Você está na página 1de 3

MICROBIANAS – AVI

Data: 20.02.2015
Prof: José Luís

ESPOROTRICOSE

Os fungos podem ser miceliais ou leveduras, do ponto de vista imunológico o micelial briga
mais com o sistema imunológico para se desenvolver do que um fungo unicelular, então é um fungo
mais agressivo. Esse fungo tem um dimorfismo, ou seja, ele tem a forma micelial numa temperatura
de 25°C e a forma de levedura na temperatura de 37°C.
Ele se encontra no solo com matéria orgânica e quando ele está no solo ele possui hifas finas
e bem ramificadas, da hifa parte um corpo de frutificação através de uma estipe, fiálides e dali
partem os esporos. Então na forma micelial temos uma reprodução sexuada. Ele será encontrado
então no solo com matéria orgânica, como fezes, material vegetal em decomposição, folhas, esse é
o habitat do fungo. Ele também pode se encontrar em plantas espinhosas como as rosas, porque ali
ele encontra nutrientes para o seu crescimento.
Tanto a levedura como os esporos são infecciosos, por isso devemos ter muito cuidado na
manipulação dos animais. Não precisa acontecer a arranhadura para sermos infectados, por isso o
ideal é usar máscara, óculos e luvas, porque o animal acaba jogando as leveduras no ambiente e
podemos nos infectar. Os gatos possuem garras e essas garras podem trazer muitos esporos, mesmo
sem estar apresentando lesão. Hoje o gato é a maior vítima do Sporothrix.

O que é a Esporotricose?
É uma micose localizada ou sistêmica muito comum em felinos, causada por um fungo
dimórfico do ambiente. O bioagente é o Sporothrix sp., sendo o mais comum o S. schenckii. De
acordo com a espécie vamos ter um grau de virulência diferente.
Ele é um fungo pleomórfico, ou seja, sem forma. Na citologia se tiver levedura temos que
colocar no laudo só levedura, não podemos afirmar qual é a levedura, de que espécie é, só vamos
fechar o diagnóstico de esporotricose com cultura. O fato de não encontrar levedura na citologia
não significa que não tenha o fungo, só podemos fechar o diagnóstico com cultura.

Patogênese:
 Portas de entradas: inoculação acidental ou traumática dos esporos na pele; contaminação
de feridas abertas por secreções de animais infectados (leveduras); inalação de esporos;
ingestão de esporos; vetores animais – mordeduras e arranhaduras.
Os esporos inoculados ou contaminantes viram leveduras pleomórficas no indivíduo e fazem
multiplicação por brotamento, podendo fazer disseminação linfática ou pela via hematógena. Então
uma vez que ele faz uma lesão localizada, ele pode invadir o sistema linfático e fazer uma lesão
sistêmica. Além disso, também pode atingir a parte óssea e fazer osteólise.
O esporo inalado vira levedura que começa a se multiplicar através da via hematógena
podendo chegar até as vísceras, olhos, medula óssea, SNC ou pode fazer a forma pulmonar.
 Cão: normalmente vem apresentando a forma cutânea com nódulos, ulceras com bordas
elevadas, áreas cobertas por crostas e placas anulares de alopecia. Isso é muito parecido
com dermatófito, então muitas vezes confunde, por isso é mais difícil de diagnosticar no
cão.
 Gato: vemos lesões pápulo-nodulares, ulceração, crostas espessas e necrose. O que é mais
comum em gato são as formas ulcerativas, porém tecido granulomatoso também pode
aparecer.
 Humano: a lesão pode ser pápulo-nodular eritematosa que evolui para ulceração, lesão
verrucosa ou linfangite nodular ascendente. A ulceração no homem não é tão comum, a
mais comum é a linfangite nodular ascendente, mais conhecida como doença do rosário.
Amostras:
Geralmente encaminhamos para o laboratório secreções, que devem ser coletadas com
swab. Porém, também podemos fazer biopsia, lavado bronco-alveolar ou fazer coleta do líquor.
Podemos mandar também o sangue sem anticoagulante para poder trabalhar com o coágulo
sanguíneo e ver se pega o fungo circulando pela corrente sanguínea, mas essa não deve ser a única
amostra.

Diagnóstico:
Primeiro tem um embasamento na citologia, onde veremos leveduras pleomórficas, mas é a
cultura que vai fechar o diagnóstico. Como é um fungo dimórfico temos que fazer um cultivo a 37°C
e a 25°C, a 35°C vai ser um crescimento mucoso, cremoso, branco a marmóreo e no crescimento
micelial tem um crescimento algodonoso, branco que tende a castanho. Deixa incubado numa faixa
de 2-21 dias.

Tratamento:
Itraconazol ou iodeto de potássio. Duração do tratamento: até fechar a lesão. Repetir a
citologia até dar pelo menos 2 resultados negativos.
Pode entrar com itraconazol e dar banhos com cetoconazol.

CRIPTOCOCOSE

É uma micose localizada ou sistêmica muito comum em felinos, causada por uma levedura
no ambiente. O bioagente é o Cryptococcus sp., sendo mais comum o C. neoformans. Para
sobreviver o Cryptococcus precisa de compostos nitrogenados que são encontrados em fezes de
aves, por isso é muito comum em pombos, então acaba acometendo o felino que gosta de caçar
esses pássaros.
O C. neoformans é uma levedura com ou sem brotamento e para sobreviver ela se expõe
numa área de capsula que mantém ela viva e hidratada no ambiente. Muitas vezes quando ela está
no organismo essa capsula se torna menor.

Patogênese:
A principal porta de entrada é o sistema respiratório, sendo que normalmente as leveduras
maiores são filtradas e ficam retidas na arvore respiratória superior (rinite micótica), já os menores
ficam depositados em alvéolos ou passam para a parte hematológica e se disseminam. Sempre passa
primeiro pela parte respiratória. Quando a forma menor se dissemina ela é capaz de atravessar a
barreira hematoalveolar e chegar na parte dérmica, causando lesões de pele normalmente em face.
Além disso, ele pode atingir o SNC. É muito mais comum inalarmos em locais fechados.
A ingestão não vai causar a doença, nem a inoculação, o animal tem que inalar.

Sintomatologia clínica:
 Gato: vai apresentar corrimento nasal uni ou bilateral, sendo seroso a mucopurulento e até
hemorrágico, pode ter espirros, respiração estertorante. Pode ter lesões granulomatosas,
lesões cutâneas que são relativamente comuns em 1/3 dos casos, nódulos isolados ou
múltiplos de rápido crescimento e também pode apresentar lesões no SNC (cerca de ¼ dos
casos).
 Cão: as lesões no SNC são mais encontradas no cão do que no gato, ele faz no cão uma
meningoencefalite granulomatosa. Também pode ter lesões cutâneas em ¼ dos casos bem
voltadas para face, lesões em globo ocular com corrimento ocular, neurite ótica,
coriorretinite granulomatosa, descolamento de retina e uveíte anterior. Quando atinge o
SNC ele faz uma disfunção de labirinto, nervo vestibular, medula olblonga rostral e cerebelo,
causando inclinação de cabeça, desequilíbrio e nistagmo.
Amostras:
Podemos coletar a amostra através de lavados endotraqueal e transtraqueal, podemos fazer
punção aspirativa por agulha fina (PAAF), swab de secreção dérmica se fizermos uma boa
escarificação ou podemos fazer coleta de líquido cérebro espinhal (LRC).
Diagnóstico:
Na citologia vamos ver leveduras, então temos que cultivar a 20°C e 35°C e entre 27-30 dias
vamos ter o crescimento.
Esse fungo normalmente vai estar envolvido com uma imunossupressão.

RINOSPORIDIOSE

É uma micose crônica das mucosas nasais e ocular de equinos, com formação de granulomas
vegetantes e poliposos. Agente etiológico é o Rhinosporidium seeberi e as lesões são pólipos
pedunculados.
Ele é um fungo não cultivável, ou seja, não tem crescimento no meio de cultivo, então não
adianta mandar o fungo para o laboratório. Devemos tirar um pedaço do tecido e fazer microscopia
direta, onde vamos observar os esporângios em graus de maturação diferentes, dentro deles
teremos os esporangiosporos.

Sinais clínicos:
Quanto maior o pólipo mais obstrutivo ele é. A evolução é sempre longa e os sintomas
dependem da localização e do tamanho dos pólipos, na narina o animal vai ficar incomodado, vai
tentar espirrar, vai coçar o focinho e pode apresentar corrimento nasal claro, podendo ter estrias de
sangue, também podem ter epistaxe e obstrução das vias aéreas. Um cavalo de corrida vai ter
diminuição no seu desenvolvimento.

Diagnóstico:
Devemos retirar um pedaço do tecido e fazer a microscopia direta, fazer histopatologia.

Tratamento:
É cirúrgico.

Você também pode gostar