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PROFESSOR
HISTÓRIA
ensino médio
2a SÉRIE
volume 2 - 2009
Coordenação do Desenvolvimento dos Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque,
Professores Jéssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins e
Ghisleine Trigo Silveira Sayonara Pereira
GESTÃO
Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas
Fundação Carlos Alberto Vanzolini
Prezado(a) professor(a),
É com muita satisfação que apresento a todos a versão revista dos Cadernos
do Professor, parte integrante da Proposta Curricular de 5a a 8a séries do Ensino
Fundamental – Ciclo II e do Ensino Médio do Estado de São Paulo. Esta nova versão
também tem a sua autoria, uma vez que inclui suas sugestões e críticas, apresentadas
durante a primeira fase de implantação da proposta.
A Proposta Curricular não foi comunicada como dogma ou aceite sem restrição.
Foi vivida nos Cadernos do Professor e compreendida como um texto repleto de
significados, mas em construção. Isso provocou ajustes que incorporaram as práticas
e consideraram os problemas da implantação, por meio de um intenso diálogo sobre
o que estava sendo proposto.
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Os ajustes nos Cadernos levaram em conta o apoio a movimentos inovadores, no
contexto das escolas, apostando na possibilidade de desenvolvimento da autonomia
escolar, com indicações permanentes sobre a avaliação dos critérios de qualidade da
aprendizagem e de seus resultados.
O uso dos Cadernos em sala de aula foi um sucesso! Estão de parabéns todos os que
acreditaram na possibilidade de mudar os rumos da escola pública, transformando-a
em um espaço, por excelência, de aprendizagem. O objetivo dos Cadernos sempre será
apoiar os professores em suas práticas de sala de aula. Posso dizer que esse objetivo
foi alcançado, porque os docentes da Rede Pública do Estado de São Paulo fizeram
dos Cadernos um instrumento pedagógico com vida e resultados.
Conto mais uma vez com o entusiasmo e a dedicação de todos os professores, para
que possamos marcar a História da Educação do Estado de São Paulo como sendo
este um período em que buscamos e conseguimos, com sucesso, reverter o estigma
que pesou sobre a escola pública nos últimos anos e oferecer educação básica de
qualidade a todas as crianças e jovens de nossa Rede. Para nós, da Secretaria, já é
possível antever esse sucesso, que também é de vocês.
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FiChA dO CAdERnO
nome da disciplina: História
Série: 2a
Revolução Inglesa
Iluminismo
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ORiEntAçãO SObRE OS COntEúdOS dO bimEStRE
Caro(a) professor(a), Para a avaliação dos conteúdos, prevê-se que
sejam contempladas todas as instâncias envol-
Este Caderno tem por objetivo auxiliá-lo vidas ao longo do processo de realização das
no desenvolvimento de quatro temas in- Situações de Aprendizagem – pesquisa, parti-
terligados (Sistemas coloniais europeus, cipação em sala e produção textual. Em todas
Revolução Inglesa, Iluminismo e Indepen- as Situações de Aprendizagem programadas,
dência dos Estados Unidos da América), visamos ao desenvolvimento das competências
cuja compreensão poderá ser facilitada por leitora e escritora dos alunos e a valorização de
trabalhos em grupo e momentos dialógicos.
tratarmos deles conjuntamente. Aqui, reu-
nimos documentos e Situações de Aprendi-
Ressaltamos que os temas tratados e sua
zagem, visando a sensibilizar os alunos para abordagem são propostas que pretendem
a importância dessa reunião de temas. Além auxiliar você, professor, lembrando que eles
dessa preocupação, existe a possibilidade de podem ser modificados em função de sua ex-
verificar, no conteúdo a ser ministrado, uma periência docente e da realidade escolar em
significação prática para sua realidade me- que são desenvolvidas suas ações.
diante paralelos e aproximações com ques-
tões contemporâneas. Bom trabalho!
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História - 2a série - Volume 2
SitUAçÕES dE APREndizAGEm
SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 1
SISTEMAS COLONIAIS EUROPEUS –
A AMÉRICA COLONIAL
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línguas citadas, anotando ao lado as contri- f de 4 a 6 envelopes simples com folhas de
buições. Situe geograficamente as regiões men- papel; no primeiro envelope escreva “Es-
cionadas e responda às colocações da classe tados Unidos da América”; no segundo,
usando o mapa. “Brasil”; no terceiro, “Haiti”; e no quarto
escolha um país da América espanhola:
Enfatize aos alunos o fato de que não são “Argentina” ou “México”. Quando utili-
falados somente idiomas europeus na Amé- zar mais de 4, acrescente outras regiões
rica, há uma grande quantidade de línguas que foram colonizadas com esses mes-
indígenas e, em alguns países, como o Para- mos modelos dos países já citados. Cada
guai, essas línguas são consideradas oficiais. envelope deve fazer referência a um mo-
Podemos citar como exemplos o guarani (lín- delo colonial implementado na América
gua oficial do Paraguai ao lado do espanhol); e será cedido a um grupo de no máximo
o quechua e o aimara na região do Peru; o 10 alunos.
nahualt, o mexteca e o otomi no México; o tupi,
f de 4 a 6 folhas com 20 características dos
em algumas tribos brasileiras.
sistemas coloniais europeus cortadas em
pequenas tiras por classe A folha padrão
Segundo a Cambrigde Encyclopedia of
deve conter as seguintes características:
Language1 há mais de 70 línguas no México e na
América Central e 500 na América do Sul, vá-
rias delas em extinção. dos 21 países da Améri- 1. concentração colonial predominante-
ca Latina, 16 consideram unicamente o espanhol mente litorânea;
como língua oficial. Somente Peru e Paraguai
declaram línguas indígenas como oficiais2. 2. concentração colonial predominante-
mente interiorana;
Por que, apesar da enorme quantidade, as
línguas indígenas estão desaparecendo? Por 3. metrópole Portugal;
que a língua espanhola predominou no con-
tinente americano? Por que o português ficou 4. metrópole Espanha;
concentrado no Brasil?
5. metrópole França;
As diferentes conduções das colonizações
europeias na América respondem a essas ques- 6. metrópole Inglaterra;
tões.
7. atividades agrícolas e extrativistas (ve-
Roteiro para aplicação da Situação getal e mineral);
de Aprendizagem
8. atividade agrícola de policultura local;
Preparação
9. trabalho escravo indígena e africano;
Em casa, antes das aulas, o professor deve
providenciar o seguinte material: 10. relativa liberdade comercial;
1
CRYSTAL, david. The Cambridge Encyclopedia of Language. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
2
Para saber mais consulte: LESSA, Luísa Galvão. As línguas da América Latina. In: Agência Amazônia. disponível
em: <http://www.agenciaamazonia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=960&Itemid=156>. Aces-
so em: 2 out. 2008.
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História - 2a série - Volume 2
11. miscigenação marcante entre europeus, Após o término da seleção, peça para que
indígenas e africanos; um integrante de cada grupo se dirija ao mapa
pendurado na lousa e mostre para o restan-
12. cultivo de algodão; te da sala a localização do país correspondente
ao seu envelope. É interessante possibilitar a
13. cultivo de cana-de-açúcar; socialização do resultado do trabalho por todo
o grupo, por isso, peça para outro integrante
14. extermínio quase total da população in- justificar rapidamente a seleção das caracterís-
dígena; ticas no envelope ou a exclusão das demais.
15. elite caracterizada pela atuação dos cha Você pode optar por outra forma de apre-
petones (origem europeia); sentação, na qual os demais grupos que não
estão se apresentando apontem as caracterís-
16. elite formada por senhores de engenho ticas que deveriam ou não estar no interior
(proprietários rurais); do envelope daquele grupo. dessa maneira,
a apresentação e o julgamento dos resultados
17. relativa liberdade religiosa; são feitos por toda a classe.
19. território assegurado à metrópole pelo Retome a discussão sobre as línguas pre-
Tratado de Tordesilhas (1494); dominantes no continente americano inicia-
da na sensibilização. O inglês, predominante
20. território ocupado pela metrópole con- no norte; o francês, na região de Quebec no
tra as determinações do Tratado de Tor- Canadá, e a língua espanhola, na maioria das
desilhas (1494). terras americanas, presença assegurada pelo
pioneirismo da “descoberta” do território e
Aplicação pelo Tratado de Tordesilhas, que também in-
centivou a manutenção de terras portuguesas
Em sala de aula, após a sensibilização des- na costa leste do continente. Não deixe de ci-
crita anteriormente, divida a sala em quatro tar o francês antilhano do Haiti e da costa da
ou mais grupos com, aproximadamente, o Lousiana, na América do Norte.
mesmo número de integrantes e distribua um
envelope para cada grupo e uma folha com as Informe que as línguas indígenas foram,
20 características dos sistemas coloniais. assim como grande parte da cultura de tais
povos, suprimidas pelo processo de coloniza-
Peça para cortarem as características em ção que, dizimando ou convertendo os nativos,
tiras pequenas, usando régua ou tesoura, e co- impôs a cultura europeia ao Novo Mundo.
locarem dentro do envelope somente aquelas
que fizerem correspondência com a região que Quanto ao holandês, falado em diversas
nomeia o envelope. Incentive o trabalho em ilhas do Caribe, incite a curiosidade dos alu-
equipe, caminhe entre os grupos e auxilie os nos e utilize o comentário a respeito dessa
alunos na realização da atividade, tirando dú- língua como “gancho” para iniciar os estudos
vidas e orientando a seleção das tiras corretas. das invasões holandesas.
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Avaliação da Situação de 7. Atividades agrícolas e extrativistas (vege-
Aprendizagem tal e mineral): característica presente em
todas as regiões citadas, seja por meio do
O professor pode optar por realizar a ava- extrativismo de peles, madeiras, metais
liação na sala durante a atividade, a socializa- preciosos ou do cultivo de cana-de-açúcar
ção dos resultados, ou levar os envelopes para e algodão.
casa e entregar a correção aos alunos na pró-
xima aula. Contudo, o objetivo da Situação de 8. Atividade agrícola de policultura local: foi
Aprendizagem de diferenciar quatro sistemas marcante, principalmente em virtude de
coloniais implementados na América pode ser questões climáticas locais, no norte das co-
verificado pela observação da seleção e exclu- lônias inglesas. Segundo Leandro Karnal,
são das características comentadas abaixo: “essa questão climática favoreceu o sur-
gimento, único no universo colonial das
1. Concentração predominantemente litorâ- Américas, de um núcleo colonial voltado
nea: aplica-se ao colonialismo português e à policultura, ao mercado interno e não
inglês, principalmente. totalmente condicionado aos interesses
metropolitanos”.3
2. Concentração predominantemente inte-
riorana: característica marcante da coloni- 9. Trabalho escravo indígena e africano: ca-
zação espanhola na América. As terras do racterística marcante em toda a coloniza-
litoral eram simples acessos para as tierras ção americana.
templadas ou frias.
10. Relativa liberdade comercial: foi uma exce-
3. Metrópole Portugal: aplica-se ao Brasil. ção do quadro da colonização, caracterís-
tica das colônias inglesas do norte.
4. Metrópole Espanha: pode se aplicar a
quase todo o continente, com exceção de 11. Miscigenação marcante entre europeus,
parte do Brasil e da América do Norte. indígenas e africanos: aplica-se ao Brasil,
Contudo, ressalte que a Espanha dominou Haiti e colônias espanholas, mas não cons-
também parte do que hoje é o território tituiu uma característica da colonização
norte-americano, brasileiro e haitiano, já inglesa.
que o Tratado de Tordesilhas lhe assegura-
va grande parte da América. 12. Cultivo de algodão: principal cultura da
região sul da colônia inglesa.
5. Metrópole França: aplica-se ao Haiti, à
Guiana Francesa e ao território da Lou- 13. Cultivo de cana-de-açúcar: caracterizou a
siana, que era localizado no atual território agricultura do Brasil, do Haiti e de algu-
norte-americano (vales dos rios Mississipi e mas regiões da América espanhola, princi-
Missouri) e canadense (região de Quebec). palmente das ilhas da América Central.
6. Metrópole Inglaterra: aplica-se aos Esta- 14. Extermínio total da população indígena:
dos Unidos da América. nas Antilhas o extermínio indígena levou
3
KARNAL, Leandro; FERNANdES, L. E.; MORAIS, M.V.; PURdY, S. História dos Estados Unidos: das origens
ao século XXI. 2. ed. 2a reimpr. São Paulo: Contexto, 2008. p. 56. <http://www.editoracontexto.com.br>.
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História - 2a série - Volume 2
18. Predominância da Igreja Católica: carac- KARNAL, L.; FERNANdES, L. E.; MORAIS, M.V.;
terística das regiões coloniais portuguesas PURdY, S. História dos Estados Unidos: das origens ao
e espanholas. século XXI. 2. ed. 2a reimpressão. São Paulo: Contexto,
2008. p. 29. <http://www.editoracontexto.com.br>.
19. Território assegurado à metrópole pelo Tra-
tado de Tordesilhas (1494): colonizações es-
panhola e portuguesa. Sobre o texto acima, pergunta-se:
20. Território ocupado pela metrópole contra a) Qual é a opinião dos autores sobre a
as determinações do Tratado de Tordesi- divisão entre colônias de povoamento e
lhas (1494): pode ser relacionado à colo- de exploração?
nização inglesa e francesa, contudo, vale
ressaltar a expansão territorial brasileira O autor critica a diferenciação entre a co
para oeste no século XVII além dos limites lonização inglesa e portuguesa, sendo a
do Tratado. primeira vista como um processo de po
voamento, em que os colonos estavam com
dentro da Matriz de habilidades e compe prometidos com a construção e não com a
tências do Exame Nacional do Ensino Médio exploração de suas terras.
(Enem), o objetivo dessa Situação de Apren-
dizagem é “comparar processos de formação b) Além da procura de ouro nas colônias
socioeconômica, relacionando-os com seu inglesas e portuguesas, cite outra seme-
contexto histórico e geográfico”, utilizando a lhança entre elas.
cartografia e a discussão em grupo para reso-
lução de uma situação-problema. Há diversas semelhanças entre as duas colô
nias: a produção de produtos agrícolas que
Proposta de questões para avaliação serviam ao mercado europeu (como a cana
deaçúcar e o algodão), a escravidão africana
1. Leia o texto: e a formação de latifúndios. O Brasil colonial
13
aproximase mais das colônias do sul dos A transformação do espaço foi uma cons-
Estados Unidos. tante durante a colonização da América.
Segundo o texto, qual foi o posicionamen-
2. Leia o texto: to do colonizador europeu em relação ao
meio natural americano?
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História - 2a série - Volume 2
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KARNAL, L.; FERNANdES, L. E.; MO- Furtado. Traz também, no final, uma entre-
RAIS, M. V.; PURdY, S. História dos Esta vista com o autor.
dos Unidos: das origens ao século XXI. 2. ed.
2a reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008. Artigo
<http://www.editoracontexto.com.br>. O li-
vro, organizado por Leandro Karnal, reúne GORENdER, Jacob. O épico e o trágico
textos que condensam o processo histórico na história do Haiti. Scielo. disponível em:
dos Estados Unidos da América, desde as pri- <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142004000100025&script=sci_arttext> Aces-
meiras tentativas de colonização até os dias
so em: 2 out. 2008. Texto sobre o livro de C. L.
atuais. Os textos presentes na obra podem ser
R. James, Os jacobinos negros, indicado acima.
utilizados para o preparo de diversas outras
aulas ao longo do ano. Filme
NOVAIS, Fernando Antônio. Aproxima Desmundo. direção: Alain Fresnot. Brasil, 2003.
ções: ensaios de História e historiografia. 101 min. O filme retrata a sociedade colonial
São Paulo: Cosac Naify, 2005. Reunião de brasileira nas primeiras décadas de coloniza-
diversos textos sobre a colonização brasilei- ção. O português falado no filme, os costumes,
ra do autor Fernando Novais. Há comentá- o mobiliário contribuem para uma rica recons-
rios sobre livros consagrados de Caio Prado tituição. Repare na condição da mulher e no
Jr., Sérgio Buarque de Holanda e Celso trato da religiosidade ao assistir ao filme.
SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 2
REVOLUçãO INGLESA – HOBBES E LOCKE
dois grandes pensadores políticos do oci- à queda do poder absolutista inglês, e suas
dente viveram de perto os acontecimentos da teorias políticas influenciaram diversas dis-
Revolução Inglesa, que se estendeu de 1640 cussões posteriores. Esta Situação de Apren-
até 1689. As transformações ocorridas na dizagem pretende confrontar dois trechos de
Inglaterra do século XVII são evidentes nas obras e identificar as influências de dois mo-
obras de Thomas Hobbes e John Locke. Os mentos distintos da história inglesa no discur-
dois adotaram posições diferentes em relação so dos autores.
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História - 2a série - Volume 2
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John Locke nasceu em 1632, e seus pais a tarefa de análise com as seguintes questões
participaram da Guerra Civil lutando pe- (ver Caderno do Aluno):
las tropas do parlamento. Quando Hobbes
escreveu Leviatã, Locke tinha aproximada- 1. Como Locke reflete sobre a analogia entre
mente 18 anos e ainda era um estudante. o poder do magistrado (soberano) e o po-
Viajou bastante pela Europa durante a Re- der de um pai?
pública de Cromwell e os reinados de Carlos
II e Jaime II, e as críticas ao Absolutismo 2. Cite uma influência evidente do pensamen-
tornaram-se muito evidentes em seus tex- to burguês no texto de Locke.
tos. Retornou à Inglaterra após a Revolução
Gloriosa e era muito próximo de Guilherme 3. Qual é o papel da comunidade no texto de
de Orange, que assumiu o trono após a de- Locke?
posição de Jaime II.
4. Quais são as diferenças entre os momentos
O texto de Hobbes defende o poder ab- históricos em que Hobbes e Locke escreve-
soluto do soberano pela força e o Estado é ram seus textos?
essencial para manter a paz entre os seres
humanos; o poder político é apresentado Incentive a discussão das questões em gru-
como o poder de um pai sobre o filho, que po e explique os conteúdos ao final da ativi-
o subjuga por poder destruí-lo. Há uma dade. Para complementar esta Situação de
justificativa pragmática e racional da exis- Aprendizagem peça como lição de casa uma
tência do Estado, trata-se de adquirir o po-
pesquisa individual sobre os contextos viven-
der por meio da “força natural” de um pai
ciados pelos dois autores. A pesquisa deve
sobre um filho, por exemplo, ou por meio
conter informações relativas à vida pessoal
da guerra.
de cada autor que possam colaborar na com-
Retome com os alunos as principais ca- preensão do pensamento deles, por exemplo,
racterísticas do poder absolutista estudadas formação e condição social, buscando assim,
no primeiro bimestre, bem como as relações relacionar a vida de cada um com o pensa-
com o racionalismo humanista. Lembre-os mento político e os ideais defendidos nos seus
da importância do pensamento político para principais textos.
justificar o poder dos reis absolutistas e, no
caso de Hobbes, do papel do rei como media- desenvolver o hábito nos alunos de bus-
dor dos conflitos entre os seres humanos, que car o contexto sociohistórico de produção de
nascem da natureza específica, genuína, da obras seja estas de artistas, escritores, teóricos
humanidade. O pensamento de Hobbes está etc. e enfatizar a postura metodológica de con-
vinculado ao Antigo Regime, que no século textualizar o objeto em estudo, é fundamental
XVII foi alvo de críticas e enfrentamentos na para atribuir sentido a toda e qualquer produ-
Inglaterra. ção, considerando a sua época.
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História - 2a série - Volume 2
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de que maneira a Revolução Inglesa con- (marcadamente católico) durante o proces
tribuiu para fazer da Inglaterra a maior so revolucionário.
potência econômica da época?
b) Além da provocação descrita acima, cite
A Revolução Inglesa marcou a ascensão outra evidência histórica dos conflitos
econômica da Inglaterra em virtude das entre católicos e protestantes no Reino
medidas de incentivo ao comércio como Unido.
os “Atos de Navegação”, de 1651; pelos
conflitos contra potências comerciais e Além das fogueiras do dia 11 de julho, a
navais da época como a Holanda; e, de atuação do IRA (Exército Republicano Ir
maneira geral, pelo favorecimento ao landês) pode ser citada como exemplo dos
crescimento da burguesia, que passou a conflitos entre protestantes e católicos no
se manifestar politicamente no sistema Reino Unido, unificado definitivamente
parlamentar, que subjugou os poderes dos no “Ato da União”, de 1800.
reis absolutistas.
4. (Fuvest/1995) No século XVII, a Inglater-
3. A deposição de Jaime II por Guilherme ra conheceu convulsões revolucionárias
de Orange é utilizada atualmente como que culminaram com a execução de um
pretexto para uma provocação constante rei (1649) e a deposição de outro (1688).
na Irlanda do Norte. Todo ano, no dia Apesar das transformações significativas
11 de julho, jovens recolhem uma grande terem se verificado na primeira fase, sob o
quantidade de madeiras e montam enor- governo de Oliver Cromwell, foi o período
mes fogueiras acessas durante a madru- final que ficou conhecido como “Revolu-
gada. ção Gloriosa”. Isso se explica porque:
20
História - 2a série - Volume 2
21
ções na figura de Cromwell e na experiência 2008. Texto sobre a violência e o Estado como
republicana vivida pela Inglaterra durante a fatores necessários para manutenção da liber-
Revolução. dade individual, utilizando a Revolução Inglesa
como base.
_______. O mundo de ponta cabeça: ideias ra-
dicais da revolução inglesa de 1640. São Pau- Site
lo: Companhia das Letras, 1991. Livro retrata
a cultura popular do período e explora temas Dhnet. disponível em: <http://www.dhnet.org.
inusitados, possibilitando abordagens diferen- br/direitos/anthist/decbill.htm>. Acesso em: 2
ciadas do tema em sala de aula. de out. 2008. Site que contém trechos da de-
claração dos direitos de 1689 traduzidos para
Artigo a língua portuguesa.
SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 3
ILUMINISMO
Embora não seja o único movimento cul- superstições, deixando-se conduzir ao domínio
tural do século XVIII, pode-se dizer que o de si. O iluminismo foi um movimento filosó-
Iluminismo é aquele que mais o influenciou. fico-cultural, com inserção em diferentes cam-
diante da impossibilidade da dar conta, em pos da vida humana (Arte, Filosofia, História,
poucas aulas, da gama de conteúdos que con- Economia, Física etc.), marcando o século
formam o pensamento iluminista, nesta Situa- XVIII europeu e exercendo fortes influências
ção de Aprendizagem, optamos por trabalhar em países como Inglaterra, França e Alema-
com seus aspectos mais gerais. nha, e também Itália, Portugal e outros.
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História - 2a série - Volume 2
Competências e habilidades: compreensão de texto, o que exige o domínio da norma culta da língua por-
tuguesa; capacidade de interpretar dados e informações contidas em textos historiográficos; de relacionar
essas informações entre si e com conceitos previamente aprendidos, construindo uma síntese consistente,
em que fique demonstrado o reconhecimento de aspectos definidores do pensamento iluminista.
23
Estratégias: atividades em grupo; leitura e análise textual.
“A nossa época é a época da crítica, a qual tudo tem que submeter-se. A religião, pela sua santidade
e a legislação, pela sua majestade, querem igualmente subtrair-se a ela. Mas então suscitam contra elas
justificadas suspeitas e não podem aspirar ao sincero respeito, que a razão só concede a quem pode
sustentar o seu livre e público exame.”
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Prefácio da primeira edição (1781). Tradução A. F. Morujão e M. P. Santos. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1989. disponível em: <http://web.letras.up.pt/meirinhos/Ensino/conhecimento/Kant_CRP_
Prefacio.pdf>. Acesso em: 3 out. 2008.
Eu gostaria, e este será o último e o mais ardente de meus desejos, eu gostaria que o último dos reis
fosse enforcado com as tripas do último padre.
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História - 2a série - Volume 2
3. tolerância
“Numa legislação perfeita, a vontade parti-
cular ou individual deve ser nula; a vontade do
corpo, própria ao governo, bastante subordina- “Quando os romanos foram mestres da
da; e, por conseguinte, a vontade geral ou sobe- mais bela parte do mundo, sabemos que eles
rana sempre dominante é a regra única de todas toleraram todas as religiões.”
as outras. Contrariamente, de acordo com a VOLTAIRE, Françoise-Marie Arouet. Tolerância. In:
ordem natural, essas diversas vontades se tor- Dicionário filosófico. p. 368. Tradução Glaydson José da
nam mais ativas à medida que se concentram. Silva. disponível em: <http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/
Assim, a vontade geral revela-se sempre a mais bpt6k37538b>. Acesso em: 9 mar. 2009.
débil, a vontade do corpo a segunda em catego-
ria, e a vontade particular a primeira de todas;
de sorte que, no governo, cada membro é, antes Pergunta: O significado de tolerância no
de mais nada, ele mesmo, e depois magistrado, século XVII estava ligado à ideia de suportar
e em seguida cidadão, graduação diretamente algo ou alguém diferente de nossa cultura ou de
oposta à exigida pela ordem social.” nós mesmos. Hoje não é muito diferente. Você
vê alguma diferença entre tolerar e respeitar?
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social, ou, prin
cípios do direito político. p. 31. disponível em: <http:// Ao iniciar a aula sobre o tema, observe
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/detalheObra que, apesar de ser entendido como um movi-
Form.do?select_action=&co_obra=2244>. Acesso em: mento filosófico, o Iluminismo exerceu grande
3 fev. 2009. influência em todas as áreas do conhecimento,
tanto em seu contexto como posteriormente.
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A ele estão ligados nomes como Locke, Kant, Àqueles que retiraram o primeiro excerto,
Voltaire, Montesquieu, Rousseau e tantos ou- peça uma análise acerca do conteúdo proposto
tros pensadores de quem os alunos já ouviram e da respectiva pergunta. Proceda do mesmo
ou ouvirão falar ao longo de sua trajetória modo em relação aos demais. Busque promo-
escolar. ver o diálogo e o debate entre os alunos.
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História - 2a série - Volume 2
“As teses otimistas afirmam que o mundo, E que derrama sobre eles os males um
criado por deus, é organizado pela Provi- grande número de males?
dência de tal modo que, um ‘mal necessário’
seja sempre compensado por um Bem sem- Que olho pode penetrar em seus profun-
pre maior. Voltaire critica fortemente esta dos desígnios?
posição notadamente pelos perigos maiores
que acarretaria: o fatalismo e a inação. No do Ser absolutamente perfeito o mal não
caso, toma como instrumento de ataque o pode nascer;
terremoto de Lisboa de 1755, que apresenta
como exemplo notável do que aquela expres- Ele vem de outro lugar, pois deus é o úni-
são otimista teria de obstáculo à racional co mestre:
compreensão da realidade.”
Ele existe, portanto. Oh tristes verdades!
NEVES, Luiz Felipe Baeta. Profetismo e Iluminismo no
terremoto de Lisboa de 1755. In: 3º Colóquio: Relações A mistura assustadora das contrariedades!
luso-brasileiras: entre iluminados e românticos. Rio de
Janeiro, 2006. disponível em: <http://www.realgabinete. [...]”
com.br/coloquio/3_coloquio_outubro/paginas/19.
htm>. Acesso em: 1 out. 2008. VOLTAIRE, Françoise-Marie Arouet. Poème sur le désas
tre de Lisbonne ou examen de cet axiome: “tout est bien”
(excertos). Tradução Glaydson José da Silva. disponí-
Em seu poema, Voltaire criticou Leibniz e vel em: <http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k89898j>.
Alexander Pope, pelo fato de atribuírem à Pro- Acesso em: 2 out. 2008.
vidência todo o acontecido. Eles acreditavam
no mal necessário e na organização do mundo
por deus; acreditavam que o mundo no qual
viviam não poderia ser melhor do que era, por Observe que Voltaire acreditava em deus,
ser o “melhor dos mundos” – o que colocava no entanto, era deísta. Para ele, deus era a
em deus a origem do mal. Voltaire, por seu explicação racional do mundo, manifesta na
lado, queria saber como deus, em sua bonda- ciência e na natureza. Os deístas acreditavam
de, permitira tamanha tragédia. em deus, contudo eram críticos das religiões,
que entendiam como cheias de misticismos
Tendo contextualizado o evento, peça aos e superstições. O deísmo pode ser entendido
alunos que analisem a passagem que extraí-
como doutrina de uma religião natural ou ra-
mos do poema de Voltaire:
cional, não fundada na revelação histórica,
mas na manifestação natural da divindade à
“[...] razão do ser humano.
27
manter o caráter originalmente bom dos fi-
“Homem tenha paciência, dizem-me Pope lhos do Senhor4.
e Leibnitz. Teus males são um efeito necessá-
rio de sua natureza e da constituição do Uni- O terremoto levou muitos iluministas a re-
verso. Se o Ser eterno não fez melhor é porque pensar o próprio otimismo em relação às rea-
não podia melhor fazer. ‘Que me diz agora lizações do mundo, otimismo esse que não
vosso poema?’ [...] Se é um deus quem tinha condizia com o sofrimento e o mal causados
te criado sem dúvida ele é todo-poderoso; ele pelo trágico acontecimento. Com os dois ex-
podia prevenir todos teus males: não espere certos lidos, solicite aos alunos que, à luz do
então, jamais, que eles acabem; pois aí não que estudaram nas aulas anteriores e do con-
saberia ver porque tu existes, se não é para teúdo apresentado, formulem reflexões para
sofrer e morrer. Eu não sei de nenhuma dou- as seguintes questões:
trina paralela que possa consolar mais que o
otimismo e a fatalidade. Eu não vejo como f Com a ocorrência do terremoto, como ex-
possa procurar a fonte do mal moral em outro plicar o caminho linear da ciência e do pro-
lugar que não no homem livre, aperfeiçoado, gresso rumo ao bem maior?
parte corrompido; e, quanto aos males físicos, f A quem se dirige a crítica de Voltaire? Por
eles são inevitáveis em todo sistema do qual quê?
o homem faz parte. A maior parte de nossos f Qual é o fundo da explicação de Rousseau
males físicos é, ainda, nossa obra. Sem dei- para o terremoto?
xar vosso assunto de Lisboa, convenha, por f Você poderia dar um exemplo de evento si-
exemplo, que a natureza não tinha, a esse milar, ocorrido no mundo contemporâneo?
respeito, reunido vinte mil casas de seis a sete
andares, e que se os habitantes desta grande 4a aula
cidade tivessem sido dispersados mais igual-
mente, e mais lentamente habitados, o estrago Para esta aula, previmos uma recapitula-
teria sido muito menor, e talvez nulo.” ção do conteúdo das aulas anteriores em seus
principais aspectos, seguida de uma dinâmica
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Lettre sur la providence (ex- que visa a propiciar aos alunos uma visão das
certo). Tradução Glaydson José da Silva. disponível em: relações entre os pressupostos iluministas e a
<http://www.gymnyon.vd.ch/docs/302/GyNyon_-_La_ vida contemporânea.
Providence_selon_Voltaire_et_Rousseau.pdf>. Acesso
em: 2 out. 2008. Para tanto, elabore e leia com os alunos
a lista dos principais aspectos do pe río-
do apresentados nas aulas anteriores, por
Para Rousseau, a culpa não era nem da exemplo:
natureza, nem de deus, mas do ser huma-
no. As causas estão na própria corrupção da f emancipação humana pela razão;
“integralidade humana” pela sociedade e por f crença no desenvolvimento da ciência e das
sua irracionalidade, por sua incapacidade de técnicas;
4
NEVES, Luiz Felipe Baeta. Profetismo e iluminismo no terremoto de Lisboa de 1755. In: 3o Colóquio: Relações luso-
brasileiras: entre iluminados e românticos. Rio de Janeiro, 2006. disponível em: <http://www.realgabinete.com.br/
coloquio/3_coloquio_outubro/paginas/19.htm>. Acesso em: 12 fev. 2008.
28
História - 2a série - Volume 2
f crença no progresso contínuo como rumo do, como nos casos de guerras. A ciência não
a ser seguido pela humanidade, frequente- guarda uma relação intrínseca e necessária
mente em etapas que se sucedem; com o “bem” da humanidade. Tomando o
f crítica ao Estado absolutista e ao cristia- século XX como exemplo, observe os limites
nismo; dos ideais de desenvolvimento promovidos
f crença na liberdade e na igualdade como pela ciência, pela técnica e pela concepção
direitos inalienáveis. de progresso social inelutável. No rastro das
grandes guerras mundiais, da ameaça atômi-
Peça aos alunos que analisem o trecho a se- ca, das autocracias, dos colonialismos e im-
guir, de 1794, e com base nas expectativas previs- perialismos, dos conflitos étnicos, religiosos,
tas por Condorcet, reflitam sobre o mundo atual sexuais e econômicos não resolvidos, da vio-
em um texto a ser escrito em seus cadernos. lência, do aumento da miséria, dos problemas
ecológicos etc., consolidando uma crudelíssi-
ma política excludente. Nesse sentido, para
“Nossas esperanças sobre o estado futuro as sociedades contemporâneas, o Iluminismo
da espécie humana podem se reduzir a três representa a não-concretização de um “proje-
pontos: a destruição da desigualdade entre to” moderno, que levaria os seres humanos à
as nações, os progressos da igualdade em um maioridade kantiana, como se pôde observar,
mesmo povo; enfim, o aperfeiçoamento real do que os tiraria da barbárie e os inseriria em
homem. Todas as nações devem se reaproximar sociedades civis perfeitas e completas. Esta
um dia do estado de civilização onde chega- também é a oportunidade de propiciar aos
ram os povos mais esclarecidos, os mais livres, alunos a compreensão de que a história não
os mais libertos de preconceitos, tais como os é linear.
franceses e os anglo-americanos? Esta distân-
cia enorme que separa os povos da servidão Avaliação da Situação de
das nações submissas a reis, da barbárie dos Aprendizagem
pequenos povos africanos, da ignorância dos
selvagens deverá pouco a pouco desaparecer?” Nesta Situação de Aprendizagem, observe
a importância da apreensão de aspectos refe-
CONdORCET, Jean-Antoine Nicolas. Esquisse d’um ta renciais do Iluminismo, como os citados nas
bleau historique des progrès de l’esprit humain. p. 328. respostas das questões 1 e 2 a seguir. Espera-
Tradução Glaydson José da Silva. disponível em: -se que os alunos intervenham nas propos-
<http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k101973s/f336. tas apresentadas, motivados, sobretudo, pela
table>. p. 328. Acesso em: 2 out. 2008. aproximação do conteúdo estudado com as-
pectos e informações cotidianas do mundo
contemporâneo.
Feita a análise, promova um debate entre
os alunos, no qual você pode observar que os Proposta de questões para avaliação
ideais iluministas de um progresso salvador
da humanidade têm de ser problematizados. 1. Cite cinco aspectos definidores do pensa-
Se, por um lado, os avanços científicos salva- mento iluminista.
ram muitos, por outro, excluíram um número
ainda maior. A ciência, como atividade hu- O aluno pode citar, por exemplo, alguns dos
mana, pode ser utilizada de diferentes formas, aspectos retomados por você anteriormente:
em alguns casos auxiliando, mas, em outros,
excluindo de suas conquistas ou, até, matan- emancipação humana pela razão;
29
crença no desenvolvimento da ciência e leis, o de ordenar a execução das resoluções
das técnicas; públicas e o de julgar os crimes e os con-
flitos dos cidadãos.” (MONTESQUIEU,
crença no progresso contínuo como rumo Charles-Louis, Do Espírito das leis. Rio de
a ser seguido pela humanidade, frequente Janeiro: Bertrand Brasil/difel, 1987.)
mente, em etapas sucessivas;
a) Qual é o tema do texto?
crítica ao Estado absolutista e ao cristia
nismo; O texto trata da tripartição do poder defen
dida por Montesquieu.
crença na liberdade e na igualdade como
direitos inalienáveis. b) Explique o contexto histórico em que
foi produzido.
2. Que relação se pode estabelecer entre o
pensamento iluminista e a ascensão da O texto foi produzido no contexto iluminis
burguesia na Europa do século XVII? ta, século XVIII. Podemos perceber as in
fluências de tal pensamento quando critica
A ascensão da burguesia europeia está em a centralização de poderes, característica
grande parte ligada ao pensamento ilumi comum na política absolutista.
nista, muito representativo de seus valores.
O enfraquecimento das monarquias, por 4. (Fuvest/2004)
exemplo, pode ser associado à liberdade,
ao direito de escolha e à participação “po
pular” na vida política do Estado, questões “A autoridade do príncipe é limitada pe-
sempre contempladas nas reivindicações las leis da natureza e do Estado... O príncipe
burguesas. A razão iluminista tem como um não pode, portanto, dispor de seu poder e de
de seus pressupostos o questionamento de seus súditos sem o consentimento da nação
alguns direitos naturais (à hereditariedade e independentemente da escolha estabelecida
do poder, por exemplo) e a reivindicação no contrato de submissão...”
de outros (liberdade, igualdade de direitos
etc.), confrontando ambos com a realidade dIdEROT, denis. Autoridade política. In: Enciclopé
política das monarquias absolutistas euro dia, (1751–1765), p. 898. disponível em: <http://gallica.
peias, por isso o Iluminismo pode ser enten bnf.fr>. Acesso em: 2 out. 2008.
dido como um movimento burguês.
3. (Fuvest/1995) “Quando na mesma pessoa, Tendo por base esse texto da Enciclopédia,
ou no mesmo corpo de magistrados, o Po- é correto afirmar que o autor:
der Legislativo se junta ao Executivo, desa-
parece a liberdade... Não há liberdade se o a) pressupunha, como os demais iluminis-
Poder Judiciário não está separado do Le- tas, que os direitos de cidadania política
gislativo e do Executivo... Se o Judiciário eram iguais para todos os grupos sociais
se unisse com o Executivo, o juiz poderia e étnicos.
ter a força de um opressor. E tudo estaria
perdido se a mesma pessoa ou o mesmo b) propunha o princípio político que esta-
corpo de nobres, de notáveis, ou de popula- belecia leis para legitimar o poder repu-
res, exercesse os três poderes: o de fazer as blicano e democrático.
30
História - 2a série - Volume 2
direitos naturais
“Se você meditar atentamente em tudo o que disse ficará convencido de: 1. que o homem que só
escuta sua vontade é inimigo do gênero humano; 2. que a vontade geral é, em cada indivíduo, um ato
puro de entendimento que ecoa no silêncio das paixões sobre o que o homem pode exigir de seu se-
melhante, e sobre o que o seu semelhante tem, por direito, de exigir dele; 3. que esta consideração da
vontade geral e do desejo comum é a regra de conduta relativa de um particular para outro na mesma
sociedade [...] e da sociedade da qual ele é membro em relação a outras sociedades; 4. que a submissão
à vontade geral é o que cabe a todas as sociedades [...]; 5. que as leis devem ser feitas por todos e não
por um [...]; 6. que, face a duas vontades, uma geral e outra particular, a vontade geral não erra jamais
[...]; 7. que quando se pressupusesse a noção das espécies em um fluxo perpétuo, a natureza do direito
natural não mudaria, pois ela seria sempre relativa à vontade geral e ao desejo comum de toda espécie;
8. que a equidade é para a justiça como a causa é para seu efeito, ou que a justiça não pode ser outra
coisa que a equidade declarada; 9. enfim, que todas estas consequências são evidentes para aquele que
raciocina, e que aquele que não quer raciocinar, renunciado à qualidade de homem, deve ser tratado
como desnaturado.”
dIdEROT, denis. direito natural. In: Enciclopédia, 1751–1765. p. 131. Tradução Glaydson José da Silva. disponível em:
<http://gallica.bnf.fr>. Acesso em: 2 out. 2008.
31
2. Com base no conteúdo ministrado, solicite aspectos gerais do pensamento iluminista – de
aos alunos que estabeleçam uma reflexão linguagem simples e acessível. Tem o mérito de
acerca da presença de valores ligados ao Ilu- tratar do desenvolvimento do Iluminismo em
minismo no mundo contemporâneo. Essa outros países, que não só a França, como Ingla-
reflexão deverá ser feita baseando-se em terra, Alemanha e Itália.
exemplos na mídia escrita. Como produto
final, solicite uma pequena dissertação, na SOUzA, Maria das Graças de. Ilustração e
qual os alunos comentem o material esco- História. O pensamento sobre a História no
lhido e as relações que puderam observar. Iluminismo francês. São Paulo: discurso Edi-
torial/Fapesp, 2001. Livro para aprofundar
questões importantes tratadas na Situação de
Recursos para ampliar a perspectiva Aprendizagem, com ênfase na influência do
do professor e do aluno para a pensamento iluminista na História.
compreensão do tema
Site
livros
Les classiques des sciences sociales. disponível
REALE, Giovanni; ANTISERI, dario. His em: <http://classiques.uqac.ca/>. Acesso em:
tória da Filosofia. do humanismo a Kant. São 2 out. 2008. diferentes livros e documentos
Paulo: Paulus, 2005. v. 2. Manual de História da do século XVIII podem ser encontrados nesse
Filosofia, importante para o conhecimento de site (em francês).
SITUAçãO dE APRENdIzAGEM 4
INdEPENdêNCIA dOS ESTAdOS UNIdOS dA AMÉRICA
32
História - 2a série - Volume 2
peito é amplo, o que nos impõe escolhas de inglesa na América do Norte, o povoamento
temas nos planos de aula que apresentamos, das colônias do Norte e do Sul, o pacto colo-
daí a necessidade de que você os complemente nial e a Guerra dos Sete Anos não são abor-
sempre que julgar necessário. Temas como o dados, mas as tarefas previstas possibilitarão
aspecto privado (empresarial) da colonização diferentes situações para desenvolvê-los.
33
lembrando-os que irão tratar, nesta Situação deixe de observar um fator importante: nesse
de Aprendizagem, da formação dos Estados mesmo período e com igual intuito, estiveram
Unidos, cuja presença cultural é grande em na América do Norte outros povos, como
muitos países. (Vide Caderno do Aluno, p. 30) espanhóis, franceses e holandeses; observe,
também, que a empresa colonial inglesa na
1a aula América foi tardia, se comparada com a dos
países da Península Ibérica. de caráter diver-
O objetivo desta aula é propiciar uma re- so, as motivações que levaram ao povoamento
flexão em torno das principais motivações da América do Norte poderão ser apresenta-
que levaram os ingleses, no século XVII, a das aos alunos mediante a análise de alguns
se estabelecerem nas terras americanas. Não excertos sobre o tema:
“No século XVII, intensifica-se o processo de cercamentos que tinham se iniciado no final da Idade
Média. As velhas terras comuns e os campos abertos, indispensáveis à sobrevivência dos camponeses,
estavam sendo cercados e vendidos pelos proprietários, principalmente em função do progresso de
criação de ovelhas. O capitalismo avançava sobre o campo e o desenvolvimento da propriedade pri-
vada excluía muitos trabalhadores. Para diversos camponeses, o fim das terras comuns foi também
o fim da vida no campo. O êxodo rural cresce consideravelmente. As cidades inglesas aumentam e o
número de pobres nelas é grande.”
interesses mercantis
“das terras espanholas começavam a chegar notícias crescentes de muita riqueza, como o ouro e
a prata retirados do México e do Peru. A América cada vez mais passa a ser vista como um lugar de
muitos recursos e de possibilidades econômicas. Comerciantes e aventureiros, a Coroa inglesa e pessoas
comuns nas ilhas britânicas agitam-se com essas notícias.”
Perseguições religiosas
“As perseguições religiosas que marcaram o período também estimularam muitos grupos minoritá-
rios, como os Quakers, a se refugiar na América.
A perseguição religiosa era uma constante na Inglaterra dos séculos XVI e XVII. A América seria
um refúgio também para esses grupos religiosos perseguidos.”
KARNAL, L.; FERNANdES, L. E.; MORAIS, M. V.; PURdY, S. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. 2. ed.
2a reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008. <http://www.editoracontexto.com.br>. (Os trechos citados correspondem respectiva-
mente às páginas 35, 39, 37, 46 e 35).
34
História - 2a série - Volume 2
“Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços po-
líticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe
dão direito as leis da natureza e as do deus da natureza, o respeito digno às opiniões dos homens exige
que se declarem as causas que os levam a essa separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados
iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liber-
dade e a busca da felicidade.
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus
justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne
destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, basean-
do-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para
realizar-lhe a segurança e a felicidade.”
35
Excerto 2
Preâmbulo. Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer
a justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e ga-
rantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da liberdade, promulgamos e estabelecemos
esta Constituição para os Estados Unidos da América. [...]
Emenda i. O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, ou proibindo o livre
exercício dos cultos, ou cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa, ou o direito do povo de se
reunir pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação de seus agravos. [...]
Emenda XiV. Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitas a sua juris-
dição são cidadãos dos Estados Unidos e do estado onde tiver residência. Nenhum estado poderá fazer
ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos; nem
poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade, ou bens sem processo legal, ou negar a qualquer
pessoa sob sua jurisdição a igual proteção das leis.
Excerto 3
Constituição do brasil
Tendo desenvolvido, na aula anterior, temáti- de liberdade pelos “pais fundadores”, com base
cas relacionadas ao povoamento dos territórios nos movimentos de resistência à Inglaterra. Es-
norte-americanos, agora você, professor, poderá ses movimentos foram fortemente influenciados
trabalhar algumas questões ligadas a preceitos pelos valores europeus iluministas, cujo conhe-
fundamentais do processo de independência cimento e contextualização auxiliarão no enten-
norte-americano, como a construção da noção dimento de todo o processo de independência
36
História - 2a série - Volume 2
37
No que se refere à comparação entre os os EUA apoiam os regimes mais discricioná-
trechos das duas constituições, você pode ob- rios e mais violentos e que desrespeitam os
servar que a cidadania, para os norte-ame- direitos dos cidadãos.”
ricanos, fundava-se, principalmente, na ideia
de liberdade, ao passo que para os brasileiros dE dECCA, Edgar Salvadori. Cidadão, mostre-me
está alicerçada na ideia de igualdade. Para a identidade! Caderno Cedes. Campinas, v. 22, n. 58,
o documento norte-americano, “benefícios p. 7-20, dezembro/2002, p. 16. disponível em: <http://
da liberdade”, “livre exercício de cultos” e www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 2 out. 2008.
“liberdade da palavra” informam a orien-
tação seguida em sua elaboração; já para o
brasileiro, a ideia de que “todos são iguais Já em relação ao Brasil, o princípio é o
perante a lei” conduz a outra orientação. É mesmo, como observa Edgar de decca (p. 12)
importante que se tenha em mente que esses “Não deixa de ser irônico percebermos [...]
são princípios norteadores da elaboração da que neste país onde as desigualdades socio-
cidadania em cada um desses países e não leis culturais são gritantes se alardeie aos quatro
que orientam a conduta do país e de todos ventos o princípio abstrato da igualdade dos
os seus membros. Para Edgar Salvadori de cidadãos”. Para um aprofundamento dessa
decca, por exemplo: discussão, com exemplos representativos para
uso em sala de aula, você pode consultar os
sites anteriormente indicados.
“Segundo a Constituição daquele país
[Estados Unidos], não existe igualdade natu- 3a aula
ral, porque a igualdade é valor que se alcan-
ça pela negociação entre cidadãos em pleno Com base no conteúdo desenvolvido nas
exercício de seus direitos. Neste sentido, a aulas anteriores você poderá tratar, agora,
igualdade é também um valor fundamental, da formação dos estados norte-americanos
e como tal deve ser alcançada por meio do (oportunamente, busque explorar os confli-
exercício da liberdade. Ela não é uma dádi- tos entre ingleses e norte-americanos ao lon-
va da natureza, mas uma conquista das lutas go do processo de independência). Com a
pela cidadania levadas a cabo por todos os independência, as colônias norte-americanas
membros da sociedade americana, sejam eles substituíram seus estatutos por constituições
homens, mulheres, índios, negros etc. [...] O republicanas, dando forma legal aos precei-
princípio fundador da Constituição norte- tos da declaração de Independência. Pratica-
americana é o da liberdade e este valor está mente todas essas constituições expressavam
acima de todos os outros, porque qualquer valores democráticos ligados a direitos dos
restrição à liberdade do cidadão põe em risco cidadãos e do povo, liberdades e soberania
todos os outros valores. Isso pode revestir-se popular – manifesta por meio de eleições e
de uma certa hipocrisia, sendo muito comum tripartição dos poderes (executivo, legislativo
a crítica dos seus opositores de que a liberda- e judiciário). Nessas cartas constitucionais,
de americana só vale para os Estados Uni- as colônias exortavam atitudes autoritárias
dos. Neste sentido, a política externa desse da metrópole inglesa, além de procurar ga-
país seria uma contradição a seus próprios rantir a inviolabilidade da própria liberdade,
princípios, posto que em nome da liberdade buscando delimitar os poderes do governo e
38
História - 2a série - Volume 2
dos cidadãos. debates entre federalistas e an- Essas polaridades entre federalistas e re-
tifederalistas, considerando interesses e po- publicanos (antifederalistas) não inviabili-
deres locais e questões que envolviam todas zaram a elaboração de uma Confederação e
as colônias, nortearam a elaboração de uma de uma Constituição Nacional. É importante
Constituição Nacional – aprovada por todas que os alunos tenham claro que os republica-
as colônias, não sem um grande número de nos defendiam uma autonomia maior para as
conflitos entre elas. Sucedeu a essa aprovação colônias e um poder centralizado mais fraco,
um conjunto de emendas constitucionais que uma influência mínima pelo governo central,
ficou conhecido como Carta de direitos ao passo que os federalistas defendiam um
(que pode ser consultada no mesmo endereço poder centralizado forte, como único modo
eletrônico da Embaixada dos Estados Unidos de manutenção da união das colônias. Esses
citado anteriormente). embates, posteriormente, foram expressos na
consolidação de um sistema bipartidário, que
O processo de preparo do texto consti- exerceu grande influência na maneira de fun-
tucional polarizava uma tendência ligada à cionamento do governo; contudo, na Cons-
unidade de um governo central a outra, de tituição de 1787, foram resolvidos de modo
autonomia das colônias. Esse processo tam- “conciliatório”, ainda que haja uma predo-
bém pode ser entendido como uma contra- minância das orientações republicanas. Ao se
posição entre interesses rurais e comerciais. incorporar valores de um grupo e de outro ao
Por um lado, um grande número de fazendei- texto constitucional (esse conteúdo pode ser
ros e pessoas que viviam na zona rural que, bem observado ao se analisar as seções do ar-
com a independência, mantinham o ideal de tigo IV da Constituição Americana – o que
afastamento dos pesados impostos, das igre- você também pode trabalhar com seus alu-
jas oficiais e outros valores que lembravam a nos), fundava-se uma “República Federativa”.
Europa que eles e seus antepassados haviam As limitações do poder federal e a autonomia
abandonado. As propostas de centralização dos estados podem ser percebidas pelos alu-
do governo e defesa dos interesses comerciais nos na emenda X da Constituição Americana,
eram vistas como suspeitas por esses grupos. que poderá ser posta na lousa e interpretada
Por outro lado, estavam os que viam na união com os alunos: Os poderes nãodelegados aos
um futuro de crescimento econômico e poder Estados Unidos pela Constituição, nem por ela
geral, uma mentalidade ligada mais aos cen- negados aos Estados, são reservados aos Esta
tros urbanos. Na década de 1780, portanto, dos ou ao povo.
travaram-se lutas entre diferentes mentali-
dades: a rural e a comercial. As divergências 4a aula
desses grupos marcaram as oscilações políti-
cas entre a possibilidade de soluções democrá- Pode-se ver, na 2a aula, que a maior parte
ticas, para os primeiros, e a resistência a elas dos “norte-americanos” não participou politi-
para o segundo grupo. Se por um lado havia camente do processo de independência, que
a defesa da formação de um poder mais cen- esteve a cargo das elites locais, compostas por
tralizado e aristocrático, por outro se defendia comerciantes, latifundiários e intelectuais
o investimento em setores empresariais. Vale urbanos. Esse processo, além da exclusão de
destacar ainda que havia um grupo que colo- grande contingente de pobres, dentre os no-
cava em dúvida qualquer ação de governos, o vos moradores, excluía também indígenas e
que os levava à defesa de eleições periódicas afrodescendentes. Nessa aula você poderá
como reação a qualquer tipo de hegemonia solicitar aos alunos uma pesquisa individual,
política. apontando as motivações dessa exclusão. Para
39
isso, oriente a busca por informações sobre o acesso a seu principal meio de vida, a ter
papel desses segmentos da sociedade norte- ra, levando um grande número de pessoas
-americana antes e depois da independência, a se refugiarem nas cidades, aumentando
verificando mudanças e permanências. Peça significativamente a quantidade de pobres.
que apresentem os resultados de suas pesqui- Um outro fator importante que trouxe à
sas, debatendo-os em classe, recolhendo, na América grande número de refugiados foi
sequência, os trabalhos realizados. as perseguições religiosas a grupos pro
testantes minoritários, como os Quakers.
Avaliação da Situação de Fatores como o grande interesse mercantil
Aprendizagem da Coroa inglesa (quando se apercebeu dos
recursos que poderia obter nas colônias) e
Nesta Situação de Aprendizagem, ob- de grupos particulares podem, também, ser
jetiva-se levar os alunos à compreensão da apresentados como motivações para a vin
colonização norte-americana e do processo da dos ingleses para a América do Norte. A
de independência das colônias inglesas da todos esses aspectos, juntese o contexto de
América do Norte. Em relação às atividades guerra vivido pela Inglaterra internamente,
propostas, dois aspectos principais foram con- a guerra civil, além dos conflitos externos.
siderados: o conhecimento prévio dos alunos
acerca do contexto europeu dos séculos XVI e 2. Muitos dos que se dirigiam para as novas
XVII e as possibilidades de estabelecer infor- colônias não podiam pagar pelo alto pre-
mações paralelas para reflexão com base em ço das passagens para a América e se tor-
conhecimentos extra-classe dos alunos (expe- naram servos, temporariamente, de seus
riências de cidadania, por exemplo). A esses financiadores, prestando-lhes anos de ser-
pré-requisitos espera-se que os alunos respon- viços gratuitos. Essa afirmação refere-se à
dam de modo satisfatório, tanto do ponto de situação na qual se encontram aqueles que
vista do conteúdo já ministrado, quanto da- vieram para a América por meio da:
quele que resulta de suas próprias articulações
com o que é proposto. a) colonização espanhola.
40
História - 2a série - Volume 2
41
COnSidERAçÕES FinAiS
Ao desenvolvermos os temas tratados nes- de compreensão estreitamente interligada;
te Caderno, algumas orientações principais mesmo desenvolvidos em Situações de Apren-
guiaram nossas preocupações: escolher dentre dizagem autônomas. Por isso, insistimos sem-
os temas previstos aqueles representativos do pre nas relações e paralelos entre eles. Cremos
conteúdo a ser ministrado, fazer com que este que esse procedimento poderá não só auxiliá-
material apresentasse discussões historiográfi- -lo no preparo de suas aulas, mas também fa-
cas recentes e fornecer a você propostas deta- cilitar a aprendizagem dos alunos.
lhadas para seu desenvolvimento – algo que
facilite a elaboração de suas aulas, caso opte Após o desenvolvimento das várias ações
por seguir os roteiros que sugerimos. aqui indicadas, é recomendável avaliar os re-
sultados obtidos no processo de ensino-apren-
Os conteúdos tratados neste Caderno são dizagem, para possíveis ajustes futuros.
42