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"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (1Jo 4.1)
Acontece com a parapsicologia algo muito semelhante ao que acontece com a ufologia.
Enquanto alguns cientistas se debruçam sobre telescópios tentando descobrir o mínimo
vestígio de vida fora da terra sem nada encontrar, outros ditos ufólogos passeiam de
disco voador, têm relações sexuais com extraterrestres e conversam abertamente com
esses seres por telepatia sempre que desejam.
Na parapsicologia o fato se repete. Ao mesmo tempo em que estudiosos sérios evitam
qualquer veredicto sobre o assunto, outros parecem ter encontrado na parapsicologia a
"VERDADE" (com letras maiúsculas) que os permite resolver todos os mistérios do
mundo.
O que é parapsicologia?
É difícil dizer aquilo que a parapsicologia pretende ser, uma vez que pessoas
executando ou exibindo fenômenos estranhos se apresentam em programas televisivos
como parapsicólogas. Como é comum no Ocidente, qualquer coisa que carregue o
rótulo de "ciência" torna-se aceitável. Dessa forma, a parapsicologia tem sido um apoio
para todo tipo de crença e charlatanismo ou, ainda, para todo tipo de cepticismo, como
no caso do padre Quevedo.
Em seu livro Parapsicologia e psicanálise, Gastão Pereira da Silva consegue dar uma
idéia do que seria esta ciência em sua concepção pura e o quanto ela sofre distorção por
parte de todo tipo de pessoas: "A Parapsicologia vem despertando ultimamente o maior
interesse entre os cientistas [...] Mas infelizmente a divulgação que se faz é quase
sempre unilateral. Se é um padre, defende o ponto de vista católico, se é espírita, inclui
todos os fenômenos paranormais nos estudos de Allan Kardek, se é materialista, ou
iogue, explica-os segundo os princípios que adota [...] Livre de quaisquer credos, ou
preconceitos, [o verdadeiro parapsicólogo] apenas observa e registra o resultado das
investigações que faz. Nada conclui, quer sob o aspecto religioso ou científico.
O que nós, evangélicos, que cremos na Bíblia como revelação divina ao homem e
infalível em quaisquer áreas que se pronuncie, pensamos da parapsicologia? Diríamos
que é uma tentativa do pensamento científico para explicar fatos não científicos. Como
sabemos, a única realidade admitida pela ciência ortodoxa é a realidade material
tangível, alcançada pelos sentidos e passível de ser quantificada.
Mas nós, que cremos nas Escrituras Sagradas, sabemos que nem toda realidade
existente é limitada ao universo material. Em Colossenses 1.16, lemos: "Porque nele
(Jesus) foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis,
sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado
por ele e para ele" (grifo do autor). Logo, a Criação no sentido bíblico é a criação de
toda a realidade existente, mesmo daquelas que não podem ser captadas pelos sentidos
físicos. Paulo ainda diz em sua segunda epístola aos coríntios: "Não atentando nós nas
coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e
as que se não vêem são eternas" (2Co 4.18).
Esta esfera metafísica não pode ser medida e analisada com os mesmos critérios que a
ciência usa para a realidade material. A verdade, e isto todos têm de admitir, é que, por
longos anos, a realidade espiritual foi "oficialmente" negada pela ciência porque esta
não conseguia explicá-la dentro dos padrões de conhecimento que ela mesma havia
estabelecido. Era mais fácil dizer que não existiam realidades como alma, anjos,
demônios ou mesmo Deus do que admitir limitações para o pensamento científico em
sua explicação ao mundo em relação a essas realidades.
Mas a parapsicologia nasceu porque inúmeros fenômenos nunca puderam ser
explicados cientificamente. Na esfera religiosa, principalmente, muita coisa ocorreu sem
que a psicologia, embora tentasse de todas as formas, apresentasse uma explicação
satisfatória. Pessoas sérias viram que, além das fraudes, certos fenômenos eram reais e
precisavam de uma explicação "científica".
Nossa pergunta é: "A ciência pode explicar assuntos que vão além de sua esfera de
ação, que são regidas por leis alheias ao mundo físico? A parapsicologia pode entrar em
contato com certos fenômenos que sabemos ser de origem maligna e captar
objetivamente o sentido deste fenômeno? Ela tem condições de fornecer respostas
satisfatórias e infalíveis com respeito a assuntos tais como vida após a morte, aparições
de espíritos, hipnotismo, telecinésia e outros assuntos afins?".
A parapsicologia, para advogar sua validade científica, rejeita certamente as afirmações
bíblicas ou busca explicá-las atribuindo um sentido alegórico ou meramente cultural às
mesmas. Isso, com certeza, a torna ineficaz para explicar, de forma válida, certos
fenômenos. As Escrituras Sagradas são a revelação inspirada pelo Espírito Santo à
humanidade a fim de que esta venha a aprender certos fatos que seriam impossíveis de
conhecer de outro modo. A rejeição das Escrituras como forma de conhecimento válido
torna impossível aceitar as colocações de certos estudiosos de parapsicologia.
"A explicação dos fenômenos misteriosos sempre foi uma preocupação da humanidade.
De um lado, encontramos as explicações supersticiosas que vão atribuir tais fenômenos
ao sobrenatural (demônios, espíritos de mortos etc); do outro, encontram-se aqueles que
estudam cientificamente tais fenômenos; este último é o campo de estudo da
Parapsicologia"2 (grifo do autor).
Como vemos na declaração acima, qualquer explicação considerada de cunho não
científico é rotulada como "superstição". Nós nos perguntamos por que o fato de alguém
aceitar a existência de "seres malignos desencarnados" como os verdadeiros agentes por
trás de fenômenos incomuns deve ser classificado como "superstição". Isto é
preconceito. Há algum motivo pelo qual se possa afirmar categoricamente que estes
seres não existem? Entretanto, a parapsicologia apenas diz que eles não podem existir.
Alguns supostos parapsicólogos acabam assumindo posições que, com certeza, são
rejeitadas por esta mesma ciência. Na maioria dos casos, uma linha muito tênue passou
a existir entre a parapsicologia e o esoterismo. Muitos dos chamados "canalizadores",
isto é, pessoas que dizem servir de instrumento para canalizar certas entidades,
escudam-se dessa forma. John Ankerberg e John Weldon, dois pesquisadores dessa área
do ocultismo, mostram até que ponto ocultismo e ciência chegam a se misturar: "Muitos
canalizadores declaram que seus espíritos-guias fazem parte de seu inconsciente
criativo. Eles dizem isso por não se sentirem à vontade com a idéia de que espíritos
reais os estão possuindo. Preferem acreditar que os espíritos simplesmente fazem parte
dos poderes recém-descobertos de suas mentes ou talentos humanos [...] É interessante
notar como a parapsicologia moderna (estudo 'científico' do ocultismo) propiciou apoio
para a renomeação das atividades de espíritos [...] Pessoas que jamais aceitariam ser
possuídas por espíritos, acolhem muito bem o tom científico da idéia de que estariam na
verdade contatando seu suposto 'consciente superior' ou sua 'mente divina'. Uma vez
que a ação desses espíritos tenham sido disfarçadas de poderes psíquicos, ou poderes da
mente inconsciente, torna-se impossível reconhecer a sua atividade pelo que ela
realmente é: contato real com espíritos"5 (grifo do autor).
Com este disfarce, atividades mediúnicas camuflam-se em poderes mentais,
aprisionando os praticantes e espalhando influência demoníaca. Com este recurso a falsa
parapsicologia tem conseguido popularizar práticas que eram comuns apenas entre
bruxos e feiticeiros. Se os limites dos seres humanos estão sendo vencidos, isto acontece
por meio de envolvimento e influência do mundo dos espíritos. A busca pelo "poder
mental", o "eu superior" ou o "potencial divino" tem posto o homem em contato com
fontes maléficas.
Existe ainda um outro desvio que precisa ser verificado com mais atenção. É quando a
parapsicologia tenta explicar todos os fenômenos espirituais negando os fundamentos
bíblicos. É a ciência tentando entrar no campo da religião e dar um veredicto infalível
no mesmo nível que faz com outras áreas do conhecimento humano.
Um exemplo claro deste tipo de procedimento vem do chamado padre Quevedo
(padre?), fundador do Centro Latino Americano de Parapsicologia (CLAP)
www.clap.org.br, que vê na parapsicologia dados suficientes para explicar quaisquer
fenômenos espirituais.
A seu ver, cabe à parapsicologia explicar os milagres, e não outra autoridade qualquer.
Nem mesmo a Bíblia é reconhecida como uma autoridade para fornecer explicação
aceitável a esse respeito. Quevedo declara: "Outro aspecto da importância da
parapsicologia é o estudo do milagre. A ninguém escapa a importância científica, social
e pastoral que a Parapsicologia pode alcançar do estudo do Milagre. Dado que os
milagres têm um aspecto histórico e fenomenológico, em nosso mundo, também é
objeto de estudo da parapsicologia, que precede ao estudo da teologia. E o cientista, por
sua parte, não deve se afastar do estudo do milagre por receio das possíveis
conseqüências religiosas ou pelo ambiente religioso que cerca o possível milagre. Os
milagres são de tal categoria, importância e transcendência que seu estudo deveria ser
tomado muito a sério por qualquer pessoa que tivesse interesse e capacidade científicas,
por todo sábio consciente de suas responsabilidades individuais e sociais".
Em outras palavras, Quevedo tenta estabelecer a ciência como padrão para o estudo do
sobrenatural, antes mesmo que a teologia. Isto o tem levado a negar a existência dos
demônios e de outros seres espirituais claramente revelados na Palavra de Deus. Sua
presença na mídia geralmente tem sido para negar fatos espirituais, num ceticismo
extremista que busca explicar manifestações divinas e demoníacas como atuações
mentais. É um outro beco sem saída trilhado pelos "parapsicólogos".
Em seu texto, Possessão demoníaca, o chamado "padre" Quevedo coloca a
parapsicologia como a chave que desvenda este mistério, atropelando a revelação
bíblica de uma forma céptica: "No Ritual Romano se lê: 'Os sinais de possessão
demoníaca são [...] falar várias línguas desconhecidas [...] revelar coisas distantes ou
ocultas [...] manifestar forças superiores à idade ou aos costumes. Nenhum destes sinais
hoje é válido. A Parapsicologia explica como perfeitamente naturais a xenoglossia6, a
adivinhação e o sansonismo"7 (grifo do autor).
Com certeza, nenhum cientista sério concordaria com ele. E, considerando o que ele
pensa a respeito da Bíblia e possessão demoníaca - Foi a Bíblia a causa do erro da
possessão demoníaca... - nenhum teólogo sério concordaria com ele também. Sua fama
é produto mais de marketing pessoal do que legítima autoridade científica ou religiosa.
· Ver em nosso site www.icp.com.br o testemunho de um médico que questiona a
validade científica de um curso de parapsicologia ministrado pelo Pe. Oscar Quevedo.
Há a alegação de que muitos dos que manifestam poderes paranormais o utilizam para
fins benéficos, sendo, portanto, precipitado julgar a fonte de suas capacidades como
sendo maléfica. Alguns paranormais já foram até utilizados pela polícia a fim de
encontrar pessoas desaparecidas e resolver certos crimes. Ou como no caso de Edgar
Cayce e outros paranormais famosos que forneceram solução para doenças e problemas
quando se encontravam em estado de transe.
Mas não há registros de acompanhamento posterior das pessoas "beneficiadas" por meio
dessas operações psíquicas. Não há nada que ateste resultados permanentes ou se houve
"efeitos colaterais". O alívio imediato alcançado por esses métodos não representa uma
prova de que no geral é uma experiência benéfica.
Temos, porém, um registro biográfico de Joseph Milard, referente à vida de Edgar
Cayce. Ele foi sem dúvida um dos maiores paranormais registrados na história. Mas,
segundo o seu biógrafo, sua vida foi marcada por tormentos posteriores inexplicáveis,
caso se imagine que o poder que operava nele fosse algo bom. Segundo conta Milard,
"Cayce era um homem forte e robusto, mas morreu na miséria com 27 kg, ao que tudo
indica, 'consumido' fisiologicamente pelo número excessivo de preleções mediúnicas
que realizou. Os males que as atividades de Cayce lhe causaram foram diversos, como
ataques psíquicos a incêndios misteriosos, perda periódica, mudanças erráticas de
personalidade, tormentos emocionais, constante 'má sorte' e reveses pessoais, assim
como culpa induzida por preleções mediúnicas que arruinaram a vida de outras
pessoas".8
Existe, ainda, a questão da verdade. As ações de Deus produzem bons frutos, tanto no
sentido de ajudar definitivamente as pessoas quanto nas questões destas se aproximarem
mais de Deus. Deuteronômio 13.1-6, já citado, mostra que alguém poder realizar um
sinal ou prodígio, até mesmo um sonho revelador, e com isso ganhar crédito para levar
as pessoas para longe do Deus verdadeiro, envolvendo-as em práticas escusas. E
2Tessalonicenses 2.9, também já citado, diz que Deus permite a operação do erro para
que as pessoas creiam na mentira, uma vez que não aceitaram o amor à verdade para se
salvarem.
Hoje, aquilo que se chama de poder mental busca tão-somente a glorificação do homem,
a exaltação do ego, a negação das verdades bíblicas. "Pelos seus frutos os conhecereis"
(Mt 7.16). Não procedem de Deus e, por isso, não levam o homem para mais perto dele.
Tornaram-se mais um incentivo à antropolatria9, além dos já existentes.
Poderes involuntários
Cabe-nos também tentar fornecer uma explicação sobre as pessoas que apresentam
fortes poderes psíquicos, sem que tenham se envolvido com qualquer prática oculta ou
mesmo sem qualquer envolvimento religioso. Para alguns, isto nada mais é do que uma
prova de que algumas pessoas podem possuir poderes "mentais" inatos. O "dom", neste
caso, seria involuntário ao possuidor.
Temos, porém, um caso nas Escrituras em que uma criança, desde cedo, fora
atormentada por espíritos malignos (Mc 9.21). Mesmo que não saibamos porque ela
começou a manifestar aquele espírito, é óbvio que não foi uma escolha sua. Foi algo
involuntário. Mas nem por isso deixou de ser algo demoníaco (Mc 9.25).
Embora saibamos que tal manifestação era algo obviamente mal, não podemos
esquecer, no entanto, que tais pessoas eram vistas pelo paganismo antigo como
especiais, sendo utilizadas, muitas vezes, como oráculos dos deuses. Até hoje certas
culturas veneram crianças e adultos possessos por acreditarem tratar-se de pessoas
especiais. É bem possível que a jovem de Filipos estivesse na mesma situação (At
16.16-19).
Será preciso agregar algo mais para percebermos que a parapsicologia é uma
pseudociência?