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Socialistas requerem esclarecimentos sobre desfalque

superior a 500 mil euros na Câmara de Pombal

Depois de ter sido rejeitado o pedido de agendamento de uma sessão extraordinária da


Assembleia Municipal, os membros eleitos pelo Partido Socialista requerem, agora por escrito,
esclarecimentos sobre o desfalque superior a 500 mil euros de uma conta bancária do Município
de Pombal.

Na opinião da bancada do PS, “quando se verifica um desvio superior a 500 mil euros de receitas
municipais (541 mil euros segundo o Presidente da Câmara), provenientes do pagamento das
facturas de água por parte dos munícipes (durante vários meses) e quando se constata que a
actividade criminosa apenas foi possível pelo incumprimento das normas do Plano Oficial de
Contabilidade das Autarquias Locais, do sistema de controlo interno e dos procedimentos
administrativos legalmente previstos, importa perguntar: se a Assembleia Municipal não
fiscalizar devidamente ste assunto (em que o erário público é lesado em mais de meio
milhão de euros) para que serve a Assembleia Municipal de Pombal?”.

Numa carta enviada ao Presidente da Assembleia Municipal, com conhecimento ao Procurador-


Geral da República e ao Director Nacional da Polícia Judiciária, os socialistas consideram que a
Assembleia “não se pode limitar a receber informações parcelares da Câmara relativas a
irregularidades no funcionamento dos serviços municipais” e adiantam que “isso corresponde a
uma inaceitável e perigosa inversão no funcionamento das instituições autárquicas, ferindo o
princípio da independência das mesmas”.

No entendimento dos membros eleitos pelo PS, para além das responsabilidades criminais, “é
essencial apurar responsabilidades de outro âmbito, nomeadamente administrativas,
financeiras, disciplinares e políticas”.

“Perante uma situação com esta gravidade, a demissão do exercício das respectivas
competências por parte da Assembleia Municipal, nomeadamente da sua função fiscalizadora,
significaria a incontornável fragilização, o total desprestígio e a absoluta irrelevância deste órgão
autárquico”,referem, acrescentando que os membros da Assembleia Municipal “devem ser os
primeiros interessados no cabal esclarecimento do caso, em todas as suas dimensões”.

Na carta enviada ao Presidente da Assembleia Municipal, os autarcas socialistas formulam um


conjunto de mais de duas dezenas de questões, às quais pretendem obter uma resposta por
escrito, considerando que a mesma “é imprescindível para o apuramento de responsabilidades”.

Por outro lado, num conjunto de outros ofícios, enviados ao Inspector-Geral das Autarquias
Locais, ao Presidente do Tribunal de Contas, ao Inspector-Geral de Finanças e ao Governador do
Banco de Portugal, os eleitos pelo PS pretendem saber sobre a existência de actividades
inspectivas ou de auditoria, levadas a efeito por aquelas entidades, sobre o desvio de verbas do
Município de Pombal.
Informações e documentos solicitados ao Senhor Presidente
da Assembleia Municipal de Pombal:

1 – Informação sobre o montante global exacto do desfalque;

2 – Informação sobre os meses e anos em que aconteceram os desvios;

3 – Cópia dos extractos da conta objecto dos desvios, desde a data de abertura da mesma;

4 – Cópia de toda a correspondência trocada entre o Município e a instituição bancária relativa à


conta objecto dos desvios, desde a data de abertura da mesma;

5 – Cópia da Norma de Controlo Interno;

6 – Cópia dos Despachos do Presidente da Câmara de designação dos funcionários responsáveis


pelas reconciliações bancárias, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010;

7 – Cópia dos Despachos do Presidente da Câmara a designar os funcionários e os membros do


executivo responsáveis pela movimentação de todas as contas do Município, incluindo aquela em
que se verificaram os desvios, nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010;

8 – Informação sobre a conformidade do sistema de controlo interno com a lei;

9 – Informação sobre as desconformidades identificadas na prática vigente no Município, face ao


sistema de controlo interno e à lei;

10 – Informação sobre os responsáveis (dirigentes dos Serviços e membros da Câmara Municipal)


pela verificação do cumprimento do sistema de controlo interno nos anos de 2009 e de 2010;

11 – Informação sobre os responsáveis (dirigentes dos Serviços e membros da Câmara Municipal)


pelo Departamento / Pelouro Financeiro nos anos de 2009 e de 2010;

12 – Informação sobre a realização de auditorias ao cumprimento da Norma de Controlo Interno e


cópia dos respectivos relatórios;

13 – Informação sobre os procedimentos seguidos para a movimentação de contas, incluindo os


movimentos online;

14 – Informação sobre as circunstâncias em que foi movimentada a conta associada aos desvios,
desde a data de abertura da mesma;

15 – Informação sobre os procedimentos seguidos para as reconciliações bancárias e confronto


com a contabilidade municipal;

16 – Exigindo a lei duas assinaturas na movimentação das contas bancárias (duas palavras-chave
no caso dos movimentos por via electrónica) e, ainda, a intervenção de uma terceira pessoa nas
reconciliações bancárias, importa informar sobre as irregularidades nos procedimentos internos
que, durante meses, permitiram o exercício continuado da actividade criminosa;

17 – Informação sobre a existência de normas internas que garantam a segregação de funções em


matéria de arrecadação de receita, tesouraria, pagamentos, movimentação de contas e
reconciliações bancárias e cópia das mesmas;

18 – Informação sobre as circunstâncias em que foram violadas as normas mencionadas no ponto


anterior;

19 – Informação sobre o conhecimento por parte do Município da alegada possibilidade de serem


efectuados pagamentos/transferências por via electrónica inserindo uma única palavra-chave e
procedimentos adoptados para repor a legalidade;

20 – Informação sobre a ausência de necessidade, ao longo de vários meses, de recorrer ao saldo


da conta objecto do desvio (estimado em centenas de milhar de euros) para efectuar pagamentos;

21 – Confirmando-se a informação dada por V. Exa., segundo a qual o “autor confesso do crime” era
“promotor comercial do Banco”, importa apurar se a Câmara Municipal conhecia esse facto e se o
Presidente da Câmara autorizou a acumulação de funções;

22 – Confirmando-se a informação divulgada na última reunião de Câmara, segundo a qual os


primeiros desvios foram efectuados em Dezembro de 2009, e sendo uma obrigação do Auditor
Externo proceder às reconciliações bancárias no final do ano económico, está em causa o Parecer
do mencionado Auditor relativo à Conta de Gerência de 2009, bem como a certificação legal da
mesma. Assim, solicita-se informação sobre as medidas já tomadas e a tomar para corrigir as
irregularidades verificadas, bem como informação sobre a possibilidade da prática de outros
desvios, em outras contas do Município;

23 – Informação sobre medidas correctivas entretanto tomadas para garantir o cumprimento das
disposições legais, de modo a acautelar a segurança dos dinheiros públicos no Município de
Pombal.

Em anexo: cópia da documentação enviada às diversas Entidades

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