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Resumo
brasileiras, tendo como foco o comportamento dos dirigentes, proprietários dessas empresas.
aplicação de modelos utilizados em empresas de grande porte, sem muito sucesso. Neste
características dessas empresas, bem como o papel singular desempenhado pelos dirigentes
A literatura utilizada nos estudos sobre inteligência competitiva apresenta algumas questões
Essa literatura procura influenciar os líderes das empresas para que adotem condutas
consideradas estratégicas, tais como tomada de decisão, atuação junto a clientes, tempo de
informacionais; as decisões devem ser tomadas não só em maior número, mas de forma cada
as tendências do seu ambiente externo de negócios, visto que os sinais do ambiente externo
têm força suficiente para determinar as estratégicas das empresas, impondo mudanças
significativas às suas atividades. Por essa razão, o ambiente externo deve ser constantemente
monitorado, através das práticas de obtenção e análise de informação sobre o mesmo, para
demais organizações. Dessa forma, toda essa literatura procura persuadir os empresários a
institucionalizar atividades de inteligência empresarial, como uma função organizacional
A inteligência competitiva também tem sido considerada, por muitos autores, como uma
tudo o que ocorre no ambiente “externo” à organização e devem saber “interpretar os sinais”
“mensagens” do mercado e, no seu interior, criar as condições para responder a esse mercado
Também a literatura sobre pequenas empresas trata sobre tais questões, uma vez que estas
muito específicas, como será descrito mais à frente. Essa literatura, entretanto, não discute
empresarial nessas organizações, a despeito de ser tido como fato que as empresas de pequeno
porte apresentam uma dinâmica organizacional distinta das empresas de grande porte.
discutidos pela literatura sobre o assunto, considerados suficientes para que qualquer empresa
Além disso, a grande maioria dos estudos visa a levantar o que é comum às pequenas
particularidades têm uma relação intrínseca com os proprietários das empresas de pequeno
porte.
eles, etc, mas não apresentam diretrizes para a consolidação de ações efetivas de
As empresas de pequeno porte têm importância estratégica para o país. Segundo Kruglianskas
(1996), as pequenas empresas são responsáveis por 70% dos empregos no Brasil e por 21%
mercado, as grandes empresas passaram a terceirizar boa parte de seu processo produtivo e,
pesquisa de Moraes e Escrivão Filho (2006). Nessas duas pesquisas, os resultados são
pesquisas em questão, há aspectos relacionados aos contexto das empresas de pequeno porte
que se mantêm, no que se refere à forma como os principais decisores lidam com a
informação a respeito do ambiente externo de negócios e qual o impacto dessas características
O segmento das pequenas empresas tem recebido atenção especial, nas últimas décadas, dos
organizacionais a que temos assistido, e pelas quais temos passado. Essas transformações
afirma que têm sido avaliados os papéis das empresas de pequeno porte, sendo possível
sociedade, atuando nos campos econômico, social e até político. Dessa forma, esse extrato de
importantes, também, em setores de alta tecnologia, uma vez que as grandes corporações,
que hoje sofrem com a elevação dos custos de pesquisa e desenvolvimento e com a
diminuição do ciclo de vida dos produtos, não possuem agilidade funcional para
novas idéias e novos produtos que podem ser incorporados às grandes empresas, a despeito
Alguns outros aspectos, além dos citados acima, são considerados como “vantagens
(1990) como um fator determinante para essas empresas. Nesse contexto, a maior
possibilidades para se encontrarem soluções para problemas, o que é difícil de ocorrer quando
Outra questão considerada como vantajosa para as empresas de pequeno porte diz respeito ao
permite não somente o acúmulo de experiências, mas, também, que o nome (marca) adquira
Além disso, o acúmulo de experiência parece ser um fator importante, quando se trata de
Além desses aspectos, pesquisas demonstram que o processo de criação de um negócio está
(2000). Por haver uma proximidade muito grande com o ambiente de negócios, o pequeno
empresário é capaz, de acordo com Cher (1990), de perceber muito cedo sinais de mudança.
Essa característica das PME é especialmente importante para este trabalho, pois diz respeito à
relação entre o empresário e o seu negócio, característica esta denominada de personalização
O desafio, portanto, está na capacidade dos empresários de tornarem a empresa mais do que a
esse respeito, Chapellier (1997) afirma que um dos aspectos relacionados à característica de
personalização das empresas de pequeno porte reside na extrema diversidade de perfis dos
dirigentes.
forma como lidam com as questões relacionadas ao meio de negócios, como respondem às
questões econômicas, etc. Entretanto, o que se espera das pequenas empresas é que elas,
de negócios como as grandes empresas. O modelo que se tem de “empresa ideal” é o modelo
da grande empresa e isso ocorre também com relação às questões relacionadas à prática da
inteligência competitiva empresas de pequeno porte, pois a literatura sobre esse tema centra-
uma vez que elas precisam, cada vez mais, conviver no ambiente de negócios, respondendo
empresas têm como foco verificar como as empresas captam, processam, analisam e utilizam
identificar as fontes de que se utilizam para tomarem decisões. Assim, os estudos mostram-se
De um modo geral, as pequenas empresas tendem a copiar as grandes empresas e isso parece
ocorrer também com relação ao trato da informação sobre o ambiente de negócios, conforme
afirmam Pearce II; Chapman, David (1982). Entretanto, copiar a técnica é ineficiente e
potencialmente desastroso. Segundo os autores, a imitação das práticas utilizadas por grandes
empresas, por parte das empresas de pequeno porte dificilmente funciona, trazendo prejuízos
a estas últimas.
Lang; Calantone; Gudmundson (1997) afirmam que pequenas empresas diferem das grandes
aspectos são:
ou duas pessoas;
que as empresas de pequeno porte obtêm informação está diretamente relacionada a extensão
com que elas percebem as oportunidades e ameaças do ambiente de negócios. Além disso, as
obtê-la.
O trabalho desenvolvido por Dollinger (1985) mostra que o empreendedor gasta tempo
considerável com atividades relacionadas ao ambiente de negócios, sendo que uma grande
proporção desse tempo é gasta com consumidores, indicando que talvez o gerente esteja
sendo que as categorias com as quais o empreendedor gasta menos tempo são os consultores e
O autor conclui, com esses resultados, que empreendedores de sucesso gastam tempo e
organizações de tipos variados. A este respeito, Julien (1996) afirma que as fontes de
informação utilizadas por empreendedores têm uma relação com as suas origens, hábitos,
empresas.
informação. De um modo geral, o estudo trata sobre micro, pequenas, médias e grandes
indústrias do mesmo ramo como fonte de informação; a busca sobre fontes de financiamento
é muito forte nas pequenas e médias empresas. Além disso, a tendência das empresas é de
refere-se ao uso intenso de telefone, fax e computadores como meios de acesso a informações,
sendo que, na época – 1996 -, o acesso às redes de comunicação (como a Internet) ainda era
precário.
menos citada para melhorar a qualidade dos produtos/serviços das empresas. Informações
sobre fontes de financiamento são uma forte demanda por informação de empresas de
parcerias e terceirização.
Um estudo desenvolvido na região leste do estado de São Paulo sobre o uso de informação
por parte de pequenas empresas manufatureiras mostra que a maior parte dos contatos
estabelecidos pelos gestores das empresas se dá com clientes e com fornecedores. As feiras
das vezes, a implementação das idéias obtidas através das feiras não ocorre por falta de
recursos financeiros, e não por falta de recursos informacionais. Além disso, Ferrari;
Martinelli; Joyal (2000) demonstram, através do estudo em questão, que a idéia de redes de
empresas ainda não é bem aceita pelos empresários, pois traz com ela o medo da
concorrência. Com relação ainda às fontes de informação utilizadas, os autores afirmam que o
acesso a elas é essencial para fortalecer o caráter inovador das empresas, mas não é suficiente.
Novos olhares para a inteligência competitiva em empresas de pequeno porte: o foco nos
dirigentes
personalização, dos perfis dos gestores dessas empresas e a forma como eles percebem o
ambiente de negócios não são muito discutidos. Pesquisas sobre inteligência competitiva em
empresas pequenas mostram com muita clareza a atuação dos proprietários dessas empresas e
pode subsidiar novas pesquisas, além de mostrar um panorama das pequenas empresas pouco
estudado e conhecido. Além disso, os dados e discussões dessas pesquisas podem abrir
perspectivas profissionais para aqueles que desejam atuar no âmbito das empresas de pequeno
porte, pois há uma especificidade nessas empresas ainda pouco considerada, como mostra
Balestrim (2001) ao afirmar que, as diferenças entre as empresas que investem nesse tipo de
atividade não reside na disponibilidade de recursos ou de estrutura de que dispõem, mas sim
na atitude dos dirigentes dessas empresas. Essa questão apontada pelo autor tem uma relação
seis anos. A primeira, foi desenvolvida por Borges (2002) e a segunda, por Moraes e Escrivão
Filho (2006). A pesquisa de Borges ( 2002) teve como objetivo analisar como os dirigentes
donos de empresas dos setores de consultoria, construção civil, reagentes para análises
frente ao ambiente de negócios, nenhuma delas possuía uma estrutura formal de obtenção e
negócios, não possui uma relação direta com a existência de atividades profissionais ou com
infra-estrutura especializada para o trato da informação, tal como se discute nos estudos sobre
inteligência competitiva. Os modelos que a literatura descreve, e que muitas empresas adotam
disseminação dos dados acerca do ambiente “externo” das empresas. Entretanto, a não
utilização dessas ferramentas, no caso das empresas da pesquisa, não as fez serem
empresas, não foi apontada pelos entrevistados como algo prejudicial aos negócios.
seus respectivos negócios, tal como já mencionado, e não condicionam essa monitoração a
mostra-se pela participação ativa e constante dos empresários em eventos relacionados aos
seus respectivos negócios, pelo tipo de leitura que fazem sobre a área de atuação da empresa,
De uma maneira geral, esses estudos mostram que a despeito de não utilizarem mecanismos
qual atuam. Os empresários consideram que não têm problemas de acesso a informações que
lhes sejam necessárias para o gerenciamento de suas empresas e para compreenderem o que
ocorre no mercado. Monitorar o ambiente de negócios é uma prática que se estabelece no dia-
a-dia das atividades dos dirigentes, rotineiras ou não, na manutenção das suas redes de
relações com pessoas e instituições da própria empresa ou não, através de suas leituras e da
participação em eventos. Assim, do lugar que ocupam, os empresários acreditam que sabem
tudo a respeito de seus respectivos negócios e que não precisam sistematizar atividades de
É importante registrar ainda que, fatores como a idade, o sexo e a rotina de trabalho
mostraram-se também, através dos resultados da pesquisa de Borges (2002), como fortes
indicadores de como os empresários atuam no ambiente de negócios, quais são os seus focos
de atenção, as suas prioridades no que se refere à resolução de problemas, bem como quais
são as relações que se predispõem a estabelecer e como mantêm e criam novas relações
Quatro anos depois, Moraes e Escrivão Filho (2006), publicam os resultados de uma pesquisa,
cujo objetivo principal foi analisar o comportamento de empresas de pequeno porte do Estado
organizacional. A metodologia da pesquisa envolveu duas etapas, sendo que, na primeira, foi
Além disso, a pesquisa revela também que os empresários sabem da importância de terem
informação sobre o contexto empresarial, por parte dos dirigentes das empresas paulistas,
acontece quando algum evento desse contexto se mostra importante. Ou seja, é importante e
relevante se conhecer o ambiente de negócios, mas isso ocorre de forma reativa e informal.
interação com clientes, fornecedores e concorrentes. Cada um, à sua maneira, utiliza a
informação de que dispõe para tomar suas decisões e definir estratégias para o seu negócio.
paulistas valorizam sobremaneira a experiência que possuem sobre o negócio e que tomam
decisões com base no conhecimento que adquiriram ao longo do tempo. Confirmam também,
com esta posição, a característica de personalização presente nas empresas de pequeno porte.
Diante dessas questões, parece que a atividade de inteligência competitiva, para se tornar uma
prática efetiva em pequenas empresas, deve estar voltada para as características específicas
Considerações Finais
Diante de todas essas questões, alguns pontos devem ser levados em conta no que diz respeito
competitiva utilizando-se modelos mais flexíveis, tais como aqueles considerados por Castro
e Abreu (2007). Também é possível desenvolver essa atividade considerando-se, tanto as
diretamente relacionados aos dirigentes dessas empresas, o que parece ser bastante adequado
às empresas de pequeno porte. Os resultados dos estudos levam-nos a acreditar que mais
importante do que compreender a dinâmica das empresas de pequeno porte, no que se refere a
se verificar e analisar a atuação dos seus empresários frente aos seus negócios, os contatos
que estabelecem e como os estabelecem, os contextos pelos quais transitam, as pessoas que
estão mais próximas deles - internas e externas às organizações - e como são essas relações
as atividades desses sujeitos. Quando presentes nas pesquisas, esses ambientes são
decisores atuam. Essas descrições muitas vezes perdem-se ao longo das pesquisas, visto que
são superficiais e raramente são consideradas nas etapas de análise de dados como
Henrique (2006) em sua tese de doutorado é a análise das tarefas como aspecto que deve ser
considerado em estudos sobre busca de informação, sendo a decisão, uma tarefa que apresenta
pequeno porte, o contexto de seus respectivos negócios, bem como as suas tarefas
estruturar ações efetivas para a análise estratégica do ambiente de negócios das empresas de
pequeno porte.
Referências
CASTRO, J. M. & ABREU, P. 2007 Estaremos cegos pelo ciclo da inteligência tradicional?
Uma releitura a partir das abordagens de monitoramento ambiental. Ciência da Informação,
36(1): 7-19 www.ibict.br/cionline
CHÉR, Rogério 1990 A gerência das PME: o que saber para administrá-las. São Paulo:
Maltese
COSTA, Paulo Roberto Pettrocchi Ribas da 1998 A interação e a cooperação como fontes de
competitividade e a aprendizagem na pequena e média empresa. Belo Horizonte: Escola de
Engenharia da UFMG (Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção).
DEMANDA por informação tecnológica pelo setor produtivo: pesquisa 1996. 1996 Rio de
Janeiro: CNI-Dampi/SENAI-Ciet