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ISABELE CARDOSO
MARCOS PAULO ACÁCIO
PRISCILA RODRIGUES
Salvador - Ba
Dezembro 2008
CINEMA NOVO BRASILEIRO
A história em cena
O golpe de 1964 atingiu toda a produção cultural do país e com o cinema não foi
diferente. O Cinema Novo é censurado dentro do país e consagrado lá fora, em festivais
como o de Cannes, na França. O texto de Carvalho relata que produções como "Maioria
Absoluta", de Leon Hirszman, é censurada e só exibida no Brasil em 1980, por sua idéia de
"cinema-verdade", abordando o analfabetismo no país. Também "Integração Racial", de
Paulo César Saraceni, que constitui-se de entrevistas e pesquisa sobre a integração racial
no Brasil, enfrenta dificuldades políticas, mas é concluído sem censura e enviado a um
festival italiano.
A tentativa de censurar "Terra em Transe" de Glauber Rocha, foi feita sob os
argumentos de possuir "propaganda subliminar", "mensagens contrárias aos interesses do país" e
"cunho esquerdista". O estilo singular de Glauber Rocha foi caracterizado pela censura como
incompreensível e o filme foi considerado de "enredo totalmente confuso". Os censores
acreditavam que, na verdade, esse era um recurso utilizado pelo diretor para realizar uma obra de
"fundo nitidamente subversivo sem ser molestado pelas autoridades ("Roteiro da Intolerância – A
Censura Cinematográfica no Brasil, de Inimá Simões, Editora Terceiro Nome).
Nas palavras de Maria do Socorro Carvalho, a partir de então, os cinemanovistas
são obrigados a redefinir seus projetos, para adaptar o movimento estética e tematicamente
às circunstâncias impostas pelo regime militar. Perceberam que seus filmes não tinham
poder, nem força para transformar a realidade. O caminho era usar de criatividade e achar
brechas para que o movimento continuasse mantendo certa coerência. Carlos Diegues, por
exemplo, quer com "A Grande Cidade" (1966) trazer os problemas do Nordeste (migração
para o Sul) para o centro econômico e cultural do Brasil, quase um recomeço para o
movimento. Foi um sucesso de crítica e público.
"Terra em Transe", segundo o texto é um filme político que expressa uma
determinada reação dos cinemanovistas, diante do triunfo da direita no país com o golpe de
1964. Embora isso seja negado pelo autor. Segundo o escrito, o filme, tem uma estética
inovadora no cinema brasileiro. A autora, citando Glauber Rocha, diz que o filme tem
"uma expressão poética do que ficcional, pois sua narrativa rompe com a linearidade,
evitando a cronologia". Segundo Marcelo Adifa, poeta, jornalista e economista, em texto
publicado na Internet (http://www.ocaixote.com.br/caixote18/18cx_artigos_marcelo.html),
"Terra em Transe" apresenta uma "temática forte, e cortes e planos inovadores de
filmagem, choca e apaixona".
Da fome ao sonho