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N° 44 . julho/agosto 2011 . 6.50

DOSSIER CONVERSAS
Património em Betão Pamela Jerome
ficha técnica
diretor
Eduardo Júlio
ejulio@civil.ist.utl.pt

diretora executiva
Carla Santos Silva
carla.silva@engenhoemedia.pt

conselho científico
Abel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),
sumário
Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC),
Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC), 2
António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA),
editorial
Conceição Cunha (UC), Diogo Mateus (UC),
Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL) 4_25
Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),
dossier | “património em betão“
Fernando Sanchez Salvador (UTL),
Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), 4_9
Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),
conversas
Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP),
Pamela Jerome
Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC),
João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP),
Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC),
10_16
Conservação do património de Betão – Casa de Adoração Bahá’í
Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL),
Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),
José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC),
17_23
Betão armado – Nota histórica
Júlio Appleton (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL),
Luís Godinho (UC), Luís Juvandes (UP), 
Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC),
24_28
Monitorização inteligente do estado de conservação do Betão
Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC),
Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM),
Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC),
30_33
Ficar muito tempo a olhar para o ar
Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil),
Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC),
– Notas sobre o património em Betão Armado na arquitetura portuguesa
Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP),
Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),
34_39
Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
A monitorização das estruturas na conservação do património

redação 40_41
Joana Correia publi-reportagem
redaccao@engenhoemedia.pt Barragem do Baixo Sabor (Portugal) – uma instalação flexível de britagem
e crivagem “Metso”, chave na mão, com 650 tph de produtos finais 0/150 mm
marketing e publicidade
Rita Ladeiro 42_43
r.ladeiro@engenhoemedia.pt
betão estrutural
comunicação A aplicação de materiais compósitos de frp em estruturas de betão
Celine Borges Passos
c.passos@engenhoemedia.pt 44_45
alvenaria e construções antigas
grafismo Avaliação de fundações através do georadar
avawise
em colaboração com Engenho e Média, Lda. 46_47
assinaturas sustentabilidade
Tel. 22 589 96 25 Harmonização da avaliação da Construção Sustentável
construcaomagazine@engenhoemedia.pt
48_49
redação e edição térmica
Engenho e Média, Lda. Edifícios sustentáveis e de energia quase zero
Grupo Publindústria

propriedade e impressão
50_51
Publindústria, Lda.
i& d empresarial
Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTO
Tel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29
52_57
geral@publindustria.pt | www.publindustria.pt
notícias
publicação periódica 58_60
Registo n.o 123.765 mercado
tiragem 62
6.500 exemplares estante
issn
1645 – 1767 63
projeto pessoal
depósito legal João Catarino
164 778/01

capa
64
Fotografia gentilmente cedida por Robert F. Armbruster
eventos
© The Armbruster Company 1
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

Próxima edição >


Dossier Construção em Madeira
estatuto Editorial
Título: Construção Magazine, Revista Técnico-Científica
de Engenharia Civil
Caracterização: Publicação periódica de informação
científica e técnica.
Objecto: Ciências e tecnologias no âmbito da engenharia
civil.
Enquadramento Ético: A Construção Magazine respeita
os princípios deontológicos da imprensa e a ética
profissional, de modo a não poder prosseguir apenas
fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,
Desde o início de 2005, a Construção Magazine adoptou uma estratégia editorial de publi- encobrindo ou deturpando a informação.
cação de números temáticos, com vantagens óbvias para leitores e anunciantes. Depois Objectivo: Ser uma revista de interface: propõe-se
promover as relações universidade-indústria-sociedade,
de uma experiência isolada em 2007, a partir de meados de 2008 a revista passou a contar estabelecendo pontes de comunicação capazes de
com a colaboração de um especialista de renome, na figura de “co-editor”, na estruturação promover o diálogo e fomentar a cooperação entre as
instituições.
do dossier temático. O presente número constitui uma excepção à regra e não uma alteração
Estratégias: Divulgação de tecnologias, investigação,
de paradigma. A razão prende-se com o facto de, em 2010, eu ter sido desafiado a organizar produtos, serviços e ainda difundir actividades rele-
um workshop no âmbito do II International Meeting on World Heritage of Portuguese Origin, vantes junto da comunidade empresarial, profissional
e académica.
evento integrado no movimento de candidatura da Universidade de Coimbra a Património
da Humanidade da UNESCO, tema abordado no dossier da Construção Magazine N.º 42. Corpo Editorial:
Director: Professor Universitário
Considerei que este convite era uma boa oportunidade para chamar a atenção dos membros Director Executivo: Oriundo do corpo de colaboradores
das comunidades civil e científica para a questão do ‘Património em Betão’, uma vez que, os da Engenho e Média, Lda.
primeiros, tendem a associar a construção em betão a progresso desregrado e, os segundos, Colaboradores: Engenheiros e técnicos que exerçam a
sua actividade no âmbito do objecto editorial da revista,
tardam a reconhecer a sua existência. Fruto da excelência das comunicações apresenta- nos meios universitário e industrial.
das, o workshop traduziu-se num enorme sucesso e, de forma a atingir um público muito Conteúdo Editorial: Estruturas, Construções, Hidráulica,
Geotecnia, Vias de Comunicação, Urbanismo, Ambiente
mais vasto, decidimos dedicar um número da Construção Magazine a este tópico que tão e Arquitectura.
carecido está de divulgação. Na verdade, o ‘Património em Betão’ nacional é extremamente
rico, incluindo edifícios, pontes e barragens, com um potencial turístico ainda por explorar. Selecção de Conteúdos:
1. A selecção de conteúdos científicos será da exclusiva
Mas, precisamente por, salvo raras excepções, não estar classificado, corre um sério risco responsabilidade do Director e do Conselho Científico;
de degradação e desaparecimento. 2. O noticiário técnico/ informativo será proposto pelo
Director Executivo ao Director;
3. A revista poderá publicar peças noticiosas com carác-
Para além dos artigos da autoria de reputados especialistas, o dossier inclui como habitu- ter publicitário, nas seguintes condições:
3.1. Sob o título de Publi-reportagem;
almente a entrevista a uma figura de relevo, no contexto do tema ‘Património em Betão’:
3.2 No formato de notícia com a aposição no texto do
Pamela Jerome, arquitecta com intervenções em construções como a Falling Water House, termo (publicidade).
na Pensilvânia, ou o Museu Gugenheim, em Nova Iorque, ambos de Frank Lloyd Wright, um Organização Editorial: Sem prejuízo de novas áreas
temáticas que venham a ser consideradas, a estrutura
ícone da Arquitectura Modernista. e base da organização editorial da Revista compreende:
Sumário; Editorial; Secção Científica; Secção Tecno-
lógica; Feiras, Exposições, Congressos e Seminários;
Eduardo Júlio Bibliografia; Noticiário; Entrevista; Publi-reportagem;
Director Publicidade.

Espaço Publicitário:
1. A publicidade organiza-se por espaços de página e
fracções, encartes e publi-reportagem;
2. A tabela de publicidade é válida para todo o território
nacional;
3. A percentagem de espaço publicitário não pode ultra-
passar 1/3 da paginação;
4. A Direcção da Construção Magazine poderá recusar
publicidade que não se coadune com o objecto editorial e
os princípios deontológicos da revista.
5. Não será aceite publicidade que não esteja em confor-
midade com a lei geral do exercício da actividade.

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conversas

Entrevista conduzida por


Maria Fernandes e Victor Mestre

Tradução por Rita Ladeiro


Fotografias gentilmente cedidas por Pamela Jerome

Conservação e reabilitação são as áreas de excelência de Pamela Conservation and rehabilitation are the
Jerome, prova disso são os inúmeros projetos de conservação em que area of excellence of Pamela Jerome,
já colaborou um pouco por tudo o mundo. Licenciada em Arquitetura proven by the intervention in many
e mestre em Historic Preservation, Pamela foi responsável por conservation projects all over the world.
trabalhos em edifícios e monumentos projetados por grandes nomes With a degree in Architecture and Master
da arquitetura mundial, tais como, Frank Lloyd Wright, I.M. Pei ou Mies at Historic Preservation, Pamela was
Van der Rohe. Apesar do trabalho no terreno que lhe ocupa grande parte responsible for works on buildings and
do tempo, Pamela Jerome não deixa de contribuir para a literatura monuments designed by important
e conhecimento científico, sendo autora de várias publicações na names of world architecture such as
sua área de estudos. Neste momento, é também vice-presidente do Frank Lloyd Wright, I.M. Pei and Mies
ICOMOS-ISCEAH e expert member do ICOMOS--ISC20C, além de outros van der Rohe. Although the field work,
cargos de destaque que ocupa. that occupies most of her time, Pamela
arquiteta pamela jerome

Jerome also contributes to literature


and scientific knowledge, being author
of several publications in her working
Construção Magazine (CM) – Na conferência que
field. At this point, Pamela is also vice
proferiu na Universidade de Coimbra em 19 de
president of ICOMOS-ISCEAH and expert
fevereiro de 2010, “The use of protective shelters
member of ICOMOS - ISC20C, along with
at archaeological sites”, afirmou que intervir em
other important positions.
edifícios entre a Idade do Bronze e o Moderno era
fácil, quando comparados com os problemas de
conservação nos dois extremos – a idade do Bron-
ze e o Moderno. Gostaríamos que desenvolvesse
conceptualmente esta ideia.
Pamela Jerome (JM) – Os edifícios tradicionais Construção Magazine (CM) –At the conference
que podem ser recuperados ou reutilizados não on “The use of protective shelters at archaeo-
são tão problemáticos, porque se pode reparar ou logical sites” that took place at the University
substituir o telhado e outros elementos que neces- de Coimbra on February 19 of 2010, you stated
sitem de conservação. Por outras palavras, pode that interventions in buildings between the
definir-se como função da envolvente de um edifí- Bronze Age and the Modern Age are easy when
cio protegê-lo da água e neve. O que nem sempre compared with the conservation problems
acontece com o património arqueológico, sendo os that arise at both ends – the Bronze Age and
edifícios Modernistas problemáticos pela mesma the Modern Age. We would like you to concep-
razão - a envolvente do edifício geralmente tem tually expand this idea. on or below the surface causing further dama-
falhas que advêm de opções de projeto e de Pamela Jerome (JM) – Traditional buildings ge to fragile materials.
seleção de materiais de construção. that can be restored or reused are not as With Modernist architecture, we are dealing
Qualquer sítio arqueológico com escavação, problematic because you can repair or repla- with new materials and designs that were
não apenas da idade do Bronze, é difícil de ce the roof and other elements that require very much experimental in nature in their time.
conservar. Há várias razões para que isto conservation. In other words, you can make Therefore, these buildings often experience
aconteça. Em primeiro lugar, o facto é que se the building’s envelope function to shed water technological failure.
está a lidar com arquitetura incompleta em and snow. This is not always the case with CM – Still in line with the previous question,
estado ruinoso, que perdeu já os componen- archaeological sites, and Modernist buildings and regarding both interventions on Frank
tes que lhe permitem escoar a água, como o are problematic for the same reason – their Lloyd Wright’s works in which you were in-
seu telhado. Assim, o que resta é a pegada do building envelope generally is flawed because volved, Fallingwater in Pennsylvania (1936)
edifício, e se esta for deixada exposta, cada of design choices and construction material and the Solomon R. Guggenheim Museum in
divisão tem de possuir uma forma de escoar selection. New York (1959), please let us know the major
a água, caso contrário, transforma-se numa Any excavated archaeological site, not just difficulties you had to face.
piscina no inverno, algo para o qual nunca foi Bronze Age, is difficult to conserve. There are PJ – With Fallingwater, Frank Lloyd Wright’s
projetada. Adicionalmente, locais enterrados several reasons for this. Primarily, the fact is choice of materials, reinforced concrete, stone,
alcançam um equilíbrio em que a tempera- that you are dealing with incomplete archi- and single-glazed steel casement windows and
tura e a humidade relativa são estáveis e há tecture in a ruinous state that has lost the doors, exemplifies his aesthetic of organic ar-
escassez de acesso a oxigénio e a luz. Quando components that allowed it to shed water, like chitecture, yet the building is highly Modernist
um local é escavado, passa por um tipo de cho- its roof. So what you have left is the building’s too. He chose to have these materials interpe-
que climático devido à exposição a humidade footprint, and if left exposed, each room has to netrate each other in a nonconventional way,
relativa e temperatura instáveis, e ao acesso have a way to evacuate water or it becomes a and because he did not like the look of metal
a oxigénio e a luz. Ocorre rápida desidratação swimming pool in the winter, something it was flashing, the traditional method of ensuring
e formação de sais das águas subterrâneas never designed to do. In addition, buried sites that moisture from the exterior of a wall does
que inundaram a estrutura durante o seu reach an equilibrium wherein the temperature not find its way into the interior, there was no
estado de enterramento, e que cristalizam na and relative humidity are stable, and there is a through-wall flashing installed. This combined
ou abaixo da superfície, causando mais danos lack of access to oxygen and light. Once a site with poorly detailed flat roofs and terraces
aos materiais frágeis. is excavated, it goes through a type of climatic meant that the building experienced 60 chro-
Com a arquitetura Modernista, estamos a shock because of exposure to unstable relative nic leaks from its inception. So, much of what
lidar com novos materiais e projetos que eram humidity and temperature, and access to oxy- my firm, WASA/Studio A, did was to intervene
muito experimentais no seu tempo. Portanto, gen and light. Rapid dehydration occurs and with discreet details and built-in redundancy
esses edifícios frequentemente sofrem falhas salts from ground water, which has inundated that improved the performance of the building
tecnológicas. the structure during its burial state, crystallize (and cured the leaks). There was also the issue

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conversas
conversas

CM – Ainda na linha da questão anterior, e relativamente às


duas intervenções em que esteve envolvida de obras do
arquiteto Frank Lloyd Wright, a Fallingwater na Pensilvâ-
nia (1936) e o Solomon R. Guggenheim Museum em Nova
Iorque (1959), refira por favor as principais dificuldades
que encontrou.
PJ – Com a Fallingwater, a escolha de materiais de Frank
Lloyd Wright, betão armado, pedra, e aço para a caixilharia
de janelas e portas, exemplifica a sua estética de arqui-
tetura orgânica, embora o edifício seja muito Modernista
também. Frank Lloyd Wright optou por estes materiais
que se combinam entre si de uma forma não conven-
cional, e como ele não gostava do aspeto das caleiras
metálicas, o método tradicional de garantir que a humi-
dade não penetrasse no interior, não foram instalados
tubos de queda no interior das paredes. Isto combinado
com coberturas em terraço insuficientemente por-
menorizadas, fez com que a construção sofresse 60
infiltrações crónicas desde a sua conceção. Assim,
muito do que a minha empresa, WASA/Studio A, fez
foi intervir com detalhes discretos e redundâncias
incorporadas que melhoraram o desempenho do
edifício (e sanaram as infiltrações). Houve também
a questão das vigas em consola danificadas, mas
a solução adotada, pós-tensão, foi projetada pela
Robert Silman Associates. No entanto, foi necessá-
rio que o espaço principal da casa, a sala de estar,
fosse desmontado e remontado, incluindo todo
o mobiliário embutido, assim como o pavimento
empedrado. Assim, para cada piso e terraço em-
pedrados foram retirados e nós fornecemos um
guia, com desenhos pedra a pedra, para orientar
a reconstrução. Também restaurámos o betão, a
alvenaria de pedra, e as janelas e portas de aço.
Relativamente ao Guggenheim, a maioria das
pessoas pensa erradamente que o edifício é
“the most sustainable building is one todo em betão moldado no local. Na verdade,
as paredes da zona circular são realmente
that is already built, so from an economic point
12,5 centímetros de betão projetado, que foi
of view, as well as an ecological one, it makes aplicado do interior para o exterior contra
sense to recycle buildings.“ uma densa rede constituída por duas malhas
metálicas soldadas, duas camadas de varões
horizontais e verticais, e perfis metálicos
“o edifício mais sustentável é aquele que em T verticais espaçados a cada dez graus
já está construído, pelo que tanto do à volta da circunferência, com cofragens de

ponto de vista económico, como ecológico, contraplacado no exterior. Estas deram às


paredes arredondadas as suas caracterís-
faz todo o sentido reciclar edifícios.“ ticas marcas de cofragem diagonais, que
aparecem através da pintura quando nela
incide luz solar. Frank Lloyd Wright utilizou

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novamente janelas com caixilharias de aço of the failed cantilever beams, but the solution Structurally, there was only a problem with the
simples nas paredes, bem como claraboias here, post-tensioning, was designed by the 6th-floor ramp walls, and this was resolved by
de vidro simples. Devido à fina espessura structural engineer, Robert Silman Associates. the same engineer, Robert Silman Associates,
das paredes e às suas componentes de vidro However, it required that the premiere space through the introduction of a basket-weave
simples, o edifício, tal como foi projetado, ex- in the house, the living room, be disassembled of carbon fiber mesh applied to the interior of
perimentou graves problemas de condensação and reassembled, including all of the built in the rotunda wall.
(o museu mantém a humidade relativa interior furnishings, as well as the flagstone floor. Generally speaking, buildings from the Modern
de 50%). Além disso, como Frank Lloyd Wright So for every flagstone terrace and floor that Movement were built knowing that, unlike
não gostava do aspeto das juntas de dilatação, was removed, we provided a stone-by-stone historic buildings, they would not last forever.
não foi instalada nenhuma. drawing to guide reassembly. We also restored What is your opinion regarding both the ethics
Ele tinha esperança que uma pintura expe- the concrete, stonework, and steel windows of intervention and the contradiction that
rimental no edifício (uma forma primitiva de and doors. seems to exist in perpetuating buildings that
revestimento elastomérico, inventado para With the Guggenheim, most people mistakenly were not designed for a long lifespan?
desinfestar os navios da Marinha na Segunda think the building is all cast-in-place concrete. PJ – Our job as preservation architects is both
Guerra Mundial, conhecido como “The Cocoon”) In reality, the walls of the rotunda are actu- to identify buildings of cultural significance,
seria fosse suficiente para evitar a fissuração ally 12.5 cm of gunnite (shotcrete) that was as well as to restore them. For Modernist
que ocorreria inevitavelmente como resulta- sprayed from the interior to the exterior onto a buildings, there is a renewed appreciation of
do da sua escolha de projeto. Uma vez mais dense array of two layers of welded-wire mesh, their design and aesthetic, and an acknowled-
foram feitas algumas intervenções discretas two layers of horizontal and vertical reinforcing gement that these are now historic. Therefore,
para melhorar o desempenho da envolvente bars, and vertical steel Tees spaced every ten we have no choice except to figure out how to
exterior, incluindo a colocação de isolamento degrees around the circumference, backed by preserve these as well, which, as I indicated
(que na verdade ocorreu em 1992, mas com plywood formwork. The latter gave the rounded earlier, is extremely challenging.
lacunas que tivemos que reparar) e a inclina- walls their characteristic diagonal formwork CM – And, from an economic point of view, how
ção no topo da parede da zona circular. Foram marks, which show through the paint in raking can we explain the cultural and technological
necessárias intervenções mais dramáticas sunlight. Frank Lloyd Wright again used single- interest of heritage buildings from the second
neste caso, porque tínhamos de respeitar o glazed steel casement window walls, as well half of the 20th century, once they have fulfil-
uso continuo do edifício enquanto museu de as single-glazed skylights. Because of the led their service life? Does their rehabilitation
arte de classe mundial. Portanto, as janelas thin walls and single-glazed components, for different new uses represent a violation of
foram reproduzidas em aço com vidros duplos the building as designed experienced severe their authenticity on a cultural plane or, on the
e as claraboias em alumínio com vidros duplos. condensation issues (the museum keeps the contrary, does this constitute the justification
Estruturalmente houve apenas um problema interior relative humidity at 50%). In addition, from an economic and sociocultural point of
com as paredes da rampa do 6º piso o qual foi because Frank Lloyd Wright did not like the view for the new lifespan of these buildings?
resolvido pelo mesmo gabinete de engenharia, look of expansion joints, none were installed. PJ – Many Modernist buildings were built for a
Robert Silman Associates, através de um refor- He hoped that the experimental high-build specific use, and do not easily lend themselves
ço com mantas de fibra de carbono coladas no paint (an early form of an elastomeric coating, to adaptive reuse. However, occupied buildings
interior da parede da zona circular. invented to mothball World War II navy vessels, are better maintained than abandoned ones;
CM – Na generalidade, os edifícios do Movi- known as the Cocoon) would be adequate to therefore, finding compatible new uses allows
mento Moderno foram construídos na perspe- protect the cracks that would inevitably occur buildings to survive. This can also be viewed
tiva de durarem menos tempo e não de serem as a result of this design choice. Again discrete through the lens of progressive authenticity,
eternos, como os edifícios históricos. Qual a interventions were made to improve the per- wherein buildings acquire layers of meaning
sua opinião em termos éticos de intervenção formance of the exterior envelope, including over time. The fact that the construction mate-
e no que se refere à contradição que parece installation of insulation (which actually rials of Modernist buildings may have outlived
existir ao perpetuarmos edifícios que supos- occurred in 1992, but with gaps that we had their service life is a difficult problem, but like
tamente não eram para durar tanto tempo? to repair) and altering the pitch at the top of mortar that gets replaced when a building is
PJ – O nosso trabalho enquanto arquitetos the rotunda wall. More dramatic interventions repointed, we can accept that some materials
envolvidos na preservação consiste tanto were required in this case, because we had will be replaced, as long as the image of the
na identificação de edifícios com significado to recognize the building’s continued use as building remains intact. The most sustainable
cultural, como no seu restauro. Relativamente world-class art museum. Therefore, the win- building is one that is already built, so from an
aos edifícios Modernistas, há uma renovada dows were replicated as steel double-glazed, economic point of view, as well as an ecological
apreciação do seu projeto e estética, e um and the skylights as double-glazed aluminum. one, it makes sense to recycle buildings.

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conversas

“o problema com a conservação


do betão prende-se com a
necessidade de fornecer um
revestimento protetor. todo o
betão histórico foi revestido,
com tinta ou estuque. ”

“the issue with the


conservation of concrete
is to provide a protective
coating. all historic
concrete was coated, either
with paint or stucco.”

reconhecimento de que estes têm agora um permaneça intacta. O edifício mais sustentável CM – Bearing in mind the specific nature of the
valor histórico são agora históricos. Portanto, a é aquele que já está construído, pelo que tanto building materials of the Industrial Revolution,
nossa única opção é estudar formas de preser- do ponto de vista económico, como ecológico, particularly as structural elements, some of
var também este tipo de edifícios, o que, como faz todo o sentido reciclar edifícios. which associated to its artistic and stylistic
referi anteriormente, é um grande desafio. CM – Tendo em consideração o tipo de ma- identity, and extremely ephemeral, such as
CM – E, do ponto de vista económico, como teriais da Revolução Industrial, sobretudo steel decorative elements, how should we
explicar o interesse cultural e tecnológico enquanto elementos estruturais, alguns deles frame the gaps if we mean to maintain the
dos edifícios da segunda metade do séc. XX associados à própria identidade “estilística/ authenticity of the restoration? Is the repla-
com valor patrimonial após terem cumprido artística” extremamente perecíveis, como os cement of copies of a missing element, built
o ciclo de uso para que foram projetados? A elementos decorativos em aço, como enqua- from the original molds, a proper restoration
sua reconfiguração para novos usos será uma drar as lacunas numa perspetiva da manuten- from an ethical point of view?
transgressão no plano cultural à autenticida- ção da autenticidade dos restauros? A reposi- PJ – We need to accept the fact that all building
de ou antes será a sua revalidação, económica ção de cópias de um determinado elemento em materials are ephemeral. Even stone can be
e sociocultural, de um novo tempo de vida para falta a partir dos moldes originais, constituirá of poor quality and require replacement. The
estes edifícios? um restauro no plano ético correto? question is really a matter of how much. When
PJ – Muitos edifícios Modernistas foram PJ – É preciso aceitar o facto de que todos os replacement materials overwhelm the original,
construídos para um uso específico, e não se materiais de construção são efémeros. Mesmo we call it a reconstruction. In the Western
prestam facilmente a uma adaptação para a pedra, sendo de baixa qualidade, precisa de philosophy of restoration, reconstructions
outro tipo de utilização. No entanto, os edifícios ser substituída. A grande questão centra-se are acceptable if they are done as a result of a
ocupados têm uma manutenção melhor do que realmente no “quanto”. Quando os materiais disastrous loss – fire, earthquake, flood, etc.
os que se encontram abandonados; portanto, de substituição se sobrepoem aos originais, In some cultures, however, reconstructions
encontrar novos usos que sejam compatíveis já falamos de reconstrução. Na filosofia/pers- are an important part of reclaiming cultural
contribui para a sobrevivência de edifícios. Isto petiva ocidental de restauro, as reconstruções identity where it has been lost (for instance,
também pode ser encarado numa perspetiva são aceitáveis se forem feitas como resultado as a result of colonial oppression). Many
de autenticidade progressiva, segundo a qual de uma perda desastrosa - incêndio, terra- post-industrial revolution buildings were still
os edifícios adquirem camadas de significado moto, inundação, etc. Em algumas culturas, constructed with traditional materials, and
ao longo do tempo. O facto dos materiais de no entanto, as reconstruções são uma forma if maintained, are capable of very long-term
construção de edifícios Modernistas poderem importante de resgatar a identidade cultural, service life. The real problem is with Modernist
ter ultrapassado a sua vida útil é um proble- onde a mesma tenha sido perdida (por exem- and contemporary buildings (which will even-
ma difícil, mas tal como a argamassa que é plo, como resultado da opressão colonial). Mui- tually become historic as well). In the case of
substituída quando um edifício é reparado, tos edifícios pós-revolução industrial foram the former, it is the experimental nature of the
podemos aceitar que alguns materiais sejam ainda construídos com materiais tradicionais construction materials used; for the latter, it
substituídos, desde que a imagem do edifício e, se devidamente mantidos, poderão ter uma is the planned obsolescence that they were

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designed with from the start. In either case, vida útil muito longa. O verdadeiro problema no bairro Dumbo. Têm agora mais de 100 anos.
we have reached a point where demolition concentra-se nos edifícios Modernistas e São belas estruturas e foram reutilizadas
and replacement within twenty years is no contemporâneos (que também acabarão por adaptando-as a lofts residenciais. Com a ma-
longer a viable option for the limited resources se tornar históricos). No caso dos primeiros, nutenção adequada, podem durar mais umas
of our planet. Therefore, we are going to need é a natureza experimental dos materiais de centenas de anos. O problema com a conser-
to make buildings with short-term service life construção utilizados; para os últimos, é a vação do betão prende-se com a necessidade
last longer through appropriate interventions. obsolescência planeada para os quais estes de fornecer um revestimento protetor. Todo o
CM – Finally, regarding the most used struc- foram projetados desde o início. Em ambos betão histórico foi revestido, com tinta ou estu-
tural material in the second half of the 20th os casos, chegámos a um ponto em que a que. A estética do betão aparente só se tornou
century, reinforced concrete, can it, in your demolição e substituição no prazo de 20 anos popular após o Brutalismo. O problema é que
opinion, be considered a historical material já não é uma opção viável para os recursos li- nós vemos o betão como sendo uma espécie de
today? In that case, what are the main specifi- mitados do nosso planeta. Portanto, vamos ter material nobre, e não é. O betão não revestido
cities to take into account in concrete heritage de prolongar a vida dos edifícios que têm uma é suscetível à penetração de humidade, assim
conservation? curta vida útil, tornando-os mais duráveis no como à carbonatação, o que leva à corrosão
PJ – Absolutely, reinforced concrete can be tempo, através de intervenções apropriadas. das armaduras, fissuração e destacamento
considered historic depending on its age. In CM – Por fim, em relação ao material estrutural do betão. Quando isso acontece, a reparação
New York City, we have early high-rise concrete mais utilizado na segunda metade do Século consiste na remoção do betão danificado, lim-
industrial buildings on the Brooklyn waterfront XX, o betão armado, na sua opinião este pode peza da corrosão das armaduras e aplicação
in the Dumbo neighborhood. These are now hoje ser considerado um material histórico? de uma argamassa cimentícia de reparação.
over 100 years old. They are beautiful struc- Em caso afirmativo, quais as principais espe- No entanto, mesmo após a reparação, o betão
tures and have been adaptively reused as re- cificidades a ter em conta na conservação do vai continuar a sofrer carbonatação, perdendo
sidential lofts. With proper maintenance, they património em betão? assim o ambiente alcalino que protege o aço
can last for hundreds more years. The issue PJ – Absolutamente, o betão armado pode ser da corrosão. Portanto, o betão deve sempre
with the conservation of concrete is to provi- considerado histórico, dependendo da sua ser revestido, seja com tinta, com um compo-
de a protective coating. All historic concrete idade. Em Nova York, temos edifícios indus- nente hidrófugo, com um repelente hidráulico,
was coated, either with paint or stucco. The triais de betão de grandes dimensões, que são ou estuque, em conformidade com a estética
aesthetic of exposed concrete did not become precursores, na frente ribeirinha de Brooklyn, original.
popular until Brutalism. Our problem is that we
view concrete as if it were some kind of noble
material, which it is not. Uncoated concrete is
susceptible to moisture penetration, carbona-
tion, which leads to corrosion of the reinforcing Perfil
Pamela Jerome, AIA, LEEDTM AP é uma arquiteta re-
bars, and cracking and spalling of the concrete.
gistada e uma conservadora arquitetónica. Pamela
Once that happens, the repair is to remove the possui um Arch B em Architectural Engineering - Na- Profile
damaged concrete, “chase” the rust on the tional Technical University of Athens, Grécia (1979) Pamela Jerome, AIA, LEEDTM AP is a registered architect and
e é Mestre MSc em Preservation pela Columbia architectural conservator. She holds a B Arch in architec-
reinforcing bars, and patch with a cementitious
University, New York USA (1991). Ela é atualmente tural engineering from the National Technical University in
compound. Yet, even after repair, the concrete Sócia responsável pela Preservação no gabinete de Athens, Greece (1979) and an M Sc in historic preservation
will continue to carbonate, thereby losing the arquitetura e engenharia WASA/Studio A em New York, from Columbia University (1991). She is currently Partner
alkaline environment that protects the steel sendo ainda Adjunct Associate Professor na Columbia in charge of Preservation with WASA/Studio A, a New York
University’s Graduate School of Architecture, Plan- City-based architecture and engineering firm. She is also
from corroding. Therefore, concrete should ning and Preservation. Pamela Jerome é membro do an Adjunct Associate Professor at Columbia University’s
always be coated, either with paint, water- US/ICOMOS Comité Nacional do ICOMOS dos Estados Graduate School of Architecture, Planning and Preser-
repellent stain, clear water repellent, or stucco, Unidos da América, do APT Association for Preser- vation. She is a former trustee of the board of US/ICOMOS
vation Technology International, vice presidente do (International Council on Monuments and Sites) and is
depending on the original aesthetic.
ICOMOS-ISCEAH International Scientific Committee on that organization’s liaison to the APT (Association for
Earthen Architectural Heritage e expert member do Preservation Technology International) board. Ms. Jerome
ICOMOS-ISC20C, International Scientific Committee is vice president of ICOMOS’s International Scientific Com-
on 20th Century Heritage. Ela é também membro do mittee on Earthen Architectural Heritage (ISCEAH), expert
Global Heritage Fund’s Senior Advisory Board. A sua member of ICOMOS’s International Scientific Committee on
especialização é em conservação de alvenarias e im- 20th Century Heritage (ISC20C), and an elected officer of
permeabilização, com especial ênfase no património ICOMOS’s Scientific Council. She is also a member of Global
do século XX, arquitetura em terra e preservação de Heritage Fund’s Senior Advisory Board. Her expertise is in
sítios arqueológicos. Pamela tem sido consultada masonry conservation and waterproofing, with a particular
sobre preservação do património cultural nos EUA, emphasis on 20th-century heritage, earthen architecture
Mediterrâneo, Mar Negro e Médio Oriente. and archaeological site preservation. She has consulted on
cultural property conservation in the US, Mediterranean,
A construção magazine agradece a especial revisão Black Sea and Middle East.
de tradução realizada por Isabel Donas Botto (UC).

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património em betão
conservação do património de betão
– casa de adoração bahá’í
Robert F. Armbruster
Presidente, The Armbruster Company
bob@armbrusterco.com

Os Bahá’ís têm um plano de A Casa de Adoração Baha’í, localizada a


1000 anos para conservar o norte de Chicago, Illinois, tem dos mais
seu Templo e a indústria de betão antigos painéis arquitetónicos de betão
nos Estados Unidos aceitou o pré-fabricados do mundo. É também um
desafio. dos mais elaborados e notavelmente
belos edifícios de betão. A necessidade
de restauro do Templo Bahá’í promoveu
o desenvolvimento da conservação do
património de betão.

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>1 >2 >3

A experiência dos Estados Unidos lhou por mais 17 anos para fabricar e instalar pode ser especialmente exigente.
o betão arquitetónico. Os escultores do Earley A conservação do património de betão come-
Situado numa falésia com vista para o Lago Mi- Studio usaram os desenhos de Bourgeois para çou apenas há 25 anos com os projetos iniciais
chigan, o espaço abobadado do Templo reflete criar modelos em argila de cada painel nas do Templo Bahá’í [7] e evoluiu rapidamente.
a crença Bahá’í em um só Deus e na unidade superfícies curvas. Em seguida, os artesãos Os profissionais de projetos e construção ga-
de toda a humanidade. O projeto inovador do fizeram moldes de gesso dos modelos de argila. nharam experiência e estabeleceram normas
arquiteto Louis Bourgeois foi selecionado Os modelos de gesso foram moldados e em se- técnicas validadas pela indústria [8]. Melhores
através de concurso em 1920 [1]. O arquiteto guida aparafusados a uma maquete estrutural materiais e melhores técnicas de reparação
imaginou um “Templo de Luz” com luz a fluir de madeira da cúpula, no pátio do Studio. Os fornecem reparações duráveis, que podem
através de 10.000 aberturas da cúpula em fili- artesãos subiram e refinaram o alinhamento combinar com os materiais originais.
grana. No entanto, os requisitos dos materiais da ornamentação em todas as ligações da A conservação do património de betão segue
para a delicada ornamentação da cúpula não cúpula. Finalmente, os moldes de betão foram um processo semelhante ao utilizado noutras
permitiam a concretização em pedra, terracota fabricados em gesso revestido com folha de estruturas património. As etapas são:
ou alumínio fundido. chumbo. O Earley Studio triturou e peneirou
A solução foi fornecida pelo escultor arquitetó- o agregado de quartzo e misturou o betão em – Compreender a estrutura e os seus proble-
nico John J. Earley [2]. Earley propôs uma cúpu- betoneiras. O betão pré-fabricado foi removido mas.
la de betão armado em painéis pré-fabricados dos moldes 16 horas após o enchimento, tendo – Desenvolver um plano de conservação.
de 90 milímetros de espessura, 3 metros de podido assim os artesãos expor os reluzentes – Preparação para a intervenção.
largura por 2 metros de altura, feita no estúdio seixos de quartzo por raspagem manual com – Realizar a intervenção.
de um artesão, enviada para o local, içada e escovas de arame do tamanho de escovas de
aparafusada em treliças de aço acima de uma lavar os dentes [4].
claraboia gigante [3]. Tal nunca tinha sido feito Compreender a Estrutura e os
antes de Bourgeois e a liderança Bahá’í aprovou seus Problemas
corajosamente este sistema. O revestimento Conservação do Património nos
arquitetónico de betão consistiria em cimento Estados Unidos Em 1985, o Templo Baha’i mostrou sinais
branco e fragmentos de seixos de quartzo de perigo. A maioria do seu betão estava em
branco expostos na superfície. O altivo espaço A conservação do património nos Estados excelentes condições, mas existia claramente
interior abobadado foi rematado com painéis Unidos tornou-se um esforço organizado há deterioração em alguns locais. A comunidade
de betão pré-fabricado de agregado de quartzo menos de 50 anos [5]. As normas nacionais Bahá’í iniciou um enorme esforço de conserva-
multicolor criando um efeito de mosaico. para a Preservação Histórica [6] exigem que ção com o objetivo de manter o templo em con-
Para construir o Templo, o arquiteto Louis Bour- os materiais característicos do tecido histórico dições de excelência nos próximos mil anos.
geois passou oito anos a criar desenhos em de uma propriedade sejam preservados e que O gestor de projeto reuniu uma equipa de en-
tamanho real de todos os detalhes ornamentais materiais similares sejam utilizados em repara- genheiros, mestres-artesãos e cientistas de
originais e, em seguida, o Earley Studio traba- ções. Reproduzir betão arquitetónico histórico materiais para realizarem um levantamento e

> Figura 1: Artistas do John Earley Studio rodeados por modelos de gesso e moldes para o Templo Bahá’í.
> Figura 2: Na manhã após a colocação do betão, o painel é retirado do molde. Os artistas trabalham ombro a ombro para remover rapidamente a pasta de cimento a partir da superfície para
expor os seixos de quartzo. Em apenas 45 minutos a superfície do betão tornar-se-ia muito difícil de remover.
> Figura 3: Escultor sobe uma maquete de madeira em tamanho real da cúpula para moldar as ligações entre os painéis dos modelos de gesso.

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construção em betão

>4 >5 >6

uma avaliação das necessidades. O produtor do edifício e tipos de deterioração. pacómetro para localizar o aço das armaduras,
de betão era um membro integrante da equipa A deterioração do betão pode ser causada por ensaios de corrosão e ensaios de água para
desde o início e forneceu importantes informa- excesso de carga, assentamentos ou desloca- localizar o movimento da mesma. As fissuras
ções sobre os métodos de construção original, mentos relativos, corrosão das armaduras ou e outros defeitos foram medidos. Os ensaios
potenciais técnicas de restauro e estratégias das ligações, rutura do material devido a ciclos de limpeza foram realizados de forma a identi-
de construção. gelo-degelo, reação álcali-sílica, ataque por ficar o método menos agressivo para remoção
Uma pesquisa nos Arquivos Bahá’í forneceu agentes atmosféricos, poluição ou manchas. A de líquenes, algas, fungos, sulfato de cálcio,
valiosas informações sobre o projeto original deterioração pode produzir fissuras, delamina- depósitos atmosféricos e manchas químicas.
e desenhos de execução, correspondência ção, destacamento ou desintegração do betão. Equipamentos para monitorização tensão/de-
e especificações, fotografias históricas e Foram encontradas todas estas patologias no formação, vibração/deslocamento, humidade
desenhos de produção de alguns dos betões Templo Bahá’í. relativa e temperatura foram utilizados para
arquitetónicos. Uma inspeção apropriada do Foram recolhidos dados através de ensaios medir a resposta da estrutura a solicitações
Templo forneceu informação sobre métodos de não destrutivos, tais como sondagens com es- e condições ambientais ao longo do tempo.
construção originais do Templo, desempenho clerómetro, ensaios de impacto, leituras com Foram extraídas carotes de betão. Foram

>7 >8

> Figura 4: Dois montadores colocam um painel pré-fabricado, que é içado para a posição na cúpula.
> Figura 5: Sistemas de elevação de alumínio leve que foram projetados para serem ancorados às treliças de aço estrutural através da cúpula ornamental de betão.
> Figura 6: Em 1985, a cornija maciça na base da cúpula mostrou sinais de deterioração.
> Figura 7: Crostas de sulfato de cálcio preto cobriam grande parte da ornamentação do Templo em 1985.
> Figura 8: Adaptadas pela primeira vez para uso em betão, técnicas de limpeza de água-névoa dissolveram as crostas. Pequenos orifícios foram posicionados para pulverizar cada fenda e
esquina da ornamentação.

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>9 > 10

> 11 > 12

levantados rufos, coberturas, revestimentos, ensaio das amostras do betão forneceram Desenvolver um Plano de Conservação
pavimentos, janelas e acabamentos interiores, informações fundamentais sobre os materiais
com o objetivo de examinar as condições do originais, possíveis causas de deterioração e Os resultados da pesquisa, da investigação
betão e da estrutura interior. Finalmente, nos ainda materiais compatíveis para reparações. de campo e das análises laboratoriais foram
locais de maior deterioração, foram abertas Os materiais do betão original do Earley Studio utilizados para desenvolver um plano de
janelas de inspeção, por corte e remoção de era de qualidade excecionalmente alta e na conservação. O plano incluiu limpeza e repa-
secções, de forma a analisar a ligação interna. maioria dos locais permaneceram em ótimas rações, métodos para reproduzir o património
Todas as janelas de inspeção foram reparadas condições. de betão em materiais e formas, acesso e
e impermeabilizadas assim que a investigação A maior parte da deterioração foi causada preparação, planeamento e custos estima-
foi concluída. por falhas nas juntas entre os revestimentos dos. A gama de reparações de betão pediam
A análise estrutural e a avaliação de materiais arquitetónicos e os rufos ou os materiais da pequenas correções manuais, reparações
em laboratório forneceram uma visão mais cobertura. O Templo foi um protótipo para o moldadas no local, reparações com elemen-
aprofundada dos problemas e das suas causas. revestimento arquitetónico de betão, sendo tos pré-fabricados e reforço estrutural com
Um passo importante na análise estrutural por este motivo de certa forma experimental reforço externo.
era a determinação da capacidade real dos a pormenorização das juntas. A água que en- Surgiram soluções práticas e económicas da
elementos estruturais na sua condição atual, trasse por uma junta ficava presa no interior colaboração entre o engenheiro, o empreiteiro
quando referenciados com as normas de cons- da ligação e a deterioração começava inter- e o dono-de-obra. Por exemplo, após ampla
trução vigentes. namente e só aparecia na superfície exterior consulta entre a equipa, o engenheiro prin-
No laboratório, a avaliação petrográfica e o depois de ter ocorrido dano extenso. cipal criou folhas de grande formato, 2 por 3

> Figura 9: O Earley Studio construíu a cornija utilizando sobreposição de painéis pré-fabricados. O betão penetrou na cavidade entre o pavimento de betão estrutural e o pré-fabricado,
interligando o aço de reforço que se estendia em ambos os elementos..
> Figura 10: Dois vãos do primeiro piso da cornija foram deteriorados pela água que penetrou através da borda da cobertura plana.
> Figura 11: Com o intuito de criar um novo padrão para moldes de betão, os escultores substituíram detalhes erodidos, modelando argila castanho-amarelada numa réplica de gesso azul
da cornija de ornamentação.
> Figura 12: No estúdio de Baha’i de betão pré-fabricado, um artesão executa um cordão de gesso em todos os cantos do molde de borracha. O cordão de gesso é um dos métodos histórico
exigido no processo. As áreas altamente esculpidas do molde da cornija são feitas de borracha de uretano. Um retardador azul revestiu o molde de forma a desacelerar o endurecimento da
superfície do betão.

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construção em betão

> 13 > 14

metros, com os planos de pormenor e secções agregados de várias pedreiras, em cuidadosas branco. Artesãos fizeram mais de 50 amostras
da complexa reparação da cornija da cúpula. proporções, para corresponder às variações de durante os dois anos de investigação para de-
Esses desenhos eram impressos para o tra- cor do material original. Para o Templo Baha’i, senvolver as proporções da mistura, os métodos
balho simultâneo da engenharia estrutural, da o quartzo comercial disponível não era sufi- de moldagem e as técnicas de exposição, de
fabricação de moldes, do projeto de elevação, cientemente branco, pelo que se procuraram forma a obter um acabamento com uma apa-
da produção das amostras de betão e dos pequenos depósitos de quartzo por toda a rência aceitável.
desenhos arquitetónicos. América do Norte de forma a encontrar algum, A investigação foi documentada num relatório
Reproduzir fielmente o betão arquitetónico tendo-se depois providenciado para que fosse com a história da estrutura, condições atuais,
original foi uma questão crítica. O Earley extraído, transportado, triturado e peneirado a natureza dos problemas e recomendações
Studio tinha fechado em 1973 e reteve os com os tamanhos exigidos. Finalmente, para para o tratamento. A documentação inclui
seus métodos como segredos comerciais. Foi coincidir com o material original, foi adicionada desenhos, relatórios de análise estrutural,
necessário recriar as proporções da mistura, uma pequena quantidade de quartzo âmbar ao relatórios de análise de materiais, fotografias
os métodos de enchimento e as técnicas de
acabamento. Os agregados, cores, textura da
superfície e formas tridimensionais tiveram de
ser reproduzidos. Como o agregado de quartzo
é resistente aos ácidos foi usado ácido para
dissolver a pasta de cimento em amostras do
betão original para determinar o tamanho e a
forma do agregado.
Em seguida procurou-se quartzo que corres-
pondesse ao material original. Projetos de
recuperação do património de betão exigem
frequentemente que centenas de amostras de
agregados sejam analisadas e comparadas com
o betão original. Os agregados mais promissores
são usados para fazer pequenas amostras que
são avaliadas junto da estrutura património.
Normalmente, a rocha usada para a construção
original já não está disponível, porque a pedreira
original esgotou-se. Pode ter que se combinar
> 15

> Figura 13: Artesãos expõem cuidadosamente o agregado de quartzo utilizando escovas de aço pequenas e ferramentas dentais.
> Figura 14: Seguindo o exemplo de John Earley, os componentes pré-fabricados foram montados na cornija e rebocados juntos.
> Figura 15: A nova cornija replicou todos os detalhes da original.

14_cm
e vídeos. Amostras dos agregados e novas frequentemente cada local de reparação com engenheiro principal nos há muito esquecidos
misturas de betão necessárias para as re- um código de identificação, condição atual, métodos históricos, de produção de painéis
parações foram igualmente incluídas. Mais tipo e quantidade de reparação, para facilitar pré-fabricados.
tarde, o Gestor de Projeto criou uma biblioteca adjudicações, inspeções e pagamentos. A reprodução das formas do Templo exigiram
de conservação para o Templo Bahá’í, organi- Os documentos de construção do Templo novos moldes de madeira, fibra de vidro,
zando os registos de 90 anos de construção, incluíam detalhes de reparação alternativos, borracha e aço. Primeiro, os artesãos fizeram
manutenção e restauro, num catálogo digital os quais foram selecionados após a demoli- moldes diretamente a partir da ornamentação
com referências cruzadas. ção de alguns elementos ter sido concluída. arquitetónica do edifício. No estúdio, estes
Os resultados da investigação e as ações de Por exemplo, o restauro da cornija na cúpula moldes foram utilizados para executar repro-
conservação recomendadas foram apresen- exigiu quatro esquemas diferentes de repa- duções em gesso das superfícies de betão
tadas aos bahá’ís. Eles adotaram o plano e ração porque a deterioração variava desde original. De seguida, escultores modelaram em
executaram-no em vários projetos ao longo de 50 milímetros até 1 metro de profundidade. barro as reproduções em gesso para restauro
um período de 25 anos. As reparações foram da Reparações para as quatro condições foram dos detalhes erodidos, antes de criarem novos
mais alta qualidade, durabilidade e eficiência. projetadas de forma a poder usar-se um moldes para as reparações do betão.
Graves problemas estruturais e de imperme- conjunto comum de peças e moldes. Como Foram necessários desenhos à escala real
abilização foram tratados em primeiro lugar. O a construção ocorreu doze andares acima para fabricar moldes para as componentes de
estabelecimento do programa de conservação do solo, o betão original foi testado após a betão complexas e tridimensionais. Na década
a longo prazo veio mais tarde. demolição e a reparação adequada para cada de 1980, os desenhos eram criados à mão.
local foi prontamente instalada. Para projetos mais recentes, os sistemas CAD
A pré-qualificação dos empreiteiros e artesãos facilitaram a produção de desenhos. Métodos
Preparação para a Construção é altamente recomendável devido aos requi- de medição tradicional foram auxiliados por
sitos especiais dos projetos de património de levantamentos com teodolitos de alta precisão
Os projetos de recuperação do património de betão. Mestres artesãos precisam de expe- e varrimento por laser. Para verificar e ajustar as
betão mobilizam uma engenharia invulgar, co- riência prática fornecida pela preparação de novas ferramentas, foram montadas maquetes
ordenação de construção, artesanato e testes. amostras e modelos, de forma a tornarem-se a partir do betão produzido nos novos moldes.
Os pormenores e procedimentos de reparação proficientes com os materiais de cada projeto, Num projeto de recuperação de património de
devem ser adaptados a cada estrutura his- moldagem e técnica de acabamento. Os arte- betão, o espaço para construção é frequente-
tórica. Documentos de construção mostram sãos do Templo foram também treinados pelo mente restrito e tal foi também verdade para

> 16 > 17

> Figura 16: Os solos pobres causaram assentamento do terraço. A antiga estrutura e os solos fracos foram removidos e substituídos. A infra-estrutura do jardim e a hardscape estava no final
da sua vida útil, portanto foi totalmente reconstruída. [hardscape]: elementos inanimados da paisagem, como trabalhos de alvenaria, madeira, betão, pedra, etc.
> Figura 17: O património paisagístico foi transplantado para viveiros e depois replantado após as estruturas do jardim estarem concluídas.

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construção em betão

> 18 > 19

o Templo Bahá’í. O edifício estava cercado Para produzir os 7.700 componentes ornamen- termos de pagamento a refletir a incerteza -
por jardins e o Templo permaneceu ocupado tais de betão pré-fabricado necessários para preços unitários por tipo de reparação, preços
e aberto aos visitantes em permanência. O o terraço, escadas monumentais e jardins, unitários por tempo e materiais, subsídios com
empreiteiro preparou andaimes, plataformas os Bahá’ís decidiram montar a sua própria montantes fixos para quantidades especifica-
suspensas, gruas e elevadores. fábrica de pré-fabricação. O Gestor de Projeto das ou montantes fixos quando a extensão do
forneceu engenharia, planeamento e controlo trabalho era conhecida.
de qualidade. Os empregados Bahá’í esmaga- A participação nos projetos do Templo Bahá’í
Realizar a Construção ram o quartzo e fabricaram os elementos de foi considerada uma honra e uma distinção.
betão com agregados expostos ao longo de Os indivíduos foram encorajados e apoiados
Após investigação minuciosa e cuidadosa um período de 5 anos. para produzirem os trabalhos da mais alta qua-
preparação, a construção prosseguiu sem Os projetos de recuperação do património de lidade. Os resultados refletem esse espírito. O
problemas. A programação incluiu vários betão têm mais incertezas do que a construção estado da Casa de Adoração Bahá’í é melhor do
meses para obter agregados, fabricar moldes, nova. A profundidade e a extensão da deteriora- que nunca. A partilha do conhecimento adquiri-
produzir várias séries de amostras de betão e ção do betão variam e as situações escondidas do a partir dos projetos Bahá’í tem fomentado
construir as maquetes. Cada série de amostras podem exigir um tratamento diferente do o crescimento da conservação do património
necessitou de 28 dias para a cura completa do inicialmente especificado. Os projetos Bahá’í de betão na América.
betão, porque o processo de cura afeta a cor utilizaram subempreiteiros pré-qualificados
final do betão. que concorreram a séries de trabalhos, com TRADUÇÃO POR RITA LADEIRO

Referências

[1] Bruce W. Whitmore, The Dawning Place (Baha’i Publishing Trust, 1984), 87-94.
[2] John J. Earley, “Some Problems in Devising a New Finish for Concrete,” in Proceedings American Concrete Institute, Vol. 14, 127-137 (American Concrete Institute, 1918).
[3] John J. Earley, “The Project of Ornamenting the Bahá’í Temple Dome,” in Proceedings American Concrete Institute, Vol. 29, 403-411 (American Concrete Institute, 1933).
[4] John J. Earley, “Architectural Concrete of the Exposed Aggregate Type,” in Journal of the American Concrete Institute, Vol. 5, No. 4, 251-278 (Proceedings Vol. 30),
(American Concrete Institute, March-April 1934).
[5] “Historic Preservation in the United States,” U.S. National Committee of the International Council of Monuments and Sites, accessed March 17, 2011,
http://www.usicomos.org/preservation.
[6] “Secretary of the Interior’s Standards and Guidelines for Archeology and Historic Preservation,” United States Department of the Interior, accessed March 17, 2011,
http://www.cr.nps.gov/local-law/arch_stnds_0.htm.
[7] Robert F. Armbruster and Jack Stecich, “The Baha’i House of Worship Restoration,” in Concrete Repair Bulletin,Vol. 6, No. 3, 6-9 (International Concrete Repair Institute,
September/October, 1993).
[8] See technical publications, guides, standards and codes from the American Concrete Institute, http://www.concrete.org; the International Concrete Repair Institute,
http://www.icri.org; the Precast/Prestressed Concrete Institute, http://www.pci.org; the Cast Stone Institute, http://www.caststone.org; the Association for Preservation
Technology International, http://www.apti.org; the Portland Cement Association, http://www.cement.org; and ASTM International, http://www.astm.org.

> Figura 18: O esforço de conservação do betão restaurou a cornija.


> Figura 19: Com escultura intrincada, arestas vivas e um acabamento consistente, o betão arquitetónico do Templo Baha’i está entre os melhores jamais criados.

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património em betão
betão armado – nota histórica
Júlio Appleton
DEC, Instituto Superior Técnico, UTL
julapple@civil.ist.utl.pt

Os Primórdios do Betão aquedutos, muitos dos quais chegaram aos se os fornos rotativos que permitiram baixar
nossos dias e são exemplos do elevado nível substancialmente o preço do cimento.
O betão e as argamassas são utilizados como atingido pelos construtores Romanos. A título Em Portugal a industria do cimento inicia-se
materiais de construção há milhares de anos, de exemplo referem-se o Panteon de Roma, em 1894 com a fábrica de cimento Tejo em
sendo então produzidos pela mistura de argila com uma cúpula de 50 m de diâmetro, de Alhandra {4} realizada por António Theófilo
ou argila margosa, areia, cascalho e água. Há betão de agregados leves, realizado no ano Rato que deu origem à Companhia de Cimentos
registos de que os materiais eram, quando 127 DC (figura 2), o Aqueduto da Pont du Gard Tejo em 1912.
necessário, transportados a distâncias de em Nimes e diversas pontes de alvenaria e
centenas de quilómetros, como é o exemplo betão ainda existentes em diversos países de
de um pavimento de betão simples datado de que se salientam em Portugal a Ponte de Vila As Primeiras Obras e Patentes
5600 AC em Lepenskivin {1}. Formosa na N369 e a Ponte de Trajano sobre o de Betão Armado
Nas antigas civilizações (Egito, Grécia), o betão Rio Tâmega em Chaves.
era utilizado essencialmente em pavimentos, É com o desenvolvimento da produção e estu- As primeiras referências ao betão armado
paredes e suas fundações. Já nos livros de do das propriedades do cimento {1} (Smeaton datam de 1830, no entanto o barco em fer-
Vitruvio {2} se dão indicações sobre os ma- em 1758, James Parker em 1776, Louis Vicat rocimento realizado pelo francês Jean-Louis
teriais a utilizar nas argamassas e betões, em 1818) que culminou com a aprovação da Lambot em 1848 é reconhecido como a obra
nomeadamente sobre o uso de pozolanas, patente do cimento Portland apresentada por mais antiga de betão armado ainda existente
cal e areia. Os Romanos exploraram as pos- Joseph Aspdin em Leeds em 1824 que se vai (figura 4).
sibilidades deste material com mestria em dar o grande desenvolvimento na aplicação do Joseph Monier é um dos principais pioneiros do
diversas obras – casas, templos, pontes e betão nas construções. Em 1885 concebem- betão armado com as suas patentes de 1867

>1 >2 >3

> Figura 1: Reconstrução do que teria sido uma primeira construção/abrigo realizado com um pavimento em betão {1}
> Figura 2: Panteon de Roma {3}.
> Figura 3: Aqueduto da Pont du Gard em Nimes.

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património em betão

>4 >5

>6

para caixas (floreiras), casas e tubagens, e em se deterioravam rapidamente. a primeira disciplina de Betão Armado na ENPC
1873 para pontes em arco (figura 5). A ideia fundamental de J. Monier foi introduzir – École National de Ponts et Chaussées (Paris).
Joseph Monier (1823–1906) era proprietário no betão uma malha ortogonal de armaduras, As patentes tornam-se também numerosas
de um grande viveiro hortícola em Paris e fazia ligadas com arame em todos os nós, com (Cottancin, Hyatt, Coignet). Refira-se que
a gestão de diversos jardins públicos. A ideia pequeno afastamento e com um diâmetro dos vários destes sistemas foram aplicados em
da introdução de armaduras nas caixas das varões dependente da aplicação (figura 6). Portugal e estão relatados em diversas notí-
floreiras teve como objetivo controlar as fen- No final do século XIX são já vários os estudos cias da Revista de Obras Públicas e Minas {5}.
das que ocorriam frequentemente nas caixas publicados sobre o betão armado (Coignet, Em em 20.10.1906 são publicadas as primei-
de betão simples, material que adotou para Considère, Mesnager) teorizando o compor- ras Instruções Francesas {6}, referidas logo
substituir as caixas de madeira ou de aço que tamento à flexão, tendo em 1897 sido criada em 1907 na Revista de Obras Públicas e Minas

>7 >8 >9

> Figura 4: Primeira Construção de Betão Armado. Barco de Lambot, 1848 {4}.
> Figura 5: Primeira Ponte em Betão Armado (Monier, 1875) {3}.
> Figura 6: Representação esquemática da malha tipo Monier.
> Figura 7: Figura ilustrativa da superestrutura de betão armado de um edifício com o sistema Hennebique (lajes, vigas e pilares).
> Figura 8: Ponte del Resorgimento em Roma.
> Figura 9: Edifício sede da empresa Hennebique em Paris.

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> 10 > 11

> 12 > 13

da Associação Portuguesa dos Engenheiros Desse período e desse sistema construtivo tam-se os trabalhos de Mörsh (1872–1950) e
Civis, com o título “As Instruções Francesas refere-se a Ponte del Risorgimento em Roma de Freyssinet (1879–1962).
para o Formigão Armado”. (1911, uma ponte em arco sobre o rio Tibre com Para além de trabalhos de investigação Mörsh
O princípio do século XX é caracterizado por um um vão de 100 m), apresentada na figura 8. {6} e a empresa Wayss e Freytag realizaram
desenvolvimento extraordinário na utilização e De entre os edifícios destacam-se o edifício da numerosas obras de que se destaca neste con-
na compreensão do funcionamento e possibili- sede da casa Hennebique em Paris e o edifício texto a Ponte sobre o Isar perto de Grunwald,
dades do betão armado. Esse desenvolvimento Royal Liver Building construído em Liverpool realizada em 1904, com dois arcos de 70 m de
está associado à realização de numerosas pa- (1908–1910) com 17 pisos. vão e 12,5 m de flecha.
tentes onde se indicam as bases de cálculo e as Em Portugal merecem especial referência o Também já pertencendo à geração que se se-
disposições de armaduras adotadas para Edifício de moagem de trigo do Caramujo (na guiu à que realizou às primeiras aplicações do
diversos elementos estruturais. Cova da Piedade) realizado em 1898 {4} e {7} betão armado e ao período das primeiras
François Hennebique (1842–1921) não terá e onde funcionou uma moagem da Sociedade patentes sobre as aplicações deste material,
sido o inventor do betão armado mas foi no meu Industrial Aliança (figura 10) e a Ponte Luiz Eugéne Freyssinet (1879–1962) pode consi-
entender um dos engenheiros que mais con- Bandeira de Sejães {8} na EN333-3 sobre o derar-se um dos pioneiros do betão armado,
tribuiu para a sua expansão e que mais obras rio Vouga (figura 11) no Concelho de Olivei- para além do papel singular que teve no de-
notáveis realizou no início do Séc XX {5} e {7}. ra de Frades – Viseu. As obras realizadas senvolvimento das estruturas pré-esforçadas.
A sua atividade desenvolveu-se com a sede em Portugal com o sistema Hennebique Realiza as primeiras obras relevantes de 1906
na Bélgica (de 1867 a 1887) e depois em Paris foram a partir do início do século XX execu- a 1916 na Societé Mercier, Limousin & Cia. de
onde construiu, em 1892, integralmente em tadas pela sua representante Moreira de Sá que se destaca em 1907 a Pont du Prairéal (fi-
betão armado, incluindo as fachadas, a sede da & Malevez. gura 12) e em 1911 a Pont du Veurdre sur l’Allier
empresa na Rue Danton, 1 (figura 9). Da geração seguinte à de Hennebique salien- (figura 13) {9}.

> Figura 10: Edifício de Moagem do Caramujo – Vista Geral, alçado e corte {7}.
> Figura 11: Ponte de Sejães na EN333-3 – Sistema Hennebique, 1907.
> Figura 12: Pont de Prairéal sur La Besbre (arco de 26 m). Uma das primeiras Pontes de Betão Armado de Freyssinet, 1907 {9}.
> Figura 13: Pont du Veurdre, 1911 {9}.

cm_19
património em betão

> 14

deste período a realização de 1918 e 1921 de Robert Maillart (1872–1940) {11}, contempo-
navios em betão armado que atingiram 55 m de râneo de Freyssinet foi um engenheiro suíço
comprimento, a construção de hangares para que contribui também significativamente para
dirigíveis em Orly em 1921–1923 (2 hangares o desenvolvimento do betão armado.
com um vão de 90 m e altura de 60 m, estrutu- As suas obras, em particular as pontes em arco,
ras destruídas por bombardeamento em 1944) são um exemplo de elegância e simplicidade
a Ponte de Villeneuve-sur-Lot com um vão de cuja primeira, de entre cerca de 40 pontes,
96 m e em 1919 e a Ponte Plougastel sur l’Elorn data de 1899.
com 3 arcos de betão armado de 186 m de vão, A Ponte de Salgina perto de Davos nos Alpes
> 15 realizada de 1924–1930 e que foi à data re- Suiços representada na figura 14 é um arco
corde do mundo. triarticulado com 90,04 m de vão localizado
Entretanto apresenta numerosas patentes so- num vale profundo, constituindo pelo seu
Em 1908 {10} executa a primeira viga pré- bre pré-esforço (6 no período de 1925 a 1928, enquadramento paisagístico a obra mais
esforçada (um ensaio numa viga de 50 m de 6 período de 1928 a 1934 com Jean Saillez e referenciada de Maillart.
comprimento e secção de 0,5 m × 3 m, pré- outras 63 patentes sobre diversos temas). São também de destacar os estudos que
esforçada com uma força de 2000 ton) junto ao Dessa intensa atividade no domínio das obras Maillart realizou sobre lajes fungiformes {11}
local onde realizou a ponte de Veurdre. pré-esforçadas refere-se a Ponte de Luzancy cujo primeiro ensaio é datado de 1908 (figura
De 1916 a 1929 desenvolveu a sua atividade {22}, sobre o Marne, com um vão de 55 m e 6 m 15) e cujo sistema patenteou nessa data.
no Societé Limousin & Cia., Procédés Freyssi- de largura, iniciada em 1941 mas só concluída O destaque ao engenheiro Pier Luigi Nervi
net de que foi diretor técnico, destacando-se em 1946 devido à 2ª Grande Guerra. (1891–1979) também projetista e construtor

> 16

> Figura 14: Ponte de Salgina (1929–1930) com um vão de 90,04 m {11}.
> Figura 15: Vista de um ensaio de carga de uma laje fungiforme {11}.
> Figura 16: Estádio de Florença – Vista e pormenor de betão armado {12}.

20_cm
permite-me referir aspetos importantes nas Rodrigues foi o seu 1º professor). Em 1935 é a Ponte de Dielpoldsau os trabalhos de Jörg
realizações de betão armado: o ferrocimento, a publicado o “Regulamento do Betão Armado” Schlaich sobre estruturas atirantadas e os pro-
pré-fabricação e ainda a importância que era, dec. 25948 de 1935 que sintetiza o estado do jetos de pontes de Christian Menn com a Ponte
e deve ser, dada à pormenorização detalhada conhecimento neste domínio. de Felsenau (1974) e a ponte Ganter (1980).
das armaduras. Na primeira metade do século XX muitas são Em Por tugal destaca-se Edgar Cardoso
Deste engenheiro {12} destacam-se as obras as realizações em betão armado em Portugal (1913–2000) que para além das estruturas
do Estádio de Florença (35000 lugares senta- {14}. Destacam-se o Canal do Tejo (executado que projetou {17} desenvolveu com mestria a
dos) e o Palácio dos Desportos de Roma. de 1932 a 1940), numerosas pontes de que se utilização de modelos experimentais reduzi-
Na figura 16 apresenta-se uma vista de cober- salienta o Viaduto Duarte Pacheco em Lisboa dos para a compreensão da resposta (elástica)
tura desse Estádio com uma consola de 17 m {30} e edifícios de que se salienta o conjunto dos das estruturas.
e o magnifico desenho de pormenorização de edifícios do Instituto Superior Técnico (1936). No domínio das pontes refere-se a execução
armaduras de betão armado desta estrutura No Brasil {15} destaca-se no período em refe- da Ponte da Arrábida projetada pelo Prof. Edgar
realizada de 1929 a 1932 {12}. rência a contribuição de Emílio Boumgart quer Cardoso com 270 m de corda (1963) – figura 18.
Das obras de Eduardo Torroja (1899–1961) como professor quer como construtor (Ponte Em Portugal refere-se ainda João Lobo Fialho
referem-se para além da cobertura do hipó- Paranaíba, 1938; Edifício dos Ministérios da (1921–1976) pelos seus estudos e projetos
dromo de Zarzuela (figura 17), realizada em Educação e Saúde no Rio de Janeiro em 1937). sobre cascas de betão e projetos de pontes
1925, o Aqueduto de Tempul com um sistema Na geração já nascida no século XX salientam- como a Ponte de Vila Nova de Mil Fontes na
de atirantamento e um vão central de 60 m e se Fritz Leonhardt (1909 – 1999) que não ER393, sobre o Rio Mira.
em 1933 a casca da cobertura do mercado de só associa uma atividade marcante como No domínio das barragens de betão, refere-se a
Algeciras com um diâmetro de 47,6 m e apenas professor em Stuttgart mas também como obra da Barragem da Lagoa Comprida na Serra
9 cm de espessura. autor de numerosos livros sobre estruturas da Estrela (iniciada em 1912). A Barragem de
Em 1911 são entretanto criadas em Portugal de betão que marcaram o ensino dos enge- Santa Lúzia (realizada em 1943 e que é a 1ª
as Universidades de Lisboa e do Porto e em nheiros de todo o mundo no século XX e o barragem portuguesa do tipo abóbada, com
1918 aprovado o 1º Regulamento Português livro “Ponts” onde trata o tema da estética de 115 m de desenvolvimento projetada pelo Engº
no domínio do betão armado, as “Instruções forma extraordinária {16}. Projetou também Coyne) e a Barragem do Cabril (figura 19) do
Regulamentares para o Emprego do Beton numerosas estruturas (Torre da televisão tipo abóbada de dupla curvatura com 135 m de
Armado”, realizadas com base nas normas de Stuttgart, 1955, Cologne – Rodenkirchen altura e 360 m de desenvolvimento, com
francesas de 1906 e nos desenvolvimentos Bridge, 1941). uma espessura variável de 70 cm a 7 m, no
posteriores {13}, Dec. 4036 de 28/3/1918. Na geração seguinte destacam-se a nível in- Rio Zêzere (1953) {18}, que é muitas vezes
Em Portugal o desenvolvimento do betão ternacional os trabalhos de Heinz Isler Schalen considerada como o marco da afirmação dos
armado originava a criação da 1ª disciplina de (1926–2009) no domínio das cascas de betão, técnicos nacionais no estudo e projeto de
Cimento Armado em 1922 na Faculdade Técni- os trabalhos de René Walther no domínio das barragens de betão.
ca da Universidade do Porto (o Engº Theotonio pontes de tirantes com tabuleiro esbelto como No desenvolvimento deste projeto e nos se-

> 17 > 18

> Figura 17: Vista da cobertura de hipódromo de Zarzuela.


> Figura 18: Ponte da Arrábida, Edgar Cardoso, 1963.

cm_21
património em betão

> 19 > 20

guintes teve grande relevância a participação Os progressos técnicos e a cooperação inter- pré-esforçado {20} é a cobertura de vários ar-
do Centro de Estudos de Engenharia Civil do IST nacional na Europa deram origem à criação em mazéns para algodão na Avenida Meneses em
que em 1947 foi integrado no novo Laboratório 1951 da FIP – Féderation Internationale de la Matosinhos com um vão de 32,4 m realizada
de Estado – o LNEC – Laboratório Nacional de Précontrainte que realizou o primeiro Congres- em 1951, realizado com o sistema Freyssinet.
Engenharia Civil. so em Londres em 1953 e à criação em 1953, do A primeira ponte em betão armado pré-esfor-
A atividade pioneira do LNEC foi realizada CEB – Comissão Europeia do Betão, associação çado em Portugal é a Ponte de Vala Nova em
sob a orientação do Engº Manuel Rocha, cuja que produziu as primeiras recomendações em Benavente na EN118 ao km 43,45 realizada
contribuição no domínio dos estudos em mo- 1963. Estas associações produziram em 1978 em 1954 e que apresenta 3 vãos simplesmente
delos reduzidos, na observação de barragens e em 1993 um Model Code for Concrete Struc- apoiados de 36,0 m.
e no estudo das fundações rochosas estava tures que constituiu a base da regulamentação No trabalho de Joaquim Vizeu {21} são apre-
no topo do que se fazia então a nível mundial. nacional em muitos países europeus. Estas sentadas numerosas obras e contribuições
Naturalmente que muitos outros técnicos Associações fundiram-se em 1998 na atual para a história do betão armado em Portugal.
contribuíram para esses trabalhos pioneiros, fib – féderation internationale du béton. Em
destacando-se o Engº Laginha Serafim que foi 2010 foi publicada a versão preliminar do novo
Chefe do Serviço de Barragens do LNEC {18}. Mode Code 2010. Desempenho das Estruturas de Betão
Outras estruturas realizada em Portugal que A nível nacional é marcante no domínio das em Portugal {22}
justificam referência no presente contexto são estruturas de betão armado o contributo do
as coberturas onduladas das Pedras Rubras Engº Júlio Ferry Borges. Na Faculdade de En- A experiência de intervenção do autor em
(Correia de Araújo, 1950), o Monumento das genharia da Universidade do Porto é realizada numerosas obras de betão armado e de betão
Descobertas em Lisboa com 50 m de altura em 1944 a primeira tese de doutoramento armado préesforçado permite concluir que o
(Edgar Cardoso, 1958), o Monumento e Estátua em betão armado e pré-esforçado pelo Prof. desempenho destas estruturas ao longo de
do Cristo Rei com 76 m de altura a que acresce Joaquim Sarmento {19}. mais de cem anos de realizações em Portugal
a estátua com 28 m de altura e 16 m de enver- é francamente positivo. Obras bem concebi-
gadura (Brazão Farinha, 1959) e o Edifício do das, bem executadas e conservadas poderão
Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (Arga As Primeiras Obras de Betão manter-se inteiramente operacionais para
e Lima e J. Marecos, 1969). Pré-Esforçado além da expectativa do período de vida de 50
A nível internacional e no que se refere ao a 100 anos, usualmente considerado para a
uso da capacidade do betão para criar novas No que se refere ao pré-esforço e após os realização das estruturas.
formas referem-se os nomes de Nervi, Le Cor- trabalhos pioneiros de Freyssinet, Magnel e Os problemas principais que temos encontrado
busier, Óscar Niemeyer e Joaquim Cardoso. Da Hoyer, assiste-se após a 2ª grande guerra ao são os seguintes:
extensa obra de Niemeyer refere-se o Palácio grande desenvolvimento deste sistema cons-
Presidencial de Brasília, datado de 1958 e a trutivo que veio alargar a fronteira da aplicação − A nível estrutural a resistência para a ação
Catedral de Brasília representada na figura do betão nas construções. sísmica é em geral inferior aos requisitos
20, datada de 1961. A primeira construção portuguesa de betão atuais. Esta situação resulta da ausência

> Figura 19: Barragem do Cabril (1953).


> Figura 20: Estrutura principal da Catedral de Brasília { } .

22_cm
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com Cabos, Revista da Ordem dos Engenheiros, Outubro 1951
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21. Viseu, J.C.S. – História do Betão Armado em Portugal, ATIC 1993 4.º andar,www.unibetao.pt
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22. Appleton, Júlio – Performance of Concrete Bridges in Portugal, 1st Worshop
DURATINET, LNEC, Lisbon, 19 Fevereiro 2009 T.: 213 172 420 • F.: 213 555 012 Av. Antó
23. Appleton, Júlio – Reforço Sísmico de Estruturas de Betão, Encontro NacionalE-mail: sede@unibetao.pt 4.º anda
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Jónatas Valença, ICIST, DEC ISEC IPC, Portugal, jonatas@dec.uc.pt
Daniel Dias-da-Costa, DEC FCTUC, Portugal, dcosta@dec.uc.pt
Luísa Gonçalves, INESCC, DEC ESTG IPL, Portugal, luisa.goncalves@ipleiria.pt
Eduardo Júlio, ICIST, DECivil IST UTL, Portugal, ejulio@civil.ist.utl.pt
Helder Araújo, ISR, DEEC FCTUC, Portugal, helder@isr.uc.pt

1. Introdução estruturas de Engenharia Civil potencialmente Concrete Surfaces, planeado para caracterizar
interessante. Neste artigo, é descrito o mé- superfícies de betão (cor e textura)4.
O betão é seguramente o material de constru- todo denominado “Monitorização Inteligente A conjugação destes módulos permite a iden-
ção mais utilizado a partir da segunda metade do Estado de Conservação do Betão” (ICHM tificação e mapeamento global automático
no século XX. Este facto contribuiu para que lhe Intelligent Concrete Health Monitoring 1), das anomalias existentes, assim como a sua
fosse injustamente atribuída uma conotação desenvolvido pelos autores por conjugação atualização contínua, durante a construção e/
negativa, fruto do crescimento desregrado das das seguintes técnicas: (i) fotogrametria, ou durante o período de vida útil da estrutura.
cidades que ocorreu em Portugal sobretudo (ii) processamento digital de imagem (DIP Após identificação das regiões possivelmente
no período pós-revolução. Contudo, existe um – Digital Image Processing); e análise mul- danificadas, o ICHM permite determinar todos
número muito significativo de construções tiespectral (MSA – Multi-Spectral Analysis). os parâmetros relevantes: (1) fissuração,
(edifícios, pontes e barragens) que são ine- Tem por objetivo a caracterização automática fornecendo o padrão e todas as dimensões
quivocamente parte do património histórico, (inteligente) e contínua (monitorização) da relevantes, tais como, área, largura, compri-
sociocultural, tecnológico e arquitetónico na- patologia do betão. Adicionalmente, pretende- mento ou caminho das fissuras; (2) campos
cional. Por esta razão, importa incentivar a sua se que constitua um meio relevante de apoio de deslocamentos e de deformações em ele-
classificação e definir uma série de medidas à componente laboratorial de trabalhos de mentos carregados; (3) áreas de colonização
que promovam a sua conservação. investigação científica. biológica, identificando os agentes biológicos
A degradação das estruturas de betão tem (ainda de forma limitada) e medindo as áreas
diversas causas, não sendo por isso pos- afetadas; e (4) áreas reparadas com material
sível prever a sua ocorrência. Geralmente, 2. Monitorização Inteligente do Estado de inadequado do ponto de vista do restauro.
são efetuadas inspeções visuais periódicas Conservação do Betão – ICHM
das estruturas para deteção de anomalias e,
quando se justifica, realizam-se ensaios não- O método proposto (ver Fig. 1), está estru- 2.1. MCRACK
destrutivos (NDT – Non-Destructive Tests) turado em vários módulos, nomeadamente:
de apoio ao diagnóstico e define-se a inter- (1) MCRACK – Image Processing of Concrete O MCRACK2 foi desenvolvido especificamente
venção mais adequada. Esta metodologia Surfaces, projetado para identificar, analisar para caracterizar, avaliar e monitorizar fissu-
apresenta como principais inconvenientes: (i) e medir fissuras em superfícies de betão2; (2) ras, combinando o processamento digital de
a avaliação pontual (não contínua) do estado visual-DSC – Visualisation of Displacements, imagem e a morfologia matemática (MM)5. A
de conservação da estrutura, e (ii) a utiliza- Strains and Cracks, concebido para determinar deteção e a caracterização de fissuras em
ção de meios auxiliares de base empírica, campos de deslocamentos e de deformações superfícies de betão são feitas de forma eficaz
trabalhosos, morosos e amplamente sujeitos e medir a largura de fissuras3; (3) SURFCRETE mediante o recurso a uma análise conjunta
a erro humano. – Multi-Spectral Image Analysis of Concrete global-local. As principais etapas do MCRACK
O desenvolvimento recente de equipamentos Surfaces, desenvolvido para detetar, analisar incluem: (1) aquisição de imagem; (2) análise
e métodos óticos e digitais e a sua comercia- e medir áreas com colonização biológica, humi- global, realizada após a seleção de uma região
lização a custos reduzidos, tornaram a sua dade, sujidade e/ou materiais de reparação; (4) de interesse global (GROI – Global Region of In-
utilização no campo da monitorização de Aesthetic-CCS – Aesthetic Characterization of terest); (3) seleção de áreas críticas, definidas

24_cm
Pré- Binarização Pós- Identificação
MCRACK -processamento da imagem -processamento de fissuras

visual-DSC
Pré-
Fotogrametria
Campo de Campo de Mapa Final
-processamento deslocamentos deformações de Danos
Imagem
Separação Definição Análise Classificação
SURFCRETE em bandas de classes espectral espectral

Aesthetic-CCS
Pré- Avaliação Avaliação da Avaliação da Requisitos
-processamento da intensidade rugosidade cor e textura de Restauro

>1

200 4
Fase de rotura

150 3

Área/comprimento

Largura
100 2

área (mm2)
50 1
comprimento (mm)
largura (mm)
0 0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (min)
(a) (b)

>2 >3

como regiões de interesse local (LROI – Local largura da fissura ao longo do seu compri- 2.2. Visual-DSC
Region of Interest); (4) análise local, onde o mento. Torna-se assim possível caracterizar
método é aplicado de forma direcionada nas automaticamente o perfil da fissura (com- O segundo módulo desenvolvido, designado
LROIs; e (5) reconstituição global, onde as primento, largura e área). O comprimento visual-DSC3, utiliza o pós-processamento de
LROIs são reconstituídas na GROI, obtendo-se da fissura é definido pelo comprimento das dados obtidos por fotogrametria no sentido de:
o mapa final de descontinuidades. respetivas fronteiras, enquanto que a largura (1) permitir a monitorização de um número vir-
Em relação ao DIP destacam-se os seguintes é definida pela distância mínima de cada pixel tualmente ilimitado de pontos pré-definidos;
passos principais, necessários para realçar os à fronteira oposta. Este método foi validado (2) permitir a obtenção, nesses pontos e com
resultados: (1) pré-processamento, de forma através da sua aplicação a uma vasta campa- precisão adequada, dos campos de deslo-
a destacar descontinuidades na superfície de nha de ensaios push-off (Fig. 2(a)). Na Fig. 2(b) camentos e de deformações, em qualquer
betão; (2) processamento, sendo a imagem apresenta-se o padrão de fissuração na rotura, instante do ensaio, de forma rápida, fiável
binarizada aplicando o método de Otsu6; (3) obtido com um destes provetes, enquanto que e automática; e (3) constituir uma solução
pós-processamento, com o objetivo de redu- na Fig. 3, apresenta-se a monitorização de uma técnica economicamente viável.
zir o ruído e unir descontinuidades vizinhas. das fissuras até à rotura. O procedimento desenvolvido baseia-se nas
Adicionalmente, aplicam-se várias operações Com o MCRACK é possível detetar fissuras seguintes etapas principais: (1) preparação
para caracterizar a fissura: (1) localização da existentes na superfície de betão, e efetuar o do provete, através da pintura de uma grelha
fissura na superfície de betão; (2) definição seu mapeamento e medição automaticamente, regular de alvos circulares; (2) aquisição de
das suas fronteiras; e (3) determinação da bem como monitorizar a sua evolução. imagem; (3) cálculo das coordenadas do cen-

> Figura 1: Fluxograma do método proposto: Monitorização Inteligente do Estado de Conservação do Betão - ICHM.
> Figura 2: Aplicação do MCRACK na fase de rotura do ensaio push-off: (a) imagem RGB; (b) padrão de fissuração.
> Figura 3: Monitorização da fissura f1 no ensaio push-off com o MCRACK: (a) perfil da fissura; (b) medição da largura, área e comprimento.

cm_25
património em betão

tro dos alvos, em várias fases do ensaio; (4)


determinação do campo de deslocamentos;
(5) determinação do campo de deformações;
e (6) avaliação da largura média das fissuras.
Este método foi validado através dos ensaios
push-off anteriormente mencionados (Fig.
2(a)). Os resultados que de seguida se apre-
sentam são igualmente referentes ao ensaio
referido na secção anterior. Ilustram-se, na
Fig. 4, o mapa da extensão principal máxima na
(a) (b) (c) rotura, o padrão de fissuração registado ma-
nualmente e dois pormenores do provete. No
>4 primeiro mapa, incluem-se ainda as direções
principais de deformação (a preto, a máxima,
a vermelho, a mínima). Como se pode verificar,
e como seria de esperar, existe uma forte
correlação entre as direções principais de de-
formação e a orientação das fissuras. É ainda
possível determinar a largura total das fissuras
ao longo de um determinado perfil (Fig. 5). No
exemplo, esta foi calculada ao longo de um
perfil vertical 1-1’ (ver Fig. 4(a)) e comparada
com a aplicação do MCRACK, obtendo-se uma
elevada correlação (R2=0.995).
Com o visual-DSC é possível monitorizar ensaios
até à rotura, ultrapassando as limitações identi-
ficadas nos métodos tradicionais. O visual-DSC
provou ser capaz de caracterizar os campos de
deslocamento e de deformação, num número
praticamente ilimitado de pontos pré-definidos,
sem as restrições típicas de colocação de LVDTs
>5 ou extensómetros. O tratamento da informação
é processado de forma automática, sendo apre-
sentados mapas de resultados extremamente
completos e graficamente elucidativos.

2.3. SURFCRETE

O SURFCRETE utiliza análise multiespectral de


imagem para identificar anomalias e diferentes
materiais em superfícies de betão, utilizando
os espectros visível (RGB – Red, Green, Blue) e
infravermelho próximo (NIR – Near Infra-Red).
A M C BCl BCd
O método SURFCRETE inclui as seguintes
>6 etapas principais: (1) aquisição de imagem;
(2) definição das classes e sua nomenclatura;

> Figura 4: Aplicação do visual-DSC na fase de rotura do ensaio push-off: (a) extensão principal máxima; (b) mapa de fissuras; e (c) detalhes #1-2.
> Figura 5: Extensão principal máxima medida ao longo do perfil 1-1’.
> Figura 6: Aplicação do SURFCRETE num muro de betão aparente: (a) imagem RGB (321); (b) mapa de caracterização da superfície de betão.

26_cm
(3) definição de uma amostra estratificada por 2.4. Aesthetic-CCS dos com diferentes argamassas de reparação,
classe; (4) definição de áreas de treino repre- encontra-se ainda em curso. Atualmente, a afe-
sentativas das classes; (5) análise espectral; O desenvolvimento de argamassas de repara- rição da cor da argamassa está em processo
(6) classificação soft ao nível do pixel; (7) ção com requisitos especiais de cor e textura, final de calibração, estando a ser programados
avaliação dos classificadores; (8) avaliação tendo por objetivo o restauro de construções ensaios de envelhecimento acelerado das
da incerteza da classificação; (9) definição classificadas, em betão à vista, está atu- argamassas desenvolvidas. Na Fig. 7(b),
das áreas de referência; e (10) avaliação da almente em curso por parte dos autores. O apresenta-se um gráfico com o valor médio de
exatidão da classificação. método Aesthetic-CCS visa caracterizar estas intensidade da cor. Da sua análise, constata-se
Após a aquisição das imagens (RGB e NIR) é argamassas, assim como as superfícies de que existe uma correlação entre o aumento
definida a nomenclatura das classes, etapa betão onde as mesmas serão aplicadas. A de pigmento utilizado na amassadura e a
que requer uma análise prévia da imagem. No metodologia consiste nos seguintes passos intensidade da cor. De referir ainda que serão
passo seguinte, é selecionada a área de treino, principais: (1) aquisição de imagem; (2) induzidas diferentes texturas e outros tipos de
seguida de uma análise espectral (etapas 3 e identificação de áreas intervencionadas; (3) acabamentos nas argamassas aplicadas, com
4). Este é um processo iterativo que termina caracterização do betão do substrato através a finalidade de melhor aproximar o resultado
quando os resultados da separabilidade espec- de DIP e definição dos requisitos da argamassa final da informação cromática do substrato,
tral entre classes são consistentes com os cri- a aplicar; (4) remoção da argamassa inade- captada pelo olho humano.
térios do utilizador. A seguir, a classificação da quada; (5) aplicação da argamassa formulada
imagem exige a definição do classificador, cuja com requisitos cromáticos personalizados; (6)
seleção adequada requer a sua avaliação. Esta aquisição de imagem e avaliação do sucesso 3. Caso de estudo – Fundação Calouste
implica a seleção de um conjunto de dados da da intervenção. Gulbenkian
amostra (teste 1), semelhante à área de treino Na Fig. 7(a) são apresentados cinco prove-
(etapa 6). Finalmente, é essencial avaliar a exa- tes, relativos a cinco argamassas distintas, Os edifícios da Fundação Calouste Gulbenkian
tidão da classificação (etapa 7). Isto envolve a produzidas com diferentes percentagens de (FCG) em Lisboa representam um exemplo
seleção de um conjunto de pixéis de referência pigmento. As suas características de cor foram notável do “Património em Betão” nacional,
(teste 2), obtidos por amostragem aleatória obtidas diretamente por aplicação do método. sendo a primeira construção do século XX
estratificada e assumidos como ground truth. As imagens foram captadas em condições de classificada pelo Instituto Português do
Como caso de estudo, foi avaliado um muro de luminosidade controladas, sendo ainda colo- Património Arquitetónico (IPPAR). Por estas
betão à vista. Na Fig. 6 apresenta-se este ele- cada uma palete de cores padrão junto dos razões, foram adotados como caso de estudo
mento e o respetivo mapa de caracterização, provetes, de forma a normalizar os valores. para testar o ICHM.
obtido com uma exatidão global de 82%. A campanha de ensaios laboratoriais, realiza- O estudo efetuado englobou a inspeção visual
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cm_27
património em betão

detalhada, a realização de ensaios NDT in situ e


1.20
de ensaios laboratoriais complementares, além
R2 = 0,9976
1.00
da aplicação do ICHM em áreas selecionadas

Intensidade de Pixeis
0.80
como críticas 4. Da inspeção concluiu-se não
0.60
existirem anomalias estruturais significativas. 1.02 Média
0.40 0.83
As reparações pontuais (patch repair) efetu- 0.75 0.72 0.71 Mín.

0.20
adas em alguns elementos estruturais cons- Máx.

0.00
tituem a única exceção de relevo. Decidiu-se 0.00% 0.05% 0.10% 0.15% 0.20% 0.25% 0.30%

utilizar, nestas zonas, uma combinação de dois Percentagem de pigmento


módulos do ICHM: SURFCRETE e Aesthetic-CCS.
O primeiro, visa a identificação e quantificação >7
das áreas reparadas de forma inadequada e, o
segundo, visa a definição dos requisitos cromá-
ticos da argamassa de reparação.
A substituição das argamassas de reparação
implica o estudo prévio e individual das áreas
a restaurar. O procedimento a seguir inclui os
seguintes passos: (1) identificação, com o
SURFCRETE, de áreas reparadas; (2) caracte-
rização da cor e textura do betão nessas áreas;
(3) formulação da argamassa de reparação Argamassa de reparação
Betão
mais adequada a cada zona, tendo em conta Betão e/ou reparações antigas
Juntas e vazios
os requisitos de cor e textura do substrato,
assim como a evolução das suas caracterís- >8
ticas cromáticas no tempo; e (4) aplicação da
argamassa de reparação, com acabamento de apresentar uma relação custo-benefício baixa. Adicionalmente, o ICHM permite monitorizar o
idêntico ao do betão do substrato. A Fig. 8 comportamento estrutural de modelos ensaiados em laboratório, ultrapassando as principais
ilustra o resultado do primeiro passo do mé- limitações dos métodos tradicionais, e fornecer informação adicional.
todo, através da identificação das áreas com
argamassa de reparação a substituir. Após
testes em laboratório, a argamassa de repa- 5. Agradecimentos
ração será aplicada numa área teste da FCG,
com vista a estudar o seu comportamento ao Os autores agradecem o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através da bolsa de
longo do tempo. doutoramento com referência SFRH / BDE / 15660 / 2007 e da firma Eugénio Cunha & Associados,
Lda (EC+A), cofinanciadora da mesma. Os agradecimentos são extensivos à Fundação Calouste
Gulbenkian, pelo apoio dado na ìnspecção e investigação realizadas.
4. Conclusões

O método proposto, ICHM, inclui vários mó- Referências


1 Valença, J., Júlio, E., Araújo, H. “Intelligent Concrete Health Monitoring (ICHM): An Innovative Method for Monitoring
dulos, de forma a dar uma resposta completa Concrete Structures using Multi Spectral Analysis and Image Processing”. 8th fib PhD Symposium, June 20 – 23. 2010
no âmbito da conservação de construções de 2 Valença, J., Dias-da-Costa, D., Júlio, E. “Development of a Method for Crack Characterization using Image Processing of
Concrete Surface”. 13th Structural Faults and Repair 2010, 15-17 June. 2010
betão, desde a inspeção e identificação de
3 Dias-da-Costa, D., Valença, J., Júlio, E. “Laboratorial test monitoring applying photogrammetric post-processing procedures
anomalias, até à definição das intervenções to surface displacements”. Measurement 44: 527-538. (2011)
mais adequadas. 4 Valença, J., Júlio, E. “Conservation Requirements for Concrete Heritage. The Case Study of the Buildings of the Fundação
Calouste Gulbenkian in Lisbon”. ICSA 2010, 21-23 July. 2010
Os testes realizados permitem afirmar que o 5 Kowalczyk, K., Koza, P., Kupidura, P., Marciniak, J. “ Application of mathematical morphology operations for simplification
ICHM possibilita caracterizar de forma auto- and improvement of correlation of images in close-range photogrammetry”. The International Archives of the Photogram-
metry, Remote Sensing and Spatial Information Sciences, vol XXXVII Part B5, pp. 153-158. 2008
mática e contínua a patologia do betão, de- 6 Otsu, N. “A threshold selection method from gray-level histogram”. IEEE Transactions on System Man Cybernetics SMC-9:
monstrando ser robusto, fiável e preciso, além 62-66. (1979)

> Figura 7: Aplicação do Aesthcrete-CCS: (a) argamassas de reparação produzidas; (b) estudo da cor.
> Figura 8: Aplicação do SURCRETE para detecção e quantificação das áreas reparadas.

28_cm
30_33
património em betão
ficar muito tempo a olhar para o ar
notas sobre o património em betão armado
na arquitetura portuguesa
André Tavares
Arquiteto

O Estádio de Braga, um colosso de betão construção em Portugal durante o século XX. em geral, tem trazido bons resultados e,
armado projetado pelo nosso mais jovem Ou seja, se esse foi o século em que mais se pelo contrário, pugnar por critérios claros e
Prémio Pritzker, Eduardo Souto de Moura, foi construiu (o XXI está ainda a começar), pode objetivos de eficácia tem trazido péssimos
classificado como património pelo IPPAR no considerar-se Portugal um país de betão. Das resultados. Recordem-se os numerosos res-
momento da sua inauguração. O antigo treina- obras extraordinárias de Edgar Cardozo ao tauros polémicos – mas bem sucedidos – da
dor da equipa de futebol do Sporting Clube de legado singular de Álvaro Siza – cujo momento dupla Eduardo Souto de Moura e Humberto
Braga, Domingos Paciência, reconheceu essa maior das Piscinas de Leça ombreia com a Vieira (1946-2002 ), cujo tempo das obras
qualidade mágica que a arquitetura pode ter proeza técnica de Segadães Tavares na pala não se compadeceu com ritmo frenético de
na prática do futebol: Os jogadores que vêm cá de Lisboa – até tantas outras obras de grande calendários compactos, e compreenda-se
jogar é que ficam muito tempo a olhar para o qualidade feitas por arquitetos e engenheiros essa dimensão ambígua necessária na requa-
ar, para os cabos que ligam os tectos das duas menos badalados na imprensa, há um vasto lificação e reutilização do património.
bancadas. Alguns tentam mesmo pontapear a património recenseado ou em vias de recensão
bola, a ver se conseguem chegar com ela aos que se encontra sob ameaça. A ameaça não é
cabos, mas não conseguem.1 Esta explicação a sua degradação – o betão não desmorona Onde está o betão armado?
é clara para demonstrar o que pode ser, ou não, na primeira ocasião e a ruína é um espaço
património arquitetónico: o fascínio que as fascinante – mas é, sobretudo, o modo trágico O principal problema da identificação de um pa-
obras provocam em quem as habita, fascínio de renovação a que pode ser sujeito. Veja-se a trimónio em betão armado é a sua invisibilida-
que é incompreensivelmente inatingível de capacidade destrutiva dos sucessivos planos de. Se para obras que merecem atenção pelas
uma forma física. Ora, se no caso das obras de requalificação do centro do Porto que, sob suas qualidades arquitetónicas ou estruturais
de Eduardo Souto de Moura este fascínio a égide do restauro (geralmente em betão), é relativamente fácil identificar esse patrimó-
corresponde também a um padrão elevado da têm apagado sucessivamente as qualidades nio, em geral por via da autoria, o mesmo não
cultura arquitetónica, e por isso partilhável únicas da cidade. acontece para obras cujas qualidades não são
no interior de uma disciplina específica e da A questão é complexa. Têm havido tantos de- tão visíveis. E isso é o que acontece com as
cultura coletiva, há muitas obras cujo fascínio bates, o assunto tem sido discutido à exaus- primeiras obras de betão armado em Portugal.
se restringe a apenas alguns. tão e, nem assim, se impedem os maiores Por razões várias convencionou-se que o
Este não é o momento para estar a discutir desastres de acontecerem à frente de todos. betão armado fez história a partir da política
conceitos de património. Mas, para compre- Essa incapacidade talvez se deva ao facto de de infraestruturação do país no momento
ender o que pode ser, ou não, património em esses debates não serem capazes de trazer da constituição do Estado Novo, nos anos
betão armado, há que ter noção de estarmos uma luz homogénea e amplamente partilhada trinta. Os Liceus de Beja e Coimbra, por
a tratar, talvez, do material mais usado na sobre o assunto. Ou de serem conduzidos num exemplo, são os exemplos clássicos dessa
campo distinto das práticas de construção e afirmação de uma arquitetura capaz de se
transformação da cidade. Quem sabe? O que representar moderna, de betão. Haveria
1
Domingos Paciência citado em Sérgio ANDRADE, Alexandra
Prado COELHO, Cláudia CARVALHO, «Reações à escolha do é certo é que pugnar pelo uso de critérios alguns precursores, nos anos vinte, como
arquiteto portuense» in Público, 28 de março de 2011. substancialmente indefinidos de qualidade, seriam os exemplos dos Grandes Armazéns

30_cm
Moagens Harmonia, Cova da Piedade, 1896, Jacques Monet Bombeiros do Porto, Rua da Constituição, 1903.
1.º concessionário Hennebique em Portugal. Moreira de Sá & Malevez.
© CAA-XX/IFA, Paris. © CAA-XX/IFA, Paris.

Nascimento, no Porto, (hoje completamente Onde estava o betão armado? possuir os requesitos apontados, não
abastardados) ou da Clínica Heliântia de Fran- é necessário que o carpinteiro seja de
celos (que já viu melhores dias), tidas como O betão armado apareceu em Portugal no final primeira ordem, pois o seu trabalho se
obras pioneiras apesar de concessões a um do século XIX em concorrência direta com a reduz quási sempre a serrar e pregar tá-
ecletismo “pouco sério”. Nos anos cinquenta construção metálica. Há notícias vagas, que buas, raramente fazendo uso da plaina, as
e sessenta essa presença diversificou-se, ainda convêm ser exploradas, da presença mais das vezes desbastando a enxó. Com
com o reconhecimento de obras modernas e de concessionários de patentes britânicas um carpinteiro e trabalhadores geitosos
de revisão crítica, de autores como Rui Athou- e francesas a construir e a mostrarem-se executam-se todas as moldagens, sob as
guia (1917-2006) ou Nuno Teotónio Pereira e presentes em Portugal. Não seria de esperar indicações do mestre geral. Do mesmo
do seu atelier. Todo esse processo está bem outra coisa, a dinâmica de infraestruturação do modo não se torna necessário um ferreiro
identificado em várias publicações e ações país durante o século XIX, de que as obras de (…), pois o que se lhe exige é curvar, cortar,
institucionais, incluindo a viagem peculiar Gustave Eiffel davam notícia pela Europa, agu- espartilhar, abrir unhas, etc., em barras
da arquitetura portuguesa nos anos setenta çou o apetite de muitos investidores. Portugal ou varões de ferro, além de saber aguçar
e oitenta, até à sua celebração conjunta com a seria um local ideal para a expansão do betão e calçar as ferramentas, etc. O pedreiro é
reinfraestruturação do país nos anos noventa armado: bem servido por acessos marítimos também dispensável pois para o fabrico
com o seu culminar no diamante holandês na o país oferecia a possibilidade de colocar lo- de beton bastam serventes com prática
Casa da Música, no Porto.2 calmente, com baixos custos de transporte, o de amassar cimento.3
O que não se conhece, porque é mais difícil cimento e o aço – matérias-primas produzidas
de identificar, é a presença fundamental de por indústrias pesadas onde se geravam mais Ou seja, Portugal, tal como a maioria dos ter-
um betão anónimo, um conjunto de práticas valias significativas. ritórios coloniais, era um território apetecível
menos celebradas pela historiografia e que A inteligência e o sucesso do betão ficaram a para a aplicação e exportação do conhecimen-
foram capazes de formar um certo modo de dever-se a um binómio muito eficaz: a centra- to que se acumulava nas metrópoles. Bem
construir. Será que se devem constituir como lização da produção industrial pesada (ferro e vistas as coisas, qualquer um pode construir
património? Provavelmente não serão capazes o cimento) e do conhecimento especializado em betão armado, desde que haja alguém que
de nos deixar aturdidos a pontapear bolas sem (a conceção e o cálculo) e a descentralização indique, com alguma margem de segurança,
destino, mas constituem um registo físico de da aplicação graças ao uso de técnicas cons- quais as proporções certas de ferro e cimento.
uma forma de fazer e de uma transformação trutivas muito rudimentares. Como explica As patentes de diferentes formas de construir
nas práticas da construção que, essa sim, Jorge Segurado no seu manual de construção em betão proliferaram ao longo do século XIX,
convém não esquecer. publicado por volta de 1918: são incontáveis. Mas entre elas distinguiu-se a

2
Para estas obras consultar a pequena bibliografia incluída
O pessoal operário não precisa ser es- 3
Jorge SEGURADO, Cimento Armado, Lisboa, Aillaud e Ber-
no final do artigo. pecializado (…) se o encarregado geral trand, [1918], pp.561-562.

cm_31
património em betão

patente Hennebique, a cuja astúcia técnica da


“invenção” do estribo (e como consequência a
conquista de uma grande economia de mate-
rial e simplificação da aplicação em obra) se
associou uma proverbial intuição comercial.
Hennebique não é construtor, uma frase que
figurava em toda a sua extensa campanha
publicitária, insistia nessa componente ori-
ginal da sua atividade: Hennebique era um
“escritório técnico” com sede em Paris e com
concessionários locais espalhados por todo o
mundo. Concessionários com capacidade de
atuar localmente com alguma independência.
Essa estratégia fez com que fosse capaz de
agrupar um palmarés invejável de recordes e
conhecimentos técnicos que, com um sistema
publicitário poderoso, migravam com grande
facilidade a partir de Paris.
A fábrica de moagens Harmonia, construída Catedral de Lisboa, construção dos torreões em Setúbal, 2005. © André Tavares.
em 1898 na Cova da Piedade, em Almada, é betão armado, Moreira de Sá & Malevez. CAA-XX/IFA, Paris. / Fonds Hennebique.
© CAA-XX/IFA, Paris. Centre d’Archives d’Architecture du XXéme siècle,
um primeiro exemplo de dimensão assinalável
Institut Français d’Architecture, Paris.
dessa presença em Portugal. Construída pelo
primeiro concessionário Hennebique em Lis-
boa, Jacques Monet, a fábrica poderia constar dinâmicas vieram a tomar alguns anos mais num estaleiro de obra? Ou o exemplo, já destru-
entre os edifícios pioneiros de Lille e Swansea tarde, é a transformação da cidade do Porto ído, dos torreões da Catedral de Lisboa. Seria o
que foram publicados na revista Le béton através da modificação dos hábitos domésti- betão armado um sistema “sem dignidade” se
armée em 1896. Mas foi sobretudo a partir cos dos anos vinte aos anos quarenta, como foi usado no restauro de um monumento com a
de 1903, quando o segundo concessionário tão bem nos mostrou Manuel Mendes.4 Essas importância simbólica da Sé de Lisboa? Enfim,
Moreira de Sá & Malevez construiu no Porto obras iniciais do betão armado não se oferecem estas e tantas outras interrogações fazem-nos
uma torre de exercícios para bombeiros, que a uma compreensão feita à luz de parâmetros perguntar pela oportunidade de preservar,
teve início uma expansão muito particular do estritamente formais, ou da sua relevância tu- mas sobretudo de identificar e conhecer, um
betão armado em Portugal. Espalhadas por telar no debate da arquitetura e da construção. património anónimo que jaz latente em todo o
Portugal inteiro, cubas de vinho, depósitos de Contudo, o facto de serem generalizáveis a todo território português.
água, torres de catedrais, lajes de sanatórios, o território e de terem sido postas em prática Esse património salta à vista nas ocasiões
padieiras de janelas anónimas, cúpulas de por uma mão de obra bastante desqualificada, mais inusitadas, e sob as formas mais extraor-
termas eruditas, pilares de pontes, silos e explicam-nos modificações para as quais não dinárias. Ao entrar em Setúbal um incrível mira-
pontões, enfim, uma infinidade de pequenas temos estado atentos. douro, juntamente com um solário construído,
obras foram construídas em betão armado, O exemplo da torre de exercício dos bombeiros aparentemente, num sistema distinto do de
de Vila Real de Santo António a Mirandela, de do Porto, construída em 1903 no Porto, é disso Hennebique, jaz à espera de uma demolição
Penacova a Lisboa. um bom exemplo: não é possível ler, na crueza eminente. Em Castro Verde, com um estatuto
Essas obras revelam-nos pistas muito curiosas funcional da sua construção, a independência mais digno, um mirante insinua-se na rua Fia-
para compreender o que se passou em Portugal do sistema estrutural de betão armado em lho de Almeida. Em Angra do Heroísmo, o Banco
na prática da construção até à Grande Guerra. relação ao enchimento dos planos de parede, de Portugal é outro exemplo notável de como
Ou seja, ao contrário do que nos informa a his- tal como preconizava Auguste Perret? Ou o novo sistema construtivo despoletou expe-
toriografia da arquitetura, estavam em campo o exemplo insólito das operárias do betão riências e ensaios inovadores. E a história do
práticas tecnológicas desestabilizadoras da armado, que construíram a ponte de Oliveira betão armado, que esses edifícios escondem,
construção corrente que explicam algumas de Frades, uma obra pioneira hoje em risco também nos ensina coisas estranhas sobre o
particularidades e especificidades da cultura de submergir sob a empreitada de mais uma modo como evoluíram as práticas construtivas
portuguesa. Um exemplo que do ponto de vista barragem no rio Vouga. O que faziam mulheres e a cultura portuguesa.
do património começa a ser tarde para defen- A descoberta desse universo está ainda por
der, e que é exemplo do percurso que essas 4
Ver bibliografia. fazer.

32_cm
As operárias do betão armado. Construção da Ponte Bandeira Coelho, em Sejães, Oliveira de Frades, Dois exemplos de património anónimo em
sobre o Rio Vouga. Moreira de Sá & Malevez, 1906. Portugal: Castro Verde e Setúbal
© CAA-XX/IFA, Paris. © Panoramio/Google Maps

Sobre a arquitetura portuguesa


Sobre as origens do betão armado Sobre o betão armado em Portugal no tempo do betão armado

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História da Arquitetura Moderna, vol. II. Lisboa,
pistas bibliográficas Arcádia, 1973.

cm_33
34_39
património em betão
a monitorização das estruturas
na conservação do património
As estruturas de betão constituem um património de elevado valor, não só em termos históricos Carlos Félix
LABEST – ISEP
e de investimento, mas também no suporte ao desenvolvimento tecnológico das organizações
cfelix@fe.up.pt
e ao bem-estar da sociedade. Joaquim Figueiras
A construção de tais estruturas tem acompanhado e sustentado o desenvolvimento socioeco- LABEST – FEUP
nómico do país, tendo experimentado um enorme desenvolvimento nas últimas décadas. A par jafig@fe.up.pt

das estruturas mais recentes, o parque edificado conta ainda com outras bem mais antigas,
algumas das quais com mais de um século de existência. Para a conservação deste património
urge o desenvolvimento de metodologias de avaliação que prolonguem tanto quanto possível
o seu período de vida útil, em condições de economia e de segurança, adequando-o às mais
recentes exigências em termos funcionais.
Os sistemas de monitorização disponibilizam atualmente meios inovadores que contribuem para
a avaliação das condições de segurança estrutural e da sua durabilidade e permitem aumentar
o conhecimento acerca do seu funcionamento, por via da aferição de modelos numéricos. Tais
sistemas podem acompanhar todo o ciclo de vida útil da estrutura, desde a sua execução, fase
de exploração e eventuais fases posteriores de reabilitação e de reforço estrutural.
Este artigo resume algumas das técnicas de medição que mais recentemente têm sido aplicadas
à monitorização das estruturas de engenharia civil, contribuindo para que estes sistemas sejam
mais robustos e mais adequados às actuais exigências da gestão do património construído.

1. Introdução tidos em conta os custos que uma eventual (manutenção essencial).


ruína da estrutura acarretaria (Petcherdchoo Na monitorização do comportamento das es-
A avaliação das condições de utilização das et al., 2008). truturas, a medição das grandezas relevantes
estruturas de engenharia civil constitui atual- Os sistemas de monitorização do comporta- é realizada em permanência com recurso a
mente um dos maiores desafios, colocado às mento assumem um papel da maior importân- sistemas que fazem parte integrante da es-
entidades responsáveis pela sua exploração. cia ao fornecerem informação aos modelos de trutura. Na sua essência, estes sistemas são
O envelhecimento das estruturas existentes e decisão que permitem calendarizar e tipificar constituídos por sensores, sistemas de aqui-
as novas exigências funcionais e de segurança intervenções em obra, tendo em atenção as sição, de processamento e de armazenamento
obrigam ao desenvolvimento de estratégias de condições de segurança e de durabilidade da de informação e sistemas de comunicação,
intervenção em obra para que, com uma ges- estrutura e a gestão otimizada dos recursos. com elevado grau de automação, versatilidade
tão adequada dos recursos, seja assegurado Conforme se representa esquematicamente e flexibilidade (Bergmeister e Santa, 2001).
ou aumentado o período de exploração com na Figura 1, o envelhecimento das estruturas A sua integração na estrutura viabiliza o seu
qualidade e eficiência económica. traduz-se numa redução progressiva das ca- acompanhamento permanente, medindo,
Para que uma estrutura permaneça em serviço racterísticas do comportamento estrutural. interpretando, sentindo a estrutura. É neste
em aceitáveis condições de segurança devem As intervenções de rotina para preservar o contexto que se pode afirmar que, nos mais
ser contabilizados, além dos custos de inspe- comportamento expectável podem ter um recentes sistemas de monitorização, as estru-
ção e monitorização, os custos decorrentes caráter preventivo (manutenção preventiva), turas são dotadas de sensibilidade.
das intervenções em obra, em particular de ou serem essenciais para manter a estrutura Atualmente é possível o estabelecimento de
manutenção e de reparação. Devem ainda ser dentro dos limites aceitáveis de segurança comunicação entre o sistema instalado na

34_cm
conta os custos que uma eventual ruína da estrutura acarretaria (Petcherdchoo et al., 2008).

Os sistemas de monitorização do comportamento assumem um papel da maior importância ao


fornecerem informação aos modelos de decisão que permitem calendarizar e tipificar
intervenções em obra, tendo em atenção as condições de segurança e de durabilidade da
estrutura e a gestão optimizada dos recursos. Conforme se representa esquematicamente na
Figura 1, o envelhecimento das estruturas traduz-se numa redução progressiva das
características do comportamento estrutural. As intervenções de rotina para preservar o
comportamento expectável podem ter um carácter preventivo (manutenção preventiva), ou
serem essenciais para manter a estrutura dentro dos limites aceitáveis de segurança
(manutenção essencial).
estrutura e uma estação remota, viabilizando-
se deste modo a transferência, em tempo real,
Ideal
de toda a informação disponível, para uma rede
global de informação. Manutenção preventiva
Uma outra característica importante dos

Comportamento estrutural
sistemas de monitorização é a possibilidade
Manutenção essencial
de gerarem sinais de alarme, quando de-
terminados parâmetros pré-definidos são
excedidos. Quando estes sistemas, além
destas características, têm poder decisório,
e podem intervir automaticamente nas estru-
turas, constituem a essência das designadas Limite de segurança

“estruturas inteligentes”.
Período de vida útil [anos]

2. Componentes do sistema >1 1


Figura Reposição dos níveis de segurança estrutural (Santa e Bergmeister, 2000).

Os elementos que constituem os sistemas


Na monitorização do comportamento das estruturas, a medição das grandezas relevantes é
de monitorização podem ser agrupados nos
realizada em permanência com recurso a sistemas que fazem parte integrante da estrutura. Na
seguintes subsistemas:
são constituídos por sensores, CENTRAL
sua essência, estes sistemasOBRA DE
sistemas de aquisição, de
CONTROLO
– Rede de sensores processamento e de armazenamento de informação e sistemas de comunicação, com elevado
– Unidades de aquisição de dados REDE DE CONTROLO,
grau de automação,
SENSORES
versatilidade e flexibilidade (Bergmeister e Santa, 2001). A sua integração
VISUALIZAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
– Unidade de comunicação PÓS-PROCESSAMENTO
na estrutura viabiliza o seu acompanhamento permanente, medindo, interpretando, sentindo a
– Controlo, visualização e pós-processamento
UNIDADE DE AQUISIÇÃO
estrutura. É neste contexto que se pode afirmar que, nos mais recentes sistemas de
monitorização, as estruturas
A Figura 2 ilustra a integração dos diferentes são dotadas de sensibilidade.
UNIDADE CENTRAL DE SISTEMA DE CONTROLO DA AQUISIÇÃO E
CONDICIONAMENTO

PROCESSAMENTO TRANSMISÃO TRATAMENTO DE DADOS


subsistemas num sistema de monitorização,
CONVERSOR A/D

PROTOCOLOS DE

REMOTA
COMUNICAÇÃO
SENSORES

CONTROLO DA
com a rede de sensores e o sistema de aquisi- AQUISIÇÃO AVALIAÇÃO E DETECÇÃO DE
DANOS
ção instalados em obra (ver Figura 3) e todo o
sistema de pós-processamento de dados lo- TRATAMENTO DE
DADOS
REDE DE
COMUNICAÇÃO
GERAÇÃO DE ALARMES
calizado em gabinete (central de controlo). Um LOCAL

módulo de comunicação remota estabelece a


ligação da obra à central de controlo. >2
Os circuitos de condicionamento e de conver-
são de sinal podem estar localizados juntos
dos sensores, ou concentrados na unidade
de aquisição. Na unidade central de processa-
mento é realizado o controlo local da aquisição
e o tratamento prévio das leituras, segundo
procedimentos automáticos estabelecidos
previamente por programação. Diferentes pro-
tocolos permitem o acesso local ou remoto ao
sistema de controlo e às leituras efectuadas,
como por exemplo, através de uma página Web
(ver Figura 4). O pós-processamento dos dados
é constituído por um conjunto de software de >3 >4

> Figura 1: Reposição dos níveis de segurança estrutural (Santa e Bergmeister, 2000).
> Figura 2: Esquema geral de um sistema de monitorização.
> Figura 3: Unidades de aquisição instaladas em obra e cabos de ligação de sensores.
> Figura 4: Página Web de acesso a dados.

cm_35
a) Transdutor
a) Transdutor de deformação
de deformação

património em betão

b) Transdutor
b) Transdutor de temperatura
de temperatura c) Transdutor
c) Transdutor de flechas
de flechas

FiguraFigura 5 – Transdutores
5 – Transdutores baseados
baseados em sensores
em sensores em fibraemóptica
fibra óptica instalados
instalados na Pontena Ponte da Lezíria.
da Lezíria.
grandes dimensões e com elevado número de
secções instrumentadas. A cada sensor, ou
4. Sensores
4. Sensores semsem
fiosfios conjunto de sensores, está associado uma
estação local que, alimentada por baterias,
Os sensores
Os sensores sem fiossem podem
fios podemtambém também
vir a vir a constituir
constituir uma alternativa
uma alternativa à instrumentação
à instrumentação procede à interrogação dos sensores, à con-
a) Transdutor de deformação versão
convencional, principalmente em obras de grandes dimensões
convencional, principalmente em obras de grandes dimensões e com elevado número de e com elevado número de e armazenamento local do sinal e à sua
transmissão em frequência para uma estação
secçõessecções instrumentadas.
instrumentadas. A cadaA sensor,
cada sensor, ou conjunto
ou conjunto de sensores,
de sensores, está associado
está associado uma estação
uma estação
central (ver Figura 6). Estes dispositivos
local alimentada
local que, que, alimentada por baterias,
por baterias, procedeprocede à interrogação
à interrogação dos sensores,
dos sensores, à conversão
à conversão e podem e
ainda ser dotados de um recetor que
armazenamento
armazenamento local do local doesinal
sinal à suae àtransmissão
sua transmissão em frequência
em frequência para uma paraestação
uma estação
centralcentral (ver o controlo remoto do processo de me-
(ver permite
FiguraFigura 6). Estes
6). Estes dispositivos
dispositivos podempodem ainda ainda ser dotados
ser dotados de umdereceptor
um receptor que permite
que permite o controlo
o controlo dição. Apresentam como principais vantagens
a facilidade de instalação, de reparação ou de
remotoremoto do processo
do processo b)de
de medição.
medição.
Transdutor
Apresentam
Apresentam
de temperatura como como principais
principais vantagens
vantagens
c) Transdutor
a facilidade
a facilidade
de flechas de de
instalação, de reparação substituição. Contudo, a sua adopção nem
instalação, de reparação ou de ou de substituição.
substituição. Contudo,
Contudo, a sua aadopção
sua adopção nem sempre
nem sempre é possível
é possível
>5 sempre é possível atendendo a que elementos
atendendo
atendendo a queaelementos
que elementos estruturais
estruturais maciços
maciços de grandes
de grandes dimensões dimensões
podempodem constituir
constituir um
um estruturais maciços de grandes dimensões
sério obstáculo
sério obstáculo à transmissão
à transmissão do sinal.do sinal.
podem constituir um sério obstáculo à trans-
missão do sinal.
A frequência de transmissão e a potência do
SENSORES
SENSORES

ESTAÇÃO sinal destes sistemas, limitadas em termos


ESTAÇÃOREMOTA
REMOTA
legais condicionam a distância entre trans-
missor e receptor. Nos sistemas atualmente
ESTAÇÃO RS232/USB
ESTAÇÃOCENTRALRS232/USB disponíveis na Europa é já possível atingir
CENTRAL
distâncias até 5km. Para distâncias superio-
res têm de ser utilizados repetidores de sinal.
SENSORES
SENSORES

ESTAÇÃO
ESTAÇÃOREMOTA
REMOTA Desenvolvimentos desta tecnologia (Krüger
e Grosse, 2004) têm permitido a construção
de sistemas de baixo consumo, com baterias
>6 FiguraFigura
6 Rede 6 de Rede de sensores
sensores sem fios.sem fios.
de maior duração, protocolos de comunica-
ção mais robustos e a custos cada vez mais
A frequência
A frequência de transmissão
de transmissão e a potência
e a potência do destes
do sinal sinal destes
sistemas,sistemas, limitadas
limitadas em termos
em termos legais legais
reduzidos.
condicionam
condicionam a distância
a distância entre transmissor
entre etransmissor e receptor.
e receptor. Nos sistemas actualmente disponíveis na
visualização, validação interpretação das deNos
ondasistemas
da luz, como actualmente
é o caso dos disponíveis
sensores na
EuropaEuropa
mediçõesé jáefetuadas,
é já possívelpossível
atingiratingir
que distâncias
é complementado
distâncias até Para
até 5km. 5km. Para distâncias
dedistâncias
Bragg. Não superiores
obstante
superiores têm detêm
serde
a conveniência ser utilizados
utilizados
por modelos numéricos de comportamento de se proceder à medição simultânea da 5. Monitorização da durabilidade
estrutural e por modelos de gestão e de deci- extensão e da temperatura, duplicando por
são (Sousa et al., 2011). isso frequentemente o número de sensores, A monitorização da durabilidade visa funda-
estão facilitadas as técnicas de multiplexagem mentalmente, a avaliação da degradação das
espacial, podendo uma só fibra ser portadora propriedades do betão de recobrimento e o
3. Sensores em fibra óptica dos sinais de diversos sensores. A Figura 5 controlo da corrosão das armaduras, permitindo
ilustra alguns dos sensores em fibra óptica uma correta e atempada tomada de decisão no
A tecnologia dos sensores em fibra óptica que têm sido utilizados na instrumentação de caso de possíveis intervenções de reabilitação
foi inicialmente desenvolvida no seio da estruturas (Rodrigues et al., 2011). (Figueiras et al., 2008). Na monitorização da du-
indústria da aviação mas tem vindo a ser apli- rabilidade podem ser observadas, entre outras,
cada com sucesso ao domínio da engenharia as seguintes grandezas: potencial de corrosão;
civil. Esta tecnologia apresenta inúmeras 4. Sensores sem fios resistividade do betão; velocidade de corrosão
vantagens de que se salienta a imunidade instantânea; velocidade de corrosão “natural”.
aos campos electromagnéticos e a reduzida Os sensores sem fios podem também vir a Quando o sistema é instalado durante a fase
perda de sinal. Em particular, nos sensores constituir uma alternativa à instrumentação de execução da obra, utilizam-se sensores de
que recorrem à modulação do comprimento convencional, principalmente em obras de embeber no betão instalados na camada de

> Figura 5: Transdutores baseados em sensores em fibra ótica instalados na Ponte da Lezíria.
> Figura 6: Rede de sensores sem fios.

36_cm
recobrimento e ligados à armadura. A Figura 7
ilustra um destes dispositivos, designado por
kit-sensor de corrosão, que integra um sensor
de corrente galvânica, um sensor elétrodo de
referência e um sensor de temperatura. A ins-
talação destes sensores na estrutura permite
monitorizar a entrada dos agentes agressivos
no betão de recobrimento, prever o período de
iniciação da corrosão e, após a despassivação
das armaduras, avaliar a velocidade com que
estas se corroem. A interrogação, aquisição e
transferência do sinal do kit-sensor de corrosão
a) Kit-sensor de corrosão instalado antes da betonagem b) Sensor de corrente galvânica
é realizada de forma contínua e automática,
através de dataloggers específicos. >7
Quando se pretende instalar este sistema em
estruturas existentes, pode optar-se por son-
das circulares, sendo os eléctrodos dispostos
em torno de uma forma anelar. Os orifícios para
instalação destes sensores são abertos com
caroteadora, a seco, com diâmetro próximo do
diâmetro do próprio sensor, até à profundidade
correspondente ao recobrimento das armadu-
ras. Uma vez instalado o sensor, a folga deixada
livre entre o sensor e o orifício é preenchido
com uma argamassa de reparação adequada.
>8

6. Monitorização da infraescavação
A existência dum escoamento demasiado 2010), sobretudo devido às novas soluções
A monitorização da infraescavação tem como turbulento e a presença de bolhas de ar ou de tecnológicas dos recetores, mais avançadas
objetivo avaliar e acompanhar a evolução da sedimentos em suspensão podem provocar mas também mais económicas, e ao desenvol-
cota do leito do rio junto dos pilares de pontes reflexões das ondas sonoras e falsear as me- vimento de modelos de processamento de si-
em resultado da acção erosiva da corrente didas. A possibilidade de fixação de algas ou nal. Por outro lado, a programada colocação em
da água (Sousa et al., 2011). O sistema ge- de organismos sobre o emissor/recetor deve órbita de mais satélites, e a disponibilização
ralmente adotado para avaliar e acompanhar ser avaliado porque pode igualmente falsear as de mais informação a partir dos já existentes,
a evolução da infraescavação assenta num medições. Outros fatores afetam o resultado torna previsível uma utilização mais robusta,
sensor conhecido pelo nome de sonar (ver Fi- da medição, como por exemplo, a temperatura mais fiável e mais alargada destes sistemas.
gura 8). O princípio de funcionamento do sonar da água ou o teor em sal. São sistemas de rádio-posicionamento de base
repousa na emissão de uma onda acústica, que espacial que fornecem aos utilizadores um
é emitida e se propaga na água do rio, é reflec- serviço global de posicionamento e navegação.
tida quando atinge o seu leito e transmitida de 7. Monitorização de deslocamentos A obtenção das soluções de posição e de tempo
volta para o sonar. Conhecendo-se o intervalo com GNSS são conseguidas através do processamento,
de tempo entre o instante em que a onda so- por recetores eletrónicos especialmente
nora é emitida e o instante que é recebida, e a A aplicação de sistemas de monitorização concebidos, dos sinais rádio emitido pelos
velocidade de propagação da onda sonora no estrutural baseados em sistemas globais de satélites. Atualmente estão a operar dois sis-
meio, determina-se a distância percorrida pela navegação por satélite (GNSS) tem experi- temas, um norte-americano (o GPS – Global Po-
onda sonora nesse meio (distância do sonar mentado mais recentemente grandes desen- sitioning System, que se encontra a operar em
ao leito do rio). volvimentos (Fileno et al., 2009 e Cunha et al., condições de pleno funcionamento) e o

> Figura 7: Sistema de medição dos parâmetros de durabilidade.


> Figura 8: Sonar instalado em calha em maciço de fundação.

cm_37
senvolvimento outros sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO (sistema europeu, ainda
m qualquer satélite operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU (sistema chinês).

m ensaios conduzidos em ambiente controlado, onde se estabeleceu a comparação entre os


slocamentos construção
medidos emcom um LVDT e com um par de receptores GNSS (ver Figura 9),
betão
tiveram-se desvios inferiores a ±4mm. Resultados de idêntica qualidade foram obtidos quando
dois receptores permaneceram imóveis durante cerca de uma hora, tendo-se às posições em
uto sido também aplicados filtros de média móvel com amplitudes de 10 e 30 segundos (ver
gura 10).
Comparação de deslocamentos
150
série GNSS
série LVDT

120
Deslocamento [mm]

90

60

30

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo [s]

Figura 10 – Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um receptor GNSS.


Figura 9 – Comparação
>9 entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um receptor> 10
GNSS.
A aplicação do sistema de monitorização com base em GNSS está especialmente vocacionado à
medição de deslocamentos de pontos em campo aberto, como é o caso de barragens ou de
outro russo (o GLONASS – Global Navigation às posições em bruto sido também aplicados
tabuleiros entre de
e topo de mastros si, pontes
tornando difícil e ineficiente
atirantadas, a ligação
em que a precisão sub-milimétrica não seja
Satellite System, a operar já com 21 dos 24 filtros de média móvel com amplitudes
um requisito.de 10 de cada transdutor a uma única central de ob-
satélites inicialmente previstos). Estão em e 30 segundos (ver Figura 10). servação. Nestas condições, o processo mais
diferentes fases de desenvolvimento outros 8. Rede de
A aplicação do sistema de monitorização com comunicação
adequado e robusto consiste na utilização de
sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO base em GNSS está especialmente vocacio- módulos de aquisição de menores dimensões
As secções a instrumentar numa obra apresentam frequentemente distâncias elevadas entre si,
(sistema europeu, ainda sem qualquer satélite nado à medição de deslocamentos de pontos distribuídos ao longo da obra, dotados de um
tornando difícil e ineficiente a ligação de cada transdutor a uma única central de observação.
operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU em campo aberto, como é o caso de barragens, sistema de comunicação que permite a sua
Nestas condições, o processo mais adequado e robusto consiste na utilização de módulos de
(sistema chinês). de tabuleiros de pontes ou do topo de mastros interligação em rede. Este procedimento per-
aquisição de menores dimensões distribuídos ao longo da obra, dotados de um sistema de
Em ensaios conduzidos em ambiente controla- de pontes atirantadas, em que a precisão sub- mite, além de simplificar a instalação, evitar ou
comunicação que permite a sua interligação em rede. Este procedimento permite, além de
do, onde se estabeleceu a comparação entre os milimétrica não seja um requisito. reduzir significativamente o ruído e as perdas
simplificar a instalação, evitar ou reduzir significativamente o ruído e as perdas do sinal eléctrico
deslocamentos medidos com um LVDT e com do sinal eléctrico ao longo dos cabos de ligação.
ao longo dos cabos de ligação.
um par de recetores GNSS (ver Figura 9), Nestas configurações, os sistemas de aqui-
Nestas configurações, os sistemas de aquisição devem ter a possibilidade de comunicar entre si
obtiveram-se desvios inferiores a ±4mm. 8. Rede de comunicação sição devem ter a possibilidade de comunicar
em rede, utilizando para o efeito protocolos de comunicação correntemente utilizados na
Resultados de idêntica qualidade foram obti- entre si em rede, utilizando para o efeito pro-
indústria, como a Ethernet ou RS-485. A velocidade de transmissão pode afectar a frequência de
dos quando os dois receptores permaneceram As secções a instrumentar numa obra apre- tocolos de comunicação correntemente utili-
A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comunicação em fibra óptica utilizada naaquisição,
Ponte da razão pela qual alguns sistemas permitem o armazenamento local dos dados, que só
imóveis durante cerca de uma hora, tendo-se sentam frequentemente distâncias elevadas zados na indústria, como a Ethernet ou RS-485.
Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma solução em duplo anel, com foco nosão transmitidos quando tal não afecte o seu desempenho.
servidor
instalado em obra, e de duplo sentido, minimizando-se deste modo a possível interrupção da
comunicação aquando da eventual falha de um dos postos de observação.

PO1-V2N PO2-V2N PO1-PT PO2-PT PO3-PT PO1-V1S PO1-V2S

Servidor da Ponte
Rede ETH PO1-V14S PO2-V14S
cliente
- Unidades de aquisição

Figura 11 – Esquema da rede local de comunicação em fibra óptica.


> 11
O desenvolvimento de soluções de comunicação tem potenciado a utilização de alarmes
quando
> Figura os valoresentre
9: Comparação medidos ultrapassarem
deslocamentos obtidosdeterminados valores
com um LVDT e um recetorlimites
GNSS. previamente definidos
> Figura 10: Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um recetor GNSS.
(ver Figura 12), e consistem essencialmente no envio de mensagens via e-mail e/ou SMS para
> Figura 11: Esquema da rede local de comunicação em fibra ótica.
uma lista de contactos (dono da obra, projectista, etc.). São em geral definidos dois níveis de
alarme:

38_cm Níveis de vigilância, de cuja ocorrência resulta a necessidade de ser observado


com atenção o evoluir da situação;

Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá resultar a necessidade de


O desenvolvimento de soluções de comunicação tem potenciado a utilização de alarmes
quando os valores medidos ultrapassarem determinados valores limites previamente definidos
(ver Figura 12), e consistem essencialmente no envio de mensagens via e-mail e/ou SMS para
uma lista de contactos (dono da obra, projectista, etc.). São em geral definidos dois níveis de
alarme:

Níveis de vigilância, de cuja ocorrência resulta a necessidade de ser observado


com atenção o evoluir da situação;

Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá resultar a necessidade de


intervenção urgente na estrutura.

Grandeza

Asup Nível de alerta (superior)


Nível de vigilância
Vsup Nível de vigilância (superior)
Sref Funcionamento em serviço Valor de referência
Vinf Nível de vigilância (inferior)
Nível de vigilância
Ainf Nível de alerta (inferior)

tempo

Figura 12 – Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.


> 12

A velocidade de transmissão pode afectar a no Projeto de Execução em termos de valo- Referências


frequência de aquisição, razão pela qual alguns res absolutos (como as cotas do leito do rio)
– PETCHERDCHOO, A., NEVES, L.C. and FRANGOPOL,
sistemas permitem o armazenamento local e em termos relativos (como por exemplo,
D.M.. – Optimizing lifetime condition and reliability
dos dados, que só são transmitidos quando os deslocamentos em aparelhos de apoio).
of deteriorating structures with emphasis on bridges.
tal não afecte o seu desempenho. Neste último caso deve ser estabelecido um ASCE Journal of Structural Engineering, 134(4):544-
A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comu- determinado valor de referência em relação 552, 2008.
nicação em fibra óptica utilizada na Ponte da ao qual são observados desvios e gerados os – SOUSA, Helder; FÉLIX, Carlos; BENTO, João; FIGUEIRAS,
Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma alarmes respetivos. Joaquim – Design and implementation of a moni-
solução em duplo anel, com foco no servidor toring system applied to a long-span prestressed
concrete bridge. Structural Concrete N. 14. DOI:
instalado em obra, e de duplo sentido, minimi-
10.1002/suco.201000014. Fev., 2011.
zando-se deste modo a possível interrupção 9. Considerações finais
– RODRIGUES, Carlos; FÉLIX, Carlos; FIGUEIRAS, Joaquim
da comunicação aquando da eventual falha de A. – Fiber-optic-based displacement transducer
um dos postos de observação. Os sistemas automáticos de aquisição e de to measuring bridge deflections. Structural Health
O desenvolvimento de soluções de comuni- processamento de dados disponibilizam in- Monitoring Vol 10: pp. 147-156. March, 2011.
cação tem potenciado a utilização de alarmes formação essencial acerca da segurança e da – KRÜGER, Markus; GROSSE, Christian U. – Structural
quando os valores medidos ultrapassarem durabilidade das estruturas, permitindo uma Health Monitoring with Wireless Sensor Networks.
Otto-Graf-Journal, vol.15, p.77-90. Materials Testing
determinados valores limites previamente gestão eficiente dos recursos em operações
Institute University of Stuttgart, 2004.
definidos (ver Figura 12), e consistem essen- de manutenção e de reparação. O desenvol-
– FIGUEIRAS, Helena; Coutinho, Joana Sousa; ANDRADE,
cialmente no envio de mensagens via e-mail e/ vimento de sistemas de vigilância e de alerta, Cármen; FÉLIX, Carlos – Desempenho do Kit-sensor
ou SMS para uma lista de contactos (dono da com o estabelecimento de valores limites de corrosão na monitorização da durabilidade de
obra, projetista, etc.). São em geral definidos para cada uma das grandezas monitorizadas, estruturas de betão. BE2008 – Encontro Nacional
dois níveis de alarme: constitui um avanço na direcção do desenvol- Betão Estrutural 2008. Guimarães, 5 a 7 de novem-
bro, 2008.
vimento de estruturas inteligentes. A aplicação
– FILENO, Bruno et al. – Sistema GNSS para Monito-
– Níveis de vigilância, de cuja ocorrência re- de novos processos de medição e de novas
rização Permanente da Ponte Vasco da Gama. 2º
sulta a necessidade de ser observado com tecnologias à monitorização das estruturas, Encontro Nacional de Geodesia Aplicada. LNEC, 12-13
atenção o evoluir da situação; primeiro em laboratório e depois em obra, tem de outubro de 2009, Lisboa.
– Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá contribuído para que estes sistemas sejam – CUNHA, Carlos; PESTANA, António; FÉLIX, Carlos;
resultar a necessidade de intervenção cada vez mais robustos e dotados de mais FIGUEIRAS, Joaquim – A utilização do GNSS na moni-
urgente na estrutura. potencialidades, e por isso mais apelativos e torização das estruturas. Encontro Nacional Betão
Estrutural 2010. LNEC, Lisboa, 10 - 12 de novembro,
úteis às entidades responsáveis pela gestão
2010.
Os níveis de alarme são em geral definidos do nosso património.

> Figura 12: Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.

cm_39
PUBLI-REPORTAGEM

Barragem do Baixo Sabor (Portugal)


– uma instalação flexível de britagem
e crivagem “Metso”, chave na mão,
com 650 tph de produtos finais 0/150 mm

A nova instalação da barragem do Baixo Sabor pode produzir cerca de 650 tph de agregados de alta qualidade e areia.

A “Bento Pedroso Construções, S. A.”, pertencente ao grupo multinacional Qualidade comprovada da Metso
Odebrecht, em conjunto com “Lena Engenharia e Construções, S.A.”, assi- A Metso ganhou o contrato, apesar da forte concorrência de vários outros
naram um contrato com a “EDP (Energia de Portugal) ” para a construção fornecedores nacionais e internacionais. A “Metso Crushing Systems Engi-
do complexo hidroelétrico do Baixo Sabor. neering”, situada em Mâcon, França, forneceu todo pacote de equipamentos
A obra está localizada no distrito de Bragança, na província de Trás- com exceção da fabricação do sistema de tratamento de areias.
os-Montes, região de Alto Douro. A construção está prevista para ser
concluída em 60 meses e contará com uma potência máxima de 176 MW. Qualidade e Produção
O contrato prevê a construção de um arco de cimento convencional, A reconhecida experiência da Divisão de Sistemas da Metso, atende as estritas
especificações do cliente:
represa dupla curvatura e outra do tipo gravidade que integram 3.200
− Uma curva de areia classificada, com o ponto de 150 microns entre os limites
metros de túneis. Serviços de terraplanagem para movimentação de
de 3% e 6%.
terras de 3.120,000 metros cúbicos de material e é esperado a utilização
− Seis produtos finais com 100% passante na malha superior e 15% superior
de 1.100,000 metros cúbicos de betão convencional.
á malha inferior.

AUTOMAÇÃO
CARLOS ESTEVES e GILLES DOMBEY A Metso espera um ganho mínimo de 20% na eficiência operacional em com-
Metso Minerals Portugal Lda.
paração com um sistema de controlo manual, além da qualidade do produto
minerals.info.pt@metso.com
e redução de trabalho.
Uma vantagem adicional é a automatização dos equipamentos vibrantes e de
britagem que permite o controlo completo do fluxo de material e da operação.
Um sistema totalmente automatizado (sem operador) de carregamento de
camiões, utilizando silos equipados com sensores de carga, alimentadores
vibrantes para produtos grossos e portas elétricas para os produtos finos
também faz parte do pacote.
Pela esquerda:
Tiago Cardoso - Customer Service Sales Manager (Metso Portugal)
Joaquim Mendes - Spot Service Metso
Rui Jordão - Site plant Manager (ACE)
José Leite de Sousa - Metso Iberia Manager
Luis Silva - Plant Manager (ACE)
Eduardo Diaz - SBL Manager for Metso Iberia.

Soluções sustentáveis e eco-eficiência, preocupação com o ambiente constituída por um crivo primário CVB2661-2P com 16m2 de área e um crivo
A instalação de britagem segue as normas de segurança locais e Europeias CVB1540-2 com 6m2 de área elimina os estéreis, alimenta o moinho cónico
tanto mecânica como eletricamente em todos os equipamentos. secundário HP500 e os dois moinhos cónicos terciários HP300.
− Sistemas de supressão de pó molhado: por ar comprimido e água. O moinho cónico secundário HP500 produz cerca de 520 tph de 0/75mm, e
− Coleta de pó seco por extração em equipamentos, crivos e pontos de trans- cada moinho cónico terciário HP300 produz 300 tph de 0/30mm. A produção
ferência de areia. Crivos e transportadores cobertos. de agregados é classificada por um crivo secundário TS4.3 com 15m2 de área
− Sistemas de lavagem: produtos finais lavados antes do armazenamento. e por um crivo terciário TS5.3 com 20m2 de área. O posto quaternário Barmac
B9150SE produz 350 tph de 0/20mm em circuito fechado a 2mm com dupla
A instalação de britagem é construída numa zona rica em biodiversidade, o que estação de crivagem constituída por dois crivos TS5.2. Todos os produtos
significa plena conformidade com a regulamentação ambiental. finais são lavados (exceto areia BCC 0-4.75). A estação de tratamento de
areias á alimentada a um ritmo de 250 tph para produção de 200 tph de areia
Processo classificada BC 0.075-4.75. Os outros produtos são lavados por meio de dois
A instalação de britagem foi projetada para produzir 650 tph de produtos finais crivos CVB2050-2. As estritas especificações da EDP foram atendidas:
que irão alimentar a Central de Betão. Os sistemas de engenharia da Metso
dimensionaram a instalação para atingir os 750 tph. Como tal, a instalação é − Sobre a curva de areia classificada BC, o ponto difícil de 150 microns está
capaz de produzir 30% de 0.08- 4.75 areia lavada, 4% de 0-4.75 areia seca, 10% entre os limites de 3 % e 6%.
de 4.75-9.5 mm, 14% de 9.5-19 mm, 19% de 19-37.5 mm, 11% de 37.5-75 mm − As outras curvas de produtos atendem o 100% passante na malha superior
e 12% de 75- 150 mm. O duplo posto primário é alimentado a um ritmo de 900 e 15% superior à malha inferior.
tph. Cada linha é composta por um alimentador vibrante VF561-2V, um crivo
escalpador TK13-20-3V e um britador de maxilas C125. O stock intermédio As águas sujas são recuperadas e tratadas num clarificador. A instalação de
tem 35 000 tons de capacidade total, que vai alimentar os postos secundário britagem irá operar continuamente durante 24 meses. Será depois desmon-
e terciário a um ritmo de 750 tph de 0/300mm. A estação de pré-crivagem tada para deixar espaço para a água da barragem que irá cobrir toda área.

Posto Primário Moinho Cónico HP500

Moinhos Cónicos HP300 Impactor vertical Barmac B9150SE


www.metso.com
42_43 betão estrutural
A APLICAÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS DE FRP
EM ESTRUTURAS DE BETÃO

António Abel Henriques, Prof. Associado na FEUP, Investigador no LABEST

A aplicação de materiais compósitos na cons- às soluções mais clássicas de colagem de cha- betão está relacionada com as propriedades
trução civil tem sido cada vez mais frequente, pas de aço. A experiência acumulada nestes mecânicas das fibras (elevada resistência
culminando o trabalho de investigação, de últimos anos tem revelado que apesar destes e rigidez comparativamente ao seu peso), a
desenvolvimento e de aplicações tecnológicas materiais compósitos serem usualmente mais resistência à corrosão das resinas e à facili-
que têm vindo a demonstrar, ao longo das últi- dispendiosos, apresentam contudo vanta- dade de aplicação. No entanto, tratando-se de
mas três décadas, o seu potencial. Entre estes gens associadas à maior durabilidade a longo técnicas relativamente recentes, verifica-se
tipos de materiais destacam-se os polímeros prazo e à redução muito substancial no peso, a existência de regulamentação escassa no
reforçados com fibras (mais conhecidos pela em comparação com as soluções de reforço que diz respeito à especificação dos procedi-
sigla FRP, da designação em língua inglesa Fi- com chapas de aço. Além disso, a facilidade mentos de dimensionamento e aplicação dos
bre Reinforced Polymer) que são constituídos de colocação destes materiais compósitos materiais compósitos de FRP. Além disso, a
basicamente por elementos resistentes (as e a redução dos constrangimentos durante a crescente oferta de sistemas compósitos de
fibras) e pelos elementos que protegem as execução das obras, quer no tempo como no FRP disponibilizada por um número cada vez
fibras de eventuais degradações (formando a espaço, permite atenuar o custo global quan- maior de fabricantes tem dificultado o estabe-
matriz polimérica), sendo estes responsáveis do comparado com as técnicas tradicionais lecimento de consensos e sistematização dos
pela transferência das forças conduzidas nas (Figura 1). procedimentos para a execução de reforços
fibras para a estrutura envolvente. No âmbito Atualmente, a técnica de reforço mais utilizada com recurso a estes sistemas. A fixação de
da indústria da construção civil os materiais com materiais compósitos consiste na cola- códigos normativos permitirá que se projete
compósitos de FRP têm diversas aplicações, gem exterior de sistemas compósitos refor- estruturas de betão com materiais compósitos
entre outras, sob a forma de armaduras pas- çados com fibras de carbono (correntemente de FRP com confiança acrescida, ultrapassan-
sivas internas ou externas, de armaduras identificados por CFRP). Esta técnica tem sido do algumas barreiras atualmente existentes.
de pré-esforço, de perfis pultrudidos e, mais utilizada mais frequentemente no reforço à Um número elevado de investigadores e de orga-
frequentemente, sob a forma de laminados, flexão e ao corte de vigas e lajes, no reforço nizações têm vindo a trabalhar no processo de
mantas e tecidos. De facto, o reforço e a à compressão de pilares (tirando partido do integração destes materiais na engenharia civil.
reabilitação de estruturas constituem um efeito de confinamento) e na prevenção da Na América do Norte, tanto os Estados Unidos,
dos principais sucessos da indústria destes deterioração de chaminés, postes ou túneis através do American Concrete Institute (ACI),
materiais na construção civil. [1-3]. Mais recentemente têm sido desenvol- como o Canadá, através do Intelligence Sensing
Os aspetos relacionados com a aplicação vidas novas técnicas de reforço entre as quais for Innovative Structures (ISIS), apresentaram
de técnicas que permitam ultrapassar os se destacam a fixação de laminados ou varões documentos com propostas normativas para o
problemas levantados pela degradação das de CFRP em ranhuras executadas na camada dimensionamento de sistemas de reforço com
estruturas, novas utilizações associadas a de recobrimento das armaduras dos elemen- compósitos de FRP colados exteriormente a
aumentos de cargas para valores superiores tos de betão a reforçar (NSM – Near Surface estruturas de betão armado [6, 7]. No Japão,
àqueles para as quais as estruturas foram Mounted) [4] e a aplicação de laminados de através do comité do betão da Japanese Society
dimensionadas, têm sido cada vez mais CFRP pré-esforçados [5]. of Civil Engineers (JSCE), foi editado em 2001
solucionados com recurso à utilização de A crescente popularidade na utilização dos um documento contendo propostas de dimen-
materiais compósitos de FRP, em alternativa sistemas de CFRP no reforço de estruturas de sionamento que englobam a área do reforço, da

a) aplicação do adesivo no laminado b) colocação do laminado (reforço à flexão) c) dobragem da manta (para reforço ao corte) d) fase final da colocação do reforço

> Figura 1: Reforço à flexão e ao corte de uma viga de betão armado (retirado de [1]).

42_cm
reabilitação e da durabilidade das estruturas rança das estruturas de betão com materiais REFERÊNCIAS
de betão armado, com especial atenção na compósitos de FRP. [1] Azevedo D.M.M., “Reforço de estruturas de betão com colagem
de sistemas compósitos de CFRP. Recomendações para dimen-
melhoria do desempenho do betão estrutural Em Portugal há três unidades de investigação
sionamento”, Tese de Mestrado, Faculdade de Engenharia da
às ações sísmicas através da adição de mantas que têm vindo a estudar os vários aspetos Universidade do Porto, 2008.
e tecidos de FRP [8]. Este documento da JSCE associados ao projeto de reforço de estrutu- [2] Juvandes L.F.P., “Reforço e reabilitação de estruturas de betão
usando materiais compósitos de CFRP”, Tese de Doutoramento,
inclui ainda recomendações sobre o manusea- ras de betão armado com sistemas de FRP: o Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 1999.
mento, transporte, armazenamento e aplicação LABEST - Laboratório da Tecnologia do Betão [3] Silva P.A.S.C.M., “Comportamento de estruturas de betão reforçadas
por colagem exterior de sistemas de CFRP”, Tese de Doutoramento,
em obra, assim como, o tipo de ensaios a que os e do Comportamento Estrutural, o ICIST - Insti- Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2008.
materiais que compõem o sistema compósito tuto de Engenharia de Estruturas, Território e [4] Sena Cruz J.M., “Strengthening of concrete structures with near-
surface mounted CFRP laminate strips”, Tese de Doutoramento,
devem ser submetidos. Na Europa, inicialmente Construção e o ISISE - Institute for Sustainabi-
Universidade do Minho, 2005.
através do Comité Euro-Internacional du Béton lity and Innovation in Styructural Engineering. [5] França P.M.M., “Reinforced concrete beams strengthened with
prestressed CFRP laminates”, Tese de Doutoramento, Instituto
(CEB) e posteriormente através da Fédération Estas unidades de investigação poderão dar
Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 2007.
Internationale du Béton (FIB), foi apresentado uma contribuição importante para uma maior [6] ACI Committee 440, “Guide for the design and construction of
um relatório técnico [9] que fornece critérios de implementação destes produtos na indústria da externally bonded FRP systems for strengthening concrete
structures”, American Concrete Institute, ACI 440.2R-08, 2008.
dimensionamento para a utilização de reforços construção, através do apoio ao estabelecimen- [7] ISIS Canada, “Strengthening reinforcing concrete structures with
de FRP colados exteriormente a elementos de to e divulgação de critérios de dimensionamento externally-bonded fibre reinforced polymers”, ISIS-M04-08, Cana-
dian Network of Centers of Excellence on Intelligent Sensing for
betão armado, recomendações para aplicação e de procedimentos de aplicação normalizados Innovative Structures, University of Manitoba, Winnipeg, 2008.
em obra e critérios controlo de qualidade. A [11], tendo em conta a posição privilegiada junto [8] JSCE, “Recommendations for upgrading of concrete structures
with use of continuous fiber sheet”, Japanese Society of Civil
publicação recente da versão provisória do dos grupos de trabalho técnicos e científicos
Engineers, Concrete Engineering Series 41, 2001.
código-modelo 2010 da FIB [10] contém ligados às instituições universitárias e privadas, [9] fib - Federation Internationale du Béton, “Externally bonded FRP
reinforcement for RC structures”, bulletin 14, Lausanne, 2001.
propostas normativas para a caracterização nacionais e internacionais, e aos fabricantes
[10] fib - Federation Internationale du Béton, “Model Code 2010 - First com-
mecânica dos materiais compósitos de FRP e deste tipos de sistemas. Prevê-se que num plete draft”, Volumes 1 and 2, bulletins 55 and 56, Lausanne, 2010.
das características de interface com o betão. futuro próximo a possibilidade de incorporar [11] Juvandes L.F.P., Marques N.A., “Reforço de estruturas por colagem
exterior de sistemas compósitos de FRP. Manual de procedimentos
Parece assim estar dado um passo importante materiais compósitos de FRP no projeto de es- de controlo de qualidade para construção”, LEMC - Laboratório de
com vista à maior uniformização dos critérios truturas de betão armado passe a ser tão usual Ensaios de Materiais de Construção, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2007.
de dimensionamento e de verificação da segu- como é hoje o aço.
C M Y CM MY CY CMY K
PUB

cm_43
44_45 alvenaria e construções antigas
Avaliação de fundações através do georadar

Francisco M. Fernandes, Isise, Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão

O georadar é uma técnica de inspeção com pode ir aos 7 m, ou ficar pelos centímetros iniciais em solos saturados e argilosos, devido ao
um enorme campo de aplicações [1]. A sua facto da condutividade ser responsável pela absorção do sinal emitido.
capacidade para avaliar elementos enterrados
na maioria dos solos (em boas condições de Constante dielétrica (εr) Condutividade elétrica (mS/m)
propagação) faz com que a sua utilização para Material
Seco Húmido Seco Húmido
a deteção das fundações de diversos tipos
Solo arenoso 3-6 25-30 10 -4 -1 1-10
de estruturas seja natural [2]. As fundações
Solo argiloso 3 8-15 1-10 102-103
são o suporte de toda e qualquer construção,
sendo as responsáveis pela transmissão das Granito 4-5 7-8 10 -5 1
cargas e do peso da estrutura para o solo. > Tabela 2: Propriedades elétricas dos solos que afetam a velocidade de propagação e a transmissão no solo.
Portanto, do ponto de vista da segurança
das estruturas, a sua avaliação reflete-se Em estruturas de betão armado, as sapatas de fundação são geralmente retangulares, esten-
duma enorme impor tância. Tratando-se dendo-se para além da parede, ou pilar, mais de duas a três vezes a espessura desse elemento.
dum elemento enterrado, a sua avaliação é Na Figura 1 pode observar-se um radargrama duma sapata de fundação de betão armado. Para
geralmente realizada através da execução além da profundidade e do tipo de solo, a presença de lajes em betão armado entre a superfície
de poços de inspeção, o que permite expor a e a sapata podem impedir que o sinal emitido as alcance (ver Figura 2), ou provocar ruído que
sistema utilizado. No entanto, esta situação impeça a correta interpretação dos dados. De igual modo, a presença de infraestruturas para
nem sempre é possível ou desejável. Nestes a drenagem das águas residuais dificulta igualmente a obtenção de informação sobre as sa-
casos, é conveniente a utilização duma ferra- patas. O tipo de frequência utilizada nas várias antenas e a profundidade a que estão situadas
menta de deteção remota que permita obter não permitem obter informação sobre as armaduras presentes, pois a resolução das antenas
informação sobre as fundações sem que haja tipicamente utilizadas para esta função é superior a 15 cm (500 MHz), sendo que este valor
a necessidade de escavação, tem sido nesse aumenta significativamente com a profundidade e com a frequência.
sentido que tem sido utilizado o georadar. As fundações de estruturas antigas de alvenaria diferem substancialmente das sapatas atuais
A deteção de fundações através de georadar de estruturas de betão armado, sobretudo em termos de geometria. As estruturas de alvenaria
é, em geral, função da profundidade a que assentam, essencialmente, em muros enterrados, geralmente mais espessos que as paredes
esta se encontra, pois tal facto influencia a exteriores. Nesse sentido, as fundações tradicionais em estruturas de alvenaria só podem ser
frequência, e portanto a antena, a utilizar. A detetadas indiretamente através da análise das hipérboles geradas no início e no fim desses
Tabela 1 apresenta as principais frequências maciços enterrados, conforme a Figura 3 [3].
utilizadas na prospeção de elementos enter- Finalmente, esta técnica pode ser utilizada para verificar a existência efetiva de sapatas de
rados no solo. As propriedades dielétricas do fundação. No caso de muros de divisão de terrenos, paredes de suporte de terras, etc. pode

Frequência Profundidade
central de penetração
100 MHz 5 a 20 m
200 MHz 2a7m
500 MHz 1a4m
> Tabela 1: Profundidades médias atingíveis por frequên-
cias tipicamente utilizadas para a prospeção do subsolo.

solo e a velocidade de propagação da onda


apresentadas na Tabela 2 mostram que,
consoante o tipo de solo, a quantidade de
humidade e a condutividade, se atingem dife-
rentes profundidades. A profundidade máxima
em solos arenosos com a antena de 200 MHz > Figura 1: Radargrama que ilustra a detecção duma sapata em betão armado (500 MHz).

44_cm
acontecer não terem sido construídas sapa-
tas, quer por negligência dos profissionais,
quer por não terem sido tidos em conta situa-
ções futuras de mudança de uso/função dos
terrenos adjacentes. A Figura 4 e a Figura 5
ilustram duas situações onde não foram dete-
tadas fundações. Na primeira situação foram
detetadas as marcas de escavação em socal-
cos. No entanto, os sinais não são compatíveis
com a regularidade duma sapata de fundação.
A segunda situação é referente a uma parede
muito inclinada, onde o único sinal foi um sinal
horizontal, paralelo ao terreno, o que também
não corresponde a uma sapata visto que, por
questões de estabilidade, as sapatas devem
ser sempre horizontais.
A prévia deteção e avaliação das sapatas
de fundação duma estrutura é fundamental
para determinar a segurança atual da es- > Figura 2: Radargrama que ilustra a detecção duma sapata através duma laje em betão armado.
trutura assim como a capacidade adicional
para aguentar alterações nas cargas regu-
lamentares em caso de mudança de função/
utilização ou no caso de aumento da estrutura.
O georadar permite, quando estão reunidas
condições adequadas, uma rápida avaliação
destes elementos de maneira não destrutiva
e, sobretudo, sem causar perturbações em
volta do local do ensaio.

REFERÊNCIAS

[1] Daniels, D.J. (2004). “Ground Penetrating Radar – 2nd Edition.”


Radar, sonar, navigation and avionics series 15, IEE, London,
UK, ISBN 0-86341-360-9, 726p.
[2] Tallini, M.; Giamberardino, A.; Ranalli, D.; Scozzafava, M.
(2004). “GPR survey for investigation in building foundations.”
10th International Conference on Ground Penetrating Radar,
Delft, The Netherlands.
[3] Alli, G. (2010). “Assessment of building foundations by GPR.”
Subsidence Forum Training Day, IDS Ingegneria Dei Sistemi
> Figura 3: Radargrama que ilustra a detecção duma sapata em estruturas de alvenaria, adaptado de [3].
(UK) Ltd.

> Figura 4: Radargrama que ilustra a detecção da escava- > Figura 5: Radargrama que ilustra a detecção das camadas do solo dum muro em terreno inclinado.
ção em socalcos para a construção de muro em terreno
inclinado.

cm_45
46_47 sustentabilidade
HARMONIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

Helena Gervásio, DEC - U.Coimbra

A Construção Sustentável implica a aplicação as análises de ciclo de vida, as quais envolvem e existentes). Em resposta a este mandato,
dos princípios do Desenvolvimento Susten- a quantificação de fluxos de energia e de recur- foi criado em 2005 o Comité Técnico TC 350
tável ao ciclo global da construção, desde a sos em cada uma das fases da vida de uma obra do Comité Europeu de Normalização (CEN), o
extração de matérias primas até à sua demo- e a caracterização desses fluxos nas diversas qual se encontra a desenvolver um conjunto
lição e destino final dos resíduos resultantes categorias de impactos selecionados; e os de normas, com caráter voluntário, para a
– análise do berço à cova. É um processo ho- sistemas de avaliação da sustentabilidade, os avaliação de edifícios ao longo do seu ciclo
lístico que visa estabelecer um equilíbrio entre quais se baseiam em critérios quantitativos e de vida. O âmbito inicial do mandato M/350
o ambiente natural e o ambiente construído. qualitativos e que poderão incluir uma aborda- limitava-se ao critério ambiental, no entanto o
Tradicionalmente o processo global de conce- gem de ciclo-de-vida. comité decidiu estender o âmbito do mandato
ção de uma obra foca-se essencialmente na Se por um lado, a existência de várias me- no sentido de abranger as três dimensões da
fase de construção, sendo o objetivo principal todologias para a avaliação da construção sustentabilidade: ambiental, económica e
a otimização da eficiência e a minimização de sustentável demonstra o interesse que o social. O programa de trabalhos do CEN/TC350
custos durante o desenvolvimento do projeto problema representa para o setor, por outro está ilustrado na Figura 1 [3].
e a construção. De forma a tornar estes proces- lado, torna complexa a seleção do método Este programa de trabalhos compreende uma
sos mais sustentáveis é necessário expandir mais apropriado e inviabiliza a comparação en- norma geral que estabelece o enquadramento
estas metodologias de curto prazo de forma tre avaliações de edifícios [1]. Esta limitação das três dimensões da sustentabilidade, a nor-
a abranger a vida útil completa da estrutura. levou a Comissão Europeia a emitir mandato ma EN 15643 – parte 1 [3], a qual foi publicada
Nos últimos anos tem-se assistido ao desen- de Normalização (Mandate M/350: Sustainabi- em 2010. As normas relativas à avaliação da
volvimento de várias metodologias para a lity of Construction Works [2]) com o objetivo performance ambiental serão aprovadas em
avaliação da sustentabilidade da construção. de desenvolver métodos para a avaliação da 2011, enquanto que as normas relativas às
De entre as várias abordagens distinguem-se performance ambiental de edifícios (novos componentes económica e social encontram-

User and Regulatory Requirements

Integrated Building Performance


Concept
level Environmental Social Economic Technical Functional
Performance Performance Performance Performance Performance

EN 15643-1 Sustainability Assessment of Buildings


Framework – General Framework
level
prEN 15643-2 prEN 15643-3 prEN 15643-4
Framework for Framework for Framework for Technical
Environmental Social Economic Characteristics Functionality
Performance Performance Performance

Building prEN 15978 WI 015 WI 017


level Assessment of Assessment of Assessment of
Environmental Social Economic
Performance Performance Performance

Product prEN 15804


Environmental
level Product
(see Note below) (see Note below)
Declarations

prEN 15942 NOTE At present, technical information related


Comm. Format to some aspects of social and economic
B-to-B performance are included under the provisions
of prEN 15 804 to form part of EPD
CEN/TR15941

> Figura 1: Programa de trabalho do CEN/TC350 [3].

46_cm
se ainda em fase de desenvolvimento. Estas normas propõem indicadores para a avaliação de As futuras normas Europeias tem em conside-
cada uma das dimensões: ração as políticas europeias relevantes para
os produtos da construção, nomeadamente
o novo Regulamento dos Produtos da Cons-
Ambientais Económicos trução, o novo código para Compras Públicas,
os Certificados Energéticos, os Rótulos Am-
– Aquecimento global; – Utilização; bientais, etc [1]. Estas normas constituem
– Destruição da camada de ozono; – Manutenção; um passo importante para a harmonização
– Acidificação da terra e dos aquíferos; – Reparação e substituição de dos modelos de avaliação da sustentabilidade
– Eutrofização; componentes; europeus e contribuem para a credibilidade da
– Formação de ozono ao nível do solo; – Desconstrução; sustentabilidade no setor da construção.
– Depleção dos recursos abióticos; – Reciclagem ou fim de vida de
Referências
– Uso de materiais não renováveis; cada material.
– Uso de materiais renováveis; [1] Dias, A. e Ilomäki, A. “Standards for Sustainability Asses-
sment of Construction Works”, Bragança, L., Koukkari,
– Uso de energia primária não renovável; H., Block, R., Gervásio, H., Veljkovic, Borg, R., Landolfo,
– Uso de energia primária renovável; Sociais R., Ungureanu, V., Schaur, C. (eds.), Sustainability of
Constructions – Towards a better built environment.
– Uso da água; Proceedings of the Final Conference, COST Action C25,
– Materiais para reciclagem; – Acessibilidade; pp. 189-196, Innsbruck (2011)
[2] Mandate M/350 EN Standardization mandate from
– Materiais para aproveitamento de energia; – Saúde e conforto; EC/DG Enterprise to CEN. Development of horizontal
– Deposição em aterro de resíduos não perigosos; – Pressões na vizinhança; standardized methods for the assessment of the
– Deposição em aterro de materiais perigosos; integrated environmental performance of buildings.
– Manutenção;
Answer from CEN/BT/WG 174. Secretariat of CEN/CEN/
– Deposição em aterro de materiais radioativos. – Segurança. TC 350. July 2005.
[3] EN 15643-1:2010 - Sustainability of construction works
– Integrated assessment of building performance. Part
1: General Framework. CEN 2010
PUB

Pavilhão do Conhecimento, Lisboa, 29 e 30 de Setembro 2011


CONTACTOS
Secretariado do Fórum SRU
Associação iiSBE Portugal
Escola de Engenharia,
Campus de Azurém
4800-058 Guimarães
Telefone: 253 510 499
Email: info@iisbeportugal.org

cm_47
48_49 térmica
EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS E DE ENERGIA QUASE ZERO

Carlos Pina dos Santos, Eng.º Civil, Investigador Principal do LNEC

Dois recentes documentos legislativos euro- (e por vezes discricionários). midades”, que aparenta ser mais exigente do
peus revogam ou reformulam anteriores Dire- Esta evolução positiva, quando aproveitada edifício de balanço energético nulo (net-zero
tivas que influenciaram de modo significativo, por projetistas e donos de obra informados e energy building).
embora podemos considerar com resultados exigentes (conceção, seleção, fiscalização) A definição pormenorizada destes edifícios
díspares, o desempenho térmico e energético traduziu-se pela aplicação de melhores (e mais de desempenho energético muito elevado é
dos edifícios em Portugal e no resto da Europa. fiáveis) isolantes térmicos e pelo melhor de- atribuída, em primeira instância aos Estados–
A Diretiva dos Produtos da Construção (DPC) sempenho térmico e, eventualmente, também membros; pode refletir as condições nacionais,
[1] e a Diretiva do Desempenho Energético energético dos edifícios. regionais ou locais dos edifícios, e deve incluir
dos Edifícios (EPBD) [2] foram, no nosso País, Esquecendo, por agora, a ligação entre a EPBD um indicador numérico da utilização anual de
determinantes para a evolução de aspetos e a regulamentação térmica e energética energia primária.
com influência naquele desempenho. nacional, a EPBD foi a impulsionadora da certi- Apesar das óbvias dificuldades técnicas, eco-
ficação energética em Portugal que já afetou al- nómicas e sociais que este desafio pode vir a
A DPC visava eliminar os entraves técnicos às gumas centenas de milhar de edifícios (frações representar no nosso País, está explicitado na
trocas comerciais no domínio dos produtos autónomas), novos e, sobretudo, existentes. EPBD que “Os Estados Membros asseguram
de construção, a fim de fomentar a sua livre A eficácia (redução de consumos da energia que: a) O mais tardar em 31 de dezembro de
circulação no mercado interno europeu. ou aumento da eficiência energética) desta 2020, todos os edifícios novos sejam edifícios
A marcação CE dos isolantes térmicos, iniciada certificação – que na realidade é uma verifica- com necessidades quase nulas de energia”,
em 2003, foi progressivamente sendo adotada ção da conformidade do projeto térmico com e ainda que desenvolvem políticas e tomam
pelos fabricantes nacionais destes produtos. a legislação aplicável em edifícios novos, e medidas..., para incentivar a transformação
O Decreto-Lei nº Decreto-Lei n.º 4/2007 [3] uma qualificação (etiquetagem) energética de todos os edifícios remodelados em edifícios
impôs a obrigatoriedade em Portugal dessa convencional dos edifícios novos e existentes com necessidades quase nulas de energia de
marca de conformidade – com frequência, – não está ainda devidamente quantificada. energia.
incorretamente, interpretada como uma E já surge a reformulada EPBD [4] que continua O novo Regulamento dos Produtos da Constru-
certificação CE ou como uma marca de qua- a visar a promoção da melhoria do desempenho ção [5] que revoga a DPC adiciona às seis exi-
lidade – contribuindo para o alargamento da energético dos edifícios na União, tendo em gências essenciais das obras, nomeadamente
aplicação de produtos com marca CE nas obras conta as condições climáticas externas e as a exigência nº 6 - Economia de energia e de
(edifícios). condições locais, bem como exigências em isolamento térmico(1) um novo requisito bási-
No LNEC, em particular no setor que desen- matéria de clima interior e de rentabilidade. A co(2): nº 7 - Utilização sustentável dos recursos
volve a caracterização experimental, a apre- certificação do desempenho energética dos naturais(3). Estas exigências, com implicações
ciação técnica, o apoio ao controlo regular da edifícios ou das frações autónomas, é ainda um diretas nos produtos de isolamento térmico e,
produção na fábrica, e atividade de laboratório dos requisitos da nova EPBD, tendo os êxitos e consequentemente, no desempenho térmico e
notificado (ensaios iniciais de tipo - ITT) foi pos- os fracassos registados anteriormente servido energético dos edifícios podem, ou devem, vir a
sível observar a rápida e sustentada evolução de base para a reformulação mais ambiciosa
do mercado nos últimos vinte anos. e detalhada do respetivo âmbito de aplicação.
Por um lado, a par de alguns poucos produtos Todavia o que se pretende aqui salientar é o 1
“As obras de construção e as suas instalações de aquecimento,
arrefecimento, iluminação e ventilação devem ser concebidas e
importados que já apresentavam um nível de novo objetivo de incentivar a construção de realizadas de modo a que a quantidade de energia necessária para
qualidade controlada, muitos dos isolantes edifícios com necessidades quase nulas de a sua utilização seja baixa, tendo em conta os ocupantes e as con-
dições climáticas do local. As obras de construção devem também
térmicos nacionais (e importados) passaram energia (nearly-zero energy buildings). A atual
ser eficientes em termos energéticos e utilizar o mínimo de energia
de uma qualidade insatisfatória, e nos piores EPBD [4] apresenta uma definição (vaga) possível durante a construção e desmontagem”.
deste conceito, “edifício com um desempenho
2
No RPC a designação Exigências essenciais da DPC foi substituída
exemplos fantasiosa, para uma qualidade
por Requisitos básicos.
mínima, mediana ou mesmo, em alguns casos, energético muito elevado, ... as necessidades 3
“As obras de construção devem ser concebidas, realizadas e demo-
muito boa. de energia quase nulas ou muito pequenas lidas de modo a garantir uma utilização sustentável dos recursos
naturais e, em particular, a assegurar:
Aqui, merece ser reconhecido o esforço técnico deverão ser cobertas em grande medida por a) A reutilização ou a reciclabilidade das obras de construção, dos
e económico desenvolvido por grande número energia proveniente de fontes renováveis, seus materiais e das suas partes após a demolição;
b) A durabilidade das obras de construção;
de fabricantes, e não só por aqueles que se incluindo energia proveniente de fontes c) A utilização, nas obras de construção, de matérias-primas e
expõem a mercados internacionais exigentes renováveis produzida no local ou nas proxi- materiais secundários compatíveis com o ambiente”.

48_cm
particular num período de conjuntura menos favorável. Todavia, é uma boa oportunidade para
olhar com mais atenção não apenas para os aspetos da conceção e do controlo dos edifícios,
mas também dos comportamentos, atitudes, expectativas e práticas de uso e de conforto nos
edifícios de todos os tipos.

REFERÊNCIAS

1 Diretiva do Conselho relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos
Estados-membros no que respeita aos produtos de construção (Diretiva 89/106/CEE de 21 de dezembro de 1988,
alterada pela Diretiva 89/68/CEE de 22 de julho de 1993). Jornal Oficial das Comunidades Europeias (JOCE), L40,
1989-02-11, p. 12-16; L220, 1993-08-30, p. 1-22.
2 Diretiva 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de dezembro de 2002 relativa ao desempenho
estar fortemente associados ao cumprimento
energético dos edifícios.
dos objetivos referidos na nova EPBD. Convém
3 /P/ - Leis, decretos, etc. – Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de janeiro, que altera o Decreto-Lei n.º 113/93, de 10 de
não esquecer que a solução não passa apenas
abril. Diário da República n.º 5, 1.ª série, p. 116 a 125.
pelos isolantes térmicos. Longe disso. 4 Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de maio de 2010 relativa ao desempenho
A breve abordagem destes aspetos, que vai energético dos edifícios (reformulação). Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L153, 2010-06-18, p. 13-35.
constituir uma preocupação crescente de 5 Regulamento (UE) N.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho de 9 de março de 2011 que estabelece
todos os envolvidos no processo de realizar condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e que revoga a Diretiva 89/106/
edifícios pretende, apenas, relembrar o enor- CEE do Conselho (Texto relevante para efeitos do EEE). Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L88, 2010-04-04,
me desafio que o País tem pela frente, em p. 5-47.
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51_52 i&d empresarial

A CIN desenvolveu um revestimento acrílico

Proteção de aquoso para proteção de estruturas de betão

estruturas de
armado. Tendo sido patenteado recentemente,
o C-Cryl W700 HB cumpre com todos os requisi-

betão armado tos obrigatórios da Norma NP EN 1504-2, no que


se refere à proteção contra o ingresso de agentes
agressivos no betão, como a impermeabilidade à
água, ao dióxido de carbono e com excelente permea-
bilidade ao vapor de água.
“Outra das características muito relevantes é a sua muito baixa
permeabilidade aos cloretos (difícil de obter em tintas aquosas),
tornando-a uma mais-valia em situações de proximidade do mar. Está ainda classificado como
acabamento ignífugo de baixa emissão de fumo, classificação B-s1 d0, segundo a Norma Europeia
13501-1:2002”, refere a empresa.
Além disso é um produto com marcação CE, o que significa que está conforme com as disposições
das Diretivas Comunitárias dos Produtos de Construção que lhes são aplicáveis (Diretiva 89/106/
CEE, alterada pela Diretiva 93/68/CEE e transposta para direito interno pelo Dec. Lei 4-2007),
permitindo a sua livre circulação no Espaço Económico Europeu.
Este material destina-se à proteção de elementos estruturais em betão e de argamassas cimen-
tícias, tais como pontes e viadutos. É também adequada para a proteção de betão do exterior de
tanques, silos, bem como de outras estruturas em unidades industriais.
Consequências da não proteção www.cin.pt
do betão armado

Características

Acabamento: Mate (O brilho deste produto está muito próximo do casca de ovo)
Cor: RAL-9010: outras cores: a pedido
Componentes: 1
Sólidos em volume: 40% (ASTM D2697, mod.)
Massa Volúmica: 1.20 g/mL
Espessura recomendada (seca): 70 - 120 μm por demão
Nº de demãos: 2-3
Método de aplicação: Pistola convencional, airless, trincha e rolo
Rendimento teórico: 5,6 m2/L a 70 μm secos; 3,3 m2/L a 120 μm secos
Tempo de secagem: 75 μm, 20ºC e 60% HR
Superficial: 2 horas
Endurecimento: 12-16 horas
Repintura: Min: 16 horas
Alongamento à rutura: Cerca de 280% para uma espessura seca de 140 μm, à temperatura de 23ºC.

50_cm
Cortiça nas
O Corkwall é uma recente solução de revesti-
mento de fachadas da Corticeira Amorim, mais

fachadas propriamente, da Amorim Cork Composites.


Como o próprio nome indica, o material principal
é a cortiça. Este produto pode ser usado não só para
decoração mas também para o acabamento e reabilitação
de fachadas exteriores e paredes interiores.
“A aplicação em coberturas, em especial nas de tipo metálico, permite reduzir de forma signifi-
cativa a transmissão de calor para o interior, atenuando em simultâneo qualquer tipo de ruído”,
afirma a Amorim Cork Composites.
Segundo os responsáveis, o Corkwall funciona como uma membrana elástica que permite um
isolamento acústico e térmico na construção nova ou de reabilitação, funcionando como uma
barreira térmica, que previne perdas de energia e fissuras do acabamento visível. O produto é
fruto de uma mistura de granulado de cortiça e resinas poliméricas, sendo aplicado através de
projeção. Tem elevada durabilidade, aguentando a exposição a condições climatéricas adversas.
Este material pode ser aplicado para revestir vários tipos de superfícies, mesmo que pouco porosa,
desde metal até argamassas já existentes, estando disponível em 16 cores.
“A cortiça, tratando-se de um material natural e ecológico, apresenta um conjunto de benefícios
que a distinguem ao nível da construção sustentável: matéria-prima renovável e 100% natural, ma-
terial orgânico e biodegradável, reciclável pré e pós-consumo e reutilizável”, é dito pela empresa.
Relativamente aos custos deste material, os responsáveis reconhecem que é mais elevado que
outros tipos de revestimento, contudo, asseguram que é rentável e rapidamente se consegue
recuperar o investimento.
Além do mercado português, o Corkwall é comercializado também em Inglaterra, Rússia, Brasil
e Itália.
www.corkcomposites.amorim.com

Aplicações:

− Acabamento de fachadas;
− Resistência à água em diferentes substra-
tos (reboco, gesso, etc) enquanto adiciona
uma resistência ao fogo M1;
− Encapsulamento de coberturas (metálicas
ou amianto) adicionando propridades
térmicas e acústicas a elementos cons-
trutivos existentes.

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52_57 notícias

A aposta da Lusomapei S.A. no mercado desenvolvimento do vasto ecossistema


português é cada vez mais forte e o setor Mapei. De igual modo, o investimento em
da reabilitação urbana é um dos principais Desenvolvimento e Inovação é outro dos pilares
motores par a potenciar o crescimento fundamentais do roteiro de crescimento da
da empresa no mercado nacional e onde empresa”.
pretendem investir futuramente. O grupo Mapei está presente em 27 países
Durante a celebração do 10ª aniversário com 58 fábricas, tendo-se instalado em
da Mapei em Portugal, o administrador da Portugal em 2001. A nível nacional conta
empresa, Mário Jordão, garantiu que nos atualmente com 40 colaboradores, 680 tipos
próximos anos, a Mapei pretende “crescer de produtos vendidos, 15 linhas de produtos
através da diversificação do seu mix de comercializadas e cerca de 400 clientes, a filial
produtos e da exportação”. portuguesa do grupo registou, no ano passado,
Mário Jordão referiu: “a área da formação uma faturação de 10 milhões de euros.
de parcerias afigura-se fulcral para o bom www.mapei.pt

secil compra lafarge - betões


A Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento S.A. comprou a Lafarge - Betões S.A. em Portugal,
tendo o negócio atingido um valor de cerca de 65 milhões de euros.
A Lafarge opera no mercado de betões e agregados, através de 26 centrais de betão e 4
pedreiras.
Esta aquisição vem reforçar a presença da Secil no mercado do betão pronto onde é já deten-
tora da Unibetão - Indústrias de Betão Preparado S.A. e da Britobetão - Central de Betão Lda.

projeto da jular
casa sustentável em exposição em lisboa
A Treehouse Riga é o modelo do que poderá ser uma casa sustentável. Desde o projeto, aos
materiais de construção, à decoração, tudo foi pensado tendo em conta o ambiente.
Desenvolvida pela Jular, Treehouse Riga, tem o projeto de decoração assinado por Filipa Lacerda
com mobiliário e iluminação das melhores lojas de design de Santos, associadas da Santos Design
District, e uma exposição de pintura do artista plástico Luís Melo.
A madeira é o elemento principal desta casa. “De todos os materiais de construção disponíveis,
a madeira é a única que absorve carbono da atmosfera, ao contrário de todos os outros, que o
libertam. Totalmente reciclável, o impacto sobre a natureza no processo de fabrico, instalação
e fim de vida é neutro, já que os materiais utilizados na Treehouse são ecológicos, provenientes
de florestas certificadas e de gestão sustentada”, refere a Jular.
A casa foi construída por módulos standardizados e conta com uma solução de microprodução
fotovoltaica da Home Energy, o que torna a casa autossuficiente, funcionando apenas com energia
solar. A Treehouse poderá ser visitada até ao final do mês de julho. www.jular.pt

52_cm
na faculdade de engenharia do porto

© C.M.PORTO / VISITPORTO
antónio adão da fonseca deu a sua última aula
O conhecido projetista António Adão da Fonseca aposentou-se no início de junho. O Professor
Catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto, pôs um ponto final à sua carreira profissional com uma aula intitulada “Pontes feitas
e pontes sonhadas”.
Licenciado em Engenharia Civil na FEUP e doutorado em Engenharia de Estruturas pelo Imperial
College of Science, Technology and Medicine, da Universidade de Londres, António Adão da
Fonseca ficou famoso por ter projetado pontes de grande relevância em Portugal. Dentro dos
projetos mais importantes, destacam-se o Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em
Lisboa, a Ponte Infante Dom Henrique sobre o Rio Douro, no Porto, e a ponte Pedro e Inês sobre
o rio Mondego, em Coimbra.
Além disto, manteve outros cargos sempre ligados à engenharia, foi Presidente Nacional do
Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros (1995-1998), Presidente do European
Council of Civil Engineers (1998-2002) e Membro do Conselho Consultivo do Instituto Português
do Património Arquitetónico em 2004 e 2005.

cip aposta na reabilitação

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urbana
A Confederação Empresarial de Portugal
– CIP avançou com projetos-piloto
para promover a reabilitação urbana.
“Fazer A contecer a Regener ação
Urbana” é o projeto que a CIP vai voltar
a apresentar e no qual acredita para
relançar a economia por tuguesa.
Quando apresentou o projeto no ano
passado, pela primeira vez, apresentou uma série de propostas
de alterações legislativas que acabaram por ser discutidas
na concertação social, e algumas até passaram pelo crivo do
Conselho de Ministros.
Contudo, com a dissolução da Assembleia da República, a
regulamentação necessária ficou pelo caminho, e algumas
medidas então aprovadas mas outras não. Na candidatura
da CIP ao Sistema de Apoio de Ações Coletivas, a entidade
compromete-se a, no prazo de 18 meses, identificar as
condições que eliminem os constrangimentos que têm impedido
a adoção de projetos integrados da regeneração do património
das cidades, a promover a integração no mercado de edifícios
devolutos e degradados, a promover a dinamização do mercado
de arrendamento e a criar novos instrumentos de rentabilização
de poupança alternativos às tradicionais aplicações financeiras.
www.cip.org.pt
notícias

interior de aeronave amigo do ambiente

Foi desenvolvido pelo consórcio formado se espera sejam a base de futuros spin-offs
pela Amorim Cork Composites, da CORTICEIRA nesta área”.
AMORIM, Couro Azul, do Grupo CARVALHOS, O interior de aeronave incorpora materiais
INEGI e SET, do Grupo IBEROMOLDES, em naturais, leves e confortáveis. “Promove a
colaboração com a Embraer e a Almadesign, simbiose entre elementos naturais e artificiais,
um interior inovador para uma aeronave que criando um ambiente harmonioso, onde a
conta com materiais naturais e amigos do tecnologia está presente, mas sem imposição”,
ambiente. é referido em comunicado.
Inserido no programa LIFE – Lighter, Integrated, Várias são as inovações, desde a conceção
Friendly and Ecoefficient e com um investimento inovadora das janelas, que permite uma
de 1,85 milhões de euros, o projeto desenvolveu- maior visibilidade exterior e uma entrada
se, segundo os responsáveis, “com o objetivo abundante de luz, à aplicação de um sistema de
de conceber uma cabine de uma aeronave sensores de movimentos SEED, que possibilita
inovadora, através do fortalecimento da a adaptação de diferentes intensidades de luz
multidisciplinaridade entre empresas e da e de cor até à utilização de painéis sanduíche
promoção de um trabalho conjunto para futuros CORECORK, revestidos a pele natural e a
projetos aeronáuticos, demonstrando soluções Corkleather, para um melhor conforto térmico
mais ecoeficientes, leves e confortáveis, que e acústico.

ibc solar agora em portugal


A mul tinacional alemã IBC S OL A R A G,
integradora de sistemas de energia solar
fotovoltaica, lançou-se recentemente no
mercado por tuguês, que é considerado
estratégico pelo enorme potencial na área das
energias renováveis.
A apresentação da empresa em território
nacional decorreu a semana passada em
Lisboa e contou com a presença de Rudolf
Sebald, Diretor do Departamento de Grandes
Projetos da IBC SOLAR AG, Juan Manuel Presa,
Country Manager de Portugal da IBC SOLAR e
Ricardo Novaes, Delegado Comercial da IBC
SOLAR para Portugal.
“Portugal é um mercado estratégico para a IBC
SOLAR pelo seu enorme potencial na área das
energias renováveis e, em particular, da energia
solar fotovoltaica. Portugal possui entre 2200 recentemente em Portugal já garantiu que energia elétrica a partir da luz do sol. Desde
e 3000 horas de luz solar por ano, mais 900 estará presente na Concreta deste ano. o planeamento até à entrega de soluções já
a 1100 do que a Alemanha, que é atualmente A IBC Solar é um dos grupos mais bem sucedidos prontas, a IBC Solar disponibiliza um apoio
a maior produtora desta energia na Europa”, na área da energia fotovoltaica, oferecendo completo ao cliente.
referiu Rudolf Sebald. A empresa que entrou soluções integr ais par a a produção de www.ibc-solar.pt

54_cm
congresso lidera
construção sustentável
Produtos e Serviços sustentáveis no setor da

© Sistema LiderA
construção estiveram em destaque no con-
gresso Lidera que decorreu, no final de maio,
em Lisboa. O evento contou com a presença
de mais de 40 oradores e cerca de 230 con-
ferencistas. A sustentabilidade ambiental em
todas as áreas mas, especialmente, no setor
da construção foi considerada fundamental
por todos os presentes. para a construção desta casa vai fazer que seja desempenho e rotulagem.
Cinco foram as linhas temáticas: desenvolvi- uma habitação amiga do ambiente, quase zero O LiderA apresentou o projeto de um catálogo
mentos do grupo LiderA; casos de edifícios e de energia, que depois estará aberta ao público para produtos e serviços sustentáveis desti-
regeneração urbana sustentável; materiais e e poderá ser usada para atividades lúdicas nado a sistematizar e classificar a procura da
produtos sustentáveis; outros serviços nos e de ensino das empresas associadas. Este sustentabilidade, estando disponível online no
ambientes construídos que contribuem para projeto envolve uma dinâmica de parcerias: site do parceiro do LiderA da 4Rs - www.4rs.pt.
eficiência ambiental e sustentabilidade. Belas Clube de Campo, Agência Municipal de O catálogo numa primeira fase é direcionado a
A construção e os edifícios e ambientes cons- Energia de Sintra, ADENE, projetistas (Capinha dois tipos de utilizadores: agentes da constru-
truídos têm um elevado impacte ambiental. Lopes e Projeto Uno), Empreiteiro (Concreto ção (promotores, projetistas e empreiteiros) e
Mais de 40% na movimentação dos materiais, Plano), Comunicação (GCI) e o LiderA como consumidores. Os conferencistas destacaram
mais de 30% na energia, sendo de referir que coordenador. a necessidade e utilidade desta proposta e
a adoção sistemática das boas práticas do abordagem.
LiderA pode contribuir para reduzir o défice Produtos sustentáveis para exportação
da balança de pagamentos em mais de 60%. Os produtos e materiais de construção ecológi- Santarém destaca-se na construção
cos ganham cada vez mais terreno no mercado. sustentável
Casa + Sustentável No congresso LiderA foram considerados O município de Santarém foi distinguido como
O projeto Casa + Sustentável, levado a cabo potenciais de exportação para o nosso país, um exemplo no que toca a construção verde.
por um conjunto de empresas e pela LiderA, especialmente, a cortiça. Sendo importante, Assumiu a certificação LiderA nos vários edi-
pretende ser um espaço de desenvolvimento segundo os especialistas, investir na avaliação fícios públicos, reduziu as taxas de operação
de sustentabilidade e um exemplo para a do desempenho ambiental dos produtos no urbanísticas para os edifícios e no interesse
sociedade em geral. A utilização de materiais seu ciclo de vida, que incluem: análise ciclo dos múltiplos privados. A escola do Sacapeito
de construção ecológicos e o espaço escolhido de vida, declarações ambientais, critérios de recebeu o certificado LiderA - Classe A.

construir sobre o mar


Vai avançar ainda este ano um projeto de construção de um bairro sobre o mar na Dinamarca. Com a falta de terrenos
para construir e, também, para poupar os espaços verdes de Copenhaga, o governo local optou por obras em extensão
da região portuária da cidade. O futuro bairro da região portuária da cidade deverá abrigar cerca de 40 mil habitantes,
além de 40 mil postos de trabalho. Quando construídos, os edifícios somarão 4 milhões de metros quadrados de área útil.
O projeto foi desenvolvido pelos escritórios Cobe e Sleth Modernism e os consultores Polyform e Rambøll, visa estabelecer
novos padrões para a nova cidade-bairro, tendo como objetivo minimizar as emissões de CO2 e o impacto das alterações
climáticas de uma forma rentável. Seis temas deram o mote para a criação deste bairro: ilhotas e canais, identidade e
história, cidade de cinco minutos, azul e verde da cidade, cidade CO2 amigável e grade inteligente. O custo da obra, ainda
não estimado, será dividido entre o governo e as empresas que se instalarem na região. A previsão é que uma primeira
parte fique pronta em 2025. A conclusão do projeto deve acontecer somente em 2050.

© COBE

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Este projeto pretende criar uma
notícias organização sem fins lucrativos que
ofereça a possibilidade a senhorios de
prédios degradados de reabilitarem
o seu imobiliário sem terem qualquer
custo. Como? Os proprietários
oferecem alojamento e alimentação
a estudantes estrangeiros de
reabilitação a custo zero vence concurso arquitetura e engenharia que
faz – ideias de origem portuguesa se voluntariam para conceber
e concretizar a requalificação.
Os materiais e equipamentos
O projeto na área da reabilitação de edifícios pensado por três jovens portugueses foi o grande necessários à realização das
vencedor do concurso FAZ - Ideias de Origem Portuguesa, uma iniciativa da Fundação Gulbenkian requalificações seriam doados
e da Fundação Talento para portugueses no exterior e residentes. como caridade à organização sem
fins lucrativos de modo a serem
A Construção Magazine esteve à conversa com José Paixão, um dos mentores, para perceber
deduzíveis dos impostos a pagar
um pouco melhor o projeto em si e saber quais serão os próximos passos.
pelas empresas fornecedoras.
Para além das contrapartidas
financeiras, as empresas teriam o
seu nome associado a o projeto. A
CM: Como surgiu a ideia para este projeto? CM: O que significa esta vitória? supervisão técnica das obras seria
JP: A ideia surgiu em reação a uma convo- JP: Muito mais que o dinheiro do prémio, esta feita através de uma parceria com as
universidades.
catória dirigida a portugueses emigrantes vitória significa a musculação do projeto, o su-
para apresentarem soluções ‘arejadas’ a porte das estruturas da Fundação Gulbenkian
problemas crónicos nacionais. Estando a vi- e da Fundação Talento e o apoio dos seus
ver na Áustria decidi responder à provocação parceiros. Significa um voto de confiança e um
em conjunto com um colega engenheiro civil reconhecimento público no valor e potencial
(Diogo Coutinho) e uma amiga estudante de do nosso projeto.
arquitetura (Angelica Carvalho). Formulámos
então uma proposta para um problema que CM: E agora depois da teoria ter sido aprovada, o projeto a outras cidades necessitadas, tal
apesar da dimensão e mediatização não dá como estão a planear colocar o projeto em como Lisboa ou Coimbra.
sinais de resolução: o abandono dos centros prática? CM: Acha que as empresas estão abertas a
das cidades. Percebemos que o problema JP: A implementação do sistema está depen- este tipo de projetos? E as universidades?
era, fundamentalmente, um problema do mau dende do reforçar da rede de parcerias em que JP:A ideia matriz do projeto é que todos os
funcionamento do mercado: ou não é rentável este assenta. É essencial alavancar o projeto agentes envolvidos no processo de reabilita-
reabilitar ou então para o ser tem que se res- em colaborações fortes e criar relações de ção tenham interesses e ganhos em colaborar
tringir o segmento alvo das reabilitações a um win-win em que todas as partes interessadas no sistema. Assim, as empresas teriam as
fasquia mínima do mercado. Assim, a base da ganham em participar. Estamos para isso a contrapartidas fiscais de rebater em sede
ideia foi desenhar um sistema colaborativo aproveitar este momento de maior atenção de IRC o valor dos materiais e equipamentos
em que por meio de trocas e contrapartidas pública. Já estabelecemos contactos com uma doados, a imagem de responsabilidade social
se criassem interesses mútuos entre agentes série de intervenientes no terreno. Um deles é ao se associarem ao nosso projeto e também
que resultasse na reabilitação de um edifício. o maior senhorio do país, a Câmara Municipal uma oportunidade de internacionalização, já
Isto tudo sem fazer incorrer nenhuma parte do Porto, com a qual estamos em conversa- que são futuros profissionais estrangeiros
interessada em custos financeiros não dese- ções para a cedência de um primeiro prédio que se vão familiarizar com os seus produtos
jados, daí reabilitação a custo zero. abandonado a ser alvo da reabilitação piloto. e que um dia mais tarde os poderão importar.
CM: Já identificaram zonas prioritárias para a Os contactos que temos tido com empresas
reabilitação de edifícios no Porto? de materiais de construção apontam no sen-
JP:A estratégia pensada para implementar tido de que estas reconhecem o potencial da
este modelo de reabilitação consiste em iniciativa e que a querem apoiar. Quanto às
primeiramente testar o sistema numa inter- universidades, a colaboração neste processo
venção piloto. Depois então, com o resultado de reabilitação também trazem vantagens,
visível desta primeira reabilitação se con- uma vez que, ganham casos concretos para
seguirá provar que o sistema funciona, que demonstrar técnicas e conteúdos aos alunos
a reabilitação é mesmo a custo zero, e que de cursos da especialidade. Já iniciamos con-
todos ganham com este modelo. A partir daí versações com escolas locais e a recetividade
será então possível fazer crescer o número de a este projeto empreendedor por parte dos
prédios intervencionados e expandir também seus docentes é muito encorajadora.

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energias renováveis são nova área de expansão da buderus

A Buderus, marca do Grupo Bosch, está a As novas caldeiras de pellets Logano SP161
apostar na área das tecnologias para as e Logano SP261 destacam-se, segundo
energias renováveis. a Buder us, pela ef iciência e por não
Painéis solares de tubos de vácuo que danificarem o ambiente. Ambos os modelos
se integram facilmente num sistema de das caldeiras podem ser utilizadas, tanto em
aquecimento, caldeiras de pellets para construções novas como em substituição de
aquecer com resíduos procedentes de uma instalação de aquecimento antigo. “As
limpezas florestais ou industrias de madeira caldeiras podem combinar-se facilmente com
que são triturados e convertidos em biomassa painéis solares de alta eficiência para o apoio
prensada, assim como. bombas de calor solar de aquecimento e da preparação da água
reversíveis para aplicações geotérmicas quente sanitária”, explica a Buderus.
e aerotérmicas de alta ef iciência par a Devido a uma técnica muito especial, a combustão é sempre ótima, inclusive quando existem
climatização e água quente sanitária e uma diferenças na qualidade do material de combustão.
estação de produção de a.q.s. instantânea para As bombas de calor reversíveis para aplicações geotérmicas e aerotérmicas que a Buderus
combinar com sistemas solares constituem a disponibiliza integram todos os componentes necessários para funcionar, e não é necessário
nova gama de produtos da Buderus. adicionar acessórios adicionais. As bombas de calor ar/água, permitem um abastecimento
Os painéis solares de tubos de vácuo utilizam térmico livre de emissões de CO2, também não utilizam combustíveis líquidos ou gasosos, pelo
as mais recentes tecnologias aplicadas ao que não requer adaptar-se às condições limitadoras de outros geradores que utilizam estes
aquecimento de água sanitária e aquecimento. combustíveis convencionais nem seguir pautas na evacuação de gases da combustão, facilitando
Segundo a Buderus, têm elevada eficiência, o a sua instalação e integração num edifício, ou moradia
que permite que sejam facilmente integrados De destacar ainda a estação de produção de a.q.s instantânea Logalux FS40/80 que proporciona
no sistema de aquecimento, cobrindo uma calor, com qualidade de a.q.s. e com apoio de energia solar térmica, por exemplo a edifícios
grande parte das necessidades energéticas multifamiliares de até 20 moradias, assim como a pequenos hoteís e residências de idosos. “Este
para preparar a água quente, mesmo que tipo de sistema esta pensado para os inquilinos e para o meio ambiente, já que reduz os custos
haja pouca radiação solar. Como têm um energéticos e ao mesmo tempo beneficiam também os senhorios e os gestores das instalações”,
elevado nível de isolamento térmico dos afirma a Buderus. A estação Logalux FS40/80 só gera água quente, quando realmente se necessita
tubos de vácuo, conseguem também manter e pode alcançar um fluxo de volume de até 40 L por minuto a uma temperatura de saída de 60
a eficiência durante as estações frias. A marca ºC. Quando se instala em cascata a Logalux FS80, esta pode fornecer, inclusive, o dobro da água
garante uma durabilidade dos tubos devido ao por minuto.
revestimento cerâmico refletor. www.buderus.pt
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novas plataformas

a sua construção magazine


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58_60 mercado

azulejos que absorvem a poluição


A Cercasa, empresa espanhola de cerâmica, desenvolveu uns azulejos que, além de terem plantas
na superfície, conseguem absorver a poluição do ar tendo impacto na qualidade do mesmo. A
empresa espanhola combinou o seu produto com a Bionictile e criou a Lifewall.
O azulejo, de um metro quadrado, pode conter plantas, no caso de ser o azulejo Ceracasa, ou ser
de porcelana, em várias cores. A Bionictile disponibiliza o branco, marfim, cinzento ou castanho.
Usando os raios solares ultravioleta e a humidade, o design especial da Bionictile, agarra as pe-
rigosas partículas de poluição do ar e transforma-as em fertilizante, que é usado para alimentar
as plantas adjacentes.
A empresa refere que testes feitos pela Universidade de Valência, concluíram que se 200 edifícios
fossem cobertos com Lifewalls, 400 mil pessoas poderiam respirar, dentro de um ano, ar livre de
partículas de monóxido de nitrogénio, produzidas pela circulação de carros e pelo funcionamento
de fábricas. www.ceracasa.com

sistema de controlo remoto por infravermelhos


A Siemens, através da divisão Building Techno- nível de tráfego de rádio”, explica.
logies, lançou um sistema de gestão de edifícios Os dispositivos incluem um comando remoto
com controlo remoto por infravermelhos em KNX, transmissor de IV, transmissores de IV para
o que permite o controlo conveniente e fiável montagem em parede de uma, duas e quatro
das funções das divisões, tais como iluminação, teclas, um recetor/descodificador de IV de
proteção solar e climatização. dimensões reduzidas para instalação no teto
A empresa explica que este tipo de sistema é e botões de uma, duas, três e quatro teclas
adequado para ambientes nos quais as soluções (conforme a série de aparelhagem) com rece-
por rádio, por razões legais ou técnicas, não são tor/descodificador integrado.
permitidas, como é o caso dos hospitais. “O controlo “Através destas soluções, as funções das
remoto por infravermelhos representa também divisões podem ser controladas remotamente
uma ótima alternativa aos sistemas via rádio em através de sinais de IV – sem necessidade de
edifícios de escritórios, porque garante uma ope- contacto visual entre o transmissor e o recetor”,
ração livre de falhas em divisões como as salas de refere a Siemens.
conferências ou reuniões, onde existe um elevado www.siemens.com/entry/pt/pt/

nova coleção de termolaminados


A Tafibra apresentou a coleção termolaminados 2011 que pretende complementar a oferta de
painéis decorativos melamínicos da empresa. O Unicolor, um laminado integralmente de uma
só cor e o Lamidigital, superfície personalizável com uma ideia ou imagem pretendida, são as
novidades deste ano.
“A oferta de cores, tonalidades e padrões (madeira, têxtil, betão, granito, ...) da coleção permite
a decoração e a combinação de diversos gostos e estilos decorativos, num verdadeiro apelo ao
despertar de sensações”, refere a Tafibra.
Segundo a empresa, estes painéis têm “elevadas performances em termos de resistências à luz
solar, ao risco, ao calor e às manchas”.
www.tafibra.com

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sistema de informação para a construção
A Computer One lançou o PHC Projeto Template Globais por Obra; mapa de custos por
Construção que basicamente é um software fornecedor; fazer a gestão de custos
direcionado para este setor específico. financeiros: distribuição balanceada
Esta solução permite: fazer a gestão de de custos administrativos impostos
Subempreiteiros; fazer a gestão de Pessoal pelas obras; etc.
em Obra, interno e temporário; fazer a gestão Segundo a empresa as vantagens
de Custos de Alugueres Internos e Externos prendem-se com o facto desta solução
(equipamento): a introdução de contratos permitir gerir cada obra como uma
de aluguer de forma a gerir as condições de empresa independente. Através do
contrato, imputação de custos às obras de software é possível acompanhar a evolução de custos e receitas de cada projeto em qualquer
material alugado ou interno (Imobilizado), con- altura e ter resultados online e mensais de forma a facilitar a tomada de decisão. Permite também
trolo de fluxo de saídas e entradas do material o lançamento via Web de tempos e despesas por funcionário.
nas obras (incluindo transferências entre De destacar que o PHC Projeto Template Construção faz o controlo da caducidade dos documentos
obras), apuramento mensal dos custos dos e a gestão das reclamações.
alugueres, por obra; gerir de mapas de Custos www.computerone.pt

sistema domal para reabilitação


A DOMAL, empresa de sistemas de alumínio, materiais utilizados e à forma de fabricação, e
lançou uma nova solução que tem como objetivo que é reconhecidopela sua excelente eficiência
manter a estética rústica dos edifícios, garantin- a nível térmico e acústico e, bem assim, pelos
do elevados padrões de eficiência energética. elevados resultados de permeabilidade ao ar,
A nova solução rústica da série Top conta um estanquidade à água e resistência ao vento”,
design inspirado nas janelas antigas e está referem os responsáveis.
disponível em várias cores e acabamentos. O sistema DOMAL Top é apresentado em dife-
“A solução rústica agora apresentada vem rentes soluções, desde linhas retas, linhas
reforçar a oferta do sistema DOMAL Top, rústicas a facetada.
considerado um sistema inovador face aos www.domal.pt

captação e produção de energia


em parques de estacionamento
A Martifer Solar lançou a linha Smartpark que consiste numa inovadora estrutura para parque de
estacionamento automóvel, desenhada e pensada para receber painéis solares fotovoltaicos
na sua cobertura. Os produtos Smartpark são fruto da aposta da empresa portuguesa em I&D.
Estão disponíveis três soluções distintas: UNO, SINGLE e DUAL.
“É um produto modular, de fácil e rápida instalação, de reduzida necessidade de manutenção,
economicamente viável e o seu aspeto inovador permite um bom enquadramento arquitetónico”,
avança a Martifer Solar.
O Smartpark serve não só para a produção de energia mas, também, como sistema de estan-
queidade, recolha de águas pluviais e possibilidade de ser transformado numa estação para
carregamento do carro elétrico, através da incorporação de carregador elétrico.
www.martifersolar.com/pt

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mercado

solução para aquecimento e água quente


sanitária que produz eletricidade
O Dachs SE é um equipamento que fornece, em conjunto, eletricidade e calor para aquecimento
e água quente sanitária. Consiste num sistema modular onde se podem fazer diferentes confi-
gurações que servem vários tipos de solicitações elétricas e térmicas. A solução Dachs SE pode
ser utilizada em vivenda unifamiliares, edifícios de apartamentos, sistemas centralizados de
aquecimento, escritórios, hotéis, lares de 3ª idade, hospitais, piscinas, entre outros.
O sistema básico desenvolvido pela Baxi – SenerTec é composto por uma caldeira de cogeração,
um depósito de armazenamento intermédio e um condensador para recuperar o calor latente nos
gases de evacuação. Só que este sistema apenas tem capacidade para uma vivenda unifamiliar, MODEM integrado que permite a transmissão
mas no caso de um maior consumo de energia, podem-se ligar módulos adicionais ao sistema. de dados de funcionamento e de eventuais
A solução Dachs SE é gerida através de um novo controlador inteligente, denominado MSR2. Com anomalias. O Dachs pode ser monitorizado e
este sistema de controlo integral pode-se monitorizar e regular todos os componentes. A confi- controlado por via remota.
guração do sistema é feita com um código de quatro dígitos. Além disso, conta também com um www.baxi.pt

lã mineral para isolamento exterior


A Knauf Insulation volta a apostar na lã mineral poupança económica e ambiental, sem reduzir a
para isolamento mas, desta vez, para fachadas superfície do edifício ou vivenda a isolar”, afirma
exteriores, podendo ser aplicada em constru- a Knauf Insulation.
ções novas e também na reabilitação. Segundo Como principais pontos a favor deste isolante,
a empresa, o Sistema de Isolamento Térmico a empresa destaca: elevada proteção térmica;
para o Exterior (ETICS), permite uma maior efi- isolamento acústico; elevado nível de transpirabi-
ciência energética mesmo quando comparada lidade; baixos custos de energia; sustentabilidade,
com o isolamento realizado pelo interior. boa reação ao fogo; durabilidade de materiais;
“O isolamento de fachadas com lã mineral baixos custos de manutenção; gama variada de
permite o isolamento de toda a envolvente do revestimentos; solução inócua e segura.
edifício, elimina as pontes térmicas e protege A Knauf Insulation apresenta dois tipos de solução:
a estrutura de construção da variação de tem- Painel ETICS PTP-S-035 e Lamela ETICS PLB. O Siste-
peratura exterior gerando um menor consumo ma de Isolamento Térmico para o Exterior cumpre
www.knaufinsulation.pt energético e consequentemente uma maior com as normas EN 13500 e ETAG 004.

sensores de luz para edifícios

A ABB apresentou uma solução de iluminação Segundo a ABB, estes detetores de presença
para edifícios sem elementos de acionamento têm uma precisão superior aos convencionais tendem minimizar custos energéticos. Estes
manual. Basicamente consiste numa série de e operam quando realmente é necessário, ou sensores permite regular a iluminação e fazer
sensores que podem ser utilizados numa ha- quando regulados para interagir com a inten- o controlo de luz constante em função dos
bitação, onde os detetores de movimento são sidade da luminosidade exterior. Têm um raio lux enviados pelo exterior, com sensibilidade
inadequados (casa de banho, salas de jantar, de cobertura de 8m até ao limite de instalação continuamente ajustável.
cozinhas, etc.) e em numerosos espaços do de 2,5m. Podem ser utilizados com cargas florescentes
setor terciário (escritórios, salas de espera de Poderão ser aplicados a cargas até 2300 W/VA e de halogéneo.
consultórios, etc). e utilizados em edifícios de escritórios que pre- www.abb.pt

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conservação e restauro de revestimentos exteriores de edifícios antigos


Este livro centra-se na conser vação e restauro quantificar o grau de deterioração; (iii) escolher a
de revestimentos exteriores de edifícios antigos, técnica e o produto consolidante adequado para o
focando-se nas questões do desenvolvimento de uma tratamento das anomalias; (iv) especificar as distintas
metodologia de estudo e reparação. técnicas de restauro e definir os diversos produtos
O estudo apresentando mostra que é possível um maior consolidantes existentes para os revestimentos; (v)
entendimento do comportamento dos revestimentos aplicar materiais tão compatíveis quanto possível com
exteriores de edifícios antigos com base em cal, bem o revestimento, predominantemente compostos por
como estabelecer um maior rigor na aplicação de ligantes minerais, dando-se preferência aos materiais
metodologias de conservação e restauro, tendo como tradicionais, de modo a verificar a sua eficiência
objetivo principal a definição de uma metodologia de através de ensaios laboratoriais; (vi) estabelecer
restauro conservativa para a salvaguarda das técnicas, critérios de aplicação para cada produto ensaiado em
da funcionalidade e do aspeto estético original da função da anomalia observada nos revestimentos; (vi)
fachada exterior de edifícios antigos. definir uma estratégia de intervenção geral para cada
Este estudo trouxe vários contributos: (i) estabelecer tipo de revestimento e de anomalia.
métodos de análises in situ do revestimento, para
conhecimento da sua técnica, da sua história e do seu A utora : Martha Lins Tavares . Editora : LNEC . Data de edição: 2011 . ISBN:978-
estado de conservação; (ii) estabelecer métodos de 972-49-2220-1 . Páginas : 474 P reço : 69,00 euros . à venda em www.
análise das anomalias do revestimento, onde é possível engebook.com

manual de crimes urbanísticos


Este livro pretende ajudar o cidadão comum a conhecer dade profissional como urbanista em Lisboa.
ainda melhor a cidade em que vive. Centrado no urba- Redigido numa linguagem acessível a todos os cida-
nismo, tem como objetivo falar de vários temas, como dãos e enriquecido com dezenas de ilustrações práti-
a incompetência técnica, a especulação imobiliária, cas, este Manual será certamente uma ferramenta útil
apontando e denunciando as principais causas da para o exercício da cidadania. “Mudar o atual estado
desorganização e desqualificação das cidades. das nossas cidades depende, sobretudo, de cada um
A obra foi escrita por Luís Ferreira Rodrigues, licenciado de nós”, é referido na sinopse.
em Planeamento Urbano e Territorial pela Faculdade
de Arquitetura da UTL e mestre em Ordenamento do A utor : Luís Ferreira Rodrigues . E ditora : Guerra e Paz, Editores . D ata de
Território e Planeamento Ambiental pela Faculdade de edição : 2011 . ISBN: 978-989-702-020-9 . Páginas : 240 . P reço : 15,21 euros

Ciências da UNL. Atualmente, desenvolve a sua ativi- à venda em www.guerraepaz.net


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projeto pessoal

João Catarino
Diretor Geral da Central Projectos

bi
Nasceu em 1964, no Concelho de Cantanhede.
Licenciou-se no ano de 1989 em Engenharia Civil, pela Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e concluiu Mestrado
em Estabilidade de Estruturas, na mesma escola em 1995. Atualmente é
diretor Geral da Central Projectos e membro eleito do Colégio Nacional de
Engenharia Civil, da Ordem dos Engenheiros.

sonho de criança
Ser cientista e poder inventar coisas.

o seu maior desafio uma obra de referência


Contribuir para a melhoria da sociedade e para o desenvolvimento do seu Turning Torso é um arranha-céus localizado na cidade de Malmö na Suécia de
pais com sentido ético e responsabilidade social. Santiago Calatrava.

um arquiteto de referência uma aposta no futuro


Santiago Calatrava, o Arquiteto-Engenheiro Trabalhar para o reconhecimento da Engenharia Civil como atividade que é
Santiago Pevsner Calatrava Vall (Valência, 28 de julho de 1951) é um essencial para o desenvolvimento da sociedade.
arquiteto e engenheiro espanhol que se inspira em formas e seres da
natureza para criar obras dinâmicas e de uma beleza impar, combinando hobby
conceitos da Arquitetura e Engenharia. Ocupo todo o tempo que tenho disponível com vários hobbies: pintura,
Calatrava licenciou-se em arquitetura em 1974 na Universidade aeromodelismo, vela, pesca, jardinagem entre outros.
Politécnica de Valência. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia
civil no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, licenciando-se em
1979 e doutorando-se em 1981.
No início de carreira dedicou-se principalmente ao projeto de pontes de dos projetos mais desafiantes, seleciona
estações ferroviárias. O seu reconhecimento ficou marcado por obras
como a Torre de telecomunicaciones de Montjuïc, em Barcelona (1991), Um edifício de 22 pisos , de betão armado, na marginal da Figueira
no centro do complexo dos jogos olímpicos de 1992 e a Allen Lambert da Foz, com utilização de hotel. O edifico tem alguma complexidade
Galleria, em Toronto (1992). O arranha-céus que marcou a sua entrada
técnica, com um comprimento total de 75m, sem juntas de dilatação
neste segmento de projeto foi um edifício com 54 pisos de altura, com
com 1 pilar a suportar 1/3 do peso do edifício, algumas lajes com 22
torção piso a piso, Turning Torso (2005), em Malmö, na Suíça. Em Portugal
de vão, piscina no último piso, contenção e fundações especiais. Uma
pode-se apreciar a obra de Calatrava no projeto da Gare do Oriente,
também conhecida como Gare Intermodal de Lisboa (1998). Obra onde a Engenharia, com respeito pela função, implicou muitas
soluções especiais de Engenharia.
um engenheiro civil de referência
Edgar Cardoso (1913-2000)
Edgar António de Mesquita Cardoso nasceu no Porto, em 11 de maio de
1913 e dedicou toda a sua vida à engenharia. Formou-se em engenharia
civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937
com uma média de dezassete valores. Aos 35 anos, o seu currículo era
já invejável, catedrático do Instituto Superior Técnico, com o projeto e
acompanhamento de execução de trinta e cinco pontes e oito reparações
de pontes.
As suas obras eram classificadas como verdadeiras esculturas,
inovadoras, imponentes, leves e esteticamente modernas, fruto da sua
impressionante capacidade inventiva e habilidade manual, nasciam a
partir de modelos ou maquetas.

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eventos

conferência nacional iisbe portugal


Sustentabilidade na Reabilitação
enerdia
Urbana: o novo paradigma do a reabilitação urbana
mercado da construção” é o tema como uma oportunidade
principal da conferência que vai para a eficiência energética
decorrer dias 29 e 30 de setem-
bro, em Lisboa. Vai decorrer no dia 20 de outubro, no Porto, o EnerDia tendo este ano
Em destaque estarão os desafios como tema de destaque “A Reabilitação Urbana como uma oportunida-
emergentes, novas abordagens, soluções tecnológicas e prioridades de para a Eficiência Energética”. O seminário é organizado pela revista
políticas que permitirão aos diversos intervenientes do mercado da Construção Magazine, em parceria com a revista Indústria e Ambiente .
construção enfrentar o atual contexto ambiental, sociocultural e micro Dado o sucesso do Enerdia do ano anterior, estamos a organizar mais
e macroeconómico. um dia dedicado à eficiência energética, mas desta vez dando enfoque
O evento destina-se a todos os intervenientes do setor da construção e à reabilitação urbana.
reabilitação: projetistas, empresas de construção, promotores imobiliá- Este evento, inspirado no suplemento anual de ambas as revistas - o
rios, consultores produtores, centros de I&D, municípios, associações Energuia – Guia de Eficiência Energética nos Edifícios, a decorrer no
empresariais, clientes, etc. Porto, está a ser programado para uma plateia de 100 pessoas. O
A conferência está a cargo da Iniciativa Internacional para a Sustentabi- EnerDia pretende transmitir soluções práticas para uma gestão mais
lidade do Ambiente Construído (iiSBE), em parceria com a Universidade eficiente do consumo energético.
do Minho (UM) e Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) e O evento, dirigido fundamentalmente a Engenheiros Civis, Arquitetos,
tem como parceiros as Ordens Profissionais dos Arquitetos, Engenheiros Projetistas e Técnicos das Empresas, é também indicado a todos
e Engenheiros Técnicos. aqueles para os quais esta temática é relevante no seu domínio de
www.iisbeportugal.org atividade.

calendário de eventos

6º Congresso Congresso Luso-Moçambicano 29 agosto a Maputo FEUP, UEM, OE, OEMZ


Luso-Moçambicano de Engenharia 2 setembro 2011 Moçambique http://paginas.fe.up.pt/clme/2011/

Sustentabilidade na Sustentabilidade 29 e 30 setembro Lisboa iiSBE


Reabilitação Urbana 2011 Portugal www.iisbeportugal.org

Centeris 2011 Sistemas de Informação 5 a 7 outubro Vilamoura IPCA, UTAD, IPL


2011 Portugal http://centeris.eiswatch.org/

Concreta 2011 Construção e Obras Públicas 18 a 22 outubro Porto Exponor


2011 Portugal www.concreta.exponor.pt

GESCON 2011 Sistemas de Informação na 27 e 28 outubro Porto FEUP


Construção 2011 Portugal http://paginas.fe.up.pt/~gescon2011/

VII CONGRESSO CMM Congresso Nacional sobre 24 a 25 novembro Guimarães CMM


Construção Metálica e Mista 2011 Portugal www.cmm.pt/congresso/

CoRAN 2011 Avanços em Modelos Não-lineares 24 a 25 novembro Coimbra Eccomas


– aplicações ao betão estrutural 2011 Portugal www.dec.uc.pt/coran2011/

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

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3UHRFXSDœ˜R
$PELHQWDO
&RQVWUXœ˜R
6XVWHQW–YHO
$5*(;n
&REHUWXUDVDMDUGLQDGDV
$JULFXOWXUDHMDUGLQDJHP
9DQWDJHQV
• Decora e mantém a humidade
• Melhora o substrato e ajuda o
enraizamento das plantas
• Drena o excesso de água no solo
• Recomendado para todo o tipo
de plantas

Jardinagem
Substrato
Geotextil
$5*(; (Drenagem)
Tela anti-raiz
Impermeabilização
Betonilha
Camada de forma e
isolamento $5*(;
Laje betão

(;7(16,9$ ,17(16,9$

&REHUWXUDVDMDUGLQDGDV
A utilização de $UJH[® permite um escoamento rápido do excesso
de água, devido aos pequenos espaços existentes entre as bolas de
argila, evitando que a água fique acumulada no substrato o que ajuda
as raízes das plantas a respirar.

Aveiro • Portugal • T (+351) 234 751 533 • www.argex.pt

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