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Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal

Engenharia de Alimentos

EAF 388 – Laboratório de Fenômenos de Transporte

DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE DE FLUIDOS PELO MÉTODO DE STOKES

Ana Luiza de Melo Souza Mat. 1390

Ana Paula Hanke de Oliveira Mat. 1357

Pedro Henrique Lopes Marques Mat. 356

Raquel Lucena de Souza Mat. 1379

Saulo Baêta Espindola Mat. 1143

Professor: Fábio Takahashi

Florestal

26/08/2016
1. INTRODUÇÃO

A viscosidade é uma força volumétrica de atrito interno que aparece no


deslizamento de camadas fluidas umas sobre outras, dando origem a tensões
tangenciais. Como resultado deste deslizamento, surge uma força dirigida em sentido
oposto ao da velocidade. Assim, movimento de um corpo em um meio viscoso é
influenciado pela ação de uma força viscosa (Fv), proporcional à velocidade (v),
conhecida como lei de Stokes (NUSSENZVEIG, 1933)

Em esferas com velocidades baixas, Fv = 6πηrv, sendo r o raio da esfera e η o


coeficiente de viscosidade do meio. Se uma esfera de densidade maior que a de um
líquido for solta na superfície do mesmo, no instante inicial a velocidade é zero, mas
a força resultante acelera a esfera de forma que sua velocidade vai aumentando, mas
de forma não uniforme (OLIVEIRA, 2002)

Figura 1: Forças que atuam em uma esfera em um meio viscoso.

Pode-se verificar que a velocidade aumenta não - uniformemente com o tempo,


mas atinge um valor limite, que ocorre quando a força resultante for nula. A partir
desse instante a esfera descreve um movimento retilíneo a velocidade constante. As
três forças que atuam sobre a esfera são, a força viscosa, o peso da esfera e o empuxo
(OLIVEIRA, 2002).

Segundo Blanchard (1967), a lei de Stokes é apenas válida para condições em


que o Número de Reynolds é inferior a 0,02 ou seja, para esferas de quartzo, com
diâmetro inferior a 25µ (~ 5,3Ø), sedimentando em água. Para partículas maiores, a
resistência devida à viscosidade do fluído é pequena, podendo ser desprezada. A
resistência será então devida ao impacto do líquido na esfera em queda, isto é, a
queda da partícula obedecerá à Lei do Impacto de Newton.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A viscosidade é um dos testes físicos aplicados a muitas preparações líquidas


como soluções, emulsões fluídas ou suspensões. É possível medir a viscosidade de
preparações semi-sólidas. Pode-se relacionar a viscosidade com a fluidez, velocidade
de deslizamento e tixotropismo das amostras analisadas (ALBURQUERQUE, 2014).

A Lei de Stokes, como o próprio nome indica, foi descoberta pelo físico e
matemático irlandês George Gabriel Stokes (1819 – 1903). Esta lei é aplicada para
corpos esféricos que se movem sob a ação das seguintes forças: o peso, o empuxo
(supomos que o corpo está completamente submerso no seio de um fluído), e uma
força de atrito que é proporcional à velocidade da esfera (suponha que o fluxo é
mantido em regime laminar) (VASCONCELOS, 2013).

No viscosímetro de Stokes as variáveis: g, D, ρs, ρf e V são, respectivamente,


a aceleração da gravidade, o diâmetro da esfera, a densidade da esfera, a densidade
do fluido e a velocidade terminal de queda livre, isto é, a razão entre a distância L e o
intervalo de tempo Δt. Esta relação aplica-se somente para esferas em queda livre em
meio infinito com Reynolds menores do que 1 (ROSA; FRANCA, 2003).

O princípio operacional do viscosímetro de Stokes baseia-se na determinação


da velocidade de queda livre de uma esfera através do fluido do qual se deseja obter
a viscosidade (ROSA; FRANCA, 2003).

Figura 2 - Representação esquemática do viscosímetro de Stokes

A Lei de Stokes é dada pela seguinte equação:

𝐹𝑣 𝛼 𝑉

𝐹𝑣 = 6𝜋𝜂𝑅𝑉
Onde a força de atrito é proporcional a velocidade, sendo que:

Fv: Força de atrito

η: viscosidade N.s/m3

R: raio da esfera

V: velocidade de queda

E a velocidade é constante quando:

𝐹𝑣 + 𝐸 − 𝑃 = 0

𝐹𝑣 + 𝐸 = 𝑚𝑔

Nisso, a velocidade limite é alcançada quando a aceleração é zero, portanto,


quando a resultante das forças que atuam sobre a esfera é zero.

Se uma esfera de densidade maior que a de um líquido for solta na superfície


do mesmo, no instante inicial a velocidade é zero, mas a força resultante acelera a
esfera de forma que sua velocidade vai aumentando, mas de forma não uniforme.
Pode-se verificar que a velocidade aumenta não – uniformemente com o tempo, mas
atinge um valor limite, que ocorre quando a força resultante for nula.

As três forças que atua sobre a esfera estão representadas como mostra a Figura
3:

Figura 3 - Balanço de forças e visualização das linhas de corrente em uma esfera


em queda livre. Referencial deslocando-se com a esfera num fluido estacionário.
Sendo empuxo o peso do líquido deslocada pelo volume da esfera.

Matematicamente:

4
𝐸= 𝜋𝑅 3 𝜌𝑓 𝑔
3

Em que ρf é a massa especifica do fluido. Logo:

𝐹𝑣 + 𝐸 = 𝑚𝑔

4 4
6𝜋𝜂𝑅𝑉𝐿 + 𝜋𝑅 3 𝜌𝑓 𝑔 = 𝜌𝑒 𝜋𝑅 3 𝑔
3 3

4 3
6𝜂𝑉𝐿 = 𝑅 𝑔 ( 𝜌𝑒 − 𝜌𝑓 )
3

2 𝑅 2 ( 𝜌𝑒 − 𝜌𝑓 )𝑔 2 𝑅 2 ( 𝜌𝑒 − 𝜌𝑓 )𝑔
𝑉𝐿 = ou 𝜂=
9𝜂 9𝑉𝐿

Para um corpo em queda livre a velocidade é proporcional ao tempo e o


deslocamento é proporcional ao quadrado do tempo, já para um corpo que cai no seio
de um fluído viscoso a velocidade tende para um valor constante e o seu
deslocamento é proporcional ao tempo (VASCONCELOS, 2013).

3. MATERIAL E MÉTODOS

Os materiais utilizados na determinação da massa específica do óleo de soja


foram:

 Óleo de soja;
 Cronometro;
 Termômetro;
 Proveta;
 Água destilada;
 Régua.

Para a determinação de viscosidade pelo método de Stokes inicialmente em uma


proveta foram feitas marcações com uma diferença constante de comprimento e
depois adicionou-se óleo de soja. Em seguida as temperaturas do óleo e da água
foram medidas. Posteriormente, com o auxílio de uma pipeta, gotejou-se água sobre
a superfície do óleo até que o momento em que a gota de agua deslocou-se da
superfície, a partir desse instante em que a gota começa a se movimentar foram
medidos os tempos gastos para ela percorrer a distância entre as marcações feitas
na proveta.

4. OBJETIVO

Determinar a viscosidade do óleo de soja pelo método de Stokes.

5. RESULTADO E DISCUSSÃO

As primeiras medições encontradas foram:

Temperatura da água = 24ºC

Temperatura do óleo = 26,5ºC

∆S óleo = 43,9 cm

Para o cálculo do raio da proveta, utilizou-se a equação (1):

400 𝑚𝐿∙1 𝑚3 ∙1 𝐿∙100 𝑐𝑚


𝑅𝑝𝑟𝑜𝑣𝑒𝑡𝑎 = √𝜋∙13,7 𝑐𝑚 ∙1000 𝐿∙1000 𝑚𝐿 ∙1 𝑚 = 0,0304 𝑚 (1)

Para o cálculo do raio da esfera, utilizou-se a equação (2).

3 3∙0,12 𝑚𝐿 ∙1 𝑚3 ∙1 𝐿
𝑅𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 = √4∙𝜋∙1000 𝐿∙1000 𝑚𝐿 = 0,00306 𝑚 (2)

A tabela a seguir refere-se ao tempo de deslocamento da bolha de água.


Tabela 1 - Velocidade limite (média)

Tempo ∆S (cm) ∆T (s)

t1 5 1,61

t2 5 1,99

t3 5 2,26

t4 5 1,99

t5 5 2,19

t6 5 1,95

t7 5 2,04

Média 5 2,004

V = ∆𝑆⁄∆𝑡 (3)
Considerando os dados da tabela 1, a velocidade limite (velocidade média) é:

0,05 𝑚
V′𝐿 = = 0,025 𝑚/𝑠
2,004 𝑠

O cálculo do coeficiente de Ladenburg foi realizado utilizando os dados


encontrados anteriormente (raio da bolha, raio da proveta e altura do óleo na proveta).
O cálculo do coeficiente é mostrado abaixo:

0,00306 0,00306
𝐾 = (1 + 2,4 ) (1 + 3,3 ) = 1,27
0,0304 0,439

Calculo da velocidade terminal

0,025 𝑚
V𝐿 = = 0,019 𝑚/𝑠
1,27 𝑠

O valor da viscosidade do óleo é:


2 ∙ 0,003062 ∙ (0,997296 − 0,913563) ∙ 9,81
η=
9 ∙ 0,019
η = 2,9 ∙ 10−2 𝑃𝑎. 𝑠

O valor de viscosidade está próximo ao encontrado por Brock (2008) que foi de
0,041 para temperatura de 30°C, sendo a viscosidade um parâmetro que varia muito
com a temperatura.

REFERÊNCIAS

ALBURQUERQUE, Jéssica. Viscosidade de Líquidos. UFJF. 2014. Disponivel em <


http://www.ufjf.br/engsanitariaeambiental/files/2012/09/Apostila-deMec%C3%A2nica-
dos-Fluidos.pdf>

BLANCHARD M.B. Method for determining the density of microsize spherical


particles; Geol. Soc. America Bull, V 78, p. 375-404. 1967.

BROCK, Josiane et al. Determinação experimental da viscosidade e


condutividade térmica de óleos vegetais. Ciência e tecnologia de alimentos, v. 28,
n. 3, p. 564-570, 2008.

GÓES, Paulo Guilherme S. Determinação da viscosidade dinâmica pela Lei de


Stokes. UFCG. Setembro de 2011

OLIVEIRA I.N. Trabalho de Laboratório Nº 4: Determinação da viscosidade de um


líquido pelo método de Stokes. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
publicação interna, 2002.

NUSSENZVEIG M. H. Curso de Física Básica 2. 3ª ed. São Paulo, SP: Edgard


Blücher, 1933.

ROSA, Eugenio Spano; FRANCA, Fernando A.. Determinação da Viscosidade:


Métodos de Stokes e do Copo Ford. UNICAMP. 2003

VASCONCELOS, Suênia Fernandes. Determinação da Velocidade pela lei de


Stokes. UFCG. Campina Grande, Dezembro de 2013

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