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Artigo Original

Validação de checklist cirúrgico para


prevenção de infecção de sítio cirúrgico
Validation of surgical checklist to prevent surgical site infection
Alessandra Nazareth Cainé Pereira Roscani1
Edmundo Machado Ferraz2
Antônio Gonçalves de Oliveira Filho1
Maria Isabel Pedreira de Freitas1

Descritores Resumo
Enfermagem de centro cirúrgico; Objetivo: Construir e validar checklist cirúrgico para segurança do paciente e prevenção de infecção de sítio
Enfermagem perioperatória; Serviço cirúrgico.
hospitalar de enfermagem; Infecção Métodos: Pesquisa quantitativa realizada para validar instrumento criado e utilizado em cirurgia segura.
de ferida operatória; Segurança do O instrumento foi validado por sete peritos. Para concordância entre os juízes utilizou-se o coeficiente de
paciente concordância de Kendall e para verificar se a opinião dos juízes diferiu significativamente, o teste de Cochran.
O instrumento é validado se houver concordância entre os juízes e a clareza for significante.
Keywords Resultados: Na primeira avaliação do instrumento, obteve-se Kendall de 0,230 para pertinência e 0,390 para
Operating room nursing; Perioperative clareza, o que implicou em reformulação do checklist. Após a reformulação, obteve-se concordância absoluta
nursing; Nursing service, hospital; para pertinência e não houve diferença significativa para clareza. Com o instrumento validado, foi criado um
Infecção da ferida operatória; Patient sistema informatizado para inserção dos dados coletados.
safety Conclusão: O instrumento criado foi validado e pode auxiliar na segurança do paciente e prevenção de
infecção de sítio cirúrgico.

Submetido Abstract
16 de Junho de 2015 Objective: To design and validate a surgical checklist to improve patient safety and prevent surgical site
Aceito infection.
5 de Novembro de 2015 Methods: This quantitative study was carried out to validate an instrument created and used for surgical safety.
Seven experts validated the instrument. For agreement among experts, was used Kendall’s concordance
coefficient; if their opinions differed significantly, the Cochran’s test was adopted. An instrument is validated
when concordance among experts is achieved and its clarity is significant.
Results: In the first assessment of the instrument, Kendall’s concordance coefficients were 0.230 in terms of
pertinence and 0.390 for clarity. These results cauded a reformulation in the checklist. After reformulation, an
Autor correspondente absolute concordance was achieved for pertinence and no significant difference was seen in terms of clarity.
Alessandra Nazareth Cainé Pereira After instrument validation, was created an information system to input data collected.
Roscani Conclusion: The instrument was validated. It can help improve patient safety and prevent surgical site infection.
Rua Vital Brasil, 251, Cidade
Universitária “Zeferino Vaz”, Campinas,
SP, Brasil. CEP: 13083-888
alessandra@hc.unicamp.br

DOI 1
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.
http://dx.doi.org/10.1590/1982- 2
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.
0194201500092 Conflitos de interesse: não há conflitos de interesse a declarar.

Acta Paul Enferm. 2015; 28(6):553-65. 553


Validação de checklist cirúrgico para prevenção de infecção de sítio cirúrgico

Introdução tituição de assistência à saúde.(7) Infecção de sítio


cirúrgico (ISC) é a complicação mais frequente do
Os riscos ao paciente são uma realidade presente na paciente operado,(8) contribui com cerca de 31% de
assistência cirúrgica e cabe às equipes envolvidas no todas as infecções relacionadas a assistência à saú-
processo propor estratégias e estabelecer barreiras de(9) e com cerca de 37% das infecções de pacientes
para garantir a segurança do paciente. cirúrgicos adquiridas em hospitais.(1,10)
O programa instituído pela Organização Mun- No Brasil, a ISC é uma das principais infecções
dial de Saúde (OMS) em 2008, “Cirurgias Seguras relacionadas à assistência à saúde, ocupando a ter-
Salvam Vidas”, é um desafio global que tem como ceira posição entre todas as infecções em serviços
objetivo aumentar os padrões de qualidade da as- de saúde e compreendendo de 14% a 16% daque-
sistência cirúrgica em serviços de saúde de todo o las encontradas em pacientes hospitalizados. Estu-
mundo. Este programa foca a atenção nos funda- do nacional realizado pelo Ministério da Saúde em
mentos e práticas da segurança cirúrgica, observan- 1999 encontrou taxa de ISC de 11% do total de
do a necessidade de investimento na melhoria da procedimentos cirúrgicos analisados.(10)
qualidade e garantia da segurança nas intervenções Observada a importância que os procedimen-
cirúrgicas que resultem progressivamente em mais tos cirúrgicos representam, a OMS estabelece como
vidas salvas com menos danos ao paciente.(1) meta reduzir até 2020, 25% das taxas de infecção
O desafio descreve quatro áreas para a atuação. em sítio cirúrgico, o que implicará em queda signi-
A primeira é prevenção de infecções de sítio cirúr- ficativa na morbidade e mortalidade.(1)
gico, a segunda, anestesia segura, a terceira, equipes A ISC é uma das mais temidas complicações
cirúrgicas seguras e a quarta, indicadores da assis- decorrentes do procedimento cirúrgico, pois se des-
tência cirúrgica.(1) taca como um episódio grave, de alto custo e asso-
A OMS propõe como estratégia para consoli- ciado ao aumento da morbidade e mortalidade(1,10)
dar a segurança cirúrgica que as equipes operatórias Pacientes infectados têm duas vezes mais chances de
sigam dez objetivos básicos e essenciais frente à rea- falecer ou passar algum tempo na unidade de trata-
lização de qualquer procedimento cirúrgico e esta- mento intensivo e cinco vezes mais chances de se-
belece ainda, como objetivo central do programa, rem readmitidos após a alta.(9-13)
definir um conjunto de estatísticas demográficas Da vivência profissional em centro cirúrgico
para cirurgia que incorpore medidas de estrutura e surgiu a necessidade de avaliar as áreas para a atua-
resultado e que rastreie os esforços do processo, tais ção em conjunto com os dez objetivos propostos
como o uso de um checklist de segurança em sala pelo programa da OMS. Ressalta-se que a relação
operatória.(1) de risco existente entre o procedimento cirúrgico
O checklist de segurança cirúrgica é considera- e a ocorrência de infecção de sítio cirúrgico com-
do um elemento chave para a redução de eventos preende especificamente o sexto objetivo do pro-
adversos(1-6) e visa garantir que as equipes cirúrgicas grama, “A equipe usará de maneira sistemática, mé-
sigam de forma consistente algumas medidas de se- todos conhecidos para minimizar o risco de infecção
gurança críticas de modo a aumentar a segurança no sítio cirúrgico” e as recomendações a serem de-
dos procedimentos cirúrgicos, reforçar as práticas de senvolvidas pelas equipes cirúrgicas e instituições.(1)
segurança aceitas e promover melhor comunicação Assim, a estratégia para estabelecer barreiras e efeti-
e trabalho na equipe cirúrgica. No entanto, a lista var melhorias na assistência cirúrgica, foi agregar ao
proposta pela OMS é apenas uma lista básica, por- checklist, proposto pela OMS, etapas de verificação
tanto adaptações e modificações deste instrumento de segurança para a prevenção de infecção de sítio
são extremamente estimuladas e recomendadas.(1-3) cirúrgico em todos os momentos da assistência no
Infecção relacionada à assistência à saúde é de- ambiente cirúrgico. Dessa forma, este estudo teve
finida como aquela adquirida no terceiro ou após o como objetivo construir e validar um instrumento
terceiro dia da admissão do paciente em uma ins- de verificação de segurança cirúrgica para aumentar

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Roscani AN, Ferraz EM, Oliveira Filho AG, Freitas MI

a segurança do paciente e para auxiliar na prevenção A primeira versão do instrumento foi composta
de infecção de sítio cirúrgico. por 48 itens distribuídos em seis sessões. Cada ses-
são teve como proposta verificar itens de segurança
relacionados à assistência prestada ao paciente de
Métodos acordo com a especificidade do momento em que
o paciente estava passando. O cabeçalho é preen-
Pesquisa metodológica de abordagem quantitativa, chido no momento em que o paciente entra na sala
para validação de checklist de segurança cirúrgica de preparo cirúrgico (onde é feita a sua admissão
criado para segurança do paciente e para prevenção no Centro Cirúrgico) e tem como finalidade obter
de infecção de sítio cirúrgico. O Instrumento foi dados de identificação e caracterização do paciente,
construído baseado no checklist apresentado pela da cirurgia proposta e da equipe cirúrgica.
OMS em 2008 conforme apresentado no anexo 1, A Admissão no Centro Cirúrgico tem como fina-
no conhecimento científico publicado sobre o tema lidade obter dados sobre as condições de recebimen-
e na experiência profissional dos pesquisadores que to do paciente e do seu preparo para o procedimen-
atuam em uma instituição de saúde que está em to, conhecimento do paciente sobre o ato cirúrgico,
fase de consolidação da implantação do protocolo demarcação de sítio cirúrgico (caso exista), além de
de segurança do paciente. Após a sua construção, verificação da presença de itens de segurança como
o instrumento foi submetido à avaliação de peritos a pulseira de identificação e adesivos impressos com
para a validação de seu conteúdo. dados do paciente para serem colocados nas amos-
tras ou exames extraídos durante o ato operatório,
Elaboração do Instrumento presença de dispositivos invasivos. Neste momento
A validação foi decidida para otimizar o seu uso na inicia-se o processo preventivo de infecção, pois é
instituição em questão, como propõe a Organiza- verificada a adequação de processo e estrutura ne-
ção Mundial da Saúde ao estimular as unidades para cessária para a realização do procedimento cirúrgico
que desenvolvam listas de verificação modificadas conforme as diretrizes estabelecidas.(1) Verifica-se a
que atendam às necessidades da prática. adequação do banho pré-operatório, da remoção de
O modelo proposto pela OMS compreende três pelos e da temperatura do paciente.
momentos do ato cirúrgico dentro da sala operató- O momento Antes do Início da Anestesia e
ria: Identificação, Confirmação e Registro. A pro- Distribuição de Campos Cirúrgicos ocorre quan-
posta desta lista de verificação é: coletar os dados do o paciente entra na sala de operação. Uma de
antes da indução anestésica, antes da incisão ci- suas finalidades é conferir as informações obtidas na
rúrgica e antes do paciente sair de sala operatória. sala de preparo sobre sua identificação e sobre ade-
(Anexo 1). quação da montagem da sala para o procedimento
No instrumento criado neste estudo a identi- proposto para aquele paciente. Neste momento, são
ficação foi coletada no cabeçalho do instrumento. buscados dados para garantir uma cirurgia segura,
Em seguida, estabeleceram-se cinco momentos do como: funcionamento dos equipamentos, medidas
contexto cirúrgico a serem investigados: admissão preventivas de iatrogênia hospitalar relacionado à
no centro cirúrgico, períodos antes do início da eletrocirurgia, posicionamento cirúrgico, monitori-
anestesia antes da incisão cirúrgica, antes da saí- zação do processo de esterilização e das condições
da de sala operatória e antes da saída de recupera- metabólicas do paciente. Referente ao processo pre-
ção pós-anestésica. Esta inclusão teve por objetivo ventivo de infecção verifica-se a glicemia do pacien-
checar não apenas o procedimento certo, no local te e indicadores de esterilidade dos materiais.
certo e no paciente certo como preconiza a lista da O momento Antes da Incisão Cirúrgica ocorre
OMS, mas dar, inclusive, ênfase à prevenção de in- antes da equipe efetivamente iniciar o ato operató-
fecção de sítio cirúrgico, uma complicação evitável rio. Tem como finalidade obter dados específicos
do procedimento. sobre a equipe de saúde que atua no procedimento

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Validação de checklist cirúrgico para prevenção de infecção de sítio cirúrgico

e também checar se houve a administração de anti- atingir os objetivos propostos pela pesquisa. O cri-
biótico profilático quando indicada. tério Clareza foi considerado como a propriedade
O momento Antes da Saída de Sala Operatória que avalia se a redação dos itens está adequada, se os
ocorre após o termino do ato cirúrgico e tem como itens foram redigidos de forma a serem compreensí-
finalidade verificar possíveis intercorrências duran- veis e se expressam exatamente o que se espera me-
te o ato cirúrgico e itens específicos de segurança dir. A Abrangência é a propriedade em que se avalia
como contagem de compressas, agulhas e conferên- o instrumento como um todo, avaliando-se se cada
cia do número de instrumentais. Neste momento, tópico principal contém um conjunto de itens ade-
é verificada a colocação dos adesivos para identifi- quados e se todas as dimensões foram incluídas.(14-16)
cação de amostras de exames colhidos do pacien-
te. A última verificação ocorre antes da Saída do Caracterização dos peritos
Centro Cirúrgico e é o momento do término da O instrumento construído foi submetido à avalia-
assistência ao paciente no complexo centro cirúr- ção de sete peritos conforme constituição abaixo:
gico. Pode ocorrer dentro da sala operatória para 1. Médico, Cirurgião, consultor Organização Pa-
os pacientes que serão encaminhados diretamente nAmericana de Saúde/ Organização Mundial de
as unidades de internação especializadas ou na sala Saude (OPAS/OMS) e Agencia Nacional de Vi-
de recuperação anestésica. Tem como finalidade sa- gilância Sanitária (ANVISA) da Cirurgia Segura
lientar presença de dispositivos invasivos e a ocor- 2007-2013, docente de Universidade Pública
rência eventual de recomendações específicas para Federal de Pernambuco situada no município
aquele ato operatório. de Recife- PE, com titulação de pós-doutorado
O instrumento também considera em suas eta- e experiência em assistência, ensino, pesquisa e
pas, a identificação dos profissionais envolvidos consultoria na área de cirurgia e saúde.
com aquele ato operatório. 2. Médico, Cirurgião, docente de Universida-
de Pública Estadual situada no município de
Validação de conteúdo do instrumento Campinas-SP, com titulação de Doutor e expe-
A validação refere-se ao grau com que um instru- riência em assistência, ensino, pesquisa na área
mento mede aquilo que supõe estar medindo. Exis- de cirurgia.
tem três tipos de validade de um instrumento: vali- 3. Médico, Infectologista, responsável pela Co-
dade de conteúdo, validade de constructo e validade missão de Controle de Infecção Hospitalar de
relacionada a um critério.(14) hospital de porte especial, com titulação de
Nesse estudo, foi realizada a validação de con- Doutor e experiência em assistência e gerência
teúdo, na qual se avalia se os itens constituem re- de serviço médico.
presentativamente aquilo que se propõe avaliar. 4. Enfermeira, docente de uma Universidade Pú-
Avaliam-se quão representativas são as perguntas blica Estadual situada no município de São
do instrumento, dentro do universo de todas as Paulo-SP, com titulação de doutor em saúde
perguntas que poderiam ser elaboradas para esse pública e epidemiologia, experiência em ensi-
tópico.(14,15) no na área de infecção hospitalar e enfermagem
A avaliação foi realizada por um grupo de peri- perioperatória.
tos com reconhecido saber e publicações na área de 5. Enfermeira, docente de uma Universidade Pú-
estudo ou com experiência em validação de instru- blica Estadual situada no município de Ribeirão
mentos. O instrumento foi submetido ao julgamen- Preto-SP, com titulação de doutor em Enferma-
to dos peritos e foi avaliado em relação a pertinên- gem, experiência em assistência e ensino na área
cia, clareza e abrangência de seus itens. de assistência de enfermagem clínico - cirúrgica.
Considerou-se pertinência a propriedade que 6. Enfermeira, gerente de serviço de saúde priva-
avalia se os itens realmente refletem os conceitos en- do, com título de mestre, experiência em assis-
volvidos, se são relevantes e se são adequados para tência e gestão de centro cirúrgico.

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Roscani AN, Ferraz EM, Oliveira Filho AG, Freitas MI

7. Enfermeira, assistencial em serviço de saúde concordam entre si.(17) Referente à clareza dos itens,
privado, com título de mestre e doutorado em foi utilizado o Teste Q de Cochran, para verificar
Enfermagem em andamento, experiência em se a opinião dos peritos difere significativamente,
assistência em Centro Cirúrgico e Centro de o que pode ser entendido como discordância entre
Material Esterilizado. eles. Considerou-se a variação de -1 a 1, na qual
Quanto às características sócio-demográficas a 1 refere-se a opção está claro e o -1 a opção não
dos peritos, quatro (75%) eram do sexo feminino, está claro. Para incorporação das sugestões dos pe-
com idades entre 30 e 73 anos e com tempo de ritos nos itens avaliados do instrumento, foi con-
formação entre sete e 50 anos. No que concerne às siderada a concordância obtida em cada um deles.
áreas de atuação profissional, o grupo foi heterogê- Como critério de aceitação do item foi estabelecido
neo, com profissionais envolvidos com assistência, que aqueles com percentual de concordância (PC)
ensino, pesquisa, consultoria e gestão. É necessário maior que 80% para pertinência ou clareza seriam
destacar que quatro peritos, envolvidos com pesqui- aceitos e os que obtivessem concordância menor ou
sa, também atuavam com docentes. igual a 80%, seriam excluídos ou alterados. Para o
cálculo da porcentagem de concordância entre os
Processo de validação do instrumento juízes foi utilizada a fórmula:
O processo iniciou-se com o contato telefônico para
convite do perito e, após o aceite em participar da
validação foi encaminhada, via correio eletrônico ou O nível de significância adotado foi de 5%.
via correspondência física, de acordo com a preferên- O desenvolvimento do estudo atendeu as nor-
cia do perito, uma carta de apresentação do projeto, mas nacionais e internacionais de ética em pesquisa
outra de apresentação do instrumento e com instru- envolvendo seres humanos.
ções de como proceder a avaliação e o instrumento a
ser analisado. Em todos os itens do instrumento foi
deixado espaço para sugestões e comentários. Resultados
Na primeira avaliação, os sete peritos retornaram
o material enviado com suas análises e sugestões e, de
posse desses dados, foi construída uma planilha ele- Primeira avaliação do instrumento
trônica para avaliação do processo de validação. Os Na primeira avaliação, o valor do teste de con-
peritos foram categorizados de P1 até P7 e para cada cordância de Kendall foi de 0,230 (p = 0,000)
item foi registrado o escore da avaliação dos peritos. para pertinência e de 0,390 para clareza (p =
0,015). Como não houve concordância entre os
Análise dos dados peritos quanto aos critérios avaliados na primeira
Os dados obtidos foram submetidos à análise esta- versão do instrumento, foram realizadas altera-
tística descritiva, com o uso do programa Microsoft ções de acordo com as sugestões e observações
Excel® para caracterização do grupo de peritos. A apresentadas.
avaliação do grau de concordância entre os peritos Em relação à pertinência, quatro itens do ins-
e demais análises estatísticas dos dados foram rea- trumento apresentaram nível de concordância abai-
lizadas com o auxílio do software estatístico SAS® xo de 80%. A variação de 43 a 100% exigiu exclu-
versão 9.2. são de três itens: “Ficha de Transoperatório presen-
O coeficiente de concordância de Kendall (W) te?” (43%), “Cirurgião responsável presente na sala?”
foi utilizado para avaliar a concordância entre os (71%), “Temperatura corporal entre 36 a 36,5°C?”
peritos nos critérios de pertinência, clareza e abran- (57%). O item “Todos usaram gorro, máscara, luva
gência do instrumento. O coeficiente de concor- e avental corretamente durante o procedimento?” teve
dância de Kendall (W) pode variar de 0 a 1. Um um nível de concordância de 71%, porém apesar
valor elevado de W (W ≥ 0,66) indica que os peritos do baixo índice, não foi excluído e sim reformulado

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Validação de checklist cirúrgico para prevenção de infecção de sítio cirúrgico

devido à sua relevância frente ao processo de pre- ser visualizadas as imagens diagnósticas essenciais?”
venção da ocorrência de infecção de sítio cirúrgico. (71%) foi descrito pelo perito P3 “sem opinião” e
Quanto à avaliação da clareza, o PC variou pelo P6 “retirar” com a justificativa de que não se
de 43 a 100%. Quinze itens que obtiveram con- aplicava. No entanto, optou-se por mantê-lo por se
cordância abaixo de 80%, sendo que um foi ex- tratar de um item importante para a avaliação cor-
cluído, 10 foram reformulados e três mantidos. reta da presença de exames de imagem, essenciais
O item “Área do CC” foi excluído, pois obteve para a adequada execução do ato operatório. Nos
71% de concordância frente à avaliação dos peri- itens que obtiveram concordância maior que 80%,
tos e apontamentos dos peritos P1, P2 e P5. Os houveram sugestões e comentários enviados pelos
itens reformulados foram: “HC (57%)” que pas- peritos as quais foram acatadas. Nove itens foram
sou a ser “Número de Registro”. Nos itens “Tomou alterados: “Idade” (100%) passou para “Data de nas-
banho pré-operatório com antisséptico?” (71%) e cimento”; “Sítio cirúrgico marcado?” (100%) passou
“Está sob precaução específica?” (57%) foi inserido para “Sítio cirúrgico demarcado?”; “Consentimento
um campo para se descrever o produto utilizado Informado” (86%) para “Consentimento Informa-
e o tipo específico da precaução; No item “Reali- do Cirúrgico Presente?”; “Etiquetas de identificação
zada remoção de pelos” (43%) foi excluído o tipo no prontuário” (86%) para “Etiquetas de identifica-
de dispositivo usado; O item “Verificado nome e ção do paciente no prontuário”; “Antes do início da
HC do paciente?” (57%) foi alterado para “Ve- anestesia e da distribuição de campos (na sala ope-
rificado nome e número de registro do paciente?”. ratória)” (100%) para “Antes do início da anestesia
O item “Os insumos necessários estão presentes?” e da distribuição de campos”; De “Via aérea difícil/
(57%) passou a ser “Os materiais e insumos neces- Risco de aspiração?” (86%) para “Via aérea difícil/
sários estão presentes?”. O item “Dentro do prazo Risco de broncoaspiração?”; “Risco de perda sanguínea
de esterilização?” (71%) foi alterado para “Verifi- considerável?” (86%) para “Risco de perda sanguínea
cado validação dos indicadores e prazo de valida- considerável (>500ml ou 7ml/Kg em crianças)?”; “En-
de da esterilização dos instrumentais cirúrgicos?”. fermagem-Coren” (86%) para “Enfermagem-Coren:
No item “Placa de bisturi posicionada?” (57%) e ______________Anestesista - CRM___________
“Realizada antissepsia do campo cirúrgico?” (57%) Cirurgião - CRM:_______________”; “Antes da
foi inserido campo para descrever o local de co- saída do CC” (86%) para “Antes da saída do Centro
locação da placa e o produto utilizado; No item Cirúrgico”.
“Paciente apresenta alguma lesão de pele relaciona- Em relação ao item abrangência, houve concor-
da ao posicionamento ou ato operatório?” (71%) dância acima de 80% em todos os itens.
foi inserido campo para descrever o local em que
ocorreu a lesão. Segunda avaliação do instrumento
Em relação à clareza, o item enunciador “Admis- Após as modificações, o instrumento reformulado
são no Centro Cirúrgico” do momento da checagem foi devolvido para a avaliação de quatro peritos que
não foi avaliado pelos peritos P1 e P4 o que resultou atuavam diretamente com segurança do paciente.
em um PC inferior a 80%. No entanto foi manti- Obteve-se então concordância absoluta para o cri-
do, por sua função de enunciado. O item “Uso de tério de pertinência. Quanto ao critério clareza, a
antibiótico nas últimas 24 horas?” (57%) foi ques- opinião dos peritos não diferiu significativamente
tionado pelos peritos P3 e P7 quando ao motivo (teste Q de Cochran, p=0,112).
porque perguntar, e para o perito P6 julgado como Entretanto, mediante a análise das sugestões e
“não está claro” sem a descrição de sugestões. O item comentários enviados por um dos peritos quanto à
foi mantido por se tratar do processo de checagem clareza, no qual ele sugeria que, em caso de resposta
de utilização de antibioticoterapia profiática que an- positiva para os itens: “Há eventos críticos previstos
tecede o ato operatório, o qual representa aspecto para o procedimento?” e “Alguma recomendação espe-
importante na prevenção da ISC. O item “Podem cífica para o pós-operatório imediato?” deveria exis-

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Roscani AN, Ferraz EM, Oliveira Filho AG, Freitas MI

tir um espaço para descrição do evento ocorrido, internações hospitalares em todo o mundo, destes,
considerou-se que a sugestão além de tornar o item mais de metade decorre dos cuidados cirúrgicos.(1)
mais claro, favorecia a possibilidade de mensurar Ressalta-se, no entanto que, ao contrário da
qualitativamente os achados, sendo, portanto reali- área da aviação, onde normalmente um evento
zada a alteração dos itens. grave pode ser rapidamente visualizado nos meios
Em relação à abrangência houve concordância de comunicação, na assistência à saúde, muitos
entre todos os peritos. eventos graves são silenciosos e só serão descober-
A versão final do instrumento ficou com 44 tos mediante um processo investigativo minucio-
itens de verificação, distribuídos em cinco mo- so. A maneira de se processar esta investigação tem
mentos a serem executadas desde a chegada do sido a análise retrospectiva de prontuários para
paciente à unidade de centro cirúrgico até a sua estudos de avaliação dos eventos adversos. Contu-
saída. (Anexo 2). do, para muitas instituições de saúde no mundo,
a realidade de prontuário contendo dados fidedig-
Sistema Informatizado de Checklist de nos dos fatos que ocorrem durante os procedimen-
cirurgia segura tos cirúrgicos, período de internação ou mesmo a
Como produto resultante deste estudo foi desen- existência do prontuário eletrônico, ainda não são
volvimento de um sistema informatizado em pla- fatos incorporados a prática diária. Isto dificulta
taforma web da versão final do instrumento, desen- muito um levantamento ágil da real ocorrência de
volvido em parceria com a equipe de tecnologia da eventos adversos.
informação da instituição do estudo, que objetiva A evidente necessidade de se estabelecer con-
estabelecer uma ferramenta de monitoração da exe- troles e padrões de segurança para a assistência em
cução do Checklist para a prevenção de infecção de saúde fundamentou a importação do comprovado
sítio cirúrgico como estratégia para monitorar os método sistematizado de verificação de segurança
indicadores em tempo real (Anexo 3). da integração homem e equipamentos: a utilização
de um checklist prévio a cada procedimento.(1) No
entanto, o principal foco deste modelo, oriundo da
Discussão aviação está na relação homem e máquina. Neces-
sita-se, assim, de um diferencial na assistência em
O sistema de assistência à saúde não pode prescin- saúde, pois a maior relevância deste processo está
dir do fator humano com todas suas possibilidades baseada não só na interação homem e a tecnologia,
de variação e falibilidade. Este fator é o alicerce de mas também de maneira mais significante, na inte-
todos os processos necessários para cuidar de um ração e comunicação entre os membros das equipes
paciente. Não se pode alterar estas condições, no e com o paciente.(19,20)
entanto é possível estabelecer estratégias preventivas O pioneirismo do uso de checklist está em pre-
por meio de adequações nos processos de trabalho venir erros e falhas humanas neste processo de inte-
para evitar eventos adversos e garantir a melhoria da ração.(1,2) No entanto, no ambiente de assistência à
qualidade e da segurança do paciente.(18) saúde ressalta-se que o primeiro princípio a ser con-
Similar ao ocorrido na aviação nos anos 70, siderado é a variabilidade. Não há um padrão único
quando a ocorrência de grandes catástrofes mobili- de paciente ou de recursos estruturais, normas ins-
zou lideranças para o reconhecimento das limitações titucionais e equipes disponíveis para atendê-lo de
do desempenho humano neste segmento e para ava- forma individual. Cada instituição tem sua própria
liar o que isso representava à segurança dos usuários realidade, tem seu próprio contexto. Cabe então aos
e a sustentabilidade do setor, a área da assistência times, entender a variabilidade do ambiente e evo-
em saúde tem identificado fatores da realidade de luir no sentido de sistematizar suas ações o máximo
risco e de insegurança que permeiam os processos(1) possível em um cenário onde cada procedimento
Eventos adversos ocorrem em 4 a 16% por cada 100 demanda suas particularidades. Por isso a recomen-

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Validação de checklist cirúrgico para prevenção de infecção de sítio cirúrgico

dação de se fazer modificações e adaptações no ins- itens referentes ao preparo do paciente, dos mate-
trumento da OMS.(1) riais e equipamentos e a presença de documentações
Porém para lapidar o método, é importante le- específicas para a execução do procedimento. Em
var-se em consideração a complexidade que o cená- comparação ao instrumento da AORN, o checklist
rio de assistência cirúrgica propõe aos indivíduos que validado apresenta mais itens de controle de proces-
participam deste processo. O aparato tecnológico e so de trabalho julgados pertinentes pelos juízes no
os recursos materiais necessários à execução de um momento do check-in. Além de contribuir indivi-
procedimento cirúrgico estão associados à interação dualmente com a segurança do paciente cirúrgico,
e comunicação constante entre indivíduos, serviços compreende-se que uma base de dados montada a
e equipamentos. Aos profissionais que atuam em partir da reunião dos checklists pode embasar deci-
centro cirúrgico somente a habilidade técnica não é sões gerenciais de melhoria de processo de trabalho.
o suficiente, mas também, senão principalmente, a Outro modelo já em utilização é o Surgical Pa-
capacidade e a atitude se comunicar de forma eficaz, tient Safety System (SURPASS),(23) desenvolvido
de reconhecer suas limitações, de aprender com os para ser aplicado durante toda a trajetória do pa-
erros e principalmente de trabalhar em equipe para ciente na assistência cirúrgica, desde a admissão até
garantir a melhoria contínua da qualidade e segu- sua alta institucional, com o objetivo de verificar a
rança da assistência ao paciente.(19,20) segurança cirúrgica de forma global e multidisci-
A estratégia do uso de um checklist nos procedi- plinar. O SURPASS além do uso relacionado à se-
mentos cirúrgicos objetiva auxiliar as equipes cirúr- gurança cirúrgica tem sido utilizado para prevenir
gicas a seguirem de forma sistemática passos críticos ações judiciais por má prática cirúrgica por contem-
de segurança.(1) Seu uso está associado à sistematiza- plar todo o processo assistencial dado ao paciente
ção de dados para identificação de pontos a serem cirúrgico. Estudo aponta que o uso de checklist pode
reforçados ou alterados para a melhoria nos padrões prevenir a má prática cirúrgica, pois dos 94 inci-
de cuidado, para a redução das taxas de morbi-mor- dentes detectados com incapacitação permanente
talidade, de complicações cirúrgicas, bem como ou morte, 30% poderiam ter sido prevenidos com
para a prevenção de infecção e redução do número o uso do SURPASS.(24) No entanto, apesar de mais
de erros por falha de comunicação da equipe.(2-6) abrangente e de mostrar potencial de melhoria da
No entanto, destoando de muitos achados bené- segurança do paciente, este sistema não considera
ficos da implementação do checklist,(1-6) um estudo situações cirúrgicas específicas de risco, como o ris-
realizado em Ontário, Canadá(21) avaliou a introdu- co de sangramento e, por se tratar de um sistema, há
ção do checklist em 130 hospitais de forma institucio- a relação de custo envolvida.
nalizada pela estrutura governamental. Este estudo Experiências descrevem que o sucesso da im-
demonstrou não haver melhorias significantes para plementação do checklist e os bons resultados estão
mortalidade e ocorrência de complicações cirúrgicas ligados à participação, envolvimento e engajamen-
após três meses de sua implantação. Segundo os au- to das equipes.(19,20) Por isso, para efetivar a estra-
tores, o fator que pode ter influenciado os achados é tégia preventiva do processo de trabalho interven-
a introdução não voluntária de um checklist.(21) cionista específico do paciente cirúrgico, o uso do
Outra situação relevante considerada neste es- checklist validado pode vir a otimizar os possíveis
tudo foi a já observada utilização do checklist não resultados obtidos. A introdução do check-in (che-
apenas dentro da sala operatória, mas sim expan- gada do paciente ao centro cirúrgico) e do check
dido para momentos interelacionados com a segu- -out (saída do paciente) no instrumento objetivou
rança do paciente no período perioperatório. Um fechar o ciclo da assistência cirúrgica inclusive para
modelo de checklist com a inclusão de um momen- os pacientes que retornarão para seus domicílios
to pré-entrada em sala operatória, denominado após o procedimento.
check-in foi proposto pela associação de enfermeiros Diante deste cenário e conforme recomendação
perioperatórios (AORN)(22) no qual são checados da OMS,(1) além da introdução do check in e check

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Roscani AN, Ferraz EM, Oliveira Filho AG, Freitas MI

out, foram analisados e validados em conjunto com prevenção das infecções de sítio cirúrgico,(1,7,10,25)
a equipe multiprofissional itens direcionados à pre- podem contribuir para a redução da ocorrência
venção da infecção de sítio cirúrgico.(1) de infecção nas instituições de saúde. Às lideran-
Este direcionamento foi dado ao instrumento ças cabe estabelecer estratégias validadas e tomar
frente às evidências da prática assistencial associadas decisões baseadas em dados sistematizados, para
aos achados da literatura na avaliação dos resultados melhoria de seus processos de trabalho de modo a
da assistência cirúrgica, que demonstram que a in- garantir os melhores resultados para seu cliente, o
fecção de sítio cirúrgico (ISC) é uma complicação paciente. Desse modo podemos estruturar o cami-
do ato cirúrgico que pode ser evitada.(1,8-10,25) A pre- nho da sustentabilidade do sistema de assistência
valência de ISC é a mais comum dentre as infecções à saúde.
relacionadas à assistência em saúde.(25)
Após a construção de um instrumento e antes
de sua efetiva aplicação na assistência, é necessária Conclusão
a sua validação científica. Ressalta-se que a com-
posição da banca de peritos deste estudo, contem- O checklist modificado a partir do modelo preco-
plou profissionais com expertise nos três campos de nizado pela OMS foi validado quanto ao seu con-
conhecimento: assistência, ensino e pesquisa. Ou- teúdo e pode atender melhor à necessidade de pre-
tro fator de destaque na seleção e composição da venir erros e complicações ao paciente cirúrgico,
banca foi a característica heterogênia dos peritos de forma a atender a demanda da instituição de
os quais atuam na assistência ao paciente, na área estudo. Os itens que compõe o instrumento fo-
de infectologia, gestão, processos de esterilização e ram considerados pertinentes, claros e abrangen-
na intervenção cirúrgica. São profissionais atuan- tes, sendo possível sua utilização na assistência ao
tes no cenário da prática cirúrgica ou no apoio a paciente cirúrgico.
esta prática.
As contribuições dos peritos possibilitaram fi- Agradecimentos
nalizar um instrumento que, diferentemente do À equipe multiprofissional que participou da cons-
instrumento proposto pela OMS, considera além trução do instrumento e a equipe da divisão de in-
de operar o paciente certo, no local certo e com o formática que, em parceria, desenvolveu o sistema
procedimento certo, verificar passos preconizados informatizado do instrumento validado. A pesquisa
pela literatura que objetivem a prevenção de ISC no não recebeu financiamento para a sua realização.
período perioperatório.(1)
Como um produto adicional do instrumento Colaborações
validado, foi criado um formulário informatiza- Ferraz EM declara que contribuiu com a redação
do na plataforma web que contempla todos os do artigo, revisão crítica relevante do conteúdo in-
itens do checklist e possibilita a inserção e regis- telectual e aprovação final da versão a ser publicada.
tro dos dados em tempo real durante a checagem Roscani ANCP, Oliveira Filho AG e Freitas MIP
de segurança cirúrgica. Isto possibilita, além da colaboraram nas etapas de concepção do projeto,
eliminação do retrabalho de anotar em papel e análise, interpretação dos dados, redação do artigo,
digitar as informações em um banco de dados, revisão crítica relevante do conteúdo intelectual e
a análise fácil de indicadores diários da efetiva aprovação final da versão a ser publicada.
utilização do checklist, bem como de auditar fa-
cilmente fatores que comprometam a segurança
do paciente e a prevenção da infecção do sítio Referências
cirúrgico.
Acredita-se que apesar da variabilidade presen- 1. World Health Organization. Word Alliance for Patient Safety. Guidelines
Safe Surgery. 2008. [cited 2010 Aug 25]. Available from: www.who.int/
te, ações simples conforme as recomendações para patientsafety/safesurgery/knowledge_base/SSSL_Brochure_finalJun08.pdf.

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562 Acta Paul Enferm. 2015; 28(6):553-65.


Roscani AN, Ferraz EM, Oliveira Filho AG, Freitas MI

Anexo 1

Fonte: http://proqualis.net/sites/proqualis.net/files/2169_Chelist.pdf

Acta Paul Enferm. 2015; 28(6):553-65. 563


Validação de checklist cirúrgico para prevenção de infecção de sítio cirúrgico

Anexo 2

Fonte: Roscani, Alessandra Nazareth Caine Pereira. Perioperative surgical safety and surgical site infection prevention indicators in patients submitted to myocardial
revascularization. 2015. 153 f. Teses (Ph.D.) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP.

564 Acta Paul Enferm. 2015; 28(6):553-65.


Roscani AN, Ferraz EM, Oliveira Filho AG, Freitas MI

Anexo 3

Fonte: Roscani, Alessandra Nazareth Caine Pereira. Perioperative surgical safety and surgical site infection prevention indicators in patients submitted to myocardial
revascularization. 2015. 153 f. Teses (Ph.D.) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP.

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