Há quase 100 anos, o economista austríaco Joseph Schumpeter apresentava o
conceito então revolucionário de que os sistemas econômicos tendem ao equilíbrio e que, para quebrar esse equilíbrio e ganhar espaço no mercado, inovações transformadoras exercem um papel fundamental. Sem romper os limites do que se pensaria possível, é impossível alargar os horizontes.<br /><br /> Inovação é palavra de ordem no mundo corporativo moderno, em que a competição é global e instantaneamente uma novidade é copiada por alguém em algum lugar. Dessa maneira, o mercado transformou-se em uma espécie de esteira rolante: quem ficar parado ficará para trás e é preciso avançar sempre, mesmo que seja para ficar no mesmo lugar.<br /><br /> É preciso, então, correr, desenvolver inovações contínuas e não se acomodar frente aos bons resultados obtidos. O que só é possível quando a inovação faz parte da cultura corporativa e todos os escalões da empresa têm a inquietude de fazer diferente e melhor.<br /><br /> Essa “coceira pela inovação” vem de dentro para fora. Ninguém exigia que os Beatles evoluíssem constantemente a cada novo álbum. Entretanto, desde o início John, Paul, George e Ringo exploravam os limites técnicos de seu tempo, geravam novas soluções e criavam sonoridades impensáveis até então. Em 1962, o disco de estreia “Please Please Me” foi gravado em um único dia, em uma mesa de som de quatro canais. Um para cada instrumento, depois tudo era mixado e unido ao canal de voz. Cinco anos depois, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” exigiu nove meses de trabalho, orquestras inteiras em algumas faixas, sons que rodavam de trás para a frente, barulhos de animais, diversas divisões de vozes, muitos instrumentos e uma sonoridade única.<br /><br /> Entre um ponto e outro dessa jornada, experimentação contínua. Uma curiosidade infinita para encontrar a rotação em que um instrumento, com a gravação tocada ao contrário, se encaixaria àquela determinada frase da música. A mesma curiosidade e motivação interna que leva um time de engenheiros a criar um laptop que cabe dentro de um envelope de papel (não é, Steve Jobs?).<br /><br /> Um caminho que tem início e um fim planejados, mas não possui uma estrada pronta. É como acontece na Pixar, o estúdio de animação que realizou “Toy Story”, “Procurando Nemo” e “Wall-E”, entre outros: cada filme é um desafio maior e sempre há um momento em que parece ser impossível transformar em realidade as ideias dos roteiristas. É nesse ponto que entra a curiosidade, a criatividade e o espírito empreendedor dos colaboradores, pensando fora da caixa e criando soluções únicas, impensadas, inspiradoras.<br /><br /> Essa busca por inovações é, ainda, mais presente na indústria que no varejo. A Amazon é uma das exceções. Desde o início, a empresa busca inovações nas mais diversas frentes, desde a navegabilidade do site até o desenvolvimento de novas plataformas que revolucionam o mercado (como o leitor digital Kindle, atualmente mais vendido que livros em papel no site da empresa). Sem a inquietação de perseguir coisas novas sempre, a Amazon poderia ter relaxado ao se tornar uma empresa lucrativa (há quase dez anos) ou quando assumiu a liderança no setor livreiro nos Estados Unidos (há cerca de cinco anos). Mas é justamente a busca constante por inovações que atrai novos talentos, gera um ambiente motivador, estimula o livre pensar e faz com que a empresa esteja alguns passos adiante dos concorrentes.<br /><br /> Quando essa postura inovadora encontra ressonância nos consumidores, a combinação é vencedora. A Apple criou uma legião de adoradores, a rede americana de supermercados Whole Foods é sinônimo de produtos naturais, a espanhola Zara é um case global de sucesso. E sua empresa? O que tem feito?