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Suponha-se que, no orçamento de determinada obra, se obteve um total de 3 782

566,25 € relativamente a custos directos.


Os custos de estaleiro encontravam-se repartidos da seguinte forma:
 – Montagem e desmontagem do estaleiro: 145 443,65 €
 – Manutenção do estaleiro: 216 607,55 €
Sendo portanto o total dos custos de estaleiro 362 051,20 €
Se admitirmos que os custos indirectos da empresa em causa representam 10%
temos, para total de custos:
 – Custos directos 3 782 566,25 €
 – Custos de estaleiro 362 051,20 €
 – Custos indirectos (10%) 414 461,75 €
 – Custos totais 4 559 079,20 €
Se a empresa pretender atribuir uma margem de lucro de 15% teremos:
 15% x 4 559 079,20 € = 683 861,88 €
 Total 5 242 941,08 €
A este total, que é o preço pelo qual o empreiteiro se propõe realizar a empreitada,
chama-se preço de venda, Pv.
Os cadernos de encargos contudo exigem normalmente (mesmo nas empreitadas
em regime de preço global) a decomposição deste preço numa lista de preços
correspondentes aos trabalhos directos da obra.
Essa lista de preços destina-se à avaliação correcta das situações mensais
(facturação), além de permitir a previsão de facturação (com base no programa de
trabalhos) e facilitar a avaliação de eventuais trabalhos a mais.
Evidentemente que ao empreiteiro não interessa indicar o modo como foi obtido o
preço de venda.
Deste modo terá de aplicar-se, aos custos directos, um coeficiente de
agravamento K que englobe os custos de estaleiro (montagem, manutenção e
desmontagem), os custos indirectos e a margem de lucro e imprevistos. Este
coeficiente é assim igual à razão entre o preço de venda e o total de custos
directos.
No exemplo acima teríamos então:
 – Preço de venda 5 242 941,08 €
 – Custos directos 3 782 566,25 €
 Então, K = 5 242 941,08 €/ 3 782 566,25 € = 1,38608
Em qualquer dos casos (obra particular ou obra pública), a apresentação do
orçamento poderá fazer-se através de uma lista de trabalhos (os artigos das
medições, com a eventual inclusão da montagem e desmontagem de estaleiro)
onde se multiplicam as quantidades de cada artigo pelos preços unitários de
venda.
O total deverá ser semelhante ao obtido inicialmente, apenas com pequenas
diferenças devidas aos arredondamentos.
A distribuição uniforme dos custos (de estaleiro, indirectos, bem como da margem
de lucro e imprevistos) não é a única possibilidade existente. Há empresas que
aplicam um coeficiente K variável por razões de ordem estratégica.
Se, por exemplo, se aumentar o preço dos trabalhos iniciais e reduzir o dos
trabalhos finais, man¬tendo obviamente o preço total, a empresa irá facturar mais
cedo que relativamente à situação em que se utilize um coeficiente K constante.
Aumentar-se-á assim a liquidez da empresa durante a fase inicial da execução da
obra sem afectar o valor da proposta na fase (anterior) do concurso.

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