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MINDFULNESS

com Mikaela Övén

 A 6ª Atitude: Aceitação

"O que achas do teu peso?

Uma jovem mulher fez uma grande viagem para obter conselhos de uma

mulher sábia. Mal entrou na sala da mulher sábia começou a queixar-se:

- Sinto-me mal no meu trabalho, discuto com o meu marido, não tenho

tempo para tratar da minha casa. Tudo é um caos. Era melhor se eu não

existisse.

A mulher sábia, ouviu e depois perguntou:

- O que achas da tua altura?

- A minha altura? Exclamou a jovem mulher. O que é que ela tem a ver

com isto?

© Todos os direitos reservados a Mikaela Övén e Dharma5academy


- Há coisas na vida que conseguimos mudar e outras que temos de

aceitar, respondeu a mulher sábia. Podes mudar de trabalho, podes trabalhar

para melhorar a relação com o teu marido e podes fazer um plano para

melhorares a ordem em tua casa. Mas não podes mudar a tua altura. Por isso

pergunto se podes aceitar a tua altura.

Quando falamos de aceitação no Mindfulness, estamos a falar de uma

constatação de factos. Aceitação é muitas vezes confundido com aprovação,

mas não tem nada a ver! Posso aceitar que uma pessoa faz certas escolhas,

mesmo não as aprovando. Aceitação também não quer dizer gostar, não quer

dizer concordar e não quer dizer desistir.

Aceitação quer dizer que escolho ver, ter e suportar a realidade interna e

externa sem tentar fugir, sem evitar, sem afastar e sem julgar. Aceito que os

meus pensamentos, emoções, crenças são o que são, e que são isso mesmo!

Aceito que o que acontece a minha volta também é isso mesmo, o que é!

“Porque apesar de tudo, a melhor coisa que se pode fazer quando está a

chover, é deixar chover.”

Henry Wadsworth Longfellow

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Muitas vezes aceitação também quer dizer aceitar que não podemos

fazer nada, e que não vale a penar fazer esforço para mudar alguma coisa.

Quando lutamos contra alguma coisa, não querendo aceitá-la aumentamos

muitas vezes o sofrimento. Mas o grande e curioso paradoxo é que quando

aceito as coisas como são, e quando me aceito a mim como sou, posso

mudar….. Quando conseguimos olhar para nós e o que se passa connosco

como factos, sem julgamento, sem tentar mudar… então possibilitamos a

mudança.

Entender que pensamentos são pensamentos e que emoções são

emoções, e não factos, é essencial para a aceitação. Não temos de acreditar

em cada pensamento que temos.

Muitos de nós, quando temos emoções que são dolorosas, procuramos

apagar, distorcer ou negar o que estamos a sentir. Procuramos controlar algo

que não dê para controlar. Podemos afastar pensamentos e emoções durante

algum tempo, mas o mais provável é que voltem com ainda mais força.

Não nos podemos forçar a aceitar nada. É por isso que praticar o não-

esforço está tão interligado com a aceitação. Aceitação não é nenhuma

prestação, não é nada que se “faz”, é algo que acontece interiormente quando

conseguimos largar a ideia de que algo deveria ser de uma forma diferente. E

muitas vezes é preciso praticar a paciência nesse processo.

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Há sensivelmente 300 anos o mestre Zen Hakuin viveu uma vida tranquila

e contemplativa numa pequena aldeia Japonesa. Uma rapariga muito bonita,

cujos pais eram donos de uma loja de comida, morava perto dele. De repente,

sem aviso, os pais da rapariga descobriram que ela estava grávida. Os pais

ficaram muito zangados. A rapariga recusou-se a contar quem era o pai da

criança, até um dia após muita pressão finalmente dizer: “É o Hakuin.”. Muito

zangados os pais foram ter com o mestre e exprimiram a sua raiva. “É assim?”

foi a única coisa que respondeu.

Quando a criança nasceu os pais da rapariga entregaram o pequeno

menino a Hakuin, que era visto como um pária pela aldeia inteira. Exigiram que

ele tomasse conta da criança uma vez que era da responsabilidade dele. “É

assim?” disse o Hakuin calmamente e aceitou a criança.

Passado um ano a rapariga não aguentava mais. Disse a verdade aos

seus pais - que o verdadeiro pai da criança era um jovem que trabalhava no

mercado de peixe. A mãe e o pai da rapariga foram ter com Hakuin e pediram

perdão, exprimiram os seus remorsos e pediram a criança de volta. Hakuin

lentamente colocou o bebé nos braços da avó. Ao devolver a criança a única

coisa que disse foi: “É assim?”

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