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Documento 1
Documento 1
Texto I
A boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca
A seca é um fenômeno natural, mas, quando prolongada, causa graves problemas, como os que
atingem o sertão. Há relatos de secas nordestinas desde o início da colonização portuguesa. Na
estiagem de 1983, 1 milhão de sertanejos se inscreveram no programa de emergência para receber
dinheiro para a construção de açudes. Muitos outros emigraram para o Sudeste e engrossaram o
trabalho em construtoras e fábricas. A seca do ano passado causou a perda de 18 mil empregos na
região.
Para atenuar o problema, o Estado brasileiro desenvolveu, principalmente a partir do século XX,
políticas públicas de combate aos efeitos da seca. O primeiro órgão criado foi o Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS),
em 1909, e que existe até hoje, vinculado ao Ministério da Integração Nacional. Seu objetivo é
executar ações para beneficiar as áreas atingidas e fomentar obras de proteção contra as secas e
inundações, como a construção de açudes, que permitem tornar perenes rios intermitentes. Outra
ação governamental foi criar uma legislação específica para a região, denominada então de Polígono
das Secas, em 1951.
O atual governo federal investiu mais de 20 bilhões de reais em obras de infraestrutura, como os
sistemas coletivos de abastecimento de água, adutoras para a distribuição das águas das barragens e
as próprias barragens, além da operação de carros-pipa, construção de cisternas e recuperação de
poços. Dentre as obras, está a controversa transposição do Rio São Francisco. A previsão de gastos é
de 8 bilhões de reais. Alguns especialistas afirmam que a construção de poços profundos e de cisternas
para a coleta de água da chuva seria uma alternativa mais eficaz e barata para combater a seca.
Opositores da obra também argumentam que o projeto não alcançará muitas comunidades e
beneficiará principalmente os grandes fazendeiros, além de causar impactos ambientais ainda não
bem mensurados no entorno do “Velho Chico”.
(...)
O Brasil é um dos países mais ricos em recursos hídricos e abriga 12% de toda a água potável do
mundo. Esse precioso líquido, porém, não se distribui de maneira uniforme pelo território nacional.
Cerca de 72% das reservas encontram-se nos rios da Região Norte, que reúne menos de 5% da
população nacional. Em 2013, enquanto os nordestinos pediam chuva, as populações ribeirinhas dos
rios da Bacia do Amazonas torciam para que parasse de chover. No Amazonas, 26 municípios
declararam situação de emergência, incluindo a capital, Manaus.
No Sudeste, os desafios ligados à água são de outro tipo, relacionados às grandes metrópoles e à
falta de planejamento e manejo adequado, pois, para se tornarem potáveis para uso humano, as
águas precisam passar por um processo de tratamento. Como resultado, temos uma conta difícil de
fechar. Mas, mesmo em lugares em que há abundância, muitas vezes a população não recebe água
tratada. Existem propostas para garantir a oferta de água a todos os brasileiros, tornando o
resultado desse cálculo mais igualitário. Segundo especialistas, a solução passa por ações como o
controle de uso das reservas, monitoramento constante do meio ambiente, planejamento urbano
eficiente, investimentos em cisternas, construção de poços e de infraestrutura de distribuição de
água tratada.
Um tanto da água potável não está à luz do sol, mas escondido em aquíferos, formações geológicas
subterrâneas. Os especialistas calculam que essas reservas guardam um volume 100 vezes maior
que o da água doce superficial existente no planeta. E o Brasil é privilegiado também nesse quesito,
pois possui 27 aquíferos, incluindo um dos maiores do mundo: o Aquífero Guarani, que se espalha
sob 1 milhão de quilômetros quadrados, pelo subsolo de oito estados do Centro-Oeste, Sudeste e
Sul do Brasil. O restante está sob os territórios de Uruguai, Paraguai e Argentina. Há estudos
apontando que o depósito reserva 37 mil quilômetros cúbicos de água, volume suficiente para
abastecer, sozinho, a população brasileira por muitos séculos. Mas ainda é difícil ter precisão nos
cálculos, pois há poucas pesquisas a respeito.
O uso das reservas hídricas do subsolo requer planejamento. Os aquíferos abastecem rios e poços,
mas, se sua água for retirada num ritmo mais intenso do que o de reposição natural (que é muito
lento), o nível pode descer perigosamente. A poluição também ameaça os reservatórios: o Guarani
corre risco nos pontos em que a água aflora naturalmente à superfície. Já há sinais de contaminação
por esgoto e agrotóxicos, que chegam até o subsolo quando jogados por indústrias e fazendas e são
absorvidos, particularmente no Rio Grande do Sul e no interior de São Paulo.
Texto 3