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Introdução
O uso da força, por sua vez, de acordo com o direito internacional, está
restrito a situações específicas. Nestas, as atribuições conferidas ao Conselho
de Segurança da ONU são bastante relevantes e, em certas situações,
demasiadamente amplas, aspecto que prejudica a segurança jurídica e a
realização da justiça no plano internacional. Esse defeito do ordenamento
jurídico internacional, além de solapar seu funcionamento, afeta negativamente
sua credibilidade perante os diferentes povos do mundo. Embora bastante
evidente, o excesso de poderes do Conselho, no entanto, é vício de difícil e
incerta solução, uma vez que está diretamente relacionado a aspectos
sensíveis da soberania e da segurança das grandes potências.
2. HISTÓRICO
A classificação das guerras, com base no conceito ocidental de justiça,
foi a primeira forma clara de limitação jurídica do uso da força. Com fulcro
nessa classificação, doutrinadores - os quais foram, em grande parte,
influenciados pelo direito canônico e pelos princípios do jusnaturalismo –
determinaram as condições nas quais o conflito armado poderia ser
considerado legítimo. Deve-se notar que, nesse período (séculos 16 e 17),
predominava, no sistema europeu de Estados, o entendimento segundo o qual
o ato legal era, ao mesmo tempo, legítimo e justo, perspectiva que foi atenuada
e, em parte, modificada pelo advento do positivismo jurídico do século 19.
(AMARAL JUNIOR, pp. 193 e 194).
Apesar de o conceito de guerra justa ser abstrato, excessivamente
abrangente e não consensual, pode-se identificar as situações que eram
abarcadas por ele, no entendimento de doutrinadores como Francisco de
Vitória, Francisco Suarez e Hugo Grócio. Primeiramente, destaca-se a guerra
punitiva ou sancionadora, dirigida contra o Estado infrator ou responsável por
lesão a outro estado. Nesse tipo de conflito, o Estado, após ter sido
indevidamente prejudicado por outro, material ou moralmente, pode usar da
força com a finalidade de obter reparação ou de simplesmente punir a
coletividade provocadora do dano. As guerras feitas contra os infiéis, a
despeito da opinião contrária de doutrinadores como Francisco de Vitória,
poderiam, igualmente, ser consideradas formas de guerra justa. No que
concerne, especificamente, a identificação dos infiéis, nota-se que esta era
feita com base na exclusão. Na Idade Média, eram infiéis todos aqueles que
não pertenciam à cristandade, em especial os povos muçulmanos, em razão da
proximidade geográfica destes. Após o advento das grandes navegações, o
grupo de infiéis foi incrementado pelas diversas populações indígenas pagãs
do continente americano. (AMARAL JUNIOR, pp. 193 e 194).
"It is our view that the text of the resolution before us contemplates
measures that go much beyond such call. We are not convinced that the use
of force as provided for in operative paragraph 4 in the present resolution will
lead to the realisation of our common objective – the immediate end to violence
and the protection of civilians.
(…)
Many thoughtful commentators have noted that an important aspect of
the popular movements in North Africa and the Middle East is their
spontaneous, home grown nature. We are also concerned at the possibility that
the use of military force as called for in operative paragraph 4 of today’s
resolution could change that narrative in ways that may have serious
repercussions for the situation in Libya and beyond". (grifos do autor)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A doutrina da guerra justa não é mais aplicável na regulamentação do
uso da força no âmbito internacional. Hodiernamente, a guerra e a intervenção
armada em geral podem ser consideradas lícitas ou ilícitas. A regra
predominante é a de proscrição completa do uso da força. As exceções, com
base no princípio geral do direito, devem ser interpretadas restritivamente. A
exceção mais relevante é aquela que se refere ao uso da força com
autorização do Conselho de Segurança, colegiado político e oligárquico das
Nações Unidas. Segundo interpretação literal dos dispositivos da Carta, o uso
da força somente poderia ser autorizado pelo Conselho em casos de ameaça
ou de ruptura efetiva da paz e da segurança internacionais. Na prática,
entretanto, em razão dos poderes discricionários conferidos ao Conselho,
medidas coercitivas são aplicadas em variadas situações, desde que
convenientes para os membros permanentes. O voto dissidente do Brasil, no
caso das Resoluções direcionadas ao conflito na Líbia, expressa o não
alinhamento político brasileiro em relação às grandes potências e,
indiretamente, indicia o problema acarretado pela amplitude excessiva de
poderes do Conselho. A fundamentação do voto discordante brasileiro
evidencia que, em última instância, a decisão de aplicação da força foi
eminentemente política. Esse vício do órgão mais importante da ONU poderia
ser parcialmente solucionado mediante o aumento do poder do órgão
jurisdicional. Essa reforma, no entanto, demandaria vontade política das
grandes potências, o que, em curto prazo, não é possível se vislumbrar.
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