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herança multifatorial

São condições genéticas determinadas por um conjunto ambientais que já sabemos que apresentam associação
de genes, por interação gênica. A expressão dessas grande com algumas doenças.
condições é modulada por um conjunto poligênico. Por isso, Em um problema genético, em que o indivíduo tem uma
também dizemos que essa condição é de herança mutação que causa fibrose cística, por exemplo, sabemos
multifatorial. que isso não é possível de ser solucionado, pois não temos
ferramentas para corrigir, apenas para identificar.
• Além dos genes, temos o meio, fazendo com que
Contudo, sabemos dos fatores ambientais associados a
haja a determinação e, principalmente, a
determinadas doenças. Então, é importante conhecê-los
modulação da expressão dessas patologias.
para que sejam feitas as intervenções devidas.
Existe uma diferença da contribuição relativa dos fatores
genéticos e dos fatores ambientais para as diferentes Apesar de ser um grande desafio entender sobre isso,
se entendermos, ganhamos várias possibilidades de
condições genéticas.
intervenções.
Herança poligênica + fatores ambientais (grande
variabilidade fenotípica).
São condições que são moduladas por múltiplos fatores
(características do meio + características genéticas).
É difícil estudar as alterações multifatoriais. Quando
temos um gene só, podemos avaliar do ponto de vista
genético, que tenha algumas questões ambientais
importantes, de maneira mais fácil. Quando são múltiplos
genes, normalmente temos que fazer uma varredura do
DNA do indivíduo para localizar os problemas, sobretudo
porque estamos falando de problemas que são pontuais,
A maioria das malformações congênitas isoladas têm
em pequenas escalas.
etiologia multifatorial.
Depois que conseguirmos os resultados da varredura, é
• São más formações que acontecem no processo
importante avaliarmos as condições ambientais que são
gestacional, mas que não estão associadas a
importantes para aquele problema.
síndromes.
Para análise genética já temos as ferramentas,
• Conjunto de genes e fatores ambientais
conseguimos sequenciar um genoma completo em
implicados nessas malformações.
24/48 horas.
Exemplos: cardiopatia congênita, fenda lábio-palatina,
Encontrar quais são os fatores ambientais envolvidos nas
fenda palatina, estenose hipertrófica do piloro, pé-torto
doenças é mais difícil.
congênito, deslocamento congênito do quadril, defeito do
Existem alguns desafios associados às heranças
fechamento do tubo neural - DFTN - (meningomielocele,
multifatoriais:
anencefalia etc).
• Determinar quais são os fatores.
• Todas essas condições isoladas precisam ser
• Determinar a dose de exposição a esses fatores
tratadas.
que se associam com a progressão da doença.
• Por exemplo, DFTN precisa da intervenção do
• Entender sobre a associação deles para a
neurologista e neurocirurgião.
determinação.
• O DFTN gera fenótipos diferentes. O tubo neural
Não temos ferramentas para isso tudo, apenas para
tem uma extremidade cefálica e uma
algumas coisas que já conhecemos. Temos alguns fatores
extremidade caudal. Dependendo de onde o tubo

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• falhe em fechar, podemos ter anencefalia, quando apenas um membro do par de parentes é
espinha bífida, mielomeningocele, entre outros. afetado e o outro não.
Algumas doenças crônicas muito frequentes também • Avaliamos dois indivíduos da mesma família.
têm etiologia multifatorial - não são associadas a Avaliamos a presença de determinada
malformações congênitas: característica ou do distúrbio/doença.
• Hipertensão arterial idiopática; • Quando os dois indivíduos avaliados apresentam a
• Diabetes mellitus tipo II (e tipo I); patologia, há uma concordância. Por exemplo, ao
• Doença arterial coronariana; avaliar a DM1 em dois irmãos gêmeos
• Esquizofrenia; monozigóticos/univitelinos. Os dois vão
• Autismo. apresentar DM1? Não, eles têm o mesmo DNA,
mas existem outros fatores que contribuem
Fenótipo complexo para isso, como fatores ambientais. Além disso,
Os fenótipos complexos dos distúrbios multifatoriais as respostas aos fatores ambientais são
podem ser divididos em duas grandes categorias - são importantes, ou seja, o comportamento do
fenótipos que vão variar de um indivíduo para o outro, indivíduo. Por exemplo, obesidade e estilo de vida
devido a quantidade de fatores que condicionam e são fatores importantes para a ocorrência
determinam essas patologias, além de modularem sua dessa doença.
expressão. Quando temos os dois indivíduos apresentando a patologia,
• Caracteres qualitativos: presença ou ausência da dizemos que eles apresentam concordância. Mas, se um
doença genética. apresenta a característica e o outro não, dizemos que
• Ex: indivíduo com acondroplasia pode ter eles têm discordância de características.
outras alterações esqueléticas como o
pé torto, sendo que outros indivíduos Medindo a agregação familiar em
não apresentam. caracteres qualitativos
• Caracteres quantitativos: avaliados em medidas Risco relativo: é um cálculo muito empírico, que gera uma
fisiológicas ou bioquímicas. estimativa.
• Vamos atribuir números/valores: peso,
altura, circunferência da cintura e
cefálica etc.
O que fazemos para avaliar a agregação familiar, e a
Análise dos caracteres qualitativos possibilidade de incidência e prevalência de determinada
Agregação familiar da doença: patologia em um casal/família que está sendo avaliado?
• Vamos ter um compartilhamento de alelos, mas
Vamos avaliar a razão entre a prevalência da doença dos
a característica da doença se deve pela parentes/família do casal, e a prevalência da doença na
exposição a um determinado agente que pode população em geral para aquela doença específica.
ser físico ou químico, por exemplo. A partir dessa razão, sabemos se o valor dessa razão é
• Porém, na agregação familiar de uma doença não
igual a 1 (significa que não há diferença da prevalência da
significa que esta tenha uma contribuição família da pessoa e da população geral), superior a 1 (quer
genética. dizer que essa família tem uma predisposição aumentada
• Epidemiologistas: determinar se a agregação é
em relação à população em geral para o desenvolvimento
coincidência ou resultado de fatores comuns aos dessa doença) ou inferior a 1 (a família tem menor
membros da família (genéticos ou ambientais). predisposição do que a população em geral).
Concordância e discordância: Quando dois indivíduos Esse cálculo não leva em consideração o sexo, etnia, idade
relacionados na mesma família têm a mesma doença, ou etc. Por isso é uma estimativa.
Quanto maior é o λr, maior será a agregação familiar.

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Quanto mais comum for a doença, maior a probabilidade Começamos a trabalhar com indivíduos que compartilham
da agregação ser apenas uma coincidência e menor a muitos alelos: primos, irmãos, parentes de primeiro grau,
probabilidade de ser resultante do compartilhamento de gêmeos etc.
alelos que predispõem a doença. • Trabalhamos com gêmeos monozigóticos, porque
O valor de λr = 1 indica que um parente não é mais eles compartilham na íntegra todos os genes.
suscetível a desenvolver a doença do que qualquer Esse tipo de estudo nos mostra a importância do poder
indivíduo na população. genético para a determinação de certa patologia.
Outra forma de avaliação da agregação familiar é o Concordância e compartilhamento de alelos entre
estudo de caso-controle (viés). parentes:
• 3,5% dos irmãos de pacientes esclerose múltipla • Quanto mais relacionados na mesma família, mais
também tem EM. 0,2% controles pareados sem alelos dois indivíduos terão em comum
EM (história familiar importante). (casamentos consanguíneos).
• Quanto mais distante o parente é relacionado
com o probando, menos alelos serão
compartilhados entre ambos (primos distantes).
• A frequência de concordância aumenta de
acordo com o grau de parentesco (gêmeos
monozigóticos, parentes de 1º grau).

Vemos na tabela o grau de parentesco e o percentual de


O autismo mostra que casais que tiveram um filho autista, alelos em comum (alelos compartilhados). Isso vai se
quando eles decidem ter outro filho, vão ter um risco diluindo à medida que vamos separando os indivíduos. Em
relativo de 150x a mais de ter outro filho autista. gêmeos monozigóticos temos o compartilhamento total
Existe uma agregação familiar importante para essas de alelos, a proporção de alelos em comum é de 1,
patologias. Sobretudo quando temos o irmão afetado pela enquanto que primos de terceiro grau eles vão
doença. compartilhar 1 ⁄ 8 dos alelos, apenas.

Determinação da contribuição relativa dos Determinação da contribuição relativa dos


genes e do ambiente genes e do ambiente
Importância da contribuição relativa da genética do • Os gêmeos são muito interessantes para
indivíduo e fatores ambientais para a determinação de entendermos a contribuição relativa dos genes e
certas patologias. a contribuição relativa do meio para a
Os genes têm um poder determinístico, são importantes determinação de algumas características.
para que a doença aconteça, mas o ambiente também • Estudos em gêmeos: Concordância da doença
tem um papel muito importante em determinar o menor que 100% em gêmeos MZ é uma forte
aparecimento da doença. evidência de que fatores não-genéticos têm
Como vou medir a contribuição dos genes e ambientes? papel importante na doença.
Que tipo de estudo pode ser utilizado para avaliar se é • A maior concordância em gêmeos MZ x DZ é
mais importante o poder determinístico genético ou uma forte evidência de um componente genético
ambiental? Por que é importante saber disso? para a doença.

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Gêmeos separados
• Alguns estudos feitos com gêmeos que foram
separados, principalmente nas guerras, foram
muito importantes para entender essas
determinações. Temos gêmeos que vivem em
continentes/locais/ países diferentes.
• Nos gêmeos dizigóticos ou gêmeos
geneticamente diferentes percebemos que
ocorre uma diminuição drástica dos percentuais
de concordância para os mesmos distúrbios,
porque são indivíduos que compartilham menos
Obs: alelos em comum, mesmo sendo gerados na
• Mz = monozigóticos mesma gestação. São formados por mais células
• Dz= dizigóticos diferentes.
Com os dados dessa tabela percebemos que para a Limitações nos estudos de gêmeos.
epilepsia não traumática o risco de concordância dos
indivíduos homozigotos é de 70%. Isso significa que 100
Herança Multifatorial
pares de genes foram analisados quanto à presença ou
Vamos trabalhar com os aconselhamentos dos pacientes
não da epilepsia, desses, os dois gêmeos apresentaram
para que essas doenças de etiologia multifatorial não se
70 pares de genes em comum para a epilepsia, e nos
disseminem.
outros 30 pares perceberam que um tinha e o outro
O conhecimento dos fatores genéticos e dos fatores
não.
ambientais que influenciam uma doença multifatorial
• Tem 30% de discordância. O que determina
permitem:
30% apresentarem discordância, já que gêmeos
• Buscar possibilidades de retardar essas doenças
monozigóticos compartilham do mesmo DNA? Os
e que suas manifestações clínicas sejam
fatores ambientais.
diminuídas.
• A concordância existe por se tratar de um
• Propor um risco de recorrência para novas
indivíduo monozigótico.
O comportamento em relação ao ambiente é diferente gestações.
• Afastar os fatores ambientais que podem
entre um irmão e outro. Ex: um pode gostar de tomar sol
e o outro não. aumentar os riscos nas próximas gestações.
• Estabelecer métodos de diagnóstico pré-natal.
• O comportamento frente a exposição via
• Prevenir as doenças multifatoriais em termos
modular o surgimento de alguns distúrbios.
Na esclerose múltipla, o percentual de concordância populacionais. Se a doença já apareceu vamos
entre homozigoto é muito baixo. O percentual de tentar evitar sua progressão e se não apareceu,
discordância é muito alto, apesar de serem vamos tentar evitar sua manifestação a nível
geneticamente iguais, isso acontece porque o ambiente populacional.
está interferindo. Exemplo: A cárie está muito relacionada com a genética,
em caucasianos. Tivemos um processo de “seleção
• Em doenças com maior percentual de
natural” na raça negra que os beneficiou em relação à
discordância, há um maior impacto dos fatores
cárie.
ambientais.
• Acabamos fazendo uma seleção de indivíduos
• Alguns tipos de esclerose podem estar
mais resistentes às cáries, durante o período
associados a vírus, então podemos ter um gêmeo
escravocrata. O escravo com dente cariado era
que pegue o vírus e outro não. Com isso, o
“descartado”, pois não conseguia produzir tão
desencadeamento da doença por conta da
infecção viral acaba sendo ou não proporcionado.

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bem nas lavouras, então eles eram jogados nos Talidomida - Deformidades nos membros em fetos;
oceanos ou mandado de volta para casa. malformações do ouvido externo, cardíacas e
• Existem componentes ambientais que podem gastrointestinais.
prevenir o desenvolvimento da cárie: flúor • Utilizado a muito tempo atrás para o tratamento
(presente na pasta de dente, por exemplo). As de enjôo e lepra (hanseníase).
autoridades colocam o flúor na água, então é • Foi identificado como uma substância que causa
possível prevenir o surgimento das cáries. malformações.
• Conhecendo os fatores ambientais que estão • As gestantes que utilizaram a medição durante
associados com essa manifestação podemos a gravidez para controlar o enjoo acabam tendo
tentar conter essa doença. filhos com problemas de má formação.
• Hoje a legislação brasileira proíbe o uso dessa
Aconselhamento Genético deve levar em conta: medicação.
• Características étnicas da população.
• Fatores ambientais envolvidos na gestação. Causas Ambientais de Defeitos Congênitos -
• Presença de outras crianças/adultos afetados Agentes Infecciosos e Radiação
na família. Citomegalovírus - Microcefalia, hidrocefalia, microftalmia,
• Sexo da criança afetada. retardamento mental, calcificações cerebrais.
• Severidade da doença. Vírus do herpes simplex - Microcefalia, microftalmia,
O cálculo do risco é empírico: baseado em dados displasia da retina.
populacionais (consultar tabelas prontas). Vírus da rubéola - Catarata, glaucoma, surdez,
• Esse cálculo gera uma estimativa, mas vamos microftalmia, defeitos cardíacos congênitos.
precisar para cada característica levar em Toxoplasma gondii (Toxoplasmose) - Microcefalia,
consideração as condições mencionadas acima. microftalmia, hidrocefalia, calcificações cerebrais.
Treponema pallidum (Sífilis) - Hidrocefalia, surdez,
Causas Ambientais de Defeitos Congênitos retardamento mental.
- Substâncias Químicas Altos níveis de radiação ionizante - Microcefalia,
Existem alguns fatores ambientais associados a defeitos retardamento mental, malformações esqueléticas.
congênitos, que são gerados durante o processo Obs: Todos esses testes são pedidos no período
gestacional. Alguns fatores químicos já são conhecidos gestacional, pois esses agentes infecciosos podem
quanto a sua associação com processos teratogênicos, causar problemas congênitos no feto.
de má formação. Sabendo disso, vamos buscar afastar os riscos do
Androgênicos - Graus variados de masculinização de paciente e evitar o surgimento dessas características
fetos femininos. indesejadas.
Álcool - Síndrome alcoólica fetal: retardamento do
crescimento intra-uterino (RCIU); retardamento mental, Defeito Do Fechamento Do Tubo Neural
microcefalia, anomalias oculares. O contato com
substância alcoólica durante o desenvolvimento fetal pode
gerar esses danos.
Grandes doses de Vit. A - Anomalias faciais e defeitos no
fechamento do tubo neural.
• Contraindicado na gestação.
Tetraciclina - Dentes manchados e anomalias do
esmalte.

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Distúrbios provocados por múltiplos genes, há uma • Existe a necessidade de aproximar de
heterogeneidade de um indivíduo para o outro. Então, de substâncias, como o ácido fólico, do paciente. No
um indivíduo para outro podemos ter ativação de alguns caso do ácido valpróico, nos afastar do paciente.
deles.
Temos também problemas causados por fatores
ambientais. Nessa esfera podemos aproximar ou
afastar esses elementos dos pacientes.
O DFTN (defeito no fechamento do tubo neural) está
associado com a neurulação.
• O tubo neural é formado na 3ª semana do
desenvolvimento embrionário. É composto por
uma extremidade cefálica e outra caudal. O tubo
neural vai se fechando para abrigar encéfalo e
medula.
• O problema causado aos pacientes é quando ele
não fecha!
Vemos em países mais miscigenados uma incidência maior.
• Nos EUA, a população é formada basicamente de
imigrantes, tem muita miscigenação, então a
proporção é de 1-2/1000.
• Na Irlanda, onde não houve tanta migração,
vemos uma incidência maior, já que eles
compartilham mais alelos entre si.
• Quando temos mistura isso geneticamente é
Tubo neural em azul.
muito interessante, porque diluímos o problema,
Temos as extremidades cefálica e caudal. O defeito pode
e temos maior probabilidade de indivíduos
ser no fechamento de qualquer uma das extremidades.
adaptados.
Quando o problema é na extremidade cefálica pode gerar
É uma característica mais comum no sexo feminino e
uma anencefalia.
após casos mais graves.
Quando o problema é na extremidade caudal, ocorre
Temos manifestações fenotípicas diferentes:
meningomielocele que é um quadro importante
• Se o problema do fechamento for na
relacionado à espinha do indivíduo.
extremidade cefálica do tubo neural, podemos
Nossa legislação permite a cirurgia intrauterina, mas para
ter quadros como anencefalia (é uma
isso deve haver um diagnóstico precoce no pré-natal.
possibilidade de abortamento) e Encefalocele.
• Se o problema for no fechamento da
extremidade caudal ou cloacal do tubo neural • Neurulação
podemos ter quadros como espinha bífida e
meningomielocele.
Normalmente não vemos crianças no nosso dia a dia, são
mais restritos a UTI neonatal.
Existe uma influência ambiental importante, que aumenta
o risco do desenvolvimento: hipertermia gestacional, uso
de drogas e deficiência de ácido fólico.

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• Espinha Bífida

Temos uma placa neural que vai invaginando, gera um


sulco e que quando fecha gera o tubo neural.
Esse tubo neural abriga encéfalo e medula, formando o
SNC. O problema desses pacientes é justamente no
fechamento do canal neural.

• Formação do Tubo Neural


A espinha bífida é um quadro possível para o defeito do
fechamento na extremidade caudal, causando esse
fenótipo no paciente.

• Defeito de fechamento do tubo neural

Meningomielocele - defeito do fechamento do tubo neural


na extremidade caudal.
Há possibilidade de intervenção cirúrgica intrauterina.
Procedimento caro, arriscado e que não se faz em todo
lugar. Essa intervenção é permitida pela legislação por
meio dos planos de saúde. Além disso, a cirurgia
intrauterina reduz as sequelas pós-natais, e proporciona
aumento da qualidade de vida do paciente.

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paciente houveram casos anteriores e fazendo uma
comparação com a população em geral.
• Esses cálculos podem ser feitos tanto para
DFTN, que seria o geral, quanto para os
fenótipos da DFNT (espinha bífida,
meningomielocele). A partir disso vamos achar
um percentual de risco relativo. O ideal é que seja
de 1 para baixo. Se for acima de 1 ela tem uma
maior possibilidade, devido às características
familiares (prevalência aumentada na família).
Sabendo disso, podemos tentar intervenções que
visam modificar as questões ambientais, como a
Anencefalia - é uma situação prevista por lei para
suplementação de ácido fólico (4mg/dia), que promove
aborto.
uma redução de 50% do risco. Se temos uma mulher
É um defeito do fechamento do tubo neural de
grávida com risco de 10% de risco para o
extremidade cefálica.
desenvolvimento de anencefalia do feto, com o uso de
Obs- Casos que permitem o aborto no Brasil: anencefalia,
ácido fólico, esse risco reduz para 5%.
risco de morte materna e estupro.

Encefalocele: Também está associado ao não fechamento


da extremidade cefálica. O encéfalo acaba sofrendo uma
Pode ser feito o aconselhamento genético a partir do
protrusão, ele sai da caixa craniana.
diagnóstico pré-natal associado à dosagem de alfa
fetoproteína no líquido amniótico e ultrassonografia
Herança Multifatorial gestacional na 18ª semana. Conseguimos fazer dosagem
de alfafetoproteína no sangue materno? sim, mas existe
a possibilidade de mascaramento dos resultados devido a
problemas hepáticos (no caso de inflamação hepática,
tumores etc., a mulher pode produzir mais
alfafetoproteína). Por isso, é mais fidedigno no líquido
amniótico.
Tratamento pré-natal: cirurgia intrauterina para reduzir
as sequelas pós-natais.
• A cirurgia para meningomielocele pode ser feita
após o nascimento, mas os benefícios são
maiores quando é intrauterina. Isso é tão
Podemos aconselhar as gestantes informando as
comprovado que a legislação permite a realização
possibilidades para o desenvolvimento da patologia. Diante
dessas cirurgias no Brasil.
disso, é feito o cálculo de risco, avaliando se na família da

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Prevenção a nível populacional: se for observada uma alta • Luxação congênita do quadril
incidência em alguma região, algumas medidas podem ser É um quadro básico de hiperplasia óssea, que acaba
propostas. Por exemplo, a adição de ácido fólico nos dificultando o encaixe da cabeça do fêmur no osso do
alimentos da população para evitar determinadas quadril. Isso gera dificuldade de marcha e do
patologias que se revertem em prejuízos para a desenvolvimento motor do paciente.
assistência pública. Ocorrência 1/1.500 nascidos e 6 vezes maior no sexo
feminino com recorrência de 5%.
Herança Multifatorial A luxação do quadril é verificada mediante a manobra de
• Diabetes tipo 1 Ortolani (deve ser realizada como rotina em todos os
É uma doença genética, imunológica e metabólica. berçários e em especial, em recém-nascidos
1 / 500 (0,2%) na população branca. pertencentes a famílias com ocorrência do traço, para
Concordância em MZ 40%. iniciar imediatamente o tratamento ortopédico).
• Apesar de ser uma doença genética, quando
avaliamos gêmeos monozigóticos, temos uma
concordância de 40%.
• Há 60% de discordância. Isso acontece, pois há
uma maior contribuição relativa do ambiente do
que de contribuição gênica. Existem duas manobras importantes para essa flexão.
• Hábitos e comportamentos podem ser mudados, Manobras de Barlow e Ortolani. Quando a criança nasce,
evitando a manifestação de determinadas ela é colocada de dorso e essas manobras são feitas para
patologias, como a DM. detectar alterações congênitas, principalmente a luxação
Concordância em DZ 5%. congênita do quadril que, se existir, pode ser tratada.
Locus do MHC – 90% dos casos. Na segunda imagem conseguimos observar a hiperplasia
Locus do MHC + fatores ambientais. que dificulta o encaixe da cabeça do fêmur no acetábulo,
Obs: Pensando na diabetes do tipo 2, vamos considerar resultando em problemas osteoarticulares.
um paciente na fase pré-diabética, que começa a
praticar atividade física. A atividade física induz a
exportação de GLUT4 para a membrana e hipoglicemia,
já que as células precisam de energia e vão absorver a
glicose presente na circulação. Consequentemente, a
mudança de hábitos de vida pode contribuir para a
redução do risco de evolução do diabetes.

Pode ser tratado com uso de órteses e em casos mais


graves de forma cirúrgica.

• Lábio Leporino acompanhado ou não de palato


fendido
É uma condição que pode estar associada a síndromes
(ex: síndrome de patau e edwards) ou ser uma condição
isolada. Pode estar associada a uma fenda no céu da boca
ou apenas no lábio.

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Ocorrência 1/1.000.
Maior ocorrência nos Japoneses e menor em negros e
apresenta proporção sexual de 2 indivíduos do: 2 do sexo
masculino para 1 do feminino. Mostrando que é mais
prevalente em homens.
Chance aumenta com a idade materna e paterna.
• Parece ter uma associação com o
envelhecimento ou dos gametas ou das
estruturas que formam e maturam os gametas.
Maior incidência entre os familiares de afetados.
Concordância 40% em MZ e 5% em DZ - Herdabilidade
de aproximadamente 40%.
• A concordância de 40% em gêmeos
Ilustração de um paciente com fenda Lábio-Palatina
monozigóticos mostra a importância dos fatores Bilateral.
ambientais para essa determinação. Em 60%
dos casos, 1 nasce com lábio leporino e 1 não • Pé torto congênito - PTC
nasce. Isso demonstra uma discordância Distúrbio de origem multifatorial, tem genes e ambiente
importante. envolvidos.
Pode estar associado a outras doenças ou ser isolado,
• Os gêmeos monogenéticos são bons exemplos já
sem síndromes associadas.
que eles compartilham o mesmo DNA. Nesses
Ocorrência de 1 a 3 /1.000 e é 2 vezes maior no sexo
casos, se o percentual de discordância for
masculino.
inferior a 50% podemos perceber que o fator
ambiental tem um poder determinante maior. Já Cerca de 10% dos casos de PTC acompanham-se de
se o percentual de concordância for maior que outras malformações esqueléticas, a maior parte não
50% podemos perceber que o componente está associada a essas malformações.
• Muito prevalente em Salvador.
genético é predominante. Contudo, para a
população geral, esses valores podem Risco de recorrência (irmão) de 5-8% e quando um pai e
extrapolar, que pode ter um viés, já que a um filho são afetados a chance de nova ocorrência é de
população em geral não é composta 18% a 37%.
majoritariamente de gêmeos. Considera-se de origem multifatorial, porém levantou-se
Chance de Pais Normais terem 1 filho afetado é de 0,1%. a hipótese de existir um alelo autossômico recessivo, cuja
Sendo o primeiro afetado a chance do segundo ser penetrância e expressividade sejam moduladas por
também é de 4%. sistema poligênico.
• Essa doença parece ser determinada e
A chance de um pai afetado ter o 1° filho afetado é de
4% e pode chegar a 15% se tiver 1 filho afetado. influenciada por um conjunto de genes e pelo
À medida que parentes de primeiro grau são afetados, ambiente.
• Foi um estudo feito com poucos pacientes, então
há um aumento no percentual de ocorrência.
geneticamente não tem uma importância tão
grande, mas traz ideias norteadoras para o
futuro no que diz respeito ao entendimento
desta patologia.

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Pacientes podem ser tratados com órtese ou
cirurgicamente.
São acompanhados por fisioterapeutas para retomar a
marcha ou para aprender a caminhar a depender do nível
de comprometimento.

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