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ACTUAÇÃO DO PSICÓLOGO A FAMILIARES DE E

PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME

JOSUÉ DE JESUS FERNANDES ESTEVÃO


***Consultor e Assessor Académico
(pesquisador assistente do Centro de pesquisa e ajuda académica)
***Psicólogo clínico
Hospital Provincial Dr. António Agostinho Neto

NDALATANTO, AOS 04 DE MAIO DE 2023


CONTEÚDOS

• Introdução
• Manifestações psicológicas diante do diagnóstico
• Intervenção do psicólogo à familiares e pacientes com anemia
falciforme
• Conteúdos psicológicos trabalhados junto aos familiares e pessoas com
doença falciforme
• Resultados a obter do acompanhamento psicológico
• Considerações finais
Introdução

A doença falciforme é uma doença crónica, na qual a pessoa


pode apresentar inúmeras complicações biológicas, psicológicas
e sociais.

A linha de cuidado à pessoa com Falciforme deve seguir um viés


multidisciplinar onde diversos profissionais, dentre eles o
psicólogo.
Pessoas com doença falciforme apresentam diversos sintomas, em muitas
situações de crises essas pessoas chegam a ser hospitalizadas com
frequência.

E, viver com essa realidade, em


muitos casos, não é algo
simples o que pode
desenvolver várias implicações
emocionais com tendência a
agravar seu estado patológico
(assim como também dos
familiares).

A actuação do psicólogo, no
âmbito hospitalar, se torna
indispensável no processo de
prevenção de tais implicações.
Manifestações psicológicas
diante do diagnóstico
Tratando-se de uma condição clínica que pode desencadear
diversos factores agravantes à vida desse indivíduo, o que
leva a inúmeras e frequentes intervenções médicas, a fim de
se controlar e prevenir as crises álgicas (crises falciformes),
várias são as implicâncias psicoemocionais que tendem a
surgir.

Nas implicações do diagnóstico, o indivíduo com doença crónica e


seus familiares, geralmente, necessitam de tempo para se adaptar
a um ritmo de vida diferenciado. Apesar de necessária, essa
adaptação pode ser encarada de forma negativa e, estes tendem a
entrar em luto.
Nas implicações do diagnóstico, o indivíduo com doença crónica
e seus familiares, geralmente, necessitam de tempo para se
adaptar a um ritmo de vida diferenciado. Apesar de necessária,
essa adaptação pode ser encarada de forma negativa e, estes
tendem a entrar em luto.
Na opinião dos autores Santos, Mesquita, & Rocha (2013, p.40) as
manifestações psicológicas diante de um diagnóstico dão-se de
acordo com as crenças, simbologias e representações de cada
pessoa.

Tratando-se da doença falciforme deve-se levar em consideração o


facto dela ser uma patologia que permanece por toda vida da
pessoa.

Daí que o diagnóstico pode vir acompanhado por sentimentos de


angústia, sofrimento emocional, incertezas, dificuldades e factores
estressantes que promovem mudanças no bem-estar (op. cite).
Na Paiva (2007) apud Santos, Mesquita, & Rocha (2013) ressalta
alguns aspectos psicológicos que caracterizam as implicações do
diagnóstico no estado emocional tanto para familiares como as
pessoas com a doença falciforme, dentre destacamos:
• causado pela instabilidade emocional de uma doença crónica
(crises dolorosas, procedimentos médicos evasivos, afastamentos
Stres da escola, etc.).
s:

• surge, geralmente, após crise dolorosa. A criança tende a fechar-se,


Depr tornam-se tensas, ausentes, isoladas, etc. com isso há complicação
essã do quadro
o

• principalmente em decorrência das crises falciformes, que levam a


Inse criança a faltar à escola e a ficar em desvantagem em relação aos
gura colegas, que estão mais inteirados acerca do conteúdo.
nça
• no geral, a criança se vê sozinha, até mesmo sem o conforto da família, dos professores e
colegas de sala para ajudá-la.
• Muitas vezes a família, professores e colegas de turma não têm informações acerca do
Isolame problema, dessa forma a criança se sente isolada com sua própria doença
nto

• dependerá das oportunidades de acesso a informações. A criança, com anemia


falciforme, tem o mesmo potencial que as outras crianças, com exceção das que tiveram
Desemp derrame cerebral
enho
escolar

• tornam-se deficientes, visto que não há uma interação mútua entre professores, pais e
alunos. Com isso a criança é prejudicada, pois não consegue estabelecer uma relação de
Relaçõe
s confiança com essas pessoas, as quais poderiam trocar informações acerca do problema,
individu como: formas de lidar com as intercorrências e da criança conviver com a doença;
ais e
grupais

Manifestações psicológicas
diante do diagnóstico
• muitos portadores de anemia falciforme chegam à adolescência infeliz e
sem expectativa de futuro, por causa de necessidades afetivas e
Imag educacionais não satisfeitas (amor e segurança). Mesmo porque os sinais
em (abdômen distendido, icterícia, baixa estatura e baixo peso) prejudicam
corp sua autoestima;
oral
• como os portadores de anemia falciforme terão limitações funcionais ou
Orie anatômicas, no futuro, é importante que tenham melhor escolaridade
ntaçã para que na vida adulta possam competir no mercado de trabalho,
o exercendo atividades profissionais compatíveis com as limitações do
voca problema.
ciona
l

Manifestações psicológicas
diante do diagnóstico
Intervenção do psicólogo à familiares e pacientes com
anemia falciforme
Não se pode ficar indiferente ao estado emocional das pessoas com
esse diagnóstico. Em muitos casos percebe-se uma mudança tanto no
estilo e qualidade de vida, como no trabalho e condição social,
relacionados aos problemas com que esses pacientes e familiares se
defrontam.

Segundo Martins et. al (1996), o doente por falciforme não é um ser


isolado, nem abandona todo o seu contexto de vida depois de ser
acometido pela doença.

Por isso o cuidado prestado a estes dependerá, entre outros factores,


da percepção que eles e seu grupo familiar têm da doença e do
significado que a experiência tem para eles.
• O psicólogo ao actuar nesses contextos, deve trazer
para o tratamento a história de vida e doença da
pessoa com tal diagnóstico, para melhor entendê-
lo.

• Tornando-se fundamental que, na atuação o


psicólogo não tenha por foco apenas o diagnóstico,
mas sim, sobretudo, o que a doença representa
simbolicamente para cada pessoa com a doença
falciforme.
O psicólogo trabalha com promoção, manutenção, prevenção e
tratamento, sendo necessário um olhar holístico em relação a
família do indivíduo com doença falciforme, e trazer para o
processo de enfrentamento da doença seus direitos, valores,
atitudes, crenças e simbologias.
Conteúdos psicológicos trabalhados junto aos
familiares e pessoas com doença falciforme
Conteúdos psicológicos trabalhados junto aos
familiares e pessoas com doença falciforme

Lidar com a dor em momentos de crises


Conflitos existenciais
Suporte emocional aos familiares
Limitações causadas pela doença
Psicoeducação sobre a doença
Aceitação da doença
Desmistificação de fantasias
Resultados a obter do
acompanhamento psicológico
Autonomia / Lidar com o luto
independência (cuidador/familiares)

Mudança no
Aceitação da doença
relacionamento
no contexto familiar
familiar

Resultados a obter do Adesão ao


acompanhamento psicológico tratamento
Considerações finais

Muitos familiares e pacientes sofrem variados tipos de


preconceitos devido à doença, entre estes preconceitos estão:
medo de contágio, incapacidade de executar actividades
cotidianas, bullyng (pele amarela, ossos de vidro, doente...).
Apesar de muitos familiares e pacientes não serem
acompanhados ou atendidos por um psicólogo (uns por falta
de encaminhamento, outros porque desconhecem a profissão
e o papel deste, muitos não acham necessidades) porque
recebem apoio familiar, há quem discredibiliza da actuação do
psicólogo, sendo que há quem mesmo na acha necessário.
Os que sentem necessidade o fazem porque conseguem ou
conseguirão:

• Lidar com as frustações / angústia


• Lidar com o medo da morte
• Obter informações sobre a doença
• Aceitação da doença
• Trabalhar a ansiedade
• Lidar com o preconceito
• Fortalecimento da relação familiar
“O que perturba o homem não são os factos em si, mas a
interpretação que ele próprio faz dos factos.”

Epitectus (século I) apud Aaron Beck (2013)

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