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A exclusão do sócio na sociedade contratual

A EXCLUSÃO DO SÓCIO NA SOCIEDADE CONTRATUAL

Paulo de Almeida Ferreira


Acadêmico do 5º ciclo da faculdade de Direito da Universidade
Santa Cecília
Praia Grande/ SP
Brasil
E-mail: paulodealmeida2000@yahoo.com.br

SUMÁRIO. RESUMO. INTRODUÇÃO. SISTEMÁTICA. EXCLUSÃO


LEGAL. EXCLUSÃO JUDICIAL. EXCLUSÃO CONVENCIONAL.

Resumo - À LUZ DE NOSSO CÓDIGO CIVIL DE 2002,


ESQUEMATIZAREMOS AS HIPÓTESES EM QUE O SÓCIO PODERÁ SER
EXCLUÍDO DE UMA SOCIEDADE DE PESSOAS; POIS TAL ASSUNTO NÃO ESTÁ
DEFINIDO EM UM ÚNICO ARTIGO OU ATÉ MESMO EM UMA ÚNICA SEÇÃO,
TÍTULO OU SUBTÍTULO, MAS ESTÁ ESPALHADO AO LONGO DO LIVRO II,
TÍTULO II (ART. 981 A 1.141). PARA FINS DIDÁTICOS, CLASSIFICAREMOS
AS CAUSAS DE EXCLUSÃO DO SÓCIO EM LEGAL, JUDICIAL E
CONVENCIONAL.

INTRODUÇÃO.

À luz de nosso novo diploma civil, faremos uma


sistematização das hipóteses em que o sócio poderá ser excluído de uma
Sociedade contratual ou de pessoas; pois tal matéria não está definida em
um único artigo ou até mesmo em uma única seção, título ou subtítulo, mas
está espalhado ao longo do LIVRO II, TÍTULO II (art. 981 a 1.141). Para fins

Paulo de Almeida Ferreira


A exclusão do sócio na sociedade contratual

didáticos, classificaremos as causas de exclusão do sócio em LEGAL,


JUDICIAL e, por fim, CONVENCIONAL (assim como fazem os civilistas).

SISTEMÁTICA.

Consoante nossa lei civil, podemos estabelecer este quadro:

LEGAL:

I- sócio declarado falido, e


II- sócio cuja cota tenha sido liquidada

JUDICIAL:

I- por falta grave no cumprimento de suas obrigações, e


II- incapacidade superveniente

CONVENCIONAL

I- sócio remisso, e
II- deslealdade

Comentaremos a respeito de cada hipótese.

EXCLUSÃO LEGAL.

Ocorre quando a lei taxativamente prevê a exclusão do sócio.


Assim preceitua o art. 1.030, parágrafo único de nosso Código: “será de
pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja
quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art.1.026”.
Embora este dispositivo esteja consubstanciado no capítulo pertinente às
sociedades simples, é aplicável também às demais espécies societárias por
expressa referência de nosso diploma conforme analisaremos infra.

Importante ressaltar que os dispositivos referentes à


sociedade simples (art.997 a 1.038) é, a princípio, fonte subsidiaria dos
demais tipos societários, isto, claro, no caso de omissão normativa ou
contratual destas. Na se trata de uma conclusão doutrinária, mas sim de
expressa previsão legal conforme mostraremos a seguir: art. 986

Paulo de Almeida Ferreira


A exclusão do sócio na sociedade contratual

(“subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da


sociedade simples”); art.996 (“aplica-se (...) o dispositivo para a sociedade
simples”); art.1.040 (“e no que seja omisso, pelas (normas) do capítulo
antecedente” – qual seja, Da Sociedade Simples); art.1.046 (“aplicam-se à
sociedade (...) as normas da sociedade em nome coletivo” – vale lembrar
que as normas referentes à sociedade em nome coletivo prevêem a suplência
pelas normas da sociedade simples conforme o art.1.040); art.1.053 (“(...)
rege-se (...) pelas normas da sociedade simples”); 1.089 (“(...) aplicando-se,
nos casos omissos, as disposições deste código" – desnecessário ressaltar
que abrange, também, as normas concernentes à sociedade simples); art.
1.090 (“regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima” –
recordando que, conforme vimos no art. 1.089 supra, o capitulo referente às
sociedades anônimas admite a aplicação, suplente, das normas da sociedade
simples no caso de omissão).

Diante do exposto, podemos afirmar que as normas


pertinentes à sociedade simples serão suplentes – no caso de omissão
legislativa especifica – e, destarte, poderão ser aplicáveis às demais espécies
societárias.

Porém, antes de finalizarmos, vale salientar que no caso de


omissão normativa especial deve-se aplicar o disposto consignado no
contrato social, mas se este também for omisso, aplicar-se-á, então, o
referente às sociedades simples.

EXCLUSÃO JUDICIAL.

Essa hipótese é prevista no caput do art. 1.030 de nosso


diploma civil; assim o sócio pode ser excluído judicialmente, mediante
iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de
suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. Entendemos que
nos dois casos contemplados pelo artigo (falta grave e incapacidade) exige-
se a iniciativa da maioria dos demais sócios. Salienta-se que os sócios
possuem somente a iniciativa para propor a demanda, podendo ou não o juiz
excluir o sócio.

EXCLUSÃO CONVENCIONAL.

Paulo de Almeida Ferreira


A exclusão do sócio na sociedade contratual

Por fim trataremos da hipótese de exclusão do sócio por convenção


entre os demais sócios. Ocorre em duas hipóteses, quais sejam, no caso do
sócio remisso e, do sócio desleal. Sócio remisso é “aquele que não cumpre a
obrigação de ingressar com o que se comprometeu, como contingente, ao
capital social” (Rubens Requião). Nesse caso, a exclusão é facultativa, ou
seja, trata-se de uma faculdade dos demais sócios. Assim preceitua o
parágrafo único do art. 1.004: “verificada a mora, poderá a maioria dos
demais sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou
reduzir-lhe a quota ao montante já realizado (...)”. Como pôde ser verificado,
trata-se de uma faculdade dos sócios que ao invés de preferir a indenização
eivada do dano emergente da mora, exclui o sócio remisso.

Mister será agora tratar da segunda hipótese, qual seja,


deslealdade. Assim prescreve o art.1.085: “ressalvado o disposto no
art.1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do
capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a
continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá
excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que
prevista neste a exclusão por justa causa”.

Importante destacar que, nesta hipótese, deverá estar previsto no


contrato social a exclusão dos sócios por justa causa, o que vale dizer que
não significa que o contrato social deva definir as causas de deslealdade, pois
devem ser analisadas in concretus. Insistimos: deverá haver uma cláusula no
contrato admitindo a exclusão do sócio por justa causa – entende-se, não
necessariamente definindo as hipóteses em que será procedido a exclusão
por justa causa mas apenas abrindo a possibilidade de poder ser excluído o
sócio por justa causa. Na se faz mister conceituar justa causa ou deslealdade
em nossa ciência, pois como afirmamos supra tais modalidades devem ser
analisadas no caso concreto.

Para finalizar, o parágrafo único do art.1.085 consagra o principio


do contraditório ao preceituar que o sócio desleal somente poderá ser
excluído após determinação em reunião ou assembléia convocada para esse
fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o
exercício do direito de defesa.

Paulo de Almeida Ferreira


A exclusão do sócio na sociedade contratual

A seção (seção VII) que trata desta hipótese refere-se


expressamente: “Da resolução da sociedade em relação a sócios
minoritários”. E quanto ao sócio majoritário? Nesse caso deverão os demais
sócios, via judicial, dissolver a sociedade.

Paulo de Almeida Ferreira


E-mail: paulodealmeida2000@yahoo.com.br
Acadêmico do 5º ciclo da faculdade de Direito da Universidade
Santa Cecília
Praia Grande/ SP
Brasil

Paulo de Almeida Ferreira

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