Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Manual de Turno
Manual de Turno
TRIBUNAL DE TURNO
DGAJ-CF - 2017
O presente texto de apoio pretende ser um mero instrumento de trabalho, de modo nenhum se
substituindo aos diplomas legais aplicáveis, nem dispensando a sua consulta e, naturalmente,
sem prejuízo de orientação diversa dos senhores magistrados.
O seu principal objetivo é fornecer aos oficiais de justiça informação sobre o serviço urgente
dos tribunais de turno com referência aos textos legais onde o mesmo se encontra previsto.
Legislação
Nos tribunais judiciais são organizados turnos para assegurar o serviço urgente, que deva ser
executado aos sábados, nos feriados que recaiam em segunda-feira e no segundo dia feriado,
em caso de feriados consecutivos, previsto:
2
SERVIÇO URGENTE PREVISTO NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Nos termos do n.os 1 e 2 do artigo 103.º do Código de Processo Penal (CPP), os atos processuais
praticam-se nos dias úteis, às horas de expediente dos serviços de justiça e fora do período de
férias judiciais, com exceção, entre outros:
Obrigatoriedade de defensor
Nos termos do artigo 64.º do CPP é obrigatória a assistência do defensor (para além de outros
casos ali previstos), nos interrogatórios de arguido detido ou preso, nos interrogatórios feitos
por autoridade judiciária e nas audiências.
Apoio judiciário
De acordo com o n.º 4 do artigo 39.º da Lei n.º 34/2004, de 29 de julho, na redação dada pela
Lei n.º 47/2007, de 28 de agosto, incumbe à secretaria do Tribunal, no âmbito do processo
penal, proceder à apreciação da insuficiência económica do arguido.
No momento em que presta Termo de Identidade e Residência (TIR), o arguido deve emitir
uma declaração de rendimentos, a qual permitirá ao oficial de justiça proceder à apreciação
provisória da insuficiência económica daquele, através do simulador eletrónico, disponível
no endereço: http://www4.seg-social.pt/calculo-do-valor-de-rendimento-para-efeitos-de-
proteccao-juridica.
3
sob pena de incorrer nas consequências previstas no n.º 7 do artigo 39.º da Lei n.º 34/2004, de
29/07.
Da detenção
O PROCESSO SUMÁRIO
Quando é aplicável
Para que um arguido possa ser julgado em processo sumário é necessário que tenha sido detido
em flagrante delito e a que correspondam crimes puníveis com pena de prisão cujo limite
máximo não seja superior a 5 anos.
(artigo 383.º)
O arguido é notificado de que tem direito a prazo não superior a 15 dias para apresentar a sua
defesa, o que deve comunicar ao Mº Pº junto do tribunal competente para o julgamento e de
que pode apresentar até sete testemunhas, sendo estas verbalmente notificadas caso se achem
presentes.
4
Procedimento seguinte à detenção
(artigo 382.º)
A autoridade judiciária, se não for o Mº Pº, ou a entidade policial que tiverem procedido à
detenção ou a entidade policial a quem tenha sido efetuada a entrega do detido (que redigirá
auto sumário da entrega):
O arguido que não se encontre sujeito a prisão preventiva é notificado com a advertência de
que o julgamento se realizará mesmo que não compareça, sendo representado por defensor
para todos os efeitos legais (n.º 6).
5
NOTA:
As notificações devem ser efetuadas com observância das regras dos artigos 116.º e 117.º
(sanção pela falta de comparecimento e justificação da falta).
(artigo 385.º)
O arguido detido, caso não seja imediatamente apresentado ao juiz, pode ser libertado.
para comparecer perante o Mº Pº, no dia e hora que forem designados, para ser
submetido a audiência de julgamento em processo sumário, com a advertência de que
esta se realizará, mesmo que não compareça, sendo representado por defensor; ou,
(artigo 388.º)
As pessoas com legitimidade para tal podem constituir-se assistentes ou intervir como partes
civis, se assim o solicitarem, ainda que verbalmente, até ao início da audiência.
(artigo 387.º)
6
até ao limite do 15.º dia posterior à detenção se o juiz não concordar com o
arquivamento por dispensa de pena ou com a suspensão provisória do processo;
até ao limite de 20 dias, após a detenção sempre que o arguido tiver requerido prazo
para preparação da sua defesa ou o Mº Pº julgar necessária a realização de diligências
de prova.
A falta de testemunhas de que o Mº Pº, o assistente ou o arguido não prescindam, não é motivo
para adiamento do julgamento, sendo as presentes inquiridas pela ordem indicada nas als. b)
e c) do artigo 341.º (n.º 3).
As testemunhas que não se encontrem notificadas (pelo Mº Pº, nos termos do n.º 5 do artigo
382.º, ou pela entidade que tiver procedido à detenção, nos termos do artigo 383.º) são sempre
a apresentar. Caso falte alguma testemunha à audiência, o juiz poderá ordenar a sua imediata
notificação (n.º 4).
Em caso de impossibilidade de o juiz titular iniciar a audiência nos prazos previstos nos n.os 1 e
2, deve intervir o juiz substituto (n.º 5).
Da audiência – tramitação
(artigo 389.º)
A acusação pode ser substituída pela leitura do auto de notícia (nº 1 do artigo 389.º) e a
apresentação da acusação e da contestação substituem as exposições introdutórias (n.º 5 do
artigo 389.º).
O Mº Pº pode completar por despacho a factualidade do auto de notícia, despacho esse que
será lido no julgamento.
7
Quando tiver considerado necessária a realização de diligências, o Mº Pº, se não apresentar
acusação, deve juntar requerimento com a indicação das testemunhas a apresentar ou outra
qualquer prova que junte ou proteste juntar.
Quando houver lugar a registo áudio ou audiovisual devem ser consignados na ata o início e o
termo da gravação de cada declaração.
Da sentença
A sentença é logo proferida oralmente – n.º 1 do artigo 389.º-A –, salvo se for aplicada pena
privativa da liberdade ou as circunstâncias o tornem necessário, casos em que o juiz elaborará
a sentença por escrito.
A sentença é, sob pena de nulidade, documentada, nos termos dos artigos 363.º (ata) e 364.º
(registo áudio ou audiovisual) n.º 3 do artigo 389.º-A.
8
sujeito processual a poder requerer nos termos do n.º 4 do artigo 101.º - nº 4 do artigo 389.º-
A.
Elaborada a ata, serão cumpridos no tribunal de turno, os atos que se entendam como urgentes,
designadamente e consoante os casos:
(artigo 390.º)
O juiz pode determinar a tramitação do processo sob outra forma, designadamente quando:
Recursos
(artigo 391.º)
O prazo para interposição do recurso (30 dias nos termos do n.º 1 do artigo 411.º) conta-se a
partir da entrega da cópia da gravação da sentença – n.º 2 do artigo 391.º
9
1º INTERROGATÓRIO JUDICIAL DE ARGUIDO DETIDO
(artigo 141.º do CPP)
O arguido detido que não deva ser de imediato julgado é interrogado pelo juiz de instrução no
prazo máximo de 48 horas após a detenção – n.º1 do artigo 141.º
O arguido detido tem direito a comunicar, mesmo em privado, com o seu defensor, sem prejuízo
desta comunicação ocorrer à vista quando assim o impuserem razões de segurança, mas em
condições de não ser ouvida pelo encarregado da vigilância (al. f) do n.º1 e n.º 2 do artigo 61.º).
O arguido é perguntado pelo seu nome, filiação, naturalidade, data de nascimento, estado civil,
profissão, residência, local de trabalho. Deverá ser advertido que a falta de respostas a estas
perguntas ou a falsidade das respostas o pode fazer incorrer em responsabilidade penal.
a) Dos direitos referidos no n.º 1 do artigo 61.º, explicando-lhos se isso for necessário;
b) De que não exercendo o direito ao silêncio as declarações que prestar poderão ser utilizadas
no processo, mesmo que seja julgado na ausência, ou não preste declarações em audiência de
julgamento, estando sujeitas à livre apreciação da prova;
d) Dos factos que lhe são concretamente imputados, incluindo, sempre que forem conhecidas,
as circunstâncias de tempo, lugar e modo; e
e) Dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, sempre que a sua comunicação
não puser em causa a investigação, não dificultar a descoberta da verdade nem criar perigo
para a vida, a integridade física ou psíquica ou a liberdade dos participantes processuais ou das
vítimas do crime;
ficando todas as informações, à exceção das previstas na alínea a), a constar do auto de
interrogatório.
10
Tendo sido utilizado o registo áudio ou audiovisual, devem ser consignados no auto o início e o
termo da gravação de cada declaração.
Por força do n.º 9 do artigo 141.º, é correspondentemente aplicável o disposto no artigo 101.º,
designadamente, sempre que for utilizado o registo áudio ou audiovisual, deve ser entregue
cópia a qualquer sujeito processual que a requeira, no prazo máximo de 48 horas, sem prejuízo
do disposto relativamente ao segredo de justiça.
Após o interrogatório, o Mº Pº pode libertar o arguido ou providencia para que o mesmo seja
presente ao juiz para primeiro interrogatório judicial de arguido detido.
EXTRADIÇÃO
Nos termos do n.º 1 do artigo 49.º da Lei da Cooperação Judiciária Internacional em Matéria
Penal, é competente para o processo judicial de extradição o tribunal da Relação em cujo
distrito judicial residir ou se encontrar a pessoa reclamada ao tempo do pedido.
11
Sempre que a detenção de extraditando não possa, por qualquer motivo, ser apreciada pelo
tribunal da Relação, o detido é apresentado ao Mº Pº junto do tribunal de 1.ª instância da sede
do tribunal da Relação competente – n.º 5 do artigo 53.º
Neste caso, a audição tem lugar, exclusivamente, para efeitos de validação e manutenção da
detenção pelo juiz do tribunal de 1.ª instância, devendo o Mº Pº tomar as providências
adequadas à apresentação do extraditando no primeiro dia útil subsequente – n.º 6 do artigo
53.º
INTERNAMENTO COMPULSIVO
O portador de anomalia psíquica pode ser internado compulsivamente de urgência (artº 22.º).
12
Realizadas as diligências necessárias, o juiz profere decisão de manutenção ou não do
internamento, no prazo máximo de 48 horas a contar da privação da liberdade (n.º 2 do
artigo 26.º).
Esta decisão de manutenção é comunicada ao tribunal competente - n.º 3 do artigo 26.º;
A decisão é ainda comunicada:
o ao internando que, sempre que possível, deve ser conjuntamente informado dos
direitos e deveres processuais que lhe assistem (artigo 10.ª e n.ºs 3 e 4 do artigo
26.º);
o ao familiar mais próximo que com ele conviva ou à pessoa que com ele viva em
condições análogas às dos cônjuges,
o ao médico assistente.
Substituição do internamento
O internamento pode ser substituído por tratamento em regime ambulatório, nos termos do n.º
1 do artigo 33.º. A substituição depende de expressa aceitação por parte do internado e é
comunicada ao tribunal competente (n.ºs 2 e 3 do artigo 33.º).
Revisão do internamento
A revisão do internamento pelo tribunal pode ser feita a todo o tempo se for invocada a
existência de causa justificativa (n.º 1 do artigo 35.º).
A revisão obrigatória tem lugar com a audição do Ministério Público, do defensor e do internado,
caso o estado de saúde deste o permita – n.º 5 do artigo 35.º.
13
Habeas corpus em virtude de privação da liberdade ilegal
O portador de anomalia psíquica privado da liberdade, ou qualquer cidadão no gozo dos seus
direitos políticos, pode requerer ao tribunal da área onde o portador se encontrar a imediata
libertação de pessoa privada da liberdade – n.º 1 do artigo 31.º.
O juiz decide, ouvidos o Ministério Público e o defensor constituído ou nomeado para o efeito
– n.º 4 do artigo 31.º.
As decisões de internamento são recorríveis (no prazo de 30 dias – n.1 do artigo 411.º do Código
de Processo Penal, ex vi do artigo 9.º) e têm efeito meramente devolutivo – artigo 32.º
Quando exista perigo para a vida ou integridade física ou psíquica da criança ou do jovem é
solicitada a intervenção do tribunal.
1
Alameda D. Afonso Henriques, 45, 1049-005 Lisboa. e-mail: geral@dgs.pt
14
Recebida a comunicação, o Mº Pº requer imediatamente ao tribunal procedimento judicial
urgente.
O tribunal deve proferir decisão provisória, no prazo de 48 horas, para o que poderá proceder
a diligências, aplicar medidas ou determinando o que tiver por conveniente relativamente ao
destino da criança ou do jovem.
Proferida a decisão provisória, o processo segue os seus termos como processo judicial de
promoção e proteção.
Nos termos do n.º 1 do artigo 41.º, o processo tutelar é secreto até ao despacho que designar
data para a audiência prévia ou para a audiência, se aquela não tiver lugar.
- Para, no mais curto prazo, sem nunca exceder quarenta e oito horas, ser apresentado ao juiz,
a fim de ser interrogado ou para sujeição a medida cautelar – al. a) do n.º 1 do artigo 51.º.
Ao primeiro interrogatório podem assistir, os pais, o representante legal ou pessoa que tiver a
guarda de facto do menor – artigo 55.º
Nos termos do n.º 2 do artigo 46.º “Não tendo sido anteriormente constituído ou nomeado, a
autoridade judiciária nomeia defensor no despacho em que determine a audição ou a detenção
do menor.”
A participação do menor em qualquer diligência processual, ainda que sob detenção ou guarda,
faz-se de modo a que se sinta livre na sua pessoa e com o mínimo de constrangimento - n.º 1
do artigo 45.º
15
São medidas cautelares (artigo 57.º):
A entrega do menor aos pais, representante legal, pessoa que tenha a sua guarda de
facto ou outra pessoa idónea, com imposição de obrigações ao menor;
A guarda do menor em instituição pública ou privada;
A guarda do menor em centro educativo.
A aplicação de medidas cautelares exige a audição prévia do Ministério Público, se não for o
requerente, do defensor e, sempre que possível, dos pais, representante legal ou pessoa que
tenha a guarda de facto do menor – n.º 2 do artigo 59.º.
A título subsidiário aplica-se o Código de Processo Penal e, nos casos omissos, as normas do
processo civil que se harmonizem com o processo tutelar - artigo 128.º
(artigo 38.º)
Sempre que não seja possível efetuar o reembarque do cidadão estrangeiro dentro de 48 horas
após a decisão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (doravante SEF) de recusa de entrada,
16
do facto é dado conhecimento ao juiz2 a fim de ser determinada a manutenção daquele em
centro de instalação temporária ou espaço equiparado (n.º 4 do artigo 38.º).
(artigo 146.º)
O cidadão estrangeiro detido nos termos do nº 1 do artigo 146.º que, durante o interrogatório
judicial, declara pretender abandonar o território nacional pode, por determinação do juiz, ser
entregue à custódia do SEF para efeitos de condução ao posto de fronteira e afastamento no
mais curto espaço de tempo possível (n.º 1 do artigo 147.º).
Compete ao SEF dar execução às decisões de afastamento coercivo e de expulsão – artigo 159.º
2
Os tribunais competentes são os juízos de pequena instância criminal ou do juízo do local onde for encontrado o cidadão
estrangeiro.
17
Decisões de afastamento tomadas por autoridade administrativa competente de Estado
membro da União Europeia ou de Estado parte na Convenção de Aplicação (Schengen)
O nacional de Estado terceiro que permaneça ilegalmente em território nacional e sobre o qual
exista uma decisão (de um Estado Membro da UE ou de Estado parte na “Convenção de
Aplicação Schengen”) de afastamento é detido por autoridade policial e entregue à custódia do
SEF acompanhado do respetivo auto, devendo o mesmo ser conduzido à fronteira (n.º 2 do
artigo 171.º).
Sempre que a execução do afastamento não seja possível no prazo de 48 horas após a detenção,
o nacional de Estado terceiro é presente ao juiz para a validação da detenção e eventual
aplicação de medidas de coação (n.º5 do artigo 171.º).
Medidas de coação
(artigo 142.º)
Nos processos de expulsão, para além das medidas de coação enumeradas no Código de Processo
Penal, com exceção da prisão preventiva, o juiz pode determinar:
BOM TRABALHO!
18
ÍNDICE
Nota introdutória 2
Legislação 2
- O Processo Sumário 4
Quando é aplicável 4
Notificações – Prazo para o arguido apresentar a sua defesa 4
Procedimento seguinte à detenção 5
Casos de libertação do arguido 6
Assistentes e Partes Civis 6
O início do julgamento 6
Adiamento da audiência 7
Audiência – tramitação 7
Sentença 8
Reenvio para outra forma de processo 9
Recursos 9
Extradição 11
Internamento Compulsivo 12
19
Coleção : Processo Penal
Autor:
Titulo:
Coordenação técnico-pedagógica:
Acácio Seixas
Carménio Nabais
Coleção Pedagógica:
DGAJ/Centro de formação
2ª Edição
20