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18/07/2010 A fita métrica

Edição Nº 00 Dezembro de 2001 Revista Eletrônica Mensal da SMSA-PBH

A fita métrica
Maria das Graças Weber Cirino*

É interessante notar como a fita métrica, este instrumento simples e flexível, nos acompanha
durante a vida. Conhecida por quase todos e utilizada por muitos na lida diária, acompanha as
pessoas nas medições domésticas sempre inovando o espaço e apontando as mudanças
possíveis. Será que posso colocar o sofá ali? Que tamanho tem esta mesa? E caso formos mais
habilidosos, ela, a fita métrica, passará também a acompanhar os pequenos e grandes eventos da
família, através da confecção de vestidos, calças; roupas para as crianças.

Mas o que hoje lembraremos é a capacidade deste instrumento, que de tão simples muitas vezes é esquecido,
de auxiliar no acompanhamento de nossa saúde. A mulher, ao gerar seu filho, adquire pelas mãos do profissional
de saúde a confiança que o nenen está crescendo a contendo ao medir mensalmente, com a fita métrica, a
altura uterina. Providência simples, mas indispensável e um dos pilares do acompanhamento pré- natal (1).

O nenen nasceu! A fita métrica lhe será apresentada. Vamos acompanhar os perímetros importantes desta fase.
O perímetro cefálico, torácico, abdominal, braquial, serão anotados, além do comprimento da criança (2). Esta
última medida será lembrada e comentada em casa com desenvoltura pela mãe e neste último parâmetro
deixaremos que a fita métrica tenha uma apresentação diferente.

A pessoa vai crescendo, o corpo sempre em mudanças, as relações cabeça, tronco e membros se
transformando e sendo avaliados pela antiga conhecida fita métrica(3).

Mas na fase adulta as circunferências voltam a ter importância, e são decisivas, mas com a diferença que agora,
nós, adultos, usaremos a fita métrica para acompanhamento de nossa saúde em casa mesmo, e também no
consultório.

O perímetro braquial é novamente importante; precisa ser conhecido, fala sobre o nosso ganho de peso e é
indispensável ao medir-se a pressão arterial. O manguito utilizado para adultos encontrará adultos com braços
muito diferentes entre si, e a pressão arterial estará adequadamente medida se levarmos em conta a
circunferência do braço. Quando crianças os manguitos de vários tamanhos são úteis, mas quando adultos não
poderemos esquecer da fita métrica (5).

E aí começa a fase mais difícil relação com nossa velha conhecida. A medida da cintura pode apontar diferenças
não desejadas, aumentos progressivos que revelam o aumento de risco para problemas cardiovasculares. Aquela
"barriguinha" que carinhosamente costumamos apresentar como sinal de prosperidade é também sinal
deselegante de nosso sobrepeso. As mulheres têm como limite a medida da cintura em 80 cm e os homens em
94 cm. Acima disto precisaremos estudar melhor as proporções que nosso corpo está tomando.

E havendo dúvidas se é chegada a hora de controlar o ganho de peso, ou mesmo diminui-lo, novamente a fita
métrica, em nossa casa, de forma simples vai determinar a relação cintura/quadril e nos alertar para o peso
indesejável que estaremos assumindo (4).

No consultório a relação peso/altura completará o que já sabíamos. E na fase mais prateada de nossa vida,
espelhada em nossos cabelos, vamos perceber alguma diferença em nossa altura, mas como sempre, vamos
nos mover cuidando da flexibilidade, evitando a deformação da coluna.

E nos finalmente, se alguém resolver nos medir para adaptar com certeza o tamanho de nosso último móvel, vai
bastar um amigo informar qual é esta medida, visto que ao longo desta vida tivemos presente a fita métrica.

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18/07/2010 A fita métrica
Nota 1:

O acompanhamento do desenvolvimento fetal é feito com base na medida da altura uterina,


realizada em todas as consultas. A associação entre os fatores de risco (presença de
doenças maternas graves e passado obstétrico) e os parâmetros clínicos (peso e altura
uterina) representa o melhor método para detectar o retardo do crescimento intra- uterino.

Padronizações, tabelas e gráfico para acompanhamento do altura uterina durante o pré- natal
podem ser encontrados no manual técnico do MS – "Assistência Pré- natal".

Se você não o encontrar na Unidade de Saúde basta voltar a página inicial da intranet, e na
coluna a sua direita, no ícone de sites importantes, clicar no Ministério da Saúde; depois clicar
em Biblioteca e finalmente clicar em "publicações em texto integral". Você encontrará uma
série de publicações muito interessantes; entre elas o Manual de Assistência Pré- natal: e
poderá copiá-las à medida do seu interesse.

Nota 2

Comprimento e perímetro cefálico

É importante medir o perímetro cefálico até 2 a 3 anos de idade; valores abaixo do


esperado podem ser resultado de um fechamento precoce de suturas (craniossinostose)
e valores acima podem estar ligados à lesões expansivas intracranianas.

O comprimento e perímetro cefálico são também adequadamente avaliados através das


curvas de crescimento dispostas em gráficos de percentis.

Perímetro braquial

A criança nasce com um perímetro braquial (PB) ao redor de 10 cm. No primeiro ano de vida,
há um acréscimo de 4 a 6 cm, enquanto que nos anos subsequentes os incrementos são
menores, em torno de 0,5 a 1 cm por ano. O perímetro braquial pára de aumentar aos 19 anos
nos meninos e aos 17 anos nas meninas, atingindo valores médios em torno de 26 e 25 cm,
respectivamente.

Nota 3

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Proporções corporais

A cabeça e tronco são relativamente grandes ao crescimento; os membros passam por alongamento progressivo,
em particular durante a puberdade.

O segmento inferior do corpo (SI) vai da sínfise púbica até o solo; o segmento superior (SS) é dado pela altura
menos o comprimento do segmento inferior.

A proporção entre o segmento superior e inferior (SS/SI) é aproximadamente 1,7 ao nascer, 1,3 aos 3 anos e 1,0
após 7 anos. Proporções S/I maiores são típicas do nanismo de membros curtos ou de distúrbios ósseos como
o raquitismo.

Nota 4

Razão cintura- quadril

"O tipo de obesidade (periférica ou central) pode ser caracterizado na clínica a partir da razão cintura- quadril.
Uma forma adequada de obtê-la é colocar uma fita métrica ao redor da cintura (circunferência mínima, vista de
frente) e ao redor do quadril (na altura do trocânter maior).

Uma razão superior a 1 para homens e 0,8 para mulheres tem sido sugerida com freqüência como indicativa de
maior risco de morbimortalidade, independente do índice de massa corporal, podendo complementar ou substituir
este na indicação de regime de emagrecimento".

Índice de massa corporal

O índice de massa corporal (IMC) é obtido dividindo-se o peso pelo quadrado da altura. A OMS recomenda para
classificação do estado nutricional os seguintes pontos: IMC menor de 20 – magreza, de 20 até 25 – peso
normal, de 25 até 30 – sobrepeso, mais do que 30 – obesidade, sendo que acima de 35 seria obesidade grave.
Ex.: uma pessoa pesando 60 Kg e medindo 160 cm teria um IMC igual a 60 / 1,60² = 23,44 (peso normal).

Nota 5

Tabela de correção de acordo com a circunferência do braço (CB) para medição de Pressão Arterial,
aferidas com mangito regular (12x23 cm)

Bibliografia

pbh.gov.br/smsa/…/fitametrica.html 3/4
18/07/2010 A fita métrica
DUCAN, Bruce B., SCHMIDT M. Inês, GIULIANI Elsa R. J. et col(1996). Medicina Ambulatorial em
Atenção Primária, 2ª edição.

LEÃO Ênio, et cols(1998). Pediatria Ambulatorial, 3ª edição.

Ministério da Saúde (2000). Assistência Pré- natal: normas e manuais técnicos, 3ª edição.

Waldo E. Nelson (1997). Tratado de Pediatria, vol. I, 15ª edição.

Maria das Graças - Médica Pediatra e Epidemiologista, Gerente do CS Milionários

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