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PROTOCOLO COIMBRA
Belo Horizonte
2021
VALÉRIA CAVALCANTI NOGUEIRA DA SILVA
PROTOCOLO COIMBRA
Belo Horizonte
2021
VALÉRIA CAVALCANTI NOGUEIRA DA SILVA
PROTOCOLO COIMBRA
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
A busca por tratamentos alternativos vem se tornando cada vez maior pelos
portadores de doenças autoimunes e um dos tratamentos que mais possuem
pacientes satisfeitos com os resultados obtidos são os que fazem o chamado:
Protocolo Coimbra. Este tratamento é realizado utilizando-se altas doses de vitamina
D, baseado em seu papel imunorregulador descrito em vários trabalhos e artigos
científicos nos últimos anos. Temos neste trabalho de revisão de bibliográfica o
objetivo de estudar a possibilidade de utilização de altas doses de vitamina D como
tratamento alternativo para pessoas portadoras de doenças autoimunes, estudar
quais são as possíveis consequências as altas doses de vitamina D pode trazer para
o organismo e entender como o Protocolo Coimbra evita que seus pacientes fiquem
intoxicados com o excesso de vitamina D. Conclui-se que a vitamina D tem papel
importante na regulação do sistema imune e que é possível realizar o tratamento de
pacientes portadores de doenças autoimunes com altas doses de vitamina D,
contudo, se faz necessário o acompanhamento médico e laboratorial regular, muita
disciplina pelos pacientes na dieta estabelecida e o aprofundamento nos estudos
científicos para maiores conhecimentos da atividade desse fármaco.
ABSTRACT
The search for alternative treatments has been increasing by patients with
autoimmune diseases and one of the treatments that most patients have satisfied
with the results obtained are those who make the so-called: Coimbra Protocol. This
treatment is performed using high doses of vitamin D, based on its immunoregulatory
role described in several works and scientific articles in recent years. In this
bibliographic review work, we aim to study the possibility of using high doses of
vitamin D as an alternative treatment for people with autoimmune diseases, study
what are the possible consequences of high doses of vitamin D can bring to the body
and understand as the Coimbra Protocol prevents its patients from becoming
intoxicated with excess vitamin D. It is concluded that vitamin D plays an important
role in the regulation of the immune system and that it is possible to treat patients
with autoimmune diseases with high doses of vitamin D, however, it is necessary to
have regular medical and laboratory monitoring, a lot of discipline by patients on the
established diet and further scientific studies for greater knowledge of the activity of
this drug.
25(OH)D Vitamina D
AR Artrite Reumatóide
DMID Diabetes Mellitus Insulino-dependente
DII Doença Inflamatória Intestina
EM Esclerose Múltipla
IL-2 Interleucina-2
IM Instituto de Medicina
INFy Interferon-gama
LES Lúpus Eritematoso Sistêmico
NK Células Natural Killer
Th17 Linfócitos T CD4+ helper 17
Treg Células T reguladoras
TNF Fator de Necrose Tumoral
VDR Valores Diários Recomendados
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9
2. A VITAMINA D – MECANISMO DE AÇÃO NO SISTEMA IMUNOLÓGICO .......... 11
3. ALTAS DOSES DE VITAMINA D – POSSÍVEIS CONSEQUENCIAS ................... 15
4. PROTOCOLO COIMBRA ..................................................................................... 19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 25
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1. INTRODUÇÃO
células natural killer (NK), aumento do número e função das células T reguladoras
(Treg), inibição in vitro da diferenciação de monócitos em células dendríticas , além
de interferir na produção de citocinas in vivo e in vitro. Entre os efeitos
imunomoduladores demonstrados destacam-se: diminuição da produção de
interleucina-2 (IL-2), do interferon-gama (INFγ) e do fator de necrose tumoral (TNF);
inibição da expressão de IL-6 e inibição da secreção e produção de autoanticorpos
pelos linfócitos B (MARQUES C. D. L. et al, 2010).
Já de acordo com Oliveira (2021), a Interleucina 2 e o TNF (Fator de
Necrose Tumoral) são citocinas que influenciam a atividade, a
diferenciação, a proliferação e a sobrevida da célula imunológica, assim como
regulam a produção e a atividade de outras citocinas, que podem aumentar (pró-
inflamatórias) ou atenuar (anti-inflamatórias) a resposta inflamatória. Algumas
citocinas podem ter ações pró-inflamatórias (Th1) ou anti-inflamatórias (Th2), de
acordo com o microambiente no qual estão localizadas. Dentre as consideradas
pró-inflamatórias, temos as interleucinas (IL) 1, 2, 6, 7 e FNT (fator de necrose
tumoral).
Outra ação da Vitamina D é a inibição da produção de IL-17 a partir de células
Th17. Segundo Hirota, (2012) as respostas imunes mediadas por interleucina-17 (IL-
17) desempenham um papel crucial na defesa da mucosa do hospedeiro contra
patógenos microbianos e fúngicos. No entanto, a ativação crônica de células T
auxiliares produtoras e IL-17 pode causar doença autoimune. Além disso, estudos
recentes destacaram os papéis principais das respostas inatas e IL-17 mediadas por
células em vários ambientes inflamatórios.
A resposta inflamatória em geral é benéfica ao organismo, resultando na
eliminação de microrganismos por fagocitose ou lise pelo sistema complemento,
diluição ou neutralização de substâncias irritantes ou tóxicas pelo extravasamento
local de fluidos ricos em proteínas, e limitação da lesão inicial pela deposição de
fibrina. Em algumas situações, entretanto, pode ter consequências indesejáveis,
como, por exemplo, nas reações alérgicas e nas doenças autoimunes. Assim, as
reações inflamatórias exacerbadas, mediadas pelo sistema imune podem gerar
complicações (CRUVINEL, W. M. et al. 2010).
Segundo estudos realizados em crianças acompanhadas desde o seu
nascimento o qual receberam uma suplementação de vitamina D notou-se que
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podem ocorrer após administração crônica ao longo dos anos. A toxicidade aguda
da vitamina D é geralmente causada por doses de vitamina D acima de 10.000
UI/dia, resultando em concentrações séricas de 25 (OH) D > 150ng/mL. A toxicidade
crônica da vitamina D pode potencialmente ocorrer com a administração de doses
acima de 4.000 UI/dia por períodos prolongados, provavelmente ao longo de anos,
resultando em concentrações de 25 (OH) D na faixa de 50-150 ng/mL (LIM, K., et al
2020). Como consequência das altas doses de vitamina D constata-se elevadas
concentrações do cálcio sérico e desmineralização óssea com subsequente
fragilidade destas estruturas mineralizadas, além da formação de cálculos renais.
Não existe consenso sobre a concentração sérica ideal de vitamina D.12,25
Sabe-se que as concentrações devem ser mantidas numa faixa que não induza a
aumentos séricos de PTH. Esses níveis são determinados por uma complexa
relação entre fatores, como idade, sexo, genética, função renal, nível de mobilidade,
ingesta de cálcio, status de fosfato e magnésio, além do fator ambiental (PREMAOR,
2016).
De acordo com posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia regional São Paulo (SBEM-SP), publicada em 23 de
agosto de 2018, ficam definidos como valor de 20 ng/mL (nanogramas por mililitro)
de suplementação de vitamina D para a população geral. Abaixo desse valor, há
deficiência. Para indivíduos com fatores de risco, os valores mantidos devem ser
entre 30 e 60 ng/mL. Dr. Sergio Setsuo Maeda, diretor da SBEM-SP alerta que a
hipercalcemia pode gerar perda da função renal e calculose renal. A hipervitaminose
D também leva à perda óssea, pois pode induzir ao aumento da atividade
osteoclástica.
Segundo LIM, K. (2020), a intoxicação por vitamina D ocorre como resultado
de um metabólito da vitamina D, o 1,25 (OH) 2D, atingindo o receptor de vitamina D
(RVD) no núcleo das células-alvo e causando expressão genética exagerada. As
manifestações clínicas da toxicidade por vitamina D são variadas, mas amplamente
relacionadas à hipercalcemia, e incluem neuropsiquiátricas (como confusão, psicose,
estupor ou coma), gastrointestinais (dor abdominal, vômito, polidipsia, anorexia,
constipação, pancreatite), cardiovasculares (hipertensão, complicações com o
intervalo QT, elevação do segmento ST, bradiarritmias, bloqueio cardíaco de
primeiro grau) e complicações renais (hipercalciúria, lesão renal aguda (LRA),
desidratação e nefrocalcinose). Em estudos com animais, a hipervitaminose D
17
4. PROTOCOLO COIMBRA
Segundo o site oficial do Protocolo Coimbra, Dr. Cícero diz que “Com níveis
adequados de vitamina D, os processos celulares essenciais se desdobram
adequadamente; no entanto, a maioria dos pacientes com doenças autoimunes tem
uma resistência aumentada aos efeitos da vitamina D”. Essa resistência é
principalmente devido a polimorfismos genéticos, e também pode ser influenciada
por fatores como peso corporal, índice de massa corporal e idade.
Consequentemente, os pacientes com distúrbios autoimunes requerem níveis mais
altos de vitamina D para superar essa resistência e desbloquear os efeitos benéficos
dessa importante substância em suas células e tecidos (LEMKE, 2021). Segundo o
professor Cícero Coimbra, a vitamina D é o maior regulador de atividade no sistema
imunológico. Quando há deficiência de vitamina D, o paciente não consegue regular,
o que significa estimular ou reduzir a atividade de milhares de funções biológicas
dentro das células do sistema imunológico.
A vitamina D suprime a autoimunidade, suprimindo a reação do linfócito Th17,
que é causada pela superprodução da citocina pró-inflamatória interleucina 17
(IL17). A produção de interleucina 17 é um fenômeno natural e é benéfica em
quantidades adequadas, entretanto, a superprodução de interleucina 17 não é um
fenômeno natural. Assim, a doença autoimune é o resultado de um sistema
imunológico desregulado que produz uma reação imunológica anormal do Th17, e a
vitamina D é a substância necessária para modular este processo. O que ele faz
questão de comparar é que, diferentemente das drogas imunossupressoras
utilizadas pelos médicos nos tratamentos convencionais das doenças autoimunes, a
vitamina D não suprime o sistema imunológico, muito pelo contrário, fortalece o
sistema imunológico contra vírus, bactérias e outros microorganismos (ARAÚJO,
2016).
Os níveis adequados de vitamina D são individuais. O teste que mede o nível
sérico de vitamina D é chamado de 25 (OH) D3. No entanto, os níveis de vitamina D
não são utilizados para ajustes de dose no Protocolo de Coimbra. O teste que avalia
a magnitude de resistência de cada paciente à vitamina D é o PTH. Portanto, no
início do tratamento, os níveis de PTH são medidos e, em seguida, medidos
regularmente durante o tratamento. Se o PTH não estiver no limite normal mínimo,
as doses diárias de vitamina D são aumentadas até que o nível desejado de PTH
seja atingido. Durante o tratamento, espera-se que os níveis de PTH desçam ao seu
limite normal mais baixo e permaneçam lá. Quando isso acontece, a resistência à
21
Para Aranow (2011), está claro que a vitamina D tem papéis importantes além
de seus efeitos clássicos no cálcio e na homeostase óssea. Como o receptor da
vitamina D é expresso nas células imunes (células B, células T e células
apresentadoras de antígenos), e essas células imunológicas são todas capazes de
sintetizar o metabólito ativo da vitamina D, a vitamina D tem a capacidade de agir de
maneira autócrina em um ambiente imunológico local. A vitamina D pode modular as
respostas imunes inatas e adaptativas. A deficiência de vitamina D está associada
ao aumento da autoimunidade, bem como ao aumento da suscetibilidade à infecção.
Como as células imunes em doenças autoimunes respondem aos efeitos de
melhoria da vitamina D, os efeitos benéficos da suplementação de indivíduos
deficientes em vitamina D com doença autoimune podem se estender além dos
efeitos na homeostase óssea e do cálcio.
Segundo Cannell (2008), o efeito terapêutico ideal na autoimunidade deve
exigir doses farmacológicas muito superiores às necessárias para medidas
preventivas. Todas as intervenções que utilizam altas doses de vitamina D3, até
agora aplicadas ao tratamento de doenças autoimunes, usaram doses
arbitrariamente selecionadas, sem levar em conta a grande variabilidade de
resistência aos benefícios e efeitos colaterais da vitamina D entre os pacientes. Em
última análise, resultante de todas essas múltiplas variáveis que interagem no
mesmo organismo, a concentração sérica de PTH pode ser o melhor indicador
biológico para o ajuste individual da dose terapêutica ótima de vitamina D3 para o
tratamento de distúrbios autoimunes. Uma medida isolada da concentração sérica
de PTH não fornece um parâmetro auxiliar confiável para estimar a dose de vitamina
D3 necessária para o controle ótimo da autoimunidade. Porém, o efeito estimulante
do PTH sobre a produção renal de 1,25 (OH) 2D3 diminui com a idade.
Muitos pacientes não conseguem fazer o protocolo por muito tempo e
abandonam o tratamento. Isto acontece porque não conseguem acostumar com
uma dieta tão restrita em alguns alimentos, como o leite e derivados (queijo, iogurte,
coalhada, creme de leite, leite condensado, doce de leite, requeijão, catupiry etc),
castanhas (do Pará e de caju), amêndoas, nozes, amendoim, pistache, granola,
semente de gergelim, macadânia, quinoa, pipoca e frutas secas contendo sementes,
bebidas gaseificadas (principalmente refrigerante de cola), café expresso, sardinhas,
anchovas, caldos de mocotó ou tutano. Devem-se evitar excessos de consumo de
banana, açaí, fruta do conde e suco de laranja. O consumo de bebida alcoólica é
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
pacientes-com-psoriase-revisao-sistematica-de-literatura-1-material-tcc-20201117-
050643.pdf>. Acesso em 25 de setembro de 2021.
ROSS, A. C. et al. The 2011 report on dietary reference intakes for calcium and
vitamin D from the Institute of Medicine: what clinicians need to know. J Clin
Endocrinol Metab. 2011 Jan;96(1):53-8.