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METODOLOGIAS DE REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES: ESTUDO COMPARATIVO

NA BACIA DO RIO CARREIRO - RS

Sidnei Gusmão Agra1; Vladimir Caramori Borges de Souza2;


Marllus Gustavo Ferreira Passos das Neves3 & Marcus Aurélio Soares Cruz4

Resumo - O estabelecimento do balanço de recursos e necessidades de água em uma bacia


hidrográfica constitui ação fundamental para uma adequada gestão das águas. Dados disponíveis de
monitoramento quali-quantitativo são escassos e por vezes inconsistentes, sobretudo em pequenas
bacias. Assim, pretende-se com este trabalho iniciar uma discussão sobre a utilização de técnicas
simplificadas de transferência de informação hidrológica, comparando resultados obtidos por três
metodologias: vazão específica, equações de regionalização e uma terceira, em avaliação, baseada
na utilização do coeficiente de escoamento como parâmetro regional.

Abstract – The establishment of equilibrium between water existence and water needs into a
hydrographic basin is a significant action to promote a correct water resources management. Quality
and quantity data of streams is very scarce and so many times uncertain, into small catchments
mainly. This work tries to initiate a discussion about application of simplified methods of
hydrologic information transference, trying to establish a comparison of results obtained by three
methods: specific rate runoff, regionalization equations and a third technique, at work, that uses
rainfall-runoff coefficient like regional parameter.

Palavras-chave - Regionalização Hidrológica; Curvas de Permanência; Séries Históricas.

1
Departamento de Recursos Hídricos - Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul - Rua Carlos
Chagas 55 - Sala 1109. Centro. CEP 90.030-020. Porto Alegre – RS - Tel: 51 3288 8146. fax: 51 3288 8145.
e-mail: sidneiga@sema.rs.gov.br
2
Fundação Universidade Federal do Rio Grande – Departamento de Física - Setor de Hidráulica e Hidrologia - Caixa
postal 474 – Av. Itália S/N, km 8. CEP: 96.201-900. Rio Grande – RS - Tel: 53 233 6623. Fax: 53 233 6652.
e-mail: caramori@einstein.sf.dfis.furg.br
3
Instituto de Pesquisas Hidráulicas - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Av. Bento Gonçalves 9500,
Agronomia – Caixa Postal: 15029. CEP 91501-970. Porto Alegre – RS - Tel: 51 3316 7511. fax : 51 3316 7292.
e-mail: marllus@ppgiph.ufrgs.br
4
Departamento de Esgotos Pluviais - Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Rua Gen. Lima e Silva 972, Cidade Baixa,
CEP 90050-102 Porto Alegre – RS - Tel: 51 3289 2275. fax : 51 3218 0021 e-mail: marcus@dep.prefpoa.com.br

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


INTRODUÇÃO
O estabelecimento do balanço de recursos e necessidades de água em uma bacia hidrográfica
constitui ação fundamental para uma adequada gestão de recursos hídricos. Segundo Veiga da
Cunha et al. (1980), a realização deste balanço deve ser sistematizada através da coleta de
elementos climatológicos, hidrométricos e de qualidade de água, superficial e subterrânea, bem
como inventário dos usos dos recursos hídricos da bacia, prevendo a evolução dos setores
identificados.
Fechando o foco do problema do balanço na questão do inventário da disponibilidade hídrica,
depara-se com um grave problema: os dados disponíveis de monitoramento quali-quantitativo são
escassos e por vezes inconsistentes, sobretudo em pequenas bacias (Silveira et al., 1998).
Assim sendo, na intenção de quantificar as vazões em locais sem dados, tentando reduzir as
incertezas nos processos de caracterização e tomada de decisão, pode-se lançar mão de duas
metodologias: (i) estudos de regionalização de vazões; (ii) utilização de modelos hidrológicos com
parâmetros extrapolados. Veiga da Cunha et al. (1980) destacam a importância de estudos de
simulação, como meio de caracterizar, com suficiente rigor as relações entre precipitações e vazões.
A regionalização hidrológica caracteriza-se por uma variedade de métodos que utilizam
informações regionais para sintetizar dados de vazão.
Há ainda uma demanda pela utilização de modelos simplificados de regionalização, de fácil
aplicação para locais sem dados, onde, muitas vezes, também não estão disponíveis características
fisiográficas e hidrometeorológicas da região em estudo. Outro fator que a ser considerado, além da
simplicidade das técnicas, refere-se a questão escala hidrológica dentro da qual se deseja trabalhar.
Trabalhos como o de Mendiondo (1985) e Silva Jr. (2001) propõem-se a ajudar na definição da
incorporação desta variável ao processo de transferência espacial da informação hidrológica.
Assim sendo, pretende-se com este trabalho iniciar uma discussão sobre a utilização de
técnicas simplificadas de regionalização hidrológica, comparando resultados obtidos para a
regionalização das séries históricas, e suas estatísticas, bem como da curva de permanência de
vazões, por três metodologias: vazão específica, equações de regionalização e uma terceira, em
avaliação, baseada na utilização do coeficiente de escoamento como parâmetro regional.
O estudo de caso refere-se ao rio Carreiro, na bacia do Taquari-Antas, no Rio Grande do Sul,
bacia com grande potencial hidroenergético, que vem sendo cada vez mais estudada pelo setor e
pelo órgão ambiental do estado, com enorme necessidade de informação sobre disponibilidade
hídrica, nem sempre existente, o que tem demandado um incremento na aplicação de técnicas
simplificadas de regionalização ou de modelos hidrológicos de transformação chuva-vazão.

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A NECESSIDADE DE INFORMAÇÕES: REGIONALIZAÇÃO HIDROLÓGICA
Segundo Tucci (2002), o termo regionalização tem sido utilizado em hidrologia para
denominar a transferência de informações de um local para o outro dentro de uma área com
comportamento hidrológico semelhante. Esta informação pode ocorrer na forma de uma variável,
função ou parâmetro. O princípio da regionalização se baseia na similaridade espacial destas
informações que permitem essa transferência.
Um benefício adicional da análise regional da informação é o de permitir o aprimoramento da
rede de coleta de dados hidrológicos, à medida que a metodologia explora melhor as informações
disponíveis e identifica as lacunas (Tucci, 2002).
Na falta de dados hidrológicos, bem como na necessidade de respostas rápidas, é comum a
utilização de procedimentos simplificados, como uma simples interpolação linear de valores em
pontos próximos do local desejado para se determinar o valor necessário, a utilização de médias
aritméticas e médias ponderadas. No caso da precipitação, por exemplo, é comum a utilização de
médias ponderadas pelo inverso da distância ao quadrado, polígonos de Thiesen ou mapas de
isoietas. Em todos estes casos, uma boa cobertura de postos pode fornecer boas estimativas no local
desejado.
Para o caso de vazões, a simples interpolação não fornece bons resultados. Esta variável está
sujeita a diversas variáveis explicativas como a área, a escala, a precipitação, entre outras. Algumas
destas variáveis são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Exemplos de variáveis na regionalização (fonte: adaptado de Tucci, 2002)


Variável regionalizada Variáveis explicativas
Vazão média Área da bacia, precipitação
Vazão média de Cheia Área da bacia, precipitação, declividade e comprimento do rio
Vazão mínima Área da bacia e densidade de drenagem

Uma metodologia bastante utilizada para a determinação da vazão em um local sem dados
supõe que a proporcionalidade linear entre as áreas é obedecida pela vazão, ou em outras palavras,
toma-se a vazão específica de um local mais próximo com dados e multiplica-se esta vazão
específica pela área do local sem dados.

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METODOLOGIAS DE TRANSFERÊNCIA ESPACIAL DA INFORMAÇÃO
HIDROLÓGICA
Vazão específica
A metodologia de vazão específica mencionada no item anterior pode ser razoável se as bacias
tiverem características muito próximas, contudo muitas vezes ela é utilizada sem muito critério,
pois exige uma resposta rápida em um local sem dados. Isto se torna um entrave, pois estes projetos
urgentes geralmente são em bacias de pequeno ou médio porte e os dados são fornecidos para
grandes bacias e o efeito de escala não é levado em conta. Tucci (2002) chama este tipo de
estimativa de indicador regional. Um exemplo seria a vazão média específica (Equação 1), dada por
q = Qm/A Eq. 1

onde q é a vazão específica l/(s . km2), Qm é a vazão média de longo período em m3/s e A é a área
da bacia em km2.
Esta variável apresenta pequena variação numa região quando as isoietas de precipitação têm
pequeno gradiente espacial, admitindo-se os outros condicionantes uniformes. Com valores de
variação de precipitação na faixa de 10%, o erro não é muito significativo (Tucci, 2002).
Por exemplo, observando a Figura 1, pretende-se obter a vazão Q4 na bacia B4, que é sub-
bacia da bacia B1. A bacia B3 também é sub-bacia da bacia B1 e tem área da mesma ordem da
bacia B4. Como mostrado, há dados medidos na bacia B3, na bacia B2 e na bacia B1. Dentre as
bacias próximas de B4, a bacia B3 seria escolhida por ter uma área A3 de valor próximo de sua área
A4. Assim, ter-se-ia Q4 = (A4/A3) . Q3, que é o mesmo de se fazer q3 = Q3/A3 e Q4 = q3 . A4.

Legenda
B1
Vazão de interesse medida
B4
B2
Bi Bacia i
B3

Figura 1. Ilustração do cálculo pela vazão específica

No caso de não haver este critério da mesma ordem de grandeza, o que muitas vezes é o que
ocorre no caso de bacias pequenas (dezenas ou algumas centenas de km2) pela falta de dados,
podem-se determinar as razões q1 = Q1/A1, q2 = Q2/A2, q3 e q4 = Q4/A4, fazer a média
ponderada ou aritmética e multiplicá-la por A4. Segundo Tucci (2002), quando há grande diferença
entre as áreas de drenagem das bacias, o erro pode ser significativo, principalmente para bacias com

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áreas menores que 50 km2. A tendência, no caso se obter a vazão média por esta metodologia a
partir de uma bacia maior, é a de subestimação da vazão.
Outros cuidados na utilização desta metodologia devem ser considerados quando há aquíferos
de características muito diferentes entre as bacias ou grande variabilidade de cobertura do solo, tipo
de solo e geologia.

Regionalização com base no Coeficiente de Escoamento


O coeficiente de escoamento (C), representa fisicamente a relação entre os volumes escoados
e precipitados em uma bacia hidrográfica. Com o intuito de se conhecer o comportamento
hidrológico do processo de transformação chuva-vazão da bacia hidrográfica em estudo, procede-se
uma avaliação dos valores de C. A análise pode ser realizada a partir das vazões médias mensais,
uma vez que se dispõe dos dados de precipitação média mensal nas bacias. Desta forma, é possível
caracterizar uma variação no comportamento intra-anual do coeficiente de escoamento.
Uma vez que o objetivo é caracterizar a bacia hidrográfica como um todo, buscando-se um
coeficiente de escoamento regional, são utilizados os dados referentes às estações fluviométricas de
jusante, com maiores áreas e maior disponibilidade de estações.
O coeficiente de escoamento é obtido pela equação (2) abaixo. Desta forma, determina-se um
valor de C para cada mês do ano.
VolumeEscoado
C= Eq. 2
VolumePrecipitado

Os volumes precipitados e escoados são determinados através das seguintes equações (3) e
(4), utilizando-se como intervalo de tempo o período de um mês:

Volume Precipitado = Lâmina Precipitada x Área da Bacia Eq. 3

Volume Escoado = Vazão x Tempo Eq. 4

Para cada uma das estações, é calculado um vetor com os valores dos coeficientes de
escoamento mensais. Os resultados da análise podem ser a média das estações consideradas, e
podem ser avaliados segundo a sazonalidade anual que deve ser coerente com a variabilidade
climática da bacia.
Utilizando-se a série de precipitações médias mensais na bacia sem a informação de vazão, é
possível construir uma série de vazões médias mensais através da multiplicação dos dados de

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precipitação pelos coeficientes de escoamento regionais mensais determinados. A partir da série de
vazões médias mensais é possível construir uma curva de permanência de vazões.

Regionalização da vazão média


A determinação da vazão média é importante em uma bacia, pois ela representa a
disponibilidade hídrica máxima. Ela é a maior vazão que pode ser regularizada, permitindo a
avaliação dos limites superiores do uso da água de um manancial para as diferentes finalidades
(Tucci, 2002). Sua regionalização e da sua distribuição estatística pode ser realizada com base em
duas etapas:
- curva adimensional de probabilidade de vazões médias anuais;
- equação da regressão entre a vazão média de longo período (Qlp) e as características físicas
e climáticas da bacia.

A vazão média geralmente apresenta muito boa correlação com a área da bacia, através de
uma função de potência (Tucci, 2002). No trabalho de regionalização realizado pelo Instituto de
Pesquisas Hidráulicas e Companhia Estadual de Energia Elétrica, a vazão Qlp na maioria das
regiões também levou em conta a precipitação média anual e são recomendadas para A> 300 km2.
(IPH/CEEE, 1991).
A região onde se encontra o rio Carreiro é a região V, bacia do rio Taquari (IPH/CEEE, 1991).
A equação (5) é a seguinte:

Qlp = 0,014 . A0,99 . P1,20 com R2 = 0,9906 Eq. 5


onde A é a área da bacia contribuinte em km2 e P é a precipitação média em m.
Esta vazão foi calculada para a bacia testada neste trabalho, tanto a partir da equação obtida na
região V, como a partir das séries mensais geradas.

Regionalização da curva de permanência


Esta curva retrata a parcela do tempo em que uma determinada vazão é igualada ou superada
durante o período analisado (Tucci, 2002). Segundo o autor, para a regionalização, um
procedimento mais pragmático é o ajuste de uma equação empírica ao trecho de interesse. O ajuste
da curva exponencial geralmente apresenta resultados satisfatórios somente para a faixa de valores
dos pontos utilizados para seu ajuste.
As curvas de permanência do trabalho de regionalização do Rio Grande do Sul (IPH/CEEE,
1991) foram estabelecidas para vazões diárias, com validação entre os valores característicos da

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vazão com probabilidade de 50% e 95% de permanência (Q50 e Q95, respectivamente), podendo
haver tendenciosidade em áreas muito pequenas.
O rio Carreiro está na região V, onde as equações (6) e (7) para Q50 e Q95 são:

Q50 = 0,01294 . A0,979 com R2 = 0,9931 Eq. 6

Q95 = 0,00249 . A0,958 com R2 = 0,9049 Eq. 7

A curva exponencial para o trecho entre Q50 e Q95 é a seguinte (equação (8)):

Q = exp(P . a + b) Eq. 8
onde P é a probabilidade, a = - [ln(Q50/Q95)]/0,45 e b = lnQ50 – a . 0,5.

Curvas de permanência foram obtidas a partir das metodologias de vazão específica e


coeficiente de escoamento, e comparadas com a curva de permanência ajustada para a região V.

ESTUDO DE CASO: RIO CARREIRO, BACIA DO TAQUARI-ANTAS - RS


Caracterização da área em estudo
A Bacia do Taquari-Antas situa-se na porção nordeste do Rio Grande do Sul, entre as
coordenadas 28° 10'S e 29° 57'S; 49° 56'WGr e 52° 38'WGr, ocupando uma área de 26.428 km2,
correspondendo a 9% do território do estado do Rio Grande do Sul. A Bacia faz parte da Região
Hidrográfica do Guaíba, sendo o rio Taquari-Antas o principal afluente do rio Jacuí, que é o maior
formador do Lago Guaíba.
As nascentes do Taquari-Antas localizam-se no extremo leste da Bacia, com a denominação
de rio das Antas até a confluência com o rio Guaporé, quando passa a denominar-se rio Taquari,
desembocando junto ao rio Jacuí. Tem uma extensão de 530 km desde as nascentes até a foz, sendo
390 km denominado rio das Antas e 140 km, rio Taquari.
O rio Carreiro, onde as metodologias descritas neste trabalho foram aplicadas, é um dos
principais formadores da bacia do Taquari-Antas, apresentando uma área de drenagem da ordem de
2000 km2 (cerca de 8% da bacia do Taquari-Antas) em sua foz. Sua nascente se encontra próxima
da cota 800 e sua foz com altitude próxima da cota 300. A Figura 2 apresenta um detalhe de
localização do rio Carreiro dentro da bacia do rio Taquari-Antas. Assim como a maioria dos
formadores da bacia do Taquari-Antas, o rio Carreiro apresenta grande potencial hidroenergético.

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O tipo climático predominante é o subtropical úmido, com precipitação bem distribuída
durante o ano e total anual em torno de 1600 mm, característica da porção de altitudes médias e
altas da bacia do rio Taquari-Antas (FEPAM, 2001).

Rio Carreiro

Figura 2 - Localização da Bacia do Rio Carreiro

Informações disponíveis
Precipitação
Os dados de precipitação utilizados na geração das séries de vazões e na determinação do
coeficiente de escoamento referem-se às séries de precipitações mensais das estações
pluviométricas listadas na Tabela 2. A Figura 3 ilustra a distribuição das estações ao longo do rio
Carreiro. Os dados foram obtidos no sistema HidroWeb (ANA, 2003).

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Tabela 2 – Estações pluviométricas utilizadas

Coord. de Localização
Código Nome da Estação Município Entidade Latitude Longitude
o o
´ ´´ ´ ´´
1 02851003 Antonio Prado Antonio Prado ANEEL 28 51 12 51 17 01
2 02851005 Casca I Casca CEEE 28 33 00 51 58 00
3 02851008 Ituim (Entre Rios) Vacaria CEEE 28 33 00 51 21 00
4 02851011 Guaporé Guaporé INMET 28 55 00 51 45 00
5 02851026 Segredo Vacaria CEEE 28 46 00 51 22 00

Figura 3 – Localização das estações Pluviométricas e Fluviométricas utilizadas

Após o preenchimento de falhas pela média dos demais postos sem falhas e análise de
consistência das precipitações pelo método da dupla massa (Tucci, 1993), foi escolhido o período
homogêneo das séries iniciando em jan/48 e estendendo-se até mai/70. O gráfico da Figura 4 ilustra
os resultados da análise pelo método da dupla massa.

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40000
2851011 2851003 2851005 2851008 2851026
35000

30000
precipitação postos (mm)

25000

20000

15000

10000

5000

0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000
média dos postos (mm)

Figura 4 – Resultado da análise de consistência das séries de precipitações (dupla massa)

As precipitações médias nas bacias onde se trabalhou com a série de vazões ou os coeficientes
de escoamento foram determinadas utilizando-se uma ponderação pelo inverso do quadrado da
distância da estação pluviométrica à estação fluviométrica utilizada como referência (Mendes e
Cirilo, 2001). Desta forma a precipitação média em cada mês foi determinada pela equação abaixo.

n
∑ Pi × λi
P = i =1 Eq. 9
n
∑ λi
i =1

onde: P: precipitação média mensal no local de interesse;


Pi: precipitação mensal em cada estação;
2
⎛1⎞
λi: ponderador regional de cada estação Ö λi = ⎜⎜ ⎟⎟ ;
⎝ di ⎠
di: distância linear entre a estação pluviométrica e a sub-bacia;
n: número de estações pluviométricas.

A Tabela 3 apresenta as distâncias e os pesos utilizados em cada combinação. Para ilustrar o


resultado da construção das séries de precipitações e do efeito do ponderador utilizado, apresentam-
se as tabelas 4 e 5, com os valores das precipitações médias mensais da série e dos totais anuais,
ilustradas pelas figuras 5 e 6, respectivamente.

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Tabela 3 – Ponderadores para o cálculo da precipitação média

Postos Pluviométricos
Fluviométricos 2851003 2851005 2851008 2851011 2851026
Distância (km) 52,6 35,3 56,8 10,1 46
86500000
Peso 3% 7% 3% 83% 4%
Distância (km) 60,9 13,1 49,5 33,4 50,1
86480000
Peso 3% 75% 5% 11% 5%

Tabela 4 – Precipitações médias mensais da série em cada bacia (estação fluviométrica)

mês jan fev mar abr mai jun


86500000 142,9 145,5 139,0 109,3 96,2 142,3
86480000 135,0 131,3 139,4 105,7 88,8 127,5
mês jul ago set out nov dez
86500000 113,6 149,3 218,8 179,8 105,5 138,6
86480000 111,3 145,1 208,8 158,9 95,9 115,9

Precipitação Média Mensal

250

86500000 86480000

200

150
P(mm)

100

50

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
mês

Figura 5 – Precipitações médias mensais da série em cada bacia (estação fluviométrica)

Tabela 5 – Precipitação total anual em cada bacia (estação fluviométrica)

ano 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955


86500000 1500,5 1560,2 1430,5 1493,2 1226,5 1919,7 2215,5 1750,9
86480000 1557,5 1515,1 1573,2 1443,1 1296,6 1679,0 1890,4 1465,1
ano 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963
86500000 1491,8 1677,5 1865,7 1952,1 1562,0 2102,3 863,9 1853,0
86480000 1468,2 1517,2 1717,4 1593,4 1417,0 1697,8 879,0 1902,6
ano 1964 1965 1966 1967 1968 1969
86500000 1438,2 1982,2 2281,6 1758,5 1443,1 1482,9
86480000 1282,0 1858,6 2239,0 1665,5 1300,4 1445,2
não é aqui apresentado o total precipitado em 1970 devido ao fato que a série utilizada estende-se
apenas até maio deste ano

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11


Precipitação Anual

2500
86500000 86480000

2000

1500
P(mm)

1000

500

0
48

49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

19
Ano

Figura 6 – Precipitação total anual em cada bacia (estação fluviométrica)

Vazão
Para a caracterização das vazões observadas na bacia do rio Carreiro, têm-se duas estações
fluviométricas, descritas na tabela 6. A figura 3 ilustra a localização das estações em relação à bacia
do rio Carreiro. O período de dados utilizados, em virtude da série de precipitações disponíveis e da
situação das estações utilizadas foi de janeiro de 1948 a maio de 1970 para a estação Passo do
Carreiro (86500000) e de dezembro de 1956 a maio de 1970 para a estação Passo Migliavaca
(86480000). Os dados utilizados referem-se às séries de vazões médias mensais, conforme
observado nas tabelas 7 e 8.

Tabela 6 – Estações fluviométricas utilizadas


Área de Coord. de Localização
Código Nome da Estação Drenagem Entidade Latitude Longitude
(km2) o
´ ´´ o ´ ´´
1 86500000 Passo do Carreiro 1829 ANEEL 28 51 03 51 50 00
2 86480000 Passo Migliavaca 1250 ANEEL 28 37 02 51 51 27

A vazão média de longo período da estação Passo do Carreiro é 37,4m3/s, o que representa
uma vazão específica média de 20,45(l/s)/ha. Já na estação Passo Migliavaca, os valores são da
ordem de 27,1m3/s e 21,68(l/s)/ha.
As curvas de permanência das duas estações em tela são observadas na figura 7 e seus valores
característicos são apresentados na tabela 9. As figuras 8 e 9 ilustram os valores característicos das
séries e das curvas de permanência, comparando-os. Percebe-se que para o caso da estação

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86480000, as vazões mínimas não estão bem caracterizadas devido ao pequeno tamanho da série,
gerando valores superiores ao da estação de maior área (86500000).

Curvas de Permanência

1000
86500000 86480000

100
Q (m3/s)

10

0,1
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Figura 7 – Curvas de Permanência

Tabela 7 – Série de vazões médias mensais na estação Passo do Carreiro - 86500000


jan fev mar Abr mai jun Jul ago set out nov dez média
1948 9,2 16,2 21,2 48,9 88,5 42,0 68,3 62,2 22,2 30,4 21,6 4,1 36,2
1949 15,5 6,1 21,3 21,2 15,2 47,5 64,4 24,9 89,0 43,9 7,0 3,6 30,0
1950 1,7 2,0 2,6 4,1 25,1 21,5 15,6 88,4 43,5 118,0 14,0 16,6 29,4
1951 22,1 58,8 39,3 10,1 6,0 8,5 4,1 1,5 16,2 96,8 27,3 7,6 24,9
1952 4,0 4,4 1,3 1,3 0,5 52,1 55,0 16,9 31,3 36,6 39,8 14,1 21,4
1953 11,1 15,4 14,3 21,7 17,6 51,6 48,3 34,8 130,0 116,0 28,4 6,8 41,3
1954 52,0 27,6 39,8 24,8 21,1 145,0 143,0 22,8 174,0 134,0 10,7 13,8 67,4
1955 20,5 19,1 11,8 49,7 109,0 60,0 62,8 31,6 44,5 66,7 6,4 2,4 40,4
1956 31,3 15,1 3,6 109,0 39,3 20,2 21,1 71,0 58,7 26,4 6,8 6,0 34,0
1957 35,5 11,7 5,3 20,6 15,7 21,6 38,0 93,9 91,4 35,7 23,7 19,7 34,4
1958 6,1 19,8 33,9 17,8 10,1 91,5 14,2 78,8 65,0 84,1 26,5 83,2 44,3
1959 12,8 33,4 27,6 99,0 58,4 78,0 26,2 73,7 93,2 60,6 10,8 9,8 48,6
1960 4,3 8,3 6,9 4,6 6,4 35,6 14,4 83,3 89,3 36,8 30,8 15,6 28,0
1961 38,9 7,0 48,3 41,9 13,1 87,4 46,6 24,6 212,0 93,6 30,7 18,3 55,2
1962 11,6 4,5 3,0 6,3 16,4 8,7 22,0 17,2 26,2 9,5 8,6 3,6 11,5
1963 22,1 29,1 33,9 15,1 8,1 9,5 7,1 81,6 104,0 169,0 58,5 37,4 48,0
1964 8,3 6,3 5,6 23,0 17,3 8,0 22,8 66,1 68,2 27,8 13,4 14,7 23,5
1965 9,6 6,2 3,8 6,1 11,0 7,4 17,7 183,0 148,0 74,6 35,0 71,4 47,8
1966 42,6 83,6 50,8 10,0 5,8 73,8 104,0 112,0 143,0 99,1 41,6 78,1 70,4
1967 17,8 14,0 21,2 14,7 6,4 16,6 54,9 92,9 213,0 40,4 23,0 41,1 46,3
1968 10,1 7,2 9,6 15,9 13,5 12,6 38,5 7,1 39,0 19,6 64,2 10,4 20,6
1969 36,1 56,8 10,4 10,4 13,4 43,9 16,4 14,4 56,7 14,1 37,5 11,3 26,8
1970 8,2 12,7 24,4 6,9 43,1
máxima 52,0 83,6 50,8 109,0 109,0 145,0 143,0 183,0 213,0 169,0 64,2 83,2
média 18,8 20,2 19,1 25,4 24,4 42,9 41,2 58,3 89,0 65,2 25,7 22,3
mínima 1,7 2,0 1,3 1,3 0,5 7,4 4,1 1,5 16,2 9,5 6,4 2,4

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 13


Tabela 8 – Série de vazões médias mensais na estação Passo Migliavaca - 86480000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez média
1956 4,4
1957 23,2 7,8 3,6 14,3 12,3 16,9 27,2 70,9 63,6 32,2 20,1 10,5 25,2
1958 5,2 12,5 28,8 11,0 6,0 45,2 10,6 51,0 45,2 58,8 18,1 51,3 28,6
1959 9,3 26,4 23,0 74,1 48,5 41,3 19,9 62,1 68,3 46,6 8,8 7,4 36,3
1960 3,0 5,4 5,8 3,5 4,0 26,6 11,8 59,8 67,6 25,5 22,4 11,4 20,6
1961 30,8 6,1 27,8 26,5 10,0 67,9 25,2 13,0 135,0 80,5 15,1 13,9 37,7
1962 7,2 2,9 2,3 4,6 12,9 5,7 14,2 9,9 20,2 6,6 6,5 2,8 8,0
1963 16,8 20,1 27,2 10,3 6,4 5,4 4,2 61,3 71,7 118,0 45,2 26,5 34,4
1964 5,2 4,0 3,5 12,8 11,0 5,3 12,9 42,3 48,0 20,3 9,0 10,1 15,4
1965 5,6 3,5 2,4 5,9 7,5 4,7 12,7 144,0 106,0 54,4 23,3 58,4 35,7
1966 37,7 67,4 37,8 7,2 3,7 63,0 66,8 93,7 112,0 75,3 26,1 52,3 53,6
1967 8,5 8,2 8,5 11,6 3,9 9,5 42,4 66,4 147,0 26,6 15,7 28,1 31,4
1968 6,2 4,4 5,7 10,0 8,0 6,3 24,3 3,8 25,2 12,7 47,4 6,8 13,4
1969 28,9 39,2 6,2 5,9 7,1 30,8 10,5 9,3 47,1 11,6 34,1 8,6 19,9
1970 5,1 5,6 19,7 5,0 27,6
máxima 37,7 67,4 37,8 74,1 48,5 67,9 66,8 144,0 147,0 118,0 47,4 58,4
média 13,8 15,3 14,5 14,5 12,1 25,3 21,7 52,9 73,6 43,8 22,4 20,9
mínima 3,0 2,9 2,3 3,5 3,7 4,7 4,2 3,8 20,2 6,6 6,5 2,8

Tabela 9 – Curvas de Permanência (Vazão em m3/s)


Máx. 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
86500000 213,0 91,4 62,2 42,0 31,3 22,1 16,6 13,5
86480000 147,0 67,4 47,4 28,8 23,3 14,2 10,6 8,2
80% 85% 90% 95% 97% 99% Min.
86500000 9,2 7,0 6,1 4,0 3,0 1,5 0,5
86480000 5,9 5,4 4,4 3,6 3,5 2,8 2,3

Estatísticas da Série de Vazões Mensais e da Curva de Permanência - 86500000

1000,0

100,0
Q (m3/s)

10,0

1,0

0,1
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

mínima média mensal média mensal meses


máxima média mensal Qlp
Q30% Q50% Q90% Q95%

Figura 8 – Estatísticas da série da estação 86500000

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 14


Estatísticas da Série de Vazões Mensais e da Curva de Permanência- 86480000

1000,0

100,0
Q (m3/s)

10,0

1,0

0,1
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

mínima média mensal média mensal meses


máxima média mensal Qlp
Q30% Q50% Q90% Q95%

Figura 9 – Estatísticas da série da estação 86480000

Resultados
Séries e Estatísticas (médias e mínimas)
Todas as metodologias utilizadas foram calibradas na estação fluviométrica 86500000, com
área igual a 1829 km2. A escolha desta estação foi feita em função da disponibilidade, relativamente
grande, de informações hidrológicas nesta escala.
Após a calibração das metodologias nesta escala, aplicou-se o resultado da calibração em uma
bacia com área menor: a estação 86480000, com área de drenagem de 1250 km2 e dados de vazão
observados no período de dez/1956 a mai/1970. A série foi gerada para todo o período de
disponibilidade de dados de chuva consistida (jan/1948 a mai/1970).
A figura 10 apresenta os coeficientes de escoamento médios mensais ajustados para a área de
1829 km2. Percebe-se uma coerência entre a variação intra-anual do coeficiente de escoamento e a
variabilidade climática da região. As séries geradas na estação de 1250 km2 são apresentadas na
Figura 11. Os valores de coeficiente de determinação em relação aos dados observados para esta
aplicação são 0,904 e 0,989 para a metodologia do coeficiente de escoamento e da vazão específica,
respectivamente.
Foram, então, calculadas, para as séries observadas e geradas pelas metodologias descritas, as
estatísticas vazão média de longo período (Qlp), vazão média mensal (Qmed) e vazão mínima
média mensal (Qmin). O resultado obtido para estas estatísticas é apresentado na figura 12.
Verifica-se que a metodologia do coeficiente de escoamento apresentou grande sensibilidade à
variação da precipitação (média de 1678 mm para a série de ajuste na estação 86500000 e 1561 para

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 15


a série da estação 8648). A subestimação das estatísticas das séries geradas pelo coeficiente de
escoamento traduzem bem a redução na precipitação média.

0.9

0.8

0.7

0.6

0.5
C médio

0.4

0.3

0.2

0.1

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
-0.1
meses

Coeficiente de escoamento médio Limite inferior (ic = 95%) Limite superior (ic = 95%)

Figura 10 – Coeficientes de escoamento médios mensais - estação 86500000

2
Bacia 86480000 - Área = 1250 km

160
Obs C. Escoamento Q. especifica
140

120
Vazão (m3/s)

100

80

60

40

20

0
jan/48

jan/49

jan/50

jan/51

jan/52

jan/53

jan/54

jan/55

jan/56

jan/57

jan/58

jan/59

jan/60

jan/61

jan/62

jan/63

jan/64

jan/65

jan/66

jan/67

jan/68

jan/69

jan/70

Figura 11 - Série observada e calculada para a estação 86480000

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 16


2
Estatísticas da série do posto 86480000 - Área 1250 km

Qlp - Obs Qmed mensal - Obs Qmin mensal - Obs


Qlp - C. Esc. Qmed mensal - C. Esc. Qmin mensal - C. Esc.
Qlp - Q. Espec. Qmed mensal - Q. Espec. Qmin mensal - Q. Espec.
Qlp - Regionalização

80

70

60
Vazão (m /s)

50
3

40

30

20

10

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 12 - Estatísticas da estação 8648000: observada e calculadas

Curva de Permanência
Foram geradas as curvas de permanência com os valores obtidos através da aplicação dos três
métodos, e comparadas com a curva gerada a partir das vazões observadas para a bacia. A curva de
permanência gerada pela curva de Regionalização de vazões se limita ao intervalo de Q50 a Q95%.
Estas são apresentadas na Figura 13. Os coeficientes de correlação entre as curvas geradas e a
observada foram (Tabela 10).

Tabela 10 – Coeficientes de correlação obtidos com os métodos simplificados

Método Coef. Escoam. Método Q Específica Regionalização


Observada (total) 0,993656 0,997854 -
Observada (Q50-Q95%) 0,979802 0,994599 0,993869

Percebe-se uma correlação maior para o método Q Específica com relação aos demais, e
também, que o valor deste coeficiente é mais alto se é considerada toda a curva, caindo um pouco
no intervalo de interesse. O mesmo ocorre com o método do Coeficiente de Escoamento, só que
com uma queda bem maior. Isto pode ser explicado pelo comportamento quase simétrico que a
curva apresenta com relação à curva observada, havendo uma compensação dos desvios quando
considerada em sua totalidade.

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 17


100.0

10.0

1.0
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100%

Obs Calc - C. Escoamento Calc-Q especifica Regionalização

Figura 13 – Curvas de permanência para a bacia 8648000 (1250 km2)

Os resultados obtidos mostram que, comparando a curva de permanência observada para a


área de 1250 km2, o método da vazão específica apresentou o melhor comportamento, com um erro
médio de 4% no intervalo de análise (Q50 a Q95%), e desvio padrão do erro de 4%.
A aplicação do método do coeficiente de escoamento apresentou valores de vazão 37% acima
dos valores observados em média, com um desvio de 15% para o intervalo de análise da curva de
permanência.
O uso da curva de regionalização, obtida através das equações 6, 7 e 8, que geraram os
parâmetros da tabela 11, apresentou valores de vazão de permanência da ordem de 23% abaixo dos
valores da curva de permanência existente, com um desvio padrão de 11%.

Tabela 11 – Parâmetros da Metodologia Regionalização da Curva de Permanência

Parâmetro Valor
Q50% (m3/s) 13,925
Q95% (m3/s) 2,307
a -3,995
b 4,631

A Figura 14 mostra os desvios dos pontos gerados pelas três metodologias com relação aos
valores observados. Os resultados obtidos pelo método do coeficiente de escoamento para as curvas
de permanência mostram uma grande dependência com o valor de precipitação considerado, o que
sugere um estudo mais aprofundado sobre a metodologia de distribuição espacial da chuva.

XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 18


18.0

16.0

14.0

12.0
vazão (m3/s)

10.0

8.0

6.0

4.0

2.0

0.0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0
vazão observada (m3/s)

Obs C Escoam. Calc-Q especifica Regionalização

Figura 14 – Desvios das curvas geradas com relação aos valores da curva de permanência observada para o
intervalo de Q50% a Q95%

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O objetivo inicial dos autores ao estudar a metodologia de transferência espacial da
informação hidrológica pelo método do coeficiente de escoamento era aplicá-la a pequenas bacias.
A bacia do rio Carreiro não dispõe de estações de monitoramento de vazões em bacias de pequena
escala, de modo que o estudo se limitou a uma comparação entre as três metodologias aplicadas.
Verificou-se que no método proposto, a consideração da variável hidrológica "precipitação"
altera significativamente os resultados em relação à metodologia da vazão específica e da
regionalização elaborada pelo IPH/CEEE.
Uma vez que a precipitação é uma variável sensível nos resultados de regionalização para
pequenas bacias, a metodologia do coeficiente de escoamento pode apresentar bons resultados na
transferência de informações de médias bacias para pequenas bacias, desde que se faça uma boa
caracterização da precipitação no local de estudos.
Dessa forma, propõe-se que a metodologia seja aplicada a outras bacias, com disponibilidade
de dados para pequenas áreas de modo a uma melhor avaliação da técnica proposta, considerando-
se uma melhor representação espacial da precipitação média mensal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FEPAM. 2001. Diretrizes Ambientais para o Licenciamento de Hidrelétricas na Bacia do Taquari-
Antas. FEPAM. Porto Alegre. CD-ROM.
IPH/CEEE. 1991. Regionalização de vazões do Rio Grande do Sul. 4 volumes. Porto Alegre:
Instituto de Pesquisas Hidráulicas e Companhia Estadual de Energia Elétrica.
MENDES, Carlos A.B. e CIRILO, José A. 2001. Geoprocessamento em recursos hídricos:
princípios, integração e aplicação. ABRH: Geoprocessamento 1. 1a edição. Porto Alegre.
MENDIONDO, Eduardo M. 1985. Integração das Escalas Hidrológicas nas Sub-Bacias Embutidas
do Rio Potiribu, RS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Pesquisas
Hidráulicas. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental. Porto Alegre. Dissertação (mestrado) 248 f.
SILVA JR., Omar B. 2001. Análise da escala das variáveis hidrológicas e do uso do solo na bacia
do Potiribu - RS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Pesquisas
Hidráulicas. Porto Alegre. Dissertação (mestrado). 182 f.
SILVEIRA, G.L., TUCCI, C.E.M., SILVEIRA, A.L.L. 1998. Quantificação de vazão em pequenas
bacias sem dados. RBRH: Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v.3, n.3,
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TUCCI, C.E.M. 1993. Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre. Ed. da Universidade.
ABRH:EDUSP. 943p.
TUCCI, Carlos E.M. 2002. Regionalização de vazões. Editora da Universidade. UFRGS. 1a
edição. Porto Alegre.
VEIGA DA CUNHA et al. 1980. Aspectos operacionais do gerenciamento de recursos hídricos.
In: ANEEL, ANA. Introdução ao gerenciamento de recursos hídricos. Brasília. ANEEL,
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