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TRT-1 - RO - 00107372220145010001 - D345a 3 Jurisprudencia de Trabalho
TRT-1 - RO - 00107372220145010001 - D345a 3 Jurisprudencia de Trabalho
Contrarrazões ID be13302.
É o relatório.
VOTO
II - CONHECIMENTO
Muito bem. Não se nega que, para cada pretensão (pedido) dirigida à
parte em face de quem se vindica a tutela do Estado deve haver uma motivação (causa de pedir),
sob pena de inépcia da inicial (art. 295, § único, inciso I, CPC). A inépcia igualmente ocorre
quando a narração dos fatos pelo demandante é de tal modo genérica que impede o exercício
regular do direito de defesa e a correta compreensão da lide pelo órgão julgador. Do mesmo
modo é inepta a peça jurídica que carece de logicidade. Isto tudo justifica-se, evidentemente, nos
princípios mais basilares do processo, pelos quais as partes devem ser tratadas em igualdade de
condições e devem poder exercer, de forma ampla, o direito de formular resposta adequada às
pretensões que lhes são apresentadas em juízo.
Dou provimento.
DA JUSTA CAUSA
A Ré, por sua vez, na contestação, alegou que Autor era querido
pelos proprietários da Ré e seus prepostos, mas teria mudado seu comportamento a partir de
janeiro de 2014, quando teria recebido uma advertência por mau comportamento, tendo
posteriormente tido comportamento agressivo contra outra funcionária, a sra. Erenilde Magalhães
Neves, cozinheira da Ré, contra a qual teria desferido um sono na nuca, conforme Termo
Circunstanciado juntado aos autos. Ainda, assevera que o Autor tenta justificar sua atitude
agressiva em suposto preconceito e perseguição mas não prova as suas alegações.
Na presente lide, não se pode falar sequer em falta grave, pois não
robustamente comprovada.
O despedimento por justa causa foi, de fato, excessivo, uma vez que
a única prova que se tem é de que houve uma discussão acalorada entre as partes.
Quanto à multa prevista no art. 467 da CLT, o que faz surgir o direito
é o não pagamento das verbas incontroversas, na primeira audiência, caso diverso dos autos, em
que as parcelas tidas como incontroversas pelo empregador foram apuradas no TRCT. A
existência de parcelas controvertidas, impugnadas na contestação, afasta o direito ao
recebimento da multa, desde que se trate, é claro, de controvérsia válida.
Sem razão.
"que houve a dispensa do reclamante por justa causa, porque agrediu outro colega
bruscamente, inclusive se mostrou agressivo com todos os demais colegas, vindo,
por isso, a ser advertido pelo gerente, mas mesmo assim culminou com o fato que
resultou na aplicação da justa causa; que o reclamante agrediu a cozinheira; que a
cozinheira foi a vítima, motivo pelo qual ela não foi dispensada;que o reclamante
trabalhava no seu horário contratual e tudo era anotado no livro, porque tem menos
de 10 empregados, o que foi confirmado pelo reclamante" (ID fb2730e)
Nego provimento.
DO DANO MORAL
O valor da indenização por danos morais não deve ser ínfimo a ponto
de deixar de se observar o caráter punitivo-pedagógico que a condenação judicial exige. Todavia,
cediço é, também, que tal valor não deve ser excessivo de forma a denotar enriquecimento sem
causa do lesado nem tão módico a ponto de não atingir o escopo do instituto. A reparação por
danos morais visa prevenir ocorrências futuras similares por parte da Ré, bem como proporcionar
ao ofendido uma reparação, ainda que não ideal, da dor sofrida. Tudo sem deixar de lado o
princípio da razoabilidade, sem tornar o evento danoso vantajoso para o ofendido a ponto de este
desejar sua repetição e, ao mesmo tempo, sem fixar indenização irrisória a ponto de se traduzir a
própria indenização em nova ofensa ao trabalhador.
Sob essa ótica, importa considerar as condições pessoais do Autor, a
capacidade econômica da Ré, o grau de culpa, a intensidade e a gravidade da lesão, os meios
utilizados para provocá-la e as consequências do dano.
CORREÇÃO MONETÁRIA
IV - DISPOSITIVO
A C O R D A M os DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO, por unanimidade, CONHECER do
recurso e, no mérito, também por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO para condenar a
Ré a pagar ao Autor a "estimativa de gorjeta" proporcional aos 18 dias trabalhados do mês de
março, devendo ser observado para tanto a média da verba paga nos contracheques juntados
aos autos; bem como para afastar a justa causa e determinar que a resolução contratual se deu
imotivadamente. Como consectário lógico da conversão da justa causa em dispensa imotivada,
condeno a Ré ao pagamento das seguintes verbas: aviso prévio, férias proporcionais acrescidas
do terço constitucional, décimo terceiro salário proporcional, FGTS + 40%, multa do art. 477 da
CLT, nos termos da Súmula 30 deste E. TRT; bem como a proceder à tradição das guias do
FGTS e seguro-desemprego; e fixar a indenização por danos morais em R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), observando-se, quanto à atualização, os termos da Súmula 439 do C. TST. Arbitro o valor
da condenação em R$ 20.000,00, fixando as custas em R$ 400,00, pela Ré, invertido o ônus da
sucumbência.
Desembargador do Trabalho
Relator
MSMP/YBGS