Geertz argumenta que o anti-relativismo é uma posição intelectualmente absoluta e sem fundamento. A antropologia trouxe novas perspectivas sobre outras culturas que desafiaram noções ocidentais de universalidade. Ao invés de atacar o relativismo, deve-se entender que diferentes culturas têm suas próprias lentes para interpretar o mundo.
Geertz argumenta que o anti-relativismo é uma posição intelectualmente absoluta e sem fundamento. A antropologia trouxe novas perspectivas sobre outras culturas que desafiaram noções ocidentais de universalidade. Ao invés de atacar o relativismo, deve-se entender que diferentes culturas têm suas próprias lentes para interpretar o mundo.
Geertz argumenta que o anti-relativismo é uma posição intelectualmente absoluta e sem fundamento. A antropologia trouxe novas perspectivas sobre outras culturas que desafiaram noções ocidentais de universalidade. Ao invés de atacar o relativismo, deve-se entender que diferentes culturas têm suas próprias lentes para interpretar o mundo.
Geertz, Clifford Anti anti-relativismo. In Nova Luz sobre a Antropologia. Cap. 3.
pp- 47- 67. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor. 2001
Opondo-se ao ponto de vista anti relativista, Geertz prope j a partir do ttulo do
texto expressado quase metonimicamente, um movimento que tensionaria as regras do discurso, pois ao criar o espelhamento anti anti, mostra-se interessado em discutir a opinio anti relativista ao invs de praticar uma defesa do relativismo. O fantasma do relativismo assola o absolutismo intelectual, sugerindo o exorcismo desse espectro que se encontra amputado, j que a ideia que se tem sobre o relativismo esvaziada da substncia probatria das cincias ditas naturais e acima de tudo sem uma imagem expiatria genuna. Por muito atribui-se antropologia a produo dessa fantasmagoria, mesmo essa disciplina ter inicialmente partido de pressupostos evolucionistas que viria a desqualificar o relativismo. A antropologia, entretanto, trouxe aos olhos do Ocidente um existir terrestre diferente daquele concebido. A possibilidade de haver uma outra forma de enxergar o mundo, desestabilizaria a crena coletiva sob a verdade das coisas e enfraqueceria a sombra do heri provinciano da conscincia ocidental, o universalismo. Foi atribudo antropologia tambm, certo tipo de premissa na qual creditaria todo fenmeno humano uma categoria cultural e relativizvel, e deste modo seria improdutiva qualquer crtica s realizaes humanas, ou seja, o relativismo fecharia todas as portas para a anlise crtica. Obviamente que esta alogia provocou uma grande crtica ao relativismo, e motivou os anti relativista a edificarem o conceito de Natureza Humana e Mente Humana. O abalo provocado pelas novas formas de pensar o outro, desestruturou a realidade moderna e a busca por uma realidade acessvel passou a ser emergencial. Novas formas de pensar o ser humano foram aprofundadas, a busca por uma regularidade concretizante foi sistematizada pelos conhecidos processos cognitivos. A grande consequncia nada benfica desta perspectiva racionalista o seu reducionismo de uma viso fundamentalista da mente. A crtica de Geertz no est direcionada aos interesses dessas novas formas de investigao do humano, mas na atitude doutrinadora dessas novas teorias, dessas novas verdades. Outra reflexo que Geertz nos traz sobre a relevncia desses conceitos excludentes, no estudo das manifestaes culturais, como os ritos religiosos, na anlise de ecossistemas, na comparao de idiomas. A cultura e a produo da vida simblica para estes oposicionistas, atinge um nvel de superficialidade causal, e o protagonismo da conscincia ocidental tido como parmetro para a sociedade moderna, surge a implicao da noo de desvio. O normal e o patolgico adquirem critrios normativos ocidentais, aquilo que no est dentro desta moral, considerado desviante, a sombra deste universalismo estende-se por todo mundo e adquire uma posio valorativa maior e mais profunda. Apesar da responsabilidade atribuda ao relativismo pelo fim do movimento absoluto, do espao euclidiano, da causao universal e da moral inquisidora, no foi o relativismo propriamente dito o responsvel, mas sim as realidades excntricas, os fenmenos extravagantes, os saltos do mundo contemporneo, dos quais os oposicionistas foram inbeis no lidar. Das muitas quebras de paradigmas suscitadas pela antropologia, a de maior importncia foi insistir em que vemos as vidas atravs de lentes por ns lapidadas, e que os outros veem as nossas vidas atravs duas suas prprias lentes, cuja lapidao foi feita por eles (GEERTZ, 2001). Apesar de toda energia dispendida contra a noo de relativismo e contra a antropologia, a disciplina tem conseguido o que seria mais importante enquanto produtora de conhecimento, manter o mundo em desequilbrio; puxando tapetes, virando mesas e soltando fogo (GEERTZ, 2001).