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Morigeração Cultural em Curitiba:

O papel das sociedades artísticas curitibanas na formação do gosto de música erudita


Melissa Anze,*1 Álvaro Carlini #2
*
Departamento de Artes, Universidade Federal do Paraná
#
Departamento de Artes, Universidade Federal do Paraná
1 melissaanze@yahoo.com.br, 2alvarocarliniufpr@gmail.com
Palavras-Chave
Curitiba, sociedades artísticas, morigeração

RESUMO Desde as primeiras décadas do século XIX, com a instituição


das primeiras posturas municipais levadas a cabo pelos
Este artigo propõe articular o conceito de morigeração com algumas vereadores de Curitiba, as manifestações culturais que se
realizações culturais e artísticas curitibanas da primeira metade do passavam dentro dos limites da cidade – entre elas o fandango
século XX, em especial as sociedades artísticas de promoção à e os sarais – foram regulamentadas e moldadas com o intuito
música erudita. A partir da constatação morigeradora, formativa e, de “civilizar” a população curitibana e inculcar o sentido da
portanto, funcional da música erudita na sociedade curitibana do morigeração em seus costumes e hábitos.
período, tenciona-se, através de uma revisão bibliográfica,
compreender como se deu a formação e a consolidação do Tanto as primeiras gerações de fazendeiros instruídos quanto a
tradicional no repertório de música erudita em Curitiba de meados pequena burocracia eram compostas, em sua maioria, de recém-
do século passado. conversos a valores e práticas culturais da burguesia européia.
Nesse primeiro momento, a sua afirmação cultural passava pela
negação dos velhos costumes. Esse grupo seria mais crítico em
relação às manifestações culturais do restante da população
I. INTRODUÇÃO paranaense do que tinham sido os próprios representantes do
estado colonial português. Por todo lado eles veriam barbárie,
Segundo o historiador Magnus PEREIRA (1996), se maus costumes e atraso. Como integrantes dessa geração, os
quiséssemos, a posteriori, imaginar uma direção para a vereadores de Curitiba e Castro, responsáveis pelas primeiras
história do Paraná, “diríamos que ela caminhava no sentido da posturas do período imperial, estavam profundamente auto-
morigeração”. O autor, em seu estudo sobre o ordenamento imbuídos do papel de civilizadores. O preâmbulo das posturas de
jurídico e econômico da sociedade paranaense entre os anos Curitiba de 1829, também adotado nas de Castro de 1830, é
de 1829 e 1889, elucida o sentido deste conceito – hoje em extremamente significativo a esse respeito. Naquele momento, tais
vereadores se propunham a criar por decreto um povo portador de
desuso, mas frequentemente utilizado pelas camadas
hábitos morigerados. (PEREIRA, 1996, p. 136)
dominantes do período – quando faz notar a transformação
dos indivíduos, atitudes e costumes, e assim das práticas Das consequências sociais e culturais das atitudes
sociais, econômicas e das manifestações culturais e artísticas, “civilizadoras” em Curitiba, Liana Marisa JUSTUS (2002)
sendo padronizados a um “ideário burguês”. apontou, entre as primeiras décadas do século XX, a
O que se buscava, sobretudo pela sociedade curitibana, era preocupação curitibana com a etiqueta, com o protocolo e
uma imitação dos gostos, modismos e hábitos burgueses com a representação social em eventos artísticos, que
europeus, ou ainda uma “fabricação” mais apropriada desta prevaleciam e antecediam até mesmo o próprio
nova sociedade, correlata àquelas que existiam nos mais conhecimento artístico/ musical que se iria presenciar.
importantes centros do mundo ocidental. Segundo a autora, em seu estudo sobre práticas, platéias e
sociabilidades musicais em Curitiba nas primeiras três
Este termo (...) era frequentemente utilizado pelas camadas
décadas do século XX, essas preocupações com os modos e
dominantes da sociedade paranaense do século XIX para representações sociais, aliadas a outros fatores como, por
designar um conjunto de atributos que consideravam como exemplo, a multiplicidade cultural e social curitibana – em
positivos. Por extensão, os portadores destes atributos função da imigração européia ocorrida em finais do século
definiam-se como morigerados, enquanto os demais eram os XIX –, formou o gosto e configurou a platéia de música
não-morigerados. Morigerados eram aqueles que erudita em Curitiba, a partir de modelos europeus
compartilhavam do ideário da positividade do trabalho e da assimilados e veiculados pela imprensa local.
acumulação. Também eram morigerados aqueles que sabiam Para Curitiba entrar no “rol” das nações civilizadas, ou
comportar-se dentro de determinadas regras de etiqueta
morigeradas, era preciso mover-se em direção à cultura, à
consideradas civilizadas. Não-morigerados eram aqueles que
contrariavam esse ideário e essas regras, portanto, a grande arte. Para tanto era necessário que todas as classes
maioria da população paranaense que, ao longo do século, será participassem ativamente desta educação artística
levada a morigerar os seus costumes. (PEREIRA, 1996, p. 12) pragmática, na qual importava morigerar adequadamente e
efetivamente a população curitibana. Era preciso estar nos
eventos artísticos, mesmo não compreendendo a arte que
estava sendo presenciada no evento. A platéia curitibana,
segundo JUSTUS (2002), foi formada antes pela etiqueta – Estado, sendo que este subvencionava as óperas. Este
pelo “vestir-se bem” e ter “bons modos” – do que modelo de sociedades artísticas privadas, de público
propriamente pelo “gosto” musical/ artístico. predominantemente burguês, mantidas pelo pagamento de
Ainda que houvesse uma “chamada” geral para a população entrada nas salas de concerto ou por subscrições, adentrou o
curitibana, e fosse aparentemente apenas necessário século XX e ganhou espaço também entre o público de
comportar-se e vestir-se bem nos eventos artísticos, o que ópera, desenvolvendo assim uma platéia mais heterogênea e
de certa forma abria espaço para a ascensão de camadas não de proporções muito maiores.
pertencentes à alta elite da população, deve-se relativizar a No Brasil, esse modelo de sociedade artística também
flexibilidade entre os espaços das camadas sociais. Ser ganhou espaço, já no século XIX, sobretudo na capital do
“culto” e “elegante” não significava apenas estar bem Império e em São Paulo.
vestido e comportar-se adequadamente. Por certo, entender
a arte e aprimorar o gosto também faziam parte de uma O Rio de Janeiro e São Paulo viveram situações similares
preparação para participar dos eventos na cidade e, assim, [a Paris], com muitas sociedades artísticas atuantes, pois a
distinguir-se e marcar com nitidez as diferenças sociais. classe burguesa tinha o seu modo próprio de cultivar a
música: fundava sociedades filarmônicas, sociedades para o
cultivo da música de câmera, coral ou operística, promovia
É nesse contexto, que surpreende a presença, no currículo
o ensino da música, cuidava da indústria e do comércio de
escolar, de grande número de disciplinas referentes às artes
instrumentos. (JUSTUS, 2002, p. 72)
e às línguas estrangeiras, e a grande carga horária a elas
dedicada, demonstrando mais uma vez o quanto a educação
e a escola, apesar dos discursos, visavam à preparação da A música importada da Europa, desde meados do século
elite. (PROSSER, 2004a, p. 86) XVIII, foi uma das formas que as sociedades dos
emergentes centros urbanos brasileiros – especialmente a
Não apenas as escolas, mas também as atuações das carioca – encontraram para estreitar laços com costumes e
sociedades artísticas – tanto aquelas fundadas por gostos do Velho Mundo. Isto era importante no sentido de
imigrantes e seus descendentes, como, por exemplo, a conferir à alta sociedade brasileira civilidade em meio à
Sociedade Thalia, quanto aquelas formadas por curitibanos paisagem e gostos exóticos do Novo Mundo.
tradicionais, como o Clube Curitibano – foram Assim, a importação de compositores e instrumentistas
fundamentais à educação musical mais efetiva de parte da europeus renomados, costumes, gostos e modelos europeus
sociedade curitibana do início do século XX, e para a transformaram o Brasil num palco de apresentações da arte
consolidação de um gosto musical alinhado à tradição musical européia no século XIX. Sobretudo a efervescência
européia, tal como sugeria o conceito de morigeração do do gosto pela ópera italiana foi fator fundamental à
século XIX. caracterização do cenário musical brasileiro no período.
À “febre operística” somou-se o gosto pela “música
clássica” germânica das altas sociedades de salão a partir da
segunda metade do século XIX:
II. CARACTERIZAÇÃO DAS SOCIEDADES
ARTÍSTICAS: DA EUROPA AO BRASIL
Como os grupos elitistas de Paris, a elite carioca abraçou a
música clássica como um poderoso meio de distingui-los
Para a compreensão das sociedades artísticas, serão da baixa riqueza e da aparente baixa cultura. Mas no Rio de
ampliados o espaço e tempo da análise, buscando na Europa Janeiro Imperial a música também serviu para aumentar
do século XVIII o início das entidades especializadas no seus sentimentos de pertencimento de uma imaginada
fomento da música erudita. ‘elevada cultura’ européia. (...) Com um problemático
Foi a partir da ascensão da burguesia européia, ávida pela cenário social, político e econômico, a música clássica foi
música absoluta – ou seja, a música sem função religiosa ou uma maneira crucial de salvar a identidade da elite,
como acompanhamento para qualquer forma de garantindo a ela uma distinção não apenas social, mas
dramatização – que começou a se formar um público também de superioridade cultural. (MAGALDI, 2004, p.
específico de concertos, e que se diferenciava de um 66)
público de ópera, próprio da nobreza.
Cristina MAGALDI (2004) identificou e problematizou, a
A luta da burguesia contra a aristocracia e o absolutismo partir dos programas de concertos dos principais clubes
manifestou-se também no plano cultural, e um dos sinais musicais fluminenses Clube Mozart, Clube Beethoven e a
disso foi a expansão da música até lugares por ela antes Sociedade de Concertos Clássicos, a força da ‘mística’ da
pouco freqüentados. Assistiu-se, então, a um grande música clássica na alta sociedade carioca da segunda
desenvolvimento de concertos privados e execuções metade do século XIX como meio de garantia social.
amadorísticas, bem como ao nascimento da sala de Apreciar música clássica – ainda que sem a compreender –
concertos, um lugar onde era possível ouvir música que não atribuía à elite carioca status, uma forma de identificá-la e
havia sido encomendada, desde que se quisesse ou pudesse
pagar. (JUSTUS, 2002, p. 66)
de diferenciá-la na sociedade. Surgiram assim, a partir da
No século XIX, quando já havia um público de concertos, segunda metade do século XIX, vários clubes próprios à
começou-se a organizar orquestras filarmônicas e suas apreciação deste gênero, substitutos do interrompido
respectivas sociedades, mantidas independentemente do patrocínio imperial e em geral com nomes de grandes
compositores europeus – como os já citados Clube Mozart e abertura de mais escolas de música na cidade e o desejo da
Clube Beethoven – o que aumentava a conexão com a intelectualidade de aqui se criar uma escola superior de arte.
Europa dos clássicos. Havia ainda a contratação de artistas estrangeiros ou
A função social das sociedades artísticas passava pela brasileiros para concertos, recitais e conferências. Muitos
necessidade da “burguesia” em ser vista como um compositores, obras (sobretudo européias) e intérpretes
apreciador das artes, à maneira das sociedades de corte. Nos foram conhecidos e apreciados pelos curitibanos através
espaços criados para a apreciação dos concertos clássicos, destas organizações culturais privadas atuantes na capital.
da música para aprimoramento e elevação cultural, era Inspiradas em modelos europeus e cariocas do século XIX,
possível distinguir-se do público do entretenimento da as sociedades artísticas curitibanas mantiveram-se à parte
ópera. A música, portanto, era, antes de tudo, uma dos diferentes paradigmas composicionais, atrelando-se à
ferramenta social. música erudita européia setecentista e oitocentista e
consolidando, assim, o gosto pelo tradicional.

A herança trazida pelos músicos luso-brasileiros e


III. AS SOCIEDADES ARTÍSTICAS estrangeiros e desenvolvida durante este período nos
CURITIBANAS: ESPAÇOS DE grupos que formaram e nas escolas de música que criaram,
bem como o tipo de repertório utilizado garantiam uma
MORIGERAÇÃO CULTURAL E SOCIAL tradição sólida, rica e efervescente. Este compreendia a
música tocada nas principais salas de concerto da Europa.
Em Curitiba, as primeiras sociedades artísticas fundadas Era música européia, mas dos séculos XVIII e XIX. Os
pelos imigrantes europeus também tinham um caráter social compositores paranaenses da época, assim como os
associado ao artístico. pintores e os literatos “bebiam, nas fontes”, ainda, de finais
do 1800. Na música, assim como nas outras artes, as idéias
modernistas desencadeadas em São Paulo demoraram para
Em Curitiba, o papel das primeiras instituições e clubes
encontrar eco. Percebia-se, ao contrário, uma reação contra
musicais foi o de cultivar o canto, a música vocal, o canto
as novas linguagens. Argumentava-se que não era
coral, com um enfoque educativo e de entretenimento. Tais
importante fazer música nacional, mas, sim, música.
sociedades, em sua maioria, formadas por imigrantes,
(PROSSER, 2004a, p. 178)
preocupavam-se também em mesclar esses objetivos com o
auxílio-doença e auxílio-funeral aos seus associados, a
partir da segunda metade do século XIX. (JUSTUS, 2002, Nesta predileção pela música européia setecentista e
p. 81) oitocentista reside uma contradição: o apego pela música
clássica e romântica européias e a aversão às novas
Durante as primeiras décadas do século XX, as sociedades linguagens, quando se pretendia ser uma “cidade moderna”
musicais curitibanas tiveram papel importante na e até mesmo “cosmopolita”, como as mais importantes
movimentação social da cidade: era ao redor delas que se cidades européias (Paris) e brasileiras (Rio de Janeiro e São
empreendia boa parte da vida social das pessoas, Paulo), que sempre a inspiraram culturalmente.
principalmente da elite curitibana, dos imigrantes e seus
(...) ainda na década de 1940, Curitiba estava entretida e
descendentes.
ocupada consigo mesma, mantendo-se à parte do que
Ainda que algumas entidades – como a Sociedade Thalia, ocorria de mais importante nos movimentos estéticos, tanto
por exemplo, que abrigou a partir de 1946 a Orquestra nacionais (paulistanos e cariocas) quanto europeus.
Estudantil de Concertos – já apresentasse programações Curitiba continuava “encastelada na sua própria torre de
musicais de excelente qualidade para seu público e tinham marfim”. Foi apenas nas décadas seguintes que os
um cunho essencialmente artístico, outras, como o Clube movimentos da vanguarda se fizeram sentir. Na música,
Curitibano, com José Penalva, e nas artes visuais com os discípulos de
Guido Viaro. (PROSSER, 2004a, p. 195)
(...) não tinham preocupação com o conteúdo programático
e musical de tais concertos, que antes de mais nada eram No esteio da tradição em música erudita, destacamos a
uma oportunidade para reunir a ‘elite social’, que gostava atuação da Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê
de aparecer como “culta e elegante”, no entanto sem (SCABI), fundada em 1944, para alguns autores a sociedade
comprometimento com a arte musical em si. (JUSTUS, artística mais importante da primeira metade do século XX.
2002, p. 84)
(...) as obras eram predominantemente européias, do
Aos poucos, conforme RODERJAN (2004), mesmo o classicismo e do romantismo, numa clara preferência pelo
Clube Curitibano, nas décadas de 1940 e 1950, tradicional. Constavam, também, obras de compositores
“assessorado por intelectuais e musicistas de alto gabarito”, brasileiros e paranaenses, como Brasílio Itiberê e Bento
promoveu eventos de boa qualidade musical, trazendo para Mossurunga, mas sempre com linguagens aparentadas
seus associados “renomados expoentes da música àquelas. (PROSSER, 2004b, p. 129)
internacional e excelentes conferencistas”. Sobre a atuação da SCABI importa destacar, neste contexto,
As sociedades artísticas curitibanas vinham atuando no seu caráter educativo, formador. Segundo Álvaro CARLINI
intuito de trazer aos seus associados, principalmente música & Alan MEDEIROS (2008), era grande o esforço da
erudita européia, através da formação de pequenos entidade nas questões pedagógicas tanto quanto em suas
conjuntos e de orquestras próprias, o que fomentou a realizações artísticas.
morigerador e socializador da música erudita que se
Os esforços da SCABI em suas investidas visando ao empreendeu na cidade, entende-se também – ainda que
desenvolvimento das atividades musicais na cidade de parcialmente – o alinhamento ao gosto europeu e a
Curitiba, através da realização de concertos educativos, caracterização formativa dos empreendimentos musicais
palestras e festivais, vieram de encontro a um período de
em Curitiba a partir da segunda metade do século.
lacunas existentes na educação musical no Paraná. A
instituição foi uma das principais incentivadoras na criação Isto pode ser verificado nas opções de repertório dos
de uma escola oficial de artes em Curitiba [EMBAP]. concertos e no caráter didático das apresentações e
(CARLINI & MEDEIROS, 2008, p. 41) conferências realizadas pela Sociedade Pró-Música de
Curitiba (SPMC), fundada em 1963, ou ainda nas
Mais uma vez, a arte era imbuída de uma função social e até edições dos Festivais Internacionais de Música de
mesmo morigeradora. A educação social através da música Curitiba e Concursos Internacionais de Música do
fica bastante visível nas atividades corais da entidade. Paraná, atuantes entre as décadas de 1960 e 1970 e
De acordo com o historiador social Álvaro CARLINI promovidas pela entidade, e que se tornaram referências
(2007), a preocupação da SCABI com a formação de na história da música curitibana do século XX.
grandes grupos corais alinhava-se à política educacional e
cultural do Estado Novo getulista (1937-1945).

A SCABI fundou, em 1945, cinco grandes agremiações REFERÊNCIAS


vocais constituídas por universitários, estudantes
normalistas e crianças de cursos primários, todas sob a
regência de Ernani Braga, a saber: o Orfeão da Escola de
Professores (320 vozes), o Orfeão Universitário (100 CARLINI, Álvaro. Corais na SCABI (1945-1965). In: Simpósio de
vozes), o Orfeão do Colégio N. S. de Lourdes (35 vozes), o Pesquisa em Música, 4, 2007, Curitiba. Anais... Curitiba:
Grande Coral Misto e o Orfeão das Escolas Primárias SIMPEMUS, 2007. p. 21-29.
(3.000 vozes). (CARLINI, 2007, p. 22) CARLINI, Álvaro & MEDEIROS, Alan. A Sociedade de Cultura
Artística Brasílio Itiberê (SCABI) e a promoção de concertos
Era importante inculcar, a partir da educação social através musicais: apresentações com intérpretes de origem germânica e
da música, nas crianças e nos operários, nas “gentes não- do leste europeu em Curitiba, Paraná, entre 1945-1954. In:
morigeradas”, um conjunto de atributos que a Simpósio de Pesquisa em Música, 5, 2008, Curitiba. Anais...
Curitiba: SIMPEMUS, 2008. p. 37-44.
intelectualidade curitibana considerava como positivos e
JUSTUS, Liana Marisa. Práticas, platéias e sociabilidades musicais em
que, neste momento, alinhava-se às pretensões do Estado Curitiba nas primeiras três décadas do século XX. Curitiba,
Novo. 2002. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal
do Paraná.
Conforme consta em seus estatutos, a SCABI tinha por MAGALDI, Cristina. Music in Imperial Rio de Janeiro: European
objetivo principal o fomento da vida cultural musical de Culture in a Tropical Milieu. Lanham: Scarecrow Press, 2004.
Curitiba (...) além da promoção de atividades de “educação PEREIRA, Magnus Roberto de Mello. Semeando iras rumo ao
social através da música”, mediante o canto orfeônico não progresso: (ordenamento jurídico e econômico da Sociedade
apenas com estudantes, mas também com operários. A Paranaense, 1829 – 1889). Curitiba: Editora da UFPR, 1996.
preocupação em envolver os operários nessas atividades ia PROSSER, Elisabeth Seraphim. Cem anos de sociedade, arte e
ao encontro do pensamento nacional de “plasmar a massa educação em Curitiba: 1853 – 1953: da Escola de Belas Artes e
informe menos esclarecida”, isto é, “o povo”, por meio da Indústrias, de Mariano de Lima, à Universidade do Paraná e à
educação e da cultura, “salvadoras e redentoras”. Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Curitiba: Imprensa
(PROSSER, 2004b, p. 127) Oficial, 2004a.
PROSSER, Elisabeth Seraphim. Polêmica e controvérsia na Criação da
Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê. In: NETO,
Manoel J. de Souza (Org.). A [des]Construção da Música na
IV. CONCLUSÃO Cultura Paranaense. Curitiba: Editora Aos Quatro Ventos,
2004.
RODERJAN, Roselys Velloso. Aspectos da Música no Paraná (1900-
A partir das realizações das entidades artísticas 1968). In NETO, Manoel J. de Souza (Org.). A [des]Construção
curitibanas, principais redutos da música erudita em da Música na Cultura Paranaense. Curitiba: Editora Aos
Curitiba, sobretudo na primeira metade do século XX, Quatro Ventos, 2004, p. 81-96.
compreende-se a caracterização e a consolidação do
gênero nesta sociedade. A concretização,
reconhecimento e sucesso das diversas organizações para
a apreciação e educação pela música erudita mostram
que a sociedade curitibana da primeira metade do século
XX estava socialmente e culturalmente preparada para
receber tais empreendimentos, assim como demandava
organismos desse gênero.
Das escolhas tradicionais do período, assim como das
maneiras de realizá-la, considerando-se o caráter

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