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Entrevista Didi Huberman
Entrevista Didi Huberman
Imaginar o inimaginvel
Essa tese encontra eco em Cascas, no qual Didi-Huberman narra uma visita,
em junho de 2011, ao Museu de Auschwitz-Birkenau, criado em 1947 na rea dos
antigos campos. Descendente de vtimas do Holocausto (no qual morreram 800
pessoas com o sobrenome Huberman, entre eles seus avs), o filsofo, ao se ver
diante do local onde era feita a triagem dos recm-chegados, diz para si mesmo:
Isto inimaginvel. Mas acrescenta: logo devo imagin-lo apesar de tudo.
Cascas construdo como uma srie de comentrios sobre fotos que Didi-
Huberman fez durante a visita. Registrou planos abertos dos galpes, estradas e
da vegetao do campo, e captou detalhes reveladores. As cascas que arranca de
uma rvore em Birkenau funcionam como metfora para a relao entre as
imagens e a realidade: A casca no menos verdadeira que o tronco. inclusive
pela casca que a rvore, se me atrevo a dizer, se exprime.
A certa altura, espanta-se ao ver trs das fotografias do prisioneiro annimo
reproduzidas em totens enormes, em verses modificadas. As sombras foram
eliminadas, tornando o enquadramento mais regular, e at os corpos das
mulheres foram retocados. A quarta, o borro, sequer foi includa no memorial.
Analisar imagens antigas como andar por uma runa. Quase tudo est
destrudo, mas resta algo. O importante como nosso olhar pe esse algo em
movimento. Quem no sabe olhar atravessa a runa sem entender.