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COMO CONSTRUIR Roberto de Aradjo Coelho racional@uai.com.br Reforco de alvenaria estrutural nao-armada no Ultimo pavimento oes 80 compésitos (blo- co + argamassa) com grande re sistencia a cargas verticais, que inci- dem perpendicularmente as juntas horizontais de assentamento. Entre~ tanto, seu desempenho estrutural & fortemente comprometido quando os esforgos sto horizontais, paralelos a cssas juntas ou quando submetidas & flexio segundo o proprio plano ou a um perpendicular Nas edificagdes com alvenaria es trutural ndo-armada, essas situagives R 6 proporcional a Put P = Carga vertical atuante = Coeficiente de atrto entre bloco e argamassa (+/~ 0.75)" R = Resisténcia da parede a0 cisalhamento Figura 1 - Desenvolvimento da resisténcia horizontal ocorrem com freqiiéncia no timo pavimento devido, principalmente, 0 desenvolvimento de esforgos pro- venientes das movimentagoes das lajes de cobertura A resistencia ao cisalhamento da parede esta relacionada diretamente com a intensidade da carga vertical atuante, que influencia 0 valor da Pr mR Ry al Bese) mR, RyRy 27, + Pal BER, rR Ry SSR) P+ 2» 5 8, PR Ry Ley 40, + 3p Interagao laje-alvenaria y= Forga de retragdo da laje cacao vertical da lie Figura 2 Cargas de confinamento daslajes Fissura causada pela expansio da laje de cobertura To ges. Manha//noite Meio-dia forga deatrito gerada entre bloco e ar- gamassa de assentamento (figura 1). [Nessas edificagdes, as forgas hori- zontais mais significativas sio oriun- das das movimentagdes térmicas das lajes de cobertura e da retragao do concreto constituinte das lajes. A re- tragao nem sempre €identificada cor- retamente apesar de estar presente in- dependentemente de agdes preve vas. Segundo estudos" @ retragio, apés dois anos, de um concreto com resisténcia de 24 MPa, submetido a cura timida, éde741 x 10-6 mm/mm ‘seu coeficiente de variagao térmica é de 10x 10-6 mm/mm. A divisaio do primeiro pelo segun- do indica quea retragaoapés dois anos cequivale & aplicagao na laje de uma va~ Fiagdo térmica de aproximadamente - 74°C. As forgas de confinamento das Jajess20 menores nosandares superio- res,oqueexplicaa maior incidéncia de patologias nesses niveis (figuras 2 ¢ A adogao de alguns procedimen- tos baisicos pode prevenir o surgimen- tode fssuras: Fissura causada pela retracio da laje de cobertura =f _ ey | H H E i Manh/nite Meio-dia Figura 3 ~ Patologias mais comuns nas alvenarias estruturais do ciltimo pavimento TECHNE 73 | ABRIL DE 2003, preencher as juntas vert assentamento das paredes do iiltimo pavimento © desvincular as lajes da cobertu- a por meio de juntas horizontais que facilitem o deslizamento entre 0 topo das paredes e a base de apoio das lajes. executar juntas nas lajes de co- bertura, pelo menos sobre as paredes vis6rias das unidades executar cintas de respaldo no topo de todas as paredes do sltimo pavimento, desvinculadas das lajes @ executar juntas na edificagio, incluindo paredes, sempre que uma dimensio em planta ultrapassar 10 m deextensio Fsses cuidados minimizam a inci- dencia de patologias, mas a geometria daediticagéo éuma condicionanteforte ‘enem sempre pode ser evitada, Nesses ‘casos podem ser adotadas medidas adi- cionais de reforgo das alvenarias. A primeira delas € a execugao de ‘grauteamento dos blocos das laterais ddas aberturas, com insergao de barra deago, Nao ha necessidade de ancora- gem da barra na lajeem que se apdiaa alvenaria, Quando a laje de cobertura for desvinculada,a barra deve ancorar na cinta de respaldo da paredee nun- cana laje de cobertura. A barra deve ser dividida em duas ¢ emendada apenas por transpasse proporcional ao diémetro, Essa medi- «la facilita 0 posicionamento dos blo- cos durante o assentamento, Nessa re- gido 0s blocos devem ser assentados com metade da junta para que 0s sep- tos sejam coincidentes e possam ser corretamente preenchidos. graute deve ser inserido nesses septos ~ previamente umedecidos a cada tés fiadas no méximo—e adensa-» Figura 5 - Reforgo com tela 95 COMO CONSTRUIR Etapas de execucado ES&S Oma NL Owe - O regamasa Figura 6 ~ Detalhe de execugéo do com uma barra deago de 12,5 mm, ou vibrador de agulha. O pilarete for- mado deve ultrapassar a contraverga averga de forma continua e homogé- nea, formando uma estrutura tini Nao hi necessidade de se prolongi-las além do pilarete (figura 4). © segundo tipo de reforgo, ainda pouco utilizado no Brasil, é indicado para as paredes sujeitas a grandes es- forgos cisalhantes, como: 1 paralelas a maior dimensao do edificio 1 ssituadas nos vértices da edifi- cagio ‘®apoiadas sobre vigas/cintas com vy2o maior que 0 seu comprimento Dever ser empregadas armadu: ras de pequeno didmetto, posicio: nadas nas juntas horizontais de as- sentamento. Essas armaduras sio compostas por duas barras paralelas, espagadas de acordo com a espessura e geome- tria do bloco utilizado, unidas por segmentos de barras ou por uma barra em forma de sendide, de menor didmeteo. A uniao ¢ feita com eletros soldagem das barras que devem ser protegidas da corrosto por meio de galvanizacao. No Brasil, ja ests sendo iniciada a produgao desse tipo de ar- madura, muito comum nos paises ‘mais desenvolvidos. Uma alternativa & 0 emprego de 'tiras” de tela eletros- soldada, galvanizada, disponivel com diversos diametros e geometria. Este procedimento € uma forma muito eficiente de se combateras fissuras in- clinadas, muito freqiientes nos ulti- ‘mos pavimentos dos edificios em al- venaria estrutural. © diametro das barras nao deve ultrapassar 5 mm para que fiquem corretamente envol- vidos na argamassa e nao alterem 0 comportamento da parede (figura 5). Procedimento de execucao: ‘Scortar amalha no tamanho a ser utilizado ‘= aplicar argamassa em toda a ex- tensao da fiada onde sera inserida a ‘malha © apoiar a malha na argamassa, pressionando-a de forma a se envol- vé-la assentaros blocos da fiada supe- rior, preenchendo as juntas verticais AAs barras longitudinais devem estar posicionadas no eixo das pare- des externas dos blocos (figura 6). Esse procedimento pode também ser empregado em alvenarias de ve dagao sujeitas a grandes deforma- Ges, como aquelas apoiadas em grandes vaos de vigas ou em lajes com pouca rigider. « LEIA MAIS © Structural Masonry - An experimental/numerical basis for practical design rules. CUR Centre for Civil Engineering Research and Codes, Netherlands, 1997. © Precast and prestressed concrete design manual. The Canadian Prestressed Concrete Institute, Canada, 1996. © Manual de Alvenaria de Tijolo, Associagdo Portuguesa de Cerémica, Portugal, 1998 ' Alvenaria estrutural de blocos de concreto, Prudéncio Jinior, LR © outros, ABCP/Gtec, Brasil, 2002, ®iLa fabrica armada, Murfor, Bekaert, Bégica, 1992, ‘ Emprego de armaduras de equeno diémetro em alvenaria estrutural, Coolho, R.A, VI International Seminar on Structural Masonry for Developing Counties, Brazil, 2002 TECHNE 73 | ABRIL DE 2003

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