tentem mudar suas práticas de trabalho para observar o universo mais
amplo que englobe suas ações e descubra que os seus procedimentos de trabalho não
ocorrem independentemente de outras ações. A GIRH também procura introduzir
elementos de democracia descentralizada na gestão da água, com ênfase na
participação dos atores no nível mais baixo que for possível.

14 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


1
Tudo isto implica em mudança, que traz ameaças como também oportunidades. Há
ameaças para o poder das pessoas e posições; e ameaças deles próprios como
profissionais. A GIRH requer o desenvolvimento de plataformas que permitam a
atores muito diferentes, freqüentemente com diferenças aparentemente
irreconciliáveis, possam, de alguma forma trabalharem juntos .

Em consequência dos arcabouços institucionais e legislativos existentes, a


implantação da GIRH exigirá provalvelmente reformas em todas as etapas do ciclo de
planejamento e gestão dos recursos hídricos. Um plano abrangente é necessário
para prever como a transformação pode ser alcançada. Isto terá início provavelmente
com uma nova política para a água que reflita os princípios de gestão sustentável de
recursos hídricos. Para colocar a política em prática provavelmente será necessária
uma reforma das leis sobre a água e das instituições de recursos hídricos. Este pode
ser um processo longo e necessita envolver uma consulta profunda, incluído a
sociedade, as agências envolvidas e a sociedade.

FIGURA 1. A GIRH E SUAS LIGAÇÕES COM OS SUB-SETORES

Gestão integrada

Estrutura
político e legal

Instrumentos
de gestão Suprimento de
Água e
Água e efluentes Água e Água para
líquidos Agricultura Meio outros usos
Saneamento ambiente
Infra-estrutura Básico

Estrutura
institucional

Fonte: GWP TEC Documento 4 (2000)

A implementação da GIRH é mais bem realizada em um processo passo-a-passo, com


algumas mudanças acontecendo imediatamente e outras necessitando vários anos de
planejamento e capacitação.

1.6.1. Estrutura política e legal

As atitudes estão mudando com a conscientização das autoridades sobre as


necessidades de gerir os recursos naturais mais eficientemente. Também entendem
que a construção de uma nova infra-estrutura tem que levar em conta os impactos
socioambientais, satisfazendo às necessidades fundamentais para que os sistemas
sejam economicamente viáveis para manutenção dos propósitos.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 15


1
No entanto, o sistema pode ser ainda inibido pelas implicações políticas decorrentes
da mudança. O processo de revisão da política de águas é conseqüentemente um passo
chave, exigindo uma extensa consulta e demandando compromissos políticos.

A legislação sobre águas converte as políticas em lei e deveria:

Regular as titularidades e as responsabilidades dos usuários e dos fornecedores


de água;
Definir os papéis do Estado em relação aos outros atores;
Formalizar a transferência de alocações de água;
Definir em lei as instituições gestoras governamentais e grupos de usuários;
Assegurar o uso sustentável do recurso.

É um desafio aplicar os princípios de GIRH em uma política setorial de águas e


conseguir apoio político, principalmente quando decisões difíceis têm que ser
tomadas. No entanto, não é surpresa que as principais reformas legais e institucionais
são estimuladas somente quando existem problemas sérios na gestão da água.

1.6.2. Estrutura institucional

Por muitas razões, os governos de países em desenvolvimento consideram o


planejamento e a gestão de recursos hídricos como sendo uma parte central das
responsabilidades do governo. Esse entendimento está consistente com o consenso
internacional que promove o conceito de governo como um facilitador e regulador, ao
invés de executor de projetos. O desafio é alcançar o acordo mútuo sobre o nível no
qual, em qualquer instância específica, a responsabilidade do governo deve cessar ou
ser compartilhada com entes autônomos de gestão de serviços de água e/ou
organizações de base comunitária.

O conceito de gestão integrada de recursos hídricos vem acompanhado da definição


de bacia hidrográfica como a unidade geográfica lógica para suas aplicações práticas.
A bacia hidrográfica oferece muitas vantagens para o planejamento estratégico,
principalmente nos escalões mais elevados do governo, embora as dificuldades não
devam ser subestimadas. Aqüíferos atravessam com freqüência as fronteiras das áreas
de captação e, mais problematicamente, as bacias hidrográficas raramente se
enquadram dentro da entidade ou estrutura administrativa existente3.

Para tornar a GIRH efetiva, é necessário alcançar acordos institucionais, permitindo:

A instalação de um consórcio de atores envolvidos no processo decisório, com


representação de todos os setores da sociedade, e um bom equilíbrio de gênero;
A gestão de recursos hídricos baseada em fronteiras hidrológicas;
Estruturas organizacionais em nível de bacia e sub-bacias para possibilitar a
tomada de decisão no nível mais baixo que for possível;
O Governo coordenando a gestão nacional de recursos hídricos, feita através dos
setores usuários de água.

3
Lei nº 9433/97

16 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


1

FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

PÁGINA NA WEB DA CAP-NET


o Tutorial da Cap-Net: http://www.cap-net.org/iwrm_tutorial/mainmenu.htm

PÁGINA NA WEB DA GWP


o Publicações da GWP:
http://www.gwpforum.org/servlet/PSP?iNodeID=231&iFromeNodeID=102
o GWP Toolbox: www.gwpforum.org

QUESTÕES

Tendo lido sobre os princípios básicos da GIRH você provavelmente será


capaz de avaliar a situação no seu próprio país quando a GIRH for
implantada. Algumas das questões que você pode querer responder, são:

Qual é a evidência de compromisso para a gestão integrada de


recursos hidricos em seu país?

Considerando a estrutura de gestão de recursos hídricos em seu


país, que reformas institucionais e legais são necessárias para
implantar a GIRH?

Existe urgência para a gestão de recursos hídricos de maneira


integrada e como isto pode ser feita da melhor forma? Quais serão
os benefícios para os diferentes setores?

Qual a diferença entre a forma com que os homens e as mulheres


são afetados pelas mudanças na gestão de recursos hídricos em
seu país?

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 17


2. PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARA A
GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: UMA
2 INTRODUÇÃO

2.1. POR QUE PLANEJAR A GIRH?

Como nós vimos, os problemas dos recursos hídricos são muitos e as soluções
urgentes. No entanto, as soluções devem considerar basicamente as forças sociais,
econômicas e políticas envolvidas e requererem mudanças que não são fáceis de
alcançar.

O planejamento para introduzir o modelo de GIRH para a gestão e desenvolvimento


sustentável de recursos hídricos pode ser feito de várias formas. A racionalização mais
poderosa é a de avaliar quais os principais problemas referentes à água que afetam a
sociedade. Isto pode resultar em ação gradual progressiva focalizada na GIRH. Em
geral, o reconhecimento de que o problema da água é sintomático de um profundo
fracasso do sistema de gestão, nos leva ao planejamento de longo prazo com uma
agenda para o uso mais sustentável dos recursos hídricos. A identificação da água
como um fator chave na redução da pobreza e para desenvolvimento sustentável
também direcionam o planejamento nacional de recursos hídricos.

2.2. O QUE ESPERAMOS ALCANÇAR?

Um dos resultados do processo será um plano de GIRH, endossado e implementado


pelo governo. No processo, os atores e os políticos se tornarão mais informados sobre
as questões da água, a importância e os benefícios, a partir do direcionamento para a
gestão e desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos. O plano pode ser mais ou
menos detalhado dependendo da situação do país no momento, mas mostrará etapas
de longo prazo que deverão continuar ao longo de uma trajetória para a
sustentabilidade, eqüidade social e uso eficiente.

2.3. ASSUMA UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA

Ser estratégico significa procurar as soluções que ataquem as causas dos problemas de
uso da água ao invés dos sintomas. Isto requer uma visão de longo prazo.

Entender as forças básicas que causam os problemas relacionados com a água ajuda a
construir uma visão compartilhada, assumindo o compromisso de tornar essa visão
uma realidade. Neste sentido uma estratégia estabelece a estrutura de longo prazo para
uma ação crescente na direção do uso sustentável de recursos hídricos aplicando os
princípios de GIRH.

Outra característica para estratégia da água é considerar os conflitos. Gestão de


recursos hídricos é um processo caracterizado pelos confrontos e competição entre
interesses conflitantes e pontos de vista. A abordagem integrada da gestão de recursos
hídricos proporciona mecanismos de aumento de diálogo, negociação e mecanismos

18 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


de participação. A aplicação desses princípios na estratégia e no subseqüente processo
de planejamento colabora na transparência para a tomada de decisão, reconhece a
negociação e comprometimento para a implantação do plano.

2
QUADRO 2. PLANEJAMENTO DE GIRH SIGNIFICA

Mover-se de uma visão em que o Estado como único responsável pela gestão de Por que o
recursos hídricos para aquela que considera a responsabilidade da sociedade como planejamento
um todo. é importante
para você?
Mover-se de uma tomada de decisão centralizada e controlada para uma gestão por
resultados e oportunidades compartilhadas, negociação transparente, cooperação e
ação concertada.

Mover-se de um planejamento setorial para um planejamento coordenado ou


totalmente integrado de recursos hídricos.

2.4. O CICLO DE PLANEJAMENTO

O planejamento é um processo lógico que é mais eficaz quando visualizado como


ciclo (Figura 2):

FIGURA 2. O CICLO PARA DESENVOLVER E AJUSTAR UM PLANO DE GIRH

Início
Compromisso
governamental;
Equipe formada

Visão/Política
Compromisso para
a GIRH

Análise da
Situação
Avaliação Problemas,
Avaliação dos avanços; Situação da GIRH;
Revisão do plano Metas identificadas.
Plano de trabalho

Conscientização;
Participação dos
atores;
Compromisso político.

Implementação Escolha de
Ações de gestão estratégia
legais e institucionais; Metas priorizadas;
Capacitação. Estratégia escolhida.

O plano de GIRH
Minuta,
Aprovação dos atores e
políticos.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 19


O ciclo de planejamento é uma seqüência lógica de fases Por que devemos
dirigidas e apoiadas por eventos contínuos de apoio à gestão e de ter um ciclo e não
uma linha reta?
consulta, mostrados aqui no centro da figura 2.

2 2.4.1. Início (Módulo 3)

O desencadeamento do processo de planejamento pode ser interno ou externo ou a


combinação de ambos. Contudo, uma vez acordado que a gestão e desenvolvimento
dos recursos hídricos melhorada é importante, a pergunta feita imediatamente é: como
fazer o plano funcionar para alcançar esses objetivos? Este é propósito do curso.

O planejamento da GIRH requer uma equipe para organisar e coordenar esforços e


facilitar a consulta regular aos atores e a comunidade. Um ponto de partida importante
para o comprometimento do governo, é um entendimento da GIRH e dos princípios
de gestão de recursos hídricos para o desenvolvimento sustentável.

2.4.2. Plano de trabalho e participação de atores (Módulo 4)

O planejamento da GIRH necessita de um forte compromisso com o futuro, com uma


gestão sustentável de recursos hídricos. Isso implica em vontade política e a liderança
de mais alto escalão e dos principais atores..

O compromisso dos atores é necessário porque são eles que influenciam fortemente a
gestão dos recursos hídricos por meio de esforços conjuntos e/ou mudando os seus
comportamentos. Assim, o planejamento precisa do reconhecimento e da mobilização
dos atores importantes, apesar de seus múltiplos objetivos e objetivos freqüentemente
conflitantes.

Os políticos formam um grupo especial de atores porque são ao mesmo tempo


responsáveis por aprovar um plano e ainda por acompanhar sua adequada
implementação, tendo também que responder pelo seu sucesso ou fracasso. Assim:

Gestão do processo;
Manutenção do compromisso político;
Assegurar a participação efetiva dos atores
Promover a conscientização sobre princípios da GIRH

São pontos essenciais para o todo o processo de planejamento

2.4.3. Construindo uma visão estratégica (Módulo 5)

Uma visão nacional da água capta sonhos, aspirações e


esperanças compartilhadas sobre o estado, uso e gestão dos O que nós
recursos hídricos de um país. Neste sentido, uma visão fornece entendemos por
princípios orientadores e diretrizes para as futuras ações sobre os gestão
sustentável e uso
recursos hídricos e, em particular, orienta o processo de de água?
planejamento. A visão pode ou não ser transformada em uma
política de água, mas espera se, pelo menos, uma abordagem de
uso sustentável dos recursos hídricos.

20 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


2.4.4. Análise da situação (Módulo 6)

É importante conhecer a situação existente para definir a ação necessária para atingir
aos propósitos descritos. A consulta aos atores e às diversas entidades do governo, é
vital para o processo de entendimento das necessidades concorrentes e das metas em 2
relação à disponibilidade dos recursos hídricos. Os problemas que aparecem durante a
análise, quando vistos em confronto com a visão da água ou dos princípios da GIRH,
indicam imediatamente os tipos de soluções que podem ser necessárias ou possíveis.

Essa fase identifica as forças e as fragilidades da gestão integrada de recursos


hídricos, da mesma forma que revela os pontos que devem se considerados para
melhorar a situação e o caminho a seguir para alcançar a visão. Como um produto
final, as metas devem ser propostas de acordo com os problemas e os temas
identificados, assim como as prioridades nacionais.

2.4.5. Estratégias de gestão de recursos hídricos (Módulo 7)

As soluções possíveis vêm simultaneamente ou após a definição dos problemas. Tais


soluções têm que ser analisadas, levando em conta os requisitos, as vantagens e as
desvantagens envolvidas e a sua viabilidade.

No estágio em que a extensão dos problemas e os obstáculos a serem enfrentados são


conhecidos, é importante estabelecer as metas para o plano de GIRH. Para cada meta,
a estratégia para viabilização mais apropriada é escolhida e definida, assim como a
sua conformidade com a meta geral de gestão sustentável. O âmbito para a ação
técnica e gerencial é muito amplo tendo em conta a complexidade do setor de recursos
hídricos. Já nesse estágio, devem ser identificadas as áreas prioritárias para a ação.

2.4.6. O plano de GIRH pronto e aprovado (Módulo 8)

Um plano de GIRH pode ser construído com base na visão, na análise da situação e na
estratégia de recursos hídricos. Podem ser necessárias várias propostas, não só para
alcançar a viabilidade, bem como atividades e orçamentos realistas. Mas também
obter a concordância dos políticos e atores nas diversas negociações realizadas e
decisões tomadas. A aprovação pelo governo é essencial para mobilização de
recursos e implementação.

2.4.7. Implementação e avaliação

A implementação e avaliação não são consideradas neste material de capacitação.


Construir um plano de GIRH é um marco, mas não é um fim em si mesmo. Com
freqüência, os planos não são implementados, então é importante identificar as
principais razões, e eliminá-las:

Falta de compromisso político com o processo. Usualmente, devido a diretrizes


ditadas por fontes externas ou falta de engajamento de tomadores de decisão que
são decisivos para dar início ao processo.
Planejamento fora da realidade, requerendo recursos que vão além das
possibilidades do Governo.
Planos inaceitáveis. Planos rejeitados por um ou mais grupos de influência,
resultante de uma consulta inadequada ou expectativas irreais de compromisso.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 21


Em questão da água, onde benefícios econômicos e relações de poder podem ser
afetados, é vital que a consulta seja feita adequadamente.

Alcançar uma gestão e desenvolvimento sustentável de recursos hídricos é um


2 compromisso de longo prazo. Portanto, o plano deve ser visto como dinâmico com
possibilidades de avaliação e reformulação, em intervalos periódicos.

FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

National Strategies for Sustainable Development: A resource book


http://www.nssd.net/res_book.html#contents

UNESCAP - Strategic Planning and Management of Water Resources


http://www.unescap.org/esd/water/spm/

EXERCÍCIO

† Em grupos pequenos copiem as atividades para cada etapa do ciclo de


planejamento que considerem necessárias em seus países ou região.

22 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


3. INICIANDO O PROCESSO DE
PLANEJAMENTO

3.1. QUAIS SÃO OS PRODUTOS ESPERADOS

Esta seção é dedicada ao início e a mobilização do processo de planejamento, por essa 3


razão, os resultados esperados neste estágio seriam:

O interesse de Governo em uma gestão melhorada de recursos hídricos é traduzido


no compromisso e na criação de uma estrutura de gestão para desenvolver o plano.

FIGURA 3. FASE INICIAL – DIRETRIZES, RESULTADOS E ATIVIDADES

Diretrizes Resultados Atividades

Forças Internas Conscientização


INÍCIO da GIRH DDD

Forças Externas Formação de equipe

Compromisso
do Governo
Água
Visão/Política

3.2. INÍCIO

O início do processo de planejamento da GIRH pode ocorrer de diversas fontes.


Representantes de governos, na Conferência de Cúpula sobre Desenvolvimento
Sustentável assumiram compromissos de adotar planos de gestão e desenvolvimento
sustentável dos recursos hídricos até 2005. Este objetivo vem sendo perseguido com o
apoio da comunidade internacional e doadores. Como resultado, a orientação para os
planos GIRH pode parecer vir de fora do país, por intermédio de doadores e agências
internacionais, oferecendo assistência para alcançar essa meta de construir seus Planos
Nacionais.

Muitos governos estão conscientes dos problemas que os seus respectivos setores de
água estão enfrentando por questões tais como poluição, escassez, emergências,
competição pelos usos e têm identificado a ação como prioritária. Muitos governos já
deram o primeiro passo para estabelecer uma política ou têm contribuído para o

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 23


desenvolvimento de tais visões em suas região. O foco sobre problemas específicos de
água ou áreas problemas são ainda estímulos adequados para os governos agirem,
mesmo que isto resulte em um plano de ação mais restrito para resolver uma questão
específica, pode conduzir a um desenvolvimento gradual de uma abordagem
completamente integrada da gestão de recursos hídricos.

O processo para a elaboração de um plano de GIRH requer um processo diferente


daqueles usados no caso em planejamento de governo. As principais diferenças são:

Abordagem multi-setorial: Gerenciar recursos hídricos de maneira integrada


3 significa criar ligações e estruturas para gestão entre setores. Para esta estratégia
ser bem sucedida, os principais setores de uso da água devem ser envolvidos
desde o início no planejamento e na elaboração da estratégia.
Processo dinâmico: A elaboração de um sistema de gestão sustentável de
recursos hídricos e uma abordagem integrada é um processo longo. Esse
procedimento exige uma revisão periódica, adaptação e possível reformulação
dos planos para que permaneçam efetivos.
Participação dos atores: Devido ao fato de que, em sua maioria, os problemas
com a gestão de recursos hídricos são percebidos nos níveis mais baixos e as
mudanças na gestão de recursos hídricos exigem ações até ao nível individual. O
processo de formulação de uma estratégia requer uma consulta ampla dos atores.

Existem pontos importantes para o governo considerar a sua participação em um


exercício de planejamento de GIRH, qualquer que seja a razão.

Compromisso do governo;
Conscientização sobre os princípios para alcançar a gestão integrada de recursos
hídricos (GIRH);
Organização da equipe de gestão.

3.2.1. Obtendo o compromisso do governo

Um plano, para ser aceito e implementado tem que


envolver o governo, e estar acolhido em sua estrutura, Quais são os ministérios
desde o início. O compromisso firmado pelo governo deve mais influentes em seu
país com relação aos
ir além de um determinado ministro quando as mudanças recursos hídricos?
esperadas são muito amplas. A revisão dos sistemas de
gestão de recursos hídricos afeta todos os usuários de água, Que ministério ou
ameaçando o poder de alguns ministros influentes. A instituição deveria
liderar o processo de
obtenção do compromisso desses ministros deve ser logo planejamento?
no início ou, pelo menos, ser uma das principais atividades
para o lançamento do plano de trabalho.

A estrutura da Equipe de gestão para o planejamento e formação da consciência sobre


gestão de recursos hídricos estão ambos ligados à obtenção e manutenção do
compromisso do governo. O tópico de “Apoio Político” será retomado mais à frente
em módulos específicos.

Indicadores do comprometimento do governo incluem: alocação de verbas para o


processo de planejamento, liderança da equipe de planejamento, número de ministros
e órgãos ambientais envolvidos na decisão de desenvolver um plano.

24 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


3.2.2. Conscientização sobre gestão de recursos hídricos

O processo de planejamento de GIRH tem que ser respostas


diretas e incluir os problemas e questões nacionais de recursos
hídricos. A GIRH tem que ser apresentada como um meio Que estratégia
poderia ser usada
realístico para promover a mudança e abordar alguns dos para envolver as
problemas que o país esteja enfrentando. A conscientização figuras políticas
continuará durante o processo de planejamento, mas esse ponto é chaves e os
governantes
dirigido aos servidores públicos principais do governo que superiores para
precisam ser alertados do potencial para o impacto e o sucesso da explicar a GIRH?
3
proposta antes de assumirem o compromisso com o exercício de
planejamento baseado nos princípios da GIRH.

A equipe de gestão, uma vez formada, deve ter a oportunidade de ser informada sobre
a GIRH, sendo capaz de explicar com clareza e convicção as estratégicas e opções
disponíveis para melhorar a gestão dos recursos hídricos.

Para membros da alta administração do governo, uma explicação objetiva e precisa


talvez seja o possível. Um evento ou a preocupação em alto nível da comunidade
internacional pode também estimular o interesse do governo. Um evento de alto
nível de âmbito nacional ou a manifestação da comunidade internacional pode
estimular o interesse do governo.

3.2.3. Estabelecendo uma equipe de gestão

O envolvimento de todas as partes deve acontecer dentro de um contexto claro de


gestão e com um acordo sobre as funções e responsabilidades.

Com organizações importantes para conduzir o processo de planejamento de GIRH


incluem-se, por exemplo:

Governo Nacional;
Um Comitê Diretor de Processo;
Equipe de Gestão;
Onde for apropriado a GWP pode atuar como facilitadora.

Desde as etapas iniciais, o papel das diversas organizações tem que ser definido e
consensado. (Tabela 2).

Em razão da diversidade de situações encontradas nos diferentes países e níveis


variáveis de maturidade dos processos de planejamento, não existe uma fórmula para
uma estrutura de gestão de programa efetiva

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 25


TABELA 2. SUGESTÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES

FUNÇÃO
Liderança, “dono” do processo;
Mobilização de financiamentos;
GOVERNO NACIONAL Estabelecimento de um ambiente de política macro-
econômica.
Conduzir o processo (grupo com ampla representação);
Mobilização do apoio entre os setores de interesse;
COMITÊ DIRETOR Garantia da qualidade dos resultados;
Monitoramento do processo de implantação.
3
EQUIPE DE GESTÃO Gerência do processo diário para o desenvolvimento da
Grupo de profissionais qualificados estratégia, implantação e capacitação.

INSTITUIÇÃO FACILITADORA
Promoção de um ambiente neutro para o diálogo;
Onde for apropriado,
Apoio ao processo de desenvolvimento de estratégia
por exemplo, ONGs nacionais, GWP,
dando conselhos e compartilhando conhecimentos;
parcerias nacionais ou regionais ou
Adoção de processos de capacitação e o treinamento
equipes locais da ONU.
de pessoas.

Comitê Diretor QUADRO 3. TAREFAS CHAVES DO


COMITÊ DIRETOR
Se criado Comitê Diretor para dirigir a
Prover a equipe de gestão com
iniciativa de planejamento estratégico, orientação e apoio geral;
conduzirá o plano ao longo de todas as etapas Rever as propostas e relatórios
de preparação para assegurar que a iniciativa preparados pela equipe de gestão;
esteja funcionando eficazmente e fornecendo Rever regularmente o progresso da
o máximo de benefícios. O Comitê deve implementação;

incluir autoridades e instituições envolvidas Apoiar a equipe de gestão na obtenção


de dados preliminares e informações;
no processo decisório do setor de recursos
Ser responsável por coordenar o
hídricos, com um grupo escolhido de atores. supervisionar a implementação de
A composição do Comitê deve ser atividades relevantes com as suas
respectivas agências, organizações e
cuidadosamente balanceada. É fundamental o comunidades;
compromisso, desde o início, que todas as Decidir sobre a composição da equipe
organizações participantes (governo, setor de gestão e indicar seus membros.
privado e sociedade civil) aceitáveis para
atores.
QUADRO 4.MEMBROS POTENCIAIS
Criando uma Equipe de Gestão do Processo DE UM COMITÊ DIRETOR

Sugere-se um político experiente como


A chave para o desempenho eficiente é a presidente;
criação de um secretariado/órgão de Pelo menos um membro da equipe de
coordenação/equipe de gestão aceito pelos gestão;
Servidores de ministérios e secretarias
atores, com autoridade e recursos para envolvidos na gestão das águas;
coordenar as atividades. A equipe inclui Representantes de agências reguladoras;
geralmente planejadores experientes de Representantes dos tomadores de decisão
agências setoriais relevantes com a função de e sociedade civil;
trazer diferentes perspectivas para assegurar o Especialistas selecionados;
Representantes de agências externas de
processo de planejamento, porém também
apoio.
pode incluir consultores ou pessoal auxiliar.

26 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


A função da equipe é traduzir decisões do
Comitê Diretor em medidas práticas de ação, QUADRO 5. EQUIPE QUALIFICADA
EM GESTÃO
ao mesmo temp o que informa o Comitê
Diretor do progresso e as questões principais QUALIFICAÇÃO MÍNIMA DA EQUIPE
levantadas. A equipe será responsável pela Liderança de equipe e gestão de
gestão do processo de planejamento projetos.
participativo e por conduzir as atividades Habilidade em comunicação e
negociação.
necessárias para a preparação do plano de Apoio administrativo.
GIRH. As tarefas específicas da equipe são as
QUALIFICAÇÃO DESEJADA.
seguintes:
Organização e planejamento em
3
Organizar e coordenar todo o processo recursos hídricos.
Habilidade política, institucional e
estratégico; legal.
Planejar atividades e reuniões específicas; Habilidade técnica: hidrologia,
avaliação de demanda, etc.
Aportar expertise e recursos; Análise sócio - econômica.
Apoiar grupos de trabalho e outros Economia e finanças.
comitês;
Atuar como ponto focal de comunicação.

A composição da Equipe pode variar e dependerá da dimensão de cada tarefa e a


dimensão dos resultados esperados. Da mesma forma a localização da equipe pode
variar. No entanto, a experiência mostra que funcionará melhor se estabelecida dentro
de um departamento governamental. Se o resultado estiver longe de ser atingido,
então poderá ser mais bem colocada em um escritório centralizado que tenha funções
interligadas tais como Finanças e Planejamento. Instalada dentro de um organismo
independente aceitável para, e respeitado pelo governo, também é uma possibilidade.

A PLATAFORMA DE MULTI-ATORES: A VALORIZAÇÃO ADICIONAL DA GWP

A Associação Mundial pela Água (Global Water Partnership (GWP) utiliza plataformas multi-atores
em nível regional e nacional – na forma de Parceria Regional ou Nacional Pela Água (Regional and
Country Water Partnerships (CWP) – como um meio para auxiliar no desenvolvimento de planos
nacionais de GIRH e de uso eficiente da água.

Estes CWP são plataformas neutras que permitem congregar atores para discussão como podem
contribuir de modo concreto, no sentido de estabelecer estratégias, planos e implantação de ações
que levem a uma gestão e uso sustentáveis da água. Tais Parceiras, por exemplo, são fórum para
inovação e melhor entendimento de como a mudança pode ser implementada – tornado-as assim
mais efetiva – e pressionar pela reformas necessárias na legislação e nos acordos institucionais.

Ao facilitar a preparação de planos nacionais de GIRH – o qual tem o apoio de todos os de atores
importantes e são aprovados pelos governos respectivos - A Parceria Nacional pela Água objetiva
assegurar ampla apropriação dos Planos, assim facilitando a mobilização de recursos para apoiar a
sua implementação

Assim a Parceria pela Água :

Fornece uma plataforma neutra para o diálogo e a troca de informações;


Apóia o processo de desenvolvimento de estratégia e planejamento de GIRH dando orientação e
compartilhando conhecimento e lições aprendidas de outras regiões e países;
Apóia a capacitação e treinamento fornecendo as ligações e coordenações com redes de
capacitação.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 27


FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

Getting in Step: Engaging and Involving Stakeholders in Your Watershed


o http://www.epa.gov/owow/watershed/outreach/documents/stakeholderguide.pdf

The How-to of Communications Planning. Social Change media.


o http://media.socialchange.net.au/planning_comms/10steps.html

Advocacy Sourcebook. A Guide to advocacy for WSSCC co-ordinators working on the WASH campaign
3 o http://www.wsscc.org/download/Advocacy_Sourcebook.pdf

Manual Advocacy for Gender & Water Ambassadors. Gender and Water Alliance.
o http://www.genderandwateralliance.org/reports/GWA%20Advocacy%20manual.pdf

The partnership handbook. Government of Canada


o http://www.hrsdc.gc.ca/en/epb/sid/cia/partnership/partnerhb_e.pdf

Working on Teams. Articles and Tools. MIT.


o http://web.mit.edu/hr/oed/learn/teams/articles.html

28 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


4. DESENVOLVENDO O PLANO DE
TRABALHO

4.1. QUAIS SÃO OS PRODUTOS ESPERADOS?

Esta etapa do ciclo de planejamento enfoca a preparação para a tarefa de produzir um


plano de GIRH e, portanto, os produtos esperados nessa etapa poderiam ser:

Um programa de ação com um plano de trabalho detalhado e meios de


financiamento definidos;
4
Vontade política e apoio para o processo de planejamento construído;
Uma estrutura para ampla participação dos atores formada
Atividades de capacitação em apoio ao processo de planejamento identificadas.

As seções seguintes abordam as áreas de produção.

FIGURA 4. FASE DE MOBILIZAÇÃO – DIRETRIZES, PRODUTOS E ATIVIDADES

Diretrizes existentes Produtos Atividades

Concordância
PLANO DE TRABALHO no processo
COM CONTÍNUA

Compromisso
Capacitação político

Compromisso
Equipe formada Compromisso
político dos atores e
sociedade

Participação de
atores
Análise dos
atores

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 29


4.2. MOBILIZAÇÃO

São componentes do lançamento do processo de planejamento: a mobilização da


equipe, o desenvolvimento do plano de trabalho, envolvimento dos atores e a garantia
do compromisso político de todos os componentes. As ações da equipe e de outras
estruturas de gestão do processo devem ser formadas ao longo do ciclo de
planejamento e são os meios para manter o ciclo em movimento.

Os esforços de mobilização devem também procurar construir a confiança de todos


com respeito ao processo. A confiança é um capital social não percebido que emula a
coesão pela redução das incertezas. A confiança reduz os conflitos, facilita o processo
de consulta e melhora a aceitação dos resultados. A perda da confiança tem um efeito
deletério sobre o Plano.

4.2.1. Formulando plano de trabalho


4
Definição dos Termos de Referência

Uma das etapas cruciais em todo o processo de planejamento é a fase de mobilização,


durante o qual os Termos de Referência (TRs) para o próprio Plano de GIRH serão
definidos. É importante que os principais temas a serem incluídos devam ser pensados
cuidadosamente, em termos de áreas de interesse, recursos, inclusive financeiros, para
adotar o plano de GIRH e para implementar suas recomendações. Os TRs precisam
ser baseados nessas considerações e fornecer uma estrutura clara para atividades
adicionais.

Os TRs podem ser desenvolvidos em paralelo com a formação da Equipe de Gestão


ou como tarefa principal da Equipe. Freqüentemente, as atividades da Equipe são
definidas nos TRs. É importante lembrar que os TRs têm a intenção de ser um
documento de referência, fornecendo subsídios claros das necessidades, abrangência e
objetivos. Desta forma, os TRs consolidam as regras fundamentais que regem todo o
processo. Os componentes típicos dos TRs incluem: antecedentes, objetivos do
planejamento estratégico, divisão de responsabilidades, abrangência de
trabalho/tarefas, plano de trabalho, exigência de relatórios, estrutura do processo de
gestão, orçamento e recursos necessários; dados, materiais e informações de apoio. Os
resultados obtidos e um cronograma são parâmetros de controle importantes para a
Equipe.

Levantando recursos e financiamento

A condução do processo de planejamento está, também, limitado pelo orçamento


alocado. O plano de trabalho, o número de reuniões, oficinas, utilização de
consultores estão limitados pelos recursos financeiros, assim como por outros fatores.
A Equipe pode ter a expectativa de contar com orçamento. Mas é mais provável que a
Equipe seja formada somente se houver uma garantia de quantia definida e destinada
ao processo na fase inicial. Recursos humanos e outros recursos que serão necessários
e as condições para contratação de consultores devem ser bem definidos.

O plano de trabalho

30 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


O estágio final do processo de mobilização é construir o Plano de Trabalho. Baseado
nos requisitos estabelecidos nos TRs. Esses TRs integrarão as necessidades do Plano
de GIRH com recursos que forem alocados e fornecerá um esquema detalhado das
ações específicas e atividades. O plano de trabalho pode ser estruturado com base nas
etapas identificadas nesse material de capacitação e tem que ser preparado pela
Equipe e/ou ou qualquer consultor contratado para este propósito, constituindo-se em
um dos principais produtos da primeira etapa. As áreas típicas abordadas pelo plano
de trabalho são:

Sumário sobre as tarefas solicitadas; Você acha que o


Plano de trabalho e metodologia a ser aplicada; trabalho deve ser
Gestão e responsabilidades qualificadas; realizado pela equipe ou
que deve somente ser
Abordagem dos pontos importantes; coordenado por ela?
Mecanismos claros de reuniões/seminários/
comunicação.
4
4.3. COMPROMISSO POLÍTICO
QUADRO 6. SOBRE O COMPROMISSO
POLÍTICO
Apoio político e compromisso são
essenciais para o sucesso de qualquer ALGUMAS COISAS PARA MEDIR
processo de mudança. É necessário o
Alocação financeira para o processo de
compromisso desde o nível mais elevado planejamento
(gabinete, chefe de estado) caso o plano Liderança da equipe de planejamento
Número de Ministérios e agências
elaborado preveja mudanças em envolvidas na decisão de desenvolver um
ministérios ou em estruturas legais e plano.
Oficinas/atividades com políticos
institucionais.
ALGUMAS COISAS PARA CONSIDERAR
Uma primeira etapa importante, é acordar
A existência de uma política oficial ou
com os líderes políticos a necessidade da decisão do governo não garante uma ação
gestão e desenvolvimento sustentável dos efetiva
O governo tem usado freqüentemente
recursos hídricos com enfoque em GIRH. uma abordagem de cima para baixo e não
Um líder político ou social como defensor considera os atores desde o início
Compromisso político deve ser de longo
do plano pode auxiliar na conscientização e prazo e portanto supra partidário
canalização de apoio para o processo. As ONGs têm tido participação importante
em projetos de uso de recursos hídricos.

Algumas das razões para forte apoio


político são:

assegurar que os problemas e questões prioritárias dos recursos hídricos possam


ser enfocados a partir de uma dimensão multi-institucional;
possibilitar que o sistema de coordenação estratégica funcione (o secretariado e o
comitê diretor dependerão do apoio político para a sua formação e operação);
garantir que a visão e objetivos de recursos hídricos incorporem objetivos
políticos consistentes com outros objetivos nacionais;
assegurar, por outro lado, que a visão e objetivos dos recursos hídricos sejam
refletidos nas aspirações políticas;
assegurar que abordagens sustentáveis para a gestão de recursos hídricos sejam
incluídas no desenvolvimento, planos e compromissos políticos de outros
setores;
assegurar que implicações políticas da estratégia sejam acompanhadas e
consideradas ao longo do processo, e não meramente em algum ponto final

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 31


formal (para permitir que funcione uma abordagem de aperfeiçoamento
contínuo);
tomar decisões sobre as mudanças políticas, legais e institucionais
recomendadas;
assegurar que o plano seja adotado e tenha continuidade em seu
acompanhamento;
alocar fundos governamentais (se necessário, também mobilizar a contribuição
de doadores).

Gestão e desenvolvimento sustentável de recursos hídricos têm implicações profundas


sobre os modos tradicionais de gestão da água e por causa das mudanças que são
esperadas nas estruturas do poder e tomadas de decisão, acarretam implicações
políticas óbvias. Este fato tem que ser reconhecido e tratado conscientemente ao longo
do processo de planejamento de GIRH.

Como você pode obter compromisso político?


4
O compromisso político tem que ser de longo prazo, portanto, suprapartidário
englobando políticos jovens como também políticos experientes, de tal forma que não
seja rejeitado quando um novo governo assumir o poder. Por este motivo, uma visão
compromisso ajustada que atenda a aspirações de todos os partidos, permite um bom
fundamento para ação.

Alguns exemplos de estratégias:

Identificar oportunidades para chamar a atenção sobre as


questões gerais da GIRH;
Apoiar-se em compromissos internacionais. Por exemplo, a
maioria dos governos, incluindo o seu, assumiram a meta
internacional de desenvolver planos para a gestão sustentável e
É possível
uso eficiente dos recursos hídricos; reunir
Um primeiro passo pode ter início com indivíduos chaves, ministérios e
lideranças e gradualmente construindo o apoio; políticos
Usar a abordagem de um problema e apele para os responsáveis
pelo Solo,
parlamentares enfocarem o problema dos recursos hídricos de Água, Meio
seus eleitores; Ambiente,
Usar a publicidade para colocar temas de recursos hídricos na Governo Local
agenda nacional, conseqüentemente mostrando a relevância e Energia para
trabalharem
para os políticos; juntos?
Fornecer informações ou fazer apresentações para os comitês
parlamentares ou outro órgão apropriado com responsabilidades
sobre recursos hídricos, solo e meio ambiente;
Usar materiais promocionais, sumários de relatórios longos e Como você
outros materiais com informações objetivas em formato curto e faria isso?
compreensível;
Assumir uma ‘abordagem de processo’ e construção de
compromissos ao longo do caminho – mas não deixe isso para
mais tarde.

32 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


4.4. PARTICIPAÇÃO DE ATORES
(Ref “Improving Wastewater Management in Coastal cities”)

O princípio central de uma abordagem de GIRH para a gestão da água é a


participação dos atores. A água é do assunto de todos. Para o sucesso das reformas no
setor de recursos hídricos é importante saber quais são as opiniões e os interesses dos
atores.

TABELA 3. TIPOS DE PARTICIPAÇÃO

CARACTERÍSTICAS
Participação
A participação é simplesmente uma pretensão
manipulativa
A participação das pessoas porque disseram que já foi decidido ou teria
Participação
acontecido. A informação é compartilhada somente entre profissionais
passiva
externos.
As pessoas participam porque são consultadas ou respondendo perguntas.
4
Participação por
Nenhuma parcela da tomada de decisão é concedida e os profissionais não
consulta
são obrigados a considerar a opinião das pessoas.
Participação por As pessoas participam em troca de comida, dinheiro ou outro incentivo
incentivos material. O pessoal local não tem interesse na continuidade das práticas caso
materiais cessem os incentivos.
A participação é vista pelas agências externas como um meio de atingir às
Participação metas do projeto, especialmente a custos reduzidos. As pessoas podem
funcional participar formando grupos para alcançar os objetivos pré-determinados do
projeto.
As pessoas participam em análises conjuntas, o que leva a planos de ação e a
Participação formação ou fortalecimento de grupos locais ou instituições que determinam
interativa como os recursos disponíveis serão usados. Os métodos de aprendizagem são
usados para obter múltiplos pontos de vista.

As pessoas participam tomando iniciativas independentemente de instituições


Auto- mobilização externas. Desenvolver contatos com instituições externas para obter recursos
e apoio técnico, mas mantêm controle sobre como os recursos são usados.

FONTE: Dalal-Clayton B, Bass S (2002)

A importância da participação de atores deve ser Que nível de


participação você
reconhecida em uma variedade de aspectos de preparação e acha que é o melhor
implantação do projeto. Estes aspectos incluem: para a GIRH?

A identificação dos interesses dos atores, segundo sua importância e influência


no projeto proposto;
A identificação de instituições locais ou processos sobre os quais construir o
apoio para o projeto;
A definição de fundamentos e estratégia para envolver os atores nos vários
estágios de preparação e implantação do plano de GIRH.

O último ponto mostra que a estratégia de engajamento dos atores decorre diretamente
do processo de planejamento como um componente integral e não é um evento
externo ao processo.

Benefícios do envolvimento dos atores

Pode conduzir a uma tomada de decisão bem informada, pois os atores

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 33


usualmente possuem um acervo de informações que podem beneficiar o projeto;
Atores são os mais afetados pela falta de recursos hídricos ou sua gestão
deficiente;
Consenso desde os estágios iniciais do projeto pode reduzir a possibilidade de
conflitos que podem prejudicar a implantação e o sucesso do projeto;
O envolvimento dos atores contribui para a transparência das ações públicas e
privadas. Essas ações são monitoradas pelos diversos atores envolvidos;
O envolvimento de atores pode construir confiança entre o governo e a sociedade
civil, o que possivelmente pode conduzir a uma relação de colaboração de longo
prazo.

Etapas da Participação de Atores

A análise dos atores envolve essencialmente quatro etapas:

1. Identificar os atores chaves na ampla distribuição de grupos e indivíduos que


4 poderiam potencialmente afetar ou serem afetados pelas mudanças na gestão dos
recursos hídricos.
2. Avaliar o interesse dos atores e o impacto potencial da GIRH sobre esses
interesses.
3. Avaliar a influência e importância dos atores identificados.
4. Traçar uma estratégia de participação de atores (um plano para seu envolvimento
dos atores nos diferentes estágios de preparação do plano).

Etapa 1: Identificação atores chaves

Na identificação dos atores chaves, você deve considerar as seguintes questões:

Quais são os potenciai beneficiários?


Quem poderia ser impactado de modo adverso?
Foram identificados os grupos vulneráveis que podem ser atingidos pelo plano?
Foram identificados os apoiadores e os opositores às mudanças nos sistemas de
gestão da água?
Os interesses de gênero estão identificados e representados adequadamente?
Quais são as relações entre os atores?

A resposta a essas questões conduzirá a uma lista simples, que forma a base da análise
dos atores.

Nem todos os atores necessitam ou querem estar envolvidos em todas as tarefas


associadas ao processo. Um dos propósitos da análise dos atores é assegurar que a
Equipe e os outros envolvidos na gestão do processo de planejamento, entendam
claramente os interesses dos diferentes grupos, onde eles desejam participar, e quais
são as suas expectativas e habilidades. Assim, é importante esclarecer desde o início
quais os papéis dos participantes chaves no processo de planejamento estratégico e a
relação entre eles, conforme definido nos papéis formais e mandatos de instituições e
organizações participantes do processo, e como promovido pelas diferentes políticas
comunitárias.

Etapa 2: Avaliar os interesses dos atores e o impacto potencial do projeto sobre esses
interesses

34 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Uma vez que os atores chaves estejam identificados, possíveis interesses que esses
grupos ou indivíduos têm no projeto podem ser considerados. As questões que você
poderia tentar responder para avaliar os interesses de diferentes atores incluem:

Quais são as expectativas dos atores quanto ao plano?


Quais os benefícios que provavelmente resultarão do projeto para os atores?
Que recursos os atores poderiam ser capazes ou estariam dispostos a mobilizar?
Que interesses dos atores conflitam com os objetivos da GIRH?

É importante perceber quando da avaliação dos interesses de diferentes atores e que


alguns atores podem ter propósitos e interesses ocultos, múltiplos ou contraditórios.
As diversas organizações e grupos de interesse que precisam estar engajados num
processo estratégico, cada um deles tem seus próprios interesses em que eles
procurarão promover e/ou defender. Estes grupos podem tornar-se envolvidos no
processo de diversas maneiras, contribuindo em diversos níveis, por exemplo:
4
identificando e encontrando soluções para os problemas, construindo uma visão e
metas para o futuro, debatendo as opções políticas e ações possíveis. O envolvimento
em processo estratégico pode ser considerado um direito, mas leva também certas
responsabilidades, por isso é importante estabelecer e estar de acordo com os papeis
no processo tão cedo quanto for apropriado. Negociações terão que ser feitas para
viabilizar a mudança no sentido do uso sustentável dos recursos hídricos. Há
necessidade de os atores estarem comprometidos e participando efetivamente, para
que aceitarem o Plano final.

Etapa 3: Avaliando a influência e importância dos atores

Na terceira etapa, a tarefa é avaliar a influência dos atores que foi identificada no
estágio inicial. A influência refere-se ao poder que os atores têm sobre o projeto. Esse
poder pode ser na forma como os atores têm controle formal no processo de tomada
de decisão, ou pode ser informal no sentido de dificultar ou facilitar a aceitação e
implementação dos planos. A importância está relacionada com a questão de como é
importante o envolvimento ativo do tomador de decisão para atingir os objetivos do
projeto. Os atores importantes que são freqüentemente aqueles que se beneficiarão do
projeto ou aqueles cujos objetivos coincidem com os objetivos do projeto. É possível
perceber que alguns atores que são muito importantes poderiam ter muito pouca
influência e vice-versa.

Para avaliar a importância e a influência do tomador de decisão, deve-se ser capaz de


avaliar:

O poder e a condição (política, social e econômica) do tomador de decisão;


O grau de organização do tomador de decisão;
O controle que o tomador de decisão tem sobre recursos estratégicos;
A influência informal do tomador de decisão (conexões pessoais, etc.);
A importância desses atores para o sucesso do projeto.

Ambas, a influência e a importância dos diferentes atores podem ser ordenadas com
escalas simples e comparadas uma com as outras. Os menos favorecidos, tais como os
pobres ou alguns grupos de gênero, podem exigir atenção especial para superar sua
situação hierárquica desvantajosa. Este exercício é uma etapa inicial na determinação

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 35


da estratégia apropriada para o envolvimento destes atores. Como na segunda etapa,
para se ter certeza que a avaliação está tão precisa quanto possível, seria preferível
tem consultas no local.

Etapa 4: Traçando uma estratégia de participação

Baseado nas três etapas anteriores sobre o processo de participação dos atores, algum
planejamento preliminar pode ser feito com relação a questões de como envolver
melhor os atores. O envolvimento de atores deve planejado de acordo com:

Interesses, importância e influencia de cada tomador de decisão


Esforços especiais necessários para envolver os atores importantes, mas que não
tem influência;
Formas apropriadas de participação através do ciclo de projeto.

É muito importante incluir, nessa estratégia, etapas para melhorar o entendimento


4
sobre a gestão de recursos hídricos e da abordagem de GIRH. Materiais promocionais
explicativos ou reuniões educacionais podem ser divulgados pelo rádio, TV ou outros
meios da mídia.

TABELA 4. CATEGORIAS DE ATORES

A. Interesse/Importância Elevada, Influência B. Interesse/Importância Elevada


Elevada Influência Baixa

Esses atores são as bases para uma coalizão efetiva Esses atores requererão iniciativa especial se
de apoio para o projeto. seus interesses tiverem que ser protegidos

C. Interesse/Importância Baixa, Influência


Elevada D. Interesse/Importância Baixa,
Influência Baixa
Esses atores podem influenciar os resultados do
projeto, mas as sua prioridades não são aquelas Esses atores são os de menor importância para
do projeto. Podem ser um risco ou obstáculo o projeto.
para o projeto.

Fonte: Overseas Development Administration, 1995

Métodos para a participação dos atores

Os atores devem ser engajados em todas as etapas críticas do processo de elaboração


do plano. Esses estágios devem ser planejados e o plano de trabalho deve identificar a
oportunidade, o propósito, os objetivos dos atores, o método e os resultados
esperados. A amplitude e a estratégia da participação dos atores precisam ser
determinadas cuidadosamente porque contribuem significativamente para os custos.

Os métodos podem incluir:

Oficinas de atores, nas quais atores selecionados são convidados para discutir
temas sobre a água;
Representação na estrutura de gestão para o processo de planejamento;

36 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Consultas locais, presenciais;
Levantamentos;
Consulta a organizações colaboradoras (tais como Organizações Não
Governamentais, instituições acadêmicas, entre outros).

Usar fontes múltiplas de informação não tem somente a


vantagem de que a informação obtida seja provavelmente mais
acurada, mas, especialmente os métodos de obtenção de Como você prioriza
informações (oficinas de atores, consulta local, etc.) pode os atores e como
os menos
também contribuir para criar uma idéia de apropriação local do influentes podem
processo e consenso sobre os objetivos do projeto. Técnicas de ser representados?
participação de atores variam de um nível baixo ao nível mais
elevado de envolvimento.

Já foi mencionada a necessidade de identificar atores chaves,


precisaria ser identificados de representantes de cada grupo de
atores. Estruturas formais podem permitir que isto seja feito 4
O que você
pelos próprios atores, porém, em alguns casos a consulta poderá considera ser um
identificar inúmeros líderes ou reconhecidos porta-vozes. É bom nível de
participação dos
importante solicitar aos representantes transmitir as
atores no seu país?
informações para os seus representados como também, se
necessário, colocar em evidência as opiniões de seus membros,
solicitando os respectivos apoios para o processo.

4.5 CAPACITAÇÃO

As questões abaixo estão relacionadas com a capacitação de vários atores na gestão de


recursos hídricos e no processo de planejamento:

Até que ponto a GIRH é nova?


Os atores estão conscientes da importância das reformas propostas para os
recursos hídricos?
Estão os ministros e outros políticos adequadamente informados para serem
capazes de fazer a escolha política certa?
Existem realmente importantes diferenças de gênero no acesso e no uso da água?
A Equipe de Gestão entende realmente todos os temas e tem a habilidade para
facilitar um processo dos atores;
Quais são as opções estratégicas de gestão de recursos hídricos e como
decidimos o que é melhor para nós?
Por que deveríamos ser cobrados pela água?
Nós temos realmente conhecimento suficiente para implantar o plano de GIRH?

Este conhecimento é necessário em diferentes estágios do


ciclo de planejamento por diferentes categorias de pessoas e O que você pensa ser
afetam enormemente suas capacidades para contribuir ou a mais importante
agir. Por outro lado, à falta de conhecimento adequado necessidade de
capacitação?
afetam a qualidade do plano em sua capacidade para ser
implementado com sucesso.

É conveniente considerar as necessidades de capacitação durante o processo de


planejamento, mas estar preparado para revisá-lo e refiná-lo enquanto o processo

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 37


avança. O fracasso em promover suficiente capacitação é comum, o que,
conseqüentemente, torna então os projetos fracassados

A maneira mais simples de abordar a capacitação é a de seguir cada componente do


plano de trabalho com a pergunta: as pessoas envolvidas nessa parte do plano têm
conhecimento suficiente para serem capazes de participar com efetividade? Se
não, então tomar as devidas medidas para aumentar os seus conhecimentos,
conscientização, habilidades ou competência. Isto começa exatamente com o
conhecimento do político e as habilidades da Equipe de Gestão. A necessidade de
capacitação irá mudando enquanto o plano caminha para a implementação. São
necessárias diferentes habilidades.

PRINCIPAIS LIÇÕES APRENDIDAS

1. Apoio político e boa vontade são crucias para o sucesso do plano estratégico de GIRH.
4 2. Consenso amplo e apropriação total das propostas de planejamento estratégico pelos atores é
crítico para assegurar a implantação do plano resultante.

3. Envolver todos os atores num processo de planejamento participativo e inclusivo. Estes devem
incluir líderes políticos, servidores públicos, especialistas ONGs/organizações comunitárias e o
setor privado.

4. A função do facilitador (Equipe de Gestão de Processo) é assistir a gestão do processo de


planejamento participativo, coordenar os debates, relatar experiências e ajudar a garantir
consenso em questões chaves.

FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

Building trust tools


o http://www.resolv.org/pubs/buildingtrust/index.html

A Guide For Self-Assessment Of Country Capacity Needs For Global Environmental Management.
GEF. Copies in english,arabic, chinese, french, russian and spanish are available in
o http://www.gefweb.org/Documents/enabling_activity_projects/enabling_activity_projects.html

Stakeholder Methodologies In Natural Resource Management. DFID


o http://www.dfid.gov.uk/pubs/files/BPG02.pdf

Stakeholder analysis guidelines. LACHSR


o http://www.lachsr.org/documents/policytoolkitforstrengtheninghealthsectorreformpartii-EN.pdf

Stakeholder participation
o Participation: sharing our resources. FAO. http://www.fao.org/Participation/ft_find.jsp
o Worldbank. Participation source book. http://www.worldbank.org/wbi/sourcebook/sbhome.htm

Participation, Consensus building and Conflict management. UNESCO.


o http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001333/133308e.pdf

Gender Mainstreaming in IWRM. Module 4. Gender Mainstreaming Tools – Training of Trainers.


GWA
o You can order this material in info@cap-net.org. It is free of charge.

38 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


5. ESTABELECENDO UMA VISÃO
ESTRATÉGICA

5.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?

O resultado desta etapa do processo de planejamento é uma declaração formal ou


informal de uma política para a água que adote os princípios de gestão e
desenvolvimento sustentável de recursos hídricos.

FIGURA 5. FASES DA PREVISÃO ESTRATÉGICA – DIRETRIZES, RESULTADOS E ATIVIDADES

Diretrizes existentes
Resultados Atividades

Conscientização

Problemas de água VISÃO/ 5


DECLARAÇÃO DE
POLÍTICA Consulta aos
atores
Compromisso com a
Políticas anteriores sustentabilidade
de água
Compromisso
político

5.2. POR QUE É IMPORTANTE UMA VISÃO DE ÁGUA?

Alcançar a sustentabilidade no desenvolvimento nacional requer uma visão estratégica


que é ao mesmo tempo de longo prazo em suas perspectivas e ligando a vários
processos de desenvolvimento que são tão sofisticados como são os desafios
complexos. Uma visão estratégica para o desenvolvimento e gestão sustentáveis de
recursos hídricos em nível nacional implica em:

Associação da visão de longo prazo com objetivos de médio prazo e ações de


curto prazo;
Articulações horizontais entre setores, de tal forma que exista uma abordagem
coordenada para o desenvolvimento;
Articulações em níveis verticais, de tal forma que políticas local, nacional e
global, esforços de desenvolvimento e governança apóiem-se mutuamente;
Parceria autêntica entre governo, setor empresarial, comunidade e organizações
voluntárias, considerando que os problemas são muito complexos para serem
resolvidos por qualquer grupo agindo sozinho.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 39


A visão de como que os recursos hídricos estarão nos próximos 20 anos é um bom
ponto de início para o processo de planejamento. Permite obter uma apreciação
comum do futuro evitando preocupações com atuais conflitos e sistemas. Esse
entendimento comum do futuro auxilia aos atores a resolver e avaliar as questões
difíceis.

Enquanto uma política e uma visão são muito diferentes, qualquer uma delas pode
funcionar como uma base de acordo e criar os fundamentos para continuar na
elaboração de um plano de GIRH.

No contexto da elaboração de um plano de GIRH, poderia ser necessário convencer


ao governo e aos outros atores que uma abordagem de GIRH é a correta para atingir a
meta de longo prazo de gestão e desenvolvimento sustentável de recursos hídricos.

O que é uma Visão?

Uma visão é um compromisso que descreve


uma situação futura. Está orientada para um QUADRO 7. VISÃO DE RECURSOS

certo período de tempo, usualmente cerca HÍDRICOS - EXEMPLOS

de 20 anos e não deve ser muito longo. O VISÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DA


problema é que a visão pode ser muito vaga TAILÂNDIA.

5 e inatingível. Idealmente deveria ser Até o ano de 2025, a Tailândia terá água de
enquadrada no contexto da visão nacional boa qualidade suficiente para todos os
usuários através de um sistema eficiente de
de desenvolvimento. gestão organizacional e legal que assegurará
a utilização igualitária e sustentável de seus
A visão pode tomar a forma de declaração recursos hídricos com a devida consideração
sobre a qualidade de vida e a participação de
geral de princípios para o futuro dos todos os tomadores de decisão.
recursos hídricos no país, ou ser concebida
VISÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DA ÁFRICA
com mais detalhes combinando: DO SUL.

Até 2025, os recursos hídricos serão geridos


Por que a gestão de recursos hídricos eficientemente e efetivamente de uma
precisa ser melhorada; maneira ambientalmente sustentável de tal
Quando pretende que a gestão de forma que cada pessoa na região terá acesso
à água potável saudável para as
recursos hídricos seja estabelecida, necessidades básicas; terá instalações
digamos, anos 15-20; seguras de esgoto sanitário, garantia de
alimento, mitigação da pobreza, proteção à
Como com a gestão, os serviços serão saúde humana; também a proteção à
melhorados; biodiversidade de sistemas terrestres e
aquáticos.
Quando as metas específicas serão
atingidas.

A visão tem início com o estabelecimento de uma opinião comum sobre o futuro,
podendo incluir metas e objetivos, traduzidas em políticas, legislação e prática. A
visão pode ser aplicada e traduz-se tanto em nível regional (dentro do país), como em
nível de um curso de água compartilhado (dentro de uma bacia hidrográfica), em
níveis nacional ou local (sub-captação).

O que é uma política?

O alcance dos instrumentos políticos pode freqüentemente ser confuso.

Declarações políticas por membros do poder executivo são informais, mas pode

40 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


ser um compromisso sério de um político.
Declarações políticas formais são habitualmente escritas. Podem ser documentos
formais aprovados pelo governo.
Prática, o que na realidade acontece, pode diferir do que foi mencionado acima e
pode ser a política de facto.

A razão principal para se ter uma política é para construir o


compromisso dos atores. Conseqüentemente, um documento Você acha que uma
político, adotado formalmente ou informalmente pelo governo visão de água ou
é uma indicação valiosa de compromisso de governo com a política de água é
reforma do setor de recursos hídricos. Isto é muito relevante necessária antes do
desenvolvimento de
na consideração de questões complexas e inter-relacionadas um plano de GIRH?
como água, onde muitos interesses diferentes têm que ser
considerados.

As políticas são mais detalhadas do que uma visão e caso os conceitos de GIRH não
são bem entendidos, pode não ser conveniente desenvolver uma política de recursos
hídricos. Então, poderá ser uma atividade para ser considerada mais tarde, como parte
do plano de implementação.

5.3. ETAPAS NA ELABORAÇÃO DE UMA VISÃO DE RECURSOS


HÍDRICOS 5

Existem 4 aspectos para serem considerados:

Examinar as políticas ou visão de recursos hídricos existentes quanto à


consistência com o desenvolvimento sustentável.
Garantir suficiente compreensão de GIRH.
Incorporar as opiniões dos atores.
Obter engajamento político para a visão ou política.

No entanto, ter cuidado, para não investir esforço desproporcional na elaboração da


visão à custa do planejamento.

5.3.1. Visão e políticas existentes de recursos hídricos

Políticas e visão existentes de água (e práticas) precisam ser examinadas para verificar
a sua consistência com os princípios de gestão sustentável dos recursos hídricos. Se
este for o caso, então o processo de planejamento de GIRH pode continuar
relativamente tranqüilo porque, provavelmente já existe um processo de promoção
dos princípios de GIRH. As etapas seguintes de conscientização e construção de
compromissos como de consultas aos atores podem exigir esforços menos intensos do
que aconteceria no caso de dar início tendo uma base menos desenvolvida.

A ausência de tais políticas ou visões, ou o fracasso de dar continuidade à


implementação, indica a necessidade de criação de compromissos e conscientização
sobre a importância das questões de água, especialmente em nível político.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 41


5.3.2. Garantindo a compreensão da GIRH

A GIRH é uma abordagem para atingir a meta de uma gestão sustentável de recursos
hídricos. Como mencionado na seção anterior, a capacitação para a conscientização e
aumento da compreensão sobre os meios e as medidas para alcançar a gestão e
desenvolvimento sustentável de recursos hídricos é uma atividade contínua. A
preparação de material e ferramentas apropriadas para transmitir as mensagens para os
grupos alvos é importante. Mensagens muito diferentes são necessárias para obter
compromisso dos políticos com os princípios de GIRH, como também as mensagens
para convencer os atores.

5.3.3. Incorporando as opiniões dos Atores

A importância da participação de atores na formulação de uma visão ou políticas


nacionais de águas tem sido observada. A dimensão apropriada da consulta pública
será diferente entre os diferentes países dependendo das condições locais, inclusive, a
disponibilidade de recursos.

Minimamente, seria conveniente fazer uma minuta do documento sobre a política,


disponibilizando-a para ser comentada pelas partes interessadas e afetadas. Além
disso, consultas formais e informais podem ser feitas através de reuniões públicas, de
5 oficinas com participação aberta ao público ou restrita a grupos convidados.

Em alguns países, a consulta pública tem sido somente para se constar, pois muito
pouca atenção tem sido dada às idéias tiradas dessas consultas. Nestas circunstâncias,
o documento final é essencialmente o mesmo que a minuta inicial. Em outros casos,
várias minutas são preparadas, enviadas de volta para futura discussão e a declaração
política final tem incorporado diversas sugestões. A abordagem adotada pela África
do Sul ao formular sua Lei das Águas de 1997, envolveu datas pré-fixadas para as
interações e contribuições especificas de atores sobre o documento político, garantido
por um processo de consulta coerente, mas com limitação de tempo..

O envolvimento dos atores não é somente importante para garantir um documento


final “melhor”, também garante um sentido de envolvimento e apropriação dos
objetivos e princípios que estão consagrados no documento. Garantindo esse
envolvimento dá muito mais segurança de que as coisas irão funcionar tranqüilamente
nos estágios posteriores que conduzem à conclusão do plano de GIRH e sua
implementação. Os patrocinadores estão bem conscientes disto, sendo muito mais
receptivos em apoiar programas e projetos do setor de recursos hídricos em países
onde existe um elevado nível de participação de atores.

Exemplo

Uma oficina inaugural envolvendo todos os atores importantes pode ser realizada
para discutir e decidir os temas chaves e estabelecer o arcabouço para o plano de
GIRH.

O importante nesse estágio é abrir um debate ativo e garantir que todos os


participantes tenham a oportunidade de se manifestar sobre temas que são de
particular interesse deles. Mantendo a discussão dos temas importantes em um nível
de sub-grupos de trabalho irá aumentar as possibilidades de serem apresentadas

42 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


contribuições por todos os atores. Estes grupos de trabalho podem ser concebidos com
base nos temas provavelmente focais, tais como a estrutura de planejamento
estratégico.

É importante para cada grupo aproprie-se plenamente de suas conclusões e


recomendações. A indicação de líderes de grupos de trabalho, usualmente
participantes experientes que são parte de grupos diretores ou de trabalho, pode ser
extremamente efetivo.

A Oficina Inaugural é a primeira oportunidade para todos os atores se encontrarem


para serem informados dos objetivos do plano estratégico, discutir os temas relevantes
e adquirir um conhecimento adicional de GIRH, e suas metas para a melhoria da
gestão da água. Um resultado obtido no encontro pode servir como uma contribuição
para uma visão de recursos hídricos, uma proposta para essa visão ou comentários
sobre uma proposta existente.

A Oficina Inaugural é crítica para o sucesso de toda a iniciativa, pois é nesse fórum
que os interesses iniciais e envolvimento podem ser assegurados.

5.3.4. Obtendo o compromisso político para a visão ou a política

Este procedimento pode ser considerado como um primeiro 5


teste de aceitação de um plano de GIRH. Qual é o interesse O que você faria para
deles, do ponto de vista político, em gestão sustentável de conseguir que uma
recursos hídricos? Nesse ponto inicial, é necessária a visão de recursos
construção de compromisso, caso a expectativa de hídricos fosse adotada
em um nível político?
compromisso a ser alcançada é a adoção do plano de GIRH
resultante.

Os métodos foram mencionados no módulo 4.

FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

Visioning
o ECDPM, Facilitation tools (From: Institutional Development, Learning by Doing and sharing).
http://www.cap-net.org/FileSave/34_facilitation_tools.doc

How to run a brainstorming session


o http://www.uiweb.com/issues/issue34.htm

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 43


6. ANÁLISE DA SITUAÇÃO

6.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?

O resultado da análise da situação é um relatório de progresso na gestão descrevendo


o progresso com a implementação de melhor gestão de recursos hídricos, os temas
relevantes, os problemas e algumas das soluções. Um aspecto importante do relatório
é a priorização destes problemas, temas e soluções em termos de prioridades sociais,
econômicas, ambientais e políticas. A análise é realizada com respeito ao alcance do
desenvolvimento e da gestão sustentável dos recursos hídricos.

FIGURA 6. FASE DE ANÁLISE DA SITUAÇÃO – DIRETRIZES, RESULTADOS E ATIVIDADES

Diretrizes existentes Resultados Atividades

Problemas dos
recursos hídricos
SITUAÇÃO ANALISADA Consulta aos
atores

Problemas de Problemas,
gestão Causas, Efeitos,
6 Processo de GIRH

Informação de
apoio

METAS IDENTIFICADAS Compromisso


Prioridades político
políticas e sociais

6.2. O QUE É NECESSÁRIO SER ALCANÇADO

O propósito desta etapa é o de ajudar a caracterizar a situação existente, usando a


informação para prever os ajustes futuros necessários para uma abordagem de GIRH.

A análise da situação examina os fatores essenciais de influência importantes em uma


dada situação. É particularmente importante para visualizar a situação primeiramente
a partir da perspectiva daqueles afetados diretamente. A conscientização dos
problemas e a motivação para procurar soluções são uma função de condições
vivenciadas pelos atores.

44 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Para o propósito do plano de GIRH, a análise da situação é avaliada em comparação
com os princípios de gestão sustentável e com os princípios incorporados na
abordagem de GIRH. A análise e a interpretação realizada em comparação com estes
objetivos e a visão ou política nacional da água , deve ser focalizada e destinada para
atacar as principais limitações e causas ao invés dos sintomas.

O relatório deve refletir adequadamente as preocupações e impactos do atual sistema


de gestão da água sobre os usuários, o desenvolvimento, o meio ambiente e a
sociedade como um todo. O relatório deve ser compartilhado amplamente, o que
significa ser adequadamente resumido. O relatório deve servir como um importante
indicador da transparência do processo e o compromisso do governo de enfocar a
questão de gestão sustentável de recursos hídricos. O compartilhamento do relatório
com os políticos e outros membros experientes do governo ajuda a manter o
compromisso político, conquista o apoio deles para as soluções e ações emergentes, e
cria conscientização das implicações resultantes da implementação do plano em
questão.

6.3. ETAPAS NA REALIZAÇÃO DE UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO

Abordagem

Enquanto há uma ênfase na participação de atores, a análise da situação não deve ser
realizada ignorando os aspectos estatísticos e a qualidade dos dados. Um desafio na
análise da situação é obter o equilíbrio entre a tarefa analítica e as informações dos
atores.

Há um papel para a contribuição de especialistas na condução da análise, quando


grandes habilidades técnicas são requeridas, para os grandes levantamentos básicos a 6
serem realizados ou haja a necessidade específica de uma opinião independente.

Existem vários princípios relacionados para coordenar a aquisição de conhecimento:

Os grupos de múltiplos atores conceberem o processo de aquisição de


informação, análise e pesquisa, para garantir apropriação da estratégia e os seus
resultados.
Todas as tarefas de “análise” são mais bem implementadas pela união com o
apoio de centros existentes de conhecimentos técnicos, ensino e pesquisa.
Como a análise é fundamental para a elaboração de uma estratégia, esta deve ser
autorizada, acordada e endossada no mais alto nível (p.e. por ministros de
estados, ou pelo comitê diretor de planejamento). Isto aumentará a chance de que
a análise ser bem focalizada, em sintonia com a evolução e prazo do plano, e que
este será implementado.
Da mesma forma, a análise requer uma boa coordenação. É lógico que a Equipe
de Gestão deve coordenar a análise, mas não deve assumir todas as análises
diretamente, na realidade, não necessariamente qualquer parte da análise. Muitos
participantes precisam ser envolvidos. Através dos seus envolvimentos na
reflexão e nas análises, a estratégia auxiliará na construção de instituições de
aprendizagem.

Objetivos

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 45


Os objetivos da análise precisam ser claros. O setor de recursos hídricos é amplo e
cobre um grande número de temas. No entanto, a suposição nesses materiais é que
existe a intenção de enfocar o tema de gestão sustentável de recursos hídricos, o que
já reduz o escopo da análise.

O propósito da análise da situação é examinar o sistema de gestão de recursos hídricos


existentes em termos dos princípios de GIRH, das metas de gestão e desenvolvimento
sustentável. Pontos fracos, problemas e questões identificadas podem restringir a
análise às seguintes áreas substantivas:

Política de recursos hídricos; Existe uma diferença em


Legislação de (recursos hídricos) água importância entre dados
Instituição de gestão água; e hidrológicos e dados
sociológicos?
Práticas de gestão de (recursos hídricos) água.

As causas dos problemas podem não estar na mesma área.

Uma análise da situação atual da gestão de recursos hídricos no país deve, portanto,
identificar as deficiências na estrutura de gestão e permitir uma priorização de ação.

Coleta de dados

A informação para a análise de situação vem de uma variedade de fontes.

Por questões de eficiência e efetividade, o processo de planejamento deve apoiar-se e


explorar conhecimento e experiência pré-existentes, baseando-se em lições passadas.
Tal conhecimento está raramente disponível imediatamente, talvez não seja sequer
6 bem documentado. Em geral, existe uma forma praticada entre os profissionais e
trabalhadores, assim como entre as equipes de governo e não governamentais nos
setores relevantes de água e dos recursos hídricos. O nível político garante
conhecimentos importantes sobre os diversos processos envolvidos na obtenção de
endosso amplo às metas do plano e assegura apoio para a sua implementação.

O conhecimento que deve ser compilado e disponibilizado inclui as seguintes áreas:

Experiência com a GIRH em nível de país, onde os elementos das estruturas de


GIRH deveriam ter sido completadas em parte ou totalmente. Leis nacionais de
água, organizações de gestão e ferramentas de avaliação estão mudando
constantemente em muitos países ao redor do mundo e constituem requisitos
importantes para a GIRH;
A experiência internacional em GIRH, que pode significar experiências obtidas
de vários países ou grupos de países ou onde experiências de recursos hídricos
transfronteiriços e aspectos regionais são dominantes;
Experiência passadas e os atuais processos de planejamento nacional e em outros
setores, em particular, aqueles que são transversais a vários setores. Exemplos de
tais processos em desenvolvimento: a elaboração de estratégias de redução de
pobreza, as estratégias e planos para desenvolvimento sustentável, elaboração de
estratégias para a conservação ambiental e os planos de gestão de bacias;
Experiência de transversalidade entre áreas no processo de planejamento de
GIRH, tais como, participação e desenvolvimento de parceria, envolvimento das
mulheres na gestão de recursos hídricos, capacitação, empoderamento e tomada

46 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


de decisão descentralizada.

Uma avaliação da situação para a GIRH, inclui ferramentas intersetoriais tais como as
apresentadas no Quadro 8.

A análise da situação atual pode começar pela revisão das metas e indicadores de
desenvolvimento nacional, examinando o papel dos recursos hídricos com relação à
realização dessas metas. O contexto social/cultural/institucional e as políticas macro
econômicas que condicionam as políticas e as práticas atuais para a gestão e o uso dos
recursos hídricos, também, devem ser considerados.

6.4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

A análise da situação deve examinar a quantidade e qualidade tanto das águas de


superfície quanto subterrâneas como também o potencial para a utilização de fontes
não convencionais oriundas de captação, reuso, reciclagem, dessalinização e ainda
gestão de demanda de água. Deve identificar os parâmetros pertinentes do ciclo
hidrológico, e avaliar a necessidade de água de diferentes alternativas de exploração.
A análise deve destacar as principais questões de recursos hídricos e seus conflitos
potenciais, sua gravidade e implicações sociais, assim como os riscos e perigos tais
como inundações e secas. Um resumo das principais áreas a serem cobertas é
mostrado no Quadro 8. Para as finalidades de planejamento de GIRH devemos ter o
cuidado de não adotar uma abordagem muito técnica, mas enfatizar os sistemas de
gestão criando ambiente para uso eficiente, efetivo e sustentável.

O conhecimento dos ecossistemas terrestres e aquáticos é um elemento essencial de


avaliação do recurso. Uma avaliação sustentável de recursos hídricos deve ser baseada
em dados físicos e sócio-econômicos confiáveis. No entanto, freqüentemente esses 6
dados não estão disponíveis, isto é, em si próprio, um indicador da fragilidade do
sistema de gestão de recursos hídricos.

Os aspectos sócio-econômicos são importantes se olharmos os


impactos do sistema de gestão de recursos hídricos atuais sobre
Qual é o tema mais
os usuários de água (incluindo o meio ambiente) e a sociedade importante de
como um todo. A avaliação dos recursos hídricos para a GIRH gestão de recursos
coloca a hidrologia dentro de um contexto amplo de temas de hídricos para a sua
desenvolvimento social e econômico tais como crescimento situação?
urbano, mudanças nos padrões de utilização do solo,
sustentabilidade ambiental e questões transfronteiriças.

A abordagem acima é de extrema importância para a cooperação regional em GIRH.


A relevante unidade de análise é a bacia hidrográfica como um todo, independente se
cruza às fronteiras nacionais. As políticas e estratégias nacionais precisam do
compromisso de realizar uma avaliação holística dos recursos hídricos, porque
acordos internacionais e gestão de águas transfronteiriças se beneficiarão
significativamente de uma gestão de recursos hídricos bem estabelecida em nível
nacional.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 47


QUADRO 8. ÂMBITO DA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Análise institucional e legal. Avaliar o mandato das instituições, as leis e políticas para conflitos,
conformidade, superposição e consistência com a gestão sustentável de recursos hídricos.
A avaliação hidrológica e hidrogeológica examinam a extensão dos recursos hídricos superficiais e
subterrâneos disponíveis, considerando a sazonalidade e tendências de longo prazo no suprimento.
Avaliação de demanda examina a competição de uso de água com base no recurso físico e a avaliação
de demanda pela água (a vários preços), assim ajudando também a determinar o recurso financeiro
disponível de cobrança de tarifas para a gestão de recursos hídricos em vários cenários de utilização.
A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) coleta dados sobre as implicações sociais e ambientais no
desenvolvimento de programas e projetos. A AIA é uma importante ferramenta na integração intersetorial
envolvendo projetistas, gestores de recursos hídricos, atores e o público. Isto pode ser vista como uma
forma especial de avaliação dos recursos hídricos.
Avaliação social examina como as estruturas sociais e institucionais afetam a gestão e o uso da água, o
grau de eqüidade no acesso a água, como por gênero e como projetos específicos podem afetar a
estrutura social.
A avaliação de risco e vulnerabilidade analisa a probabilidade de eventos extremos, tal com a
avaliação de enchentes; as implicações ambientais decorrentes do desenvolvimento de programas e
projetos; gestão, ou como projetos específicos podem afetar as estruturas sociais; secas e a
vulnerabilidade da sociedade a esses eventos.
A avaliação de gestão de demanda avalia o potencial de economia de água através da conservação e
gestão de demanda de água.
A avaliação de fontes não convencionais examina o potencial de captação, reuso, reciclagem e
dessalinização de água.

Fonte: Adaptado do GWP IWRM Toolbox.

Indicadores

6 Ainda tem que ser definido um conjunto consistente de Quais são os bons
indicadores para a
indicadores para a gestão sustentável de recursos hídricos. gestão sustentável dos
Uma vez definidos poderão fornecer uma base valiosa recursos hídricos?
para avaliar o progresso e realizar a análise de situação

Definindo as Metas Provisórias

O relatório da análise da situação deve apresentar os temas, os problemas e priorizar


aqueles que requerem atenção mais urgente. Os critérios para priorização devem ser
estabelecidos. Veja, por exemplo, Quadro 9. O relatório, como não é um documento
de planejamento, apresentará os tipos de soluções que foram identificadas nas
consultas e fornecerá uma análise delas, em termos da aceitação pelos atores,
viabilidade e estratégia. O propósito desse procedimento é estabelecer um processo
gradual com o objetivo de obter uma decisão de consenso sobre a estratégia futura
para recursos hídricos. A análise da situação abre a porta para soluções possíveis e
permite que sejam consideradas antes que a estratégia e o Plano de recursos hídricos
sejam desenvolvidos. Quando o processo elaboração de estratégias for estabelecido,
os atores estarão suficientemente informados para serem capazes de responder com
mais efetividade em relação ao enfoque proposto.

48 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Evidenciar as metas prioritárias pode desviar
a atenção para a situação da gestão futura e QUADRO 9. CRITÉRIOS PARA

menos atenção será dada aos meios de PRIORIZAR OS PROBLEMAS


DE GRH
atingi-la. O mesmo acontecera, se fornecer
uma perspectiva inicial e as bases para a É uma barreira para a solução de outros
problemas;
discussão das metas prioritárias antes da Tem impacto sobre um grande número de
estratégia e da elaboração do plano. O pessoas;
envolvimento e a avaliação para o nível É um tema importante para a eqüidade;
Melhorará o desenvolvimento e reduzirá a
político são importantes neste ponto para pobreza;
garantir o compromisso político no processo Melhorará significativamente a eficiência;
Terá impacto positivo sobre o meio
e assegurar que eles aceitem a análise da ambiente;
situação estando cientes das possíveis Ampliará a disponibilidade de recursos
hídricos.
soluções e ações que emergirão.

6.5. QUESTÕES DE INTERESSE PARA OS ATORES

A participação dos atores foi abordada de maneira geral no Módulo 3.

Os atores desempenham um papel importante na análise da situação sendo capazes de


conseguir, além de números e estatísticas, impacto real do sistema de gestão de
recursos hídricos sobre a sociedade e o desenvolvimento. O objetivo de incluí-los
neste estágio é identificar, priorizar e formular os problemas de maneira clara,
alcançando entendimento comum. É importante estar consciente que as opiniões e os
interesses dos atores podem ser conflitantes. Habilidade de negociação e técnicas de
resolução de conflitos serão habilidades úteis.

Para a identificação de questões de interesse, a seguinte abordagem pode ser usada: 6

Etapa 1: Faça uma avaliação de quem está participando

Esta primeira etapa analisa os principais atores do projeto/programa, seus interesses e


objetivos e as suas inter-relações. Isto visa esclarecer as relações entre realidade social
e as relações de poder que prevalecem no estabelecimento institucional do
projeto/programa. Os atores principais influenciam não somente potenciais
vencedores, mas também perdedores.

Etapa 2: Análise do problema

A prioridade de questões, em termos dos problemas de recursos hídricos importantes e


urgentes para serem resolvidos são identificados pelos atores, agrupados em uma
árvore de problemas com causa, efeito e identificação do problema central.
Inevitavelmente, irão surgir opiniões e demandas conflitantes sobre os recursos
hídricos.

As questões podem ser divididas em questões subsistência/demanda (p.e. satisfazer a


demanda crescente e geralmente conflitante de diferentes setores econômicos) e
questões de recursos - impactos (p.e. impacto nas variações e mudanças climáticas,
impactos das atividades humanas e manejo do solo).

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 49


QUADRO 10. ATORES

ATORES IMPORTANTES

Ministros de Estado e instituições envolvidas no planejamento e formulação de políticas nacionais de


desenvolvimento.
Ministros de Estado e instituições envolvidas nos principais setores relacionados com recursos hídricos,
incluindo fornecimento de água domiciliar e saneamento, irrigação, agricultura, energia, saúde,
indústria, transporte, pesca e turismo.
Serviços de água, agências e órgãos relacionados (p.e. Conselhos de Recursos Hídricos).

É ESSENCIAL INCLUIR OS ATORES NO PROCESSO

Comunidades locais e organizações comunitárias (p.e. prefeitos, líderes religiosos);


O setor privado incluindo o (mas não limitado ao) setor de fornecimento de água e saneamento;
Grupos de interesse setoriais tais como agricultores e pescadores;
Grupos e associações de mulheres;
Representantes de comunidades indígenas;
Organizações não governamentais;
Representantes dos meios de comunicação;
Instituições de pesquisas e capacitação, inclusive as universidades;
Parceiros facilitadores (p.e. em países em desenvolvimento – escritórios de agências da ONU no país,
parcerias nacionais pela água , Associação Mundial pela Água- GWP).

Questões de sobrevivência/demanda

Em muitos países o desafio a ser enfrentado compreende questões tais como


garantia ao acesso à água potável e saneamento básico para aqueles atualmente não
atendidos; o desafio do rápido crescimento da demanda de água e esgoto urbano e
descarga de efluentes ; garantia de água para a produção crescente de alimentos;
6 redução da vulnerabilidade a inundações e as secas (incluindo considerações de
possíveis impactos de mudança de clima); redução de riscos à saúde humana e
ocorrência de doenças e riscos relativos à água; atender ao aumento da demanda da
agricultura irrigada, indústria e outras atividades econômicas; proteção de recursos
naturais e vitais para os ecossistemas; e a priorização entre essas demandas
freqüentemente conflitantes. É um desafio importante dar igual oportunidade para
homens e mulheres no tratamento dessas questões.

Questões de recurso – impacto

As questões subsistência/demanda mencionadas acima devem ser equilibradas com


apoio no entendimento do recurso e as ameaças a esta fonte de recurso; o impacto das
atividades humanas e manejo do solo causando, por exemplo, desflorestamento,
erosão e sedimentação, poluição e deteriorização de ecossistemas, redução de áreas
úmidas, declínio de reservas de águas subterrâneas e intrusão de água salgada, o
impacto de fenômenos naturais tais como variabilidade e mudança do clima,
desertificação, inundações e secas.

A maior parte da gestão integrada de recursos hídricos é Onde você vê o


aparecimento de
essencialmente gestão de conflitos. É fundamental o papel do conflitos entre os
Governo em apontar os conflitos potenciais na etapa de atores e como você
planejamento estratégico. Enquanto estas medidas possam poderia solucioná-
los?
reduzir o número de conflitos que surgirão nos últimos

50 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


estágios da implementação; essas medidas não os eliminarão. Assim, será necessário
estabelecer algum processo formal para solução de conflitos em bases contínuas.

EXERCÍCIO.

Com um grupo pequeno escreva uma lista de conteúdos para um relatório de análise
da situação sobre a situação da gestão de recursos hídricos em seu país.

LIÇÕES APRENDIDAS

1. É um desafio assumir o compromisso de compartilhar informações e obter


participação. Outros setores poderão se sentir ameaçados e decidir não cooperar
completamente.

2. Uma avaliação de recursos hídricos necessita em geral ser realizada em várias


etapas de crescente complexidade. Avaliação rápida dos recursos hídricos pode
ajudar a identificar e listar os temas mais importantes e identificar as áreas de
prioridades. Com base nessa avaliação preliminar, investigações mais detalhadas
poderão ser necessárias.

3. Uma base de conhecimentos pobre é a indicação de uma gestão de recursos


hídricos pobre.

4. A priorização de dados necessita de ser baseada em temas relevantes de recursos


hídricos importantes e a avaliação de riscos e danos podem ajudar a obter apoio
6
político e recursos.

5. Quando os dados necessários para a avaliação de recursos hídricos são coletados


por diferentes organizações, os seus sistemas devem ter padrões compatíveis,
garantia de qualidade, acesso eletrônico e transferência.

6. As soluções para a gestão de recursos hídricos geralmente aparecem


acompanhadas dos problemas dos atores que são diretamente afetados.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 51


FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

Water Resources Assessment. WMO UNESCO. Handbook for review of National Capabilities
o http://www.wmo.ch/web/homs/documents/english/handbook.pdf

California Watershed Assessment Manual


o http://cwam.ucdavis.edu/Manual_chapters.htm

WB. Participation and Social Assessment: Tools and Techniques.


o http://www-
wds.worldbank.org/servlet/WDSContentServer/WDSP/IB/1996/04/01/000009265_3980624143608
/Rendered/PDF/multi0page.pdf

Status of Women, Government of Canada. Gender-based Analysis: A Guide for Policy-Making


o http://www.swc-cfc.gc.ca/pubs/gbaguide/index_e.html

Practitioner’s guide. Data and Information Assessment Matrix.


o http://www.methodfinder.net/pdfmethods/methodfinder/methodfinder_method67.pdf

Gender Mainstreaming in IWRM. Module 5. Gender Mainstreaming in Organizations and Policy process
– Training of Trainers. GWA
o Voce pode pedir esse material para info@cap-net.org. Distribuição grátis.

Practitioner’s guide. Problem tree.


o http://www.methodfinder.net/pdfmethods/methodfinder/methodfinder_method1.pdf

52 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


7. OPÇÕES IDENTIFICADAS
DE ESTRATÉGIAS EM GESTÃO
DE RECURSOS HÍDRICOS

7.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?

Os resultados desta etapa do ciclo de planejamento é uma estratégia de gestão de


recursos hídricos com objetivos claros. A estratégia deve ir além das ações necessárias
para resolver problemas correntes ou alcançar objetivos de curto prazo e para
estabelecer uma estrutura de longo prazo, atingindo a gestão e desenvolvimento
sustentável de recursos hídricos. O plano de GIRH será então usado para
operacionalizar a estratégia de um período para o seguinte.

FIGURA 7. FASE DE ESTRATÉGIA E OPÇÕES – DIRETRIZES, RESULTADOS E ATIVIDADES

Diretrizes Resultados Atividades


existentes

GIRH Consulta
Visão/Política METAS política
PRIORIZADAS

Problemas
prioritários Consulta aos
atores

ESCOLHA DE 7
ESTRATÉGIA
Viabilidade e
aceitabilidade

7.2. ONDE COMEÇAR.

Reconhecendo que a gestão integrada de recursos hídricos fornece


os princípios para a gestão sustentável de recursos hídricos, a Qual é a
diferença entre
questão que se levanta é como decidir que medidas devem ser uma estratégia
adotadas. O que deve ser mudado na forma que fazemos a gestão da e um plano?
água e quais são as implicações das mudanças propostas? Estas não
são questões fáceis de responder e, de fato, podem-se levar muitos anos até que uma
reforma de recursos hídricos seja implementada e esteja funcionando efetivamente.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 53


Na teoria, uma abordagem abrangente que almeje otimizar a contribuição da água
para o desenvolvimento sustentável além das fronteiras, deve ter um impacto maior.
Na prática, começar com questões concretas pode levar a melhores resultados. Ser
muito ambicioso no início – ignorando os problemas políticos, sociais e de
capacitação que devem ser resolvidos para uma implementação efetiva – pode resultar
em uma estratégia que pareça ótima no papel, mas não se traduz em ações realizáveis.
A experiência sugere que reformas iniciais muito grandes não são essenciais para
catalisar a mudança – as primeiras etapas que podem ser implementadas facilmente
são em geral suficientes para iniciar o do processo em direção a uma gestão e
desenvolvimento mais sustentáveis dos recursos hídricos.
o
Independente da abordagem inicial, as estratégias devem almejar nada menos do que
mudanças institucionalizantes que promoverão tomadas de decisão mais estratégicas e
coordenadas e contínuo processo decisório. Por esta razão os aspectos que devem ser
considerados não são somente ‘o que’ deve ser mudado, mas também ‘quando’ a
mudança deve ocorrer. Ao invés de tentar resolver tudo de uma só vez, as ações
deverão ser distribuídas ao correr de vários anos.

Este módulo abordará:

o escopo das decisões sobre estratégia;


a abordagem para tomar decisões estratégicas; e
as áreas de mudança de GIRH.

7.3. ESCOPO DAS DECISÕES SOBRE ESTRATÉGIA.

Os objetivos guiam a escolha de estratégia. Em conjunto com os temas e os problemas


identificados na análise da situação, são sugeridas as soluções. Pode haver um grau
variado de consensos a respeito dessas soluções propostas, mas refletem os anseios
dos atores consultados. Estas propostas precisam levadas adiante para uma etapa onde
as metas contidas no plano de GIRH são claramente articuladas e acordadas.

7 Uma política (ou uma visão) é, com freqüência, o ponto de partida sendo expressa
em uma declaração de intenção. A diferença essencial em traduzir a política para a
estratégia. Uma estratégia deve ser tal, que enseje alcançar metas seguras por meio de
investimentos específicos. Em uma estratégia as fontes disponíveis de investimentos e
as opções para atingir as metas têm que ser avaliadas dentro de um programa criado
para que esses recursos sejam gastos de maneira eqüitativa, mas ao mesmo tempo, de
maneira economicamente eficiente. Os atores podem ter opiniões muito mais fortes
que eles gostariam de expressar sobre as decisões negociadas, que devem ser feitas no
momento da concepção de uma estratégia, ainda assim, é muito mais raro haver uma
consulta minuciosa aos atores sobre estratégias do que sobre políticas e legislação.

Os objetivos estratégicos descrevem como a visão pode ser alcançada. Cada meta
deve cobrir um tema (problema ou oportunidade), abordar as principais mudanças
necessárias para realizar a transição para o desenvolvimento sustentável, ser expressa
de maneira que seja suficientemente ampla para abranger todos os aspectos do tema e
assegurar a ‘compra’ por todos os importantes atores. Mas também deve ser
suficientemente específica para permitir a definição metas mensuráveis. A estratégia
deve conter metas suficientes para abordar as principais preocupações econômicas,

54 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


sociais e ambientais da gestão sustentável de recursos hídricos, limitadas o suficiente
para poderem ser alcançáveis e abrangentes.

As principais metas na GIRH podem ser retiradas das seguintes áreas principais:

Em um contexto internacional, a gestão dos recursos hídricos deveria observar os


acordos e convenções internacionais, os valores globais e boa vizinhança os
quais implicam em um compartilhamento eqüitativo dos recursos hídricos e dos
benefícios dos cursos d’água transfronteiriços.
Em um contexto nacional, a gestão dos recursos hídricos deve apoiar a realização
das metas de desenvolvimento tais como redução da pobreza; a metas de
desenvolvimento do Milênio e as metas setoriais de desenvolvimento, entre elas,
a produção de alimentos, a produção de energia, a indústria e o meio-ambiente.
Em um contexto de necessidade dos seres humanos e dos ecossistemas, a gestão
dos recursos hídricos deve ocorrer de tal forma que sejam accessíveis por todos,
satisfaçam às necessidades humanas básicas e às necessidades dos ecossistemas
aquáticos. Essas necessidades humanas e ambientais devem ter prioridade
durante a alocação de recursos hídricos.
Em um contexto de princípios de gestão, os princípios mais significativos
incluem a descentralização de responsabilidades até o nível mais baixo que for
apropriado, gestão com tomada de decisão participativa, incorporação da
perspectiva de gênero, governança cooperativa (entre setores e entre agências) e
gestão dentro de unidades hidrológicas (captações).
Em um contexto de sustentabilidade financeira, a gestão de recursos hídricos se
beneficia com a recuperação total dos custos dentro do mesmo sistema e com o
pagamento dos serviços pelos usuários e poluidores. Encargos, tarifas, subsídios,
incentivos e não incentivos são temas chave.

Algumas metas devem corresponder às prioridades, para se tornarem aprovadas (veja


abaixo) e implementadas dentro de curto um espaço tempo. Outras metas, que não
prioridades no momento, podem ser realizadas somente quando as prioridades já
tenham sido realizadas quando o progresso tenha ocorrido ou se as circunstâncias
mudem e tais metas se tornem de alta prioridade.
7
Os objetivos para cada meta definem atividades, realizações e limites específicos e
mensuráveis a serem alcançados até uma data determinada. Isto forma o núcleo de
qualquer plano de ação, e serve para direcionar os recursos, guiando a seleção das
opções de ação. Como os objetivos implicam em ação concreta e mudanças de
comportamento pelos atores específicos, devem ser objeto de negociação.

Atingir tais metas, requer com freqüência uma reforma legal e institucional apoiada
em habilidades e instrumentos de gestão específicos. Estabelecer uma meta para esse
processo de reforma, encontrar e priorizar os instrumentos e habilidades de gestão é
uma parte importante no processo de avançar na direção da GIRH.

Os papéis institucionais cobrem os papéis parcerias e sistemas institucionais


necessários para implementar a estratégia. Estes podem incluir a ligação entre o plano
de GIRH e outros planos estratégicos, e entre planos nos diferentes níveis espaciais:
nacional, sub-nacional, local ou para diferentes setores ou regiões geográficas.
Poderiam identificar as instituições que são responsáveis por cada parte do plano de
ação estratégico, o respectivo grau de liberdade e onde têm a obrigação de ser

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 55


diferente dos outros atores e coordenadores estratégicos. No exercício de suas
funções, podem também apresentar uma justificativa para as instituições que estão
sendo modificadas (principalmente onde as responsabilidades se sobrepõem ou
conflitam) ou mesmo propor a criação de novas instituições, quando necessário.

Uma vez que um país definiu aonde quer chegar - em termos de


metas, objetivos e prioridades – o próximo passo será descobrir
como chegar lá através mudanças introduzidas pela GIRH em
Dê um exemplo
áreas específicas. Um exemplo de conteúdo para uma estratégia de uma meta
de gestão de recursos hídricos é apresentado no Anexo. importante para
gestão de
recursos hídricos
O plano de ação é desenvolvido desde o lançamento da em seu país.
estratégia e é apresentada no próximo modulo embora haja uma
ligação inseparável que remete o Plano para a estratégia quando
são realizados avaliações e ajustes adicionais.

7.4. ESTRUTURA PARA TOMADA DE DECISÕES SOBRE ESTRATÉGIA.

Entender os problemas que afetam a gestão de recursos hídricos é um primeiro passo


fundamental na direção de ações com o objetivo de alcançar a gestão e o
desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos.

As decisões estratégicas devem ser testadas e adotadas tendo em conta:


A visão dos atores, inclusive os políticos;
A viabilidade da estratégia, incluindo os riscos;
As negociações e outros fatores;
E os custos.

Isto exigirá uma revisão da estratégia proposta para ser aceita pelos interesses
políticos, atores e em termos de viabilidade técnico-financeira. Enquanto o processo
avança para o estágio real de planejamento detalhado, este processo cíclico é repetido
até que as atividades, programação e recursos se tornem viáveis e aceitáveis pelos
atores.
7
7.4.1. Considerações importantes

Lidar com negociações é um aspecto inevitável de um plano de GIRH. Existem


sempre vencedores e perdedores. Abordar estes fatos de forma bem informada e
transparente é difícil, mas, necessária. As negociações mais óbvias são entre os
diferentes usuários de água com alguma perda (perda de benefícios econômicos) e
outros com algum ganho (acesso a serviços básicos). O interesse do setor privado e o
interesse do setor de recursos hídricos podem ser oponentes poderosos. Outras
negociações podem envolver gerações (a utilização atual pode significar perda para
futuras gerações) ou entre metas aparentemente diferentes, metas de desenvolvimento
econômico versus meta de proteção ambiental.

Lidando com o mundo real: os planos são freqüentemente feitos com metas
idealísticas que podem falhar no reconhecimento da realidade e avaliação crítica de
fatores ou restrições importantes. Os planos são geralmente politicamente ingênuos e
falham ao reconhecer o papel central que as decisões políticas assumem nas questões
de desenvolvimento. As realidades financeiras e de outros recursos não são

56 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


freqüentemente enfrentadas, e sistemas de custos inadequados favorecem a opinião de
alguns atores, em detrimento de outros.

Utilizar uma escala de valores aceitável é crítico para a aceitabilidade do plano e


para sua provável implementação. Por exemplo, se uma estratégia não reflete os
valores locais é improvável ser “comprada” ou implantada mesmo que a sua
abordagens pareça lógica. Isto pode acontecer naquelas áreas que oferecem desafios
tais como o pagamento pela água ou o papel do gênero, onde se espera que a escala de
valores seja mudada, portanto, devemos dar uma atenção especial.

A natureza transfronteiriça dos recursos hídricos requer que os


países compartilhem uma escala de valores para que os No seu país, que
acordos tenham sucesso. Uma escala de valores aceita grupo será mais
resistente às
globalmente tais como a aceitação dos princípios da GIRH, mudanças na
direitos humanos e a eqüidade podem ajudar a obter o gestão dos
consenso internacional, mas podem não ser endossado recursos hídricos
totalmente no nível nacional. e por quê?

7.4.2. Procedimentos Metodológicos

Como fazemos?

Como tomarmos as principais decisões que podem determinar os objetivos e


abordagem abrangentes de um plano de GIRH?

Se a estratégia deve ser efetiva tem que ter apoio amplo do governo, do setor privado
e da sociedade civil. Isto tem que ser estabelecido e mantido desde o início do
processo de planejamento. Isto implica que os atores da sociedade civil, do setor
privado como também do governo estejam envolvidos em todas as etapas do processo
de desenvolvimento e implementação da estratégia nas tomadas de decisão sobre o
escopo, o processo e os resultados. Em muitos países existe uma clara falta de
apropriação do processo de planejamento por um ou mais partes relevantes. A razão
principal para isto é a falta de participação equilibrada e controle excessivo pelo
governo ou a influência de agências externas. 7

As atividades devem incluir uma análise completa dos arranjos de gestão de recursos
hídricos dominantes (incluindo aspectos dos principais usuários de água que
provocam impactos sobre os recursos hídricos) em relação às metas de gestão
sustentável e os princípios e experiências de GIRH.

Verificar a maneira com a qual o setor de recursos hídricos pode ser adaptado e as
necessidades para isto. Quais são as opções e quais são os custos. O que seria social,
político e ambientalmente aceitável? Tomar decisões sobre as opções apropriadas e
estar preparado para defendê-las com justificativas.

Processo de consulta entre múltiplos atores

Oficinas de trabalho são indispensavelmente importantes para explicar a base e para


amadurecer as decisões importantes. Há perigo, que sejam usadas decisões copiadas
de decisões tomadas em outras situações ou que não se consiga chegar a uma decisão
através da tentativa de obter consenso.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 57


Procedimento para obter consenso/consenso parcial

Consenso significa acordo. Uma solução que todos podem conviver com ela, porém,
pode não ser a melhor escolha para nenhum dos interesses diferentes dos atores. Onde
existem negociações a serem feitas, vencedores e perdedores, um consenso tranqüilo
pode ser difícil de ser conseguido. Finalmente, não se deve perder de vista o papel
crítico exercido pelos políticos. É importante que os tomadores de decisão, que têm a
responsabilidade final pela decisão e pelos impactos, sejam completamente
envolvidos e consultados em todos os estágios e eventos se a estratégia for adotada e
implementada.
QUADRO 11. PRINCÍPIOS QUE AJUDAM
Coordenação e consistência entre NA ESCOLHA DE
estratégias ESTRATÉGIA

Maximize o uso da competência


Pode ser muito otimismo quere alcançar existente. Sempre que possível, use a
coordenação e consistência entre as várias competência e as instituições existentes, ao
invés de criar novas instituições.
políticas e estratégias no nível nacional.
No entanto, a articulação de uma estratégia Crie mecanismos de coordenação. Pode
clara de recursos hídricos pode ajudar em ser conveniente criar uma “unidade de
coordenação” (ou outro mecanismo
outras políticas e programas que adotam conveniente) que coordene o envolvimento
metas de recursos hídricos que são dos usuários e ministros na escolha de
estratégia e planejamento.
consistentes com a gestão sustentável de
recursos hídricos. Uma disseminação do Gestão do conhecimento. Uma boa
coordenação deve facilitar e maximizar o
plano de GIRH sem muito empenho não aprendizado dentro e entre as instituições,
será o suficiente para alcançar o sucesso. programas e planos (tais como estratégias de
Deve ser acompanhado do engajamento redução da pobreza, programas de águas e
saneamento, programas ambientais) e
ativo de instituições governamentais para conseqüentemente tornar possível um uso
coordenar o planejamento. mais eficiente dos recursos.

7.5. ÁREAS DE MUDANÇA DE GIRH

A adoção de uma abordagem mais sustentável e integrada para a gestão de recursos


7 hídricos requer mudanças em muitas áreas e em muitos níveis. Enquanto isto possa
parecer uma proposta desanimadora, é importante lembrar que uma mudança gradual
produzirá resultados mais sustentáveis do que uma tentativa de revisar totalmente o
sistema completo de uma só vez. Quando iniciar o processo de mudança, considere:

Que mudanças precisam ser realizadas para alcançar as metas que foram
decididas?
Onde a mudança é possível de acordo com a situação social, política e
econômica atual?
Qual é seqüência lógica para mudança? Que mudanças devem ocorrer
primeiramente para tornar as demais mudanças possíveis?

Quando considerar como a água deve ser gerida no futuro, as diversas opções de
mudanças disponíveis para os planejadores, três aspectos devem ser considerados.
Estes três pilares são: Dar Condição ao Meio Ambiente, a Estrutura Institucional e os
Instrumentos de Gestão (Fig. 8). As áreas de mudanças são identificadas no GWP
ToolBox (na Caixa de Ferramentas da GWP), estão listadas no Quadro 12.

58 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


FIGURA 8. OS TRÊS PILARES DA GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS

Eficiência Eqüidade Sustentabilidade


econômica ambiental

Instrumentos Ambiente Equadramento


de gestão favorável institucional

Avaliação Central- Local


Informação Políticas Bacia hidrográfica
Instrumentos de Legislação Público - Privado
alocação

Equilíbrio entre “água para a vida” e “água como um recurso”

7.5.1. O ambiente favorável

Isto inclui sistemas políticos, legislativos e financeiros. Os processos legislativos


levam um longo tempo, geralmente vários anos, e as mudanças são lentas. A
legislação está freqüentemente atrasada para responder às mudanças dinâmicas na
situação dos recursos hídricos e da sociedade. Tipicamente, as leis e regulamentações
associadas que têm impacto nos recursos hídricos são encontradas em muitos setores e
normas de costumes e tornam as situações ainda mais complexas. As leis e
regulamentações ambientais, as regulamentações de descarga de esgotos, leis e
regulamentações do fornecimento de água e regulamentação de trabalhos hidráulicos
são muitas vezes não coordenadas e preparadas por diferentes agências e em
diferentes momentos. A meta global para um processo de reforma legal é assegurar
que as principais realizações políticas possam ser perseguidas com o suporte legal e
que haja consistência nas leis e regulamentações entre todos os setores que têm
impacto sobre os recursos hídricos. As principais metas para construir um ambiente 7
favorável incluem:

Estabelecer o governo como “dono” de todos os recursos hídricos e escolher um


ministério como a autoridade gestora e agência reguladora dos recursos hídricos.
Reconhecer as convenções e acordos internacionais, incluindo os protocolos
transfronteiriços (p.e. convenções sobre áreas úmidas e protocolos sobre águas
compartilhadas).
Estabelecer mecanismos eficazes de alocação de água que incluam decisões de
apoio à priorização (p.e. uso doméstico e correntes de água para o ambiente
como prioridade principal).
Estabelecer mecanismos para controle de poluição, em harmonia com as leis e
regulamentações ambientais (p.e. classificação dos corpos de água, padrões de
descarga e padrões de monitoramento).

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 59


QUADRO 12. AS TREZE ÁREAS CHAVES DE MUDANÇA DA GIRH

O AMBIENTE FAVORÁVEL

1. Políticas – estabelecimento de metas para uso, proteção e conservação.


2. Estrutura legal – as regras para forçar a realização das políticas e metas.
3. Estrutura de financiamento e incentivos – alocação de recursos para atender às necessidades dos
recursos hídricos.

FUNÇÕES INSTITUCIONAIS

4. Criar uma estrutura organizacional – formas e funções.


5. Capacitação institucional – desenvolvimento de recursos humanos

INSTRUMENTOS DE GESTÃO

6. Avaliação dos recursos hídricos – entendimento dos recursos e as necessidades.


7. Planos de GIRH – combinar as opções de desenvolvimento, uso do recurso e interação humana.
8. Controle de demanda - usar a água mais eficientemente.
9. Instrumentos de mudança social – encorajar uma sociedade civil esclarecida sobre recursos hídricos.
10. Solução de conflitos – administrar as disputas, assegurar o compartilhamento da água.
11. Instrumentos regulatórios – limites de alocação e uso da água.
12. Instrumentos econômicos – utilizar o valor e os preços para eficiência e eqüidade.
13. Gestão e troca de informação – adquirir mais conhecimento para melhorar a gestão da água.

Proporcionar a base legal para as reformas institucionais (p.e., gestão baseada na


captação, comitês de recursos hídricos, o governo como um poder outorgante e
não como um fornecedor de serviços).
Condições de controle para os casos de falta de água, enchentes e emergências
decorrentes da poluição.
Estabelecer condições para recuperação de custos,
cobranças, incentivos e acordos financeiros para apoiar a Para qual destas
metas será mais
sustentabilidade. difícil conseguir
Estabelecer normas com força compulsória para fazer um acordo em
cumprir e para impor sanções em casos de não cumprimento seu país?
dos compromissos.
7 7.5.2. Papéis institucionais

As instituições governamentais, agências, autoridades locais, setor privado,


organizações da sociedade civil e parcerias, todas constituem um arcabouço
institucional que idealmente deveria propiciar a implantação das condições políticas e
legais. Para instituições de gestão de recursos hídricos em construção ou já existentes
ou para as novas ainda em formação, o desafio será torná-las efetivas e isto requer
competência. A conscientização, participação e realização de consultas servirão para
aumentar as habilidades e o entendimento dos tomadores de decisão, gestores da água
e profissionais de todos os setores. As principais metas da estrutura institucional são:

Descriminar as funções de gestão de recursos hídricos das funções de prestação


de serviços (irrigação, geração hidrelétrica, fornecimento de serviços de água e
esgoto) e consolidar o governo como proprietário dos recursos hídricos – o poder
concedente, não o prestador de serviços. Este procedimento evitará conflitos de
interesse e encorajará a autonomia comercial.

60 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Administrar os recursos hídricos de superfície dentro dos limites de captação e
não dentro de limites das fronteiras administrativas, descentralizar as funções
regulatórias e de serviços até o nível mais baixo que for conveniente e incentivar
o envolvimento dos atores e a participação pública nas
decisões de planejamento e gestão. Como usuários
Assegurar o equilíbrio entre o alcance e a complexidade importantes de água
como, p.e. dos
das funções regulatórias e as habilidades e recursos
setores de irrigação
humanos exigidos para tratar dessas funções. Um e hidrelétrica podem
programa contínuo de capacitação é necessário para criar ser trazidos para a
e manter a habilitação apropriada. estrutura
institucional para
Facilitar, regular e encorajar as contribuições potenciais tomada de decisões
do setor privado no financiamento e fornecimento de em gestão de
serviços (irrigação, geração hidrelétrica, e fornecimento recursos hídricos?
dos serviços de água e esgoto).

7.5.3. Instrumentos de gestão

As políticas e legislações estabelecem “o plano do jogo” e os


papéis institucionais definem “os atores” e o que eles devem fazer,
enquanto os instrumentos de gestão são “as competências e
Nós já temos
habilitações dos jogadores” necessárias para participar do jogo. muitos
Um determinado país decide com respeito às questões de recursos instrumentos de
hídricos, quais os instrumentos de gestão são mais importantes e gestão que não
onde os esforços devem ser concentrados. Questões como riscos funcionam, por
que será diferente
de enchentes, escassez de água, poluição, exaustão de águas desta vez?
subterrâneas, conflitos à montante/jusante, erosão e sedimentação,
todos requerem a combinação especial de instrumentos de gestão
para serem abordadas eficazmente. As principais metas
englobadas pelos instrumentos de gestão são:

Estabelecer um serviço hidrológico e hidro-geológico adequado para a situação


dos recursos hídricos e para as principais questões dos recursos hídricos;
Criar uma base de conhecimentos em recursos hídricos apoiada no
monitoramento e avaliação, suplementadas pela modelagem, se necessária e 7
tornar as partes apropriadas disponíveis como parte da conscientização pública;
Estabelecer um mecanismo de alocação de água, a captação de águas superficiais
e subterrâneas, sistema de permissão de descarte de águas residuais e um banco
de dados associado;
Estabelecer competências políticas, de planejamento e criar habilidades em
avaliação de riscos e em avaliação ambiental, social e econômica;
Estabelecer competências na gestão da demanda e na utilização de custos e
valores para o uso eficiente e eqüidade de acesso.
Incentivar a formação de recursos humanos e capacitação apropriada para os
temas de recursos hídricos e questões institucionais.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 61


QUADRO 13. ALGUMAS QUESTÕES TRANSVERSAIS SOBRE A NOSSA ESTRATÉGIA –
UMA AUTO-AVALIAÇÃO

RELACIONADAS COM A REDUÇÃO DA POBREZA:

A nossa estratégia nos ajudará a:


ampliar o acesso à água para usos produtivos – por exemplo, através da exploração de águas
subterrâneas, tecnologias acessíveis de pequena escala, sistemas de fornecimento de múltiplos usos?
satisfazer as necessidades de água das populações pobres?
desenvolver os serviços apropriados para determinados usuários, suas capacidades de pagamento e
sua capacidade de gerir e manter a infra-estrutura?
abordar a necessidade humana para agricultura, para criações de gado, pesca e indústrias caseiras?

RELACIONADAS A ABORDAGEM DE ESCASSEZ DE ÁGUA E COMPETIÇÃO PELA ÁGUA

A nossa estratégia nos permitirá:


alocar água estrategicamente?
melhorar a eficiência da água e incentivar a gestão pelo lado da demanda?
encorajar a exploração de fontes não convencionais de recursos hídricos?

RELACIONADAS À MELHORIA DA CONDIÇÃO DAS MULHERES

A estratégia dá atenção crescente para:


prover acessos, nas proximidades, de água potável de boa qualidade e para uso doméstico?
as atividades geradoras de ganhos financeiros que são exercidas por mulheres e que utilizam água?
os direitos à água para as mulheres?
apoiar estrategicamente os temas de interesse das mulheres nas instituições e programas relacionados
com a água?
envolver as mulheres no diálogo sobre a água e assegurar que as suas visões e necessidades sejam
ouvidas?

RELACIONADAS COM A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

A nossa estratégia aborda:


alocação de água para os fluxos ambientais?
gestão da água para atender a ocasião e a qualidade da água necessária para o ecossistema, bem
como a quantidade?
como avaliar os bens e serviços fornecidos pelo ecossistema?
controle da poluição?
impactos da gestão da água doce em ambientes costeiros e marinhos?
o uso sustentável de águas subterrâneas?

RELACIONADAS À SAÚDE HUMANA

A nossa estratégia apóia ativamente:


uma utilização e gestão melhorada para reduzir as doenças relacionadas com a água, tais como
7 malária esquistossomose e diarréia?
melhoria no saneamento de áreas urbanas e rurais?
fornecimento sustentável de água e serviços de saneamento para as populações mais pobres?

RELACIONADAS AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Nossa estratégia:
aloca água entre os setores de maneira que encoraje o desenvolvimento econômico, enquanto
considera as metas de redução da pobreza e sustentabilidade ambiental?
cria um ambiente macro-econômico que conduz para a boa gestão dos recursos hídricos?

62 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS DA INTERNET

GWP Toolbox
o http://gwpforum.netmasters05.netmasters.nl/en/

IWRM management tools


o http://www.cap-net.org/showhtml.php?filename=imi

IWRM Training Material


o http://www.cap-net.org/showhtml.php?filename=tm_tm1

Metaplan. Visualization Strategies for Team-Oriented Problem Solving, Analysis, and Project Planning.
o http://www.techcomm-online.org/issues/v45n4/full/0296.html#METHODS

Decision Tree Analysis - Choosing Between Options by Projecting Likely Outcomes


o http://www.mindtools.com/dectree.html

Force field analysis


o http://www.acig.com.au/library/forcefield.PDF

Six Thinking Hats - Looking at a Decision From All Points of View


o http://www.mindtools.com/pages/article/newTED_07.htm

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 63


8. O PLANO DE GIRH PRONTO E
APROVADO

8.1. QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS?

Após o acordo sobre a estratégia para os recursos hídricos, o passo seguinte será
torná-la operacional em um plano que detalhe que deve ser feito, por quem, quando e
utilizando quais recursos. A construção de um plano viável, aceitável e relevante é o
resultado esperado desta etapa do ciclo de planejamento.

FIGURA 9. FASE DE PREPARAÇÃO E APROVAÇÃO DO PLANO DE GIRH – DIRETRIZES,


RESULTADOS E ATIVIDADES

Diretrizes Resultados Atividades


existentes

Outros planos de Consulta aos


desenvolvimento atores

ESQUEMA DO PLANO
Oportunidade para
a implementação Consulta ao
Comitê Diretor

Disponibilidade de
recursos financeiros
Revisão pelo
governo
PLANO DE GESTÃO DE
RECURSOS HÍDRICOS

Aprovado e apoiado Comunicação


e distribuição

8.2. QUATRO QUESTÕES

Quando for realmente escrever o plano existem quatro questões que precisam ser
respondidas com respeito a:
O conteúdo do plano;
A participação política e pública;
Um prazo para completar o plano;
Quem escreve o plano.

64 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


8.2.1. Qual é o conteúdo do plano?

Existe uma variedade de temas que um plano de GIRH pode


abordar. Esses temas serão diferentes de país para país dependendo Como você
poderia
da situação dos recursos hídricos e da gestão da água em um país garantir que o
em particular e devem ser guiados pela estratégia e objetivos de plano é
longo prazo. Um plano pode somente lidar com ações de curto realista?
prazo ou sugerir atividades para um médio prazo (p.e. Quadro 14).

Um plano de GIRH deve abordar, no mínimo, o seguinte:

Uma descrição da abordagem da gestão de recursos hídricos que supostamente


será substituída pelo plano de GIRH. De onde está vindo, há quanto tempo foi
adotada, que instrumentos legais (políticos, leis e instituições) que apóiam, e
quais são as restrições da abordagem atual para a gestão da água.
Uma descrição da situação atual dos recursos hídricos no país (uma avaliação
dos recursos hídricos) que aborde os seguintes temas:
o A distribuição espacial e temporal de chuvas, os rios principais, lagos,
reservatórios, etc. Essencialmente, uma descrição de onde tem água e onde
não tem.
o Os usos da água e quem são os usuários, quanto eles usam e para que
propósitos.
o Os arranjos sociais e institucionais atuais de gestão de recursos hídricos.
o Uma descrição de enchentes e secas, a freqüência de ocorrência, assim
como a extensão dos eventos de inundação e seca.
o Estratégias de conservação e controle demandam de recursos hídricos,
atualmente em prática.
o Uma descrição de “outras” fontes de água (dessalinização, reciclagem etc)
sendo utilizadas.
o Temas levantados por atores durante o processo de participação.
Uma descrição da finalidade do plano. Quais são as metas, anseios e objetivos
que desejamos atingir com o plano de GIRH. A visão sobre a gestão da água
também em nível no qual o plano é enfocado (níveis nacional, estadual ou local).
Uma descrição de como planejamos alcançar a visão, metas, anseios e objetivos.
Com menção direta a estratégias de recursos hídricos ou incorporando os temas
relevantes no próprio plano. No plano de Burkina Faso estão incorporadas todas
as seções contidas no capítulo 6. Poderia ser descrito com o título, os atores
decidem por eles próprios (exemplos: governança, uso do solo, eficiência no uso
8
da água, proteção do recurso etc.). Isto significa uma Estratégia de
Implementação.
O plano precisa incluir uma seção que una o plano de GIRH a outros processos
e/ou planos nacionais. Qual a relevância do Plano de GIRH para a Redução da
Pobreza ou para um Plano de Desenvolvimento Integrado, por exemplo.
o Recursos necessários para implementar o plano.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 65


QUADRO 14. PLANO DE GIRH DE BURKINA FASO – ÍE DO CONTEÚDO

ABREVIAÇÕES E SIGLAS 5.4.3. Reforço à capacidade de intervenção do


setor privado e da sociedade civil na área de
PREFÁCIO recursos hídricos
5.5. Desenvolver e reforçar os recursos humanos
RESUMO da administração pública
5.6. Despertar a conscientização na população,
1. INTRODUÇÃO desenvolver e reforçar as suas capacidades
de participação
2. VANTAGENS E RESTRIÇÕES DA GRH 5.7. Desenhar o modelo institucional futuro do
2.1. Vantagens setor de água
2.1.1. Políticas e estratégias nacionais
2.1.1.1. Carta de Intenção Política para o 6. AÇÕES OPERACIONAIS PARA
Desenvolvimento Sustentável Humano IMPLEMENTAR UM PLANO DE AÇÃO
(CIPDHS) 6.1. Campo de ação no 1: proteger o meio
2.1.1.2. Estrutura Estratégica para Lutar Contra a ambiente
Pobreza (EELCP) 6.1.1. Justificativa do campo
2.1.1.3. Carta Política para o Desenvolvimento Rural 6.1.2. Resultados esperados
Descentralizado (CPDRD) 6.1.3. Ações de campo
2.1.1.4. Reforma de estado através da implantação 6.2. Campo de ação no 2: sistemas de informação
efetiva da descentralização de água
2.1.1.5. Política Nacional de Recursos Hídricos 6.2.1. Justificativa de campo
2.1.1.6. Lei no 002-2001/AN relacionada com a lei de 6.2.2. Resultados esperados
orientação de gestão de recursos hídricos 6.2.3. Ações de campo
2.1.2. Um papel crescente da sociedade civil e do 6.3. Campo de ação no 3: procedimentos
setor privado 6.3.1. Justificativa de campo
2.2. Restrições 6.3.2. Resultados esperados
2.2.1. Restrições institucionais, organizacionais e 6.3.3. Ações de campo
humanas 6.4. Campo de ação no 4: Pesquisa/exploração
2.2.2. Restrições legislativas e estatutárias 6.4.1. Justificativa da área
2.2.3. Restrições econômicas e financeiras 6.4.2. Resultados esperados
2.2.4. Restrições técnicas 6.4.3. Ações de campo
2.2.5. Restrições no campo das comunicações com 6.5. Campo de ação no 5: recursos humanos
relação à gestão da água 6.5.2. Resultados esperados
6.5.3. Ações de campo
3. OBJETIVOS DO PLANO DE AÇÃO 6.6. Campo de ação no 6: informação, educação,
sensibilização, justificativa
4. ESTRATÉGIAS DO PLANO DE AÇÃO 6.6.1. Justificativa de campo
6.6.2. Resultados esperados
5. AÇÕES ESTRATÉGICAS IMPORTANTES 6.6.3. Ações de campo
DO PLANO DE AÇÃO 6.7. Campo de ação no 7: modelo institucional
5.1. Redefinir as funções do Estado 6.7.1. Justificativa de campo
5.1.1. Funções soberanas do Estado 6.7.2. Resultados esperados
5.1.2. Organizar as funções soberanas do Estado 6.7.3. Ações de campo
nos diferentes níveis da ação pública 6.8. Campos de ação no 8: medidas de
5.1.2.1. Funções e responsabilidades do governo emergência
5.1.2.2. Comitê Técnico de Água (CTA) 6.8.1. Justificativa de campo
5.1.2.3. Funções e responsabilidades dos distritos 6.8.2. Resultados esperados
administrativos (regiões, províncias, 6.8.3. Ações de campo
departamentos e cidades)
5.2. Criar o conselho nacional de água
5.3. Construir novos espaços de gestão 7. O PLANO DE AÇÃO , CUSTOS E
5.3.1. Definir novos espaços para gestão de ESTRATÉGIAS
recursos hídricos como áreas de 7.1. Custo total da primeira fase do PAGIRE
competência de gestão de bacias e (Plano de Ação de Gestão Integrada de
agências de bacias Recursos Hídricos)
5.3.2. Função, natureza e obrigação geral das 7.1.1. Distribuição do custo total do PAGIRE por
estruturas de gestão de bacias hidrográficas área de atividade
7.1.2. Custo por atividade
8 5.3.2.1. O Comitê de Gestão de Bacia (CGB) 7.2. Estratégias para financiamento do PAGIRE
5.3.2.2. A agência de bacia
5.3.2.3. Comitê Local de Recursos Hídricos (CLRH) 8. PRAZO E CONDIÇÕES PARA A
5.3.3. Modos de intervenção nas estruturas de IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO
gestão de bacias 8.1. Guia de implantação do PAGIRE
5.3.3.1. Estruturas de gestão de recursos financeiros 8.2. Divisão das fases de implantação do PAGIRE
5.3.3.2. Alocação de recursos financeiros para as até o ano 2015
agências de bacias 8.2.1. Fase I (2003-2008)
5.3.3.3. Agências de planejamento de intervenção 8.2.2. Fase II (2008-2015)
5.3.3.4. Áreas de intervenção 8.3. Controle do PAGIRE – avaliação
5.4.2. Reforço à capacidade das comunidades 8.4. Fatores de riscos
locais 8.5. Planejador da implementação do PAGIRE

9. CONCLUSÃO

66 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


8.2.2. Como garantimos efetiva participação pública e política na compilação do
plano?

O processo para garantir participação política e pública foi discutido na seção 1


(mobilização do processo de planejamento). As decisões sobre quão ampla será a
participação, com que freqüência os atores irão dispor de uma oportunidade para
contribuir, quais serão as abordagens para comunicação? Como levaremos as
informações aos atores e como iremos obter a opinião dos atores e como incorporar as
opiniões dos atores no plano (consultas, comunicação e re-alimentação)? Estes pontos
devem ser implantados com a intenção de garantir o compromisso com o plano.

O compromisso político deve ser mantido durante o processo


de planejamento, contudo neste estágio pode aparecer Que passos você
daria para garantir o
resistência se existir qualquer ameaça ao poder e estejam envolvimento e o
sendo propostas mudanças significativas nos arranjos compromisso político
institucionais. É importante que sejam mantidas, durante a quando escrever o
concepção do Plano, consultas diretas e cooperação com plano na sua forma
final?
ministros de nível mais elevado e que estejam envolvidos e
interessados.

8.2.3. Quem escreve o plano?

As questões finais são: quem escreve o plano? Nós temos uma pessoa para escrever o
plano? Usamos uma equipe? Há pessoas do Departamento do Planejamento ou de um
Ministério? Usamos consultores? Quem seleciona e indica os consultores?

Será importante garantir que a(s) pessoa(s) que escrever(em) o plano esteja(m)
engajada(s) ou ciente(s) dos resultados de todos os estágios do processo.

8.3. APROVAÇÃO DE PLANOS

Após a finalização do plano, é necessário ser aceito por todos os atores, inclusive o
governo. Não tem sentido gastar todos os recursos na elaboração de um plano que será
rejeitado ao final ou colocado na prateleira para nunca ser implementado. Por isso, a
participação política e dos atores desde o começo do processo de elaboração do plano
de GIRH é tão importante. Se o processo de participação for bom, então a aprovação
não será problemática. Decida na primeira reunião dos atores quais devam ser as
condições de aceitação. Desta maneira, poderá ser monitorado, desde o início, se o 8
processo atenderá as condições de aprovação. Na África do Sul, por exemplo, foi dito
claramente pelo Departamento de Assuntos de Água e Florestas que a aprovação para
criação de uma Agência de Gestão de Captação seria concedida somente se provado
que o processo de participação pública era aceitável.

Havendo acordo, desde o início, sobre as condições do Que passos você daria
processo para elaboração do Plano e qual o conteúdo que para incorporar as
o plano terá que atender, aumenta as probabilidades de prioridades dos recursos
hídricos em outros
que o plano seja aprovado pelos atores e pelo Governo. programas de
Se todos os atores (incluindo o Governo) estiverem desenvolvimento do
envolvidos na elaboração do plano, desde o início, a governo?
aprovação será uma mera formalidade.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 67


Uma estratégia de comunicação para o plano deve ter sido parte da estratégia de
comunicação estabelecida pela Equipe de Gestão durante todo o processo de
planejamento. O plano final de GIRH deve ser amplamente divulgado e ser acessível.
Isto é importante porque, qualquer que seja o processo de consulta, terá sido
impossível atender a todas as partes interessadas. A maioria dos processos de consulta
podem ser amostras, portanto, uma vez que um plano nacional for adotado, é
importante que todos tenham acesso ao Plano e possam debater e estar preparados
para as implicações advindas de sua implementação.

QUADRO 15. AVALIAÇÃO DO PLANO DE GIRH – UMA LISTA DE CONTROLE

A seguir são apresentadas algumas das perguntas para serem usadas na avaliação do plano.

A PROPRIEDADE DO PLANO PARA O PAÍS ATRAVÉS DA PARTICIPAÇÃO:

O plano de GIRH descreve o processo participatório utilizado para construir a apropriação do plano?
O plano de GIRH resume os principais temas abordados durante o processo participatório e os impactos
do processo no conteúdo do plano?
O plano prevê a sua ligação com outros planos de desenvolvimento nacionais e documentos
governamentais que fazem, ou deveriam fazer, referência à gestão sustentável dos recursos hídricos
Existem projetos para a divulgação pública do plano?

DIAGNÓSTICO DE PROBLEMAS DOS RECURSOS HÍDRICOS:

Até que ponto os dados existentes sobre água são adequados?


As causas e a natureza dos problemas dos recursos hídricos foram bem identificadas? Existe a
identificação de qualquer tendência?
Até que ponto foram considerados na análise dos problemas, o pensamento atual sobre a gestão dos
recursos hídricos?

OBJETIVOS, INDICADORES E CONTROLE:

O plano de GIRH define os objetivos de médio e longo prazo na direção da gestão sustentável de recursos
hídricos, estabelece os indicadores do progresso e fixa os objetivos anuais e de médio prazo?
Estes indicadores e objetivos são apropriados e consistentes com as escolhas políticas e estratégicas do
plano?
Os sistemas de monitoramento e avaliação atuais e propostos são adequados e sustentáveis?

AÇÕES PRIORITÁRIAS:

O plano apresenta prioridades claras para ações, relevantes para as metas e objetivos e que sejam viáveis
à luz do diagnóstico, das metas, dos custos estimados, recursos disponíveis, competência institucional e
efetividade de políticas anteriores?
A estratégia tem um plano de financiamento adequado e confiável e sendo maleável para se ajustar e
responder a fluxos variáveis de financiamentos?
Até que ponto os objetivos e ações estruturais e setoriais do plano abordam às políticas importantes, as
restrições (governança) institucionais e gerenciais para a gestão sustentável dos recursos hídricos?
Essas estratégias consideram ou abordam os recursos hídricos como um bem tanto econômico como
8 social, responsabilidades à jusante, as formas variadas e a natureza interdependente do recurso e os usos
competitivos de água nas bacias hidrográficas?
Até que ponto, são consideradas as restrições a participação e a perspectiva de gênero e os impactos
atuais dos sistemas de gestão de recursos hídricos?

FONTES E FERRAMENTAS ÚTEIS ACESSÍVEIS NA INTERNET

Logical Framework Approach


o NORAD. LFA Handbook. http://www.baltichealth.org/getfile.php/11071.354/LFA%20handbook.pdf

68 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


REFERÊNCIAS
Cap-Net, 2003. Capacity Building for Strategic Planning in Integrated Water
Resources Management 2004 – 2007. Project Proposal, Delft The Netherlands.

Dalal-Clayton B. Swiderska K, Bass S(2002) Stakeholder Dialogues on Sustainable


Development Strategies. Lessons, Opportunities and Developing Country Case
Studies. Environmental Planning Issues No 26, November 2002. International
Institute For Environment and Development. London, United Kingdom.

Dalal-Clayton B, Bass S. 2002. Sustainable Development Strategies: A Resource


Book. 388pp. National Strategies For Sustainable Development (NSSD).

DWAF, 2004. National Water Resources Strategy, First Edition Department of Water
Affairs and Forestry, South Africa.
http://www.dwaf.gov.za/Documents/Policies/NWRS/Default.htm

GWP, 2000. Integrated Water Resources Management. GWP. Technical Committee


Background Paper 4. Stockholm: GWP.

GWP, 2003. An Action Partnerships Program for Sustainable African Water


Development, September 2003(Project Document)

GWP, 2004. Guidelines in Preparing a National Integrated Water Resources


Management and Efficiency Plan. Advancing the WSSD Plan of
Implementation. Version 1. Stockholm Sweden. February 2004.

GWP, 2004. Catalyzing change. A handbook for developing integrated water


resources management (IWRM)and water efficiency strategies. GWP Technical
Committee . Stockholm:GWP.

GWP, 2004. Synthesis of Workshop on Guidance to IWRM Plan held on February


2004-Stockholm. August 2004.

Jønch-Clausen T, 2004. “… Integrated Water Resources Management (IWRM) and


Water Efficiency Plan by 2005”. Why, What and How. Global Water
Partnership, Technical Committee Background Papers No. 10.

Ministry of Agriculture, Hydraulics, and Fishing Resources, 2003. Action Plan for
Integrated Water Resources Management in Burkina Faso (PAGIRE)

Overseas Development Administration 1995. Guidance Note on How To Do


Stakeholder Analysis of Aid Projects and Programmes. Social Development
Department. London: ODA

SADC Water Sector, 2004. Guidelines for the Development of National Water
Policies and Strategies to Support IWRM. RSAP Projects 9& 10,

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 69


UNEP/GPA-UNESCO-IHE. 2004. Improving Municipal Wastewater Management in
Coastal Cities. Training Manual Version 1. Stakeholders Analysis, Pg 33, and
Optional Analysis, Pg 42. The Hague, The Netherlands.

UNESCO, 2002. Preparation of National Plans of Actions. Country Guidelines. Paris,


France.

Webster D, Le-Huu Ti, 2003. Guidelines on Strategic Planning and Management of


Water Resources (Draft). United Nations Economic and Social Commission for
Asia and the Pacific. Project on Capacity building in Strategic Planning and
Management of Natural Resources in Asia and the Pacific (2000- 2004)
Bangkok. Version 7.

70 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


ANEXO 1

CARACTERÍSTICAS
CONCEITO: BOA GOVERNANÇA
P Regra de lei • Previsão • Aplicação imparcial das leis
R • Ausência de exercício arbitrário de • Independência do Poder Judiciário
I poder
N Participação • Liberdade de associação e palavra • Legitimidade do processo de
C • Acesso à informação decisão (do planejamento à
Í • Mecanismos de acesso à implementação)
P participação • Eqüidade de gênero e étnica no
I processo participatório
O
S Efetividade • Conhecimento do problema da • Coerência entre as políticas dos
água diversos setores
D • Conhecimento das causas do • Capacidade de exercer influência
O problema da água sobre atores relevantes
S • expectativa de políticas dirigidas • Capacidade de coordenar ações
para resolver a causa dos • Capacidade para implementação
P problemas
R Eficiência • Minimização dos custos financeiros, • Minimização dos custos de
O políticos, sociais, e ambientais negociação
C
E Eqüidade • Redução das diferenças na • Formulação e aplicação imparcial da
D distribuição de poder relacionada lei
I com renda, gênero, ou étnica no
M acesso ao recurso ou decisões
E Atendimento • Apoio a todos os atores • Respostas para o nível mais baixo
N
• Tomar as decisões imediatas para que for apropriado
T
as demandas dos atores • Princípio de subsidiaridade
O
S Transparência • Acesso ao conhecimento de • Informação compreensível por
procedimentos todos
• Acesso à informação suficiente

Orientação para • Abordagem participatória para os • Mecanismos de mediação para


consenso acordos reforçar a cooperação territorial e
• Abordagem cooperativa setorial
Responsabilidade • Obrigação de responder pelas pela • Políticas de monitoramento
falta de responsabilidade que • Aproveitamento das realizações e
afetem terceiros da falta de realizações
• Acesso a um fórum público para • Setor privado, sociedade civil e
poder responder governo responsável
• Regras claras • Responsabilidade do setor privado,
• Identificação dos formadores de sociedade civil e Governo
opinião
Solução pacífica • Mecanismos de mediação para • Mecanismos arbitragem para
de disputas resolver as disputas entre os atores solucionar as controvérsias que não
forem resolvidas pela mediação
Anexo

Tabela. Princípios que devem ser considerados na avaliação das opções de GIRH.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 71


Tabela. Princípios que devem ser considerados na avaliação das opções de GIRH.

CARACTERÌSTICAS
CONCEITO: GIRH
A natureza • Reconhecimento da relação entre a • Reconhecimento dos limites da
integrada da água subterrânea e de superfície capacidade de autopurificação da
água • Reconhecimento da relação entre água
qualidade e quantidade de água e • Reconhecimento das relações
ecossistemas terrestres e aquáticos entre à montante e à jusante na
qualidade e quantidade de água

Desenvolvimento • Consideração de todos os usos • Integração da gestão da água e


integrado de • Consideração de todos os usuários das águas residuais
Políticas • Mecanismos de coordenação para • Integração da gestão do
P relacionadas com ampliar a coerência suprimento e da demanda
R a água • Gestão da bacia e proteção das
I fontes de água
N O papel da • Incorporação de gênero nas • Promoção do empoderamento das
C mulher questões da água mulheres
Ì A água como um • Valoração econômica e ambiental • Recuperação total dos custos
P bem econômico dos recursos hídricos • Utilização de instrumentos
I • O custo total de fornecimento de econômicos para a gestão de
O água usado como uma ferramenta demanda
S para decidir sobre usos alternativos • Desencorajar o desperdício de
água através do preço
E
S Nível mais baixo • Decisões tomadas em nível mais • Resolução de conflitos em nível
S que for baixo possível mais baixo
E apropriado • Participação em níveis mais baixos
N possíveis
C
CONCEITO: PRINCÍPIOS AMBIENTAIS
I
Uso sustentável • Conceito de retirada ótima • Transportar o conceito de
A
sustentável no planejamento e capacidade no planejamento e
I
implantação das atividades implementação das atividades
S
Princípios da • Não retardar as ações para evitar • Prevenção ao invés de medidas de
precaução danos ambientais devidos à mitigação
Princípio do • Compensação de danos a terceiros • Incorporação dos custos ambientais
poluidor pagador devidos impactos ambientais

Avaliação • Consideração de impactos • Avaliação para considerar as


ambiental prévia ambientais de projetos e atividades alternativas e reduzir os impactos

Prévia notificação • Informação para as pessoas • Conceder acesso eqüitativo e


afetadas por alguma atividade ou processo justo em procedimentos
projeto administrativos e judiciais para
evitar/reduzir injustiças
Padrões • Estabelecimento de padrões de • Publicação de dados relevantes
ambientais e proteção sobre a situação do meio ambiente
monitoramento • Monitoramento das mudanças

Eqüidade inter/ • Perspectivas de longo prazo na


intra gerações conservação e uso
Anexo

72 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


ANEXO 2 EXEMPLO DE
ESTRATÉGIA DE RECURSOS HÍDRICOS

Da estratégia Nacional de Recursos Hídricos da África do Sul, 2004:


http://www.dwaf.gov.za/Documents/
Capítulo 1: Política da Água, Lei da Água e Gestão dos Recursos Hídricos
1.1 A Política Nacional da Água
1.2 A Lei Nacional da Água
1.3 A Estratégia Nacional de Recursos Hídricos
1.4 Gestão Integrada de Recursos Hídricos

Capítulo 2: A Situação da Água na África do Sul e as Estratégias para Equilibrar o Suprimento e


a Demanda
2.1 Introdução
2.2 Uma Perspectiva Ampla da Situação da Água
2.3 Recursos Hídricos
2.4 As Necessidades de Água
2.5 Estratégias para Equilibrar o Suprimento e a Harmonização com a Demanda
2.5.1 Situação Atual
2.5.2 Perspectivas Futuras
2.5.3 Criação de Oportunidades
2.5.4 Intervenções de Reconciliação
2.6 Outros Fatores que Influenciam a Disponibilidade e as Necessidades de Água
2.6.1 Uso do Solo
2.6.2 Mudança do Clima
2.7 Os Recursos Hídricos sob Controle Direto do Ministro
2.7.1 A Reserva
2.7.2 A Água Necessária para os Direitos e Obrigações Internacionais
2.7.3 O Uso da Água de Importância Estratégica
2.7.4 Contingências para Alcançar Crescimento Futuro Projetado
2.7.5 Reservas para Transferências entre Áreas de Gestão de Recursos Hídricos

Capítulo 3 Estratégias para Gestão de Recursos Hídricos


Parte 1 Proteção dos Recursos Hídricos
3.1.1 Introdução
3.1.2 Recurso -Medidas Dirigidas
3.1.3 Controles Dirigidos de Fontes
3.1.4 Proteção de Águas Subterrâneas
3.1.5 Áreas úmidas

Parte 2 Uso da Água


3.2.1 Introdução
3.2.2 Uso da Água
3.2.3 Autorização de Uso da Água
3.2.4 Qualidade da Água
Anexo

Parte 3 Conservação e Gestão de Demanda de Água


3.3.1 Introdução
3.3.2 A Conservação Nacional de Água e Estratégia de Gestão de Demanda de Água
3.3.3 Os Princípios de Conservação e Gestão de Demanda da Água
3.3.4 Estratégias Setoriais
3.3.5 Controle de Invasão de Vegetação Alienígena

Parte 4 Fixando o Preço da Água e Assistência Financeira


3.4.1 Fixando o Preço da Água

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 73


3.4.2 Cobrança pelo Uso de Água
3.4.3 Assistência Financeira

Parte 5 Instituições de Gestão de Água


3.5.1 Introdução
3.5.2 O Arcabouço Institucional para a Gestão da Água
3.5.3 Relacionamento entre as Instituições de Gestão da Água

Parte 6 Monitoramento e Informação


3.6.1 Introdução
3.6.2 Sistemas de Monitoramento
3.6.3 Sistemas de Informações

Parte 7 Gestão de Desastres


3.7.1 Introdução
3.7.2 Política e Legislação Nacional de Gestão de Desastres
3.7.3 A Função do Departamento de Gestão de Desastres

Parte 8 Programa Prévio de Atividades de Implementação


3.8.1 Introdução
3.8.2 Atividades Operacionais
3.8.3 Acordos Internacionais de Águas Compartilhadas
3.8.4 Desenvolvimento da Infra-Estrutura Física

Parte 9 Implicações Financeiras


3.9.1 Introdução
3.9.2 Custos Operacionais
3.9.3 Custos de Capital
3.9.4 Financiamentos Existentes
3.9.5 Arranjos de Financiamentos Futuros
3.9.6 Conclusão

Capítulo 4. Estratégias Complementares


4.1 Introdução
4.2 Capacitação no Setor de Água
4.3 Consulta Pública, Educação e Conscientização
4.3.1 Consulta Pública
4.3.2 Programa de Educação em Recursos Hídricos
4.3.3 Comunicação
4.4 Pesquisa em Recursos Hídricos

Capitulo 5. Planejamento e Coordenação Nacional e Cooperação Internacional em Gestão de


Água.
5.1 Introdução
5.2A Estrutura de Políticas Governamentais Relevantes Atuais
5.3 Requisitos Específicos de outras Legislações Nacionais
5.3.1 A Lei de Serviços de Água, 1997
5.3.2 Legislação Ambiental
5.3.3 Legislação Nacional de Gestão de Desastres
5.3.4 Lei de Gestão das Finanças Públicas, 1999
5.3.5 Lei de Promoção ao Acesso à Informação, 2000
Anexo

5.3.6 Lei de Promoção da Justiça Administrativa, 2000


5.4 Planejamento Inter-Governamental
5.5 Programas Nacionais
5.5.1 O Programa de Desenvolvimento Rural Integrado
5.5.2 A Estratégia de Renovação Urbana
5.6 Cooperação Internacional Em Assuntos de Água
5.6.1 Acordos de Compartilhamento de Águas com Países Vizinhos
5.6.2 Cooperação na Região Sul Africana
5.6.3 Outros Relacionamentos e Interações Internacionais
5.6.4 Cooperação com Doador Internacional

74 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


PARTE 2

Guia Operacional

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 75


1. ANOTAÇÕES DOS FACILITADORES

INTRODUZINDO O CURSO.

A abertura do curso é sempre uma ocasião importante e uma oportunidade para


garantir que as expectativas estão alinhadas com o propósito do curso. Use a
oportunidade nas primeiras 1 ou 2 horas.

Introduzir o curso e seus objetivos e


QUADRO 17. TRANSPARÊNCIAS EM
explicar porque está sendo realizado POWERPOINT, CONSELHOS GERAIS.
aqui.
Você gastará 2 a 3 minutos explicando
Para os participantes conhecerem uns aos cada transparência. Portanto, não tenha
outros. mais do que 10-15 transparências para
Construir afinidade e espírito de equipe uma apresentação de 45 minutos.
Evite textos longos nas transparências e
entre os participantes. não somente leia as transparências.
Introduzir a organização anfitriã e Coloque declarações curtas como
cabeçalhos e lembretes para você do que
qualquer outro parceiro. dizer e em que ordem.
Nivelar as expectativas do curso e Evite cores que sejam difíceis de ler tais
como o vermelho e amarelo.
associá-las ao conteúdo do curso e ao O mais importante, confira as
cronograma geral. transparências você mesmo de onde os
participantes estarão sentados para
Discutir os temas do programa da oficina certificar-se de que estão legíveis.
de trabalho, hora de início, etc.

Objetivos do curso

O curso de treinamento almeja equipar os participantes com os conhecimentos e as


habilidades necessárias para apoiar um processo que dê origem à elaboração de plano
de Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) que seja aceito tanto politicamente
quanto socialmente e possa ser implementado.

76 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


SEÇÃO 1. INTRODUÇÃO A GIRH

Objetivos da lição

Esta é uma breve introdução à gestão integrada de recursos hídricos e aos princípios
que guiam na direção do objetivo global da gestão e desenvolvimento sustentável dos
recursos hídricos. No final desta seção os participantes irão:

Ser capazes de descrever o significado de GIRH e os seus princípios essenciais;


Entender as principais razões para adotar um modelo de GIRH;
Ser capazes de descrever os principais temas para serem abordados numa
estratégia de GIRH em seu país.

O que é necessário para a seção

Material para apresentação.


Temas para discussão.

Abordagem.

Informações importantes.

Verifique primeiramente os conhecimentos dos participantes para ajustar a


extensão desta seção. Pode ser apresentada como uma revisão em uma hora ou
levar uma manhã inteira para grupos menos experientes.
Tente distribuir cópias do tutorial de GIRH da Cap-Net para os participantes,
antecipadamente, de forma que eles venham preparados e mais capacitados para
discutir.
Quebre a sua apresentação a cada poucos minutos para obter realimentação dos
participantes. Use as questões do manual para ajudá-lo.
Dependendo da região, questões desafiadoras podem ser, por exemplo, sobre a
cobrança da água ou o tema de gênero. Incentive a discussão com os participantes,
não deixe de lado o assunto, mas não deixe que o tema ocupe muito tempo.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 77


SEÇÃO 2. PROCESSO DE PLANEJAMENTO PARA A GESTÃO DE
RECURSOS HÍDRICOS, UMA INTRODUÇÃO.

Objetivos da lição.

Esta seção tem como objetivo introduzir um processo de planejamento de GIRH e os


elementos principais. Estes elementos são descritos sucintamente para introduzir a sua
apresentação em capítulos posteriores. Ao final deste capítulo os participantes irão:

Entender a relevância dos planos de GIRH para gestão de recursos hídricos;


Identificar os principais estágios no ciclo de planejamento e entender, num
sentido geral, o que eles significam num contexto de gestão sustentável de
recursos hídricos;
Avaliar as diferentes atividades e a escala e abrangência das ações necessárias
para elaborar um plano de GIRH;
Entender porque o plano é necessário e as etapas intermediárias no processo de
planejamento;
Considerar o que isto significa nas condições dos próprios participantes.

O que é necessário para a seção

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas, painéis.

Abordagem.

1. Os mesmos princípios de planejamento se aplicam se estivermos lidando com


planejamento nacional, de uma bacia ou de uma área de sub-captação. Há a
necessidade de adaptar a apresentação e de exercícios dependendo das
necessidades dos participantes.
2. Se possível, tente usar exercícios para ajudar os participantes a elaborar um
plano de trabalho real ou melhorar um plano de trabalho existente. Desta
maneira os exercícios construídos sobre cada um deles durante o curso, serão
úteis também depois do curso.
3. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio
de interromper a apresentação e engajar os participantes.
4. Exercício: Um exemplo de estrutura de grupo trabalho é mostrado abaixo. No
entanto, esteja preparado para mudar isto de acordo com o foco dos
participantes e se eles estiverem esperando entrar em uma atividade de
planejamento real ou se o curso é meramente uma experiência de aprendizado
teórico.

Exercício. Programando o ciclo de planejamento. (1h).

Formação dos grupos. Divida os participantes em grupos por país ou região. Faça
alternativamente grupos randômicos, isto é, formados aleatoriamente, se for um
exercício teórico ou se todos os participantes são de um único país.

78 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Distribuição de tarefas. A instrução para cada grupo pode ser a mesma “Elabore um
esboço de programa com uma escala de tempo para um plano de GIRH ao longo de
todo o ciclo”. Este pode ser realizado em nível de país ou bacia, conforme for
apropriado.

Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resultados. Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza
de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências de acordo com o que for apropriado.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 79


SEÇÃO 3. INICIANDO O PROCESSO DE PLANEJAMENTO

Objetivos da lição

Esta seção focaliza as etapas iniciais para dar início a um processo de planejamento
para a gestão de recursos hídricos. No final desta seção os participantes irão:

1. Entender os principais fatores para dar início a um processo de planejamento


estratégico de GIRH.
2. Ser capazes de dar uma orientação na formação de uma equipe de gestão para
o processo de planejamento.

O que é necessário para a seção

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas e painéis.

Abordagem.

1. Iniciando o processo de planejamento, apresentação de 30 minutos e trabalho


de grupo de 60 minutos;
2. O manual se refere ao compromisso do governo para um plano nacional. No
entanto, para lidar com planejamento local este procedimento terá que ser
adaptado para as estruturas de tomada de decisão locais e como garantir o
apoio dessas estruturas.
3. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio
de interromper a apresentação e engajar os participantes.
4. Uma sugestão de exercício é mostrada abaixo.

Exercício. De quem é este plano? (1h)

Formação dos grupos. Divida os participantes em grupos por país ou região. Faça
alternativamente grupos randômicos, constituídos aleatoriamente, se for um exercício
teórico ou se todos os participantes são de um único país.

Distribuição de tarefas. As seguintes questões poderão ser usadas.

De onde vem a demanda para um plano de GIRH?


Quem implantará o plano? Eles já estão envolvidos?
Existe conhecimento suficiente da GIRH entre estas pessoas?
Qual seria estrutura de gestão conveniente no seu país para a elaboração do plano?

Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resultados. Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza

80 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências de acordo com o que for apropriado. Permita a
discussão sobre temas aparentemente diferentes entre as apresentações.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 81


SEÇÃO 4. ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO.

Objetivos da lição.

Esta seção focaliza a elaboração de um plano de trabalho. No final desta seção os


participantes irão:

1. Estar informados dos principais elementos de um plano de trabalho.


2. Avaliar o que está envolvido em cada tarefa importante e as necessidades de
capacitação.
3. Ser capazes de identificar as estratégias que eles usarão para obter e manter o
compromisso político e dos atores.

O que é necessário para a seção

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas, painéis.

Abordagem.

1. Enfocar a implantação de um plano de trabalho: apresentação de 45 minutos e


trabalho de grupo de 90 minutos.
2. O manual se refere ao compromisso do governo com um plano nacional. No
entanto, para lidar com planejamento local este procedimento terá que ser adaptado
para as estruturas de tomada de decisão locais e como garantir o apoio delas.
3. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio
de interromper a apresentação e engajar os participantes

Exercício. Envolvimento político e dos atores no planejamento (1h30min)

Formação dos grupos.

Três grupos.

Distribuição de tarefas. São três tarefas. Elas podem ser distribuídas entre os grupos
se eles forem todos de um mesmo país ou cada grupo ser capaz de enfrentar todas as
três questões.

Que etapas você aconselharia para levar a obtenção e manutenção do


compromisso político durante o processo de planejamento e continuando até a
adoção e implementação do plano?
Que intensidade de participação dos atores é suficiente? Em quais etapas serão
necessárias e como devem ser realizadas as consultas aos atores?
Faça um plano de capacitação identificando que grupos precisam de
capacitação e em quais assuntos?

Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

82 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resulados. Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza
de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências de acordo com o que for apropriado. Permita a
discussão sobre temas aparentemente diferentes entre as apresentações.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 83


SEÇÃO 5. ESTABELEÇA A VISÃO ESTRATÉGICA

Objetivos da lição.

Esta seção explicará a importância de uma visão nacional ou política de recursos


hídricos como guia do processo de planejamento nacional.

No final desta seção os participantes irão:

Saber a relevância de uma visão de água ou da política de água para o


planejamento;
Entender as etapas ou atividades que devem ser seguidas para alcançar a visão.

O que é necessário para a seção.

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas, painéis.

Abordagem.

1. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio


de interromper a apresentação e engajar os participantes.
2. Lembrar aos participantes onde eles se encontram no ciclo de planejamento.
3. O exercício deve ser a parte principal da seção. O papel que ele desempenha
pode ajudar a salientar os problemas dos sistemas de gestão de recursos
hídricos atuais e a necessidade de um futuro diferente. Os problemas poderão
ser usados como uma base para estabelecer uma visão de onde os participantes
gostariam de estar daqui a 25 anos.

Exercício 1. Exercício de função (45min).

Use um papel a desempenhar pelos participantes que os levem aos problemas


existentes na gestão atual da água.

Após o exercício desse papel, solicite aos participantes que reflitam sobre o papel que
desempenham e apresentem exemplos que evidenciem as questões desigualdade,
ineficiência econômica e uso não sustentável.

Estes pontos poderão ser usados para criar uma visão de um futuro desejável, que será
o próximo exercício .

Exercício 2. Desenvolvimento de uma visão (30min).

Formação dos grupos. Escolha três grupos.

Distribuição de tarefas. Apoiados nos problemas identificados no exercício de papéis


e com o compromisso de desenvolvimento sustentável negocie no grupo uma visão
para a gestão dos recursos hídricos no ano 2025.

84 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resulados. Cada grupo irá elaborar a sua visão, apresentá-la por
escrito e deixá-la pendurada na parede. Confira se existe alguma discordância ou
esclarecimentos possam ser necessários. Permita a discussão sobre temas
aparentemente diferentes entre as apresentações.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 85


SEÇÃO 6. ANÁLISE DE SITUAÇÃO.

Objetivos da lição.

Esta seção aborda a análise situação atual da gestão de recursos hídricos e como ela
forma a base para decidir as ações futuras.

No final desta seção os participantes irão:

Entender o que é a análise de situação e como isto contribui para a elaboração de


um plano de GIRH.
Serem capazes de focalizar a análise de situação sobre as áreas mais importantes e
definir o melhor âmbito e escala para a análise.

O que é necessário para a seção.

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas, painéis.

Abordagem.

1. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio


de interromper a apresentação e engajar os participantes.
2. A apresentação deverá ser adaptada à audiência e a utilização de perguntas
pode ajudar a chegar à profundidade da discussão com a qual eles se sintam
confortáveis
3. Uma análise de situação precisa ser conduzida de forma analítica
conseqüentemente com demonstração de ferramentas analíticas tais como, por
exemplo, o Metaplan pode ser útil.

Exercício. Problemas e as sua causas. (1,5 h)

Realizada em plenário por facilitador experiente usando cartolinas (Metaplan –


fornece uma referência – Consulte-a se você não estiver familiarizado com a técnica).

Distribua cartolina e canetas.

Os participantes escrevem nas cartolinas o que pensam ser a situação ou os problemas


da gestão de recursos hídricos.

Os cartazes são lidos e pendurados na parede usando percevejos, fitas adesivas, etc.
(tome cuidado para não estragar a parede!).

Os facilitadores, com a ajuda dos participantes, poderão arrumá-los num arranjo em


forma de árvore com as ligações dos problemas com as suas causas (se isto for muito
complicado escolha uma área problemática como exemplo e deixe as outras de lado).

Este exercício mostra como as situações estão relacionadas e que várias causas devem
ser consideradas para resolver o problema. Freqüentemente esta árvore de problemas

86 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


é então trocada por uma árvore de objetivos. Esta conclusão é muito rígida para o
nosso exercício, o qual deveria para na organização da árvore de problemas.

Discussão com os participantes:

a amplitude dos problemas que apareceram:


as ligações de um com cada um dos outros;
pergunte se eles vêem algum problema de gestão oculto e que contribui para esta
situação e escreva este problema;
discuta a complexidade de todos os diferentes fatores envolvidos e o compromisso
que será preciso para fazer as mudanças necessárias.
Os resultados desta seção serão diretamente relevantes para a próxima seção.

Exercício alternativo. Realizando uma análise de situação. (45min)

Formação dos grupos. Forme dois grupos.

Distribua as tarefas. Elabore um plano para realizar uma análise de situação em sua
região, incluindo a contribuição dos atores.

Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resultados. Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza
de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências, de acordo com o que for apropriado. Permita a
discussão sobre temas aparentemente diferentes entre as apresentações.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 87


SEÇÃO 7. ESTRATÉGIA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E AS
OPÇÕES IDENTIFICADAS

Objetivos da lição.

Esta seção examinará como desenvolver uma estratégia de gestão de recursos


hídricos. No final desta seção os participantes irão:

Reconhecer a importância de ter objetivos claros para a gestão de recursos


hídricos;
Entender como desenvolver as estratégias para um plano de GIRH que seja
apropriado, aceitável e viável para a implementação.

O que é necessário para a seção.

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas, painéis.

Abordagem.

1. Esta seção aborda o processo para tomada de decisão e as áreas de decisões


técnicas.
2. Relembrar aos participantes onde eles se encontram no ciclo de planejamento.
A visão, os objetivos e a análise da situação introduzidos até o momento nesta
seção.
3. Apresentação – 45 minutos.
4. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio
de interromper a apresentação e engajar os participantes.
5. São propostos dois exercícios alternativos.

Exercício 1. Áreas importantes de mudança da GIRH (1 h)

Formação dos grupos: Formar três grupos.

Distribua as tarefas: Cada grupo irá abordar uma das três áreas de importantes
mudanças da GIRH:

A proteção de meio ambiente:


Funções institucionais
Instrumentos de gestão

Para cada uma das áreas mostradas no Quadro 3, o que eles gostariam de ver mudado
e o que seria alcançado fazendo esta mudança?

Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.


Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resultados: Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza

88 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências de acordo com o que for apropriado. Permita a
discussão sobre temas aparentemente diferentes entre as apresentações.

Exercício alternativo. Trabalho de grupo. (1h30 min)

Formação dos grupos: Forme três grupos.

Distribua as tarefas:

Grupo 1: Quem deve ser envolvido no desenvolvimento, acordo e aprovação da


estratégia e como isto será realizado?
Grupo 2: Que passos devem ser dados para garantir que a estratégia não está em
conflito com outras leis, políticas ou estratégias?
Grupo 3: Iniciando com questões de auto-avaliação (Quadro 4) que mudanças nas
estratégias são necessárias para atingir aos objetivos? (Focalização nas mudanças
de estratégia, não de atividades).

Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resultados: Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza
de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências de acordo com o que for apropriado. Permita a
discussão sobre temas aparentemente diferentes entre as apresentações.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 89


SEÇÃO 8. O PLANO DE GIRH PRONTO E APROVADO

Objetivo da lição

O objetivo desta seção é abordar o conteúdo de um plano de GIRH e o processo de


escrever, revisar e obter a aceitação do plano.

No final desta seção os participantes irão:


Ser capazes de identificar os principais conteúdos de um plano de GIRH.
Estar familiarizados com as etapas e atividades desejáveis na elaboração e
obtenção da aprovação do plano;
Avaliar o que o plano pode contribuir para os próprios países dos participantes.

O que é necessário para a seção.

Material para apresentação.


Temas para discussão.
Guia para o trabalho de grupo.
Canetas, cartolinas, fitas adesivas, painéis.

Abordagem.

1. Relembrar aos participantes em que etapa eles se encontram no ciclo de


planejamento. A visão, os objetivos, a análise da situação e a estratégia
formam a base para a elaboração de plano
2. Apresentação – 30 minutos.
3. Incorporar pontos importantes para discussão na apresentação como um meio
de interromper a apresentação e engajar os participantes.
4. Escrever um plano é a etapa final para operacionalizar a estratégia, mas
atualmente é importante que o plano esteja escrito dentro de um Modelo de
Abordagem Lógica - MAL (Logical Framework Approach.-LFA). O MAL
(LFA) deve ser introduzido e, se necessário, algum tempo deve ser alocado
para isto. No entanto, não será possível incluir uma explicação total no curto
período de tempo disponível para este curso.
5. Chamar a atenção para o critério de avaliação e a sua utilidade na garantia de
que o plano será relevante e adequado.

Exercício. Aceitação do plano (1h)

Formação dos grupos: Forme três grupos. Um dos grupos deve ser de pessoas que
tenham experiência com o MAL (LFA).

Distribua as tarefas:

Grupo 1: Que processo deve ser obedecido para obter a aprovação do plano? É
necessário obter a aprovação dos atores e como isto deve ser feito? Como o plano
estará em sincronia com os programas de desenvolvimento?
Grupo 2: Como o financiamento do plano pode ser garantido? Existem medidas
que devam ser tomadas que aumentarão as oportunidades de que plano seja aceito
e viável para implementação - tanto financeiramente quanto politicamente?
Grupo 3: Elaborar um exemplo de GIRH em uma estrutura de MAL (LFA).

90 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Solicite a cada grupo que designe um chefe de grupo e um relator.

Aloque tempo para discussão e para a apresentação dos resultados.

Apresentação dos resultados. Dê orientações claras de como a apresentação dos


resultados deve acontecer, incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza
de que todo o material necessário esteja disponível para o relator – computador,
painéis, projetor de transparências, de acordo com o que for apropriado. Permita a
discussão sobre temas aparentemente diferentes entre as apresentações. O facilitador
deverá estar particularmente preparado para ajudar na interpretação do MAL (LFA).

Exercício 2 . Estudo de caso: Como você faria isto diferentemente?

Formação dos grupos:.

Distribua as tarefas.

Leia o caso em estudo. Informe como agiria de modo diferente ou os aspectos que não
receberam atenção suficiente.

Estudo de caso

Uma agência externa (vamos considerar como exemplo a “Global Water Partnership,
GWP” (Associação Mundial pela Água) assegurou fundos ao País “A” para elaborar
um plano de GIRH. A GWP solicitou a GWP–Regional e a “Country Water
Partnership (CWP)” (Parceria Naciona lpela Água) para ajudarem no processo.
A GWP-Regional mantém um diálogo com o Ministro do País “A” e tenta convencer
o Ministro e o Secretário Permanente de que GIRH é uma coisa boa e que um Plano
de GIRH ajudaria ao País”A” a gerir os recursos hídricos mais eficientemente. A
GWP também convence o Departamento de que o plano deve ser elaborado em
colaboração com a Parceria Nacional pela Água (CWP).
GWP-Regional inicia a comunicação com a CWP e outros atores sobre os
antecedentes dos Planos de GIRH.
A GWP-R organiza a primeira reunião dos atores onde representantes de todos os
atores estão presentes (governo, CWP e atores não incluídos na CWP). Nesta reunião
os parâmetros básicos, como descritos na seção 7.2 são decididos (as quatro questões
são respondidas).
Os resultados desta primeira reunião são os seguintes:

Conteúdo:
Antecedentes e a necessidade de GIRH
Situação da Água
Visão e objetivos (formulados em termos das Metas do Milênio para o
Desenvolvimento - MMD)
Implicações dos objetivos para a gestão da água
Alcançando a visão:
o Água para o Alimento
o Serviços de Água
o A Água e o Meio Ambiente
Necessidades de Recursos

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 91


Envolvimento dos atores (Participação Pública)
Os atores serão mantidos informados através de comunicados regulares em radio,
artigos e relatórios em jornais e panfletos.
Encontros regionais serão realizados a cada três meses e encontros nacionais a cada
seis meses.

Escala de tempo
O processo deve ser completado em dois anos. A conferência dos atores acontecerá
em 31 de dezembro de 2006 e os encontros regionais em março de 2005, junho de
2005, setembro de 2005, março de 2006, abril de 2006, e junho de 2006, enquanto os
encontros nacionais acontecerão em junho de 2005, dezembro de 2005, junho de
2006 e dezembro de 2006.

Os redatores Data de Data dos


finalização encontros
O Senhor X da Parceria Nacional pela Água – CWP escreverá Fevereiro de 2005 Junho de 2005
os Antecedentes e a necessidade da GIRH
O Departamento de Águas encomendou um relatório sobre os Maio de 2005 Junho de 2005
recursos hídricos do País A a dois anos. Os engenheiros
consultores em RH serão convidados a rever o relatório e
relatar as omissões até abril de 2005.
A Senhora Y da AN de Consultores escreverá as visões e Agosto de 2005 Dez. de 2005
objetivos
Implicação dos objetivos sobre a gestão da água Agosto de 2005 Dez de 2005
A Confederação de Agricultora escreverá a seção de água e Janeiro de 2005 Junho de 2006
alimento
O Engenheiro Chefe da Capital escreverá a seção de Serviços Janeiro de 2005 Junho de 2006
de Água
O Departamento de Assuntos Ambientais (Coordenado pelo Janeiro de 2005 Junho de 2006
Doutor Z) escreverá a seção sobre Água e Meio-Ambiente
O Departamento de Águas escreverá a seção sobre a Agosto de 2005 Dez dec 2006
necessidade de recursos.
Aprovação e submissão ao Governo Dez de 2006

Apresentação dos resultados.


Dê orientações claras de como a apresentação dos resultados deve acontecer,
incluindo o tempo para cada apresentação. Tenha certeza de que todo o material
necessário esteja disponível para o relator – computador, painéis, projetor de
transparências, de acordo com o que for apropriado. Permita a discussão sobre temas
aparentemente diferentes entre as apresentações.

92 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


ESTIMULANTES

( Do material de capacitação da Aliança do Gênero e da Água – GWA. Gender Mainstreaming in


Integrated Water Resources Management - Training of Trainers http://cap-
net.org/captrainingmaterialsearchdetail.php?TM_ID=101 )

Os estimulantes poderão ser usados a qualquer instante para reavivar o


interesse, fazer rir ou acordar as pessoas depois do almoço.

1. Objetos Familiares

Objetivos: Conhecer melhor os participantes e aprender um pouco sobre as suas


personalidades, ajudam os participantes a relaxar.

O que você precisa: Objetos diferentes tais como brinquedos macios, colheres, copos,
pesos de papéis, tampas, cinto, lápis, pedra e espelho. Deve ter um objeto para cada
participante.

Duração: 20 minutos

Procedimento:

Os participantes devem sentar-se em um círculo e os objetos no centro da sala.


Solicite aos participantes para escolher um objeto que de alguma forma o
represente ou que ele possa identificar-se com ele.
Os participantes devem compartilhar com o grupo por que escolheram um objeto
em particular e o que ele representa sobre o seu comportamento/personalidade.

Nota para o facilitador: Este exercício ajuda aos participantes a se descontraírem e


compartilhar experiências pessoais.

2. Ande e Fale

Objetivos: Tome consciência das suas próprias percepções sobre gênero e qualquer
desconforto associado; reduza a inibição e ajude aos participantes vencer a timidez e
autoconfiança.
O que você precisa: Um gravador e música suave (opcional).

Duração: 25 minutos

Procedimento:
Solicite aos participantes que andem em torno da sala. Eles devem espalhar-se e
andar em todas as direções, mantendo contato visual com os participantes
passando por eles.
Dê as seguintes instruções enquanto eles estão andando:
o Ande rápido
o Ande devagar
o Ande como um homem
o Ande como uma mulher
o Ande como uma criança
o Ande como uma mulher velha

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 93


o Ande como um homem velho
o [Adicione neste ponto mais variações]
Mude cada instrução após poucos minutos.
Solicite aos participantes para dizer como eles estavam se sentindo agindo como
homem/mulher. Eles estavam confortáveis ou desconfortáveis? Encoraje-os a
discutir as razões pelas quais eles sentiram assim.

Nota para o facilitador: Discuta como mulheres e homens se vêem diferentemente e


como a sociedade nos ensina nossos papéis de gênero.

3. Salada de Frutas

Objetivo: Estimular os participantes.

O que você precisa: Painéis

Duração: 15 minutos

Procedimentos:

Solicite aos participantes para sentarem nas cadeiras dispostas em círculo e diga
que eles vão fazer uma salada de frutas. O facilitador está de pé de modo que
existe uma cadeira a menos do que o número de pessoas participando do jogo.
Pergunte aos participantes o nome de suas frutas favoritas e escolha quatro frutas
quaisquer com a ajuda dos participantes, por exemplo, maçã, laranja, goiaba e
banana.
Escreva as quatro frutas no painel. Diga aos participantes que eles agora vão se
transformar em frutas. Solicite aos participantes que digam o nome de uma fruta
listada no painel. Cada participante ‘transforma-se’ na fruta que ele escolher. Por
exemplo, o primeiro participante é uma ‘maçã’, o segundo uma ‘laranja’ e assim
em diante; após o quarto participante escolher ‘banana’, o próximo começará com
a ‘maçã’ novamente.
Diga aos participantes que eles terão que trocar rapidamente os seus assentos se as
suas frutas forem chamadas. Por exemplo, se o facilitador chamar ‘maçã’, todas as
‘maçãs’ têm que trocar de lugares. Se o facilitador gritar ‘salada de frutas’, então
todos os participantes trocam de lugares.
O facilitador também participa e tenta conseguir um lugar após a chamada. Quem
ficar sem o assento fará a próxima chamada.

Nota para o facilitador: O facilitador chama uma ou mais “frutas” ao mesmo tempo.
Por exemplo: ‘maçãs e bananas’.

4. O Jogo de Números

Objetivo: Ajude aos participantes a se concentrarem e se focalizarem; estimule os


participantes.

O que você precisa: Nada

Duração: 10 minutos

94 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


Procedimentos:
Solicite ao grupo para levantar e permanecer em círculo.
Diga ao grupo que contem de 1 a 50. O primeiro participante conta 1, o próximo
conta 2 e assim por diante. Os participantes que receberem o número 5 ou os seus
múltiplos (10, 15, 20, ...) devem bater palmas ao invés de dizer o número.
Se alguém comete um erro (por exemplo, dizendo o número no lugar de bater
palmas), ele/ela estará fora do jogo e o próximo participante começa a contagem
novamente de 1, se o participante seguinte não começar a contar novamente de
um, será também excluído.

Nota para o Facilitador: O facilitador deve encorajar os participantes, contar em


ritmo vigoroso. Outras variações podem ser também usadas, por exemplo:
Bata palmas no número 7, múltiplo de 7 (14, 21, 28,…) e em todos os números
terminados por 7 (17, 27, 37,…).
Bata palmas em 5 e múltiplos de 5 (15, 25, 35,…) e estale os dedos em 10 e
múltiplos de 10 (20, 30,....).

5. Coconut

Objetivo: Estimular os participantes.

O que você precisa: Nada

Duração: 5 minutos

Procedimentos:

Solicite aos participantes para ficarem de pé e formarem um círculo.


Mostre como escrever a palavra C O C O N U T pela representação das letras
com os seguintes movimentos do corpo.
o C: Incline ligeiramente os seus braços nos cotovelos e os levante a sua
frente até o nível dos ombros, deixando um espaço.
o O: Incline ligeiramente os seus braços nos cotovelas e os levante à sua
frente até o nível dos ombros e una os dedos das duas mãos para
formar uma circunferência.
o N: Incline-se para baixo e toque os dedos dos pés com as duas mãos.
o U: Mantenha os braços esticados e os erga acima da cabeça.
o T: Levante os dois braços para o lado até que estejam paralelos aos
ombros e com as palmas das mãos viradas para baixo.
Diga uma a uma das letras e solicite aos participantes que façam o movimento
corporal correspondente quando você fala a letra.
Mude o ritmo de devagar para rápido. Você pode também chamar as letras
desordenadamente.

Nota para o facilitador: O facilitador deve demonstrar entusiasmo e ser enérgico


quando disser as letras do alfabeto.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 95


6. Qual é o seu nome?

Objetivo: Ajudar aos participantes relembrar o nome uns dos outros e estimular os
participantes.

O que você precisa: Bolas pequenas ou um rolo de fita crepe.

Duração: 15 minutos

Procedimentos:

Solicite aos participantes para ficarem de pé e formarem um círculo.


Solicite aos participantes para jogar a bola uns para os outros aleatoriamente. O
participante que pegar/recebe a bola tem que lembrar o nome do participante que
atirou a bola.
Se o participante for incapaz de lembra o nome, ele faz uma apresentação de
dança para os demais participantes no centro do círculo.

Nota para o facilitador: O facilitador ou membros do grupo pode também pensar em


outras ‘penalidades’ divertidas ao invés da dança. Este exercício pode ser usado
também para lembrar de onde os diferentes participantes vieram.

7. Entendendo a mudança

Objetivo: Aumentar a conscientização dos participantes sobre o processo de mudança.

O que precisa: Nada

Duração: 15 minutos

Procedimentos:

Separe os participantes em pares e solicite que eles permaneçam de pé de frente


um para o outro e formando um círculo.
Aos pares, um dos parceiros é solicitado a fechar os olhos, enquanto o outro troca
alguma coisa (roupa, penteado, óculos, etc.) nele ou nela.
Quando a mudança for feita, um parceiro solicita ao outro para abrir os seus olhos.
O procedimento é repetido 3 vezes, e então os parceiros invertem os papéis.

Nota para o facilitador: O facilitador pode discutir brevemente as seguintes questões:

Como você se sentiu enquanto estava fazendo as mudanças?


Como você se sentiu quanto identificou as mudanças?
O que for mais fácil, fazer ou identificar as mudanças?
Quais são fatores que ajudaram você a identificar as mudanças?

8. Compartilhando

Objetivo: Promover a interação entre os membros do grupo através do


compartilhamento.

96 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


O que precisa: Nada

Duração: 20 minutos

Procedimentos:

Divida os participantes em duas equipes.


Solicite que eles permaneçam de pé, formando dois círculos. Os participantes do
círculo interno olham para fora. Os participantes do círculo externo olham para o
centro de tal forma que os membros do círculo interno estejam de frente para os
do círculo externo.
Os participantes, um de frente para o outro, compartilham entre si assuntos deles
mesmos – sobre a seção, sobre o que eles fizeram depois da sessão, etc..
Os participantes gastam dois minutos com uma pessoa e então o grupo se move no
sentido do relógio.
Este procedimento prossegue por algum tempo até o compartilhamento é
completado entre todos do círculo.

Nota para o facilitador: Este exercício pode ser usado para quebrar o gelo nos
intervalos das seções e pode também ser usado para apresentação ou
recapitulação/avaliação da seção. O facilitador pode decidir que o tema precisa ser
discutido/compartilhado entre os participantes.

9. As dificuldades

Objetivo: Mostra que a cooperação e os pensamentos laterais podem ajudar a resolver


problemas que parecem não ter solução.

O que você precisa: Nada

Duração: 10 minutos

Procedimentos:

Solicite ao grupo permanecer em pé, formando um círculo e com as mãos dadas.


Diga ao grupo que, sem largar as mãos uns dos outros, deve olhar para fora ao
invés de olhar para dentro do círculo.
Deixe o grupo tentar durante alguns minutos.
Solicite que dois membros levantem as mãos e deixe os demais passarem para o
outro lado. O resultado será que todos os membros ficarão de frente para o
exterior do círculo.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 97


2. AMOSTRA DE UM PROGRAMA DE CURSO

Horário Tema Conteúdo/finalidade


Dia 1 Introdução Apresentação dos participantes. Informe aos participantes
09 h – 10h30m sobre a programação do material e a sua utilização.
Informe sobre o material de capacitação, inclusive o
material de apoio.
GWP (Associação Mundial pela Água) - introdução.

11h- 12h 30m O que Princípios de GIRH. Breve revisão sobre a GIRH,
entendemos por questões respondidas.
GIRH?
Abordagem: apresentação curta, perguntas e respostas.

12h30m – 13h almoço


13h – 15h Princípios de O ciclo de planejamento: Introduza o ciclo de
planejamento planejamento, estabeleça os elementos do ciclo de
planejamento que serão utilizados no curso; mostre o
ciclo como o enquadramento básico do curso.
Apresentação e discussão, 45 min.
Exercício: Em grupos, copie as atividades para cada etapa
do ciclo de planejamento que são necessárias em seu país.
(1 h + 15 min para apresentação dos resultados).

15h – 15h15m Intervalo


15h15m – 17h Início Início do processo de planejamento:
Estrutura e abordagem para escolher a equipe de gestão
para o processo. Papéis, planejamento do trabalho. Como
iniciar com a conscientização para construir
compromissos e estimular o entendimento. Função de
capacitação no processo

Abordagem: Apresentação e discussão, (30 min).


Exercício: Discuta quem está conduzindo o processo de
planejamento, como garantir o compromisso
governamental e a estrutura de gestão no processo. (seção
auxiliada com cartazes ou trabalhos de grupo), (45 min +
15 min para apresentação de relatório).

Dia 2. Revisão Revisão do dia anterior.


09h –9h15m

98 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação


9h15m – 11h45m Plano de Vontade política e participação de atores
Trabalho Garantia do compromisso político. Benefícios de e como
identificar os atores importantes e seus papéis no processo
de planejamento. Elaboração do plano de trabalho.
Capacitação.

Abordagem: Apresentação e discussão. (45min).


Exercício: Dois grupos, (1h +30 min de apresentação de
relatório).
1. Quais os passos você aconselharia para obter e manter
o compromisso político durante o processo de
planejamento até a adoção e implementação?
2 Quais passos você aconselharia para garantir a
participação dos atores durante o processo de
planejamento?
13h30m-15h Visão Estabelecendo a visão estratégica:
estratégica: Mostre o compromisso com a GIRH e uma nova visão da
Onde você quer gestão sustentável de recursos hídricos como um guia
chegar? para o processo de análise e tomada de decisão para o
plano. Estabeleça que as metas são essenciais para
justificar a elaboração do Plano. Compromisso do
governo desde o início.
Abordagem: Apresentação, (30 min).
Discussão sobre como conseguir uma visão ou política de
água desenvolvida para incorporar o modelo de GIRH –
oportunidades e barreiras. (45 min + 15min para
apresentação de relatório).

Dia 3 Qual é a situação Análise de situação:


9h – 12h atual? Estabeleça como a análise de situação deve ser feita e a
sua contribuição para o plano. O critério para os
elementos de análise (GIRH, visão) de elementos, de
problemas, de temas e de objetivos para conduzir a
análise. A importância do processo participativo, consulta
aos atores.

Abordagem: O papel representado pelos os agricultores,


pobres urbanos, ricos urbanos, indústria e um encontro
político com um servidor civil que queira introduzir um
novo encargo financeiro sobre a água para financiar o
ministério dos recursos hídricos. (30 min).
Apresentação e discussão de como conduzir a análise de
situação. (45 min).
Exercício, dois grupos: (45 min, 30 min para apresentação
dos resultados).
1. Como realizar a análise de situação em seu país –
escreva um plano para isto.
2. Escreva em uma página um conteúdo para o relatório
de análise de situação sobre a situação da gestão de
recursos hídricos em seu país.

Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação 99


13h30m – 16h30m A estratégia de Opções/estratégias de gestão de recursos hídricos
gestão de estabelecidas:
recursos hídricos Identificação de objetivos. Focalizar na estratégia a ser
foi estabelecida. adotada para alcançar as metas e abordar os problemas.
O que será ligar aos princípios de GIRH. Abordar as áreas gerais de
melhor fazer proteção ambiental, arcabouço institucional e
para ir adiante? instrumentos de gestão.
Implicações da capacitação, implicações de
financiamento, viabilidade. Consultas.

Abordagem: Apresentação e discussão sobre os objetivos


e como elaborar uma estratégia. (30 min).
Apresentação sobre as áreas de mudanças de GIRH. 30
min
Exercício: Identificar áreas de mudanças prioritárias para
a situação do nosso país. Que processo você usaria para
elaborar uma estratégia? (1 h).

Dia 4. Escrever um Plano de GIRH:


9h – 10h15m plano de GIRH Estrutura, escopo, conteúdo. Consulta, viabilidade, plano
de financiamento, plano de promoção. Avaliação do
plano. Processo de aprovação.
Abordagem: Apresentação sobre a elaboração e conteúdo
do plano. 30 min.
Discussão usando painéis sobre o processo de elaboração
do plano através da aprovação pelo governo. (45 min)

11h – 12h30m Plano de Implantação do plano:


implantação Mobilização do apoio público e político.
Mobilização do apoio financeiro e doadores.
Integração com outros planos nacionais e locais.
Implementação do Plano.
Avaliação do progresso e renovação do plano (Planos em
andamento).

Abordagem: Foco na discussão de grupo.


13h – 17h Para onde ir a Plano de ação:
partir daqui? Assumir as próximas etapas, fazê-las acontecer.

Abordagem:
Exercício de grupo de trabalho. Incorporar os resultados
das sessões anteriores no plano de ação. (90 min)

100 Cap-Net. Planejamento de GIRH, Módulo de Capacitação

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