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VALÉRIA CAVALCANTI NOGUEIRA DA SILVA

ALTAS DOSES DE VITAMINA D NO TRATAMENTO


DAS DOENÇAS AUTOIMUNES:

PROTOCOLO COIMBRA

Belo Horizonte
2021
VALÉRIA CAVALCANTI NOGUEIRA DA SILVA

ALTAS DOSES DE VITAMINA D NO TRATAMENTO


DAS DOENÇAS AUTOIMUNES:

PROTOCOLO COIMBRA

Projeto apresentado ao Curso de


Biomedicina da Faculdade Pitágoras
Orientadora: Paola Camargo Xavier

Belo Horizonte
2021
VALÉRIA CAVALCANTI NOGUEIRA DA SILVA

ALTAS DOSES DE VITAMINA D NO TRATAMENTO


DAS DOENÇAS AUTOIMUNES:

PROTOCOLO COIMBRA

Projeto apresentado ao Curso de


Biomedicina da Faculdade Pitágoras
Orientadora: Paola Camargo Xavier

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Belo Horizonte, 13 de junho de 2022


SILVA, Valéria Cavalcanti Nogueira da. Altas doses de vitamina D no tratamento
das doenças autoimunes: Protocolo Coimbra. 2022. 26 paginas. Trabalho de
Conclusão de Curso em Biomedicina – Faculdade Pitágoras, Belo Horizonte, 2022.

RESUMO

A busca por tratamentos alternativos vem se tornando cada vez maior pelos
portadores de doenças autoimunes e um dos tratamentos que mais possuem
pacientes satisfeitos com os resultados obtidos são os que fazem o chamado:
Protocolo Coimbra. Este tratamento é realizado utilizando-se altas doses de vitamina
D, baseado em seu papel imunorregulador descrito em vários trabalhos e artigos
científicos nos últimos anos. Temos neste trabalho de revisão de bibliográfica o
objetivo de estudar a possibilidade de utilização de altas doses de vitamina D como
tratamento alternativo para pessoas portadoras de doenças autoimunes, estudar
quais são as possíveis consequências as altas doses de vitamina D pode trazer para
o organismo e entender como o Protocolo Coimbra evita que seus pacientes fiquem
intoxicados com o excesso de vitamina D. Conclui-se que a vitamina D tem papel
importante na regulação do sistema imune e que é possível realizar o tratamento de
pacientes portadores de doenças autoimunes com altas doses de vitamina D,
contudo, se faz necessário o acompanhamento médico e laboratorial regular, muita
disciplina pelos pacientes na dieta estabelecida e o aprofundamento nos estudos
científicos para maiores conhecimentos da atividade desse fármaco.

Palavras-chave: Doença autoimune. Vitamina D. Protocolo Coimbra.


Imunorregulador. Tratamento.
SILVA, Valéria Cavalcanti Nogueira da. High doses of vitamin D in the treatment
of autoimmune diseases: Coimbra Protocol. 2022. 26 pages. Completion of course
work in Biomedicine – Pitagoras College, Belo Horizonte, 2022.

ABSTRACT

The search for alternative treatments has been increasing by patients with
autoimmune diseases and one of the treatments that most patients have satisfied
with the results obtained are those who make the so-called: Coimbra Protocol. This
treatment is performed using high doses of vitamin D, based on its immunoregulatory
role described in several works and scientific articles in recent years. In this
bibliographic review work, we aim to study the possibility of using high doses of
vitamin D as an alternative treatment for people with autoimmune diseases, study
what are the possible consequences of high doses of vitamin D can bring to the body
and understand as the Coimbra Protocol prevents its patients from becoming
intoxicated with excess vitamin D. It is concluded that vitamin D plays an important
role in the regulation of the immune system and that it is possible to treat patients
with autoimmune diseases with high doses of vitamin D, however, it is necessary to
have regular medical and laboratory monitoring, a lot of discipline by patients on the
established diet and further scientific studies for greater knowledge of the activity of
this drug.

Keywords: Autoimmune diseases. Vitamin D. Coimbra Protocol. Immunoregulatory.


Treatments.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Indicadores de saúde para vários níveis séricos da 25-OHD3............... 17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

25(OH)D Vitamina D
AR Artrite Reumatóide
DMID Diabetes Mellitus Insulino-dependente
DII Doença Inflamatória Intestina
EM Esclerose Múltipla
IL-2 Interleucina-2
IM Instituto de Medicina
INFy Interferon-gama
LES Lúpus Eritematoso Sistêmico
NK Células Natural Killer
Th17 Linfócitos T CD4+ helper 17
Treg Células T reguladoras
TNF Fator de Necrose Tumoral
VDR Valores Diários Recomendados
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9
2. A VITAMINA D – MECANISMO DE AÇÃO NO SISTEMA IMUNOLÓGICO .......... 11
3. ALTAS DOSES DE VITAMINA D – POSSÍVEIS CONSEQUENCIAS ................... 15
4. PROTOCOLO COIMBRA ..................................................................................... 19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 25
9

1. INTRODUÇÃO

Atualmente tem-se discutido amplamente sobre as doenças autoimunes e a


utilização de tratamentos alternativos para pacientes portadores destes males. As
doenças autoimunes podem ser definidas como uma resposta anormal do sistema
imunológico, no qual as células de defesa que deveriam proteger o organismo contra
o ataque de microrganismos atuam de maneira contraria e atacam os próprios
tecidos e órgãos. Lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla, artrite reumatóide,
diabetes tipo 1, doença de Sjogren, vitiligo, tireoidite de Hashimoto, psoríase são
exemplos de doenças autoimunes que causam muita dor, incômodo e sofrimento
para quem as possui. Os sintomas variam de acordo com a doença desenvolvida e o
órgão afetado. Estas doenças não são apenas crônicas, mas também são
incapacitantes e podem levar à morte. Pessoas portadoras destas doenças possuem
altos níveis de depressão devido ao sofrimento que passam a ter que conviver.
Associado aos problemas decorrentes das doenças, temos o agravante de não
resposta aos tratamentos convencionais por alguns pacientes acometidos por estas
enfermidades. Estes tratamentos convencionais se baseiam em drogas
imunossupressoras que suprimem a atividade do sistema imunológico, deixando a
pessoa mais suscetível a infecções oportunistas.
A busca por tratamentos alternativos vem se tornando cada vez maior e um
dos tratamentos que mais possuem pacientes satisfeitos com os resultados obtidos
são os que fazem o chamado: Protocolo Coimbra. Dr. Cícero Coimbra é um médico
neurologista, PhD, professor da Universidade de São Paulo, que em 2001 começou
a tratar seus pacientes que possuíam doenças autoimunes com altas doses de
vitamina D3 (doses diárias de 40.000UI a 100.000UI), baseado em estudos e
pesquisas na literatura médica onde encontrou vários artigos publicados
demonstrando o importante papel da Vitamina D como uma substância
imunorregulatória e desenvolveu o que é hoje chamado de Protocolo Coimbra.
Baseado no papel imunorregulador da Vitamina D, ela sozinha, em altas
doses, sem o auxílio de outros medicamentos controladores da doença, é capaz de
um efeito anti-inflamatório suficiente para conter a doença, aliviando ou suprimindo
os sintomas?
Temos neste trabalho de revisão de bibliográfica o objetivo de estudar a
possibilidade de utilização de altas doses de vitamina D como tratamento alternativo
10

para pessoas portadoras de doenças autoimunes através da descrição dos


possíveis efeitos da vitamina D no controle da sintomatologia de doenças
autoimunes; estudar quais possíveis consequências as altas doses de vitamina D
pode trazer para o organismo, para entender porque este tratamento não é utilizado
pela grande maioria dos médicos; e entender como o Protocolo Coimbra evita que
seus pacientes fiquem intoxicados com o excesso de vitamina D.
O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma revisão de literatura onde
foram utilizados livros, dissertações e artigos de jornais e revistas científicos
publicados entre os anos de 2010 a 2021 nas bases de dados Scielo e Pubmed,
utilizando como descritores altas doses de vitamina D, Protocolo Coimbra e doenças
autoimunes, publicados em português e inglês. Foram utilizados como critérios de
inclusão artigos que associem a Vitamina D em altas doses com tratamento de
doenças autoimunes incluindo o Protocolo Coimbra e como critérios de exclusão
artigos fora das datas descritas, em idiomas que não sejam português e inglês, bem
como a utilização de Vitamina D para outras finalidades que não seja ligada a
imunidade.
11

2. A VITAMINA D – MECANISMO DE AÇÃO NO SISTEMA IMUNOLÓGICO

Estudar a vitamina D e entender qual é, realmente, sua função e capacidade


de regulação do sistema imunológico, é de extrema importância para ajudar no
tratamento de quem sofre com as doenças autoimunes. Entender porque as altas
doses forçam o sistema imunológico a se autorregularem e quais consequências
estas altas doses podem trazer para os outros órgãos, principalmente rins e ossos,
também precisam ser conhecidos.
A vitamina D é uma importante reguladora do metabolismo do cálcio e da
saúde óssea. Evidências sugerem que ela module direta ou indiretamente cerca de
3% do genoma humano, participando do controle de funções essenciais à
manutenção da homeostase sistêmica, tais como crescimento, diferenciação e
apoptose celular, regulação dos sistemas imunológico, cardiovascular e
musculoesquelético, e no metabolismo da insulina (CASTRO, L. C. G. 2011).
A vitamina D apresenta-se de duas formas: Endógena (vitamina D3 ou
colecalciferol) é metabolizada na pele através do metabolismo do 7-dehidrocolesterol
sob influência da radiação UVB, e Exógena (vitamina D2 ou ergocalciferol) é
produzida por ação da radiação UV no esteróide vegetal ergosterol, presente nos
alimentos (HOLICK, M. F. et al., 2011).
Apesar do nome já estar consagrado, a vitamina D é, na verdade, um
hormônio. Vitaminas são substâncias que o corpo humano necessita em pequenas
quantidades e que não consegue fabricar, devendo, então, ser ingeridos por meio da
alimentação. Hormônios são compostos produzidos por determinadas células que
agem regulando diversas funções. Esta regulação pode ocorrer na própria célula
(ação autócrina), em células próximas (ação parácrina) ou em regiões distantes do
organismo (ação endócrina). A vitamina D pode ser produzida pelo organismo e
apresenta diversas ações em diferentes sítios, o que a torna um hormônio, e não
uma vitamina (CASTRO, F. 2018).
Existem duas formas de vitamina D: D2 ou ergocalciferol e D3 ou
colecalciferol. A vitamina D2 é obtida de leveduras, cogumelos (que podem
apresentar um teor entre 30 a 100 μg de vitamina D2 por 100 g de produto) e
lanolina expostos à radiação UV. A vitamina D3, também chamada de colecalciferol,
é produzida na pele sob ação da luz solar, mais precisamente dos raios ultravioletas
B (UVB). Isto acontece pela ação dos raios solares sobre o 7-DHC, uma molécula
12

derivada do colesterol e que está presente da pele. Após a síntese cutânea, a


vitamina D3 chega à corrente sanguínea, num processo que leva em torno de 7 dias.
(CASTRO, F. 2018).
De maneira geral, a presença da vitamina D nos alimentos é bastante restrita,
o que leva ao aumento da necessidade de exposição solar ou ao uso de
suplementação via oral. A quantidade de vitamina D3 produzida pela pele depende
de diversos fatores, tais como: quantidade de exposição ao sol, horário da
exposição, idade e quantidade de pigmentação da pele. Porém, esta exposição ao
sol se torna cada vez mais difícil para quem mora nas grandes cidades (BRITO, B.
B. O. et al, 2017).
Segundo Marques et al (2010) “além do seu papel na homeostase do cálcio,
acredita-se que a forma ativa da vitamina D apresenta efeitos imunomoduladores
sobre as células do sistema imunológico, sobretudo linfócitos T, bem como na
produção e na ação de diversas citocinas. Estudos atuais têm relacionado a
deficiência de vitamina D com várias doenças autoimunes, como diabetes mellitus
insulino-dependente (DMID), esclerose múltipla (EM), doença inflamatória intestinal
(DII), lúpus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide (AR).”
Segundo Brito et al.(2017), apesar de não ser a função mais importante
da Vitamina D, ela é um dos nutrientes em que se estabeleceu a estreita
relação existente entre seu status orgânico e o funcionamento do sistema
imune. Diminuição de anticorpos humorais e da superfície de mucosas, da
imunidade celular, da capacidade bactericida de fagócitos, da produção de
complemento, do número total de linfócitos, do equilíbrio dos subtipos de linfócitos T
e dos mecanismos inespecíficos de defesa são consequências da deficiência
nutricional dessa vitamina.
Afirma-se ainda que a vitamina em questão participa em várias ações dos
sistemas imunitários, inato e adquirido, havendo um número crescente de
estudos que estabelecem relações entre a deficiência de vitamina D e a
prevalência de algumas doenças autoimunes e que, além de doenças, percebeu-se
que a vitamina D possuía um papel imunomodulador em doenças alérgicas como
dermatite atópica e asma, como também em diversas infecções (BRITO et al.,
2017).
A vitamina D parece interagir com o sistema imunológico através de sua ação
sobre a regulação e a diferenciação de células como linfócitos CD4, macrófagos e
13

células natural killer (NK), aumento do número e função das células T reguladoras
(Treg), inibição in vitro da diferenciação de monócitos em células dendríticas , além
de interferir na produção de citocinas in vivo e in vitro. Entre os efeitos
imunomoduladores demonstrados destacam-se: diminuição da produção de
interleucina-2 (IL-2), do interferon-gama (INFγ) e do fator de necrose tumoral (TNF);
inibição da expressão de IL-6 e inibição da secreção e produção de autoanticorpos
pelos linfócitos B (MARQUES C. D. L. et al, 2010).
Já de acordo com Oliveira (2021), a Interleucina 2 e o TNF (Fator de
Necrose Tumoral) são citocinas que influenciam a atividade, a
diferenciação, a proliferação e a sobrevida da célula imunológica, assim como
regulam a produção e a atividade de outras citocinas, que podem aumentar (pró-
inflamatórias) ou atenuar (anti-inflamatórias) a resposta inflamatória. Algumas
citocinas podem ter ações pró-inflamatórias (Th1) ou anti-inflamatórias (Th2), de
acordo com o microambiente no qual estão localizadas. Dentre as consideradas
pró-inflamatórias, temos as interleucinas (IL) 1, 2, 6, 7 e FNT (fator de necrose
tumoral).
Outra ação da Vitamina D é a inibição da produção de IL-17 a partir de células
Th17. Segundo Hirota, (2012) as respostas imunes mediadas por interleucina-17 (IL-
17) desempenham um papel crucial na defesa da mucosa do hospedeiro contra
patógenos microbianos e fúngicos. No entanto, a ativação crônica de células T
auxiliares produtoras e IL-17 pode causar doença autoimune. Além disso, estudos
recentes destacaram os papéis principais das respostas inatas e IL-17 mediadas por
células em vários ambientes inflamatórios.
A resposta inflamatória em geral é benéfica ao organismo, resultando na
eliminação de microrganismos por fagocitose ou lise pelo sistema complemento,
diluição ou neutralização de substâncias irritantes ou tóxicas pelo extravasamento
local de fluidos ricos em proteínas, e limitação da lesão inicial pela deposição de
fibrina. Em algumas situações, entretanto, pode ter consequências indesejáveis,
como, por exemplo, nas reações alérgicas e nas doenças autoimunes. Assim, as
reações inflamatórias exacerbadas, mediadas pelo sistema imune podem gerar
complicações (CRUVINEL, W. M. et al. 2010).
Segundo estudos realizados em crianças acompanhadas desde o seu
nascimento o qual receberam uma suplementação de vitamina D notou-se que
14

possuíam 90% menor chance de desenvolver diabetes mellitus tipo 1 do que


aquelas que não receberam a mesma suplementação de vitamina D
(MASCARENHAS, 2020). Já em outro estudo feito em animais verificou que a
vitamina D possui ação imunomodeladora e anti-inflamatória, no qual demonstrou
uma capacidade de impedir a maturação da célula dendrítica, inibir a produção das
citocinas (interleucina-2 e interferon), e modular o desenvolvimento do linfócito T
CD4, com isso reduziu-se o processo de destruição das células B pancreáticas do
diabete mellitus tipo 1 (MAEDA et al., 2014).
O sistema imunológico atua numa rede de cooperação, envolvendo a
participação de muitos componentes estruturais, moleculares e celulares. Nesse
cenário encontra-se o delicado equilíbrio entre a saúde e a doença, em que tanto a
deficiência quanto o exagero resultam em dano tecidual (MACHADO et al., 2004).
Segundo a Endocrine Society (2010), os valores de normalidade da 25 OH
vitamina D no sangue era de 30 ng/mL, porém atualmente estão sendo aceitos
valores a partir de 20 ng/mL. Entre 30 e 60 ng/mL é o recomendado para grupos de
risco como idosos, gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismos,
osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças
autoimunes e renais crônicas e pré-bariátricos; Entre 10 e 20 ng/mL é considerado
baixo com risco de aumentar remodelação óssea e, com isso, perda de massa
óssea, além do risco de osteoporose e fraturas; Menor do que 10 ng/mL muito baixa
e com risco de evoluir com defeito na mineralização óssea, que é a osteomalácia, e
raquitismo. Valores acima de 100 ng/mL são considerados elevados com risco de
hipercalcemia e intoxicação.
As doenças autoimunes são aquelas que ocorrem quando a tolerância
imunológica não consegue controlar ou eliminar os linfócitos autorreativos, fazendo
com que o sistema imunológico falhe em distinguir o ‘próprio’ do ‘não próprio’
operando de maneira desordenada e acometendo órgãos e tecidos de todo o corpo
humano (MONDIN; COLTURATO, 2020). Estudos relatam que grande parte dos
pacientes portadores de doenças autoimunes apresentam baixos níveis de vitamina
D, o que os torna mais vulneráveis ao desenvolvimento da doença. A grande
inovação é o surgimento da vitamina D em altas doses como alternativa para
tratamento das doenças autoimunes.
15

3. ALTAS DOSES DE VITAMINA D – POSSÍVEIS CONSEQUENCIAS

A maioria da população associa o termo vitamina a algo benéfico e vital, mas


raramente a algo com potencial tóxico. No entanto, os níveis fisiológicos em excesso
das vitaminas lipossolúveis podem ser nocivos aos usuários (VIEIRA et al., 2018).
Nesse cenário, cabe citar a vitamina D (25-hidróxi-colecalciferol ou 25-OHD),
hormônio esteroide que atua na regulação do metabolismo ósseo, como um possível
causador de intoxicações.
Casos de intoxicação por 25-hidróxi-colecalciferol são raros, porém nos
últimos anos observou-se a crescente procura pela suplementação e uso
indiscriminado, sendo os contextos mais comuns de hipervitaminose prescrições e
administrações errôneas (GUERRA et al., 2016).
O equilíbrio nutricional é indispensável para manter todos os processos
biológicos, uma vez que o trato digestivo é a via de maior absorção de nutrientes.
Não se configura uma surpresa detectar significativas alterações no metabolismo
mineral e, por consequência, no metabolismo ósseo, em indivíduos que utilizam em
excesso uma determinada substância (ANGELO, 2016).
Uma importante ação da vitamina D é a regulação e a manutenção dos níveis
plasmáticos de cálcio e fósforo, aumentando a captação intestinal, minimizando a
perda renal e estimulando a reabsorção óssea, quando necessário. A vitamina D
também pode ter influência em vários tecidos interagindo com genes que modificam
a biologia arterial, especialmente em relação à elastogênese, angiogênese e
imunomodulação. Níveis adequados de vitamina D são essenciais à saúde
cardiovascular, enquanto que os níveis tóxicos podem ter efeitos deletérios à parede
arterial (BANDEIRA, F. 2017).
Uma quantidade excessiva de vitamina D não é normalmente obtida quer por
via endógena quer por via exógena, sendo raros os casos de intoxicação. Mesmo
que haja um excesso de exposição solar ou do consumo de alimentos ricos em
vitamina D excecionalmente, uma hipervitaminose em vitamina D pode dar origem a
sintomas como hipercalcemia, vómitos, sede, poliúria, prisão de ventre, perda de
apetite entre outras complicações (HOLICK et al., 2011).
Em 2011 o Instituto de Medicina publicou relatório destacando os limites
superiores para a ingestão de vitamina D com base nos efeitos da administração
aguda e a curto prazo de formulações em altas doses de vitamina D, e naquelas que
16

podem ocorrer após administração crônica ao longo dos anos. A toxicidade aguda
da vitamina D é geralmente causada por doses de vitamina D acima de 10.000
UI/dia, resultando em concentrações séricas de 25 (OH) D > 150ng/mL. A toxicidade
crônica da vitamina D pode potencialmente ocorrer com a administração de doses
acima de 4.000 UI/dia por períodos prolongados, provavelmente ao longo de anos,
resultando em concentrações de 25 (OH) D na faixa de 50-150 ng/mL (LIM, K., et al
2020). Como consequência das altas doses de vitamina D constata-se elevadas
concentrações do cálcio sérico e desmineralização óssea com subsequente
fragilidade destas estruturas mineralizadas, além da formação de cálculos renais.
Não existe consenso sobre a concentração sérica ideal de vitamina D.12,25
Sabe-se que as concentrações devem ser mantidas numa faixa que não induza a
aumentos séricos de PTH. Esses níveis são determinados por uma complexa
relação entre fatores, como idade, sexo, genética, função renal, nível de mobilidade,
ingesta de cálcio, status de fosfato e magnésio, além do fator ambiental (PREMAOR,
2016).
De acordo com posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia regional São Paulo (SBEM-SP), publicada em 23 de
agosto de 2018, ficam definidos como valor de 20 ng/mL (nanogramas por mililitro)
de suplementação de vitamina D para a população geral. Abaixo desse valor, há
deficiência. Para indivíduos com fatores de risco, os valores mantidos devem ser
entre 30 e 60 ng/mL. Dr. Sergio Setsuo Maeda, diretor da SBEM-SP alerta que a
hipercalcemia pode gerar perda da função renal e calculose renal. A hipervitaminose
D também leva à perda óssea, pois pode induzir ao aumento da atividade
osteoclástica.
Segundo LIM, K. (2020), a intoxicação por vitamina D ocorre como resultado
de um metabólito da vitamina D, o 1,25 (OH) 2D, atingindo o receptor de vitamina D
(RVD) no núcleo das células-alvo e causando expressão genética exagerada. As
manifestações clínicas da toxicidade por vitamina D são variadas, mas amplamente
relacionadas à hipercalcemia, e incluem neuropsiquiátricas (como confusão, psicose,
estupor ou coma), gastrointestinais (dor abdominal, vômito, polidipsia, anorexia,
constipação, pancreatite), cardiovasculares (hipertensão, complicações com o
intervalo QT, elevação do segmento ST, bradiarritmias, bloqueio cardíaco de
primeiro grau) e complicações renais (hipercalciúria, lesão renal aguda (LRA),
desidratação e nefrocalcinose). Em estudos com animais, a hipervitaminose D
17

demonstrou causar calcificação vascular generalizada.


A hipercalcemia causada pela sobredosagem de vitamina D, teoricamente
pode durar até 18 meses após a interrupção da administração. Isto é devido à
liberação lenta da vitamina D armazenada em depósitos de gordura. Além disso, a
vitamina D2 ou D3 tem uma alta solubilidade lipídica no fígado, músculos e tecidos
adiposos e uma meia-vida longa no corpo. Portanto, sustentar a normocalcemia é
crucial, pois o tratamento pode demorar semanas até atingir novamente níveis
normais de vitamina D (LIM K. 2020).
O nível de vitamina D é determinado medindo-se as concentrações de
25(OH)D. Infelizmente, ainda há controversa sobre quais as definições de
deficiência, insuficiência, suficiência e valores diários recomendados (VDR) de
vitamina D para ajudar a orientar a correta suplementação (THADHANI R. 2020).

Tabela 1. Indicadores de saúde para vários níveis séricos da 25-OHD3


25-OHD3 (ng/mL) 25-OHD3 (nmol/L) Indicador de saúde
< 20 < 50 Deficiência
20-32 50-80 Insuficiência
32-100 80-250 Suficiência
54-90 135-225 Normal em países ensolarados
> 100 > 250 Excesso
> 150 > 325 Intoxicação
Pludowsky, Grant e Holick, 2018.

O IM recomenda VDR de vitamina D de 600 IU/dia para indivíduos com


idades entre 1 e 70 anos, e 800 UI/dia para aqueles com idade acima de 70 anos.
Essas recomendações são baseadas em médias de concentrações séricas de
25(OH)D construídas a partir de 32 estudos. Esse VDR é usado para alcançar nível
de 25(OH)D de 50 nmol/L ou mais em 97,5% de indivíduos saudáveis, segundo o IM
(ROSS A. C. 2011).
Por mais que a suplementação de vitamina D seja benéfica e considerada
segura, seu consumo prolongado e em altas doses pode induzir hipercalcemia,
hipercalciúria e hiperfosfatemia, que são considerados os sinais iniciais de
intoxicação por vitamina D (THADHANI, 2012).
18

A hipercalcemia e a hipercalciúria são biomarcadores que ajudam a constatar


a intoxicação pela vitamina D. A concentração sérica de 25(OH)D associada à
hipercalcemia é aproximadamente de 150 ng/mL e pode ser um pouco superior. Este
aumento descontrolado dos níveis sérios de vitamina D também podem gerar danos
e alguns destes podem ser irreversíveis, principalmente a nefrocalcinose (HOLICK,
2011).
A interação da vitamina D com o sistema imunológico vem sendo alvo de um
número crescente de publicações nos últimos anos, porém muitos estudos a respeito
ainda são necessários para maiores conhecimentos das dosagens e níveis séricos
ideais desta vitamina nos pacientes portadores de doenças autoimunes, idosos e
crinças.
19

4. PROTOCOLO COIMBRA

Dr. Cicero Coimbra, PhD é neurologista e professor da Universidade Federal


de São Paulo, Brasil. Nas últimas duas décadas, ele criou um protocolo clínico para
tratar doenças autoimunes com o restabelecimento de níveis sistêmicos adequados
de vitamina D. Essa abordagem terapêutica baseia-se em doses de vitamina D que
variam de 40.000 UI a 300.000 UI por dia. O Dr. Coimbra decidiu pesquisar na
literatura médica os efeitos da vitamina D no sistema imunológico e encontrou um
número significativo de artigos publicados que indicam um importante papel
imunorregulatório daquela poderosa substância. Como a esclerose múltipla é a
doença autoimune neurológica mais comum, ele começou a prescrever vitamina D
para pacientes com EM. Esse foi o início do que hoje é conhecido como o
Protocolo Coimbra (Coimbraprotocol.com).
A quantidade de vitamina D produzida após 10 minutos de exposição ao sol é
em torno de 3.000UI (MONDIN; COLTURATO, 2020). De acordo com o Dr. Cícero
Coimbra, após 30 minutos de exposição ao sol, o organismo para de produzir
vitamina D3 e estaciona nas 10.000UI. Ele concluiu, então, que 10.000UI é a dose
fisiológica que as pessoas deveriam consumir por dia desta vitamina e baseou a
dose terapêutica do seu tratamento como sendo sempre acima desta. São utilizados
até 300.000UI em pacientes com doenças como esclerose múltipla, psoríase, artrite
reumatóide, lúpus eritematoso, Doença de Chron, Vitiligo, autismo, entre outras.
Segundo Dr. Cícero Coimbra, a maioria dos pacientes com doenças autoimunes
possuem uma resistência aumentada aos efeitos da vitamina D, por isto as doses
precisam ser tão elevadas, para que consigam modular o sistema imunológico
(HENRIQUES, 2018).
Com o passar do tempo, outros médicos se interessaram em conhecer o
tratamento, devido à melhoria acentuada de pacientes que relatavam estarem
fazendo uso deste tratamento alternativo. Foi então que o Dr. Cícero Coimbra
começou a treinar médicos que tinham interesse em aprender e utilizar este
tratamento em seus pacientes. No site oficial do Protocolo Coimbra existe uma lista
de médicos credenciados, e só estes médicos treinados pelo Dr. Cícero têm
permissão de utilizar o Protocolo. Este tratamento atravessou fronteiras e,
atualmente, também é administrado por médicos nos EUA, Canadá e Europa
(HENRIQUES, T. 2018).
20

Segundo o site oficial do Protocolo Coimbra, Dr. Cícero diz que “Com níveis
adequados de vitamina D, os processos celulares essenciais se desdobram
adequadamente; no entanto, a maioria dos pacientes com doenças autoimunes tem
uma resistência aumentada aos efeitos da vitamina D”. Essa resistência é
principalmente devido a polimorfismos genéticos, e também pode ser influenciada
por fatores como peso corporal, índice de massa corporal e idade.
Consequentemente, os pacientes com distúrbios autoimunes requerem níveis mais
altos de vitamina D para superar essa resistência e desbloquear os efeitos benéficos
dessa importante substância em suas células e tecidos (LEMKE, 2021). Segundo o
professor Cícero Coimbra, a vitamina D é o maior regulador de atividade no sistema
imunológico. Quando há deficiência de vitamina D, o paciente não consegue regular,
o que significa estimular ou reduzir a atividade de milhares de funções biológicas
dentro das células do sistema imunológico.
A vitamina D suprime a autoimunidade, suprimindo a reação do linfócito Th17,
que é causada pela superprodução da citocina pró-inflamatória interleucina 17
(IL17). A produção de interleucina 17 é um fenômeno natural e é benéfica em
quantidades adequadas, entretanto, a superprodução de interleucina 17 não é um
fenômeno natural. Assim, a doença autoimune é o resultado de um sistema
imunológico desregulado que produz uma reação imunológica anormal do Th17, e a
vitamina D é a substância necessária para modular este processo. O que ele faz
questão de comparar é que, diferentemente das drogas imunossupressoras
utilizadas pelos médicos nos tratamentos convencionais das doenças autoimunes, a
vitamina D não suprime o sistema imunológico, muito pelo contrário, fortalece o
sistema imunológico contra vírus, bactérias e outros microorganismos (ARAÚJO,
2016).
Os níveis adequados de vitamina D são individuais. O teste que mede o nível
sérico de vitamina D é chamado de 25 (OH) D3. No entanto, os níveis de vitamina D
não são utilizados para ajustes de dose no Protocolo de Coimbra. O teste que avalia
a magnitude de resistência de cada paciente à vitamina D é o PTH. Portanto, no
início do tratamento, os níveis de PTH são medidos e, em seguida, medidos
regularmente durante o tratamento. Se o PTH não estiver no limite normal mínimo,
as doses diárias de vitamina D são aumentadas até que o nível desejado de PTH
seja atingido. Durante o tratamento, espera-se que os níveis de PTH desçam ao seu
limite normal mais baixo e permaneçam lá. Quando isso acontece, a resistência à
21

vitamina D é superada e o paciente começa a se beneficiar dos efeitos


imunorregulatórios (MONDIN, D. F. e COLTURATO. P. L. 2020).
Para evitar a hipercalcemia, a hipercalciúria e a perda de massa óssea devido
às altas doses de vitamina D, os médicos do Protocolo Coimbra prescrevem
fórmulas que incluem, além da vitamina D3, vitamina B2, vitamina B12, ômega 3,
selênio, CoQ10, co-fatores da Vitamina D (como o magnésio dimalato) e uma dieta
baixa em cálcio e rica em líquidos. Isto inclui, pelo menos, 2,5 litros de água por dia
e uma dieta isenta de alimentos lácteos. Esta quantidade elevada de líquidos
assegura um volume de urina de cerca de 2.000 ml, permitindo a diluição do cálcio
eliminado na urina, evitando-se a excessiva concentração do cálcio urinário que,
desta forma (diluído) não será depositado nos rins, preservando a função renal. Para
evitar a perda de massa óssea, os pacientes no protocolo são instruídos a praticar
uma rotina diária de exercícios aeróbicos, como uma caminhada rápida de 30
minutos, por exemplo. Aqueles que não podem praticar exercícios aeróbicos podem
precisar de medicação com o tempo, como os bifosfonatos, para prevenir a
osteoporose (FÉ, 2020).
Os testes laboratoriais precisam ser feitos regularmente para garantir que os
níveis de cálcio sejam mantidos sob controle. Estes testem incluem: PTH (molécula
intacta), Calciúria 24H, Vitamina B12, 25 (OH) D3, Cálcio Total e Ionizado, Ureia,
Creatinina, Albumina, Ferritina, Fosfato Sérico, Fosfatúria 24H, TSH, proteína C
reativa (PCR) e Densitometria óssea (HENRIQUES, 2018).
Embora o protocolo inclua outros suplementos além da vitamina D, alcançar
o nível correto de vitamina D para cada paciente é responsável por 95% do sucesso
do tratamento. O paciente não precisa abandonar o tratamento convencional ao
iniciar as altas doses de vitamina D. Ele vai retirando o medicamento aos poucos à
medida que vai se sentindo melhor. Geralmente leva dois anos para ajustar as doses
de vitamina D. Após esse período, o tratamento consiste na manutenção dos níveis
adequados de PTH e cálcio (HENRIQUES, T. 2018).
Este tratamento não é reconhecido pelo conselho de medicina. A grande
maioria dos neurologistas e reumatologistas se posiciona contra o tratamento por
não ter sido comprovada a eficácia do mesmo. Para conseguir essa eficácia, é
necessário um estudo chamado duplo-cego randomizado. Isto significa submeter
uma quantidade de pessoas ao placebo e outro grupo à vitamina D, para assim
determinar se o medicamento é eficaz ao controle da doença (CASTRO, F. H. 2018).
22

Para Aranow (2011), está claro que a vitamina D tem papéis importantes além
de seus efeitos clássicos no cálcio e na homeostase óssea. Como o receptor da
vitamina D é expresso nas células imunes (células B, células T e células
apresentadoras de antígenos), e essas células imunológicas são todas capazes de
sintetizar o metabólito ativo da vitamina D, a vitamina D tem a capacidade de agir de
maneira autócrina em um ambiente imunológico local. A vitamina D pode modular as
respostas imunes inatas e adaptativas. A deficiência de vitamina D está associada
ao aumento da autoimunidade, bem como ao aumento da suscetibilidade à infecção.
Como as células imunes em doenças autoimunes respondem aos efeitos de
melhoria da vitamina D, os efeitos benéficos da suplementação de indivíduos
deficientes em vitamina D com doença autoimune podem se estender além dos
efeitos na homeostase óssea e do cálcio.
Segundo Cannell (2008), o efeito terapêutico ideal na autoimunidade deve
exigir doses farmacológicas muito superiores às necessárias para medidas
preventivas. Todas as intervenções que utilizam altas doses de vitamina D3, até
agora aplicadas ao tratamento de doenças autoimunes, usaram doses
arbitrariamente selecionadas, sem levar em conta a grande variabilidade de
resistência aos benefícios e efeitos colaterais da vitamina D entre os pacientes. Em
última análise, resultante de todas essas múltiplas variáveis que interagem no
mesmo organismo, a concentração sérica de PTH pode ser o melhor indicador
biológico para o ajuste individual da dose terapêutica ótima de vitamina D3 para o
tratamento de distúrbios autoimunes. Uma medida isolada da concentração sérica
de PTH não fornece um parâmetro auxiliar confiável para estimar a dose de vitamina
D3 necessária para o controle ótimo da autoimunidade. Porém, o efeito estimulante
do PTH sobre a produção renal de 1,25 (OH) 2D3 diminui com a idade.
Muitos pacientes não conseguem fazer o protocolo por muito tempo e
abandonam o tratamento. Isto acontece porque não conseguem acostumar com
uma dieta tão restrita em alguns alimentos, como o leite e derivados (queijo, iogurte,
coalhada, creme de leite, leite condensado, doce de leite, requeijão, catupiry etc),
castanhas (do Pará e de caju), amêndoas, nozes, amendoim, pistache, granola,
semente de gergelim, macadânia, quinoa, pipoca e frutas secas contendo sementes,
bebidas gaseificadas (principalmente refrigerante de cola), café expresso, sardinhas,
anchovas, caldos de mocotó ou tutano. Devem-se evitar excessos de consumo de
banana, açaí, fruta do conde e suco de laranja. O consumo de bebida alcoólica é
23

limitado a uma taça de vinho ou duas latas de cerveja por semana


(Coimbraprotocol.com).
Existem outros limitadores ao tratamento pelo Protocolo Coimbra: o preço das
fórmulas prescritas, que giram em torno de 400,00 a 500,00 reais por mês e o preço
das consultas, que variam de 500,00 a 1.200,00 reais. Alguns pacientes relatam
dificuldade de marcar as consultas, pois são poucos médicos para um número
grande de pacientes e de novos interessados.
24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sistema imunológico atua numa rede de cooperação, envolvendo a


participação de muitos componentes estruturais, moleculares e celulares. Estudos
recentes indicam que a Vitamina D pode ter um papel importante na regulação do
sistema imunológico e, provavelmente, na prevenção e tratamento das doenças
imunomediadas.
No entanto, outros estudos ainda são necessários para determinar os riscos e
benefícios da reposição de altas doses vitamina D, em quais pacientes devem ser
administrados a 25(OH)D, quais os valores de referência para considerar a
deficiência / insuficiência desta vitamina, as ações clínicas a serem tomadas e o real
impacto dessa administração na prática clínica. Conclui-se que é possível realizar o
tratamento de pacientes portadores de doenças autoimunes com altas doses de
vitamina D, contudo, se faz necessário o aprofundamento nos estudos científicos
para comprovação da atividade desse fármaco.
O Protocolo Coimbra é um tratamento que divide opiniões. Há quem acredite
fielmente na sua eficácia, incluindo médicos e pacientes que estão assintomáticos
há anos, e os que discordam completamente, alertando sobre o alto grau de risco
devido às possíveis consequências. É um tratamento que necessita ser monitorado
com regularidade através de exames de sangue e que exige do paciente um elevado
grau de comprometimento com a dieta prescrita, que é extremamente restrita em
diversos alimentos.
25

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