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LÍNGUA PORTUGUESA

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS



Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura:


x Informativa e de reconhecimento;
x Interpretativa.

A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto,
extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a
interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à
ideia-central de cada parágrafo.

A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas.


Marque palavras com NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferença
na escolha adequada.

Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior
para ter ideia do sentido global proposto pelo autor.

ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E IDÉIA CENTRAL

Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através
dos parágrafos que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e
a conclusão do texto.

Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:


x Declaração inicial;
x Definição;
x Divisão;
x Alusão histórica.

Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques.
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um
espaçamento da margem esquerda.

Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central
extraída de maneira clara e resumida.

Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos
levará à compreensão do texto.

OS TIPOS DE TEXTO
Basicamente existem três tipos de texto:
x Texto narrativo;
x Texto descritivo;
x Texto dissertativo.

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Cada um desses textos possui características próprias de construção.

DESCRIÇÃO
Descrever é explicar com palavras o que se viu e se observou. A descrição é estática,
sem movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser, o objeto ou ambiente são
importantes, ocupando lugar de destaque na frase o substantivo e o adjetivo.

O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo uso de


recursos linguísticos, tal que o receptor a identifique. A caracterização é indispensável,
por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto.

Há duas descrições:
x Descrição denotativa
x Descrição conotativa.

DESCRIÇÃO DENOTATIVA
Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras
figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na descrição denotativa as palavras
são utilizadas no seu sentido real, único de acordo com a definição do dicionário.

Exemplo:

Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao agreste


pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o
término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232
onde encontraremos várias formas de relevo e vegetação.
No início da viagem observamos uma típica agricultura de subsistência bem à
margem da BR-232. Isso provavelmente facilitará o transporte desse cultivo a um
grande centro de distribuição de alimentos a CEAGEPE.

DESCRIÇÃO CONOTATIVA
Em tal descrição as palavras são tomadas em sentido figurado, ricas em
polivalência.

Exemplo:

João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam bambas do peso que
carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto.
Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto
de nuvens brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.

NARRAÇÃO
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto inserindo
episódios, acontecimentos.

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A narração difere da descrição. A primeira é totalmente dinâmica, enquanto a segunda é
estática e sem movimento. Os verbos são predominantes num texto narrativo.

O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a uma série de


perguntas:

Quem participa nos acontecimentos? (personagens);


O que acontece? (enredo);
Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos).

Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos:


O quê? – Fato narrado;
Quem? – personagem principal e o anti-herói;
Como? – o modo que os fatos aconteceram;
Quando? – o tempo dos acontecimentos;
Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento;
Por quê? – a razão, motivo do fato;
Por isso: – a consequência dos fatos.

No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação, sendo o verbo o elemento principal. É
importante só uma ação centralizadora para envolver as personagens.

Deve haver um centro de conflito, um núcleo do enredo.

A seguir um exemplo de texto narrativo:

Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Camborá
entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de
onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho
altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo
fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num
alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso
apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.
(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)

A relação verbal emissor – receptor efetiva-se por intermédio do que chamamos discurso.
A narrativa se vale de tal recurso, efetivando o ponto de vista ou foco narrativo.

Quando o narrador participa dos acontecimentos diz-se que é narrador-personagem. Isto


constitui o foco narrativo da 1ª pessoa.

Exemplo:

Parei para conversar com o meu compadre que há muito não falava. Eu notei uma
tristeza no seu olhar e perguntei:

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- Compadre por que tanta tristeza?
Ele me respondeu:
- Compadre minha senhora morreu há pouco tempo. Por isso, estou tão triste.
Há tanto tempo sem nos falarmos e justamente num momento tão triste nos
encontramos. Terá sido o destino?

Já o narrador-observador é aquele que serve de intermediário entre o fato e o leitor. É o


foco narrativo de 3ª pessoa.

Exemplo:

O jogo estava empatado e os torcedores pulavam e torciam sem parar. Os minutos


finais eram decisivos, ambos precisavam da vitória, quando de repente o juiz apitou
uma penalidade máxima.
O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já que ele era considerado o melhor
batedor do time.
Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu com grande perfeição. O goleiro não
teve chance. O estádio quase veio abaixo de tanta alegria da torcida.
Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo o juiz finalmente apontou para o
centro do campo e encerrou a partida.

DISSERTAÇÃO OU DISCURSO

FORMAS DE DISCURSO
x Discurso direto;
x Discurso indireto;
x Discurso indireto livre.

DISCURSO DIRETO
É aquele que reproduz exatamente o que escutou ou leu de outra pessoa.

Podemos enumerar algumas características do discurso direto:

- Emprego de verbos do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre outros;


- Usam-se os seguintes sinais de pontuação: dois-pontos, travessão e vírgula.

Exemplo:

O juiz disse:
- O réu é inocente.

DISCURSO INDIRETO
É aquele reproduzido pelo narrador com suas próprias palavras, aquilo que escutou
ou leu de outra pessoa.

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No discurso indireto eliminamos os sinais de pontuação e usamos conjunções: que, se,
como, etc.

Exemplo:

O juiz disse que o réu era inocente.

DISCURSO INDIRETO LIVRE


É aquele em que o narrador reconstitui o que ouviu ou leu por conta própria,
servindo-se de orações absolutas ou coordenadas sindéticas e assindéticas.

Exemplo:

Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, achando a frase
extravagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher,
desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos).

ANÁLISE DO TEXTO.

Antes de interpretar um texto o leitor deve entender que tipo de análise está sendo
proposto. Basicamente existem dois tipos de análise:

SUBJETIVA

Nesse tipo de análise pede-se que o leitor responda o que ele pensou, sua opinião e
deduções sobre o texto. A margem de acerto é mais elástica, sendo permitida uma
variação maior nas respostas, mas por ser também mais difícil de corrigir devido à sua
subjetividade é pouco frequente o encontrarmos em provas importantes, como vestibular
ou concursos públicos. Costuma ser mais empregado no primeiro ou segundo graus,
quando a meta a ser atingida é que o aluno aprenda a escrever e ordenar ideias, ou
aprender figuras de linguagem e emprego de vocabulário mais rico.

Nesse tipo de análise existem questões como:

Quando o autor diz “sentado à beira do caminho”, o que você acha que ele quis dizer?

Como se vê, é pedida uma conclusão ou opinião do leitor, o que é comum nesse tipo de
análise. Esse tipo de análise pode ser apresentado como múltipla escolha ou dissertativo.

OBJETIVA
Esse é o tipo de análise mais usado hoje em provas oficiais, pede-se que seja citado
exatamente o que constava do texto, explícita ou implicitamente.

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Exemplo:

No texto consta: “Maria costumava chegar atrasada no início da semana.”


Questão: Qual era o problema de Maria?

Nesse caso a resposta pode estar EXPLÍCITA se a alternativa correta for “chegar
atrasada no início da semana” ou IMPLÍCITA se for “chegar atrasada às segundas”.
Apesar de a segunda hipótese (chegar atrasada às segundas) não estar literalmente
contida no texto, ela está implícita, uma vez que segunda-feira é o início da semana.

Tome cuidado nesse tipo de análise para citar exatamente o que está no texto. Muitas
alternativas são semelhantes, mas escolha sempre aquela que mais se aproxima ao
texto em significado. Na análise objetiva de um texto científico sobre assunto específico,
cite apenas o que está no texto.

Análises sobre assuntos muito debatidos e atuais costumam prejudicar o leitor porque
muitas vezes há alternativas com elementos que não estão no texto, mas são
informações que o aluno já tinha anteriormente sobre o assunto.

Tome também cuidado porque não se pedem respostas “morais”, ou seja, não se
leva em conta a sua opinião, e sim o que o autor escreveu. Se o texto é sobre o
aborto e lá constar que “o aborto é a melhor solução quando a mãe é de uma família de
baixa renda” é isso que você deve colocar como resposta na questão:
“Segundo o autor, qual a melhor solução para grávidas de famílias de baixa renda?”

Não importa o que você acha, o que importa é apenas interpretar o texto, portanto se
você é contra o aborto, nada de marcar outra resposta que não seja “o aborto“.

ERROS COMUNS NA INTERPRETAÇÃO OBJETIVA

1- EXCESSO – algumas alternativas vão além do que está no texto, induzindo o


leitor desatento ao erro.

No texto: “Maria estava muito triste.”


Resposta incorreta: “Maria estava muito triste e chorou”.

Note que no texto não se disse que ela chorou. O fato de o início da frase ser
semelhante à frase do texto induz o leitor ao erro, pois ele lê apenas o começo da
frase, não percebendo que o final “e chorou” é uma informação não contida no
texto.

2- FALTA DE ELEMENTOS IMPORTANTES – o leitor assinala uma resposta


incompleta em relação ao que
está sendo pedido.

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No texto: “Maria costumava chegar atrasada ao trabalho às segundas”
Resposta incorreta: “Maria costumava se atrasar às segundas.”

Antes de assinalar essa resposta, veja se não há outra especificando que ela
chegava atrasada ao trabalho, pois o texto não sugere que ela chegue atrasada a
outros lugares, apenas ao trabalho.

3- SEMELHANÇA – por conter muitas palavras semelhantes ao texto o leitor


assinala respostas cujo sentido é um pouco ou totalmente
divergente do que está escrito.

No texto: “Maria às vezes chegava atrasada ao trabalho.”


Resposta incorreta: “Maria sempre chegava atrasada ao trabalho.”

Nesse tipo de questão costuma haver uma alternativa, que mesmo não contendo
exatamente as mesmas palavras do texto, é semelhante em seu sentido. A
resposta correta poderia ser, por exemplo: “Maria nem sempre chegava ao trabalho
no horário.”

Se dizemos que Maria chegava atrasada às vezes e se dizemos que ela nem
sempre chegava no horário, o significado é basicamente o mesmo.

ATENÇÃO

Da próxima vez em que for analisar um texto, lembre-se de não incorrer nesses erros e
preste muita atenção ao que está sendo pedido, pois algumas questões costumam ser
fatais se você não ler o enunciado. São comuns enunciados como abaixo:

x Assinale o que não foi citado no texto.


x Segundo o texto, o que é falso.

Veja que nesse tipo de questão você terá que encontrar exatamente o contrário do que
está no texto.

COMO INTERPRETAR UM TEXTO EM OUTRA LÍNGUA

Selecionamos algumas dicas que poderão ser muito úteis a você na hora de ler e
interpretar um texto em língua estrangeira. Leia-as com atenção: elas podem ajudá-lo a
conseguir sua APROVAÇÃO.

• LEIA O TEXTO PRIMEIRO


Não se preocupe com as perguntas antes de ler o trecho escolhido até o fim. Elas
podem acabar dirigindo o seu raciocínio. Melhor é tentar entender o significado do
texto, sem se deixar influenciar por elas.

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• FUJA DAS TRADUÇÕES AO PÉ DA LETRA
Leia o trecho apresentado em seu contexto e procure raciocinar na língua em que
foi escrito. Não queira traduzir palavra por palavra: além de muito lento, o método não
lhe dá uma ideia geral do texto.

• TENTE ADIVINHAR O QUE NÃO ENTENDEU


Se você não entender algumas palavras, não se preocupe: trate de adivinhar o sentido
do vocabulário desconhecido, prestando atenção no contexto geral da obra.

• SUBLINHE DADOS ESPECÍFICOS


Datas, nomes, locais e números podem ajudá-lo a reunir indícios sobre o texto
como um todo. Use-os para fazer marcações no texto: essas referências visuais o
ajudarão a responder a algumas perguntas dirigidas.

• ANOTE A IDÉIA GERAL DE CADA PARÁGRAFO


A tendência das bancas examinadoras nos dias de hoje, é de trabalhar textos com mais
de um parágrafo. Faça anotações ao lado de cada um deles: isso o ajudará a ganhar
tempo, pois muitas vezes a pergunta se refere a um parágrafo específico.

• VEJA AS PERGUNTAS POR ÚLTIMO


Depois de ter lido o texto e feito suas anotações, dê uma olhada nas perguntas e, por
fim, faça uma última escaneada no texto. Responda uma por uma, com muita calma. Boa
sorte!

QUESTÕES DE CONCURSOS

Leia o texto para responder às questões 01 e 02.

O que leva um compositor popular consagrado, uma glória da MPB, a


escrever romances? Para responder a essa pergunta, convém lembrarmos
algumas características da personalidade de Chico Buarque de Holanda.
Primeiro, a forte presença de um pai que, além de ser um historiador
5 notável, era um fino crítico literário. Depois, o fato de Chico ter se dado
conta de que sua genial produção musical não bastava para dizer tudo que
ele tinha a nos dizer.
Não se pode dizer que o que o Chico nos diz nos romances não tem nada a
ver com o que ele passa aos seus ouvintes através das suas canções. No
10 recém-lançado Budapeste, por exemplo, eu, pessoalmente, vejo um clima de
bem-humorada resignação do personagem com suas limitações, um clima
que me parece que encontrei, em alguns momentos, na sua obra musical.
Uma coisa, porém, são as imagens sugestivas das canções; outra é a
complexa construção de um romance. A distância entre ambas talvez
15 pudesse ser comparada àquela que vai das delicadas e rústicas capelas

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românicas às imponentes catedrais góticas. Chico Buarque percorreu esse
caminho com toda a humildade de quem queria aprender a fazer melhor,
mas também com a autoconfiança de quem sabia que podia se tornar um
mestre romancista.
20 Valeu a pena. A autodisciplina lhe permitiu mergulhar mais fundo na
confusão da nossa realidade, nas ambiguidades do nosso tempo.
A ficção, às vezes, possibilita uma percepção mais aguda das questões em
que estamos todos tropeçando. No caso deste romance mais recente de
Chico Buarque, temos um rico material para repensarmos, sorrindo, o
problema da nossa identidade: quem somos nós, afinal?

(Leandro Konder, Jornal do Brasil, 18/10/2003)

01- Em relação às ideias do texto, assinale a opção que apresenta inferência


incorreta.
a) Um compositor consagrado pode considerar sua produção musical insuficiente para
expressar suas ideias.
b) A convivência com pessoas que produzem obras importantes na história e na crítica
literária pode contribuir para estimular a escrita de romances.
c) Chico Buarque não precisou aprender a escrever romances, pois isso já fazia parte de
sua vida como compositor e como herdeiro de um talento familiar.
d) Algumas características da obra musical de Chico Buarque permanecem em sua obra
romanesca.
e) A construção romanesca é muito mais complexa que a elaboração de canções da
música popular.
02- Em relação ao texto, assinale a opção correta.
a) A pergunta inicial contém o pressuposto de que, para o senso comum, uma pessoa
consagrada como compositor deve sempre se aventurar a escrever romances.
b) Da expressão “seus ouvintes”(l.9) no segundo parágrafo, infere-se que o autor do
texto lê os romances, mas não ouve as músicas de Chico Buarque.
c) O sinal indicativo de crase em “àquela que vai das delicadas...” (l.15) é opcional.
d) Em “autodisciplina lhe”(l.20) o pronome é fator de coesão textual que se refere a
“tempo”(l.21).
e) A literatura pode desvelar de forma mais esclarecedora algumas questões complexas
da nossa realidade.

03- Assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o texto
abaixo:
“Não há dúvida de que a grande mudança ocorreu no início da década de 60, com a
política externa independente inaugurada pelo governo Jânio Quadros, responsável
pelas novas relações do Brasil com América Latina, Ásia e África, mas também com
o mundo socialista e com o Movimento dos Países Não-Alinhados. Consolidou-se
uma estratégia mais autônoma em relação aos Estados Unidos, mais aberta aos
países do mundo e mais combativa no plano das negociações comerciais e
financeiras do país, como ficou claro no apoio à criação da Alalc e na participação
brasileira na Unctat e no Grupo dos 77, nas décadas de 60 e 70.”
(Adaptado de José Luís Fiori “O Brasil no mundo: o debate da política externa”)

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a) Essa posição foi mantida, em grandes linhas, pela política externa de quase todos os
governos militares, a despeito do seu alinhamento ferrenho em torno da causa
anticomunista, e, também, depois da redemocratização, com a política externa do
governo Sarney.
b) Por causa dessa vitória americana na Guerra Fria, a nova utopia da globalização e
mais uma onda de liquidez internacional criaram as bases materiais e ideológicas da
nova virada liberal das elites e do Estado brasileiro.
c) Com esse ponto de vista geopolítico, o governo brasileiro apostou num sólido
alinhamento com os Estados Unidos e seu projeto de globalização liberal, aceitando a
internacionalização dos centros de decisão brasileiros e a fragilização do Estado, em
troca de um projeto de governança global rigorosamente utópico.
d) Esse Plano Marshall para a América Latina impediu que o Brasil se transformasse
numa experiência original de desenvolvimento acelerado e “excludente”, sob a
liderança desses investimentos estatais e desse capital privado estrangeiro,
proveniente de quase todos os países do núcleo central do sistema capitalista.
e) Tais momentos importantes desta nova trajetória como as propostas da Operação
Pan-americana, em 1958, e da Operação Brasil-Ásia, nos anos 1959-60, ao mesmo
tempo de uma maior aproximação da Europa e da África Negra. No mesmo momento,
o governo brasileiro também revia suas relações econômicas internacionais,
rompendo seu acordo com o FMI.

Leia o texto para responder às questões 04.

A felicidade, que em si resultaria de um projeto temporal, reduz-se hoje ao


mero prazer instantâneo derivado, de preferência, da dilatação do ego (poder,
riqueza, projeção pessoal etc.) e dos "toques" sensitivos (ótico, epidérmico,
gustativo etc.). A utopia é privatizada. Resume-se ao êxito pessoal. A vida já
5 não se move por ideais nem se justifica pela nobreza das causas abraçadas.
Basta ter acesso ao consumo que propicia excelente conforto: o apartamento
de luxo, a casa na praia ou na montanha, o carro novo, o kit eletrônico de
comunicações (telefone celular, computador etc.), as viagens de lazer. Uma
ilha de prosperidade e paz imune às tribulações circundantes de um mundo
10 movido a violência. O Céu na Terra – prometem a publicidade, o turismo, o
novo equipamento eletrônico, o banco, o cartão de crédito etc.
(Frei Betto)

04- Assinale a opção que está de acordo com a direção argumentativa do texto.
a) O prazer instantâneo derivado da dilatação do ego é decorrente de um projeto
temporal.
b) A felicidade para o mundo contemporâneo prescinde dos toques sensitivos.
c) Substitui-se, hoje, um projeto temporal, que envolveria causas e ideais nobres, pelo
prazer instantâneo.
d) O êxito pessoal resulta de uma utopia privatizada que é consequência de um projeto
temporal.

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e) Os ideais e a nobreza das causas levam ao consumo, à prosperidade e à paz, o que
torna o ser humano imune à violência.

05- Em relação ao texto, assinale a opção incorreta.

Os gregos não possuíam textos sagrados nem castas sacerdotais. Graças à


literatura de Homero, produzida oito séculos antes de Cristo, os gregos se
apropriaram de uma ferramenta epistemológica que, ainda hoje, nos dá a
impressão de que eles intuíram todos os conhecimentos que a ciência
5 moderna viria a descobrir. O que seria de nossa cultura sem a matemática de
Pitágoras, a geometria de Euclides, a filosofia de Sócrates, Platão e
Aristóteles? O que seria da teoria de Freud sem o teatro de Sófocles,
Eurípedes e Ésquilo?
Os hebreus imprimiram ao tempo, graças aos persas, um caráter histórico e
10 uma natureza divina. E produziram uma literatura monumental – a Bíblia –,

Tira-se o livro dessas tradições religiosas e elas perdem toda a identidade e o


propósito.
(Frei Betto)

a) As orações interrogativas do texto correspondem às seguintes afirmações:


- Para a formação da nossa cultura foram imprescindíveis a matemática de Pitágoras, a
geometria de Euclides, a filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles.
- O teatro de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo foi imprescindível para a configuração da
teoria de Freud.
b) O trecho focaliza como direção argumentativa principal a ideia de que o livro de
natureza literária é inadequado para o empreendimento epistemológico, ou seja, para
o estudo dos postulados, conclusões e métodos das teorias e práticas em geral,
avaliadas em sua validade cognitiva e em suas relações com a sociedade e a história.
c) O emprego da primeira pessoa em “nos dá” (l.5 e 6) e em “nossa cultura”(l.8) confere
ao trecho um aspecto interativo em relação ao leitor, inserindo-o no texto.
d) Mantém-se a correção gramatical do texto substituindo-se o ponto-final após
“divina”(l.15) por vírgula e colocando-se a conjunção aditiva subsequente em
minúscula.
e) Conforme a informação original do texto, subentende-se após a primeira conjunção “e”
(l.19) a ideia expressa por qualquer uma das seguintes expressões: em
consequência, em decorrência disso, então, por causa disso, imediatamente.

6- Assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o texto abaixo.
“Até aqui, o governo se dedicou a expor seu ponto de vista e começou a mover
suas pedras no tabuleiro, a partir de sua opção pela prioridade sul-americana e do
Mercosul. Estabeleceu, em seguida, uma série de pontes e alianças possíveis com a
África e a Ásia, como aconteceu com o G21, na reunião de Cancun da OMC, e como
está acontecendo nas negociações do G3, com a África do Sul e com a Índia. Ou
ainda, como vem ocorrendo nas novas parcerias tecnológicas com a Ucrânia, a

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Rússia, a China, ou com os projetos infra-estruturais com a Venezuela, a Bolívia, o
Peru e a Argentina.”
(Adaptado de José Luís Fiori)

a) Não há dúvida, porquanto, de que essas principais disputas giraram em torno das
divergências econômicas entre os Estados Unidos e o Brasil, em particular as
negociações da OMC, FMI e ALCA.
b) O que se vê é a afirmação de uma nova política externa, ativa, presente, baseada no
interesse nacional brasileiro e na afinidade histórica e territorial do Brasil com o resto
da América do Sul, bem como na sua afinidade de interesses com os demais “grandes
países em desenvolvimento”.
c) E do outro lado, naquele momento, estarão os grupos econômicos e as forças sociais,
intelectuais e políticas que sempre lutaram por um projeto de desenvolvimento para o
Brasil.
d) E aqui, não há como se enganar sobre as forças que esta batalha despertava, dentro
e fora do governo: de um lado estarão, como sempre estiveram, os grupos de
interesse que defendem uma relação subserviente com os Estados Unidos, em troca
de um acesso mais favorecido ao mercado interno americano.
e) Orientando-se pelos interesses nacionais do povo e não apenas pelos interesses
imediatos e particulares do seu agrobusiness, e dos seus grupos financeiros
defendidos e acobertados pela retórica diletante e pela política escandalosamente
subserviente dos “diplomatas descalços”.

7- Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os e,


em seguida, assinale a sequência correta correspondente.
( ) Nem tinham estabelecido relações entre si que permitissem falar na
existência de um sistema estatal ou de um sistema econômico americano.
( ) O Brasil foi um dos pioneiros na experimentação dessa estratégia proposta
por Adam Smith e seus discípulos. Primeiro, foram os Tratados de Comércio,
assinados pela Coroa Portuguesa com a Inglaterra, em 1806 e 1810, e com a
França, em 1816; e, logo depois da Independência, os Tratados assinados
pelo Império Brasileiro com a Inglaterra, em 1827, com a Áustria e a Prússia,
no mesmo ano de 1827, e com a Dinamarca, os Estados Unidos e os Países
Baixos, em 1829.
( ) Esse dinamismo surgiu depois de se integrarem como produtores
especializados do sistema internacional de divisão do trabalho, articulado
pelas necessidades da industrialização inglesa e pelos famosos Tratados
Comerciais, preconizados pela economia política clássica e impostos ao
mundo pela Inglaterra e demais países europeus.
( ) Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil e demais países latino-americanos
foram os primeiros Estados a nascer fora da Europa. Mas, na hora da sua
independência, nenhum deles dispunha de verdadeiras estruturas políticas e
econômicas nacionais.
( ) Pelo contrário, os Estados latinos só lentamente foram monopolizando e
centralizando o uso da força, e suas economias só adquiriram dinamismo no
século XIX.
(Adaptado de José Luís Fiori, “ O Brasil no mundo: o debate da política externa”)
a) 2º, 5º, 4º, 1º, 3º
b) 4º, 3º, 5º, 2º, 1º

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c) 5º, 4º, 1º, 3º, 2º
d) 1º, 2º, 5º, 4º, 3º
e) 3º, 1º, 2º, 5º, 4º

8- Em relação às ideias do texto, assinale a opção correta.


“Um tema objeto de alguns painéis no recém encerrado Fórum Econômico Mundial
foi a desigualdade na distribuição de renda no mundo globalizado, mesmo durante
o processo em que milhões de pessoas saíram da pobreza na última década nas
diversas partes do mundo emergente, da China à Rússia e à América Latina. Muito
além dos aspectos puramente econômicos, o tema foi tratado como uma questão
política, assim como cultural e mesmo “emocional”, já que a percepção de
distribuição injusta seria mais importante do que uma medida puramente
econômica. Se não for atacada, a questão da pobreza pode se transformar, segundo
alguns especialistas, em uma crise mundial. Como exemplo, foi lembrado que a
previsão é que a população do globo vai ser de 12 bilhões por volta de 2100 e, se
nada for feito, cerca de metade pode estar na pobreza, o que seria “insustentável”.
A melhora social propiciada pelo crescimento econômico generalizado, se por um
lado demonstra as vantagens da economia globalizada, por outro estimula o
aumento do consumo por populações que estavam fora desse circuito, o que traz
problemas na cadeia de distribuição de alimentos, e estimula o justo desejo por
maior participação nos frutos do desenvolvimento, exacerbando a percepção da
injustiça na distribuição de renda, tanto entre países quanto entre cidadãos.”
(Merval Pereira, O Globo, 31/01/2008.)

a) O Fórum Econômico Mundial ignora a desigualdade na distribuição de renda no


mundo globalizado.
b) Na última década, uma parcela insignificante da população mundial saiu da linha de
pobreza.
c) A inserção de parcela antes excluída das vantagens do desenvolvimento promove
problemas na cadeia de distribuição de alimentos.
d) O desejo de maior participação nos frutos do desenvolvimento atenua a injustiça na
distribuição da renda.
e) As vantagens da economia globalizada são disfarçadas pela melhora social propiciada
pelo crescimento econômico.

9- “Se havia alguma dúvida sobre a forte desaceleração no ritmo de atividade da


economia americana, os mais recentes pronunciamentos das autoridades
monetárias — entre as quais o próprio presidente do Federal Reserve, Ben
Bernanke — e dados estatísticos deixaram claro que é preciso ficar muito atento
para o comportamento dos mercados nos Estados Unidos este ano. Um dos alertas
foi a baixa geração de empregos em dezembro. As autoridades estão preocupadas
com o risco de recessão e isso já se reflete nos programas dos pré-candidatos dos
partidos Republicano e Democrata à Casa Branca.”
(O Globo, 15/01/2008 – Editorial)
Subentende-se das ideias e informações do texto que:
a) não há mais crença na desaceleração da economia americana.

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b) a baixa geração de emprego em dezembro reforça a ideia da desaceleração da
economia americana.
c) os dados estatísticos reforçam a ideia da aceleração da economia americana.
d) os políticos não se preocupam com a situação recessiva da economia americana.
e) as autoridades não deixam dúvidas de que será forte, este ano, o ritmo de atividade
da economia americana.

10- Assinale a opção que reproduz corretamente as ideias contidas no trecho


abaixo.
“Estudo feito por cientistas dinamarqueses revelou que pessoas que bebem
moderadamente e são fisicamente ativas têm menor risco de morte por doenças
cardiovasculares do que aquelas que não bebem e são inativas. Esta é a primeira
pesquisa a avaliar a influência combinada de atividades físicas e de ingestão
regular de álcool.”
a) Indivíduos que não bebem nem se exercitam têm risco menor de apresentar doenças
cardiovasculares do que os bebedores moderados fisicamente ativos.
b) A ingestão moderada de álcool combinada com atividades físicas mostrou-se mais
eficaz para a saúde do coração do que a abstenção alcoólica somada à inatividade.
c) Manter-se fisicamente ativo e beber moderadamente causam mais riscos na redução
de risco de doenças do coração do que abster-se de álcool mas frequentar academias
de ginástica.
d) Estudo dinamarquês revelou que a combinação de álcool, independentemente da
quantidade ingerida, com exercitação física causa menos risco à saúde do que a não-
ingestão somada à inatividade.
e) Combinar atividade física com álcool apresenta maior perigo para a saúde do coração
do que a exercitação moderada somada à abstenção alcoólica.

GABARITO

01 - C 02 - E 03 - A 04 - C 05 - B
06 - B 07 - A 08 - C 09 - B 10- B

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