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Universidade
Estadual de Londrina
DIEGO LIMA CHECHIN CAMACHO ARREBOLA

LEVANTAMENTO DO POTENCIAL DE
GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL NA RECUPERAÇÃO
DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS E SUAS
ALTERNATIVAS DE REUSO E
RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE
LONDRINA

LONDRINA - PARANÁ
2010
DIEGO LIMA CHECHIN CAMACHO ARREBOLA

LEVANTAMENTO DO POTENCIAL DE
GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL NA RECUPERAÇÃO
DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS E SUAS
ALTERNATIVAS DE REUSO E
RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE
LONDRINA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


a Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em engenharia civil

Orientador: Prof. Dr. Fernando Fernandes

LONDRINA - PR
2010
LEVANTAMENTO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE
RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA
RECUPERAÇÃO DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS E
SUAS ALTERNATIVAS DE REUSO E RECICLAGEM
NO MUNICÍPIO DE LONDRINA

Trabalho apresentado para Conclusão de Curso, TCC, de Engenharia Civil em 2010.

AUTOR: DIEGO LIMA CHECHIN CAMACHO ARREBOLA

Banca examinadora composta pelos docentes abaixo realizada em 02 / 11 / 2010

Profa. Dra Emília Kiyomi Kuroda – Departamento de Construção Civil


Profa. Dra. Sandra Marcia Cesário Pereira – Departamento de Construção Civil
Prof. Dr. Fernando Fernandes – Departamento de Construção Civil

Declaro que a versão impressa desse trabalho contém todas as correções e


adequações solicitadas pela banca examinadora efetivamente implementadas.
Declaro também que a versão eletrônica entregue corresponde com fidelidade ao
conteúdo da versão escrita.

Londrina __/__/__

______________________________
Prof. Dr. Fernando Fernandes
Dedico este trabalho aos meus pais, Maria do

Carma e Julio Cezar e as minhas irmãs Talita e

Camila.
Agradeço a meu pai as minhas irmãs Camila e Talita e minha mãe
pelas suas ajudas.

As professoras Sandra Cesário e Emília por suas contribuições para


o trabalho na primeira banca e a professora Heliana Barbosa Fontenele pelas orien-
tações quanto a pavimento.

Gostaria de agradecer também a todas as pessoas que direta ou in-


diretamente contribuíram na realização deste trabalho.
“Seja a mudança que você quer ver no

mundo”

Mahatma Gandhi
ARREBOLA, Diego Lima Chechin Camacho. Levantamento do potencial de
geração de resíduos de construção civil na recuperação de pavimentos
asfálticos e suas alternativas de reuso e reciclagem no município de Londrina.
2010. 48. Trabalho de Conclusão de Curso Engenharia Civil – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

RESUMO

Ao longo da história da humanidade, a visão de progresso vem se confundindo com


um crescente domínio e transformação da natureza. Os resíduos gerados durante o
processo de produção e ao final da vida útil são, geralmente, depositados em
aterros. A deterioração de pavimentos asfálticos é um fato, que após vários anos de
serviço, gera necessidade de manutenção, como o recapeamento, que na maioria
das vezes é a solução adotada. Quando os pavimentos encontram-se em avançado
estado de deterioração, a solução utilizada normalmente para corrigir esses
problemas é a reconstituição do pavimento. O grande desafio gerado por esta
situação é dar um destino adequado a este material que é considerado um rejeito da
construção civil e normalmente são descartados em bota-fora. As legislações estão
ampliando as exigências a respeito dos impactos ambientas causados por obras
civis e seus resíduos, a exemplo da Resolução federal CONAMA Nº. 307/2002 e o
Decreto municipal N° 768/2009 pela Prefeitura Municipal de Londrina. Neste
contexto o presente trabalho teve por objetivo apresentar um levantamento do
potencial gerador de resíduos em obras de restauração asfáltica no município, tendo
como objeto de estudo a obra realizada nas Avenidas Inglaterra e Portugal,
contratada pelo poder público pela concorrência nº CP/SMGP-0002/2010, lote 03.
Como resultados obteve-se a estimativa teoria de produção de resíduo gerados no
canteiro da obra avaliada em 5.393,09 m³ e que quando extrapolados para as
necessidades de reparos do município estima-se em 1.047.013,60 m³. Em
entrevista a empresa executora da obra, informou ter utilizado um fator de
empolamento de 1,3 para estimar o volume teorico de residuos; e o representante da
PML, responsável pelo plano de gerenciamento de RCC, informou que este não foi
elaborado por considera-lo um ato de auto-fiscalizar e portanto desnecessario.

Palavras-chave: Restauração asfáltica, Resíduos de Construção Civil, Pavimento


asfáltico
1

ARREBOLA, Diego Lima Chechin Camacho. Survey of potential waste generation


construction in the recovery of asphalt pavements and alternatives for reuse
and recycling in the city of Londrina.. 2010. 48. Trabalho de Conclusão de Curso
Engenharia Civil – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

ABSTRACT

Throughout human history, the vision of progress has been confused with a growing
field and transformation of nature. The waste generated during the production
process and the end of life are generally landfilled. The deterioration of asphalt
pavements is a fact that after several years of service, creates the need for
maintenance, as resurfacing, which most often is the solution adopted. When the
floors are in advanced state of deterioration, the solution typically used to correct
these problems is the reconstruction of pavement. The challenge raised by this
situation is give an appropriate destination for this material is considered a waste of
construction and are usually discarded in send-off. The laws are expanding
requirements regarding the environmental impacts for civil works and waste
materials, such as the resolution Federal CONAMA no. Municipal Decree 307/2002
and Nº 768/2009 by the City of Londrina. In this context, this article aims at
presenting a survey of the potential generator of waste works
restoration of asphalt in the city, where the object study the work done in Inglaterra
and Avenues Portugal, hired by the government competition CP/SMGP-0002/2010,
lot 03. As results obtained the estimation theory of production waste generated in the
quarry of work valued at 5393.09 m³ and that when extrapolated to the needs of
repairs of the city is estimated at 1,047,013.60 m³. In interview the company
performing the work, said it used a blistering factor of 1.3 to estimate the
theoretical volume of residue, and the representative of the PML, responsible for
RCC management plan, informed that this was not elaborated by considering it an
act of self-monitoring and therefore unnecessary.

Key words: Asphalt Restoration, Construction Waste, Asphalt Pavement


2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura de Pavimento-tipo. Fonte Bernucci et al (2008)........................ 18


Figura 6 - Gráfico da condição do pavimento X tempo ............................................. 30
Figura 7 - Mapa da localização da obra .................................................................... 32
Figura 8 - Material de fresagem de capa de pavimento asfáltico no depósito
municipal de Londrina ............................................................................................... 37
Figura 9 - Avenida Milton Ribeiro Menezes onde se realizou o aproveitamento de
material fresado de recape. ....................................................................................... 38
Figura 10 - Detalhe Reparo Tipo I. Fonte SMOP (2010) .......................................... 48
Figura 11 - Detalhe Reparo Tipo II. Fonte SMOP (2010) .......................................... 49
3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estimativa dos possíveis resíduos gerados em alguns tipos de


intervenção em pavimentos asfálticos ....................................................................... 20
Tabela 2 - Localização da Obra ................................................................................. 32
Tabela 3 - Tabela da estimativa de volumes dos resíduos de pavimentação (m³)
gerados pelo serviço de reparo nas Avenidas Inglaterra e Portugal. ........................ 36
Tabela 4 - Estimativa de taxa média do volume de resíduo de pavimentação gerado
por extensão das Avenidas Inglaterra e Portugal. ..................................................... 39
Tabela 5 - Estimativa do volume de resíduo de pavimentação considerando-se o
défict de manutenção viária no município de Londrina. ............................................ 39
4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


Av. – Avenida
CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CREA – PR – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná
DER – Departamento de Estradas e Rodagens
DER/SP – Departamento de Estradas e Rodagens do Estado de São Paulo
DNER – Departamento Nacional de Estrada de Rodagem
DNIT– Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
Km – Quilômetro
m² - Metro quadrado
m³ - Metro cúbico
NBR – Norma Brasileira
PML – Prefeitura Municipal de Londrina
RCC – Resíduo de Construção Civil
RCD – Resíduo de Construção e Demolição
SMOP – Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação
5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7

2. OBJETIVO ................................................................................................................... 11

3. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 12

3.1 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL - RCC.................................... 12

3.2 LEGISLAÇÕES E NORMATIZAÇÕES REFERENTES À GESTÃO


DOS RCC’s ..................................................................................................... 12

3.2.1 RESOLUÇÃO CONAMA N°307/2002 ................................................ 13

3.2.2 LEI ESTADUAL Nº 12.493 DE 22 DE JANEIRO DE 1999 ................. 14

3.2.3 DECRETO MUNICIPAL Nº 768 EM 23 DE SETEMBRO DE 2009. .... 14

3.2.4 NORMAS TÉCNICAS VIGENTES da ABNT ...................................... 16

3.3 PAVIMENTOS .................................................................................... 17

3.4 DEFEITOS NOS PAVIMENTOS ASFÁLTICOS .................................. 19

3.5 SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE PAVIMENTOS ........................... 20

35.1 RESTAURAÇÃO DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS ............................ 21

3.5.3 RECONSTITUIÇÃO DO PAVIMENTO................................................ 22

3.6 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL 28

3.7 POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO NA GERAÇÃO ................................... 30

4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 32

4.1 OBJETO DE ESTUDO .............................................................................. 32

4.2 ESCOLHA DA OBRA ................................................................................ 33

4.3 COLETA DE DADOS ................................................................................ 34


6

4.3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS ................................................. 34

4.3.2 QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS ..................................................... 35

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 36

5.1 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS ........................................ 36

5.2 POSSIBILIDADES DE REUSO DO MATERIAL ORIUNDO DOS


REPAROS DE PAVIMENTAÇÃO .................................................................... 37

5.3 PREVISÃO ESTIMADA DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS DE


PAVIMENTAÇÃO EM LONDRINA .................................................................. 38

5.4 ENTREVISTAS ......................................................................................... 40

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 44

ANEXOS .................................................................................................................................. 47

Anexo 1 – RECONSTITUIÇÃO DE PAVIMENTO (BORRACHUDO 1) ............................. 48

Anexo 2 - RECONSTITUIÇÃO DE PAVIMENTO (BORRACHUDO 2) ............................. 49

Anexo 3 - PROJETO DE RECAPEAMENTO DAS AVENIDAS INGLATERRA E


PORTUGAL ............................................................................................................................. 50
7

INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade, a visão de progresso vem se


confundindo com um crescente domínio e transformação da natureza. Nesse
paradigma, os recursos naturais são vistos como ilimitados. Resíduos gerados
durante a produção e ao final da vida útil dos produtos são depositados em aterros,
caracterizando um modelo linear de produção (FRAGA, 2006 apud CARNEIRO et al,
2001).

A indústria de construção civil está entre as atividades humanas que geram


graves problemas ambientais sendo as construções, reformas, ampliações e
demolições, atividades altamente geradoras de resíduos de construção.

O controle da geração dos resíduos é vital para a manutenção e


sobrevivência do setor nas futuras gerações, sendo dever dos empreendedores
identificarem, mitigarem e compensarem os impactos ambientais gerados pela
aquisição e destinação dos resíduos. Segundo o artigo 225 da Constituição
Brasileira “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo para os presentes e futuras
gerações”. (BRASIL, 1988)

O setor da construção civil além de ser grande consumidor de recursos


naturais gera quantidade expressiva de resíduos sólidos, efluentes líquidos, poluição
atmosférica, alem de acarretar a impermeabilização do solo sendo esses impactos
geralmente não são mitigados pelos empreendedores.
8

Segundo Jacobi (2003) a Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 em


Estocolmo, na Suécia, foi a primeira Conferência global voltada para o meio
ambiente e é considerada um marco histórico-político internacional, decisivo para o
surgimento de políticas de gerenciamento ambiental, direcionando a atenção das
nações para as questões ambientais. Em 1992 a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, a RIO 92, aprofundou a
questão do Desenvolvimento Sustentável. A “Agenda 21”, documento elaborado na
RIO 92, demonstra a importância da conservação da natureza para o bem estar e
sobrevivência das espécies, inclusive a humana. O documento propõe que a
sociedade assuma uma atitude ética entre a conservação ambiental e o
desenvolvimento sustentável.

No Brasil a década de 80 foi um período de grande desenvolvimento técnico


e econômico. O bem estar material voltou a ser relevante, independentemente dos
prejuízos à natureza que a produção pudesse provocar; mas a preocupação com o
meio ambiente começou a manifestar-se no fim da década de 90. Esta nova
percepção começou a ter mais importância e os profissionais da área da construção
civil começaram a ver, sob novos enfoques e perspectivas, as atividades e analisá-
las sob os aspectos ambientais. A partir desta nova visão desenvolve o movimento
”Construção Sustentável” com o objetivo de criar oportunidades ambientais para as
gerações futuras. Nesta perspectiva é necessário considerar toda a cadeia
produtiva, desde a extração da matéria-prima até a aplicação ou destinação dos
resíduos.

Segundo John (1999) a cadeia da construção civil é o setor da economia,


que mais consome materiais naturais e, por conseqüência, é, potencialmente, um
grande reciclador.
9

Estima-se que a construção civil seja responsável pelo consumo de algo


entre 20 a 50% dos recursos naturais consumidos pela sociedade (FRAGA, 2006
apud SJÖSTRÖM, 1992), o que representa um problema ambiental decorrente da
geração de resíduos de construção civil (RCC) e conseqüentemente a saturação dos
espaços disponíveis para o descarte desses materiais. Outro fator que tem que ser
considerado é a extração desnecessária de recursos naturais que poderia ser
evitada através do reuso, reciclagem dos entulhos e o uso de técnicas na redução
do consumo de materiais.

Do volume de resíduos de construção civil segundo PINTO (1999) estima-se


que a “Taxa de Geração de RCC”, em massa, nos municípios brasileiros de médio e
grande porte varia entre 41% e 70% do total de resíduos sólidos urbanos.

A reciclagem de entulho de construção civil foi iniciada na Europa após a II


Guerra Mundial, já a reciclagem de pavimento asfáltico foi introduzida no mercado
paulistano, no início da década de 90, e é hoje uma realidade nas grandes cidades
brasileiras, viabilizando a reciclagem, tanto do asfalto quanto dos agregados do
concreto asfáltico. (JOHN, 2000).

Segundo Fraga (2006) o desperdício de materiais é o principal aspecto para


a geração de entulho. Ele ocorre nas fases de seleção de fornecedores, etapa dos
projetos, aquisição de materiais, transporte, recebimento, armazenamento,
execução e pós-utilização.

A partir da Resolução nº 307, de 05 de junho de 2002 do CONAMA


(CONAMA, 2002) a responsabilidade pela gestão dos RCC é transferida da
administração pública para os geradores de resíduos. Além de se estabelecer
diretrizes, critérios e procedimentos para a Gestão dos Resíduos da Construção
Civil, definindo responsabilidades para a cadeia: gerador / transportador / receptor /
Municípios.

O Decreto nº 768/2009 do município de Londrina, institui o Plano Integrado


de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, o qual disciplina a elaboração e
comprovação da destinação dos resíduos. (LONDRINA, 2009)
10

Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação (SMOP), existem


2.046.000 metros de vias no município de Londrina, destas, 1.988.250 metros são
pavimentadas, o que representa uma área pavimentada de 15.905.867 m². As áreas
não pavimentadas do município representam aproximadamente 2,8% das vias
(LONDRINA, 2008b).

“Londrina conta hoje com um déficit de manutenção em


aproximadamente 800 km do pavimento asfáltico [...] estão
recuperando totalmente os asfaltos das principais avenidas como
Duque de Caxias, Portugal, Inglaterra, Saul Elkind, Rio Branco, Leste
Oeste, 10 de Dezembro, Arthur Thomas, Roberto Koch, Francisco
Gabriel de Arruda; além de bairros como o Jardim Bandeirantes, Orion,
San Fernando, San Izidro e imediações (TEODORO, 2010).”
11

1. OBJETIVO

O objetivo deste estudo é identificar a gestão dos resíduos e quantificar o


volume de material gerado na obra de restauração asfáltica das Avenidas Inglaterra
e Portugal contratada pelo poder público Municipal de Londrina.

Estimar o potencial de geração de RCC em relação ao déficit de


manutenção da pavimentação asfáltica no município de Londrina.
12

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL - RCC

Os resíduos da construção civil podem ser definidos, de uma forma


simplificada, como resíduos provenientes de construções, reparos, reformas e
demolições de estruturas e pavimentos.

A partir da publicação da Resolução CONAMA n° 307, os resíduos gerados


pela atividade da construção civil passaram a ser classificados de modo claro.
Segundo a NBR 10004:2004 resíduos sólidos urbanos refere-se ao conjunto de
resíduos em estado sólido ou semi-sólido, que resultavam de atividades de
comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços de varrição (ABNT, 2004), e estabelece de forma explicita a atividade da
construção civil como uma geradora de resíduo.

Segundo a mesma norma, existem 03 (três) classes de resíduos: sendo a


classe I os perigosos; a classe II os não perigosos que são divididos em dois tipos A
para resíduos não inertes e B para resíduos inertes.

Os resíduos da construção civil são provenientes de


construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação
de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc.,
comumente chamados de entulho, caliça ou metralha
(CONAMA, Resolução n°307, 2002).

2.2 LEGISLAÇÕES E NORMATIZAÇÕES REFERENTES À GESTÃO DOS

RCC’s

A necessidade da gestão dos resíduos sólidos, entre eles os resíduos da


construção civil, fez a sociedade e os órgãos responsáveis definirem políticas
públicas, leis e normas técnicas, para que a sociedade de maneira geral possa
contribuir para a manutenção do sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos.
13

2.2.1 RESOLUÇÃO CONAMA N°307/2002

A Resolução Conama nº 307 possibilita a definição, classificação e o


estabelecimento dos agentes envolvidos na gestão de resíduos e sugerir as
possíveis destinações, atribuir a responsabilidade ao poder publico municipal e
também para os geradores.

A resolução em seu artigo 3°:

Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para


efeito desta Resolução, da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de
pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive
solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-
moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas
nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras
destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros,
madeiras e outros;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram
desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente
viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como
os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou
aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais
objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos
nocivos à saúde. (nova redação dada pela Resolução n°
348/04). (CONAMA, 2002).

O artigo 6° da CONAMA 307 exige, aos grandes geradores, a elaboração de


projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil.
14

O art. 8º estabelece que os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil deverão ser elaborados e implementados pelos geradores não
enquadrados como pequenos geradores e terão como objetivo estabelecer os
procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados
dos resíduos. (CONAMA, 2002).

2.2.2 LEI ESTADUAL Nº 12.493 DE 22 DE JANEIRO DE 1999

A lei estadual n° 12.493 estabelece diretrizes e procedimentos referentes à


geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e
destinação final dos resíduos sólidos no Estado do Paraná. No artigo 3° estabelece a
minimização dos resíduos sólidos através de processos de baixa geração de
resíduos e também prioriza a reutilização e/ou reciclagem desses resíduos entre as
formas de tratamento e disposição final.

No Art. 4° define que as atividades geradoras de resíduos sólidos, de


qualquer natureza, são responsáveis pelo seu acondicionamento, armazenamento,
coleta, transporte, tratamento, disposição final, pelo passivo ambiental oriundo da
desativação de sua fonte geradora, bem como pela recuperação de áreas
degradadas.

Os resíduos de construção civil RCC não recebem enfoque específico na lei


estadual n° 12.493.

2.2.3 DECRETO MUNICIPAL Nº 768 EM 23 DE SETEMBRO DE 2009.

O gerenciamento dos resíduos da construção civil, no município de Londrina,


deve obedecer ao que foi instituído pelo decreto nº 768 em 23 de setembro de 2009,
com o objetivo de regulamentar as responsabilidades dos pequenos e grandes
geradores e respectivos transportadores.

Segundo o artigo 9° do decreto, os projetos de gerenciamento de resíduos da


construção civil deverão apresentar as seguintes etapas:
15

Caracterização e quantificação dos resíduos;

Triagem dos resíduos pelo gerador na origem ou nas


áreas de destinação licenciadas

Acondicionamento garantindo o confinamento dos


resíduos e assegurando as condições de reutilização e/ou de
reciclagem;

Transporte a ser realizado de acordo com as normas


técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

Destinação.

Com relação aos geradores o decreto pede as seguintes informações:

a) apontar os procedimentos a serem tomados para a correta


destinação de outros resíduos, como os de serviços de saúde e
domiciliares, provenientes de ambulatórios e refeitórios,
obedecidas as normas brasileiras específicas;
b) quando contratantes de serviços de transporte, triagem e
destinação de resíduos, especificar, em seus Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, os agentes
responsáveis por estas etapas, que deverão ser devidamente
licenciados a receber determinado tipo de resíduo;
c) Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil podem prever o deslocamento, recebimento ou envio, de
resíduos da construção civil Classe A, triados, entre
empreendimentos licenciados, detentores de Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
d) quando entes públicos, na impossibilidade de cumprimento do
disposto na alínea “b”, em decorrência de certame licitatório,
apresentar, para aprovação dos Projetos de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil, termo de compromisso de
contratação de agente licenciado para execução dos serviços de
transporte, triagem e destinação de resíduos.

Quanto às responsabilidades fica definido que os geradores respondem


pelos resíduos das atividades de construção, reforma reparos e demolições.

Quanto ao gerenciamento deste material fica estabelecido no artigo 19° que:


16

§ 1º Os geradores devem utilizar equipamentos de coleta


adequados às características dos resíduos da construção civil,
respeitando a capacidade dos equipamentos.
§ 2º Os geradores deverão utilizar exclusivamente os serviços
de remoção de transportadores cadastrados junto ao Poder
Público Municipal.
§ 3º O gerador deverá proceder à separação e identificação dos
resíduos no local de origem, obedecendo à classificação deste
decreto e as previstas nas normas técnicas inclusive para
identificação por cores e símbolos, conforme a legislação em
vigor.

2.2.4 NORMAS TÉCNICAS VIGENTES da ABNT

As normas técnicas desenvolvidas pela Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT) apresentam definições e informações sobre os materiais gerados,
além de serem balizadoras e utilizadas como parâmetros de legislação.

Abaixo estão listadas as normas relacionadas ao assunto:

NBR 15.115/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos


Sólidos da Construção Civil – Execução de camadas de
pavimentação – Procedimentos (ABNT, 2004);

NBR 15.116/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos


Sólidos da Construção Civil – Utilização em pavimentação e preparo
de concreto sem função estrutural – Requisitos (ABNT, 2004);

NBR 10.004: Resíduos sólidos – Classificação (ABNT,


2004);

NBR 10.005/2004 – Procedimento para obtenção de


extrato lixiviado de resíduos sólidos (ABNT, 2004);

NBR 10.006/2004 – Procedimento para obtenção de


extrato solubilizados de resíduos sólidos (ABNT, 2004);

NBR 10.007/2004 – Amostragem de resíduos sólidos


(ABNT, 2004).
17

2.3 PAVIMENTOS

A NBR-7207/82, norma de pavimentação da Associação Brasileira de Normas


Técnicas define como pavimento: “uma estrutura construída após a terraplenagem, e
com a finalidade de:

Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais


produzidos pelo tráfego;

Melhorar as condições de rolamento quanto à


comodidade e segurança;

Resistir aos esforços horizontais que nela atuam,


tornando mais durável a superfície de rolamento”.

Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo – DER/SP


(2006), pavimento é definido como: “uma estrutura constituída por diversas camadas
superpostas, de materiais diferentes, construída sobre o subleito, destinada a resistir
e distribuir ao subleito, simultaneamente esforços horizontais e verticais, bem como
melhorar as condições de segurança e conforto do usuário”.

Segundo Bernucci, et al (2008), os pavimentos são sistemas de camadas


sobre uma fundação chamada subleito. A classificação do pavimento segundo a
rigidez do conjunto tem-se as estruturas rígidas, as flexíveis e os semi-rígidos.

Os pavimentos rígidos são compostos por uma camada superficial de


concreto de cimento Portland, apoiada sobre a sub-base, geralmente uma camada
de material granular ou de material estabilizado com cimento, assentada sobre o
subleito ou sobre um reforço do subleito quando necessário (BERNUCCI et al,
2008).

Os pavimentos flexíveis são compostos por camada superficial asfáltica com


função de revestimento, apoiada sobre camadas de base, de sub-base e de reforço
do subleito, constituídas por materiais granulares, solos ou misturas de solos, sem
adição de agentes cimentantes. A figura 1 apresenta uma estrutura-tipo.
18

Figura 1 - Estrutura de Pavimento-tipo. Fonte Bernucci et al (2008)

O pavimento semi-rígido é constituído de uma camada de material


betuminoso sobre uma base de material estabilizado com cimento. (DER, 2006)

Segundo o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT


(2006), durante a vida útil do pavimento, este se inicia numa condição ótima, até
alcançar, devido a diversos fatores, uma condição ruim.

A degradação do pavimento resulta de causas naturais associadas ao meio


ambiente, assim como seu uso continuado pelo tráfego, superior ao estimado no
projeto inicial, o que leva o pavimento à fadiga prematuramente.

Segundo o plano municipal de saneamento básico de Londrina (2008b) os


principais problemas viários como defeitos no pavimento e dificuldades de fluidez no
trânsito encontrados no município são em decorrência do grande volume de tráfego
que não foi projetado para tal número de usuários. Além de suas vias serem
estreitas e com problemas de estacionamento, especialmente no centro da cidade,
onde o fluxo de veículos é grande.
19

2.4 DEFEITOS NOS PAVIMENTOS ASFÁLTICOS

De acordo com o DNIT (2003), os defeitos nos pavimentos são classificados


em:

Fendas: qualquer descontinuidade na superfície do pavimento que se


classificam em:

o Fissura: abertura inferior a 1 mm

o Trinca: abertura maior ou igual a 1 mm

o Interligada

 Tipo couro de jacaré

 Tipo bloco

Afundamento: deformação permanente caracterizada por depressão da


superfície dois tipos:

o Afundamento plástico, acompanhado de solevamento;

o Afundamento de consolidação, não acompanhado de


solevamento. Quando ocorrem em extensões contínuas maiores
que 6 m são denominados “afundamentos de trilha-de-rodas”.

Ondulação ou corrugação: falha caracterizada por ondulações


transversais.

Escorregamento: movimento horizontal do revestimento causado por


frenagem e aceleração dos veículos e que produz uma ondulação em
forma de meia lua.

Exsudação: formação de película de material betuminoso na superfície,


reduzindo sua aderência.

Desgaste: perda de agregados e/ou argamassa fina do revestimento


asfáltico.

Panela ou buraco: cavidade no pavimento.


20

Remendo: porção do revestimento onde o material original foi removido


e substituído por outro. Pode ser de dois tipos:

o Remendo profundo;

o Remendo superficial.

2.5 SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE PAVIMENTOS

De acordo com o DER/SP (2006), a manutenção de pavimentos consiste em


“um conjunto de medidas destinadas a recompor a serventia do pavimento e a
adaptar a rodovia às condições de tráfego atual e futuro, prolongando seu período
de vida”. Os serviços de manutenção são classificados em quatro grupos de
intervenções, sendo eles: conservação de rotina, reabilitação, reconstrução e
restauração.

Os serviços de intervenção no pavimento geram resíduos que necessitam


serem identificados. Na tabela 1 podemos observar os possíveis resíduos gerados
na execução de um novo pavimento e alguns reparos, sendo o serviço de
reconstituição de pavimento intitulado “borrachudo”, além de suas respectivas
classificações de acordo com a CONAMA 307/02 e a destinação geralmente
realizada.
Tabela 1 – Estimativa dos possíveis resíduos gerados em alguns tipos de intervenção em pavimentos asfálticos

Destinação
Intervenção Serviço Resíduo Classe geralmente
utilizada
Limpeza da área Solo com Matéria Orgânica A bota-fora
Terraplenagem Solo A bota-fora
Solo A bota-fora
Sub-leito
Areia A bota-fora
Reforço do
Solo A bota-fora
Sub-leito
materiais granulares graúdos A bota-fora
Pavimento Sube-base Solo estabilizado mecanicamente com
A bota-fora
Novo cimento ou cal
Solo in natura A bota-fora
Solo Brita A bota-fora
Brita Graduada A bota-fora
Base Brita corrida A bota-fora
Macadame hidráulico A bota-fora
Solo cimento A bota-fora
Solo-cal A bota-fora
21

Continuação
Destinação
Intervenção Serviço Resíduo Classe geralmente
utilizada
Fresagem Mistura asfáltica fresada A bota-fora
Áreas de
Tapa Buraco Pintura de ligação D transbordo e
Emulsão asfáltica triagem
Revestimento Mistura asfáltica A bota-fora

Mistura de solo, material Pétreo e mis-


Abertura de Vala A bota-fora
tura asfáltica
Reconstituição de
A bota-fora
Pavimento Material pétreo
"Borrachudo"
Áreas de
Pintura de ligação D transbordo e
Emulsão asfáltica triagem
Revestimento Mistura asfáltica A bota-fora

Lavagem do
- -
Pavimento Água
Áreas de
Recapeamento
Pintura de ligação D transbordo e
Emulsão asfáltica triagem
Revestimento Mistura asfáltica A bota-fora

2.5.1 RESTAURAÇÃO DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS

Dentre os serviços, que podem ser executados individualmente ou em


conjunto, para a restauração de um pavimento em condições ruins, destacam-se, de
acordo com o DER/SP (2006):

• Camada de reforço estrutural ou recapeamento;

• Fresagem;

• Reciclagem;

• Camada anti-reflexão de trincas;

• Imprimação asfáltica impermeabilizante;

• Selagem;

• Capa selante;
22

• Remendo superficial;

• Remendo profundo;

• Tapa-buraco;

• Enchimento;

• Whitetopping (aplicação de camada de concreto sobre


pavimento asfáltico existente).

2.5.2 REPERFILAMENTO

O processo de reperfilagem do pavimento, segundo DNIT (2007) consiste na


operação destinada a restaurar ou aperfeiçoar o perfil inicial de um pavimento. Os
serviços incluídos neste processo são a reconstituição do pavimento e a reposição
de capa para se realizar o processo de recapeamento.

2.5.3 RECONSTITUIÇÃO DO PAVIMENTO

Recuperação de áreas totalmente degradadas e sem suporte e estabilidade


de suporte de trafego (Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação, 2009) estas
reconstituições de pavimento serão tratadas por reparos de dois tipos o borrachudo
Tipo I, conforme anexo I, e borrachudo Tipo II, conforme anexo II.

Reparo tipo I (“Borrachudo I), conforme figura 2 e projeto no anexo I, é


composto pela camada do subleito na espessura de 20 cm, a sub-base composta de
rachão na espessura de 25 cm, base de brita graduada compactada na espessura
de 10 cm em volume suficiente para preencher os vazios, promovendo o travamento
da base. Cada camada deve ser compactada até seu grau de compactação ótimo e
de acordo com a dimensão do reparo deve-se utilizar o compactador sapo ou o rolo
compressor. Em seguida realiza-se a pintura de ligação com a aplicação da emulsão
asfáltica CM-30 e aplicação de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ)
compactado na espessura de 3 cm. Totalizando a espessura 38 cm de material a
retirar e 20 cm de solo recompactado.
23

Figura 2 – Exemplo de execução de reparo Tipo I realizado na av. Portugal.

Fonte PML

Reparo tipo II (“Borrachudo II), figura 3 e anexo 2, é semelhante ao Reparo I


apresentando as seguintes diferenças: Sub-base composta por duas camadas de
rachão compactado na espessura de 24 cm cada, totalizando de 48 cm; a base de
brita graduada na espessura de 12 cm; e aplicação de concreto betuminoso usinado
a quente (CBUQ) compactado na espessura de 4 cm. Totalizando a espessura 64
cm de material a retirar e 20 cm de solo recompactado.
24

Figura 3 - Exemplo de execução de reparo Tipo II realizado na av. Inglaterra.

Fonte PML

A execução do serviço de reconstituição do pavimento é realizada as


seguintes etapas: demarcação do perímetro da área a ser trabalhada, corte e
remoção do material comprometido, compactação do subleito, recomposição da
base e sub-base, compactação da base e sub-base, aplicação da pintura de ligação,
aplicação do CBUQ e compactação da mistura asfáltica.

A espessura de cada camada acabada constituinte do pavimento deverá ser


preenchida em camadas de 10 a 25 cm para os reparos tipo I e de 12 a 24 cm para
os reparos tipo II devendo cada etapa ser realizado a compactação, sempre após a
devida verificação quanto às condicionantes geométricas estabelecidas e ao teor de
umidade do material a ser compactado (SMOP, 2009).

O primeiro passo a ser realizado é a demarcação dos perímetros a serem


trabalhados, os quais devem ser realizados de acordo com o projeto, tomando-se o
cuidado para que as áreas de intervenção apresentem configurações de
quadriláteros a serem demarcados no pavimento com tinta, giz ou lápis de cera.
25

As áreas de corte e remoção do material comprometido devem estar


adequadamente demarcadas, conforme projeto, deve-se cortar o pavimento
deteriorado, retirar e transportá-lo para locais apropriados. As áreas de escavação
devem ter saídas ligadas aos sistemas de drenagem superficial ou profunda, ou
ainda, mecanismos de sangrias para realizar a drenagem das valas abertas sempre
que houver a necessidade de retirada de água. Todo material remanescente será
removido para os locais habilitados (LONDRINA, 2008 a).

A compactação do subleito nas áreas de corte e retirada de material, deverá


ser recuperada quando esta estiver comprometida com sua homogeneidade (SMOP,
2009). O preenchimento da vala deverá ser executado com solo isento de pedras e
corpos estranhos. Deverão ser utilizados solos de 1ª categoria importados de áreas
de empréstimo.

Segundo o decreto n° 363/2008 as tubulações existentes abaixo do


pavimento quando não resistentes aos esforços de reposição e compactação no
processo de re-pavimentação devem apresentar em projeto proteção mecânica para
o serviço de reaterro. O espaço compreendido entre a geratriz superior das
tubulações e proteções mecânicas e a base de assentamento deverá ser preenchida
e compactada em camadas não superiores a 20 cm.

O restante do aterro deverá ser preenchido em camadas não superiores a 20


cm, realizada por compactador mecânico de maneira a obter grau de compactação
maior ou igual a 95% da densidade máxima do ensaio de Proctor Normal
(LONDRINA, 2008 a).

A recomposição da sub-base e da base consiste em fornecimento, carga,


transporte e descarga dos materiais, compreendendo o rachão e brita graduada. Na
realização, com mão-de-obra e equipamentos adequados e necessários à execução
da sub-bases ou bases, conforme especificado em projeto ou em instruções da
fiscalização. (LONDRINA, 2008a)

Brita graduada é a camada de base ou sub-base composta por mistura em


usina de produtos de britagem enquadradas em uma faixa granulométrica contínua,
sendo necessário também satisfazer as seguintes exigências das normas DNER
DPT89-64, DER M 26-54, DER M 24-61, DER M 15-61, DNER DPT M 54-63, DER M
34-70, DER M 53-7, além de ser isenta de impurezas. (LONDRINA, 2008a)
26

Os equipamentos deverão ser capazes de executar os serviços da forma


prevista. Os veículos para transporte devem ser basculante e o espalhamento da
brita graduada necessita ser realizado com a utilização de moto niveladora ou mini-
carregadeira para compor a camada na conformação estipulada no projeto
(LONDRINA, 2008 a).

Os compactadores podem ser veículos de pneus de pressão regulável; de


rolo vibratório; de rodas lisas metálicas com frequência regulável; equipamentos
vibratórios portáteis; régua metálica vibratória, com arestas vivas e ferramentas de
uso geral tais como garfos, pás, rastelos (LONDRINA, 2008 a).

Conforme a figura 4, o material granular deverá ser basculado diretamente na


área a ser recuperada (SMOP, 2009), com a finalidade de evitar contaminações e
perdas de umidade.

Figura 4 - Caminhão Basculando Material Granular na Av. Inglaterra.

Fonte: PML

A pintura de ligação consistirá na aplicação de material betuminoso


diretamente sobre uma superfície betuminosa já existente, para assegurar sua
perfeita ligação com o novo revestimento. Antes da execução da pintura de ligação
devem ser removidos da superfície com vassourão todos os materiais soltos e
estranhos (LONDRINA, 2008 a).
27

O material betuminoso (CM - 30) deverá ser aplicado uniformemente, nas


superfícies especificadas. Sua aplicação deve ser realizada quando as condições de
tempo forem favoráveis e não ser realizada nas situações onde houver perigo de
contaminação do meio-ambiente (LONDRINA, 2008 a).

No serviço de imprimação deverá se recobrir total e uniformemente a


superfície da base, com material betuminoso e após a distribuição deverá
permanecer em repouso até que o período de cura indicado para o ligante, e só
após permitir a abertura ao trânsito. (LONDRINA, 2008 a).

Na sequência ocorre o lançamento do CBUQ que deve ser basculado sobre a


vibro-acabadora, que espalhará o material pela área a ser reparada. Em pequenas
áreas deve-se utilizar pás quadradas e lançamento no sentido do bordo para o
centro da vala. (SMOP, 2009).

O processo de compactação da mistura asfáltica ocorre após a colocação do


material e a verificação de que na periferia do reparo existe excedente de asfalto,
inicia-se a sua compactação junto às paredes até completar a compactação no
centro do reparo. É necessário tomar cuidado para que a compactação se distribua
tanto no material recém colocado como na faixa adjacente da pista já existente, a fim
de evitar o surgimento de superfícies de separação entre o pavimento antigo e o
reparo executado (SMOP, 2009).

O serviço de reposição de capa consiste nos serviços de fresagem, pintura de


ligação reposição, aplicação e compactação de concreto asfáltico. O primeiro
processo é a fresagem, figura 5, que consiste no “desbastamento a quente ou a frio
de superfície asfáltica, como parte de um processo de reciclagem de pavimento
asfáltico” (DNIT, 2007).
28

Figura 5 – Execução de fresagem no pavimento da Av. Portugal.

Fonte PML

A reposição de capa em CBUQ consiste em uma camada de regularização


com pré-misturado à quente, devidamente dosada, preparada e aplicada a quente,
em locais onde o pavimento apresenta deformações estabilizadas, falta de material
asfáltico e buracos para correção das deformações.

2.6 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Este item tem por base a obra intitulada “Guia para Elaboração de Projeto de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil” editada pelo CREA – PR. (LIMA e
LIMA, 2009)

Plano de Gerenciamento de RCC tem como objetivo definir os procedimentos


necessários para o manejo e a destinação ambiental adequada dos resíduos tendo
os 3Rs (redução, reutilização e reciclagem) como balizadores na elaboração das
soluções necessárias.

Todas as fases do projeto devem ser pensadas, desde o planejamento até a


entrega, sendo necessário analisar os seguintes itens: Fase de planejamento,
caracterização dos resíduos, triagem, segregação, acondicionamento, transporte e
destino final.
29

Na fase de planejamento deve-se dar atenção à minimização da geração de


RCC tendo-se como ferramentas a compatibilização dos vários projetos, as
especificações de materiais e componentes, a falta ou detalhamento inadequado dos
projetos e estar definido a sequência mais adequada para a execução dos serviços.

A identificação e caracterização prévia dos resíduos a serem gerados no


canteiro de obras é o ponto fundamental no processo para possibilitar o
reaproveitamento e facilitar o destino adequado dos RCC. Além disso, possibilita ter
a visão geral da situação e pensar a maneira mais racional de gestão do material
gerado e avaliar os pontos que se pode evitar a geração.

O plano deve fornecer a informação do momento da geração, pois este fato


definirá quais atitudes devem ser tomadas para cada situação durante o
desenvolvimento da obra.

O material gerado deve ser segregado e adequadamente acondicionado, em


depósitos temporários distintos, para que possam ser aproveitados futuramente
tomando-se o cuidado de evitar contaminação do resíduo por qualquer tipo de
impureza que inviabilize sua reutilização. Esta futura utilização pode se dar no
próprio canteiro de obras ou fora dele.

Existe a necessidade de que os funcionários sejam treinados quanto à


classificação dos resíduos, aos procedimentos para segregação e à importância do
serviço a ser realizado.

O acondicionamento final do resíduo pode ocorrer tanto na obra tendo como


base os processos de reutilização e reciclagem, nos casos em que é inviável ou
preferiu-se não reutilizar ou reciclar a solução é a remoção dos resíduos do canteiro.

O processo de coleta e remoção dos resíduos do canteiro de obra deve ser


documentado através de fichas contendo dados do gerador, tipo e quantidade de
resíduos, dados do transportador e dados do local de destinação final dos resíduos.
Este controle serve para sistematizar as informações da geração de resíduos da sua
obra.
30

3.7 POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO NA GERAÇÃO

A falta de manutenção dos pavimentos é um dos principais fatores que gera a


necessidade de intervenções de grande porte e consequentemente maior produção
de resíduos de pavimentação. A figura 6 apresenta o gráfico onde pode-se observar
que a deterioração de pavimentos asfálticos tende a acelerar-se após vários anos de
serviço, porém os serviços de manutenção como o recapeamento ou a reciclagem,
podem restaurar a qualidade do pavimento e aumentar a vida útil da via. A
reciclagem de pavimentos asfálticos é economicamente viável quando realizada
antes da deterioração extrema do pavimento.

O tempo médio de execução é uma variável que depende do nível de serviço


a ser prestado, mas na prática, sempre que o Valor de Serventia Atual atinge o limite
inferior para o nível de serviço desejado deve-se realizar manutenções corretivas, e
antes de atingir este limite é indicado realizar manutenções preventivas periódicas.

Figura 6 - Gráfico da condição do pavimento X tempo

Fonte: BERLUCCI, et al, 2008


31

Outro fato importante é observar que os custos financeiros de uma


recuperação mais complexa são significativamente maiores.

Quanto à adoção de novas técnicas e tecnologias nos serviços de


manutenção, deve ser avaliada a viabilidade técnica e econômica sempre que for
ser realizado processos licitatórios de reparo.

Além da estratégia da manutenção periódica é imprescindível realizar a


adequação do pavimento às alterações das solicitações sociais e de circulação da
via; como por exemplo, a ampliação do número de linhas de ônibus que passarão
pela região em análise.

As falhas no processo produtivo de execução do serviço de reparo, podem


também gerar perdas de materiais desnecessárias. Como exemplo a brita graduada
que sobra sobre as sarjetas ou uma carga de CBUQ entregue em temperatura ou
momentos inadequados.
32

4 METODOLOGIA

4.1 OBJETO DE ESTUDO

Após contato com a Prefeitura Municipal de Londrina e com o Paranacidade,


entidade responsável pela fiscalização desta obra, optou-se, neste estudo, pelo
acompanhamento e análise dos processos de recuperação de vias pavimentadas,
focando a geração do resíduo, localizadas dentro do perímetro urbano, que se
encontra em situação de degradação superficial com comprometimento da infra-
estrutura (base e sub-base) em alguns pontos.

O empreendimento consiste em restaurar a extensão de 28.845,17 m² de vias


nas avenidas Inglaterra e Portugal, nos trechos apresentados e especificados na
tabela 2 e ilustrados na figura 7.

Figura 7 - Mapa da localização da obra

Tabela 2 - Localização da Obra

Via Trechos
AV. INGLATERRA AV. Duque de Caxias Rua China

AV. PORTUGAL AV. Inglaterra AV. Dez de Dezembro


33

No trecho em estudo foi realizado recapeamento asfáltico em CBUQ FAIXA


“C” na espessura de 4,00 cm nos 28.845,17 m² de via, reposição de capa em CBUQ
em 5.291,82 m², reconstituição de pavimento (borrachudo do tipo 1 e 2), sendo
3.533,45 m² no reparo tipo1 e 4.218,72 m² no reparo tipo 2.

Trata-se de via arterial com grande densidade populacional, devido à


ocupação dos lotes por condomínios verticais ao longo da via. Nas vias existem
redes de drenagem de águas pluviais, rede de esgoto e rede de abastecimento de
água potável, com medidas variáveis entre 7,00 e 10,00 metros em via de mão dupla
com canteiro central. O empreendimento beneficiará aproximadamente 20.000
habitantes da região que utilizam da via como acesso aos bairros mais periféricos.

O aporte financeiro para execução da obra de recape asfáltico na Avenida


Inglaterra e Avenida Portugal é referente ao contrato de repasse do Programa
Paraná Urbano do governo do estado do Paraná. E é de inteira responsabilidade da
prefeitura Municipal o gerenciamento e fiscalização da execução e a manutenção da
obra.

4.2 ESCOLHA DA OBRA

O município de Londrina é considerado de grande porte o que dificulta realizar


um estudo do gerenciamento dos resíduos de todos os serviços de restauração de
pavimento em execução. Contudo os resíduos gerados neste tipo de obras
apresentam, de modo geral, pouca variabilidade com ralação as suas características
de composição.

O projeto da Avenida Inglaterra e da Avenida Portugal foi escolhido, primeiro,


por apresentar os três tipos de reparos (reposição de capa, “borrachudo” tipo I e
“borrachudo” tipo II) característicos dos processos licitatórios das obras de
recapeamento no município de Londrina e pela disponibilidade dos dados referentes
a obra em questão.
34

4.3 COLETA DE DADOS

Para coleta de dados utilizou-se a pesquisa de campo descritiva exploratória,


que tem por objetivo descrever determinando fenômeno. A organização dos dados
foi realizada pela presença de propriedades e/ou característica; e o levantamento
quantitativo, foi sintetizado em termos de grandezas ou quantidade de fatores
presentes nas pesquisas.

Utilizou-se de entrevistas, com roteiro semi-estruturado, visando


complementar as informações sobre o objetivo do estudo.

No início da entrevista foram apresentados os objetivos e informações


referentes ao trabalho.

Foram realizadas duas entrevistas, uma com um funcionário da empresa


KRB, responsável pela execução da obra, e outra com o diretor de pavimentação da
Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação.

Foram analisados, também, dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de


Londrina, como documentações do processo licitatório e do acompanhamento da
execução da obra; visitas para inspeções visuais e fotográficas; e o
acompanhamento do processo executivo em canteiro de obra.

4.3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS

Através da análise dos dados obtidos em campo em canteiro e em visita ao


depósito municipal de Londrina, foi possível estabelecer uma estimativa de
composição dos resíduos encontrados em cada tipo de reparo no pavimento.
35

4.3.2 QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

A quantificação dos resíduos seguiu o critério usado pela empresa KRB,


vencedora do processo de licitação da obra, responsável pela execução do
empreendimento, e com base nestes dados apresentar uma estimativa de produção
de resíduos na obra. O volume produzido foi calculado considerando o volume
teórico multiplicado pelo empolamento de 1,3.

Este critério foi adotado devido à empresa não ter controle individualizado em
canteiro do volume produzido para cada obra e a prefeitura não ter controle do
volume de resíduo gerado nesta obra.
36

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta etapa do trabalho são apresentados e analisados os resultados obtidos


no transcorrer das atividades de pesquisa e coleta de dados em campo
desenvolvidos durante o ano de 2010.

5.1 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS

Os dados apresentados nesse item são referentes aos valores obtidos no


projeto de recapeamento asfáltico da Avenida Inglaterra e Portugal.

No processo de busca de estratégias para avaliação dos volumes gerados,


encontrou-se dificuldades práticas para mensuração em campo, tendo em vista a
dinâmica da obra avaliada o que nos levou a optar pela metodologia utilizada pela
empresa responsável pelo serviço; na qual é considerado o volume teórico
multiplicado pelo empolamento, histórico da empresa KRB, de 1,3. Os resultados
podem ser observados na tabela 3.

Tabela 3 - Tabela da estimativa de volumes dos resíduos de pavimentação (m³) gerados pelo serviço de
reparo nas Avenidas Inglaterra e Portugal.

Área de intervenção Profundidade da Volume estimado


Reparo
(m²) intervenção (cm) (m³)
Reposição de capa 5.291,82 2 137,59
Borrachudo Tipo I 3.533,45 38 1.745,52
Borrachudo Tipo II 4.218,72 64 3.509,98
5.393,09

Conforme se observa na tabela 3, os resíduos dos dois tipos de borrachudos,


que possuem características de composição semelhantes, juntos representam um
volume estimado total de 5255,50 m³ que em comparação com o reparo do tipo
reposição de capa, devido a seu baixo nível de intervenção, tem um volume
significativamente menor, sendo o total de 137,59 m³.
37

5.2 POSSIBILIDADES DE REUSO DO MATERIAL ORIUNDO DOS

REPAROS DE PAVIMENTAÇÃO

O material proveniente do serviço de fresagem, segundo informações de


funcionários da prefeitura, tem sido reservado no depósito municipal figura 8 e
posteriormente é utilizado em algumas obras realizadas pela própria PML.

Figura 8 - Material de fresagem de capa de pavimento asfáltico no depósito municipal de Londrina

Fonte: O autor.

Os resíduos de fresagem estão sendo aproveitados em diversas obras: entre


elas encontra-se o calçamento do cemitério Jardim da Saudade da Zona Norte onde
teve função de lastro de brita; parte do estacionamento do Hospital Universitário
tendo função de brita graduada; no Bairro Monte Cristo de Londrina usado como
cascalho para pista de caminhada; e através do Programa Multitarefa no Bairro Novo
Amparo realizou-se 2.250 m² de travamento de base na Avenida Milton Ribeiro
Menezes figura 8.
38

Figura 9 - Avenida Milton Ribeiro Menezes onde se realizou o aproveitamento de material fresado de recape.

Fonte: Núcleo de Comunicação da PML

No caso da obra em análise o material oriundo dos “borrachudos” foi


destinado para realizar cobertura no aterro controlado de Londrina.

5.3 PREVISÃO ESTIMADA DE PRODUÇÃO DE RESÍDUOS DE

PAVIMENTAÇÃO EM LONDRINA

A taxa média de produção de resíduo no canteiro de obra das Avenidas


Inglaterra e Portugal é apresentada na tabela 4. Nela se observa o volume teórico
estimado, as áreas de intervenção e a taxa média do volume de resíduo gerado por
quilometro na via estudada. Os dados demonstram que a estimativa teórica de
geração dos resíduos atingiu, somando-se os três tipos de resíduos, o valor de
1308,77 m³/km. A extensão do trecho foi considerada equivalente a área total de
recapeamento dividida por uma largura de 7m.
39

Tabela 4 - Estimativa de taxa média do volume de resíduo de pavimentação gerado por extensão das Avenidas
Inglaterra e Portugal.

Área de volume
Extensão equivalente Estimativa de Volume / km
Reparo intervenção estimado
do trecho (km) (m³/km)
(m²) (m³)
Reposição de capa 5.291,82 137,59 4,12 33,39
Borrachudo Tipo I 3.533,45 1.745,52 4,12 423,60
Borrachudo Tipo II 4.218,72 3.509,98 4,12 851,78
5.393,09 1.308,77

A estimativa do volume de resíduo, levando-se em conta o déficit de


manutenção, no município de Londrina, algo em torno de 800 km e tendo como base
os dados da obra das Avenidas Inglaterra e Portugal, retirados da tabela 4, obtêm-se
a estimativa de volume no valor de 1.047.013,60 (um milhões quarenta e sete mil e
treze vírgula sessenta) m³ de material, conforme tabela 5.

Tabela 5 - Estimativa do volume de resíduo de pavimentação considerando-se o défict de manutenção viária no


município de Londrina.

Déficit de manu- Estimativa de Volume/km Estimativa de


Reparo
tenção (km) (m³/km) Volume (m³)
Reposição de capa 800,00 33,39 26.711,20
Borrachudo Tipo I 800,00 423,60 338.876,01
Borrachudo Tipo II 800,00 851,78 681.426,40
1.047.013,60

Os valores apresentados neste item demonstram que existe a necessidade de


se elaborar estratégias para gerenciar este montante de resíduo que potencialmente
pode ser gerado na realização dos serviços de manutenção das vias do município
de Londrina.
40

5.4 ENTREVISTAS

Foram realizadas, inicialmente, duas entrevistas com o objetivo de obter as


informações da forma como foi realizado o gerenciamento dos resíduos da obra de
recapeamento asfáltico das Avenidas Inglaterra e Portugal e a elaboração de
planilha de estimativas dos volumes de resíduos de reparos de pavimento ali
gerados.

A primeira entrevista, com o engenheiro da empresa KRB, vencedora da


licitação, consistiu em coletar informações acerca do gerenciamento do canteiro de
obras, a quantidade de resíduos produzidos, as características do plano de
gerenciamento utilizado, as orientações fornecidas à mão-de-obra utilizada pela
empresa e os índices de perdas de materiais, na qual foram obtidas as informações
a seguir.

Em relação ao gerenciamento dos resíduos em canteiro, foi informado que


estes foram inicialmente depositados em áreas próximas a obra; geralmente
terrenos vazios e posteriormente foram transportados para o depósito da prefeitura
no caso da fresagem de capa e para o aterro controlado, no caso dos reparos tipo
borrachudo.

A quantificação do volume dos resíduos gerados não foi realizada, porém esta
foi estimada como sendo o volume teórico do reparo a ser retirado com a aplicação
de um fator de empolamento de 1,3, tendo em vista que esta atividade ficou de
responsabilidade de Prefeitura municipal em realizar.

Também não houve a estruturação formal de um plano de gerenciamento,


pois este era de responsabilidade da PML. Mesmo assim a empresa executou
tarefas de gerenciamento de resíduos, como a segregação e a orientação dos
funcionários.

A empresa instruiu seus funcionários quanto à necessidade da segregação


dos resíduos, para que estes separassem o material de fresagem de capa dos
reparos do tipo borrachudos I e II. Informou adicionalmente que os índices históricos
de perdas de materiais da empresa são: para brita graduada em torno de 2% a 3%
com relação ao CBUQ encontra-se na faixa de 1%.
41

Já a outra entrevista realizada, com o Diretor de Pavimentação da Secretaria


de Obras e Pavimentação do Município de Londrina, versou sobre os processos de
normatização do Plano de Gerenciamento de Resíduos citados pelo Decreto
Municipal nº 768, em 23 de setembro de 2009 e a real destinação dos resíduos.

Foi obtida nesta entrevista a informação de que não foi elaborado o plano de
gerenciamento de resíduos de construção civil para esta obra, pois segundo o diretor
não se faz necessário um plano para que a Prefeitura Municipal se auto-fiscalize.

Informou também em relação à destinação dos resíduos, que o produto da


fresagem foi reservado no depósito da prefeitura para uso posterior e os resíduos
dos reparos do tipo borrachudo I e II foram destinados para o aterro controlado do
município.
42

6 CONCLUSÃO

O assunto gestão de resíduos de construção civil em pavimentação apresenta


pouco conhecimento técnico e teórico já escrito e/ou estruturado.

Os valores de produção de resíduo apresentados neste trabalho foram


estimados de forma teórica que podem ser usados como referência, mas
devem ser feitos estudos complementares para confirmar os resultados
obtidos a fim de obter maior confiabilidade.

O grande volume de resíduos do tipo borrachudo gerado na obra avaliada


(97,4% do volume total e 59,4% das áreas de intervenção de reparo) pode ser
considerado como reflexo da falta de manutenção no tempo adequado às
necessidades do pavimento. Este fato produz a necessidade de intervenções
de grande porte e consequentemente maior produção de resíduos.

A PML tem buscado soluções técnicas para o uso do resíduo de


pavimentação oriundo das obras do município, tendo optado por retirar esse
material do canteiro e usá-lo como insumo em outras obras de engenharia.

A previsão de produção de resíduo de pavimentação em Londrina, tendo


como base os dados do canteiro de obra das Avenidas Inglaterra e Portugal e
do déficit de manutenção das vias do município, é estimada em 1.047.013,60
m³ e segundo o diretor de pavimentação da PML não possui uma
formalização de procedimentos para destinação deste material.

Os conhecimentos relativos à gestão de resíduos pelos engenheiros e


administradores entrevistados encontram-se ainda incipientes apesar de
estarem ocorrendo empiricamente algumas atividades.
43

Na entrevista com funcionário da prefeitura foi detectado que não é realizada


a mensuração e registro formal dos dados relativos à geração dos resíduos,
ficando assim uma lacuna de informação que futuramente poderia ser
utilizada de base para criação de estratégia na gestão destes resíduos na
PML. Pois, o objetivo do Plano de Gerenciamento de Resíduos não é
somente fiscalizar e punir, mas sim proteger o meio ambiente
independentemente de quem seja responsável pela execução ou fiscalização
e esta ferramenta deve sempre existir e ser aplicada.
44

REFERÊNCIAS

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terminologia. Rio de Janeiro, 1982.

______. NBR 10.004: Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 10.005: Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos


sólidos -. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 10.006: Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de


resíduos sólidos - Procedimento. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 10.007: Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15.115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.


Execução de camadas de Pavimentação. - Procedimentos. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15.116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.


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Brasília, Df: Senado, 1988.

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restauração de pavimento. São Paulo, abril 2006. 50p.

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005/2003 – Defeitos nos pavimentos flexíveis e semirígidos – Terminologia. Rio de
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Planejamento e Pesquisa. Coordenação Geral de Planejamento e Programação de
Investimentos. Terminologias Rodoviárias Usualmente Utilizadas. Brasília, 2007.
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providências.
46

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47

ANEXOS
48

Anexo 1 – RECONSTITUIÇÃO DE PAVIMENTO (BORRACHUDO 1)

Figura 10 - Detalhe Reparo Tipo I. Fonte SMOP (2010)


49

Anexo 2 - RECONSTITUIÇÃO DE PAVIMENTO (BORRACHUDO 2)

Figura 11 - Detalhe Reparo Tipo II. Fonte SMOP (2010)


50

Anexo 3 - PROJETO DE RECAPEAMENTO DAS AVENIDAS INGLATERRA E

PORTUGAL

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