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PM-RN (Oficial de Saúde-Médico-Clínica
Médica) Conhecimentos Específicos -
2022 (Pós-Edital)
Autor:
Ricardo Humberto de Miranda
Félix
19 de Fevereiro de 2022
Sumário
Apresentação ................................................................................................. 2
Imunologia............................................................................................... 3
Dermatologia .......................................................................................... 6
Intoxicações ........................................................................................... 15
Vitaminas ............................................................................................... 22
Imunologia............................................................................................. 26
Dermatologia ........................................................................................ 38
Intoxicações ........................................................................................... 80
Vitaminas ............................................................................................... 98
APRESENTAÇÃO
Olá, aluno do Estratégia!
Bons estudos!!
QUESTÕES MISCELÂNEA
1. (FCC/AL-SE – 2018)
2. (CEBRASPE/TRE-BA – 2017)
Uma estudante, de vinte e um anos de idade, procurou atendimento médico por apresentar
quadro de edema de face, mãos e(ou) pés não pruriginosos ou dolorosos, sem outros sintomas.
A paciente informou que, que desde os seis anos de idade, o referido quadro clínico se
manifestava, mas os sintomas regrediam espontaneamente após o uso, por dois ou três dias, de
anti-histamínico ou corticoide. Ela relatou, ainda, que, desde a infância, sofre com múltiplas crises
semelhantes e que vem se consultando frequentemente com médicos. Por fim, informou que o
seu pai apresenta edema ocasional em genitais, pés e face, os quais regridem espontaneamente.
(A) a realização de profilaxia durante os procedimentos eletivos não é obrigatória, caso seja
confirmado o principal diagnóstico clínico em suspeição.
(B) a terapêutica para o principal diagnóstico clínico inclui a associação de corticoide com
imunomoduladores.
3. (FCC/TRT16 – 2009)
4. (VUNESP/EBSERH-UFU-HCU – 2020)
Jovem, 22 anos, é trazido ao pronto atendimento pelo SAMU, após reação alérgica a várias
picadas de abelhas. Apresentou estridor laríngeo inspiratório no local de atendimento, onde
recebeu adrenalina intramuscular e foi intubado. Ao exame físico, apresenta agitação, PA = 70 x
45 mmHg, FC = 130 bpm e sibilos expiratórios na ausculta pulmonar. Após ressuscitação volêmica
vigorosa, não apresentou melhora hemodinâmica.
Assinale a alternativa que apresenta a próxima conduta que deve ser adotada.
(A) Ceftriaxona.
(B) Dopamina.
(C) Dobutamina.
5. (FCC/TRT24 – 2011)
(A) IV e II.
(B) I e III.
(C) II e I.
(D) IV e III.
6. (FCC/TRT15 – 2018)
Uma mulher de 23 anos é vítima de uma picada de cobra e recebe tratamento com soro
antiofídico. Decorridos 10 dias, apresenta lesões urticariformes no tronco e membros, febre,
artralgia difusa e adenomegalia leve axilar. Alguns exames laboratoriais corroboram a principal
hipótese diagnóstica, NÃO sendo provável a ocorrência de
(D) leucopenia.
7. (FCC/TRF3 – 2007)
8. (FCC/TRT5 – 2013)
(C) paroníquia.
(D) balano-postite.
9. (CEBRASPE/TRE-PE – 2017)
Um homem de setenta e oito anos de idade, morador de um asilo e portador do mal de Alzheimer,
procurou atendimento médico por apresentar um quadro caracterizado por: presença de pápulas
de 2 mm a 5 mm; escoriações em regiões interdigitais, na face anterior dos punhos, nas axilas e
na região escrotal, aparecidas havia trinta dias; e prurido, principalmente no período noturno. Ele
informou que usava regularmente, havia seis meses, cloridrato de memantina e negou história de
sintomas semelhantes ao do quadro atual. O paciente havia sido medicado anteriormente com
corticosteroide tópico e anti-histamínico via oral, mas não tinha melhorado. O exame clínico e os
exames complementares básicos não apresentaram alterações.
Considerando-se o caso clínico apresentado, é correto afirmar que a hipótese diagnóstica mais
provável é
(E) escabiose.
Um paciente de 20 anos de idade, tomou por conta própria um anti-inflamatório não esteroidal
(AINES) da classe de naproxeno sódico em razão de torção no tornozelo. Após 30 minutos da
ingesta, o paciente apresentou reação urticariforme em dorso e abdome anterior com progressão
mesmo após uso de prednisona 20 mg via oral. Após 24 horas da ingesta, a reação cutânea
progrediu para eritema multiforme associado a descamação cutânea, envolvendo acima de 30%
de superfície corporal com lesão de mucosa oral, sem edema articular ou linfoadenopatias.
(B) A síndrome de Steven Johnson não é considerada uma complicação visualizada nas reações
alérgicas induzidas por fármacos, sendo mais prevalente aos agentes alimentares como frutos do
mar (crustáceos) ou picadas de animais.
(C) O diagnóstico do paciente é reação conhecida chamada de doença do soro, que são
complicações relacionadas à reação de hipersensibilidade do tipo III, causadas pela formação de
imunocomplexos de IgG.
(D) O tratamento de escolha para o paciente é pulsoterapia com corticoide, sendo a melhor opção
a dexametasona em doses imunossupressoras.
(E) O paciente deve ser internado imediatamente, e devem ser administrados anti-histamínicos,
corticoides, restrição hídrica para controle da sobrecarga volêmica e debridamento cirúrgico para
melhor cicatrização cutânea.
Um homem de 30 anos apresenta lesões escamosas com eritema discreto e leve prurido de
evolução crônica, desde a infância, com períodos de exacerbação, afetando o couro cabeludo,
face, principalmente o sulco nasogeniano, regiões retroauriculares e genitais. O diagnóstico mais
provável é de dermatite
(A) psoriática.
(B) atópica.
(E) seborreica.
O Diabetes mellitus gestacional (DMG) materno pode se associar a complicações para o bebê.
Assinale a alternativa que contenha complicação que, em geral, não se associa ao DMG.
(A) Obesidade
(D) Macrossomia
(C) ocorrer um aumento maior que 30 mmHg na pressão sistólica durante a gestação.
(D) ocorrer um aumento maior que 15 mmHg na pressão diastólica durante a gestação.
(E) ocorrer um aumento maior que 30 mmHg na pressão sistólica e maior que 15 mmHg na pressão
diastólica, durante a gestação.
Em uma mulher com mais de 20 semanas de gestação, alguns achados clínicos e laboratoriais
compõem o conjunto de critérios necessários para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, como os
abaixo, EXCETO
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(A) alfa-metildopa.
(D) rivaroxabana.
Uma mulher na sexta semana de gestação é diagnosticada com tracoma, em uma área
considerada endêmica para essa afecção. O tratamento de escolha é
Bacteriúria assintomática normalmente é uma condição benigna que não requer o uso de
antimicrobiano nem rastreamento periódico. Esse tratamento é reservado para
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(E) gestantes.
Bacteriúria durante a gravidez apresenta algumas particularidades, entre as quais NÃO se inclui:
(A) ovário.
(B) tireoide.
(C) pele.
(D) cólon.
(E) mama.
São dados que sugerem a suspeita de malignidade de uma lesão cutânea hipercrômica, o que se
lê na alternativa:
(A) Acromia, bordos irregulares, diâmetro > 6 mm, crescimento rápido e prurido.
(B) Assimetria, bordos irregulares, cor com tonalidades variadas, diâmetro > 6 mm e
elevação/ulceração.
(C) Atipia, bordos irregulares, coloração homogênea, diâmetro < 6 mm, dor e ulceração.
(D) Reaplicar filtro de proteção solar a cada 2 horas ou após cada mergulho.
(B) o câncer de pulmão deve ser rastreado em tabagistas com idade superior a 50 anos.
(C) o câncer de ovário deve ser rastreado por ultrassonografia a partir de 45 anos.
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O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando
assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias. O
Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não
há sinais nem sintomas suspeitos, em pacientes sem risco aumentado) seja ofertada para mulheres
com idade _____. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
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(B) vagina.
“Certa paciente apresentou exame colpocitológico alterado e em sua investigação posterior foi
diagnosticado carcinoma epidermoide de colo uterino. No estadiamento clínico detectou-se um
tumor de colo de 4 cm, exofítico, que acometia, também, o terço superior da vagina. Ao toque
retal: paramétrios acometidos.” De acordo com o estágio atual da doença desta paciente, qual é
a melhor forma de tratamento?
Em oncologia, a performance status utiliza escalas que são fundamentais para determinar a
factabilidade de um tratamento sistêmico e prognóstico do paciente. Na escala de Karnofsky, a
pontuação de 10% indica paciente
I. adultos jovens com idade igual ou superior a 18 anos, para hipertensão arterial.
III. homens entre 65 e 75 anos para aneurisma de aorta abdominal, por ultrassonografia.
IV. homens com mais de 45 anos e mulheres com mais 35 anos para dislipidemia.
(A) I e II.
(C) I e III.
(D) II e IV.
(E) II e III.
A história clínica e o exame físico são extremamente importantes para avaliação inicial e para
abordagem terapêutica da intoxicação exógena. Eles devem ser direcionados, tentando identificar
o agente da intoxicação, avaliar a gravidade e predizer toxicidade. O exame físico busca encontrar
sinais e sintomas que se encaixam no quadro de uma das grandes síndromes tóxicas. O
reconhecimento da síndrome permite a identificação mais rápida do agente causal e,
consequentemente, a realização do tratamento adequado.
Sobre o assunto, assinale a alternativa que melhor correlaciona o diagnóstico sindrômico com suas
características clínicas.
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Homem do campo, lavrador, com vinte e cinco anos de idade, foi admitido na UTI por quadro de
insuficiência respiratória aguda após provável tentativa de suicídio. Paciente sudoreico, com
sialorréia, pupilas mióticas, miofasciculações e FC: 45 bpm. Diante do caso, a provável etiologia
da intoxicação e qual a terapêutica recomendada estão descritos na alternativa:
III. Deve-se administrar bicarbonato de sódio e manter pH sérico entre 7,50 e 7,55.
(A) I e IV.
(B) I e II.
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(C) II e III.
(D) I e III.
Dos abaixo, o medicamento que causou a intoxicação e a conduta mais provável são:
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Paciente do sexo feminino de 30 anos é trazida ao pronto atendimento após ter sido encontrada
desacordada, com diminuição do ritmo respiratório, pupilas mitóticas bradirreagentes e com
várias cartelas de nitrazepam ao seu lado. Em relação às opções de manejo imediato assinale a
alternativa correta quanto à droga de eleição a ser administrada nesse caso.
(A) Atropina
(B) Naloxona
(C) Flumazenil
(D) Metoprolol
Uma criança de cinco anos de idade ingeriu uma cartela de paracetamol há cerca de 7 horas. Com
base nesse quadro a melhor conduta diante do caso está descrita na alternativa:
(A) hipoxemia.
(B) hipercapnia.
No tratamento de intoxicação por cocaína, com agitação, taquicardia, dor torácica e hipertensão
arterial, NÃO se recomenda o emprego de
(A) nitroglicerina.
(C) fentonamila.
(D) metoprolol.
(E) diazepan.
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(D) hipercalemia.
(E) choque.
Uma mulher de 76 anos é admitida com dores intratáveis devido a um câncer de mama
metastático. Ela é portadora de miocardiopatia isquêmica e tem um Cardioversor-Desfibrilador
Implantável − CDI para prevenção de morte súbita, que já foi disparado anteriormente. Ela tem
consciência de que está em fase final de vida, solicita medidas de conforto e pede para que o
desfibrilador seja desligado. Ela havia indicado sua filha como sua representante nas tomadas de
decisão médica. A decisão mais adequada diante das demandas da paciente é
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(B) piridoxina.
(C) haloperidol.
(D) tiamina.
(E) niacina.
Uma paciente com sessenta e cinco anos de idade e assintomática procurou atendimento médico
com a finalidade de realizar uma consulta para avaliar sua saúde. Ela informou que realizara a
última consulta havia dez anos e que, naquela ocasião, estava com o calendário vacinal em ordem.
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De acordo com as normas preconizadas pelo Ministério da Saúde, a paciente deverá tomar uma
dose de vacina para a prevenção de
(A) meningite.
(C) tuberculose.
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Mulher de 60 anos, com catarata inicial, refere dor ocular esquerda intensa, com náuseas e
vômitos, associada à perda visual. Há hiperemia ocular difusa e a pupila permanece em médio-
midríase fixa. A principal hipótese diagnóstica é
Homem de 40 anos, previamente hígido, apresenta queimadura de toda a cabeça e pescoço, além
do peito e abdome. As demais áreas (costas, nádegas, braços e pernas) foram poupadas. A
estimativa da área corporal lesada é, aproximadamente,
(A) 36%.
(B) 45%.
(C) 9%.
(D) 27%.
(E) 18%.
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1D 2D 3B 4D 5D 6E 7B 8B 9E 10 C
11 A 12 E 13 B 14 E 15 A 16 C 17 E 18 A 19 E 20 B
21 C 22 B 23 C 24 E 25 A 26 D 27 A 28 D 29 E 30 A
31 C 32 E 33 A 34 D 35 E 36 C 37 D 38 D 39 B 40 D
41 A 42 C 43 D 44 E 45 A 46 D 47 D 48 C 49 C 50 D
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QUESTÕES COMENTADAS
1. (FCC/AL-SE – 2018)
Comentário:
Os ataques cutâneos podem ser temporariamente desfigurantes, embora geralmente não sejam
perigosos. São frequentemente associados com dor e disfunção, além de inchaço. (alternativa C
errada) Um episódio tipicamente começa na pele com um formigamento peculiar ou sensação de
plenitude e irritação, seguido de inchaço e sensação de aperto nas próximas duas a três horas. O
angioedema se desenvolve nas primeiras 24 horas, depois diminui gradualmente de 48 a 72 horas.
O inchaço pode durar até cinco dias em alguns pacientes. (alternativa E errada) A dor abdominal
pode ser um pródromo das manifestações cutâneas, podendo surgir de forma recorrente, mesmo
na ausência destas. (alternativa D correta)
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Os gatilhos mais comuns das crises são trauma, especialmente durante manipulação dentária;
medicações como os inibidores da ECA, tamoxifeno, estrógeno (anticoncepcionais); menstruação,
gravidez; infecção por H. pylori.
Gabarito: D
2. (CEBRASPE/TRE-BA – 2017)
Uma estudante, de vinte e um anos de idade, procurou atendimento médico por apresentar
quadro de edema de face, mãos e(ou) pés não pruriginosos ou dolorosos, sem outros sintomas.
A paciente informou que, que desde os seis anos de idade, o referido quadro clínico se
manifestava, mas os sintomas regrediam espontaneamente após o uso, por dois ou três dias, de
anti-histamínico ou corticoide. Ela relatou, ainda, que, desde a infância, sofre com múltiplas crises
semelhantes e que vem se consultando frequentemente com médicos. Por fim, informou que o
seu pai apresenta edema ocasional em genitais, pés e face, os quais regridem espontaneamente.
(A) a realização de profilaxia durante os procedimentos eletivos não é obrigatória, caso seja
confirmado o principal diagnóstico clínico em suspeição.
(B) a terapêutica para o principal diagnóstico clínico inclui a associação de corticoide com
imunomoduladores.
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Comentário:
a) Os gatilhos mais comuns das crises são trauma, especialmente durante manipulação
dentária, sendo necessário profilaxia das crises (uso de andrógenos, por exemplo).
(alternativa errada)
Gabarito: D
3. (FCC/TRT16 – 2009)
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Comentário:
A urticária é mediada por mastócitos e basófilos cutâneos na derme superficial. Ambos liberam
múltiplos mediadores após a ativação, incluindo a histamina (que causa coceira) e mediadores
vasodilatadores (que causam edema localizado nas camadas superiores da pele). O mesmo
processo dá origem ao angioedema, quando os mastócitos mais profundos na derme e nos tecidos
subcutâneos são ativados.
• Mediado por IgE: medicamentos, insetos (ácaros), alimentos, produtos sanguíneos, látex
(contato ou inalado), alérgenos de contato (saliva animal, alimentos crus), aeroalérgenos
(raro), aditivos alimentares.
• Infecções de diversas etiologias, especialmente em crianças.
• Ativação direta de mastócitos: narcóticos, opiáceos, relaxantes musculares (por exemplo,
succinilcolina), agentes de radiocontraste, vancomicina.
• Estímulo físico: dermatografismo, frio, vibração, solar, esforço físico.
• Uso de antiiflamatórios não-esteroidais (AINES) e progesterona.
O mecanismo básico de formação das urticas reside na tríplice reação de Lewis: eritema inicial
pela dilatação capilar, resposta secundária produzida por uma dilatação arteriolar mediada por
reflexos nervosos axonais e formação da urtica causada pelo extravasamento de fluido do
intravascular para o extravascular, secundário ao aumento da permeabilidade vascular.
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• Urticária aguda: é considerada aguda quando está presente há menos de seis semanas.
• Urticária crônica: é considerada crônica quando é recorrente, com sinais e sintomas
recorrentes na maioria dos dias da semana, por seis semanas ou mais.
Lesões cutâneas e de mucosa ocorrem em até 90% dos episódios, incluindo urticária generalizada,
coceira ou rubor, lábios inchados, úvula na língua, edema periorbital ou inchaço conjuntival. Pode
haver comprometimento respiratório e hipotensão com choque circulatório (anafilaxia).
As lesões cutâneas são placas eritematosas elevadas, circunscritas, muitas vezes com palidez
central. Podem ser redondas, ovais ou serpiginosas e variam em tamanho de menos de 1
centímetro a vários centímetros de diâmetro. O prurido é intenso e mais grave à noite. As lesões
individuais são transitórias, geralmente aparecem e aumentam ao longo de minutos a horas e
depois desaparecem dentro de 24 horas. Qualquer área do corpo pode ser afetada, embora as
áreas em que a roupa comprime a pele ou a pele esfregue articulações (axilas) sejam às vezes
afetadas de forma mais dramática.
A maioria dos pacientes com urticária crônica é tratada com anti-histamínicos, considerados a
pedra angular no manejo desses doentes. Recomendam-se as drogas de segunda geração por ter
menor efeito sedativo (exemplo: cetirizina, loratadina, desloratadina). Metade dos pacientes
conseguem controle sintomáticos adequado. Glicorticoides são reservados para o controle de
curto prazo dos sintomas refratários.
Gabarito: B
4. (VUNESP/EBSERH-UFU-HCU – 2020)
Jovem, 22 anos, é trazido ao pronto atendimento pelo SAMU, após reação alérgica a várias
picadas de abelhas. Apresentou estridor laríngeo inspiratório no local de atendimento, onde
recebeu adrenalina intramuscular e foi intubado. Ao exame físico, apresenta agitação, PA = 70 x
45 mmHg, FC = 130 bpm e sibilos expiratórios na ausculta pulmonar. Após ressuscitação volêmica
vigorosa, não apresentou melhora hemodinâmica.
Assinale a alternativa que apresenta a próxima conduta que deve ser adotada.
(A) Ceftriaxona.
(B) Dopamina.
(C) Dobutamina.
Comentário:
Quadro clínico típico de anafilaxia. Trata-se de uma síndrome multissistêmica aguda mediada por
IgE (reação de hipersensibilidade do tipo I), caracterizada por uma exposição definida a uma causa
potencial (alimentos, drogas e picadas de insetos), seguida de sintomas geralmente em segundos
a minutos. Pode levar a morte em até 2% dos casos.
Lesões cutâneas e de mucosa são precoces e ocorrem em até 90% dos episódios, incluindo
urticária generalizada, coceira ou rubor, lábios inchados, úvula na língua, edema periorbital ou
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inchaço conjuntival. No sistema respiratório, podem ocorrer prurido e congestão nasal, espirros,
prurido ou aperto na garganta, disfonia, rouquidão, estridor, tosse, sibilância ou dispneia.
Critério 1
1. Início agudo de doença (minutos ou horas) com envolvimento da pele, mucosas ou ambos
(por exemplo, urticária generalizada, prurido ou eritema facial, edema lábios-língua-úvula).
3. Queda da pressão arterial após exposição a um alérgeno conhecido para o paciente (minutos
a horas):
a) Lactentes e crianças: pressão arterial sistólica baixa (idade específica) ou uma queda na
pressão arterial sistólica >30%.
b) Adultos: pressão arterial sistólica menor que 90 mmHg ou queda >30% na pressão arterial
sistólica basal.
Os sintomas podem ocorrer em minutos a horas depois do contato com o alérgeno, sendo mais
comuns na primeira hora subsequente. A rapidez com que os sintomas ocorrem guarda relação
com a gravidade dos sintomas. O quadro clínico pode seguir um curso unifásico, em que os
sintomas aparecem e não mais retornam; ou bifásico, quando os sintomas, reaparecem cerca de
8 a 10 horas após, ou até mesmo 72h após a resolução do quadro inicial.
O curso bifásico é encontrado em até 23% dos casos, sendo mais frequente me pacientes após
exposição oral ao antígeno ou naqueles com manifestações iniciais após 30 minutos da exposição.
Gabarito: D
5. (FCC/TRT24 – 2011)
(A) IV e II.
(B) I e III.
(C) II e I.
(D) IV e III.
Comentário:
As reações do tipo I requerem a presença de IgE específica do antígeno. Uma vez formada, a IgE
específica ocupa receptores de superfície nos mastócitos e basófilos. Se o antígeno for encontrado
novamente, ele pode se ligar a essas moléculas de IgE, causando ativação dos receptores e das
células, resultando em sintomas. As reações mediadas por IgE são dose-dependentes, porém
exposições muito baixas podem causar sintomas sistêmicos graves.
Os sinais e sintomas das reações do tipo I são de início imediato e diretamente atribuíveis aos
mediadores vasoativos liberados pelos mastócitos e basófilos. Os mais comuns são urticária,
prurido, rubor, angioedema da face, extremidades ou laringe; broncoespasmo, sintomas
gastrointestinais e hipotensão. A anafilaxia é a apresentação mais grave de uma reação mediada
por IgE.
As reações do tipo II são incomuns e envolvem destruição celular mediada por anticorpos. Podem
surgir quando drogas se ligam a superfícies de certos tipos de células e atuam como antígenos. A
ligação subsequente de anticorpos na superfície da célula resulta no recrutamento de macrófagos.
As reações do tipo II podem envolver a ativação do complemento.
As reações do tipo III são mediadas por complexos antígeno-anticorpo. São incomuns e
geralmente observadas no contexto de administração prolongada de medicamentos em altas
doses, semelhante às reações do tipo II. Acredita-se que a droga atue como um antígeno solúvel:
o fármaco se liga à sua IgG específica, formando pequenos complexos imunes que podem ativar
o complemento e precipitar em vários tecidos, incluindo vasos sanguíneos, articulações e
glomérulos renais.
Os sinais e sintomas levam uma ou mais semanas para se desenvolver após a exposição, uma vez
que quantidades significativas de anticorpos são necessárias para gerar sintomas relacionados aos
complexos antígeno-anticorpo. As reações do tipo III podem assumir várias formas: doença do
soro, vasculite ou febre medicamentosa.
As reações do tipo IV não são mediadas por anticorpos, em contraste com os outros três tipos
acima. As reações do tipo IV envolvem a ativação e a expansão das células T, o que requer tempo
(normalmente muitas horas ou dias após a exposição ao antígeno), daí o nome de
hipersensibilidade do tipo retardado. Em alguns casos, outros tipos de células (por exemplo,
macrófagos, eosinófilos ou neutrófilos) também estão envolvidos.
Gabarito: D
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6. (FCC/TRT15 – 2018)
Uma mulher de 23 anos é vítima de uma picada de cobra e recebe tratamento com soro
antiofídico. Decorridos 10 dias, apresenta lesões urticariformes no tronco e membros, febre,
artralgia difusa e adenomegalia leve axilar. Alguns exames laboratoriais corroboram a principal
hipótese diagnóstica, NÃO sendo provável a ocorrência de
(D) leucopenia.
Comentário:
• Doença do soro: a doença clássica do soro envolve febre, urticária ou erupção cutânea
purpúra, artralgias, glomerulonefrite aguda e linfadenopatia. Geralmente as manifestações
clínicas surgem uma a duas semanas após exposição ao agente responsável.
O tratamento básico inclui suspensão do agente causador. Sintomas leves a moderadas são
tratados com analgésicos comuns, AINES e anti-histamínicos. Nos casos graves é necessário
uso de corticoide. Plasmaférese é indicada quando o agente causador não pode ser
suspenso, como imunoglobulina anti-timócito em pacientes com anemia aplásica.
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Gabarito: E
7. (FCC/TRF3 – 2007)
Comentário:
Nosso sistema imunológico possui duas formas de resposta: inata e adaptativa. A imunidade inata
é inerente ao organismo, ou seja, o indivíduo já nasce com ela e é independente de qualquer
exposição prévia a antígenos. É realizada por macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos,
células NK (Natural Killer), células dendríticas, além do sistema complemento. A imunidade
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adaptativa se desenvolve após exposição a algum antígeno. Esse é reconhecido pelo sistema
inato, o qual o apresenta aos linfócitos, que desenvolvem uma resposta específica e de memória.
Numa segunda exposição, esse antígeno será prontamente combatido. É dividida em imunidade
celular, realizada pelos linfócitos T que atuam diretamente contra os agentes e imunidade humoral,
realizada pelos linfócitos B, via produção de anticorpos.
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Gabarito: B
8. (FCC/TRT5 – 2013)
(C) paroníquia.
(D) balano-postite.
41
Comentário:
As infecções fúngicas podem ser classificadas de acordo com o nível de invasão tecidual em
micoses superficiais, micoses cutâneas, micoses subcutâneas e micoses profundas ou sistêmicas.
Nesta questão faremos uma breve revisão sobre as micoses superficiais.
As micoses superficiais fazem parte de um grupo de doenças que não provocam uma resposta
inflamatória significativa no hospedeiro e está representada pelas ceratofitoses. Nelas, os fungos
se proliferam na camada córnea da pele ou sobre a haste livre de pelos. As micoses cutâneas, por
sua vez, podem causar mudanças patológicas no hospedeiro, sendo representada principalmente
pelas dermatofitoses (ou tíneas), quando os fungos são tipicamente queratinofílicos. Eles invadem
a camada córnea, os pelos e as unhas, desencadeando uma resposta imunoinflamatória superficial.
Como principal exemplo das ceratofitoses, tem-se a ptiríase versicolor, causada pelo fungo
Malassezia furfur, um saprobiota da pele humana em mais de 90% da população hígida.
Predominam nas áreas corporais ricas em glândulas sebáceas (couro cabeludo, face, tronco
superior), por necessitarem de ácidos graxos para sua nutrição. A doença é de ocorrência
universal, predominando em locais de clima quente e úmido. Acomete adultos de ambos os sexos,
após a puberdade, quando as glândulas sebáceas estão mais desenvolvidas. Acredita-se numa
predisposição constitucional do indivíduo à infecção.
O quadro clínico consiste em lesões, na maioria das vezes, assintomáticas, caracterizadas por
manchas ou máculas, múltiplas, confluentes, de cor variável conforme o paciente (daí o nome
"versicolor"). Podem ser hipocrômicas, apresentando uma descamação furfurácea ao se raspar a
pele com a unha, o famoso sinal de Zileri. Acomete a face, pescoço, tronco superior e a porção
proximal dos membros superiores. O couro cabeludo costuma ser afetado, sendo poupadas as
regiões palmoplantar e mucosa.
O diagnóstico é de acordo com a clínica e pode ser confirmado com a luz de Wood (fluorescência
rósea-dourada característica) ou com exame micológico direto. O tratamento geralmente é tópico,
com sulfeto de selênio a 2,5%, sob a forma de xampu, durante 4 semanas ou com antifúngicos
imidazólicos tópicos, como o tioconazol, ou cetoconazol creme.
Aproveitando a questão para aprofundar um pouco mais, tem-se que a tinea cruris é uma
dermatofitose que acomete a região perineal ou inguinocrural, tendo como principais agentes
etiológicos o Trichophyton rubrum e o Epidermophyton flocossum. A paroníquia, por sua vez, é a
infecção por Candida albicans da pele no entorno do leito ungueal e a balanopostite é o
acometimento por cândida na região balanoprepucial, comum em idosos. Por fim, a tricomicose
axilar é uma infecção causada por corineobactérias, que acomete o pelo da axila e pode acometer
os pelos pubianos também.
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Gabarito: B
9. (CEBRASPE/TRE-PE – 2017)
Um homem de setenta e oito anos de idade, morador de um asilo e portador do mal de Alzheimer,
procurou atendimento médico por apresentar um quadro caracterizado por: presença de pápulas
de 2 mm a 5 mm; escoriações em regiões interdigitais, na face anterior dos punhos, nas axilas e
na região escrotal, aparecidas havia trinta dias; e prurido, principalmente no período noturno. Ele
informou que usava regularmente, havia seis meses, cloridrato de memantina e negou história de
sintomas semelhantes ao do quadro atual. O paciente havia sido medicado anteriormente com
corticosteroide tópico e anti-histamínico via oral, mas não tinha melhorado. O exame clínico e os
exames complementares básicos não apresentaram alterações.
Considerando-se o caso clínico apresentado, é correto afirmar que a hipótese diagnóstica mais
provável é
(E) escabiose.
Comentário:
A escabiose é uma doença que acomete todas as classes sociais, raças e idades, embora
predomine nos indivíduos adultos e de baixa renda que moram em ambientes com aglomerados
humanos. É a forma mais branda e mais comum da sarna norueguesa. O quadro clínico consiste
em lesões que podem ser como túneis, de formato linear e sinuoso e coloração variável, que possui
em sua extremidade uma pápula ou vesícula. Esses organismos têm preferência pelas partes mais
quentes do corpo, como a porção inferior do abdome, nádegas, genitais, fossas axilares, mamas,
mãos. As principais complicações são a infecção secundária das lesões escoriadas.
O tratamento é feito principalmente com Permetrina, loção a 5%, por 3 noites seguidas, devendo
ser retirada do corpo no dia seguinte e repetido o esquema após sete dias e Ivermectina de acordo
com o peso do paciente.
43
Gabarito: E
Comentário:
Sua incidência na população está em torno de 2%, podendo acometer igualmente homens e
mulheres. Apresenta algum cunho genético e fatores desencadeantes conhecidos, como estresse
emocional, medicamentos que podem induzir a doença, infecções por estreptococos e fatores
físicos, como trauma cutâneo ou fenômeno de Koebner.
O quadro clínico consiste em lesões típicas tipo placa eritematoescamosas, bem delimitadas
(envoltas por pele normal), de tamanhos variados e tonalidade prateada. Em relação à distribuição,
tamanho e morfologia das lesões, podemos definir a psoríase vulgar (forma mais comum, com as
lesões típicas supracitadas) e as formas variantes de psoríase: numular, girata, anular, pustulosa,
entre outras. Na maioria das vezes, as lesões são assintomáticas, embora uma minoria de pacientes
refira prurido e sensação de queimação, especialmente nas lesões palmoplantares e
intertriginosas. Pode ter o Sinal de Auspitz, que é quando ocorre o sangramento após curetagem
e remoção das lesões e o fenômeno de Koebner, em que tem-se o surgimento de uma lesão típica
em áreas de trauma cutâneo.
A psoríase vulgar acomete principalmente couro cabeludo, região retroauricular, face extensora
dos cotovelos e flexora dos joelhos, região lombossacral e periumbilical no tronco, pavilhão
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auricular e dorso das mãos, poupando sempre, face e mucosas. O diagnóstico é clínico, ou, em
casos de dúvida, através de biópsia, e o tratamento pode ser feito com corticoide tópico,
fototerapia, ou uso de agentes citotóxicos e imunossupressores.
Gabarito: C
Um paciente de 20 anos de idade, tomou por conta própria um anti-inflamatório não esteroidal
(AINES) da classe de naproxeno sódico em razão de torção no tornozelo. Após 30 minutos da
ingesta, o paciente apresentou reação urticariforme em dorso e abdome anterior com progressão
mesmo após uso de prednisona 20 mg via oral. Após 24 horas da ingesta, a reação cutânea
progrediu para eritema multiforme associado a descamação cutânea, envolvendo acima de 30%
de superfície corporal com lesão de mucosa oral, sem edema articular ou linfoadenopatias.
(B) A síndrome de Steven Johnson não é considerada uma complicação visualizada nas reações
alérgicas induzidas por fármacos, sendo mais prevalente aos agentes alimentares como frutos do
mar (crustáceos) ou picadas de animais.
(C) O diagnóstico do paciente é reação conhecida chamada de doença do soro, que são
complicações relacionadas à reação de hipersensibilidade do tipo III, causadas pela formação de
imunocomplexos de IgG.
(D) O tratamento de escolha para o paciente é pulsoterapia com corticoide, sendo a melhor opção
a dexametasona em doses imunossupressoras.
(E) O paciente deve ser internado imediatamente, e devem ser administrados anti-histamínicos,
corticoides, restrição hídrica para controle da sobrecarga volêmica e debridamento cirúrgico para
melhor cicatrização cutânea.
Comentário:
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disseminado, contendo lesões em alvo atípicas e lesões bolhosas que geram desnudamento
cutâneo (escaldamento).
O termo SSJ é usado para os casos com menos de 10% de pele desnudada. São mais comuns em
mulheres adultas. A sua etiologia consiste basicamente no uso de medicamentos em metade das
vezes. As drogas mais comuns são penicilina, sulfa, barbitúricos, os anticonvulsivantes, os anti-
inflamatórios não esteroides e o alopurinol. A fisiopatologia depende do poder citotóxico dos
linfócitos T CD8 sobre os queratinócitos da epiderme, modulados pelos linfócitos TCD4 em
contato com os fatores desencadeantes. (alternativa B errada)
O quadro clínico consiste em um estágio prodrômico de 1-14dias, com febre, mal-estar, cefaleia,
coriza, angina, mialgias, artralgias e eventualmente vômitos e diarreia. Em seguida, o paciente
evolui com erupção eritematosa maculopapular, por vezes morbiliforme, aparecendo no tronco e
na face e progredindo centrifugamente para as extremidades. As lesões são dolorosas e tendem
a confluência. Podem apresentar um eritema difuso com bolhas, com a pele do paciente
apresentando um descolamento após tração manual, o famoso sinal de Nikolsky. Há
acometimento de mucosa, com lesões na região oral, ocular e genital. As lesões orais são
dolorosas e podem ocorrer na gengiva, faringe, laringe e até esôfago e traqueia. O envolvimento
genital sempre inclui lesões erosivas ou purulentas e as sequelas oculares podem levar a cegueira.
O diagnóstico é feito a partir de uma boa anamnese e pode-se ter alterações laboratoriais
hidroeletrolíticas e inflamatórias. O tratamento consiste na transferência do paciente para o centro
de queimados, com reposição hidroeletrolítica, nutrição enteral, asseio traqueobrônquico,
utilização de corticoide sistêmico, desbridamento de pele necrótica. O prognóstico não é tão ruim
quanto parece, com as lesões regredindo após 3 a 6 semanas. (alternativa E errada)
O uso de corticosteroides sistêmicos em pacientes com SSJ/NET não foi avaliado em ensaios
clínicos e permanece controverso. Estudos observacionais iniciais indicaram uma maior frequência
de complicações e aumento da mortalidade em pacientes com NET tratados em unidades de
queimados com corticosteroides. (alternativa D errada)
A síndrome de Lyell ou necrólise epidérmica tóxica (NET) envolve o desprendimento de > 30% da
pele desnudada. A sobreposição de SSJ/ NET descreve pacientes com descolamento cutâneo de
10 a 30% de área corporal. (alternativa A correta) (alternativa C errada)
Gabarito: A
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Um homem de 30 anos apresenta lesões escamosas com eritema discreto e leve prurido de
evolução crônica, desde a infância, com períodos de exacerbação, afetando o couro cabeludo,
face, principalmente o sulco nasogeniano, regiões retroauriculares e genitais. O diagnóstico mais
provável é de dermatite
(A) psoriática.
(B) atópica.
(E) seborreica.
Comentário:
O eczema seborreico ou dermatite seborreica, é uma doença inflamatória, superficial, crônica, com
predileção pelo couro cabeludo, sobrancelhas, bordos palpebrais, sulco nasolabial e região pré-
esternal (chamadas áreas seborréicas). A prevalência da doença na população é de 5%, mas as
estimativas desta doença em portadores de HIV são maiores. Nestes, há tendência de lesões mais
inflamatórias, extensas e rebeldes ao tratamento. De modo geral, os homens são mais acometidos
principalmente quando há história familiar.
Em sua forma mais leve, está frequentemente associada com o estresse e a ansiedade. Outros
fatores associados são Malassezia sp, doença de Parkinson, obesidade e diabetes. O diagnóstico
é clínico e o tratamento deve ser feito com antifúngicos em xampu ou creme e prednisona ora em
casos graves.
Aprofundando um pouco mais nas alternativas das questões, tem-se que as lesões psoriáticas são
típicas, com placa eritematoescamosas, bem delimitadas (envoltas por pele normal), de tamanhos
variados e tonalidade prateada, que não acometem face e mucosas. Já a dermatite atópica,
consiste em um processo inflamatório cutâneo crônico, pruriginoso e recorrente, com 80% das
vezes acompanhados de outras manifestações de atopias como rinite alérgica e asma. Suas lesões
apresentam xerose cutânea, prurido intenso e liquenificação da pele. Por sua vez, a inconfundível
dermatite herpetiforme apresenta bolhas e vesículas agrupadas de forma simétrica, distribuídas
sobre a extensora dos membros. Finalmente, as fitodermatites são lesões causadas como manchas
pigmentadas devido ao uso de adornos após o contato com produtos de higiene pessoal, como
perfumes.
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Gabarito: E
Comentário:
O prurido é um sintoma bastante comum, que pode ser específico de algumas doenças de pele
ou pode ser de causas extracutâneas (sistêmico, neurológico e psiquiátrico). A patogênese ainda
permanece pouco conhecida, porém, aceita-se que há a presença de fibras C nervosas sensíveis a
histamina, responsáveis pelo prurido agudo e não sensíveis à histamina, transmissoras do prurido
crônico (com duração de mais de seis semanas).
Ainda assim, o prurido também é classificado de acordo com a clínica em três grupos: grupo I,
prurido na pele inflamada; grupo II, na pele não inflamada; e grupo III, prurido secundário a
doenças crônicas. Pode ainda ser classificado em categorias de acordo com a clínica a qual
acomete, como dermatológico (dermatite atópica, psoríase), sistêmico (doença renal crônica,
hepatopatias, doenças linfoproliferativas, como Linfoma de Hodgkin e policitemia vera, deficiência
de ferro), neurológico (esclerose múltipla) e psicogênico.
Aprofundando um pouco dentro da parte de prurido em doenças malignas, tem-se que o prurido
pode aparecer anos antes da doença se tornar detectável, como ocorre no Linfoma de Hodgkin,
ou pode vir também na forma paraneoplásica. Já o prurido da policitemia vera, é chamado de
prurido aquagênico (piora após o contato com a água) e pode ocorrer em dois terços dos
pacientes acometidos com a doença. Nos renais crônicos, o prurido urêmico é um dos mais
frustrantes e incômodos. Os sintomas podem piorar à noite e durante o término da diálise. Nos
hepatopatas, por sua vez, é devido à colestase e pode surgir na colangite biliar primária, colangite
esclerosante, hepatites virais, ictéricia obstrutiva. O diagnóstico é feito a partir de uma boa história
clínica e o tratamento pode ser amenizado com sintomáticos, entretanto, deve ser focado em
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compensar a causa base do prurido sistêmico. Por fim, a asbestose pulmonar não entra nas
doenças que causam prurido sistêmico.
Gabarito: B
O Diabetes mellitus gestacional (DMG) materno pode se associar a complicações para o bebê.
Assinale a alternativa que contenha complicação que, em geral, não se associa ao DMG.
(A) Obesidade
(D) Macrossomia
Comentário:
Devido ao elevado risco de complicações fetais, a diabetes gestacional é rastreada com afinco no
pré-natal de toda gestante. Observe as definições:
• Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): mulher com hiperglicemia detectada pela primeira
vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios
diagnósticos para DM.
• Diabetes Mellitus diagnosticado na gestação (Overt Diabetes): mulher sem diagnóstico
prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos
que atingem os critérios da OMS para a DM na ausência de gestação (Hemoglobina glicada
≥ 6,5%; glicemia de jejum ≥ 126mg/dL; ou glicemia em qualquer momento ≥ 200mg/dL)
Essas definições são importantíssimas, visto que o diabetes prévio ou diagnosticado na gestação
é responsável pelas anomalias fetais e abortamentos. O DMG é um distúrbio metabólico da
segunda metade da gestação, ou seja, após a organogênese, não relacionado a esses dois
eventos.
A gestação se caracteriza um estado resistência à insulina. Essa condição, aliada à intensa mudança
nos mecanismos de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto,
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Alguns fatores estão associados com maior risco de hiperglicemia na gravidez, porém eles não
devem ser utilizados para fins de rastreamento de DMG. Recomenda-se o rastreio universal, tendo
em vista que, a gravidez em si, já é um fator de risco para hiperglicemia:
50
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O tratamento do DMG inclui dieta e atividade física. O ideal é que se mantenham as glicemias
inferiores a 95 mg/dl no jejum, 140 mg/dl após uma hora das refeições e 120 mg/dl após duas
horas das refeições. Caso esses alvos não sejam atingidos após duas semanas, indica-se
insulinoterapia.
• No curto prazo:
o Macrossomia (levando a distócia de ombro, parto cesariano);
o Polidrâmnio;
o Natimorto e morbidade neonatal: há aumento no risco de morbidades múltiplas,
geralmente transitórias, incluindo hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipocalcemia,
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Gabarito: E
(C) ocorrer um aumento maior que 30 mmHg na pressão sistólica durante a gestação.
(D) ocorrer um aumento maior que 15 mmHg na pressão diastólica durante a gestação.
(E) ocorrer um aumento maior que 30 mmHg na pressão sistólica e maior que 15 mmHg na pressão
diastólica, durante a gestação.
Comentário:
Dentro da obstetrícia, há alguns conceitos que confundem bastante o candidato na hora da prova.
Fique atento na tabela a seguir e revise os principais conceitos da doença hipertensiva da gravidez.
Doença
Seguimento e exames
hipertensiva Definição Como diagnosticar
laboratoriais:
da gravidez
Se desenvolve na parte O diagnóstico é Avaliação clínica e
Hipertensão final da gestação, com retrospectivo, através da laboratorial de rotina:
gestacional PA≥ 140/90mmHg, normalização da PA no ECG, fundoscopia,
sem proteinúria e a PA puerpério. proteinúria de 24hs,
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LEGENDA: PA: Pressão arterial; CTG: cardiotocografia fetal; PBF: Perfil biofísico fetal. HAS:
Hipertensão arterial sistêmica.
Gabarito: A
Em uma mulher com mais de 20 semanas de gestação, alguns achados clínicos e laboratoriais
compõem o conjunto de critérios necessários para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, como os
abaixo, EXCETO
Comentário:
Também podem estar associados sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia como: distúrbios
cerebrais (cefaleia frontoccipital, torpor e obnubilação), visuais (escotomas, turvação da visão,
diplopia e amaurose) e dor epigástrica (dor em barra, reflexos tendinosos profundos exaltados e
repercusões fetais).
Gabarito: C
(A) alfa-metildopa.
(D) rivaroxabana.
Comentário:
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Os fatores de risco para pré-eclâmpsia são vários: primiparidade, gestação múltipla, doença
vascular hipertensiva crônica, diabetes mellitus, doenças renais crônicas, obesidade, gestação
molar, pré-eclâmpsia em gestação anterior, história familiar de doença hipertensiva específica da
gestação, extremos de vida reprodutiva, trombofilias e Síndrome antifosfolípide, raça negra,
doenças do colágeno, hidropsia fetal, longo intervalo interpartal, troca de parceiro e nova
gravidez, doenças da tireoide.
É dividido em pré-eclâmpsia leve e grave. Na grave pode-se ter, além da HAS, uma proteinúria de
24hs ≥ 5g ou 3+ em amostra isolada de urina, duas aferições ≥ 160/110mmHg, diurese < 25ml/h,
creatinina > 1,1 (ou ≥ 1,2), Síndrome HELLP e eclâmpsia. Deve-se atentar para os sintomas de
iminência de eclâmpsia, como cefaleia frontoccipital, torpor e obnubilação, turvação da visão,
escotomas, diplopia, dor epigástrica.
Gabarito: E
Uma mulher na sexta semana de gestação é diagnosticada com tracoma, em uma área
considerada endêmica para essa afecção. O tratamento de escolha é
Comentário:
Conjuntivite é a manifestação clínica mais comum do tracoma, uma desordem limitada a áreas
endêmicas de regiões subdesenvolvidas. É a principal causa de cegueira no mundo, decorrente
da infecção recorrente pela Chlamydia trachomatis, um bacilo gram-negativo intracelular
obrigatório. É endêmica em pelo menos vinte países, sendo mais comum em crianças do que em
adultos. A transmissão pode ocorrer por fômites ou mãos contaminadas, sendo comum a presença
de uma família inteira acometida e até mesmo através de moscas.
Seu quadro clínico consiste em duas fases: tracoma ativo (inflamatório folicular ou inflamatório
intenso) e a fase cicatricial. A fase ativa ocorre mais comumente em crianças, com sintomas de
dor e olho vermelho, ou assintomática. Esta é a fase da conjuntivite folicular, com reação
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Gabarito: A
Bacteriúria assintomática normalmente é uma condição benigna que não requer o uso de
antimicrobiano nem rastreamento periódico. Esse tratamento é reservado para
(E) gestantes.
Comentário:
A bacteriúria assintomática (BA) é uma condição muito comum e sua frequência varia com idade,
sexo, atividade sexual e presença de alterações no trato urinário. Em mulheres saudáveis, a
prevalência de bacteriúria varia de 1 a 5% (antes da menopausa) a mais de 15% em idosas.
Escherichia coli apresenta-se como o organismo mais comumente isolado, seguida por outras
enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa, enterococos, estreptococos do grupo B e
Staphylococcus saprophyticus.
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O valor diagnóstico significativo da bacteriúria depende da amostra, uma vez que a porção distal
da uretra é colonizada por bactérias. Dessa forma, uma amostra coletada do jato médio da micção
é considerada positiva para bacteriúria assintomática quando crescem pelo menos 100.000
unidades formadoras de colônias (105 UFC/ ml) em duas amostras consecutivas, ou 100 UFC/ml na
urina coletada por cateterismo uretral.
Apesar de na maioria dos casos ser uma condição autolimitada, existem situações em que está
associada a risco aumentado de complicações e deve ser tratada. São elas:
• Gestantes;
• Pré-operatório de procedimentos genitourinários traumáticos (exemplo, ressecção
transuretral).
Gabarito: E
Bacteriúria durante a gravidez apresenta algumas particularidades, entre as quais NÃO se inclui:
Comentário:
Sem tratamento, até 30% a 40% das mulheres grávidas com BA desenvolverão uma infecção do
trato urinário (ITU) sintomática, incluindo pielonefrite (alternativa D correta). A cistite aguda ocorre
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A bacteriúria não tratada tem sido associada a um aumento do risco de parto prematuro, baixo
peso ao nascer, mortalidade perinatal e pré-eclâmpsia (alternativa A, C e E corretas). Entretanto,
essa associação não foi identificada nos casos de cistite aguda, talvez porque as gestantes com
ITU sintomática inferior usualmente recebam tratamento.
Gabarito: B
(A) ovário.
(B) tireoide.
(C) pele.
(D) cólon.
(E) mama.
Comentário:
Segundo a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) 2016/2017, o número de casos novos
de câncer de pele não melanoma estimado para o Brasil em 2016 foi de 80.850 entre homens
(37,7%) e de 94.910 nas mulheres (46%). Fique atento às incidências de neoplasias em ambos os
sexos, excluindo-se os casos de pele não melanoma:
O tumor que mais mata no mundo é o de pulmão e é também o que câncer que mais mata
pacientes do sexo masculino no Brasil. Entre as mulheres brasileiras, a maior mortalidade se deve
ao câncer de mama.
Gabarito: C
São dados que sugerem a suspeita de malignidade de uma lesão cutânea hipercrômica, o que se
lê na alternativa:
(A) Acromia, bordos irregulares, diâmetro > 6 mm, crescimento rápido e prurido.
(B) Assimetria, bordos irregulares, cor com tonalidades variadas, diâmetro > 6 mm e
elevação/ulceração.
(C) Atipia, bordos irregulares, coloração homogênea, diâmetro < 6 mm, dor e ulceração.
Comentário:
Assimetria
Assimétrico: maligno
Simétrico: benigno
Borda
Cor
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Dimensão
Evolução
Gabarito: B
(D) Reaplicar filtro de proteção solar a cada 2 horas ou após cada mergulho.
Comentário:
63
A radiação ultravioleta (UV) é absorvida pelo DNA e pode resultar em danos ao DNA,
especialmente por alteração na proteína p53. Estudos epidemiológicos indicam que a exposição
cumulativa ao sol (principalmente a radiação UVB) é a causa ambiental mais importante do
Carcinoma Epidermoide. Em contraste, a exposição solar intermitente intensa (por exemplo,
queimaduras solares e exposição na infância) é o fator de risco mais importante para o Carcinoma
Basocelular e o melanoma.
Outros fatores de risco associados são: exposição à radiação ionizante, imunossupressão, lesões/
inflamação crônicas (cicatrizes, queimaduras, úlceras, dermatoses inflamatórias, como líquen
escleroso e atrófico), exposição a arsênico, história familiar, tabagismo, dieta rica em carne
vermelha e gordura, exposição a HPV, desordens hereditárias (Xeroderma pigmentoso,
Epidermólise bolhosa, Albinismo, Epidermodisplasia verruciforme).
Gabarito: C
(B) o câncer de pulmão deve ser rastreado em tabagistas com idade superior a 50 anos.
(C) o câncer de ovário deve ser rastreado por ultrassonografia a partir de 45 anos.
Comentário:
Não há recomendação de rastreamento de nenhuma das neoplasias citadas nas questões. Até o
rastreio da neoplasia de próstata, que culturalmente é feito em larga escala, não tem indicação
atual por demonstrar ausência de redução na mortalidade e maior prejuízo ao paciente em caso
de intervenção. As neoplasias em que se busca diagnóstico precoce são:
• Mama: através de mamografia dos 50 aos 69 anos de vida. O autoexame de mama não é
indicado para rastreamento.
• Colo do útero: exame de Papanicolau entre 25 e 64 anos.
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O rastreamento de câncer de próstata está sendo questionado atualmente, pois não demonstrou
redução na mortalidade e houve maior prejuízo aos pacientes em caso de intervenção. Entretanto,
quando feito, utiliza-se toque retal (que vai avaliar a porção posterior da próstata) e dosagem de
PSA em pacientes com mais de 50 anos, até atingirem os 75 anos (ou a partir dos 45 anos, se
história familiar positiva). Em caso de suspeita deve-se realizar biópsia de próstata guiada por
ultrassonografia transretal.
Fique atento a alguns conceitos sobre o PSA, que já foram cobrados em questões:
Gabarito: E
O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando
assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias. O
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Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não
há sinais nem sintomas suspeitos, em pacientes sem risco aumentado) seja ofertada para mulheres
com idade _____. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
Comentário:
O câncer de mama consiste na proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os
ductos ou os lóbulos mamários. É a neoplasia feminina mais comum (com exceção dos cânceres
de pele não-melanoma) e também a principal causa de morte entre as mulheres. A história
natural da doença consiste em um epitélio normal, que se transforma num epitélio hiperplásico
típico, atípico e depois no carcinoma.
o Sexo feminino;
o Idade > 40 anos;
o História familiar de primeiro grau;
o Menarca precoce e menopausa tardia;
o Nuliparidade;
o Primiparidade após os 30 anos;
o Uso de terapia hormonal (tempo de uso maior do que 30 anos);
o Uso crônico de álcool e dieta rica em gorduras;
o Uso de anticoncepcionais orais;
o Mutação no gene BRCA1 e BRCA2;
o Antecedente pessoal de câncer de mama;
o Antecedente pessoal de câncer de endométrio, ovário e cólon;
o Antecedente pessoal de radioterapia para doença de Hodgkin;
o Exposição a agentes químicos (DDT);
o Hiperplasias atípicas;
o Residente em países industrializados;
o Cicatriz radial.
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O quadro clínico é, na maioria das vezes, pouco sintomático, podendo apresentar tumor
palpável, endurecido, indolor, e derrame papilar em água de rocha ou sanguinolento, uniductal,
espontâneo intermitente. Ocasionalmente é serossanguinolento.
O rastreamento do câncer de mama, de acordo com o Ministério da Saúde, deve ser feito a partir
dos 50 anos, com a mamografia (MMG), a cada dois anos, até os 69 anos. É um exame solicitado
para mulheres da população-alvo sem sinais e sintomas de câncer de mama. Único exame capaz
de identificar microcalcificações (com uma sensibilidade de 82% e especificidade de 96%),
podendo ser usado para diagnóstico também, em pacientes que já apresentam sintomas. Como
sinais sugestivos de malignidade, na MMG, teremos nódulos espiculados, de limites mal definidos,
com distorção do parênquima adjacente, presença de microcalcificações (<0,5mm) pleomórficas
agrupadas.
O autoexame das mamas e exame clínico das mamas pelo ginecologista são importantes, mas
não devem ser usados sozinhos no rastreamento do câncer de mama em pacientes acima de 50
anos, pois podem deixar passar despercebidas lesões menores do que 1 cm de diâmetro,
difíceis de palpar.
A USG das mamas não é exame de rastreio, mas pode ser usada em pacientes mais jovens, com
mamas mais densas e que apresentam suspeita de lesões malignas. Os achados malignos
podem ser margens irregulares, hipoecogenicidade e textura heterogênea, diâmetro
anteroposterior maior do que o diâmetro látero-lateral, presença de sombra acústica posterior,
contornos microlobulares.
A ressonância magnética de mama tem maior sensibilidade para detecção de câncer de mama
na população de alto risco do que a mamografia ou ultrassonografia e, portanto, é
recomendada para triagem de mulheres com risco significativamente alto da doença (20% ou
mais). No entanto, não há evidências de redução na mortalidade ou melhora na sobrevida livre
de doença com rastreamento por RNM, apesar de evidências de que possa detectar cânceres
menores e mais neoplasias negativas em mulheres de alto risco do que outras modalidades de
imagem.
Já o diagnóstico é feito com core biópsia, indicada nos casos em que tem-se um nódulo sólido,
microcalcificações agrupadas, densidade assimétrica e distorção de parênquima. A mamotomia
pode ser usada quando têm-se lesões impalpáveis, a biópsia excisional para lesões menores e
a incisional para lesões grandes (retira-se apenas um fragmento). A estereotaxia guiada por
mamografia ou USG também pode ser um recurso para lesões impalpáveis.
Seus tipos histológicos principais são: carcinoma ductal, o mais comum, carcinoma lobular,
carcinoma inflamatório, tumor filoide e doença de Paget. Os fatores prognósticos de alto risco
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para recidiva local e sistêmica são status axilar positivo, tumores maiores do que 2cm, alto grau
nuclear, tipo histológico indiferenciado, receptores de estrogênio negativos, tumores
aneuplóides, receptores EGF positivos, HER-2/neu amplificado.
O tratamento varia entre cirurgia, total ou parcial, para os casos em que a doença está
localizada, e quimioterapia e radioterapia, para doenças metastáticas. O câncer de mama pode
dar metástase para diversos sítios, especialmente ossos, pulmão, fígado e cérebro.
Gabarito: A
Comentário:
O câncer de ovário representa 25% das malignidades do trato genital feminino, de difícil
diagnóstico e alta letalidade (75% dos casos ao diagnóstico já são considerados avançados). A
maior parte dos carcinomas epiteliais de ovário acomete mulheres entre 40 e 65 anos. Atenção às
crianças pré-púberes em que 50% das massas ovarianas são tumorais.
• História familiar: fator de risco mais importante, com elevação do risco em 3-4 vezes.
• Idade: incidência aumenta com a idade, até em torno de 60 anos.
• Raça: mais comum em mulheres brancas em relação às negras.
• Fatores genéticos: associação com o s genes BRCA1 e BRCA2, além de síndrome de Lynch
II.
• Menarca precoce e menopausa tardia.
• História gestacional: mais comum em nulíparas, com aumento no risco de 30 a 60%.
Mulheres inférteis submetidas a tratamentos indutores de ovulação (clomifeno/
gonadotrofinas) também estão sob maior risco.
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• Fatores ambientais: dietas ricas em gorduras saturadas aumentam risco em 1,5 vezes.
Tabagismo também induz maior risco, especialmente do carcinoma mucinoso.
• Outros: obesidade e endometriose.
A dopplerfluxometria eleva o VPN para 98%. Os citérios de suspeição para malignidade são:
presença de neovascularização, principalmente central, com fluxo de baixaresistência (RI<0,4) e
pulsatilidade <1,0 é altamente sugestiva de malignidade. Outros exames de imagem usados são
TC e RNM de abdômen e pelve, tomografia emissora de pósitrons (PET).
OS marcadores tumorais também são valiosos no diagnóstico e possuem associação com o tipo
histológico:
69
Como visto em outra questão, o rastreio do câncer de ovário não é recomendado. O custo-
benefício dos exames utilizados não estimula essa prática e além disso, não houve mudança na
mortalidade. Entretanto, pacientes portadoras de síndrome de Lynch II são exceção a essa regra.
Essas devem ser rastreadas a partir dos 30 a 35 anos de idade ou cinco a dez anos antes da idade
do primeiro diagnóstico de câncer associado à síndrome em qualquer membro da família. Os
exames indicados são: exame pélvico anual, dosagem de CA125 e USGTV semestral ou anual.
Gabarito: D
(B) vagina.
Comentário:
O câncer de colo do útero apresenta alto potencial de prevenção e cura. O exame de Papanicolau
(exame citopatológico) é utilizado no rastreio e permite detecção de lesões precursoras e
neoplasia em estágios iniciais, com tratamento ambulatorial em 80% dos casos.
• Infecção pelo HPV: principal fator de risco, com maior acometimento entre os 20 e 40 anos
(maior prática sexual). Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por 70% dos carcinomas
cervicais. Outras características do paciente aumentam chance de infecção por HPV:
o Início precoce de atividade sexual
o Número de parceiros sexuais
o Comportamento promíscuo do parceiro sexual
• Presença de outras DSTs.
• Uso de anticoncepcional oral: mais relacionada a prática de sexo sem proteção.
• Tabagismo.
70
• Deficiência de vitamina A e C.
• Imunossupressão.
• Deficiência de alfa-1-antitripsina.
• Outros: baixo nível socioeconômico, multiparidade, desnutrição, má higiene genital,
exposição a agentes químicos e radiação ionizante.
• O condiloma acuminado, que acomete colo uterino, vulva, períneo e ânus é mais
comumente associado aos subtipos do HPV 6 e 11.
Segundo o Ministério da Saúde, o Papanicolau deve ser realizado a partir dos 25 anos, caso a
mulher já tenha tido relação sexual, e deve seguir até os 64 anos (porém, qualquer mulher
sexualmente ativa pode realizar o exame). Pode ser interrompido após essa idade, caso a mulher
tenha dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. O intervalo de realização do
exame é anual e, após dois exames consecutivos negativos, pode ser realizado a cada três anos.
O quadro a seguir baseia-se nas Diretrizes Brasileiras de Rastreamento do Câncer de Colo Uterino
de 2016. Resume os possíveis diagnósticos citopatológicos anormais e respectivas
recomendações:
71
Os achados colposcópicos normais são epitélio escamoso original, epitélio colunar e zona de
transformação. A biópsia será dirigida pelos achados da colposcopia e tem indicação se alterações
maiores ou sugestivos de câncer:
Em algumas situações o canal endocervical necessita ser investigado: resultado citológico de AGC
e colposcopia insatisfatória. Para tal é utilizado um afastador, seja através de curetagem,
microhisteroscopia ou histeroscopia.
O carcinoma epidermóide é o tipo histológico mais frequente, com 80% dos casos, seguido pelo
adenocarcinoma, 15% dos casos, e carcinoma adenoescamoso, 3 a 5% dos casos. As lesões
intraepiteliais (baixo e alto grau) podem ser resolvidas através de métodos físico-destrutivos
(eletrocoagulação, crioterapia/ criocauterização, vaporização com laser) ou com exérese
(conização). Os métodos físico-destrutivos não permitem estudo histológico posterior, portanto a
avaliação prévia das lesões deve ser precisa, sem risco de invasão.
72
73
o IIa: invasão da vagina, sem atingir seu terço inferior, e ausência de comprometimento
parametrial
▪ IIa1: ≤4cm em seu maior diâmetro
▪ IIa2: >4cm em seu maior diâmetro
o Histerectomia tipo 3 com linfadenectomia pélvica e aórtica
lateral OU
o QT/RT
o IIb: acometimento visível do paramétrio, sem atingir parede pélvica
o QT/RT
• Estádio III: carcinoma atinge a parede pélvica. Ao exame retal, não há espaço livre de câncer
entre o tumor e a parede pélvica. O tumor acomete o terço inferior da vagina.
o IIIa: extensão ao terço inferior da vagina, mas não à parede pélvica, se houver
acometimento parametrial
o IIIb: extensão à parede pélvica ou hidronefrose ou rim não funcionante.
o QT/RT
• Estádio IV: carcinoma estendeu-se além da pelve verdadeira ou há acometimento visível da
mucosa da bexiga ou do reto.
o QT/RT
Traquelectomia radical: remoção radical do colo uterino com paramétrios e parte superior da
vagina via vaginal, combinada com a linfadenectomia pélvica.
Histerectomia tipo 2 (radical modificada): remove a metade medial dos ligamentos cardinais e
uterossacros; remove uma margem menor da vagina.
Há duas vacinas para HPV no Brasil: tetravalente (HPV 6, 11, 16 e 18) e bivalente (16, 18). Ambas
as vacinas são compostas por capsídeo viral sem poder infectante. A via de administração é
74
Gabarito: A
“Certa paciente apresentou exame colpocitológico alterado e em sua investigação posterior foi
diagnosticado carcinoma epidermoide de colo uterino. No estadiamento clínico detectou-se um
tumor de colo de 4 cm, exofítico, que acometia, também, o terço superior da vagina. Ao toque
retal: paramétrios acometidos.” De acordo com o estágio atual da doença desta paciente, qual é
a melhor forma de tratamento?
Comentário:
Revise novamente o estadiamento do câncer de colo do útero!! Observe que se trata de uma lesão
com estadiamento IIb. (alternativa D correta)
76
o IIIa: extensão ao terço inferior da vagina, mas não à parede pélvica, se houver
acometimento parametrial
o IIIb: extensão à parede pélvica ou hidronefrose ou rim não funcionante.
o QT/RT
• Estádio IV: carcinoma estendeu-se além da pelve verdadeira ou há acometimento visível da
mucosa da bexiga ou do reto.
o QT/RT
Gabarito: D
Em oncologia, a performance status utiliza escalas que são fundamentais para determinar a
factabilidade de um tratamento sistêmico e prognóstico do paciente. Na escala de Karnofsky, a
pontuação de 10% indica paciente
Comentário:
A escala de performance status de Karnofsky foi desenvolvida para pacientes com câncer como
um meio objetivo de documentar o declínio clínico do paciente, avaliando sua capacidade de
realizar determinadas atividades básicas. A maioria daqueles com escala Karnofsky inferior a 70%
tem indicação precoce de assistência de Cuidados Paliativos. Performance de 50% nessa escala
indica terminalidade, reafirmando que esses são pacientes elegíveis para Cuidados Paliativos, a
menos que exista um ganho previsivelmente benéfico em sustentar terapia para a doença de base,
que seja simultaneamente disponível e possa ser tolerado.
77
90% Mínimos sinais e sintomas, capaz de realizar suas atividades com esforço
80% Sinais e sintomas maiores, realiza suas atividades com esforço
70% Cuida de si mesmo, não e capaz de trabalhar
60% Necessita de assistência ocasional
50% Necessita de assistência considerável e cuidados médicos frequentes
40% Necessita de cuidados médicos especiais
Extremamente incapacitado, necessita de hospitalização, mas sem iminência
30%
de morte
20% Muito doente, necessita de suporte
10% Moribundo, morte iminente
Gabarito: E
I. adultos jovens com idade igual ou superior a 18 anos, para hipertensão arterial.
III. homens entre 65 e 75 anos para aneurisma de aorta abdominal, por ultrassonografia.
IV. homens com mais de 45 anos e mulheres com mais 35 anos para dislipidemia.
(A) I e II.
(C) I e III.
(D) II e IV.
(E) II e III.
Comentário:
78
O uso de ácido acetil-salicílico (AAS) em prevenção primária é um tema controverso, mas que
parece ter chegado recentemente a um denominador comum. Em 2018, três Ensaios Clínicos
Randomizados (ECR) forneceram uma resposta a essa questão: o ASCEND, em diabéticos; o
ARRIVE, em pacientes não diabéticos e com risco CV calculado moderado (risco mediano de 15%
em 10 anos); e o ASPREE, em pacientes com 70 anos ou mais.
Todos os três estudos compararam aspirina em baixas doses (100 mg por dia) e placebo durante
5 (ARRIVE e ASPREE) a 7,5 anos (ASCEND), e encontraram coletivamente:
1) nenhuma diferença nas taxas de infarto do miocárdio e infarto agudo do miocárdio (IAM);
79
Esses dados são consistentes com uma revisão sistemática do Antithrombotic Trialists’
Collaboration, que incluiu 95.000 indivíduos de seis ECR. A redução de risco de eventos vasculares
foi de 0,57 para 0,51% ao ano (placebo vs. aspirina), enquanto sangramentos gastrointestinais
maiores e extracranianos aumentaram em 0,03% ao ano (0,10 para 0,07%).
Gabarito: A
A história clínica e o exame físico são extremamente importantes para avaliação inicial e para
abordagem terapêutica da intoxicação exógena. Eles devem ser direcionados, tentando identificar
o agente da intoxicação, avaliar a gravidade e predizer toxicidade. O exame físico busca encontrar
sinais e sintomas que se encaixam no quadro de uma das grandes síndromes tóxicas. O
reconhecimento da síndrome permite a identificação mais rápida do agente causal e,
consequentemente, a realização do tratamento adequado.
Sobre o assunto, assinale a alternativa que melhor correlaciona o diagnóstico sindrômico com suas
características clínicas.
80
Comentário:
Midríase
anti-histamínicos, atropina,
Anticolinérgica Hipertermia, taquicardia, hipertensão, escopolamina,ciclobenzaprina,
taquipneia ADT, antiparkinsonianos
81
Gabarito: C
Comentário:
82
O carvão ativado é capaz de adsorver várias substâncias e prevenir sua absorção sistêmica. É
indicado se a ingestão do tóxico tenha sido feita há menos de 1 a 2 horas. Quando se conhece a
dose de substância ingerida, recomenda-se administração do carvão numa proporção de 10:1 em
relação ao agente. Entretanto, se esta informação não for conhecida, utiliza-se dose empírica de
25 a 100g (usualmente 50g). Quando indicado em múltiplas doses, recomenda-se 0,5g/kg de 4/4h
ou 50% da primeira dose administrada de 4/4h por 12 a 24h.
• Ácidos e álcalis;
• Lítio, cianeto, ferro e flúor;
• Metais pesados;
• Álcoois;
• Hidrocarbonetos aromáticos.
Substâncias em que se realizam múltiplas doses de carvão incluem fenobarbital, ácido valproico,
fenitoína, carbamazepina, quinino, AAS, teofilina, substâncias de liberação entérica ou de
liberação prolongada.
Outros métodos clássicos são usados para descontaminação do TGI. Fique atento:
Irrigação intestinal: administração via oral ou por sonda nasogástrica (SNG) de solução de
polietilenoglicol, à infusão de 1500-2000ml/h, até o efluente retal estar claro. Ou seja, induz-se
uma diarreia aquosa para retirada mecânica da toxina.
Lavagem gástrica: deve ser realizada em até uma hora da ingestão da substância. Passagem de
SNG de grosso calibre e sequências de instilação e aspiração de fluidos com o intuito de aspirar
fragmentos de comprimido do estômago. Contraindicada se não há proteção de via aérea,
ingestão de cáusticos e hidrocarbonetos, risco de hemorragia ou perfuração.
83
Gabarito: E
Homem do campo, lavrador, com vinte e cinco anos de idade, foi admitido na UTI por quadro de
insuficiência respiratória aguda após provável tentativa de suicídio. Paciente sudoreico, com
sialorréia, pupilas mióticas, miofasciculações e FC: 45 bpm. Diante do caso, a provável etiologia
da intoxicação e qual a terapêutica recomendada estão descritos na alternativa:
Comentário:
A intoxicação por inseticidas produz uma síndrome colinérgica clássica muito comum em pronto-
socorros. Os dois principais representantes são:
Gabarito: A
85
III. Deve-se administrar bicarbonato de sódio e manter pH sérico entre 7,50 e 7,55.
(A) I e IV.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) I e III.
Comentário:
• Anticolinérgicos: taquicardia, hipertensão, pele seca e quente, boca seca, turvação visual,
retenção urinária, constipação, midríase.
• Bloqueio alfa-adrenérgico: hipotensão.
• SNC: agitação, hiperatividade neuromuscular, convulsão e coma.
• Efeito na membrana celular (quinidina like): bloqueio de canais de sódio, com
prolongamento do QRS e risco de arritmias (item I correto).
86
Há risco de óbito por essas arritmias, que podem variar de taquiarritmias, bloqueio AV, bradicardia
terminal e FV/TV. Há achados eletrocardiográficos que sugerem intoxicação por ADT:
• Prolongamento do QRS;
• Onda R em AVR maior que 3mm;
• Onda R em AVR maior que a onda S.
O tratamento é feito com lavagem gástrica na primeira hora e carvão ativado em múltiplas doses
(item IV incorreto). Se há alteração eletrocardiográfica há indicação de alcalização da urina com
bicarbonato de sódio mantendo ph sérico entre 7,5-7,55 (item III correto). Convulsões respondem
bem a benzodiazepínicos. Não há indicação de hemodiálise ou de fisostigmina (item II incorreto).
Se há intoxicação mista com benzodiazepínicos, não se deve usar flumazenil.
Gabarito: D
Dos abaixo, o medicamento que causou a intoxicação e a conduta mais provável são:
87
Comentário:
Gabarito: E
Paciente do sexo feminino de 30 anos é trazida ao pronto atendimento após ter sido encontrada
desacordada, com diminuição do ritmo respiratório, pupilas mitóticas bradirreagentes e com
várias cartelas de nitrazepam ao seu lado. Em relação às opções de manejo imediato assinale a
alternativa correta quanto à droga de eleição a ser administrada nesse caso.
(A) Atropina
(B) Naloxona
(C) Flumazenil
(D) Metoprolol
Comentário:
O flumazenil é antídoto específico, com início de ação imediato (dose inicial 0,1mg em 1 minuto,
podendo se repetir a dose várias vezes; não ultrapassar 3mg). É contraindicado se houve
possibilidade de uso concomitante com ADT.
88
Agentes corrosivos: incluem ácidos e álcalis, que são capazes de reagir com moléculas orgânicas
e causar lesões em pele, olhos, trato digestivo e vias aéreas. Os ácidos causam necrose por
coagulação, levando a desnaturação proteica, formação de coágulos ou escaras de firme
aderência. Já os álcalis, causam necrose por liquefação e ocasionam saponificação das gorduras,
desnaturação proteica e emulsificação de membranas lipídicas.
O tratamento inclui lavagem da região afetada com água ou soro fisiológico, retirada de roupas
contaminadas, hidratação vigorosa, correção de distúrbios eletrolíticos, analgesia e uso de
bloqueadores de bomba de prótons. Uso de corticoides é controverso e tem maior evidência na
intoxicação com álcalis. Não há indicação de lavagem gástrica, uso de carvão ativado ou agentes
neutralizantes (a reação química resultante pode liberar energia e compostos tóxicos que
potencializam as lesões).
Intoxicações por digitálicos: é mais comum em usuários crônicos da medicação. Sua principal ação
é a inibição da enzima Na/K-ATPase, ocasionando aumento da concentração intracelular de sódio
e cálcio e redução intracelular de potássio. O quadro clínico é variado incluindo náuseas, vômitos,
diarreia, confusão, alucinação, delirium, visão borrada e percepção alterada de cores. No sistema
cardiovascular há hipotensão, síncope, bradi ou taquicardia. Se intoxicação aguda, há predomínio
de taquiarritmias com hipercalemia. Já na intoxicação crônica ocorre o inverso: bradicardia com
hipocalemia. A manifestação do ECG mais típica é taquicardia supraventricular (fibrilação atrial ou
taquicardia atrial paroxística) e bloqueio AV variável (segundo ou terceiro grau). Outros padrões
incluem: bradiarritmia, extrassístoles, bigeminismo, taquicardia e fibrilação ventricular.
Gabarito: C
Uma criança de cinco anos de idade ingeriu uma cartela de paracetamol há cerca de 7 horas. Com
base nesse quadro a melhor conduta diante do caso está descrita na alternativa:
90
Comentário:
Além do uso do antídoto específico, o tratamento básico de uma intoxicação inclui medidas de
suporte de vida e descontaminação do trato gastro-intestinal, que reduzam absorção e que
aumentem a excreção de tóxicos. A lavagem gástrica é indicada se a ingestão ocorrer até 60
minutos da chegada ao hospital. O carvão ativado é utilizado na dose de 1g/kg (25 a 100g) ou na
proporção de 10:1 em relação a dose do agente. No caso da intoxicação pelo acetominofeno
pode ser administrado até 4 horas da ingestão, em razão da metabolização lenta da droga.
A dosagem sérica do acetominofeno deve ser feita nas primeiras 24h e se a concentração for não-
tóxica, o antídoto pode ser suspenso.
Gabarito: D
(A) hipoxemia.
(B) hipercapnia.
91
Comentário:
O monóxido de carbono liga-se a hemoglobina com afinidade 240 vezes maior que ao oxigênio,
deslocando-o, o que leva a hipóxia tecidual. Também se liga a mioglobina (reduzindo sua
capacidade de carear oxigênio) e bloqueia o complexo mitocondrial responsável pela cadeia
respiratória. Como consequência desses três fenômenos tem-se: hipóxia tecidual, metabolismo
anaeróbio, acidose lática, peroxidação lipídica e formação de radicais livres.
Gabarito: D
92
Comentário:
A intoxicação por Metanol leva a produção de ácido fórmico, que culmina em acidose metabólica
grave e lesão na retina. O quadro clínico inicial é semelhante ao de intoxicação por etanol,
entretanto evolui para convulsões, bradicardia, choque e coma. As manifestações oftalmológicas
são visão borrada, pupilas fixas e dilatadas, edema retiniano, hiperemia do disco óptico e cegueira.
O antídoto é o etanol ou fomepizol.
Gabarito: B
No tratamento de intoxicação por cocaína, com agitação, taquicardia, dor torácica e hipertensão
arterial, NÃO se recomenda o emprego de
(A) nitroglicerina.
(C) fentonamila.
(D) metoprolol.
(E) diazepan.
Comentário:
A cocaína estimula os receptores adrenérgicos alfa-1, alfa-2, beta-1 e beta-2 através do aumento
dos níveis de norepinefrina e, em menor grau, da epinefrina. A cocaína tem atividade preferencial
do receptor alfa na vasculatura cardíaca e periférica e efeitos cardíacos adicionais por agonismo
beta-adrenérgico. Os efeitos agonistas alfa-adrenérgicos da norepinefrina causam vasoconstrição
na vasculatura cardíaca e periférica. As propriedades eufóricas da cocaína derivam da inibição da
recaptação neuronal de serotonina no SNC, enquanto a dependência tem sido associada a efeitos
sobre a recaptação da dopamina.
93
Gabarito: D
(D) hipercalemia.
(E) choque.
Comentário:
Gabarito: A
Comentário:
A teofilina causa inibição da fosfodiasterase com aumento de AMPc intracelular. Com isso, ocorre
potencialização das catecolaminas endógenas e estimulação beta adrenérgica. A medicação
possui boa absorção oral com pico em duas a quatro horas (ou 6 a 24h se liberação prolongada).
Após uma a duas horas da ingestão podem surgir náuseas, vômitos, agitação, diaforese, palidez,
taquicardia, taquipneia e tremores musculares. Com piora do quadro ocorrem convulsões (que
podem ser focais, reentrantes e refratárias a anticonvulsivantes), depressão respiratória,
hipotensão, arritmias (desde taquicardia sinusal a fibrilação ventricular), rabdomiólise e coma. O
laboratório pode revelar hiperglicemia, cetose, hipocalemia, hipocalcemia e hipofosfatemia. O
diagnóstico definitivo pode ser feito com a dosagem sérica quantitativa.
O tratamento é feito com lavagem gástrica na primeira hora e carvão ativado (que pode ser usado
em múltiplas doses). Deve ser oferecido suporte hemodinâmico e até hemodiálise em casos
graves. A fenitoína é ineficaz e não é indicada, dando-se preferência aos benzodiazepínicos e
fenobarbital.
95
Gabarito: C
Comentário:
Após a revisão das principais intoxicações, fica mais fácil de responder as questões!!
O quadro clínico de intoxicação por beta bloqueadores incluem náuseas, vômitos, pele fria e
pálida, bradicardia, hipotensão, convulsões e RNC. Exames complementares revelam
hipoglicemia, hipercalemia, acidose metabólica, prolongamento do QRS, BAV de 1°, 2° e 2° graus,
bloqueios de ramo e assistolia. O antídoto clássico é o glucagon.
Gabarito: D
Uma mulher de 76 anos é admitida com dores intratáveis devido a um câncer de mama
metastático. Ela é portadora de miocardiopatia isquêmica e tem um Cardioversor-Desfibrilador
Implantável − CDI para prevenção de morte súbita, que já foi disparado anteriormente. Ela tem
consciência de que está em fase final de vida, solicita medidas de conforto e pede para que o
desfibrilador seja desligado. Ela havia indicado sua filha como sua representante nas tomadas de
decisão médica. A decisão mais adequada diante das demandas da paciente é
Comentário:
97
numa atmosfera de paz, conforto físico, espiritual e comunhão familiar. É importante conhecer
alguns conceitos sobre o processo de falecimento:
• Eutanásia diz respeito a toda ação ou omissão (eutanásia passiva) de um cuidado necessário
e eficaz, tendente a produzir deliberadamente a morte, com fim de eliminar o sofrimento.
• Distanásia é a morte difícil ou penosa, abortada por meio de tratamento que apenas
prolonga a existência do paciente, sem qualidade de vida e sem dignidade (obstinação
terapêutica). Nesse sentido, enquanto, na eutanásia, a preocupação principal é com a
qualidade de vida remanescente, na distanásia, a intenção é de se fixar na quantidade de
tempo dessa vida e de instalar todos os recursos possíveis para prolongá-la ao máximo.
• Ortotanásia traduz a morte desejável, na qual não ocorre o prolongamento da vida
artificialmente, através de procedimentos que acarretam aumento do sofrimento, sem
alteração do processo natural do morrer. Na ortotanásia se dispensa a utilização de
métodos como ventilação artificial, hemodiálise ou outros procedimentos invasivos. A
finalidade primordial é não promover o adiamento da morte, sem, entretanto, provocá-la;
é evitar a utilização de procedimentos que aviltem a dignidade humana na finitude da vida.
• Mistanásia refere-se a morte, potencialmente evitável ou adiável, decorrente da falta de
acesso do paciente ao sistema de saúde por fatores sociais, geográficos, políticos e
econômicos. Um exemplo clássico é o paciente com uma suspeita de neoplasia que demora
meses para agendar um exame e fechar um diagnóstico. O atraso nesse processo leva a
agravamento da doença e limitação terapêutica. Existe também a mistanásia em pacientes
vítimas de erro médico, que pode ser por imperícia, imprudência, negligência médica ou
má prática.
Gabarito: E
98
Comentário:
Vamos começar o estudo das vitaminas hidrossolúveis, lembrando que o ácido fólico e vitamina
B12 foram estudados no módulo de Hematologia.
A tiamina (vitamina B1) serve como um catalisador na conversão de piruvato em acetil coenzima
A (CoA) e está envolvida em muitas outras atividades metabólicas celulares, incluindo o ciclo de
Krebs. Além disso, participa da iniciação da propagação do impulso nervoso. É encontrada
principalmente em alimentos como fermento, legumes, carne de porco, arroz integral e cereais
feitos de grãos integrais. No entanto, a tiamina é muito baixa em cereais brancos ("polidos"),
incluindo farinha de trigo, porque o processamento remove a vitamina.
É uma causa de ICC de alto débito e há estudos que sugerem que a deficiência subclínica de
tiamina é comum entre pacientes hospitalizados com ICC, especialmente se forem tratados com
diuréticos de alça e há evidências de melhora na função ventricular esquerda após suplementação
da vitamina. A síndrome de Beribéri e Wernicke-Korsakoff têm sido relatadas como complicações
agudas e crônicas da cirurgia para perda de peso.
99
A riboflavina (vitamina B2) tem papel crítico em inúmeras reações bioquímicas, principalmente
aquelas que são classificadas como reações de oxidação-redução. Suas fontes incluem leite e ovos,
carnes, peixes, vegetais verdes, levedura e alimentos enriquecidos (cereais fortificados e pães).
A deficiência de niacina causa a pelagra, que é caracterizada por uma dermatite pigmentada
fotossensível (geralmente localizada em áreas expostas ao sol), diarreia e demência, e pode evoluir
para a morte. Tende a ocorrer em alcoólatras e tem sido relatada como uma complicação da
cirurgia bariátrica, anorexia nervosa ou doença disabsortiva. A deficiência de niacina também pode
ser vista em três outras configurações:
cólon. As principais fontes alimentares são gema de ovo, fígado, rim, brócolis, leite frango, carne
bovina, batatas e grãos integrais.
A biotina (vitamina H) foi caracterizada como tal, baseada na descoberta de que a deficiência de
biotina causa uma síndrome clínica, que é mediada por deficiências de várias enzimas carboxilase
(acetil CoA carboxilase, piruvato carboxilase, propionil CoA carboxilase e metilcrotonil CoA
carboxilase). No passado era comum em pacientes que estavam em nutrição parenteral. O
consumo de grandes quantidades de claras de ovos crus (que contêm avidina, uma substância que
se liga à biotina e impede sua absorção), também pode levar à deficiência de biotina. Pode ser
encontrada em uma variedade de plantas, mas é encontrada em níveis mais altos no fígado, gema
de ovo, produtos de soja e levedura.
As manifestações clínicas clássicas da deficiência de biotina incluem dermatite ao redor dos olhos,
nariz e boca, conjuntivite, alopecia e sintomas neurológicos, incluindo alterações no estado
mental, letargia, alucinações e parestesias. Outras manifestações podem incluir mialgia, anorexia
e náusea.
101
O ácido ascórbico (vitamina C) é ácido ascórbico é um agente redutor biológico reversível (doador
de elétrons), ou seja, com capacidade antioxidante, que é importante para manter a atividade de
várias enzimas que incluem ferro e cobre. Está envolvido em diversos processos orgânicos: é
cofator para a redução do folato em dihidro e tetraidrofolato; transporte de ácidos graxos;
metabolismo da prostaglandina; síntese de colágeno, de neurotransmissores e de óxido nítrico.
Suas fontes são frutas cítricas, tomates, batatas, couve de bruxelas, couve-flor, brócolis, morangos,
repolho e espinafre.
Sua deficiência é responsável pelo escorbuto. Os sintomas mais específicos são hiperqueratose
folicular e hemorragia perifolicular, com petéquias e cabelos enrolados. Outros sintomas comuns
incluem equimoses, gengivite (com sangramento e retração das gengivas e cárie dentária),
síndrome de Sjögren, artralgias, edema, anemia e cicatrização prejudicada. As lesões
hemorrágicas da pele são inicialmente planas, mas podem coalescer e tornar-se palpáveis,
especialmente nas extremidades inferiores. Esse achado pode se assemelhar a uma vasculite
sistêmica. A dor musculoesquelética, que pode ser grave, pode ser causada por hemorragia nos
músculos ou periósteo. Os sintomas sistêmicos generalizados são fraqueza, mal-estar, inchaço das
articulações, artralgias, anorexia, depressão, neuropatia e instabilidade vasomotora. Os sintomas
cardiorrespiratórios, incluindo dispneia, hipotensão e morte súbita foram relatados e acredita-se
que sejam causados por resposta vasomotora prejudicada.
O ácido transretinóico (vitamina A) tem dois papeis fundamental na visão, prevenindo a xeroftalmia
auxiliando na fototransdução e na diferenciação celular do olho. As fontes alimentares comuns de
vitamina A pré-formada (retinóis) são fígado, rim, gema de ovo e manteiga. Provitamina A (beta-
caroteno) é encontrada principalmente em vegetais de folhas verdes, batatas doces e cenouras.
102
O tocoferol (vitamina E) funciona como um eliminador de radicais livres. Tem ação protegendo
ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), um componente estrutural importante das membranas
celulares, da peroxidação, na redução da oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e no
processo inflamatório da asma. Algumas funções da vitamina E são independentes da atividade
antioxidante, incluindo inibição da proliferação celular, agregação plaquetária e adesão de
monócitos. É encontrada em uma variedade de alimentos, incluindo óleos, carnes, ovos e vegetais
folhosos. A forma mais conhecida por seu papel na saúde humana é o alfa-tocoferol, abundante
nos óleos de oliva e girassol, e é a forma predominante na dieta europeia. Gamma-tocoferol é
outra forma, abundante em óleo de soja e milho, e é comum na dieta americana.
Gabarito: A
(B) piridoxina.
(C) haloperidol.
(D) tiamina.
(E) niacina.
103
Comentário:
A encefalopatia de Wernicke (EW) é uma síndrome aguda que requer tratamento emergente para
prevenir a morte e a morbidade neurológica. É caracterizada por nistagmo, oftalmoplegia, ataxia
e confusão. Tem sido relatado particularmente em alcoolistas crônicos e como consequência de
cirurgia bariátrica.
A síndrome de Korsakoff (SK) refere-se a uma condição neurológica crônica que geralmente ocorre
como consequência da EW. É caracterizada por memória de curto prazo prejudicada e
confabulação com uma cognição geralmente normal.
Gabarito: D
Uma paciente com sessenta e cinco anos de idade e assintomática procurou atendimento médico
com a finalidade de realizar uma consulta para avaliar sua saúde. Ela informou que realizara a
última consulta havia dez anos e que, naquela ocasião, estava com o calendário vacinal em ordem.
De acordo com as normas preconizadas pelo Ministério da Saúde, a paciente deverá tomar uma
dose de vacina para a prevenção de
(A) meningite.
(C) tuberculose.
Comentário:
É fundamental a revisão das vacinas rotineiramente recomendadas aos idosos pelo Ministério
da Saúde, Sociedade Brasileira de Imunizações e Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia.
104
Resumidamente, as vacinas de rotina para esse grupo são a Influenza (anual), dT (a cada 10 anos),
pneumocócica, herpes zoster e hepatite B. Atualmente, a vacina pneumocócica deve ter três
doses, sendo uma de VPC13 e duas de VPP23.
Influenza
Influenza é responsável por epidemias sazonais e associada a alta morbidade e mortalidade nos
extremos de idades. Os idosos são mais susceptíveis pelo seu déficit de imunidade intrínseco e
comorbidades associadas, complicando com pneumonias virais e bacterianas secundárias.
Devido a alta taxa de mutação viral, a composição da vacina é anualmente alterada, a partir dos
resultados de um sistema de monitorização global (Global Influenza Surveillance Network – GISN).
Desta forma, identificam-se as cepas mais prevalentes e se diminui o risco de pandemia. As vacinas
disponíveis no Brasil são compostas por vírus inativados e inoculadas em ovos embrionados, ou
seja, sem capacidade de infecção.
As vacinas são tri ou tetravalentes, compostas de três ou quatro cepas: dois subtipos A (H1N1 e
H3N2) e um ou dois subtipos B, de acordo com orientação da Organização Mundial de Saúde
(OMS). Idosos não respondam de modo satisfatório à imunização, mas apesar disso, previne-se
30% dos casos fatais e não fatais (independente da etiologia, o que inclui causas cardiovasculares),
40% dos casos de síndrome gripal e 50 a 70% das mortes em que o Influenza foi identificado em
laboratório.
A vacina deve ser aplicada em dose única anual, por via subcutânea ou intramuscular. É distribuída
nos meses de abril e maio, antecedendo o outono e inverno, já que nesse período as temperaturas
caem e o vírus circula com mais frequência. Pode ser administrada simultaneamente com outras
vacinas ou medicamentos, em diferentes sítios anatômicos.
A redução dos casos de difteria e tétano globalmente traduz a eficácia da vacinação. Apesar disso,
os casos isolados são de alta letalidade, sobretudo em indivíduos não vacinados e naqueles com
esquema incompleto ou sem os devidos reforços.
105
Têm-se dois tipos principais de vacina: a combinada do toxóide tetânico com o diftérico (dT) e a
dTpa (vacina acelular com cobertura adicional a coqueluche). A via de administração é
intramuscular profunda e pode ser administrada com outras vacinas do calendário vacinal. Os
toxóides diftérico e tetânico são extremamente imunogênicos e falhas vacinais em pessoas já
vacinadas são muito raras. Em relação a vacina contra pertussis observa-se maior prevenção para
as formas graves da doença.
O Ministério da Saúde recomenda para idosos nunca vacinados ou com história vacinal
desconhecida, três doses de dT, sendo que as primeiras duas doses são aplicadas com intervalo
de 4 semanas e a terceira dose é ministrada 6 a 12 meses após a segunda. Já aqueles vacinados
com pelo menos três doses no passado devem receber uma única dose da vacina dTpa
(independente do intervalo transcorrido desde a última dose de dT ou TT) e, a partir daí, uma dose
de dT ou dTpa por década de acordo com a disponibilidade. Não há necessidade de reiniciar o
esquema para as pessoas que apresentarem comprovação de uma ou duas doses da vacina,
devendo-se aplicar as doses pendentes a fim de completar as três doses.
Pneumocócica
A eficácia da VPP23 ainda é controversa, com impacto duvidoso nas infecções pneumocócicas no
geral e nas pneumonias não invasivas. Em contraste, a vacina VPC13 tem se mostrado eficaz em
prevenir pneumonia em idosos, com resposta imunológica mais eficaz e sustentada que a VPP23.
O esquema de doses depende do status vacinal e inclui preferencialmente uma dose de VPC13,
seguida de duas doses de VPP23 (com 6 a 12 meses e após 5 anos da vacinação com VPC13).
106
Imunocompetentes:
Imunocomprometidos:
Hepatite B
A hepatite B é uma doença sexualmente transmissível e sua profilaxia merece ser considerada em
adultos e idosos. A vacina dever ser dada em via intramuscular (no músculo deltoide) em esquema
de três doses, sendo a segunda um mês depois da primeira e a terceira seis meses após a primeira
(0-1-6 meses). Esquemas especiais de vacinação são necessários para pacientes imunossuprimidos
e renais crônicos: dose dobrada em quatro aplicações (esquema 0-1-2-6 meses).
Febre Amarela
A vacina é composta por vírus vivo atenuado e já foram descritos efeitos adversos (visceralização
do vírus vacinal), sobretudo em idosos. Assim, o paciente deve ser esclarecido e pesar o
risco/benefício de sua viagem e da vacina.
108
Tríplice Viral
A maioria dos adultos brasileiros possuem imunidade para sarampo, rubéola e caxumba e desta
forma, a vacinação não é rotineira. É composta de vírus vivo atenuado e administrado por via
subcutânea. É considerado protegido o indivíduo que tenha recebido duas doses da vacina após
um ano de idade, com intervalo mínimo de um mês entre elas.
Pode ser indicada em situações de surto em pessoas sem comprovação sorológica de infecção
passada ou que não tenham recebido pelo menos duas doses da vacina. Também é recomendada
se viagem a lugares endêmicos. Em situação de exposição ao sarampo uma dose deve ser
oferecida em até 72 horas.
Gabarito: D
109
Comentário:
As vacinas contra Influenza são feitas a partir de vírus inativados com dois subtipos A (H1N1 e
H3N2) e um ou dois subtipos B, de acordo com orientação da Organização Mundial de Saúde
(OMS). Infelizmente, há evidências de que os idosos não respondam de modo satisfatório à
imunização com eficácia inferior aos adultos jovens. Apesar disso, previne 30% dos casos fatais e
não fatais (independente da etiologia), 40% dos casos de síndrome gripal e 50 a 70% das mortes
em que o Influenza foi identificado em laboratório. O pico máximo de produção de anticorpos é
de 4 a 6 semanas.
Gabarito: C
Mulher de 60 anos, com catarata inicial, refere dor ocular esquerda intensa, com náuseas e
vômitos, associada à perda visual. Há hiperemia ocular difusa e a pupila permanece em médio-
midríase fixa. A principal hipótese diagnóstica é
Comentário:
110
Redução Redução
Visão Preservada Preservada Diminuída
importante moderada
Sensação de Sensação de Moderada a Moderada a
Dor Intensa
corpo estranho corpo estranho intensa intensa
Hiperemia Difusa Difusa Pericerática Pericerática Pericerática
Normal ou Áreas
Córnea Normal Turva Transparente
infiltrados opacificadas
Pupilas Normal Normal Normal Mediomidriática Miose
A conjuntivite viral é causada especialmente por adenovírus e enterovírus, muitas vezes associada
a infecção de vias aéreas superiores. O quadro inicia em um olho, acometendo o outro após alguns
dias. Há sensação de queimação ocular ou de corpo estranho. A secreção é aquosa, associada a
hiperemia ocular difusa, edema palpebral e folículos conjuntivais. Por vezes, palpa-se linfonodo
pré-auricular. O tratamento é feito com colírios lubrificantes/ compressas frias, além de medidas
de higiene para minimizar contaminação de terceiros. Atenção a formação de psudomembranas
que necessitam de retirada manual.
A ceratite infecciosa pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Os patógenos
bacterianos incluem S. aureus, P. aeruginosa, Staphylococcus coagulase-negativo, difteróides, S.
pneumoniae e isolados polimicrobianos. Uso inadequado das lentes de contato é o maior fator de
risco para ceratite bacteriana (desgaste e uso noturno da lente). O achado diagnóstico na ceratite
bacteriana é uma opacidade ou infiltração da córnea (tipicamente uma mácula branca
arredondada) associada a olho vermelho, fotofobia e sensação de corpo estranho. A descarga
mucopurulenta está tipicamente presente. Casos fulminantes podem apresentar hipópio
associado (camada de células brancas na câmara anterior).
O infiltrado ou úlcera (> 0,5 mm de tamanho) pode ser visto com uma lanterna e não requer uma
lâmpada de fenda para identificação. Vai corar com fluoresceína. Esta é usada no final do exame
para confirmar a ausência ou a presença de um processo corneano. A mancha branca de uma
ceratite bacteriana e a opacidade aumentada e acinzentada da ceratite por herpes simplex irão se
exacerbar pela coloração. As abrasões também vão ser coradas. Um corpo estranho da córnea
não vai pegar a mancha. O tratamento requer encaminhamento oftalmológico urgente e início
imediato de antibióticos bactericidas tópicos (idealmente após a obtenção de culturas). O papel
dos glicocorticóides tópicos é controverso.
Em relação às ceratites virias, o herpes simples se destaca. Caracteriza-se por olho vermelho,
fotofobia, sensação de corpo estranho e secreção aquosa. Pode haver uma fraca opacidade cinza
111
ramificada no exame direto. Esta opacidade ramificada é melhor visualizada com a aplicação
de fluoresceína. Embora tipicamente um processo autolimitado, a duração dos sintomas é
reduzida com o tratamento com agentes antivirais tópicos ou orais. Uma pequena porcentagem
de pacientes desenvolve inflamação crônica ou recorrente, ou ceratite viral recorrente, ambas
tratadas com agentes antivirais orais profiláticos e agentes corticosteroides tópicos.
No glaucoma agudo há dor ocular importante, baixa visual com visão em halos, náuseas e vômitos.
Ao exame físico, percebe-se pupilas em médio midríase, hiporreativas, hiperemia pericerática e
tensão oculodigital aumentada. O diagnóstico é feito por tonometria com pressões geralmente
superiores a 45 mmHg (normal é de 8 a 22 mmHg). O tratamento envolve deixar o paciente em
decúbito dorsal, uso de acetazolamida 500mg via oral ou manitol 20% EV. Os colírios incluem
timolol, brimonidina, prednisolona, pilocarpina. (alternativa C correta)
A uveíte, especialmente a anterior, está associada a doenças sistêmicas como sarcoidose, doença
inflamatória intestinal e doenças reumatológicas (lembrando que a doença de Behçet é uma causa
de panuveíte). Uveíte anterior (70-80% dos casos) apresenta com hiperemia pericerática, dor
ocular opressiva, fotofobia, lacrimejamento e borramento visual variado. Não há secreção ocular
ou sensação de corpo estranho. As pupilas são mióticas. Diagnóstico é feito com exame da
lâmpada de fenda. Tratamento envolve corticoides e ciclopégicos tópicos.
Gabarito: C
Homem de 40 anos, previamente hígido, apresenta queimadura de toda a cabeça e pescoço, além
do peito e abdome. As demais áreas (costas, nádegas, braços e pernas) foram poupadas. A
estimativa da área corporal lesada é, aproximadamente,
(A) 36%.
(B) 45%.
(C) 9%.
(D) 27%.
(E) 18%.
Comentário:
112
O grande queimado representa uma das formas mais devastadoras de trauma, tanto pela resposta
inflamatória exacerbada, quanto pelo efeito psicológico ao qual a vítima é submetida. As
queimaduras são classificadas de acordo com a profundidade do local atingido:
• 1ª grau: afeta somente a epiderme e não forma bolhas. Apresenta-se como eritema, edema
e dor local.
localizada e sensibilidade, inchaço e calor. A infecção também pode levar a isquemia, necrose ou
perda de cobertura sintética ou biológica.
O edema causado pela lesão pode comprometer a circulação venosa e arterial do segmento
queimado, especialmente em queimaduras de 2ª e 3ª graus circunferenciais em extremidades. O
paciente pode referir parestesias e apresentar sinais de hipoperfusão, como redução do
enchimento capilar. Com isso, está indicado escarotomia que consiste na incisão longitudinal do
tecido lesionado aliviando a compressão. Entretanto, este quadro pode evoluir para síndrome
compartimental muscular, havendo necessidade fasciotomia.
A mortalidade geral decorrente de uma lesão por queimadura grave varia de 3 a 55%,
dependendo da extensão da queimadura, bem como da presença de lesões por inalação. Entre
os pacientes hospitalizados por queimaduras, a sobrevida é superior a 95%. Em uma revisão
retrospectiva de 1.665 pacientes internados em um hospital terciário três fatores de risco para
morte foram identificados:
Gabarito: D
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rhmfmd@gmail.com
ricardoh_medicina@yahoo.com.br
prof.ricardo_felix
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