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Resumo
As variáveis que afetam o comportamento das fundações são, dentre outras, as propriedades mecânicas
dos solos, os métodos de ensaios e análise de resultados, os modelos de comportamento, a interação solo-
estrutura, etc. A consolidação de uma metodologia universal para determinação da capacidade de carga de
fundações é um desafio. Atualmente, são utilizados alguns métodos para determinação da capacidade de
carga de fundações em estacas que serão apresentados, discutidos e comparados neste artigo mostrando
suas características positivas e negativas. A variabilidade destes valores tomados em um único local bem
como a grande variabilidade se tomados solos de diferentes características ao longo de uma Linha de
Transmissão (LT) será apresentada no intuito de alertar o meio técnico para a grande necessidade de
aplicarmos conceitos de confiabilidade na definição destes valores. O conceito da carga admissível,
baseada num fator de segurança global e obtida pela experiência, vem sendo substituídos por conceitos de
carga característica, baseada na aplicação de fatores de segurança parciais. Mas, ainda muito pouco
utilizado em engenharia de fundações, pelo menos não tanto como se deveria. O que mais se encontra são
estudos sobre confiabilidade em fundações de edificações. Este fato é um grande motivador para este
passo inicial de pesquisa em confiabilidade de fundações de LTs. O foco principal deste trabalho é analisar
a aleatoriedade da capacidade de carga de estacas pré-moldadas ao longo do traçado de uma Linha de
Transmissão (LT). Esta variação aqui apresentada será função tanto da heterogeneidade dos tipos de solos
observada através de várias sondagens realizadas ao longo de diversas LTs e associada a estas de
diversas metodologias empregadas no meio técnico para obtenção da capacidade de carga das estacas.
Palavras-chaves: sondagens SPT; métodos de cálculo de capacidade de carga a tração; estacas pré-moldadas de
concreto; projeto de fundações de Linhas de Transmissão.
Abstract
The variables that affect the behavior of the foundations are, among others, the mechanical properties of
soils, methods of testing and results analysis, models of behaviour, soil-structure interaction, etc. The
consolidation of a universal methodology to determine the load capacity of foundations is a challenge.
Currently, some methods are used in order to determine the load capacity of pile foundations those methods
will be presented, discussed and compared in this article showing its positive and negative characteristics.
The variability of these values taken in a single location as well as the large variability if taken at different
soils characteristics along a transmission line (TL) will be presented in order to alert the technical area to the
great need to apply concepts of reliability during the definition of these values. The concept of permissible
load, based on a factor of global security and obtained by experience, has been replaced by concepts of
characteristics load, based on application of partial security factors. But still very little used in foundation
engineering, at least not as much as they should. There are more reliability studies for buildings foundations.
This fact is a great motivator for this initial step of research on reliability of transmission line foundations. The
main focus of this work is to analyze the randomness of load capacity of pre-shaped piles through a
transmission line. This variation presented here will be a function of both the heterogeneity soil types
observed through various polls conducted along of several TLs and associated with these various
methodologies used in technical area to obtain the load capacity of piles
Keywords: polls SPT; methods of calculation of the load capacity; cuttings pre-shaped concrete foundations of design
of lines.
ANAIS DO 52º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2010 – 52CBC0087 1
1 Introdução
As variáveis que afetam o comportamento das fundações são, dentre outras, as
propriedades mecânicas dos solos, os métodos de ensaios e análise de resultados, os
modelos de comportamento, a interação solo-estrutura, etc. Associadas a estas variáveis
existem incertezas cuja identificação é importante. Estas incertezas podem ser
classificadas como: físicas, estatísticas, de modelagem, erro humano, de avaliação e de
medição. A consolidação de uma metodologia universal para determinação da capacidade
de carga de fundações é um desafio. Atualmente, são utilizados alguns métodos para
determinação da capacidade de carga de fundações em estacas que serão apresentados,
discutidos e comparados neste artigo mostrando suas características positivas e
negativas. A variabilidade destes valores tomados em um único local bem como a grande
variabilidade se tomados solos de diferentes características ao longo de uma Linha de
Transmissão (LT) será apresentada no intuito de alertar o meio técnico para a grande
necessidade de aplicarmos conceitos de confiabilidade na definição destes valores. O
conceito da carga admissível, baseada num fator de segurança global e obtida pela
experiência, vem sendo substituídos por conceitos de carga característica, baseada na
aplicação de fatores de segurança parciais. Mas, ainda muito pouco utilizado em
engenharia de fundações, pelo menos não tanto como se deveria.
2 Justificativa
O foco principal deste trabalho é analisar a aleatoriedade da variável resistência com a
introdução do estudo da confiabilidade na engenharia de fundações, que ainda é utilizado
aquém de suas possibilidades, principalmente para fundações de LTs. O conceito da
carga admissível, baseada num fator de segurança global e obtida pela experiência, vem
sendo substituídos por conceitos de carga característica, baseada na aplicação de fatores
de segurança parciais.
Qu =Qlu + Q pu (Equação 1)
Onde:
A máxima carga que uma fundação profunda pode suportar corresponderá à sua carga de
ruptura física, assim entendida como a máxima carga para a qual não se consegue mais
nenhum incremento, com ocorrência contínua e insessante de deformações, ou
analogamente às fundações diretas (ou rasas), uma resistência convencional definida por
uma deformação não mais julgada aceitável. Costuma-se admitir esta deformação como
sendo 10% do diâmetro da fundação, no caso de cravada ou escavada em solos argilosos
e, de até 30% no caso de fundações escavadas em solos arenosos.
Tabela 1 – Convenções
Descrição Convenção
Argila Siltosa ARGS
Argila Arenosa ARGA
Silte Argiloso SAG
Silte Arenoso SAR
Areia Argilosa AREA
Areia Siltosa ARS
Areia ARE
Areia com Pedregulhos ARP
Comprimento da Estaca L
Perímetro da Estaca P
Diâmetro da Ponta da Estaca dp
Área da ponta da Estaca sp
Capacidade de Carga Total da Estaca Qu
Capacidade de Carga por Atrito Lateral Qlu
Capacidade de Carga por Resistência de Ponta Qpu
Carga Admissível na Estaca Qadm
Número de golpes SPT N
Intervalo de medição do SPT nas sondagens l
(usualmente 1,00m)
Qu =Qlu + Q pu (Equação 2)
Qu
Qadm = (Equação 3)
2,5
Onde FS = 2,5 é o fator de segurança definido pelo autor da fórmula.
Nesta teoria a capacidade de carga por atrito lateral é obtida pela seguinte equação:
α l × λl × p × L
Qlu = (Equação 4)
(L − 1)∑ ( f S × l )
E a capacidade de carga por resistência de ponta obtida pela Equação 5:
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[
Q pu =α p × λ p × β × sp × 0,5 × (q p )med .acima + (q p )med .abaixo ] (Equação 5)
Onde:
fS é a adesão solo-estaca;
Σ(fSxl) é a soma dos valores de atrito lateral calculados ao longo do fuste da estaca;
l é o comprimento da estaca com adesão fS;
αl, αp, λl, λp são parâmetros apresentados nas Tabelas 2 e 3 a seguir e β é calculado
através da Equação 6.
dp
β =1,016 − 0,016 × (Equação 6)
dc
Onde dc = 3,6cm é o diâmetro do cone holandês.
Qu =Qlu + Q pu (Equação 7)
Qu
Qadm = (Equação 8)
2,0
Onde FS = 2,0 é o fator de segurança definido pelos autores da fórmula.
Nesta teoria a capacidade de carga por atrito lateral é obtida pela seguinte equação:
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p×L
Qlu = × ∑( fS × l) (Equação 9)
(L − 1) × F1
sp
Q pu = × qp (Equação 10)
F2
Onde:
q p =K × N (Equação 11)
f S =α × K × N (Equação 12)
Onde: FSlu = 1,3 é o fator de segurança imposto à capacidade de carga por atrito lateral e
FSpu = 4,0 é o fator de segurança imposto à capacidade de carga por resistência de ponta
definido pelos autores da fórmula. Ou seja, o atrito mobiliza e a ponta trabalha pouco.
Nesta teoria a capacidade de carga por atrito lateral é obtida pela seguinte equação:
L
Qlu = p × × ∑( fS ×l) (Equação 15)
(L − 1)
Q pu = sp × q p (Equação 16)
Onde:
q p =α × K × N (Equação 17)
N
f S = β × + β (Equação 18)
3
A resistência de ponta deve ser calculada como a média entre o valor da ponta, um metro
acima e um metro abaixo. Recomenda-se que se N for menor que 3 utilize-se 3 e, se
maior que 40 utilize-se 40.
Tabela 6 – Valores do parâmetro K
Tipo de Solo K (kN/m2)
ARGS 110,0
ARGA 120,0
SAG 200,0
SAR 250,0
AREA 350,0
ARS 350,0
ARE 400,0
ARP 400,0
Onde: para estacas cravadas em geral se aplica a Equação 20 com FSlu = 1,5 sendo o
fator de segurança imposto à capacidade de carga por atrito lateral e FSpu = 4,0 é o fator
de segurança imposto à capacidade de carga por resistência de ponta definido pelos
autores da fórmula. Ou seja, o atrito mobiliza e a ponta trabalha pouco. E no caso de
estacas raíz aplica-se a Equação 21 e como FS adota-se 2,0.
Nesta teoria a capacidade de carga por atrito lateral é obtida pela seguinte equação:
Q pu = sp × q p (Equação 23)
Onde:
q p =0,5 × [(α × N )med .acima + (α × N )med .abaixo ] (Equação 24)
f S =[β × Ns médio ] (Equação 25)
Nesta teoria a capacidade de carga por atrito lateral é obtida pela seguinte equação:
Q pu = sp × q p (Equação 29)
Onde:
Onde:
100 × Tmáx
fs = [kN/m2] (Equação 33)
(0,42 × h − 0,032)
Onde h é a penetração do amostrador em centímetros.
Na obtenção do torque mínimo (Tmín) neste ensaio, para o cálculo da resistência de ponta
faz-se N=Tmín e calcula-se pela Equação 34:
Q pu = sp × 0,5 × [(β × Tmín )med .acima + (β × Tmín )med .abaixo ] (Equação 34)
Nesta teoria a capacidade de carga por atrito lateral é obtida pela seguinte equação:
Onde:
fs =
∑ (C S × N)
(Equação 39)
(L − 1)
Onde:
Q pu = sp × q p (Equação 40)
Recomenda-se que se N for maior que 40 utilize-se 40 e se for menor que 3 utilize-se 3.
Os valores Cs e Cp são parâmetros apresentados na Tabela 10 a seguir expressos em
kN/m2.
Tabela 10 – Valores dos parâmetros Cs e Cp
Tipo de ARGS ARGA SAG SAR AREA ARS ARE ARP
Estaca Cs Cp Cs Cp Cs Cp Cs Cp Cs Cp Cs Cp Cs Cp Cs Cp
Pré-moldada 4,5 125,1 4,4 160,0 4,6 169,1 5,0 249,3 5,4 299,8 5,3 341,4 4,5 395,9 4,5 403,9
(concreto ou aço)
Franki 4,6 115,4 4,6 139,7 4,7 152,4 5,1 222,9 5,5 269,8 5,4 306,8 4,6 356,0 4,6 364,0
Hélice contínua 4,1 92,1 4,1 106,7 4,2 111,7 4,5 155,9 4,7 185,6 4,6 206,3 3,8 241,5 3,8 245,5
Escavadas sem 3,3 92,1 3,3 106,7 3,2 111,7 3,4 155,9 3,5 185,6 3,4 206,3 3,0 241,5 3,0 245,5
revestimento
Escavadas com 245,5
revestimento ou 3,7 92,1 3,7 106,7 3,6 111,7 3,9 155,9 4,1 185,6 4,0 206,3 3,5 241,5 3,5
lama
Raíz 5,5 92,1 5,5 106,7 5,6 111,7 5,7 155,9 6,0 185,6 5,9 206,3 5,1 241,5 5,1 245,5
As LTs em 138, 230 e 440kV Inocência – Chapadão, Inocência – Ilha Solteira, Chapadão
– Imbirussú, Imbirussí – Sidrolândia, Santa Luzia I – Santa Luzia II, Santa Luzia II –
Eldorado, Rio Brilhante – Santa Luzia II, Anastácio – Sidrolândia e Chapadão – Paranaíba
perfazem juntas mais de 1.500 quilômetros. Na construção deste empreendimento foram
executadas 948 sondagens à percussão e este estudo levou em consideração os valores
de NSPT de cada camada, totalizando 8.813 observações analisadas.
QV + Q AV + Q DQ + QT + Q A
Qadm = K P × (Equação 42)
5
400 250
350
200
300
250
150
IN C ID Ê N C IA
IN C ID Ê N C IA
200
100
150
100
50
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55
NSPT NSPT
70 1600
1400
60
1200
50
1000
40
INC ID Ê N C IA
IN C ID Ê N C IA
800
30
600
20
400
10
200
0 0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65
NSPT NSPT
5 Sumário e Conclusões
A prioridade deste trabalho foi analisar a variabilidade das cargas admissíveis tomadas
em projetos de fundações. Esta variação parte tanto das formulações como das
características geotécnicas determinantes dos parâmetros utilizados bem como dos
próprios resultados de sondagens ao longo de um traçado de Linhas de Transmissão.
O conceito da carga admissível, baseada num fator de segurança global e obtida pela
experiência, vem sendo substituídos por conceitos de carga característica, baseada na
aplicação de fatores de segurança parciais. Porém, o autor ressalta que ainda é muito
pouco diante das informações já disponíveis para um projeto de fundações de LTs. Uma
linha de transmissão é composta de várias fundações distribuídas em uma pequena,
6 Referências
ALONSO, U.R., 1996. Estacas Hélice Contínua com Monitoração Eletrônica. Previsão
da capacidade de Carga através de Ensaio SPTT, 3º Seminário de Engenharia de
Fundações Especiais e Geotecnia – São Paulo, Vol.II, pp 141-151.