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Baseada em Fiabilidade
Divulgação de noticias sobre Controlo de Condição, Manutenção
e o MIIT Nº6 - Julho de 2003
O RCM é uma ferramenta poderosa, nas mãos dos profissionais de manutenção, para se atingirem novos
níveis de produtividade, podendo-se apontar como pontos fortes, entre outros, o facto de ser metódico e
exaustivo. Esta sua força torna-o, por vezes, pesado, o que faz com que não seja encarado como solução
para a revisão dos planos de manutenção num grande número de máquinas, que não sendo grandes e
criticas, não deixam por isso de ser as que existem em maior número, e acabando portanto por pesar
bastante no orçamento da manutenção de muitas organizações.
Para todos estes o MIIT disponibiliza agora uma metodologia que visa responder, entre outras, a estas
questões.
Idealmente esta metodologia deverá ser implementada pelo pessoal da casa, com alguma ajuda do
exterior. A importância do pessoal da casa é extrema, ao nível dos conhecimentos e experiência. A
colaboração do MIIT visa assegurar a implementação das melhores práticas (a não reprodução do que se
fazia anteriormente), a dinamização do grupo e o desfazer de quintinhas, que de uma forma ou outra é
frequente existirem.
Quem quiser uma cópia de uma apresentação sobre este tema, por peça-o por e-mail para
carlos.aroeira@miit.pt.
O Motor Eléctrico de Indução Trifásico é o accionamento mais comum e uma avaria imprevista neste tipo
de máquinas pode ter consequências económicas muito gravosas. Este facto leva a que hoje seja frequente
a utilização da manutenção preventiva com base no tempo como aproximação á conservação destas
máquinas. Sendo o MTBF deste tipo de máquina de oito anos (para um funcionamento de 8760 horas/por
ano) é comum utilizarem-se intervalos bastante mais curtos. Todavia também já são comuns as
instalações onde a manutenção preventiva só é efectuada com base no conhecimento da condição de
funcionamento da máquina. Esta última aproximação, decorrente de necessidades económicas e inserida
também nas modernas filosofias de manutenção, resulta também do facto dos gestores de manutenção das
instalações onde esta abordagem se pratica, se sentirem à vontade com as técnicas de controlo de
condição mais comuns.
Neste artigo pretende-se efectuar uma revisão das técnicas de controlo de condição de motores eléctricos
de indução, suas virtudes e limitações.
Mecânicas Eléctricas
Veio / Rotor Desequilíbrio, correntes parasitas
desalinhamento
Chumaceiras folgas , degradação,
deficiente lubrificação
Existem inúmeros estudos sobre a distribuição estatística de anomalias em motores eléctricos de indução.
A seguir apresentam-se os resultados de um efectuado pela General Electric em 1985.
É experiência geral que a maioria dos problemas que ocorrem nestas máquinas são de índole mecânica.
4.1 RUÍDO
É comum ocorrer uma variação perceptível no ruído produzido por um motor quando a sua condição de
funcionamento muda. Isto pode ocorrer quer em virtude do surgimento de uma assimetria
electromagnética em batimento com a frequência de rotação da máquina quer, por exemplo, devido a um
rolamento degradado. Sendo um indicador qualitativo do estado do motor não é normalmente utilizado
como parâmetro quantitativo pela susceptibilidade a interferências a ruídos produzidos por outras fontes.
Para além disso, existe uma relação estrita entre o nível de ruído e o de vibração, tornado-se portanto mais
simples seguir este último parâmetro.
4.2 VIBRAÇÕES
Uma máquina rotativa ideal não teria vibrações. Como as máquinas são concebidas e fabricadas para
trabalharem dentro de tolerâncias existem sempre vibrações. Quando ocorre uma anomalia que gera uma
força cíclica esta normalmente manifesta-se sobre a forma de uma vibração.
b) 50 Hz – frequência da rede
i) Frequências de rolamentos - FR
Manutenção Baseada em Fiabilidade 4
No quadro a seguir apresentado apresentam-se os sintomas vibratórios de diversas anomalias:
Os sintomas relativos aos rolamentos podem-se detectar de duas formas distintas. Uma primeira, mais
básica e utilizada á muito tempo, consiste na medição de vibrações numa banda de altas frequências. A
segunda, mais recente, consiste na utilização de uma técnica de análise de sinal mais sofisticada, a
Análise do Envelope. A primeira abordagem tem a limitação de ser susceptível de sofrer interferências
tendendo-se portanto cada vez mais a utilizar a ultima, por ser bastante mais clara nos resultados
fornecidos.
Constata-se portanto que para detectar os diversos sintomas vibratórios é necessário utilizar mais de uma
técnica de medida, tendo-se tornado prática corrente a utilização de Análise por Bandas e Análise do
Envelope em simultâneo para se cobrir de uma forma eficaz a detecção de todos os sintomas vibratórios
de anomalias em motores eléctricos de indução.
A seguir apresenta-se um exemplo de procedimento de medição de vibrações por Análise por Bandas
num motor eléctrico, tendo só em conta os problemas mecânicos.
Para detecção precoce de anomalias em rolamentos e seu diagnóstico utiliza-se a Análise de Envelope. A
medição da amplitude pico da forma de onda do sinal do envelope serve para elaborar uma tendência e o
respectivo espectro para efectuar diagnóstico.
Dezenas de anos depois de se ter começado a utilizar a vibrometria para controlo de condição de
rolamentos, o grau de fiabilidade desta técnica, adequadamente utilizada, é tal que, já não existe
justificação racional para a manutenção preventiva com base no tempo de motores eléctricos, se o fim for
somente o de mudar rolamentos.
Caso se pretenda acompanhar os sintomas vibratórios de origem eléctrica pode-se adicionalmente criar
uma banda específica para medir os 100 Hz.
È de notar que os sintomas vibratórios de excentricidade também vão surgir nalgumas bandas de
aceleração. Quando isso ocorrer, consegue-se diferenciar as duas anomalias através da Análise do
Espectro de Frequência.
4.3 TEMPERATURA
Esta depende de muitos parâmetros como sejam a carga, temperatura ambiente, arrefecimento, etc.
A temperatura pode ser seguida pelo seu valor directo ou então por valores normalizados que entrem em
conta com a carga do motor, temperatura ambiente, etc.
Uma técnica, devido ao seu custo, pouco utilizada para medir a temperatura deste tipo de máquinas é a
termografia. É, sem dúvida, a forma ideal de acompanhar este fenómeno físico.
81,8°C
80
70
60
50,1°C
Figura 1 – Termografia de um motor eléctrico, podendo-se ver a vermelho a zona mais quente
O parâmetro a seguir com este fim é a razão de amplitudes entre a frequência de alimentação (50 Hz) e a
banda lateral inferior á frequência de passagem de pólos ( frequência de escorregamento vezes numero
pares de pólos ). Normalmente considera-se que se esta diferença for superior a 55 dB o rotor se encontra
em bom estado.
Manutenção Baseada em Fiabilidade 6
Figura 2 – Espectro de Corrente de Alimentação de Motor Eléctrico de Indução
O Motor Eléctrico ideal teria um campo electromagnético perfeitamente simétrico e equilibrado; todavia
tal motor não existe. Estas assimetrias podem ter a ver com aspectos construtivos quer com avarias. O
seguimento da tendência da evolução espectro de frequência do fluxo electromagnético permite detectar o
surgimento de novas componentes no seu espectro. São assim detectadas avarias no rotor , no estator e na
alimentação.
Existem diversas causas possíveis para a criação de correntes no veio de um motor eléctrico como sejam
electromagnéticas, electroestáticas, etc. Estas correntes, ao passarem nas chumaceiras, provocam danos
nas superfícies por efeito de Maquinagem por Descarga Eléctrica.
Um tipo de motores muito susceptível à ocorrência deste tipo de anomalia é o constituído pelos
alimentados a partir de um variador de velocidade.
Este parâmetro pode ser medido colocando uma escova metálica no veio e ligando-a á terra e medindo a
tensão existente. Deve ser medida a tensão RMS, AC e DC o que pode ser efectuado com um voltímetro
normal, e também a tensão pico o que já exige outro tipo de equipamento. Deve ser também efectuada
análise de tendência da corrente.
O fenómeno físico com esta designação consiste em impulsos eléctricos de alta frequência originados
num sistema de isolamento eléctrico. É uma técnica utilizada para detectar degradação de isolamento do
estator sobretudo em motores de alta tensão podendo-se também aplicar aos de média.
A amplitude e taxa de repetição das Descargas Parciais são os parâmetros a acompanhar para avaliar a
degradação de um isolamento.
5 CONCLUSÃO
Para se atingir o objectivo de detectar as múltiplas anomalias possíveis num motor eléctrico tem de se
utilizar diversas técnicas de controlo de condição.
Os sistemas de manutenção preventiva, com base no tempo ou horas de funcionamento, com vista a
prevenir problemas mecânicos tecnicamente podem ser substituídos, de uma forma fiável, por sistemas de
manutenção preventiva com base na condição de funcionamento.
Não existe ainda nenhuma técnica que reuna o consenso dos especialistas da área para a detecção, em
funcionamento, de avarias no estator.
Referências
Termografia de motor
eléctrico vendo-se as zonas
mais quentes nas cores
mais claras. Identifica-se
claramente uma chumaceira
quente.
Implicações dos resultados das inspecções de rotina na definição dos planos de manutenção (Parte 2)
Eng. João Craveiro, MIIT, Prof. Caldeira Duarte, Escola Superior de Tecnologia de Setúbal
Nesta secção, tendo por base a abordagem inovadora ao conceito de fiabilidade apresentada por Duarte,
2001, proporemos uma metodologia para, em função dos resultados das inspecções de rotina, validar a
política de manutenção e alterá-la, caso seja conveniente. O objectivo desta análise é, garantindo um nível
de fiabilidade predeterminado, minimizar os custos relativos às operações de manutenção e aumentar a
sua eficiência.
Admitamos por hipótese que o desempenho de um equipamento é reposto nas suas especificações
originais no final de cada intervalo de tempo de amplitude t unidades, isto é, que no final de cada um
desses períodos existe um conjunto de intervenções que repõe o equipamento no estado “good as new” 1.
A Figura 1 ilustra o efeito das acções de manutenção preventiva sobre o valor da fiabilidade simples de
um equipamento.
0.8
0.6
0.4
0.2
Tenha-se em atenção que esta definição pode ser facilmente adaptada ao caso em que, por haver somente
uma intervenção sobre alguns dos componentes, a fiabilidade do equipamento nunca seja reposta no valor
máximo igual a 1, mas apenas numa sua fracção.
As inspecções periódicas, tal como o controlo de condição, pretendem caracterizar o estado operacional
do equipamento. Naturalmente que, quando um equipamento é inspeccionado, duas situações podem
ocorrer: ou é assinalada uma falha ou degradação, o que deverá conduzir, mais cedo ou mais tarde, a uma
intervenção, ou nada é detectado. No primeiro caso haverá uma reposição do nível de fiabilidade do
equipamento de acordo com a metodologia apresentada anteriormente; se nenhuma degradação for
detectada é importante que essa informação tenha também reflexo sobre o valor da fiabilidade do
equipamento. Neste sentido, e admitindo que entre duas acções consecutivas de manutenção preventiva
existem n inspecções de rotina, propomos que em cada instante em que é feita uma inspecção com
resultados positivos, a função de fiabilidade do equipamento seja dada por
jτ
R j +1 (t ) = β j × 1 − R j + R j (t ), j = 1,..., n.
n + 1
onde β é o factor que traduz um eventual acréscimo de fiabilidade decorrente de uma constatação de que
a situação verificada é melhor que a condição pressuposta para o equipamento no instante da inspecção.
1
Podemos tornar esta hipótese mais fraca se considerarmos que o equipamento é reposto num estado que corresponde apenas a
uma percentagem das especificações originais, o que não afectará o que se apresenta a seguir.
Manutenção Baseada em Fiabilidade 9
A Figura 2 ilustra esta perspectiva: supondo, por exemplo, que as inspecções de rotina são feitas de 1000
em 1000 unidades de tempo, no caso de estas não revelarem qualquer anomalia no equipamento, é lícito
ponderar um ligeiro aumento da fiabilidade do equipamento que dependerá do rigor da inspecção e dos
conhecimentos do inspector.
0.95
0.9
0.85
0.8
0.75
2
O grau de fiabilidade aqui referido é, naturalmente, uma medida empírica, intrínseca ao inspector, e que reflectirá a sua
experiência e conhecimento sobre o equipamento.
Manutenção Baseada em Fiabilidade 10
3 – PRÓXIMO NÚMERO – ESPECIAL M.P.M
Face à esmagadora resposta e inúmeras questões colocadas sobre esta temática vai ser elaborado um número
especial, em Agosto, sobre este tema. Este número, que consideramos corresponder a uma divida que temos
para com todos (e foram muitos) que nos contactaram, conterá as respostas às numerosas questões que nos
foram colocadas e incluirá também as contribuições que nos foram enviadas pelos mais interessados.
Lamentamos ter que fazer esperar todos os que, ansiosamente, aguardam este número mas podemos sossegá-
los no que respeita a este tema; só a esmagadora carga de trabalho que nos pressiona neste momento nos
impede de editar este número “Especial Férias 2003” agora mesmo.
Asseguramos portanto que quando vierem de férias o terão na vossa caixa de e-mail.
Para os que quiserem contribuir, porque ainda estão a tempo, por favor façam-no para o seguinte e-mail:
carlos.aroeira@miit.pt
4 - NOTA FINAL
Se deseja receber este periódico e não o recebe, por favor solicite-o para o e-mail: miit@miit.pt
Se recebe este periódico e não o deseja receber, por favor comunique-o para o e-mail: miit@miit.pt
Qualquer comentário, sugestão ou pergunta são bem vindos. Para o efectuar, por favor, utilize o mesmo e-mail,
miit@miit.pt.
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