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Este artigo busca levantar alguns dados sobre a formação da estrutura social
e geográfica da cidade de João Pessoa para entender os modos como as diversas
realidades compostas pelos bairros da capital se inter-relacionam. Será feito o
resgate do processo de crescimento urbano da cidade até a sua atual conformação,
como forma de abarcar o processo formativo e os caminhos que levaram para a
atual composição da capital nos seus diferentes campos.
O município de João Pessoa possui hoje um total 597.934 habitantes (IBGE,
2000). Este conjunto populacional encontra-se dividido em diversos bairros que
constituem a rede urbana municipal. Estes bairros, por sua vez, são alvos de
ampliação ou recortes profundos, provocados quer pela expansão da cidade, quer
pelos conglomerados subnormais 1 que insistem ainda em permanecer 2 ou que
surgem espontaneamente, às vezes intercalando-se em uma única área de um único
bairro, outras vezes diluindo-se entre fronteiras formais de vários bairros, muitas
vezes modificando a carta geográfica do município com a intercalação e
reconhecimento formal de novos bairros na capital pela Câmara de Vereadores.
Estes diversos recortes, seja como bairros formais, como conglomerados
subnormais, ou na mescla dos dois, reproduzem características sócio-econômicas
diversas e, ao mesmo tempo, diferentes formas de olhar e viver a cidade ligada às
maneiras e intenções diferenciadas de inserção na urbe de seus habitantes.
Em outras palavras, João Pessoa hoje é formada por um conjunto
diferenciado de moradores que vivem a cidade de forma distinta e às vezes até
antagônicas. Uma vez que esta possui moradores provenientes de variadas
localidades, de perfis sócio-econômicos, aspirações e estilos de via diversos e, por
isso, possuidores de diferentes experiências de vida.
♣
Este artigo faz parte de uma pesquisa em andamento no GREM – Grupo de Pesquisa
em Antropologia e Sociologia da Emoção, intitulada Medos Corriqueiros (KOURY, 2002).
1
Seguindo a nomenclatura utilizada pela Secretaria de Planejamento Municipal.
2
Em lutas pela permanência no espaço habitado.
Viver a cidade: um estudo sobre pertença e medos - 149
3
O calçamento, pavimentação e abertura da Avenida Epitácio Pessoa ao transito, porém,
só seria efetuada no início da década de 1930.
RBSE • Vol. 4 • nº 11 • Agosto de 2005 • 152
que ser cada vez mais segura, cheia de alarmes, muros altos,
cercas eletrificadas, vigilância eletrônica e etc, mas mesmo
assim o medo não para. Sair à rua é ser uma vítima possível de
assalto, estupro, morte, ficar trancada em casa, só um pouco da
a ilusão de estarmos seguros, mas o número de arrombamentos é
grande. O desenvolvimento do bairro trouxe o povo pro bairro e
as conseqüências de ter desconhecidos circulando o tempo todo
a nosso lado. Mas o que fazer se não se pode obrigar cada qual
ficar no seu espaço de moradia e de vida. O preço do progresso
e a insegurança”.
Bibliografia