Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE LETRAS
Letras Lngua Portuguesa a Distncia
Disciplina: Literatura Portuguesa 3
Professor: lisson da Hora

Aluno(a): __________________________________________ Data: ___ / ___ / ___

Polo:

PROVA REGULAR

O que epocalmente representar a atitude mental de Camilo Pessanha, ao reencontrar no


Oriente o seu pas perdido, como o significado (j post-simbolista, que o aproxima de Yeats e
de Rilke, tambm morto em 1926, abandonado nas alturas do corao) da sua clssica
aceitao da fuga do tempo e da sua naturalstica aceitao da realidade convivente da morte,
e ainda o seu to simbolisticamente exacto desdm do sentimentalismo importar muito
esclarec-los. Mas, com admirvel lucidez, no disse Camilo Pessanha e, lucidamente, como
o no diria de si prprio um poeta liberto das falsas e convencionais emoes? : Arte
essencialmente subjectiva, a poesia () impossvel dar-se a conhecer indirectamente o valor
esttico das () obras, como fazer-se compreender a beleza de uma sinfonia ou de uma
romana, por outra maneira que no seja fazendo-a ouvir.
Porque, na verdade, e essa a sua qualidade de puro simbolista, para Camilo Pessanha a
poesia foi criao, no apenas de formas originais e de sensaes inditas, mas e sobretudo
de poemas (isto , pessoal expresso e no expresso de uma personalidade que se tem por
original). Os seus sonetos e mais versos no podem viajar como as tabatires musique dos
parnasianos, de que falou Claudel. Imponderveis como so em sugestividade e ambiguidade
magistrais, pesa neles a sua prpria existncia objectiva, e preciso, pois, ouvi-los. E quem
ouve, ou ouve subjectivamente, ou no ouve nada.

(Jorge de Sena, Camilo Pessanha, in Estudos de Literatura Portuguesa - I. 2a.ed. Lisboa: Edies
70, 2001.)

1 Discorra sobre a obra simbolista de Camilo Pessanha e o quanto ele preparou


terreno para o Modernismo portugus.

[...] A prpria heteronmia, concebida como dispositivo de pensamento e no como drama


subjetivo, compe uma espcie de lugar ideal, onde as correlaes e as disjunes entre
figuras evocam as relaes entre os "gneros supremos" no Sofista de Plato.
Se, como possvel fazer, identifica-se Caeiro figura do mesmo, v-se de imediato que
Campos exigido como figura do outro. Se lvaro de Campos como alteridade de si fugidia e
dolorosa, exposio fragmentao e polimorfia, identificado ao informe, ou "causa
errante" do Timeu, v-se que ele pede Ricardo Reis como autoridade severa da forma. Quando
se identifica Pessoa-ele-mesmo como poeta da equivocidade, do intervalo, do que no nem
ser nem no ser, compreende-se que seja o nico a no ser o discpulo. [...]
(Allain Badiou, Uma tarefa filosfica: conviver com Fernando Pessoa in: Pequeno manual de
Inesttica, 69)

2 Sobre a heteronmia de Fernando Pessoa, discorra sobre cada um dos heternimos


e suas caractersticas e obras.

Você também pode gostar