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Abisogun Olatunji Oduduwa - A Juventude Preta e Uma Educação Revolucionária (2013) PDF
Abisogun Olatunji Oduduwa - A Juventude Preta e Uma Educação Revolucionária (2013) PDF
Entendemos por juventude preta os jovens descendentes, em menor ou maior grau, dos africanos
trazidos para as Amricas durante os quase quatro sculos de trficos transatlnticos. Esta mesma
juventude que se encontra no centro de um debate/programa secular o qual tem como pauta principal o
extermnio desta juventude, atravs de estruturas que os marginalizam, os assassinam brutalmente, quando
no pela assimilao, forada ou no, dos valores estticos e culturais dos europeus e seus descendentes,
fator este que resulta no branqueamento fsico, psquico e cultural. Mediante a estas constataes,
acreditamos que uma das formas de frear ou minimizar tais extermnios seria a adoo de uma postura
crtica, autoafirmativa e pan-africanista, dentro de uma perspectiva da esquerda revolucionria. Neste
sentido, e dentro de uma perspectiva dialtica, elaboramos e trabalhamos com a difuso de uma filosofia e
uma educao libertria que possibilita a criao de ferramentas, as quais utilizadas diuturnamente, como
estilo de vida, podem tirar os pretos, e em especial a juventude, da precria condio material e imaterial
em que se encontram. Uma filosofia educacional que tem como objetivo final a ocupao dos mais
variados espaos sociais que, historicamente, encontram-se ocupados pelos mesmos grupos
beneficiados com o trfico transatlntico de africanos e, consequentemente, a escravizao dos mesmos. E
se no bastasse, o grupo dominante ainda se beneficia, diretamente, do cruel racismo estrutural existente
no Brasil. Realidade social esta que enxergada por ns como sendo a principal barreira a ser superada.
Certa vez, o poeta portugus Fernando Pessoa afirmou que minha Ptria minha lngua,
negando a nacionalidade imposta e artificialmente constituda. Utilizaremos este referencial terico,
modificando-o, ao afirmar que a nossa Ptria a nossa pele. Devemos ocupar, a priori, o nosso corpo, as
nossas marcas tnicas cabelo, pigmentao, nariz, boca, corpo, lngua, religio, processo histrico e
identidade social. Cada um, de ns, no continente me ou na dispora, possumos uma extenso da frica
dentro de ns. Devemos cuidar e alimentar este territrio com nutrientes e conhecimentos. Criar uma
espcie de comunidade mental. Nosso corpo nosso territrio. Somos desprovidos de terra, mas no de
vida e possibilidades.
Este posicionamento deve se configurar em uma luta de guerrilhas, em que o avano ser
processos de ocupaes dos espaos sociais, como por exemplo, em coletivos, sindicatos, grmios
estudantis, movimentos sociais, igrejas, candombls, clubes esportivos, escolas, universidades, nas ruas,
nos sales, ambientes pblicos e privados, partidos polticos, associaes de bairros ou de condomnio,
entre outros. Ocupar estes espaos e buscar direcionar as pautas, visando atender as nossas demandas e
criar um referencial de liderana, sem autoritarismo e dentro de uma perspectiva humanista e igualitria,
uma das perspectivas a partir dos pressupostos. A concretizao desta proposta de luta, com eficincia e
sem cenas pitorescas ou distorcidas, sem imagens caricaturais, criar uma imagem positiva de um ser
humano preto, com orgulho prprio. Lutando as nossas prprias batalhas, seremos vistos como um
exemplo a ser seguido. A partir do impacto, o resultado a criao de uma conscincia negra.